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MOURO is ista - Nacleo de Estudos d’0 Copital fee mss 2175-4519 www.mouro.com.br conlato@mouro.com.br Janeiro de 2018 DITORIAL ee Silva, Ana Licia Sanches, André Amano, Antonio David, Carlos César Felix, Eduardo Bellandi, Francisco de Sousa, Heitor Séndolo (in memoriam), Juliana Casagrande, Karina Moras, luis Fernando Franco, Maria Reisewitz, Marianne Reisewitz, Marisa Yamashio, Mauricio Barbara, Paula Marcelino, Pedro Crem Alves Porto, Rosa Rosa Gomes, Sérgio Domingues, Suzi Alves, Takao Amano, Vivian Ayres, Walcir Previtale Bruno, Yuri Martins Fontes CONSELHO CONSULTIVO ‘Agnaldo dos Santos (Unesp], Antonio Rago Filho (PUC-SP), Argus Romero [UFMG} Allene Clemesha (USP), Carlos Anionio Aguirre Rojas (Unam — México) Cilaine Alves Cunha (USP), Ellen Elsie Nascimento (USP), Everaldo Andrade (USP) Francisco del Morol Hernandez (Unesp}, Gilberto Maringoni (UFABC}, Guiomar Silva Lopes (Unifesp) Isabel Loureiro (Unicamp|, Jean Tible (Ciéncia Politico-USP), Joana Salém Vasconcelos (USP) JoG0 Guartim de Moraes (Unicamp), John Kennedy Ferreira [UFMA), Jorge Grespan (USP) Jorge luiz Soulo Maior (USP), José Rodrigues Moo Ir. (IFSP), Lincoln Seceo (USP) wiz Bernardo Pericds (USP), Luiz Eduardo Simées de Souza (UFAl), Luiz Renato Martins (USP) ‘Marcos Cordeiro Pires (Unesp) Marcos Del Roio (Unesp), Marcos Silva (USP), Mariana Mendonca ‘Meyer [FAU], Marisa Midori Deaecto (USP), Milton Pinheiro (Uneb], Muryatan Barbosa (UFABC) Osvaldo L. A. Coggiola (USP! Paul Singer (USP), Paulo Regina Pereira Marcelino (USP) Fedo Curado (UFR), Ricardo Musse (USP), SetrCo Yamashiro (PUC:SP}, Vera lucia Vieira [PUC-SP) Wilson do Noscimonio Barbosa (USP) EDITORES RESPONSAVEIS ‘André Amano, Cro Yoshiyasse, ligia Yamasato, Takao Amano ILusTRACOES Ciro Yoshiyasse, Diana Lan 'sas, Diego Umpierez, Fer Flores, Giselle Freitas, Matta Otsuka e Pgramnyesse, Diana Ls 190 Umpierez, s, Giselle Freitas, Maite Otsuka PROJETO GRAFICO Alexandre Linares CoLABORADORES DOSSIE: CENTENARIO DA REVOLUCAO Russa Uma visdio sobre os 1° e 2° Planos Quinquenais da URSS (1929 a 1936) Apoena Canuto Cosenza Doutorando em Histéria Econédmica pela USP do laboratério de Economia Politica e Histéria Econémica da Membro USP (LEPHE-USP} Resumo: O presente artigo busca apresentar uma interpretac4o sobre os dois v meiros planos quinquenais da Unio Soviética, que estiveram em vigor entre M929 ¢ 1936. A hipétese apresentada é que os planos podem ser caracterizados por ter realizado a transi¢io da “acumulacao primitiva no socialismo” para Feprodugio ampliada no socialismo”, conforme uma leitura baseada nos conceitos de Preobrajensky. Isso significa dizer que aqueles planos serviram }industrializagio da Unido Soviética, via a ampliagao da influéncia do setor statal sobre o conjunto da economia daquele pais. Em favor dessa hipétese, verifica-se 0 aumento do controle do Estado sobre a economia da URSS, e © aumento da captagao quanto ao excedente agricola apés a coletivizacio das terras; e a répida industrializagio ocorrida em especial no segundo plano quinquenal. Palavras-chave: Planificasio Soviética; Planos Quinquenais, Desenvolvimento Econémico; Entreguerras. Abstract: The present paper seeks to present an interpretation of Soviet Union's first two five-year plans, which were implemented between 1929 and 1936, The hypothesis presented is that those plans can be characterized as responsible for the transition from “primitive accumulation in socialism” to “Expanded reproduction in socialism’, according to a reading based on Preobrajensky's concepts. This means that these plans served the industrialization of the Soviet Union by expanding the influence of the state sector on that country’s economy. In favor of this hypothesis, it is highlighted the increase in State control over URSS economy, and the increase in the capture of agricultural surplus after the collectivization; and the rapid industrialization especially in the second five-year plan. oe Soviet Planning; Five-Year Plans; Economic developme nt; Interwar Revolugio Bolchevique, muito tem sg feitos e desafios enfrentados pela Unido Soviética, No debate é incipiente. A literatura em portugués ¢ escassa, e mesmo alguns autores considerados classioos na historiogratia ocidental que aborda a Unido Soviética on nao jaa traduzidos, ‘Ainda, desde a década de (19)90, muitos mt fos Os arquivos aenréticos foram disponibilizados ¢ utilizados em tra alhos publicados em inglés. Alguns deles permitem uma nova Jeitura do que foi a Unido Soviética. No cendrio internacional, especialistas tém se dedicado a discutir diversos dos problemas enfrentados nos primeiros anos do socialismo soviético, o que tem levado ao aparecimento de trabalhos que deveriam ser considerados. Um tema muito recorrente € 0 de como se devem caracterizar os primeiros planos quinquenais, ¢ qual é o balango histérico que se tira deles. Esse debate também passa por mensurar as fomes da Riissia Czarista ¢ Soviética, calcular a taxa de crescimento real ds economia socialista, a dimensio da industrializag4o daquele pais em comparagio com outros etc. No presente artigo, intenta-se apresentar uma das vises possiveis sobre os dois primeiros planos quinquenais, utilizando autores classicos e alguns estudos atuais. Trata-se de um artigo introdutério ao tema da planificagio econdmica na URSS. Por isso, foi dado destaque a uma compreensio bastante consolidada no meio académico, que é a de que 0s primeiros dois planos quinquenais se caracterizaram por (a) ampliar a participagao do Estado soviético na economia; (b) aumentar o controle central sobre a vida econémica da URSS; e (c) gerar um processo de industrializaao acelerado, transformando aquele pais, até entio agrério, em um pais industrial. Como chave interpretativa, propoe-se a hipdtese de que os dois primeiros planos quinquenais fizeram a passagem daquilo que Preobrajensky classificava como “acumulagao primitiva do socialismo” para a chamada “reprodugao ampliada do socialismo”." No ano do centenirio da discutido sobre 0s Brasil, ainda hoje esse Uma Histéria dos 1° e 2*Planos Quinquenais oe planos quinquenais da Unio Soviética foram ee os ae por duas razées: (a) tratavam-se de planos para sates on » sendo Portanto planos de desenvolvimento para um pais ¢(b) foram experiéncias de planificagao central desenvolvida ainda Nee, - Esta concepcio i = *psa0 ingénua da acumulagio indica bem 0 entio nivel de discussio dos Airigentes do Estado soviético, 154 - Uma vid ‘Uma visdo sobre os Te 9 2» Planes Quinquencis da URSS (1929 0 1936) ouca experiéncia pretérita, 0 que significa que os mecanismos de com P mento foram criados concomitantemente a elaboracao do plano. lanejaMender como fncionou a planificasio soviética nos primeitos Pace on aecessirio também entender como foram claborados os érgios planet ados dcles. Para isso, pode-se consultar as obras “Historia da omegs, Epoct do Socialismo (1917 ~ 1957)”, da Academia de Cigncias URGRSS: “An Economic History of the USSR: 1917-1991", de Alec Nove; ¢ “Planificacién de la economia socialista” de L. Berri. ‘A experiéncia de planificacao central veio da época do “comunismo de guerra’. No entanto, naquele periodoa planificagao ainda era primaria, faseada na alocacio militar de recursos disponiveis. Era feita com base nas urgencias da guerra civil (comunismo de guerra). Com o fim da guerra civil, URSS adotoua chamada Nova Politica Econémica (NEP), que era (para resumir de forma grosseira) uma mistura de economia de mercado para os bens de consumo (o chamado setor privado), e competicao entre trustes estatais (o chamado setor socialista). $6 a0 longo de 1928 foi desenvolvido o primeiro plano quinquenal, que versava sobre o perfodo de 1929 a 1933. A claborago do plano (tanto do primeiro como do segundo) envolveu diversas etapas. O planejamento era feito com a participacao ¢ sob o controle dos trabalhadores. Os planos foram discutidos nas instiincias maximas da URSS (congressos e plenos nacionais e das frentes de massas). Eram divulgados em todos os érgios de comunicagio, para garantir maior debate. Ele era tracado de forma a determinar as linhas principais da economia soviética. Na parte de redacio final, os trabalhadores participavam diretamente da formulagio dos projetos e planos das empresas (microplanos). Charles Bettelheim descreveu 0 processo pelo qual se elaborou os primeiros planos quinquenais: A (i) primeira etapa era a de estabelecimento de diretrizes pelo governo, através de um 6rgio especializado; a (ii) segunda era de elaboragao do plano, onde deviam Constar os objetivos de cada setor e os meios para realizacao. Para 4 elaboraao, passava por duas fases: (a) elaboracao inicial por uma comissio central, composta por técnicos, cientistas, economistas, etc; (b) anilise do plano Por comissdes setoriais, composta por técnicos, ‘conomistas, representantes dos trabalhadores, etc. Isso deveria ser feito nacionalmente ¢ em cada regio, passando por distintas instancias. As modificagdes propostas eram; (c) analisadas pela comissio central junto = ne cientificos, formando uma nova versio do plano. Entio (d) metido ao poder politico. Apoena Conuto Cosenza - 155 Os objetivos do primeiro plano quinquenal cnvolviam dois para industrializagao, csperava-se aumento de mais ae S A capital invertido na inddstria. A maior p: i s ver investida na indistria pesada. Baars Ue, entre 1996 ¢ 1933, a industria pesada representaria a e 7,6 por cento da inversoes na indéstria. Para (b) 0 setor oe la, a - ctivizasio de ters cra considerado 0 objetivo central, como forma de modernizacig do campo. Na pritica, © plano propunha saltar o setor coletivo de 37,5 por canto das oconomias rurais para 85 por cento- Em janeiro de 1933, 0 Pleno do Comité Central do PC da URSs avaliou que 0 primeiro plano quinquenal havia sido cumprido antes do prazo. O balango destacava: (a) a produgao industrial havia sido clevada para 2,7 vezes a alcangada em 1913; (b) a produgao elétrica havia atingido a capacidade de 2 milhdes de quilowatts, 500 mil a mais do que o previsto no plano, ja. em 1931; (c) em 1932, os kolkoses abrangiam 78% da superficie de semeadura dos camponeses. E (d) © comércio socialista sanbem se desenvolveu. Em 1928, 26,6% da circulagao mercantil era feita pelo setor privado. Em 1930, esse ntimero havia caido para somente 5,6 % . Por conta desses resultados, o primeiro plano ficou conhecido como o “plano da edificacao do socialismo”. Segundo o informe de Stalin, o primeiro plano quinquenal havia, com éxito, eliminado o capitalismo na URSS. Reconheceu-se, no entanto, que 0 plano nao foi atingido completamente em alguns setores importantes. © segundo plano quinquenal teve, como principais objetivos conforme a obra “Histéria da URSS, Epoca do Socialismo (1917 1957)”, que expressava a leitura oficial do governo: (a) extirpar os elementos capitalistas, e acabar com as causas das diferencas de classe.O intuito era eliminar o parasitismo ¢ elevar a renda nacional; e (b) realizar a construgao técnica da economia nacional. A principal forma de fazer isso era incorporar novas empresas e elevar a produtividade do trabalho. Em 1937, 0 Segundo Plano Quinquenal foi concluido. Alguns dos feitos gerais realizados foram: (i) incremento de centenas de novas técnicas produtivas e novos produtos; (ii) aumento da capacidade de gera¢a0 de energia elétrica; (iii) criagfio de centenas de empresas da industria leve eer ; (iv) reorganizagao da indtistria ferrovidria, pondo fim is % eae » canes 0 ritmo de operagoes; € (v) reconstrufit Sais ace eee , ae 7 a quirido no final do segundo plano quinquen® hecido como o “plano da industrializacio da URSS”. Ponto, de tre oe Ki ace Montane 156- i 6 - Uma visio sobre os 1* 2 Panos Quinguenas da URSS (1929 a 1936) No Ocidente, ay p Sucesso econdmico da URSS foi questio- nado. Iss por conta Ca forma de medir a renda nacional serem diferentes 02 Unido Soviética e no Ocidente. La, rodusdo material, excluindo os servicos e se considcrava a produsio estocada como parte da renda, Aqui, inclui-se os servigos, mas exclui- s¢ 0 estoque. Ainda, os soviéticos utilizavam uma formula de calculo que era a de indexagao no primeiro ano da série, o que fazia com que o crescimento aparentasse ser maior nos periodos finais das séries, ¢ menor nos periodos iniciais. No Ocidente, se indexava no periodo final, causando 0 efeito contrério, ou no meio da série (para balancear 0 “efeito de indexagao”). Por conta dessas diferengas de contabilidade nacional, parte do sucesso da URSS 6 relativizado por um setor da literatura especializada. Mark Harrison, por exemplo, chamou a atengio para esse tipo de problema em sua contribuicao para obra “The economic transformation of the Soviet Union” (WHEATCROFT et Al, 1994). Ainda, ele chama aten¢ao que parte do problema é meramente contabil, endo pode se dizer que uma forma seja melhor que a outra para calcular a economia do pais (pois ambas geram distorgdes). Outra parte do problema refere-se a falsificagGes e falta de dado preciso. A extensio dos efeitos de contabilidade criativa nas contas nacionais da URSS ainda precisa ser melhor estudada. No entanto, aparentemente esse efeito é menos importante do que normalmente se argumenta. considcrava-se a PIB da URSS, de 1928 a 1940 (19% “Eee { aT pp aomet : nase 201 Ce aE 1928 1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 a= TsSU —e Madison ee ot | 300.4. “937 19381939 1940 Apoena Canuto Cosenza - 157 dados oficiais do TSSU, da URSS, com 95 dado do Maddison Project; culou ° PIB da Unio Soviética, ¢ de diversos outros paises. Vé-se que ambos identificam um crescimento acelerado a partir de 1933. No entanto, conforme os cilculos de Maddison, © crescime! do sé durou de 1933 até 1937. Ou seja, ocorreu apenas durante o segundo plano quinquenal da URSS, Ele chega a assinalar uma queda na renda nacional soviética, em 1932, Os dados oficiais da URSS mostram cendrio bastante distinto: a taxa de crescimento se manteve alta desde o primeiro plano quinquenal, e sofreu apenas um pequeno recuo a partir de 1938. Seja como for, ambas as formas revelam 0 sucesso dos dois primeiro planos quinquenais na vetabilizasdo e aceleracdo da economia soviética Uma forma dese verificar avelocidade de crescimento da economia industrial soviética é pelo éxito do plano de eletrificacao da URSS. Pode- se utilizar dados disponibilizados na obra “Histéria da URSS, Epoca do Socialismo (1917 - 1957), € dados oficiais do Bureau de Informagao da URSS (disponiveis para consulta no sitio www.marxists.org), € cruz4-los comoseilenlos da populagio soviéticaentre 1927 ¢ 1937 (oferecidos pelo Maddison Data Project) para chegar em uma estimativa da produco elétrica da URSS. Conforme esses dados, a produgio de eletricidade a Unido Soviética, em 1927, era de apenas 0,62 kilowatt por hora per capita. Em 1932, foi de 0,82 kwh per capita. Em 1936, foi de 19,64 kwh per capita, Trata-se de um crescimento de 31 vezes em menos de dez anos (ou de quase 47% ao ano). Considerando apenas o segundo plano quinquenal, a taxa de crescimento da oferta de energia elétrica foi de quase 220% 20 ano. Pode-se comparar a produgdo de energia elétrica na URSS com o consumo de material energético nos EUA. Em 1936, os EUA consumiram cerca de 51,6kwh per capita(SPENCER, 1969), incluindo energia hidroelétrica e uso de combustivel para aquecimento, para automével, e em maquinas diversas. Isso significa que, naquele perfodo, a produgdo da energia elétrica na Unido Soviética equivalia a pouco menos de um terco de todo o consumo de energia (térmica € elétrica) dos Estados Unidos da América. ae Canta do processo de industrializagao soviética desse A em diversos exemplos de taxas de crescimento que espantam leitores que desconhecem aquele processo. U 2 oda produgao de ago de qualidade, a P SO. Jm exemplo € 0 da pro luca ,? que saltou de 90 mil toneladas, em 1928, para Pode-se comparar 0S que recal nto acelera' i ‘Trata-se de. i Trae de ago cepeciatmentepreparado para uso em motores de combustio, construsa? Wes, € equipamentos da industria quimica. 158 - Ur ac Ie Ss a, Ihoes de toneladas, em 1940 (taxa de cres oP grant 12 anos) (WHEATCROFT et al, 1994; pg. 138 - 152). Verificando esse crescimento, € compreensivel que o cileulo soviéticg ai registrado um incremento na renda nacional do pais na ordem de pouco menos de 14% ao ano. Na verdade, essa taxa parece mais oxima de conseguir descrever o que realmente aconteceu do que os célculos ocidentais conseguem. oO nuimero certamente nao expressa toda arealidade, mas permite ter uma ideia do tamanho da transformagio economica experimentada no mundo socialista da época. al ‘cimento de 250% ao Uma Visio sobre os 1° e 2*Planos Quinquenais Entre as diversas interpretagdes sobre o 1% e 22 plano quinquenais, um grupo de pesquisadores importantes para historiografia do Ocidente merece destaque. Trata-se dos pesquisadores que utilizaram criticamente os dados oficiais da URSS, os complementando com estudos e cdlculos proprios. Ainda, alguns dos autores mais recentes dessa linha buscam incorporar na sua interpretacao descobertas realizadas apés as aberturas dos arquivos secretos da Unido Soviética. Entre os pensadores dessa linha pode-se destacar Charles Bettelheim, Alec Nove, R. W. Davies, Mark Harrison, S. G. Wheatcroft, Mark Tauger, e Grover Furr. Os referidos autores realizam balancos sobre os primeiros planos quinquenais. Deles, apenas Grover Furr realiza um balango inteiramente positivo. No entanto, seu trabalho é dedicado a identificar fraudes e ettos na andlise documental na historiografia sobre a URSS. Seus textos podem ser usados como filtro para identificar aquilo que nos demais autores sio andlises baseadas em informagoes nao verificdveis, e quais tem origem em dados verificaveis. Os autores citados, em especial R. W. Davies e S. G. Wheatcroft, identificam os dois primeiros planos quinquenais como planos que objetivavam realizar a industrializacao acelerada. Essa, por sua vez, foi dividida em duas etapas distintas (WHEATCROFT et al, 1994; pg. 13 - 18).A (i primeira ocorreu de 1928 até 1933, a (i) segunda durou de 1933 até 1936, Segundo a leitura realizada por eles, o primeiro plano quinquenal Se caracterizou pela coletivizagio forgada e pelo sistema de requisicio de Bros pelo Estado. Era uma forma de tentar aumentar o excedente agricola © acelerar a urbanizagao. Usando dados oficiais ¢ cdlculos préprios, os “stores chegaram a conclusio de que o primeiro plano era demasiadamente Ctimista, mas a realidade foi dura. A coletivizaao permitiu a urbanizacao, "mas desorganizou a economia. O plano nao levou em conta a resisténcia ‘Apoena Canuto Cosenza - 159 & - de propriedade da terra. A luta soc; da populagio a0 eee eee Conforme Wheatcroft aie 2 a uma queda sever Oo av uma queda da forga tratora no campo que n, Sere ef Saat eenl pret cater Canine 7 a ip das cooperatives, através do um sistema de Extcpee Thatucs Mecinicos, Mas como houve queda na disponibilidade da fora tratora de gado, a oferta de tratores nao foi suficiente. Para aqueles autores, a falta de forga tratora, a desorganiza¢ao no campo, € a falta de técnicos agricols, somadas a um planejamento central pouco experiente,levaram, 2 fagilizagio da produgio de cereais. Em 1932 ¢ 1933, quando 0 campo da Ucrinia ¢ outras regides da URSS foram afetados por secas, a produgio de grios caiu drasticamente, pois nao havia mecanismos de apoio, devido a fragilizacao da produgio agricola. cs Segundo Mark Tauger, o problema climatico foi mais severo do que aquilo que normalmente se considera (TAUGER, 2001). O autor afirma que mesmo que nio tivesse ocorrido a coletivizacio, a seca no campo seria desastrosa, Ainda, a desorganizagio nio foi frato direto apenas da coletivizasio e da perda de forga tratora. Para Tauger, algumas priticas adotadas pelos camponeses, como a de deixar 0 grio sem ser coletado para artificialmente reduzir seus estoques na data de pagamento da requisicao, facilitou a proliferacio de pragas. O autor cita © caso de uma cooperativa onde mais de uma tonelada de grios foi roubada por ratos. Existe um debate sobre 0 némero de mortos durante a grande fome de 1932. Dois estudos podem ser destacados pelo volume documental ¢ pela clareza da metodologia utilizada, 0 que torna as conclusdes atingidas pelos autores passiveis de verificagio cientifica. Um deles (VALLIN et al, 2002) aponta que as crises de fome da década de (19)30 causaram, na Ucrinia, cerca de 2,6 milhées de mortes (especialmente entre 1932 ¢ 1933). Outro, aponta que, na Rissia, em 1933, foram registradas cerca de 750 mil mortes acima do esperado pela taxa de mortalidade do perfodo (KUMO et al, 2007). Efctivamente, a fome foi mais forte na Ucrani: pela seca, Bracas 4 politica de Tequisicao e distribuigio de alimentos que penali: 16 render a real extensao do desastre i 6 a partir da segunda metade de 1932 passou a tomar medidas para aliviar a fome na Ucrania, por exemplo. , 82° Planos | Quinguenas da URSS (1929 91936) lado ao impacto da coletivizagaona desorganizacao uve redugiio da forga tratora, crises climaticas, e blemas no campo. Como resultado, o primeiro m um cenirio de baixa capacidade ual foro peso di fato é que ho Jontidao para solugdo dos pro a Jano quinquenal chegou ao fim ainda e de produgio de excedente agricola, havendo passado por um periodo de redug’0 populacional de parte da URSS. Isso resultou em dificuldade para atingir algumas ndustrializagao, conforme os autores aqui citados. No entanto, © setor socialista se tornou dominante na sociedade sovictica. O (ii) segundo periodo iniciou-se no segundo ano do segundo plano quinquenal. Para todos os autores citados, esse periodo foi marcado pela excepcional taxa de crescimento da economia soviética. Houve estabilizago no campo, com aumento da produtividade agricola. Ainda, aindistria cresceu aceleradamente no perfodo, em especial a industria de base ¢ industria pesada. A URSS reduziu drasticamente sua dependéncia de importagao de bens de capital, como resultado da politica de industrializagao. Ainda, a produgao de bens de consumo, como roupas, foi modernizada e expandida, mesmo que abaixo do previsto no plano, conforme conta Alec Nove (NOVE, 1992; pg. 231 - 237). Ao conseguir gerar excedente agricola, os dois primeiros planos quinquenais, conforme a literatura selecionada, liberou recursos para a industrializagao. Essa, porsuavez, permitiu um incremento na produtividade. Com isso, houve aumento da capacidade de crescimento, ¢ liberagao de forya de trabalho para outras aividades. No periodo, 0 nivel educacional da URSS cresceu, com a formagao de milhares de técnicos, ¢ com 4 ampliacao do ensino basico no campo de 4 para 7 anos obrigat6rios. Em 1937, a trabalhadores intelectuais, URSS tinha cerca de 4% de sua populagao como Ainda, parte do excedente sustentados pelo novo excedente econdmico. foi utilizado para fortalecer 0 Exército Vermelho. Essa modernizacao, no entanto, fi feta dentro da Logica militar da primeira guerra mundial: era ascada na infantaria, o que mais tarde viria a causar problemas. Sejaql das metas de it durante o primeiro plano, Capital, Excedente e Desenvolvimento da ue primeiros planos quinguenais visavam a industrializasio investimens ee elicape de um pais depende da capacidade de pale antes ke lo mesmo. Isso significa que para se industrializar, um capital, que leve possuir excedente econémico para investir em bens de Ali haveeg al sua vez permitirao adquirir novo patamar de produgao. aior excedente econémico. ‘Apoena Canuto Cosenza - 161 ht £ i ad a industrializagao expressa 0 desenvolvimento ‘odutivas. Isso significa (a) aumentar produtividade médig das forcas pr existentes, produzindo mais bens empregando Menos 608 diver ior er novos produtos e cadeias produtivas, atendend, gente; (b) | ades para manutengao da nova estrutura econdmica; ¢ (c) novas sae « maior da populacio para realiza¢ao de servicos diversos, ok ates al forma de aumentar a produtividade de um pais (¢ 9 ie é realizar investimento em bens de capital. O problema onsiste no fato de s6 ser possivel — em grosso ~ investir capital que exista previamente. Para os tedricos marxistas, a industrializagao 86 € possivel rediante a aquisicao de riqueza, que em geral advém (a) do exterior, fruto (i) ou da pilhagem, ou (ii) de trocas internacionais desiguais favordveis ao pais que se industrializa, ou (iii) por empréstimos vantajosos, (b) da sriagdo de riqueza ede fora de trabalho, adquiridas pela reforma agratia (cercamentos de terra) ou pela anexagao de novas terras produtivas. ‘A falta de capital dos paises subdesenvolvidos resulta, segundo parte da literatura que discute o assunto, de (a) baixa capacidade produtiva no campo e na cidade; (b) existéncia de mecanismos de sangria de capital (e excedentes no geral) para o exterior. Entre as formas de sangria estio a divida externa, o comércio exterior com pregos desfavoriveis para produtos agricolas, e uma proporcao muito grande das remessas de lucro de empresas industriais estrangeiras em relagio aos novos investimentos por elas realizados; (c) ainda, parte da dificuldade de gerar excedente pode resultar de consumo demasiadamente alto para a capacidade produtiva do pais, seja por conta de sobrepopulacao no campo, seja pela tentativa de uma parcela da populacao do pais mimetizar 0 consumo realizado pela populagao de paises ja desenvolvidos. Para pensadores como Ragnar Nurkse, Charles Bettelheim, e Oskar iri be uepiulamiurmmsesi ean ss nivel deinvestimentodeum ate a = a ans de um esforgo interno de reorganizagio im partiam de uma compreensio similar ; nae do gue Ge ° xcedente ua de uma sociedade. Entendiam que 4 nacionalizacao de setores estratégi a f icos planificado da econ ees jomia seri sf rt i i oe eria possivel transferir ao investimento 0 Para os marxistas, terras. Apesar d Por uma classe de proprietarios de le ia ees — que, na Unido Soviética, em 1927, parte desse problema af } 162- Uma visi 1 I ‘sto sobre os 1 2 Panos Quinqunas a URSS (1929 1936) o estivesse resolvido, durante a NEP houve fortalecimento relati J amnad08 camponeses Ticos, ¢ aumento do consumo di lativo dos educa lo campesi médi®s resultando na redugso do excedente disponivel. Portanto, ¢ aciocinio dos autores também talvez possa ser aplicado aquela soe ° dade, Ragnar Nurkse afirmava que existia uma parte do exe: ja pela existéncia de trabalho i i cedente que se perdia pel balho improdutivo ¢ sobrepopulacao relativa no ane et disfargado). Nurkse cita 0 caso de pikes xticos, onde as familias camponesas empre; cf 4 pessoes maior do que o necessario. Noo rie fee , havia excedente que estava sendo desperdigado. Em um exemplo hipotético, um filho em idade e condiges de trabalhar que cra alimentado por sua familia precisando contribuir pouco em forga de trabalho desperdicada. O excedente potencial, portanto, era igual 4 capacidade de trabalho da populasio, menos 0 total do trabalho necessario para sustentar a mesma. Ou seja, a administrag¢ao melhor da forga de trabalho permitiria gerar excedente em paises atrasados. Nessa definig&o, o investimento que um pais pode fazer € igual a0 capital do mesmo. Por sua vez, o capital é um trabalho realizado por alguém e cristalizado na forma de um bem produtivo. Assim, a industrializagao poderia ser feita, utilizando parte do excedente agricola potencial para sustentar uma populacéo urbana e um exército de trabalhadores industriais. Em um futuro proximo, o trabalho industrial permitiria o aumento da produtividade também no campo. Trata-se de uma definigéo que entende o investimento como sacrificio social, em paises onde o excedente econémico seja baixo. Acumulagao Primitiva Socialista Um dos principais tedricos a pensar 0 modelo econdmico da Ritssia Socialista (e posteriormente da URSS) foi Preobrajensky. Suas teses foram elaboradas tendo como objeto de reflexio as medidas adotadas no periodo do “comunismo de guerra,”¢ considerando os rumos da economia da Russia apés aquele periodo. Buscou tirar da experiéncia historica a teoria abstrata que permitisse, através da metodologia marxista, indicar as principais contradigées existentes no sistema soviético, ¢ quais seriam 0s futuros ramos. Na visio daquele pensador, a Ruissia Soviética possufa dois desafios fundamentais que determinavam as contradigdes histéricas a serem enfrentadas: (a) o regime soviético desejava construir o socialismo, o que significava organizar um tipo de sociedade planejada cientificamente ‘Apoena Canuto Cosenza - 163 nfrentar os interesses do setor Privadg estrangeiras); e (b) era necessario industrializar © pais para melhorar as condigdes de vida do povo, € permitir a resisténcia aos ataques dos inimigos da Russia socialista. Isso em um camaae devastado pela guerra, € ainda dividido em dois sistemas econdmicos: o capitalista ialista. co soe ee dia que a propriedade privada de meios de Preobrajensky enten “ace I jncluindo a terra, permitia a producao privada de mercadorias, Isso significava que permitia a acumulagao privada, ¢ potencialmente a exploragio de mais-valia, conforme a teoria da lei do valor. Por outro lado, 0 controle coletivo (estatal ou por cooperativa) permitia, através do planejamento econémico, a violagio da lei do valor em favor do desenvolvimento socialista. Embora os bolcheviques tenham_safdo vitoriosos da guerra civil, na pritica a maior parte da economia da Rissia ainda estava em mios privadas. O setor agricola, privado, ainda era o setor econémico de maior peso na Russia. A produgao agricola era, em grande parte, consumida pelos prdprios camponeses. Na pritica, ocorria enriquecimento de uma camada privilegiada de camponeses e pequenos produtores artesanais, especialmente a partir da NEP. Nessas condicées, 0 setor socialista (vitorioso na guerra, mas ainda economicamente fraco), € 0 setor privado (derrotado na guerra, mas em expansdo econémica) estavam em disputa. O setor socialista representava o projeto de industrializagao, enquanto o setor privado estava ainda ligado a um modelo de sociedade agraria. Para desenvolver o socialismo, e industrializar a Russia, era necessdrio, ao mesmo tempo derrotar o setor privado. Mas ambos os sistemas (socialista e privado) estavam interligados na Russia. Entravam em constante interago econdmica. Para Preobrajensky, era necessdrio que © setor socialista lograsse absorver parte do excedente gerado pelo setor Privado, enquanto buscasse aproveitar ao maximo o excedente ee Pas estatais. Esse processo de aquisigio de se : Privado foi o que ele chamou de acumulagao Primitiva do socialismo. ores ae sconteceria basicamente através de € terms, que transfetia os meios de produsio divctantave rae 0 sett socialista; (b) através de impostos ¢ produgao diretamente para o setor propredade, que wansfera parcela do exeederre oad eg nda do empréstimo 20 setor prvado. Come a oan eats mins do Estados) . Como os empréstimos eram realizados pelo Estado, Isso significava & (c de poténcias produsio, 164. Ua visa 3 isdo sobre 0s T* e 2* Planos Quinquenais da URSS (1929 a 1936) 4 juros mais altos, ¢ estavam ligados ao interesse do Estado, vivadas que © tomavam, ontreg van parcela de scus excedentes, a forma de juro, ¢ se submetiam ao plano econdmico; ¢ (d) cae oe comércio, visto que a politica de prego realizada pelo Estado, : ae s ° (quase) monopélio do comércio, permitia ¢ ee que os produtos do i setor i fossem vendidos a subpregos, ¢ o: Esta : ‘ privado Pregos, ¢ os do Estado fossem vendidos a sobrepreso. A politica de pregos, no entanto, cra limitada pela Ici do valor, endo podia ser manejada de forma inconsequente. E importante re altar quea manipulagio de prego foi uma tarefa dificil, cos Soviéticos passarat por debates acalorados sobre qual era a melhor politica a ser tomada, Stalin, em 1930, em seu relatério a0 160 Congresso do PCUS(B), defendeu o entendimento de que sé a industria levaria ao desenvolvimento quando afirmou: “A chave do desenvolvimento de nossa economia nacional é a industrializagao (...). Aqueles que falam sobre a necessidade de reduzir a velocidade de desenvolvimento da indiistria sio inimigos do socialismo, agentes de nossos inimigos”. Mais adiante, no mesmo relatério, demonstrou a preocupagio com a falta de excedente de gros, comparando a produgao de grios com a disponibilidade de grios no mercado: em 1929, a produsio de gris teria sido cerca de 5,6% menor do que a observada em 1913 (periodo anterior ao da guerra), ¢ a disponibilidade de graos para o mercado teria sido 42% menor do que a de 1913. Isso significava que, em comparagio ao periodo anterior & guerra, a URSS agora possufa quase a metade do excedente agricola, devido 4 elevagao do consumo no campo e a uma perda da capacidade de produgao agricola. Através da coletivizagio, afirmava Stalin que tudo indicava que a disponibilidade de grios se tornaria apenas 27% menor do que a de 1913, j4 em 1931, indicando o sucesso da politica como forma de adquirir excedente. Por isso ele dizia que: “se tivéssemos reduzido o ritmo de crescimento da industria, se tivéssemos retardado 0 desenvolvimento das fazendas coletivas e das fazendas do estado (...) nés teriamos destruido nossa industria, (...) ficariamos sem pio e abririamos caminho para a predominancia dos camponeses ricos”. ; Em 1934, em seu relatério ao 170 Congresso do Partido, Stalin realizou um balango do primeiro plano: “Para resumir, nés conseguimos (...) a vitéria final, na base do de seu avango, do sistema econdmico socialista sobre o sistema capitalista tanto na indistria como na agricultura”. Isso. significava que, se 0 objetivo do primeiro plano quinquenal havia sido realizar a acumulagao primitiva socialista, para Permitir um crescimento futuro, ele atingiu sucesso. aS empresas m, a el ‘Apoena Canuto Cosenza - 165 i Consideragées Finais _ f Em 1927, a URSS havia atingido o limite de crescimento corm, fi enti eapcidade instlada. No campo, os Inerementos na produ resultavam em maior consumo local, mas faltava excedente nas cidades, Como o modelo econémico pretendido pelo sistema sovictico cra um que buscava garantir o crescimento € desenvolvimento econdmico, o Partido Bolchevique e 0 povo soviético (através de seus Tepresentantes eleitos Nog soviets) optaram por uma reorganizagao da economia. O primeiro plano quinquenal tinha como principal objetivo expandir o chamado setor socialista, que era o Estado e as cooperativas Turais. Com isso, esperava-se que fosse ampliada a capacidade de financiamento da industrializagao, usando o excedente rural. A reorganizagao, ocorrida de forma acelerada, fragilizou a produgio agricola do pafs, em especial devido @ perda de forca tratora, Fragilizada, a agricultura soviética se tornou, durante os primeiros anos de reorganiza¢ao, demasiadamente suscetivel ao clima, 0 que resultou na fome de 1932. Apesar dessa, passado o periodo de seca, e gracas 4 entrega de novos equipamentos no campo, a produtividade agricola cresceu. Durante os anos de coletivizagao, ocorreu aquilo que Preobrajensky chamou de “acumulacao primitiva do socialismo”. Recursos que estavam nas méos do setor privado foram transferidos para o setor socialista, € colocados & disposigao do programa de industrializagio. Conforme a literatura sobre desenvolvimento econémico, a existéncia de excedentes é um fator chave para que um pais deixe de ser agrario e se torne industrial. Nesse sentido, o primeiro plano quinquenal, que foi o “plano da vitéria do socialismo” foi responsavel pela disponibilizagio do excedente rural necessirio. Assim, iniciou-se a ampliagao da produtividade do pais, através do investimento em industria de base e de bens de capital, dando especial aten¢ao para produgio de maquinas que pudessem ser usadas no campo. © incremento de produtividade também Liberou pessoas, que outrora trabalhavam no campo. E importante ressaltar que parte da populagao que foi do campo para a cid crem\ ivi . a comegavaa dar frutos, erie de produtividade do periodo anterior jé dts Soe »© que gerou aumento da capacidade de investimento ética. Na pratica, passou-se da “acumulagio primitiva no ‘166 - Uma viséo sobre os Trem Planos Quinquenais da URS (1929 0 1936) socialismo” para “acumulagio ampliada no socialismo”, O que significa dizer que passou-se de uma politica de realocagao de recursos para uma de retroalimentagiio da relagio entre aumento de produtividade ¢ aumento de investimento: os novos investimentos ampliavam a produtividade. Esta por sua vez ampliava o excedente, que por scu turno permitia maior eleva¢ao de investimentos na rodada seguinte. Referéncias Bibliograficas BERRI, L. Planificacion de la economia socialista. Havana: Editorial Pucblo y Educacién, 1987. Traduzido da edi¢do da Editorial Progresso, Moscou, 1977. BETTELHEIM, Charles. Planificagdo e crescimento acelerado. 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