Capítulo
15
MANEJO DE PRAGAS NO ECOSSISTEMA DE GRÃOS ARMAZENADOS
1. INTRODUÇÃO
massa; deve-se medir, também, onde há pouca circulação de ar, como nos cantos e entre
os dutos de aeração.
2.2. Umidade
O teor de umidade do grão é uma outra variável que limita o desenvolvimento de
bactéria, actinomicetes, leveduras, fungos, ácaros e insetos, que são os principais
agentes de deterioração dos grãos armazenados. A quantidade de água livre contida em
um cereal logo depois de colhido e durante o armazenamento determina indiretamente,
na maioria dos casos, a qualidade dos grãos. Para um armazenamento seguro, são
importantes os seguintes pontos: teor de umidade abaixo de 13% inibe o crescimento da
maioria dos microrganismos e ácaros; teor de umidade abaixo de 10% limita o
desenvolvimento da maioria dos insetos de grãos armazenados; e teores de umidade na
massa de grãos não são uniformemente distribuídos, variam de estação para estação e de
uma zona climática para outra.
é regulada pelo tipo de grão, pela microflora presente e pela interação entre a
temperatura e umidade.
2.6. Respiração
A propriedade de respiração do grão e da microflora presente é crucial no
entendimento do processo de deterioração do grão. Ambos respiram pelo mesmo
princípio fisiológico. A respiração dos grãos ou grãos quebrados produz energia e
ocorre na presença (aeróbica) ou na ausência de oxigênio (anaeróbica). Na respiração
aeróbica ocorre uma oxidação completa da glicose, produzindo dióxido de carbono,
água e energia (674 kcal), enquanto na anaeróbica a glicose é completamente
decomposta, formando dióxido de carbono, álcool etílico e energia.
Os efeitos diretos da respiração são a perda de peso e o aumento do teor de
umidade do grão, o aumento do nível de dióxido de carbono no ar e o aumento da
temperatura dos grãos. A intensidade da respiração dos grãos e dos fungos determina,
em parte, a taxa e a extensão da deterioração da massa de grãos.
A intensidade do processo respiratório é regulada por um conjunto de variáveis
bióticas e abióticas, como: umidade, temperatura, concentração de gases, aeração,
tamanho e forma do grão e da massa de grãos, da espécie, da variedade, da colheita, da
maturidade pós-colheita e das condições de transporte.
2.8. Germinação
A germinação é definida como o fenômeno pelo qual, sob condições apropriadas,
o eixo embrionário dá prosseguimento ao seu desenvolvimento, que tinha sido
interrompido por ocasião da maturidade fisiológica. Várias teorias têm sido propostas
para explicar a perda de viabilidade das sementes durante o armazenamento.
Basicamente elas são divididas em dois grupos: um em que a perda da viabilidade é um
fator intrínseco, resultante do metabolismo da semente, e outro em que as causas são
extrínsecas para as sementes e são completadas com microrganismos que vivem em
2.9. Microrganismos
Os organismos vivos e os componentes de um ambiente inerte interagem para
causar danos aos grãos armazenados. Para efeito de armazenagem, os organismos vivos
podem ser divididos em dois grupos: os consumidores (insetos, pássaros e roedores) e
decompositores (fungos e bactérias). Quando o grão está armazenado, os
decompositores estão normalmente em estado de dormência, e os consumidores (insetos
e roedores) estão ou poderiam estar ausentes. A predominância de uma determinada
espécie desses organismos na massa de grãos fica na dependência de muitos fatores,
destacando-se os fatores climáticos onde os grãos são produzidos e as condições de
armazenagem e da espécie ou variedade vegetal. Para as condições tropicais, os fungos
constituem os principais microrganismos da microflora presente na massa de grãos.
2.9.1. Fungos
São constituídos por delicados filamentos que se ramificam, denominados hifas,
e cujo conjunto é chamado de micélio. O micélio executa as funções vegetativas, e a
função reprodutiva é realizada por órgãos frutíferos, denominados esporos, os quais são
disseminados de diversas maneiras: ventos, chuvas, insetos, ferramentas, utensílios
agrícolas etc.
Em condições favoráveis do meio ambiente, os esporos germinam, produzindo
hifas, as quais invadem os tecidos dos grãos e de seus subprodutos. Os fungos mais
freqüentes são os dos gêneros Aspergillus e Penicillum, os quais produzem ácidos que
decompõem a matéria orgânica (como os produtos armazenados).
2.9.2. Bactérias
São organismos unicelulares, cuja multiplicação se dá simplesmente por divisão
celular. Sem condição de penetrar no tecido intacto do grão, necessitam que haja uma
abertura natural ou ferimentos causados por insetos ou tecidos apodrecidos.
dá origem aos ácidos graxos livres. O teor de ácidos graxos livres constitui índice de
deterioração dos grãos, que é aumentado pelo desenvolvimento de fungos que infestam
a massa de grãos.
Os grãos armazenados têm a sua temperatura elevada se mantidos com elevado
teor de umidade, em razão da alta taxa de respiração dos grãos úmidos e dos
microrganismos associados à massa. Caso o teor de umidade esteja abaixo de 15% b.u.,
o aumento da temperatura é geralmente devido a uma população de insetos. Acima
deste valor, pode ser atribuído quer aos fungos quer aos insetos, ou a ambos. Grandes
aumentos de temperatura, entre 45ºC e 57ºC, são devidos aos fungos, já que a
temperatura de 45ºC é suficiente para matar os insetos (adultos).
O aumento de temperatura acima do nível letal para a maioria dos fungos (55ºC)
pode provocar calor até o ponto de ignição.
A extensão dos danos e das perdas na pós-colheita causados por insetos, nos
grãos e seus derivados (produtos processados), é difícil de quantificar. A perda nos
grãos pode ser considerada de variadas formas: perda de peso, nutricional, da qualidade,
da viabilidade das sementes e outras. Os produtos já processados também estão sujeitos
a perdas, porém o pior dano é a contaminação. Em alguns países, a simples presença de
insetos em produtos processados é causa de rejeição do produto.
A proposta, ou seja, o objetivo deste capítulo, não será discutir o método de
determinação quantitativa das perdas que ocorrem, mas descrever os tipos de danos e
perdas que podem ocorrer direta ou indiretamente como resultado da infestação de
insetos em grãos e seus derivados.
5. ÁCAROS
6. ROEDORES E PÁSSAROS
Embora algumas alterações químicas sejam inócuas e umas poucas possam até
ser benéficas, a grande maioria representa perdas ou se torna imprópria para a nutrição
humana e animal devido, principalmente, às intoxicações por micotoxinas, às alergias,
aos distúrbios intestinais e a outros problemas graves de saúde, em adição aos efeitos de
uma nutrição deficiente.
A avaliação das perdas e/ou das alterações dos grãos armazenados reforça a
importância das pragas. Levantamentos preliminares, feitos em algumas regiões do
Brasil, mostram, ainda hoje, redução de peso em torno de 25% nos grãos atacados por
insetos após oito meses de armazenamento em fazendas.
O valor do grão, para processamento ou consumo, está diretamente relacionado
com o nível de contaminação por insetos. Somente nos Estados Unidos as perdas anuais
causadas por insetos e outros artrópodes têm sido estimadas em aproximadamente cinco
bilhões de dólares, e as perdas causadas por roedores e outros vertebrados, em dois e
meio bilhões. Estas cifras são estimadas, principalmente, em função das mudanças de
peso e/ou volume.
Dentre as diferentes ordens em que os insetos são agrupados, apenas nove têm
sido relatadas em associação com os produtos armazenados; os insetos que são
realmente considerados pragas de grãos armazenados pertencem a cinco ordens, sendo
duas destas - Coleoptera (pequenos carunchos ou gorgulhos) e Lepidoptera (mariposas
ou traças) - as de maior importância econômica e social. Os gorgulhos são pequenos e
apresentam o primeiro par de asas muito resistente (élitros), que permite sua
movimentação e sobrevivência em grandes profundidades da massa de grãos, onde os
espaços são reduzidos e o grão está muito comprimido. As traças, em razão de suas asas
membranosas, bem menos resistentes que os élitros, o que as tornam mais frágeis,
restringem-se à superfície da massa de grãos, causando menos prejuízos que os
gorgulhos.
As pragas de grãos armazenados estão adaptadas a uma dieta à base de material
vegetal seco. Muitas delas possuem estruturas características que lhes permitem viver
em condições de baixa disponibilidade de água.
Quanto aos seus hábitos alimentares, os insetos de produtos vegetais
armazenados podem ser classificados em:
1) Insetos primários: são aqueles capazes de romper o grão inteiro e sadio e são
divididos em dois grupos:
Primários internos - são os insetos dotados de mandíbulas desenvolvidas, com
as quais rompem os grãos e se alimentam do seu conteúdo interno (Figura 1).
Completam seu ciclo evolutivo no interior do grão e, além de causarem danos
específicos, abrem caminho para o ataque de outros insetos. Como exemplo de insetos
primários citam-se os gorgulhos dos grãos – Sitophilus zeamais; o caruncho-do-feijão -
Zabrotes subfasciatus (Boheman) e Acanthoscelides obtectus (Say); e as traças-dos-
cereais - Sitotroga cerealella (Olivier) etc.
Primários externos - alimentam-se do grão externamente, podendo, entretanto,
atacar a parte interna. Favorecem o ataque de outras pragas que são incapazes de romper
a película protetora dos grãos (Figura 2). A Plodia interpunctella (Hübner), o menor
broqueador dos grãos, Rhyzopertha dominica e os besourinhos Lasioderma serricorne
(F.) e Tenebroides mauritanicus (L.) são exemplos de insetos primários externos.
2) Insetos secundários: são aqueles que não conseguem romper os grãos
inteiros e se alimentam de grãos previamente danificados pelos insetos primários,
1 2 3
Figura 1 – Exemplo de insetos primários internos: 1 (Sitophilus zeamais), 2
(Acanthoscelides obtectus) e 3 (Sitotrogta cerealella )
1 2 3 4
Figura 2 – Exemplos de insetos primários externos: 1 (Plodia interpunctella), 2
(Rhyzopertha dominica), 3 (Lasioderma serricorne) e 4 (Tenebroides
mauritanicus).
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Figura 3 – Exemplos de insetos secundários: 1 (Tribolium castaneum), 2
(T.confusum), 3 (Oryzaephilus surinamensis) e 4 (Cryptolestes
ferrugineus).
9. PROGRAMA DE CONTROLE
insetos no qual o controle deve ser aplicado para evitar que a população alcance o Nível
de Dano Econômico. O Nível de Controle permite retardar a tomada de decisão de
aplicar medidas de controle e permite que seja avaliado o tempo necessário para que as
medidas de controle reduzam a densidade do inseto.
O cálculo do Nível de Dano Econômico é baseado no custo de controle e na
redução no valor de mercado. O cálculo do custo de controle, além do custo de
inseticidas, dos equipamentos de aplicação e da mão-de-obra dos aplicadores, deve
incluir os custos de programas de amostragem, programas de manejo de resistência a
inseticidas e o risco para a saúde humana e para o ambiente. Quanto à redução no valor
de mercado, seu cálculo pode ser baseado na perda de peso da massa de grãos e/ou nas
perdas de qualidade.
Os vários métodos de controle são classificados como: legislativo, físico,
químico e biológico.
10.2.2. Irradiação
A irradiação de alimentos tem sido muito estudada nos últimos anos. Em muitos
países é tida como operação comercial, sendo mais usada para prevenir brotação de
batatas e cebolas ou infestações microbianas em alimentos e carnes.
Há dois tipos de irradiação: ionizante, com raios gama e irradiação por feixe de
elétrons, e não-ionizante, quando se refere à radiação eletromagnética (ondas de rádio,
ondas infravermelho, luz visível e microondas), que não contêm energia suficiente para
expulsar elétrons das moléculas. A radiação ionizante prejudica os organismos, em
10.2.4. Embalagens
As embalagens são uma barreira física que previne ou impede a infestação por
insetos. No entanto, vários insetos, como L. serricorne, Stegobium paniceum
(Linnaeus), P. interpunctella, C. cautella, Corcyra cephalonica (Stainton) e
Trogoderma variable, têm capacidade para penetrar nas embalagens intactas. Embora R.
dominica também possa penetrar nas embalagens, são raramente encontradas em
embalagens de alimento. Os outros insetos de produtos armazenados (T. castaneum, T.
confusum, C. ferrugineus, C. pusillus, O. mercato e O. surinamensis) necessitam de
uma pequena abertura para entrar nas embalagens.
10.2.5. Pó inerte
As argilas foram usadas como protetores de grãos pelos nativos da América do
Norte e África há milhares de anos. A principal vantagem de um pó inerte é sua não-
toxicidade. Os tipos mais comuns de pó inerte são: terra, terras de diatomáceas e sílica.
A terra de diatomácea, vendida comercialmente no Brasil, é um resíduo silicoso
fossilizado de diatomas, que são plantas aquáticas unicelulares microscópicas, com uma
fina concha formada de sílica opalina (SiO2 + nH2O).
A principal atuação dos pós inertes é que eles promovem uma dessecação dos
insetos, os quais morrem quando perdem 60% de sua água ou cerca de 30% de seu peso
corpóreo total. Além da perda de água, alguns pós absorvem as ceras cuticulares dos
insetos. A terra de diatomácea, além de absorver a cera cuticular, tem efeito abrasivo
sobre a cutícula. Pelo fato de os insetos de grãos armazenados viverem em ambientes
muito secos e com acesso limitado a água livre, a retenção de água é crucial para sua
sobrevivência. Também, uma vez que os insetos são muito pequenos, eles têm grande
área superficial em relação ao peso de seu corpo, apresentando, portanto, maior
problema de retenção de água que os grandes animais. Os insetos protegem-se da
dessecação de vários modos; no entanto, a graxa cuticular, que é destruída pelo pó, é um
dos principais mecanismos para manter o equilíbrio hídrico.
Diversos fatores determinam a eficiência de pós inertes: maior capacidade dos
insetos de obterem água do seu alimento, maior reabsorção de água durante a sua
excreção, menor perda de água através da cutícula, tipo de graxa cuticular ou o quanto
ele se movimenta através dos grãos. Nem toda a mortalidade observada em grãos
tratados com pó inerte pode ser atribuída à dessecação.
Os principais problemas com o uso de pós inertes decorrem do fato de eles
diminuírem a densidade e o escoamento dos grãos. Por ser um pó, é difícil sua
aplicação, e, além do mais, ele é ineficiente em alguns casos. Em razão de os pós inertes
aderirem à superfície dos grãos, aumentando a fricção entre eles, o grão não flui tão
facilmente. Há aumento do ângulo de repouso e da densidade total da massa. A terra de
diatomácea, na proporção de dois quilos por tonelada, causou diminuição de 4,4 quilos
por hectolitro na densidade da massa de milho e de 6,2 kg/hl em trigo. Por ser o
dessecamento um modo de ação, a terra diatomácea não controla insetos em grãos
úmidos tão bem como em grãos secos. Para minimizar o problema de produção de
poeira, aplicações aquosas para tratamento de superfície são usadas, embora isso
diminua a eficiência dos pós inertes. As principais vantagens deste pó é que eles não são
tóxicos para mamíferos e protegem continuamente os grãos dos insetos.
10.3.1.2. Fumigantes
No Brasil, os fumigantes são amplamente empregados e considerados um tipo
especial de pesticida/inseticida. Um conceito que tem sido usado para determinar a
eficácia da maioria dos fumigantes é a concentração x tempo de exposição. Esse
produto é obtido medindo-se a concentração do fumigante durante a fumigação e
multiplicando-se a concentração média pelo tempo de exposição. Se a concentração for
Propriedades Descrição
Fórmula PH3
Peso molecular 34,08
Ponto de ebulição - 87,4ºC
Massa específica (ar=1) 1,214 a 0ºC
Ponto de explosão: muito baixo 1,79% de volume no ar
Odor Pura → Inodora
Em mistura → Alho ou peixe podre
Solubilidade em água (baixa) 26 cc/100ml a 17ºC
Método de obtenção (para Fosfeto de alumínio (AlP) ou fosfeto de
fumigação) magnésio (Mg3P2) em reação com a
umidade do ar
Reação AlP + 3H2O → PH3 ↑ + Al(OH)3
Mg3P2 + 6H2O → 2PH3 ↑ + 3Mg(OH)2
1 mg/L = 0.0718% = 718 ppm
Concentração letal para 2,8 mg/L (2.800 ppm)
mamíferos
Nome alternativo Fosfeto de hidrogênio
Fonte: WHITE e LESSCH (1996).
assegurar que a praga associada a ele não seja transportada para uma área onde a praga
não exista. Estas fumigações, consideradas as mais rigorosas, podem ser realizadas no
país de origem ou no país importador. No controle de quarentena o objetivo é matar
100% da população de pragas. Para alcançar este objetivo, o processo de fumigação é
rigidamente controlado. Fumigação de quarentena geralmente ocorre em câmaras
especialmente construídas e planejadas com determinadas proporções para que as
concentrações de fumigantes e a temperatura do produto possam ser medidas através do
processo de aeração e fumigação. Atenção particular é dada à vedação da câmara, para
que o fumigante possa ser conservado a uma concentração que irá matar os insetos na
temperatura do produto. O processo de aeração é também monitorado de perto,
determinando o tempo após o qual o operador poderá, seguramente, entrar na câmara
para remover o produto tratado.
Um outro tipo de fumigação realizada em produtos é o de controle, que é usado
para matar pragas que podem danificar a carga, diminuindo assim sua vida de
armazenagem. As fumigações de controle são conduzidas em uma variedade de
produtos a granel ou embalados (natural ou processados).
No momento em que a fumigação for planejada, é extremamente importante
formular um plano para realização da operação, por exemplo: preparar a carga para o
tratamento, o qual inclui selamento adequado para fechamento; conduzir a fumigação e,
se possível, medir a concentração de gases; e aerar o produto no final do processo.
(a) (b)
(c) (d)
pouca ou nenhuma resistência foi desenvolvida para este fumigante. Em 1976, a FAO e
a Inspeção Global de Susceptibilidade a Pesticidas demonstraram que somente 4,7% das
famílias testadas mostraram resistência ao brometo de metila, das quais 9,7%
apresentaram resistência à fosfina. Quando a eliminação do brometo de metila vir a ser
uma realidade, a dependência da fosfina deverá certamente crescer. Técnicas de
aplicação deverão ser desenvolvidas, para evitar rigorosos problemas de resistência.
Resistência à fosfina já tem sido demonstrada em várias espécies de pragas de produtos
armazenados. Em muitas pesquisas, visando encontrar uma causa provável para a
resistência, foi concluído que esta resistência ocorreu em razão das repetidas e
ineficientes técnicas de fumigação. Pesquisas para identificar novos fumigantes e novos
métodos e técnica de desinfestação são de grande importância para proteger os produtos
armazenados até chegarem ao consumidor. A atmosfera modificada poderá ser uma
solução parcial para reduzir o número de fumigantes disponíveis, mas, para tal
propósito, pesquisa necessita ser desenvolvida.
Novos métodos de aplicação e de distribuição do fumigante fosfina têm sido
descritos. Por exemplo, a distribuição de fosfina na massa de grãos pode ser melhorada
se a formulação deste fumigante for aplicada com uma pequena quantidade de CO2. O
uso desta técnica permitirá rápida penetração da fosfina em uma grande massa de grãos
sem precisar instalar equipamentos de recirculação dentro do armazém.
Com relação ao meio ambiente, há uma preocupação com os efeitos dos
fumigantes na atmosfera. Como já mencionado, o brometo de metila é considerado um
dos elementos que contribuem para a destruição da camada de ozônio e, atualmente,
tem-se lutado pela sua eliminação. Pesquisas são necessárias para se detectar a
quantidade e, principalmente, para verificar que quantidade de brometo de metila
artificial contribui para a degradação da camada de ozônio na estratosfera.
hospedeiros que recebem baixas doses ou que são menos suscetíveis a inseticidas ou
patógenos, a compatibilidade pode ser melhorada.
O tipo de produto, o meio ambiente e as condições de armazenamento podem
afetar decisões sobre quando e como muitos agentes de controle biológico podem agir.
A qualidade dos próprios agentes de controle é um assunto sério, porque sua eficácia
pode ser afetada pelas condições durante produção, genética, criação, armazenamento,
preço e condições de manuseio.
Nos Estados Unidos, os agentes de controle biológico já estão legalizados para
uso em muitas situações de armazenamento de alimentos. O Bt é utilizado
comercialmente, e pelo menos um insetário comercial é abastecido de poucas espécies
de parasitóides e predadores apropriados para produtos armazenados. No entanto, para
ser realizado, é preciso que haja um sistema de regulamentação de parasitóides ou
predadores, estabelecendo eficácia, segurança e forma de aplicação, como existe para
inseticidas químicos ou biológicos. No Brasil, a introdução do ácaro Acarophenax
lacunatus como agente de controle biológico de Rhyzopertha dominica ocorreu somente
depois de um estudo completo de sua eficácia como inimigo natural no controle das
populações de sua presa; os autores constataram que A. lacunatus é bastante eficiente no
controle das populações de R. dominica, causando reduções de até 94% das populações
do inseto adulto, e de 99% de ovos e larvas, num período de 45 dias.
A necessidade de uma integração de métodos biológicos, físicos e químicos no
controle de pragas de grãos armazenados já é reconhecida e alguns estudos estão sendo
realizados, principalmente, em condições tropicais. Embora pareça inicialmente de alto
custo, quando uma demanda real dessas novas técnicas for criada, estimulará a produção
comercial de equipamentos e agentes de controle a preços competitivos. A importância
dessas estratégias está no fato de que elas complementam e reduzem os efeitos adversos
inerentes ao controle químico.
of Insects in Stored Products. Marcel Dekker, Inc. New York, 1996. p.287-330.
23. WILLIAMS, J. O.; ADESUYI, S. A.; SHEJBAL, J. Susceptibility of the life
stages of Sitophilus zeamais and Trogoderma granarium larvae to nitrogen
atmosphere in minisilos. In: Controlled atmosphere storage of grains.
SHEJBAL, J. (ed.) Amsterdam, Elsevier. 1980. p. 93-100.
24. WINKS, R.G. The effect of phosphine on resistant insects. In: GASGA
SEMINAR ON FUMIGATION TECHNOLOGY IN DEVELOPING
COUNTRIES, Slough, 1986. GASGA Seminar... Slough, TDRI, 1986. p.105-
108.
25. ZETTLER, J.L.; CUPERUS, GW. Pesticide resistance in Tribolium castaneum
(Coleoptera: Tenebrionidae) and Rhyzopertha dominica (Coleoptera:
Bostrichidae) in Wheat. J. Econ. Ent. 83(5):1677-1681. 1990.