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Na era planetária, o globo contrai-se cada vez mais na direção de si mesmo,
aumentando a proximidade entre os moradores deste planeta, com as peculiaridades e
potencialidades quem vem de cada indivíduo quanto ser compositor da sociedade, de
um país e do mundo, num cenário cada vez mais transitório e complexo, em meio ao
avanço das tecnologias e do desenvolvimento de novos conhecimentos.
Neste cenário, os problemas ganham uma nova ordem quando por si só são
constituídos de caráter científico, linguístico (de ordem comunicacional) e humanístico,
e não são mais solucionados se não compreendidos em sua complexidade. Assim, os
seres humanos, que são simultaneamente geradores e solucionadores desses problemas,
evoluem igualmente com outro produto de sua ação: o conhecimento. E agora, este ser
(humano) precisa de um conjunto de ferramentas e saberes que o permita lançar mão de
conhecimentos específicos, associá-los e recombiná-los para transitar no mundo cujas
adversidades são multifacetadas. Os indivíduos que vivem nessa Era precisam adquirir e
desenvolver competências gerais para que, neste tempo, sejam capazes de exercer sua
autonomia, construir a sua identidade quanto ser humano e, então, sejam capazes de
exercitar a cidadania.
Para isso foi traçado um plano de ação. Uma proposta para educação mundial
que surgiu num contexto científico, com o objetivo de fazer diminuir as mazelas que a
produção e transposição de conhecimentos compartimentados e desumanizados
trouxeram para este tempo e que afetam o todo em todas as suas instâncias. Uma
educação com o objetivo de formar indivíduos, no sentido mais sublime do vocábulo.
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ADENTRANDO A COMPLEXIDADE
Sob uma perspectiva complexa, decorre-se nas páginas do que escreve Edgar
Morin em Os Sete Saberes para a Educação do Futuro uma análise profunda dos
saberes fundamentais para uma educação que seja capaz de solucionar problemáticas
oriundas das reflexões de uma sociedade completamente modificada pelos anos que se
correram, comparada às demais que a antecederam. Esta, geradora de conflitos e
problemas novos e de caráter variado, assinala que tais não serão solucionados, ou de
antemão compreendidos, se não em sua complexidade, ou seja, com compreensão de
todas as partes que os compõem.
OS QUATRO PILARES
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sem obedecer aos limites impostos por muros, faixa etária, níveis sociais e demais
cerceadores. O fenômeno educacional rompe com esses limites, e enfrenta a barreira do
tempo quando, pela Comissão, é dito para a vida e, portanto, deve ocorrer ao longo da
vida.
De forma complementar, Morin relaciona com esse saber, ou melhor, com essa
ferramenta, habilidade e/ou competência, a possibilidade de identificar o erro, o engano
e de resistir à ilusão do conhecimento como sendo este algo eternamente imune ao erro.
Percebe-se, então, que Morin se preocupa em indicar que o conhecimento do
conhecimento tem o propósito de esclarecer que “não há saber que não esteja, em
algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão” (MORIN, 2000. p. 19).
As percepções e o aprender/ensinar
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Morin também apresenta o conhecimento científico como poderosa ferramenta
para evitar o erro. Mas este, ao se outorgar esta qualidade, ilude quando à percepção
humana, esquecendo que, uma vez submetido ao pensamento, é desconstruído e
reconstruído quanto saber e, logo, está sujeito ao erro. Assim como os demais
conhecimentos, se não se submete ao erro, por suas características, não escapa do perigo
da ilusão. O aprender a aprender, compreendido no relatório da UNESCO, indica a
crescente necessidade da capacidade de continuar aprendendo e, em Morin, amplia-se
ao que diz que: o continuar aprendendo só se dá quando se aprende o que é o
conhecimento, a fim de seja possível usufruir dele em toda a sua plenitude e
complexidade.
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contexto intelectual, cultural, social, científico e histórico. No dado momento que se
decorre nos textos de Morin acerca da compreensão do todo por partes, demonstrando a
característica do todo sobre as das partes, tais como elementos que provam nas partes
características do todo, tanto a respeito do ser humano quanto do conhecimento
produzido por ele, Morin transpõe e traça as linhas gerais do pensamento complexo para
a educação do século XXI.
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A metodologia do modelo tecnicista de ensino distancia o conhecimento de
quem o produz e, portanto, separa “obra de criador”, desumanizando o conhecimento e
a ciência; torna incógnitas as interconexões e interdependências que cada saber possui
um com o outro; desenvolve competências absolutamente específicas e saberes que se
findam em si mesmos e são únicos e exclusivos para a resolução de problemas de
caráter uno e específico, que não são os problemas gerados na conformação do mundo
atual.
A RESPEITO DA “INTERTRANSDICIPLINARIDADE”
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construção de saberes posteriores é escusa e ineficaz, e fere o principio básico da
integralidade do conhecimento.
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como o paradigma dominante afastou o conhecimento científico de seu criador, e
ignorou a potencialidade desse conhecimento sobre o seu criador e sobre a humanidade
e, portanto, desumanizou e descaracterizou o conhecimento científico como produção
humana, pode-se deduzir que o mesmo efeito foi refletido no modelo educacional que
obedece a linha geral de produção e transposição de conhecimento.
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ensinar a identidade humana e ensinar para a formação de identidade individual e que
são ambas de importância inconcebível e tão indissociáveis quanto o próprio ser
humano e suas facetas em si mesmo. Uma, se propõe a elucidar a condição humana que
é comum a todos, enquanto a outra aponta para a construção de uma identidade que é
única, e ainda assim, sendo diferentes, são semelhantes nas próprias diferenças.
Morin se preocupa em apontar que é nesse processo de formação, que não tem
sido assistido, que se formam indivíduos não solidários e que, apesar de tentarem se
comunicar, não compreendem e não se fazem compreendidos, dando origem não só ao
erro, e a ilusão, como à defecção da prática cidadã, gerando conflitos por razões
menores (raça, credo, sexualidade, etc.). O produto deste tipo de ação é o preconceito, a
ignorância, a intolerância e a insolidariedade. A conduta ética do ser é ensinada não
através da transmissão diretas de valores, mas acredita-se que o indivíduo autônomo e
consciente, tenha então esses valores éticos e morais incorporados ao ser, na construção
da sua identidade como indivíduo único e humano, e sendo assim parte integrante da
sociedade, do seu país, do mundo, do planeta e do universo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Um ser. Ser este parte integrante e compositora de uma sociedade, que compõe
um país, que compõe mundo, que está neste planeta, universo e cosmos, a primordial
proposta que compartilham Santos, Delors e Morin é a devolver ao ser humano o fruto
de sua própria ação, com a compreensão de si mesmo e de sua própria complexidade e
das dos seus semelhantes, da raiz ao destino em comum que compartilham, da
compreensão da composição do mundo e então a capacidade de modificá-lo, transitá-lo
e usufruí-lo em sua complexidade e completude.
Um educar para viver. Um educar para a vida.
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