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DIALOGANDO COM SANTOS, DELORS E MORIN

Maxwell Luiz Pereira Ferreira


Licenciando do curso de Química da Universidade Federal Fluminense
Bolsista do Programa LIFE UFF – Ciências da Natureza, Sociais e Humanas em diálogo

Profª Dra. Sonia Regina Alves Nogueira de Sá

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Na era planetária, o globo contrai-se cada vez mais na direção de si mesmo,
aumentando a proximidade entre os moradores deste planeta, com as peculiaridades e
potencialidades quem vem de cada indivíduo quanto ser compositor da sociedade, de
um país e do mundo, num cenário cada vez mais transitório e complexo, em meio ao
avanço das tecnologias e do desenvolvimento de novos conhecimentos.

Neste cenário, os problemas ganham uma nova ordem quando por si só são
constituídos de caráter científico, linguístico (de ordem comunicacional) e humanístico,
e não são mais solucionados se não compreendidos em sua complexidade. Assim, os
seres humanos, que são simultaneamente geradores e solucionadores desses problemas,
evoluem igualmente com outro produto de sua ação: o conhecimento. E agora, este ser
(humano) precisa de um conjunto de ferramentas e saberes que o permita lançar mão de
conhecimentos específicos, associá-los e recombiná-los para transitar no mundo cujas
adversidades são multifacetadas. Os indivíduos que vivem nessa Era precisam adquirir e
desenvolver competências gerais para que, neste tempo, sejam capazes de exercer sua
autonomia, construir a sua identidade quanto ser humano e, então, sejam capazes de
exercitar a cidadania.

Para isso foi traçado um plano de ação. Uma proposta para educação mundial
que surgiu num contexto científico, com o objetivo de fazer diminuir as mazelas que a
produção e transposição de conhecimentos compartimentados e desumanizados
trouxeram para este tempo e que afetam o todo em todas as suas instâncias. Uma
educação com o objetivo de formar indivíduos, no sentido mais sublime do vocábulo.

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ADENTRANDO A COMPLEXIDADE

“Uma educação só pode ser viável se for uma educação integral do


ser humano” (MORIN, 2000. p 11).

Sob uma perspectiva complexa, decorre-se nas páginas do que escreve Edgar
Morin em Os Sete Saberes para a Educação do Futuro uma análise profunda dos
saberes fundamentais para uma educação que seja capaz de solucionar problemáticas
oriundas das reflexões de uma sociedade completamente modificada pelos anos que se
correram, comparada às demais que a antecederam. Esta, geradora de conflitos e
problemas novos e de caráter variado, assinala que tais não serão solucionados, ou de
antemão compreendidos, se não em sua complexidade, ou seja, com compreensão de
todas as partes que os compõem.

Morin felicita o relatório encomendado pela UNESCO para a Comissão


Internacional para a Educação do Século XXI, encabeçada por Jacques Delors, pelo
apontamento dos quatro pilares basilares para a educação deste século; e, este último
nota que um plano educacional eficaz passa por evidenciar na verdade aquele pelo qual
e o meio no qual o fenômeno educacional ocorre: o ser humano e a sociedade,
respectivamente.

OS QUATRO PILARES

O relatório, quando identifica os quatro pilares para educação do século XXI,


propõe então uma forma de educar que contempla a complexidade da constituição dos
próprios seres humanos e ressalta em “aprender a viver junto”, o momento da
construção efetiva do conhecimento, que se dá num espaço de autocriação pessoal, com
a ajuda do educador nas reflexões críticas no processo de aprendizado (mediação
pedagógica). Ele ressalta as relações humanas como meio permeabilizador do
conhecimento. Identifica também, que, a educação não se dá em único momento, em
um dado lugar e de uma única forma, a despeito do que inspirava a pedagogia tecnicista.
Enquanto aqueles propositores apontavam a escola como sendo palco do fenômeno
educacional, a Comissão Internacional aponta a sociedade como palco deste fenômeno,

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sem obedecer aos limites impostos por muros, faixa etária, níveis sociais e demais
cerceadores. O fenômeno educacional rompe com esses limites, e enfrenta a barreira do
tempo quando, pela Comissão, é dito para a vida e, portanto, deve ocorrer ao longo da
vida.

OS SETE SABERES DOS QUATRO PILARES

O conhecimento do conhecimento: aprendendo a aprender

Avançando a partir dessa proposição, a pedido da UNESCO, Morin disserta a


respeito da educação para o futuro e discute inicialmente que, para que o conhecimento
adquirido ao longo da vida seja efetivo, ensinar o conhecimento do conhecimento é de
fundamental importância.

De forma complementar, Morin relaciona com esse saber, ou melhor, com essa
ferramenta, habilidade e/ou competência, a possibilidade de identificar o erro, o engano
e de resistir à ilusão do conhecimento como sendo este algo eternamente imune ao erro.
Percebe-se, então, que Morin se preocupa em indicar que o conhecimento do
conhecimento tem o propósito de esclarecer que “não há saber que não esteja, em
algum grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão” (MORIN, 2000. p. 19).

As percepções e o aprender/ensinar

O aprender é guiado, sustentado e se dá através das percepções humanas, e se


submete a fala, aos gestos, a compreensão subjetiva, a empatia, ao relacionamento que
se cria entre os indivíduos envolvidos no fenômeno educacional - com seus
conhecimentos previamente adquiridos. Portanto, está profundamente relacionado com
o afeto criado tanto pelo saber, quanto por quem aprende/ensina; pelo que se
aprende/ensina; e, porque se aprende/ensina. Esta afetividade é tanto um instrumento
fortalecedor do conhecimento construído, quanto ser criador de cegueiras ao
conhecimento pertinente e, logo, pode levar ao erro e, se não ao erro, à ilusão.

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Morin também apresenta o conhecimento científico como poderosa ferramenta
para evitar o erro. Mas este, ao se outorgar esta qualidade, ilude quando à percepção
humana, esquecendo que, uma vez submetido ao pensamento, é desconstruído e
reconstruído quanto saber e, logo, está sujeito ao erro. Assim como os demais
conhecimentos, se não se submete ao erro, por suas características, não escapa do perigo
da ilusão. O aprender a aprender, compreendido no relatório da UNESCO, indica a
crescente necessidade da capacidade de continuar aprendendo e, em Morin, amplia-se
ao que diz que: o continuar aprendendo só se dá quando se aprende o que é o
conhecimento, a fim de seja possível usufruir dele em toda a sua plenitude e
complexidade.

A compreensão do ser humano é vista por Morin como mola mestra da


construção do conhecimento. E ora, se o conhecimento é construído e gerado no cerne
dos pensamentos humanos, de sua capacidade reflexiva, investigativa e subjetividade,
logo, conhecer o conhecimento é tarefa tão complexa quanto à de entender o próprio ser
humano. Na verdade, compreender o ser humano, que é complexo, é se tornar capaz de
compreender aquilo que ele produz (o conhecimento).

O modelo educacional se espelha no modelo científico tanto na produção quanto


na transposição de conhecimento. Boaventura de Souza Santos foi um dos responsáveis
por propor questionamentos a respeito da humanidade do conhecimento, dando origem
a uma discussão a qual teve a oportunidade de expor e legitimar em “Um discurso sobre
as Ciências”. Tendendo a aproximar o conhecimento científico, produzido na comuna
científica, de quem o produz. Essa ação de justaposição só se dá quando qualquer
conhecimento, que é nascido dentro de um contexto, é lançado a demais contextos,
ganhando novos ornatos, formas e sentidos. É no texto de Santos, que se inicia a
discussão da racionalidade versus racionalização do pensamento humano, e a
evidenciação do caráter múltiplo que um saber possui ao ser concebido num contexto (e
nisso, já é complexo) e na complexidade que – já possui e que – ganha, quando
transposto para demais contextos, relacionando-se internamente com os demais
agrupamentos e delimitações disciplinares que constituem o grande grupo de
conhecimento em que foi concebido, ou seja, no cerne da origem desse saber, e também
quando instrumentado por e em um novo grande grupo de conhecimento. Em outro

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contexto intelectual, cultural, social, científico e histórico. No dado momento que se
decorre nos textos de Morin acerca da compreensão do todo por partes, demonstrando a
característica do todo sobre as das partes, tais como elementos que provam nas partes
características do todo, tanto a respeito do ser humano quanto do conhecimento
produzido por ele, Morin transpõe e traça as linhas gerais do pensamento complexo para
a educação do século XXI.

UMA CRÍTICA AO MODELO TECNICISTA: APRESENTANDO A


COMPLEXIDADE HUMANA

A partir dessa observação, Morin investe em apresentar o ser humano em sua


complexidade. Ao apresentar a condição humana, Morin expõe a condição física,
biológica, psíquica, cultural, social, histórica do ser humano, quanto indivíduo
pertencente à sociedade que ele compõe; à espécie a qual pertence e ao planeta o qual
ele habita. Esse tipo de observação é impossível aos educandos deste século, se com
uma metodologia de ensino que compartimenta o conhecimento. Logicamente, em uma
apropriação das linhas gerais de compreensão expostas por Morin, se o conhecimento
carrega características de quem o produz (o ser humano), e o ser humano é complexo
(composto por “partes”) e indissociável, logo aquilo o que ele produz (o conhecimento)
é também complexo e indissociável em seus mais variados tipos – ou seja, não possui
sentido pleno se compartimentado.

“O humano continua esquartejado, tido como pedaços de um


quebra-cabeça ao qual falta uma peça. Aqui se apresenta um
problema epistemológico: é impossível conceber a unidade complexa
do ser humano pelo pensamento disjuntivo, que concebe nossa
humanidade de maneira insular, fora do cosmos que a rodeia, da
matéria física e do espírito do qual somos constituídos, bem como
pelo pensamento redutor, que restringe a unidade humana a um
substrato puramente bioanatômico. As ciências humanas são elas
próprias fragmentadas e compartimentadas. Assim, a complexidade
humana torna-se invisível e o homem desvanece “como um rastro na
areia”.. (MORIN, 2000. p 48)

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A metodologia do modelo tecnicista de ensino distancia o conhecimento de
quem o produz e, portanto, separa “obra de criador”, desumanizando o conhecimento e
a ciência; torna incógnitas as interconexões e interdependências que cada saber possui
um com o outro; desenvolve competências absolutamente específicas e saberes que se
findam em si mesmos e são únicos e exclusivos para a resolução de problemas de
caráter uno e específico, que não são os problemas gerados na conformação do mundo
atual.

Esse tipo de ação produz tanto a incapacidade de relacionar entre si todos os


saberes disciplinares aprendidos no ambiente escolar, quanto relacioná-los com os
demais saberes adquiridos prévia e posteriormente ao momento escolar, no decorrer da
vida.

Para se movimentar no mundo, com autonomia intelectual, social e econômica,


um indivíduo precisa de ferramentas que o permita intervir no mesmo e assim viver de
forma digna. O modelo tecnicista de ensino não fornece as ferramentas necessárias para
isso, ele: impede os indivíduos de transitarem no mundo; de compreenderem os
problemas por e nele gerados; nega a formação que os tornaria aptos a solucionarem tais
problemas; forma uma nação de indivíduos acríticos, que não são capazes de exercer
sua cidadania; e, portanto, a educação não atinge o seu principal objetivo, previsto por
lei, pela simples incapacidade de expor o que mais de fundamental existe no ser humano
e no produto de sua ação (o conhecimento).

A RESPEITO DA “INTERTRANSDICIPLINARIDADE”

Morin não se poupa em elucidar a quem lê os Sete Saberes que nenhuma


tentativa de romper em definitivo com a disciplinaridade é possível. As disciplinas
foram criadas por razões organizacionais; e, a partir disso, conhecimento de caráter
único – e único aqui também deve indicar ímpar – foi desenvolvido. Ele reconhece que
o pensamento humano é disciplinar e que os conhecimentos se desenvolveram a partir
da compartimentação. Entretanto, critica a forma que tais conhecimentos são
transpostos e deixa explícito que: quando se avança profundamente no conhecimento
das partes ignorando o fato deste ser apenas um “pedaço” que compõe um todo, a

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construção de saberes posteriores é escusa e ineficaz, e fere o principio básico da
integralidade do conhecimento.

“Paradoxalmente assiste-se ao agravamento da ignorância do todo,


enquanto avança o conhecimento das partes.” (MORIN, 2000. p 48).

Discutindo a humanidade: aprendendo a ser para aprender a viver junto

As intenções de Morin vão além de propor o conhecimento do conhecimento,


sua pertinência, a consciência da condição humana terrestre e cósmica etc. Entender a
condição humana é também perceber que, como seres sociais, os seres humanos
dependem e vivem das suas relações com os demais, e compreendendo a si mesmos e
aos demais, e que ambos são seres complexos, com potencialidades e peculiaridades,
características e combinações das mesmas que tornam cada indivíduo um ser único, que
todos partilham do mesmo destino, todos têm as mesmas necessidades fundamentais e
são moradores do mesmo planeta. Que padecem os mesmos males globais e enfrentam
os problemas desta mesma ordem de magnitude. Todos os indivíduos nascidos – com
suas particularidades, temporalidades e a partir de suas localidades – tecem junto a
malha humana que preenche e forma física, econômica, social, histórica, psíquica,
biológica, ética, e culturalmente todo o globo.

O MUNDO EM CONSTANTE MUTAÇÃO: AS INCERTEZAS

Em “Um discurso sobre as ciências”, Santos (2010) apresenta o paradigma


dominante (clássico) e o paradigma emergente, retratando a necessidade – e também a
inevitabilidade – de transição de um para outro, dado momento que se questiona
justamente a humanidade do conhecimento científico e a finalidade do conhecimento
científico (para que e quem se faz ciência). As fidúcias do conhecimento são fruto desse
paradigma, uma vez que se lança à certeza da experiência ordenada (SANTOS, 2010),
entretanto, tais saberes não foram construídos senão por seres humanos. O modelo
educacional tecnicista, compartimentado, é o reflexo do paradigma dominante, e assim

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como o paradigma dominante afastou o conhecimento científico de seu criador, e
ignorou a potencialidade desse conhecimento sobre o seu criador e sobre a humanidade
e, portanto, desumanizou e descaracterizou o conhecimento científico como produção
humana, pode-se deduzir que o mesmo efeito foi refletido no modelo educacional que
obedece a linha geral de produção e transposição de conhecimento.

Santos, então, promove uma profunda reflexão, e aponta no paradigma


emergente, a possibilidade real de apresentar, produzir e desenvolver conhecimento
científico respeitando a sua principal característica, que está também em quem o
desenvolve: a complexidade. É em Morin, que essa elucubração é revista, adaptada e se
amplia para a educação. Assim como o paradigma emergente abandona as concepções
determinísticas a respeito daquilo que é referente ao conhecimento e ao ser humano,
Morin demonstra que em meio às trincheiras criadas pelas certezas que o avanço
científico produziu, existem um universo desconhecido preenchido de dúvidas,
probabilidades e improbabilidades. Aprender a lidar com o inesperado é tão
fundamental quanto os demais saberes, ainda mais em tempos em que o próprio
conhecimento, assim como seu gerador, avança, se modifica e se aprimora. Ensinar a
lidar com incertezas é fornecer a ferramenta necessária para que qualquer indivíduo
transite em meio às mudanças. A mutabilidade é uma característica latente do ser
humano, logo sendo do ser humano, é também da sociedade e tão obviamente, do
conhecimento.

A ÉTICA DO “SER” HUMANO

O indivíduo controla a sociedade e a sociedade regula o indivíduo numa


mutualidade cujo bem comum é o objetivo principal. Para que isso se dê, os seres que
compõe essa estrutura necessitam se comunicar, e comunicar-se depende, em sua
essência, de compreenderem-se mutuamente.

Ao ensinar a identidade terrena, Morin aponta o que é comum a todos os seres


humanos, a sua condição e constituição, a potencialidade do ser humano quanto
indivíduo. Mas, sua preocupação a respeito da identidade vai além quando discorre a
respeito da construção da identidade dos indivíduos. Perceba-se aqui a diferença entre

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ensinar a identidade humana e ensinar para a formação de identidade individual e que
são ambas de importância inconcebível e tão indissociáveis quanto o próprio ser
humano e suas facetas em si mesmo. Uma, se propõe a elucidar a condição humana que
é comum a todos, enquanto a outra aponta para a construção de uma identidade que é
única, e ainda assim, sendo diferentes, são semelhantes nas próprias diferenças.

Morin se preocupa em apontar que é nesse processo de formação, que não tem
sido assistido, que se formam indivíduos não solidários e que, apesar de tentarem se
comunicar, não compreendem e não se fazem compreendidos, dando origem não só ao
erro, e a ilusão, como à defecção da prática cidadã, gerando conflitos por razões
menores (raça, credo, sexualidade, etc.). O produto deste tipo de ação é o preconceito, a
ignorância, a intolerância e a insolidariedade. A conduta ética do ser é ensinada não
através da transmissão diretas de valores, mas acredita-se que o indivíduo autônomo e
consciente, tenha então esses valores éticos e morais incorporados ao ser, na construção
da sua identidade como indivíduo único e humano, e sendo assim parte integrante da
sociedade, do seu país, do mundo, do planeta e do universo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos


princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho.” (Art. 2º - LEIS DE DIRETRIZES E BASES.
1996).
O grande questionamento que emerge de toda esta elucubração a respeito da
educação para este século não é puramente econômico em vista que se pode observar,
em outras instâncias que não esta, a profunda relação da educação, do conhecimento, do
trabalho, etc. O “porque ‘fazer’ educação” e além, o porquê “fazer educação” neste
modelo neo-humanístico vai além de atender a demanda por profissionais com as
competências que esse novo modelo se compromete a desenvolver em si mesmo. Vai
além de índices e marcadores. Devolver ao ser humano as condições básicas de vida – e
quando se diz vida, entenda-se vida digna – é o grande objetivo a ser alcançado.

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Um ser. Ser este parte integrante e compositora de uma sociedade, que compõe
um país, que compõe mundo, que está neste planeta, universo e cosmos, a primordial
proposta que compartilham Santos, Delors e Morin é a devolver ao ser humano o fruto
de sua própria ação, com a compreensão de si mesmo e de sua própria complexidade e
das dos seus semelhantes, da raiz ao destino em comum que compartilham, da
compreensão da composição do mundo e então a capacidade de modificá-lo, transitá-lo
e usufruí-lo em sua complexidade e completude.
Um educar para viver. Um educar para a vida.

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