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Este material exclusivo foi produzido a partir


das intervenções realizadas pelo Dr. Italo
Marsili durante o 1o Eixo Xperience.

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“Estamos quase que anestesiados pelo
dia-a-dia, anestesiados pelos afazeres:
acordamos, trabalhamos, cuidamos dos
filhos, vamos ao culto, à missa, à igreja.

No fundo parece haver uma desconfiança,


uma certa instabilidade, uma certa euforia,
uma euforia reacional e reativa de quem
sabe que não tem um eixo, de quem sabe
que não tem um centro, e precisa dar uma
justificativa muito periférica e secundária
para a própria vida. Isso é uma das grandes
tragédias do ser humano.”

i ta l o m a r s i l i

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índice
O segundo dia da sua morte............................... 7

exercício......................................................... 25
resumo............................................................. 26

Sua ferramenta de aperfeiçoamento


se chama trabalho............................................ 28

exercício ......................................................... 42
resumo............................................................. 43

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I

O segundo dia da
sua morte.

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Nos anos de experiência do meu consultó-
rio, que não foram poucos (quase dez anos aten-
dendo pessoas todos os dias, ouvindo histó-
rias de alegria, de sofrimento, de desejo), uma
grande parte dessas histórias — aqui teremos
de falar claramente com todo o amor do mun-
do, mas não poderemos atenuar certas ques-
tões se quisermos percorrer o itinerário que
pretendemos percorrer ao longo destes dois
dias aqui no Eixo — era de pessoas perdidas.
Perdidas em que sentido? Muitas vezes não no
sentido profissional, porque eu atendia gente
que tinha emprego. Não também no sentido fa-
miliar, porque eu atendia gente que tinha famí-
lia. Nem sequer estou falando no sentido reli-
gioso, porque eu atendia gente que já praticava
sua religião a sério havia muitos anos. Atendi,
inclusive, muitas freiras e sacerdotes. Aten-
di profissionais muito bem-sucedidos, mães
de famílias às vezes numerosas, pessoas sem
nenhum problema de traição. Mas elas eram
perdidas num sentido quase inominado, num
sentido que não se pode dizer ao certo, num

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sentido impalpável, por assim dizer. Não digo
que seja o caso de cada um de vocês, porém foi
o caso de muita gente que eu encontrei ali. Isso
às vezes não era percebido no primeiro mo-
mento justamente porque nós estávamos qua-
se que anestesiados pelo dia-a-dia, anestesia-
dos pelos afazeres: acordamos, trabalhamos,
cuidamos dos filhos, vamos ao culto, à missa,
à igreja. No fundo parecia haver uma descon-
fiança, certa instabilidade, certa euforia, uma
euforia reacional e reativa de quem sabe que
não tem um eixo, de quem sabe que não tem
um centro, e precisa dar uma justificativa mui-
ta periférica e secundária para a própria vida.
Isso é uma das grandes tragédias do ser huma-
no, sem querer ser alguém que começa de modo
pessimista, falando as coisas ruins da vida, mas
eu preciso pontuar esses assuntos. A primeira
coisa que eu quero que vocês anotem — e logo
agora de manhã eu vou propor um exercício —
é algo que eu via muito claramente no consul-
tório: essa falta de eixo, essa queda, sobretudo
essa queda, essa falta de centro é do tamanho
do nosso orgulho, ela é do tamanho da nossa
soberba. Isso é importante vocês anotarem e

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vai na contramão de grande parte do que ouvi-
mos hoje dos nossos colegas muito bem inten-
cionados. Olha, hoje não é dia de falar mal de
ninguém, de entrar em combate com ninguém,
não é isso. Hoje é dia de fazermos um mergu-
lho absolutamente mais profundo, então pre-
cisaremos tocar em lugares de fato mais pro-
fundos. Existe certa euforia no tratamento do
que é a vida humana quando precisamos afir-
mar, reafirmar e afirmar novamente de modo
histérico que somos maravilhosos, que somos
capazes... Eu ouço muitos colegas tanto da área
da psicologia como da área do coach dizerem
para jamais falarmos palavras negativas sobre
nós mesmos, porque isso atrai coisas ruins, e
isso fica muito no campo da superstição. O que
eu encontrei em dez anos de trabalho sério no
meu consultório é exatamente o inverso, exa-
tamente o oposto. E, na verdade, a antropolo-
gia tradicional e as técnicas de ascética tanto
religiosas quanto profanas nos indicam que,
se desconhecemos o tamanho do nosso orgu-
lho, o tamanho da nossa soberba, a queda sem-
pre será muito grande. Que queda é essa? Essa
queda é o que chamamos no final das contas de

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sofrimento. E que sofrimento é esse? O sofri-
mento muitas vezes é difuso, sem nome, como
que um bolo — e desculpem-me o exemplo
vulgar e trivial —, um bolo coberto por chan-
tili, por um glacê ou por uma pasta americana,
[que seriam na realidade uma cobertura] de di-
nheiro, de alegria, de euforia, de felicidade, de
família bonita. Mas no fundo sabemos que fal-
ta alguma coisa. E aqui eu não quero provocar
falando que falta algo na vida de vocês, porque
vocês podem estar muito seguros de que não
falta nada. Este, então, é o primeiro exercício,
sem o qual não podemos continuar, e eu já vou
dizer qual é. Nós aqui já começamos a visuali-
zar alguns pontos: quanto maior o orgulho de
si, quanto maior a soberba de si, quanto maior
o desconhecimento de si, mais grave, mais pro-
fundo será o sofrimento, mais desorientado
na vida você estará, por mais que você tenha
uma orientação externa. E tudo o que eu quero
evitar aqui, nestes dois dias em que estaremos
bastante unidos, é certa superficialidade, uma
histeria, uma euforia. Eu estarei com vocês fa-
zendo os mesmos exercícios. O que eu quero
evitar aqui é essa dispersão mental que mise-

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ravelmente — anotem isso — pode se prolon-
gar por toda uma vida. Se temos um dia disper-
so, não há problema, faz parte do jogo: haverá
um dia em que acordaremos com dor de cabe-
ça, em outro com dor de barriga, em outro em
que estaremos muito preocupados com nossas
contas bancárias. O meu grande medo e o meu
trabalho sobretudo dentro do consultório é fa-
zer com que não acordássemos assim todos os
dias, porque se acordarmos assim todos os dias
no fim de uma vida inteira teremos uma vida
dispersa.

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Então, aqui vai o primeiro exercício, que é
doloroso, estranho e desanimador no primeiro
momento. Mas não comecem com essa bobei-
ra de querer animação a todo instante — des-
culpem-me falar assim claramente —, não es-
tamos no show da Xuxa, nós não somos as
paquitas, querendo animação e alegria. Nós
queremos uma coisa muito séria da vida, e te-
remos de descobrir que coisa séria é essa, que
por enquanto tem nome abstrato para alguns;
para outros sequer tem nome. Para as pessoas
que são religiosas isso seria conhecer a Deus.
Para as que não são religiosas seria deixar um
legado, encontrar a felicidade. Neste momento
não importa. Eu quero que essa resposta seja
dada de modo consistente no último dia ou
mesmo ao longo dos nossos encontros. O nos-
so primeiro exercício é doloroso, e muitos de
vocês terão uma rejeição por dois motivos. Pri-
meiro, porque é repugnante mesmo. Segundo,
porque pode ser traumático. Mas eu preciso
que vocês façam o itinerário que eu propus
muitas vezes para muitas pessoas no consultó-

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rio. Eu não sei se vocês estão com papel e lápis
na mão, ou se vão usar o evernote, mas precisa-
mos de uma base para fazer anotações. O pri-
meiro exercício é repugnante porque precisa-
remos nos imaginar no segundo dia após a
nossa morte, e eu vou fazer isso também. Ape-
sar de vocês me verem muitas vezes no Insta-
gram, no YouTube, um pouco mais expansivo,
falador, eu preciso de algum modo me colocar
em silêncio para produzir algum material es-
crito. Existem aquelas pessoas que são mais
sangüíneas e precisam produzir escrevendo e
depois têm de corrigir o texto. Isso não faz di-
ferença nenhuma aqui, não temos um itinerá-
rio necessário, cada um pode fazer de um jeito.
Fiquem comigo agora. Como vamos fazer isso?
Eu vou dizer o modo que eu vou fazer e depois
o modo como vocês podem fazer. Vamos preci-
sar pensar muito seriamente no segundo dia
da nossa morte. E eu não quero que pensemos
na morte do ponto de vista metafísico, do pon-
to de vista religioso, niilista, do sentido; vamos
fazer uma coisa muita mais crua, muito mais
cruel, muito mais repugnante. Nós vamos pen-
sar no nosso corpo e só no nosso corpo. Vamos

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pensar em como estaremos no segundo dia.
Em geral, no segundo dia ainda estaremos sen-
do velados e preparados para sermos enterra-
dos. Ou estaremos no crematório, ou na capela
mortuária com os nossos familiares e amigos.
Dependendo da vida que levamos, estaremos
mesmo sozinhos com uma alma caridosa da
pastoral daquelas senhoras que ficam nos ce-
mitérios velando os cadáveres sem família, as
pessoas que foram inúteis, de quem ninguém
foi se despedir. Nós vamos imaginar nosso cor-
po morto e vamos escrever sobre ele. E para
que isso possa ser feito, vamos nos olhar no es-
pelho antes. E eu recomendo vocês se olharem
no espelho sem blusa, não nus, senão seria algo
muito cruel, muito cru. O primeiro exercício é
tirar a blusa, ficar com o rosto descoberto e
olhar-se por um tempo no espelho. Olhando
para a cor dos nossos olhos, para a tez da nossa
pele, para as nossas veias — se olharmos bem,
veremos veias que aparecem nos braços —,
para os nossos peitos — alguns homens têm
pêlos, outros não, as mulheres têm os seios e a
vascularidade que aparece. E façam esse exer-
cício calmamente, procurando os traços de

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vida, as rugas. Vamos fazer como na semiolo-
gia médica: vamos começar da cabeça para bai-
xo. Vamos olhar para o cabelo, se já está caindo
ou não, para essa cara que Deus nos deu. Vamos
olhar para a nossa testa, para os traços que re-
velam a nossa história. As pessoas mais novas
do grupo ainda não têm essas pautas na testa,
as pessoas mais avançadas já as apresentam na
testa. Depois as nossas sobrancelhas. E algu-
mas mulheres vão olhar a falsidade de suas so-
brancelhas, porque são pigmentadas. Depois
os cílios, e algumas mulheres vão ver a falsida-
de dos próprios cílios, porque estão esticados
fio a fio. A rugas aqui em baixo [dos olhos], a
ponto do nariz, a boca e os dentes, se são ver-
dadeiros, se são falsos, se estão amarelados —
os meus dentes de baixo estão absolutamente
nojentos e pigmentados pelo charuto —, de-
pois a barba, o pescoço, e continuando a descer
e a olhar. Para que nós vamos nos olhar? Trata-
-se de um ato de vaidade? Não. É porque fare-
mos um segundo movimento. Nós vamos nos
olhar vivos fisicamente. E aqui está o ponto.
Lembram-se de que eu falei que, quanto maior
a soberba, quanto mais alto o nosso orgulho,

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mais difícil será encontrarmos o nosso eixo?
Enquanto nos olhamos pode entrar na nossa
mente uma série de pensamentos confusos so-
bre a nossa beleza, sobre a imperfeição do nos-
so corpo. E no segundo movimento mataremos
esse orgulho, essa soberba, essa vaidade. Eu
recomendo vocês fazerem isso por no máximo
cinco minutos, porque é muito difícil nos con-
centrarmos no nosso próprio corpo. Novamen-
te, não fiquem nus nesse primeiro momento,
não quero que vocês fiquem sem a parte de bai-
xo da roupa, só sem a blusa. Ok? Olhem-se no
espelho por cinco minutos, procurando-se, en-
contrando-se. Vistam-se, coloquem a blusa de
novo, vão até a mesa de vocês e aí entra a parte
repugnante e terrível da história, que é se ima-
ginar deitado naquela caixa somente um pou-
quinho maior que nós. E aqui começa a parte
produtiva do exercício. Esse talvez seja o exer-
cício mais difícil no sentido literário do nosso
programa, depois eles se tornarão um pouco
mais concretos. Mas eu preciso desse primeiro
exercício literário. O que eu estou chamando
de exercício literário? Vocês vão escrever sobre
vocês, mas não é para falar ainda sobre os seus

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sonhos, suas frustrações, sobre quem vocês
não foram. Vocês vão se imaginar no segundo
dia de sua morte, por comparação, a cor do seu
rosto, a cor do seu lábio, a sua expressão, se
seus olhos estão inchados, fechados ou não.
Para quê? Para que todos nós, sem nenhum
tipo de vaidade ou soberba, encontremos nes-
se primeiro momento do eixo o limite material
de nossas vidas. Relembrem aquele princípio:
se não conhecemos o limite, não conhecemos a
coisa. Se eu não conheço os limites materiais
do celular que está na minha mão, eu não te-
nho nenhum celular, eu tenho uma fantasia.
Se não conhecemos o limite, não conhecemos
a coisa. E aqui estamos fazendo uma constru-
ção desde baixo até chegarmos ao limite para
superior para podermos tocar no eixo. Então,
eu não virei com fanfarras nem com palavras
de auto-afirmação. Nós usaremos as técnicas
que eu empreguei no consultório por quase dez
anos e essas, sim, dão resultados. E aqui serão
muito mais expressivas. Não esperem sair da-
qui sem dor, não esperem não chorar ou não
ter uma crise no meio do nosso programa. Vo-
cês precisam confiar e continuar, porque é as-

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sim mesmo. Provavelmente isso vai acontecer
comigo também. O nosso primeiro momento é
de limite, porque é muito difícil — prestem
atenção nisto aqui! — que nós consigamos to-
car no sentido se estamos muito apegados às
riquezas. E eu sequer estou falando das rique-
zas materiais: não estou falando do seu carro,
do seu apartamento, da sua bolsa Prada. Quan-
do falamos de riqueza, como falam também as
Sagradas Escrituras, que é mais fácil um came-
lo passar pelo buraco de uma agulha do que o
rico entrar no reino dos céus, não estamos fa-
lando de dinheiro. A primeira riqueza com a
qual podemos nos confundir é a riqueza viva
que vemos no espelho. Porque o limite final de
sua vida será frio, amarelado, fedido e repug-
nante. Então, para começar, o apego a essa ri-
queza, que a maior parte das pessoas chama de
vida, mas daqui a pouco veremos que a vida não
é isso, o apego ao sangue circulando, vamos co-
locar assim, é o primeiro obstáculo que nos im-
pede de ter uma visão clara sobre o sentido, so-
bre o eixo, sobre nós mesmos. Esse é o primeiro
exercício. Vamos olhar o sangue circulando, a
nossa coloração, e vamos nos esvaziar desse

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sangue circulando, nos esvaziar desse ar tro-
cado nos nossos pulmões. Porque é muito difí-
cil entrar no reino do sentido para aqueles que
confiam na própria riqueza. E eu estou falando
de mim também, não só de vocês. Quando con-
fiamos nessa riqueza, como fica difícil entrar
no reino do sentido! É necessário passar por
certa expiação, não me referindo a sofrimento,
mas a esse tirar o sangue, olharmo-nos mortos
no caixão. Esse é o primeiro movimento. E nós
vamos narrar tal experiência. Vocês vão preci-
sar fazer isso literariamente. Alguns vão me fa-
lar que são engenheiros, que há anos não escre-
vem um texto cursivo, escrevem só números,
que não sabem escrever mais, que são matemá-
ticos, que só escrevem fórmulas. Vocês vão ter
de tentar fazer isso para mim. Vocês podem fa-
zer isso tanto desde dentro — o que seria pior
— como desde fora. Façam desde fora, é mais
fácil do ponto de vista literário. Esse “desde
dentro” e “desde fora” significa que vocês po-
dem fazer a narração como se estivessem per-
cebendo a morte dentro de si ou podem narrar
como se fosse um primo seu que está lá os ob-
servando. Escrevam um texto de dois ou três

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parágrafos. Como vocês estão ali? Porque a pri-
meira riqueza que precisaremos nos livrar para
chegarmos ao reino do sentido é a riqueza do
sangue circulando. Nós morremos, e ou a vida
faz sentido diante da morte ou não faz sentido
absolutamente. O primeiro confronto é esse.
Assim começamos o Eixo, a nossa provocação:
o encontro do limite material, a expiação no
sangue, a comparação do seu corpo vivo com o
seu corpo morto, para ele se instalar no reino
do sentido. Nós todos aqui vamos fazer isso, eu
também vou. Mais uma vez eu reitero: não sei
se perceberam com essa primeira pancada do
dia, eu vou precisar idealmente que vocês fi-
quem em silêncio ao longo da nossa jornada.
Vocês vão conseguir? Vamos tentar ficar em si-
lêncio. Eu não gostaria que vocês tentassem, e
sim que vocês realmente ficassem em silêncio.
Se vocês encontrarem o incômodo do silêncio,
não cedam neste primeiro momento. Parem
para pensar: esta é só a nossa primeira inter-
venção, teremos várias outras. Não sei se todo
mundo se atentou para o fato de que teremos
um encontro de madrugada, então será um dia
desgastante. Vocês vão reparar que o trabalho

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intelectual é o mais desgastante que existe,
mais ainda que o físico. Saímos mais cansados
do trabalho intelectual do que do trabalho físi-
co. Provavelmente sairemos daqui mais cansa-
dos do que se corrêssemos uma maratona. As
pessoas estão me perguntando se podem fu-
mar. Podem sim, podem tomar um banho tam-
bém se quiserem. Eu peço somente um espíri-
to de recolhimento, então não dá para fazer
atividade física, ir para a academia, pois ficaria
muito difícil de fazer silêncio. Vocês podem
achar que duas horas e meia é muito tempo
para esse exercício, mas não é. Se quiserem fa-
zer o exercício direito, esse tempo não será su-
ficiente.
Vamos lá, é o nosso primeiro exercício, nem
sempre haverá exercício, às vezes eu vou pas-
sar uma leitura, uma reflexão, mas agora eu
preciso que vocês produzam um texto. Se vo-
cês se sentirem seguros e confortáveis, podem
mandar o texto para mim, que eu vou lê-lo. Al-
gumas pessoas não vão se sentir seguras e con-
fortáveis por mil motivos, mas aqui obviamen-
te temos o compromisso total com a discrição
e segurança. Nada disso será usado para coisa

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nenhuma. Somente eu vou ler. Mas não é obri-
gatório enviar, somente quem quiser mesmo.
Então encerramos aqui a nossa primeira inter-
venção. Fiquem com Deus.

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24
exercício

Olhar-se sem camisa no espelho, reparando


nos traços, nas feições, na cor da pele, na cor
dos olhos, em tudo o que dá sensação de vivo.
Depois imaginar-se no segundo dia após sua
morte e, por comparação, escrever como você
está no caixão. Escrever detalhadamente o que
você vê em ambos os casos.

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resumo

Os sofrimentos das pessoas são, geralmen-


te, reflexos da falta de sentido, de um eixo em
sua vida. Para alcançarmos um eixo, para ter-
mos um sentido íntimo e próprio para a nos-
sa vida é preciso nos livramos do apego a toda
e qualquer riqueza deste mundo. E a primei-
ra riqueza, a riqueza mais basal com a qual
podemos nos distrair é a do sangue que cir-
cula em nós, a riqueza do corpo humano.

Neste primeiro momento, para nos livrarmos


dessa amarra, é proposto um exercício para to-
marmos consciência da limitação dessa rique-
za primeira e nos desapegarmos de qualquer
orgulho, de qualquer vaidade e de qualquer so-
berba, que nos puxam e nos impedem de ter-
mos um eixo.

26
27
II

Sua ferramenta de
aperfeiçoamento se
chama trabalho.

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O ponto central da vida humana é o que fa-
zemos, que é chamado de trabalho. O nosso
segundo exercício é bastante prático e direto:
eu preciso que vocês simplesmente escrevam
mais uma vez — lembrem-se que será um es-
forço e depois eu lhes darei um retorno sobre
isso também — no que vocês trabalham. A
primeira coisa é simples assim. Como vamos
conduzir isso? Da seguinte forma: se a sua for-
mação for de contador, mas você trabalha fa-
zendo brownie, então escreva sua formação e
com o que você trabalha. Tão simples quanto
isso. Agora vamos investigar um pouco a natu-
reza do trabalho. Eu já falei isso em outro lugar,
aqui vamos nos aprofundar para não nos enga-
narmos. O trabalho ocupa, via de regra, na vida
de uma pessoa normal em torno de 70% do dia.
Então, ou alcançamos um sentido profundo e
próprio do trabalho ou seremos pessoas muito
frustradas na vida. Encontraremos uma falta
de sentido absoluto em quase tudo que fizer-
mos. Assim, das duas uma: ou você está muito
satisfeito com o seu trabalho ou você está to-

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talmente insatisfeito com ele. A partir de hoje,
para mim e para vocês isso vai se tornar algo
irrelevante, porque acabamos de fazer o exer-
cício anterior da morte. Entendam: quase tudo
nesta vida tem um elemento profundo de ilusão
psíquica. O que é a ilusão psíquica? Trata-se de
um conjunto de projeções que fazemos na nos-
sa cabeça, baseadas em muito poucas coisas da
realidade, baseadas em um desejo romântico
que jamais vai acontecer. É muito duro decla-
rar isso, mas acontece em vários domínios [da
vida]. Falaremos dos outros domínios daqui a
pouco, porém no trabalho isso é muito comum.
A pessoa que largou o emprego público porque
tinha o sonho de empreender. Tudo bem. En-
tretanto isso é o que menos importa na vida. O
que importa no final das contas para encontrar-
mos o eixo e para que saiamos daqui de algum
modo antifrágeis... O que é o antifrágil? Anti-
frágil é um conceito, do qual eu gosto apesar de
ser um pouco vulgar, do professor Nassim Ta-
leb, que tem um livro chamado Antifrágil. Na
obra ele diz que, independentemente do caos
instalado na vida, algumas pessoas melhoram.
E por que isso acontece? Por que, quanto mais

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caos, quanto mais confusão, quanto mais por-
rada, quanto mais complicação, mais a pessoa
melhora? Por que uns são assim e outros são
exatamente o contrário? Só há um único mo-
tivo para uma pessoa ser assim,:a pessoa anti-
frágil não olha mais o mundo com ilusões, ela
já entendeu que neste mundo existe uma cas-
ca de confusão, de bagunça, de instabilidade,
de falsidade e já não está mais apegada a isso,
ela está apegada a uma outra dimensão. Então,
independentemente do caos que haja aqui, ela
está atada a outro lugar. O primeiro exercício
que faz com que alguém se torne antifrágil é o
de um trabalho realizado com sentido. Qual o
sentido do trabalho? Não importa se você está
desempregado, o que importa é que todo mun-
do deve trabalhar. Alguém pode dizer que não
trabalha ainda, só estuda. Olha, estudar é um
trabalho. Outra pessoa pode dizer também que
não trabalha porque resolveu cuidar da casa,
dos filhos, do marido. Como assim você não
trabalha? Não diga isso! Você é a pessoa que
mais trabalha neste grupo aqui. E se você não
trabalha [direito], shame on you! Você deveria
estar trabalhando [melhor]. O estudante tam-

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bém que não estuda direito, só mais ou menos,
shame on you! Outra pessoa ainda pode dizer
que tem emprego, mas não trabalha direito
também. Então, primeira coisa que vocês têm
de fazer, não importa a ocupação, seja estudan-
te, seja dona de casa, seja um emprego que você
tenha de sair de casa, é escrever que vão tra-
balhar todos os dias por meia hora como vocês
nunca trabalharam em toda a sua vida. Então,
vocês vão aprender a dividir o seu tempo, por-
que vocês são iguais a mim há uns anos atrás.
Fazemos as coisas meio confusos, sem dar re-
sultado e acabamos nos perdendo. Imaginem
que vocês são psicólogos, vão pegar meia hora
de um paciente e estarão totalmente ali, com
presença total no seu trabalho. Alguém pode
me falar que não está me entendendo porque é
dona de casa. Você está entendendo, sim. Você
tem suas atividades: arrumar a casa, organizar
as coisas dos filhos, fazer as comprar. Por meia
hora você estará totalmente ali, sem WhatsA-
pp, sem Instagram, o que é muito difícil para
nós hoje em dia. Sem pensar em outra tarefa,
vocês estarão focados no trabalho. É por mui-
to tempo? Não. Vocês podem colocar no des-

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pertador meia hora. É assim que se conquista
a vida. Agora, imaginem fazendo isso por um
ano, aumentando cinco minutos por dia. Vocês
se tornarão imbatíveis no fim do ano, porque
vocês vão conseguir trabalhar oito horas por
dia mesmo. E uma pessoa que trabalha mesmo
oito horas por dia encontra um tremendo sen-
tido para a vida dela, porque nada lhe escapou.
Algumas pessoas aqui foram meus alunos pre-
senciais e me viram dar aula durante oito, dez
horas. Isso não se conquista do dia para a noi-
te, isso leva anos de treinamento.
Então façam o seguinte: vocês vão escre-
ver a sua formação, o que vocês fazem. Depois
vão escrever se estão pensando em mudar de
trabalho, se estão satisfeitos ou não. E agora
começa o nosso exercício, o exercício da sin-
ceridade total. Vocês vão escrever o quão sé-
rio estão levando o seu trabalho. Eu não que-
ro aquelas técnicas vulgares, por exemplo, de
pontos fortes, pontos fracos. Isso não nos inte-
ressa, vocês já sabem fazer isso. Aqui estamos
dentro de uma imersão narrativa, algo que tem
muito mais força e poder se for bem conduzido
dentro desse ambiente de recolhimento. Este

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meu trabalho é analítico de aprofundamento
para podermos sair daqui, de fato, com outra
força muito diferenciada. Quando vocês escre-
verem se pensam em trocar de trabalho, vocês
vão me dizer também o quão dedicados são no
emprego atual. Uma questão que pode surgir
é alguém falar que não é dedicado ao trabalho
porque não gosta dele. Desculpem-me, mas
isso não existe. Nós não gostamos daquilo que
não dominamos ou daquilo que não estamos
fazendo seriamente. Somos capazes de gostar
de qualquer coisa, desde que vire uma chave,
e é essa chave que eu quero que vire agora na
cabeça de vocês. Deixem-me falar algo malu-
co para vocês: nós somos capazes de gostar de
um campo de concentração. E quando eu falo
gostar, entendam, não é aceitar, não é se resig-
nar, é gostar mesmo daquela realidade. Essa é
a virtude do antifrágil, a capacidade de gostar
de qualquer coisa. Isso não tem nada a ver com
comodismo, vocês vão entender daqui a pou-
co. Seremos o contrário do comodista, o con-
trário do resignado, o contrário do cordeiri-
nho, o contrário do que aceita qualquer coisa,
o contrário do que acha bom estar na miséria,

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seremos o contrário disso tudo. Só que muitas
vezes nós partimos daí, ou nos afundamos aí.
E uma das chaves para virar é essa meia hora
de atenção total no seu trabalho. Então, qual o
nosso trabalho hoje no Eixo? O nosso trabalho
aqui é de aprofundamento e imersão. Eu espe-
ro que ninguém aqui tenha entrado para des-
cansar, para tirar férias. Temos de sair daqui
moídos, cansados, extenuados, nervosos se for
o caso, mas que tenhamos trabalhado. Então,
o nosso exercício é uma narrativa analítica so-
bre o trabalho de lembrança, de memória. Por
que vocês vão escrever isso sobre o seu traba-
lho? Para que, quando vocês forem trabalhar,
vocês se lembrem de que a maior parte das ve-
zes que vocês rejeitam o seu trabalho não tem
a ver com o trabalho em si, tem a ver consigo.
E é uma falsa ilusão — porque existem ilusões
verdadeiras e profundamente poderosas —;
é uma ilusão falsa uma pessoa querer mudar
de trabalho sem ter se dedicado realmente a
ele. Há problema querer mudar de trabalho?
Nenhum. Mas vocês têm de ser minimamen-
te honestos. E aí reside o ponto de frustração
de muitas pessoas. Não há problema nenhum

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em vocês quererem mudar de trabalho, desde
que por dois ou três anos tenham trabalhado
presentes ali, muitas horas presentes, especia-
lizando-se, fazendo o que vocês têm de fazer.
Isso serve para tudo. Agora eu quero que vocês
sejam honestos comigo: vocês têm trabalhado
direito? O trabalho tem algumas funções. O
trabalho tem de ser uma ocasião de encontro
com a virtude. Melhorar por meio do trabalho.
Se vocês querem ser antifrágeis e seu trabalho
é chato, vocês vão dar glória a Deus, porque se
o seu trabalho é chato ele vai lhes dar a virtude
da paciência. Se o seu trabalho é agitado, olha
que bom, ele vai lhes dar as virtudes da tempe-
rança e da calma. Se o seu trabalho é com lou-
cos, que coisa boa, ele vai lhes dar as virtudes da
centralidade e da sabedoria. Então, isso é o que
vocês vão pegar do seu trabalho: qual o desafio
dele? Ele é monótono? Ele é agitado? Ele é di-
fícil? Vocês vão escrever isso do seu trabalho e
apontar do outro lado a sua reclamação, que é a
reclamação da vida: “eu não quero deixar de ser
preguiçoso”, “eu não quero deixar de ser mole”,
“eu não quero deixar de ser irado”, “eu não que-
ro deixar de ser sensual”. Essa é a luta. Porque

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o trabalho dói? Porque a primeira ocasião de
encontro do homem com o trabalho é aquilo o
que nossas avós já falavam: o trabalho dignifica
o homem. Essa primeira ocasião é a melhora
pessoal que o trabalho realiza em nós, e é por
isso que o trabalho incomoda. O trabalho de-
nuncia que temos de sair do ponto A e ir para o
ponto B. E isso incomoda, porque muitas vezes
nós queríamos somente ganhar o nosso dinhei-
ro. Mas essa é uma visão muito errada, o tra-
balho tem pouco a ver com dinheiro. Às vezes
até ganhamos dinheiro trabalhando, mas não é
uma regra. Se vocês solucionarem isso que eu
acabei de explicar, em quatro ou cinco anos es-
tarão ganhando dinheiro. O segundo ponto do
trabalho é melhorar os outros por meio do pró-
prio trabalho. Não somente nos melhorar. Em
relação a nós é muito óbvio quando é posto des-
se jeito que eu estou falando. E quando eu digo
os outros, eu não me refiro somente ao cliente,
ao paciente, mas sobretudo às pessoas que es-
tão do nosso lado. E não faz nenhuma diferen-
ça estarmos de quarentena. No nosso trabalho
podemos ligar para os nossos parceiros, para
os nossos amigos, para os fornecedores. Façam

37
uma ligação de vídeo. E agora eu vou passar um
script bem simples. Não achem que eu vou lhes
passar exercícios que vocês não vão conseguir
fazer. Eu estou aqui para facilitar a vida de vo-
cês, porque a maioria das pessoas se enrola por
não saber o que falar quando liga para um sócio,
para um amigo, para o chefe, para o subordina-
do. Vão ligar para quê? O script é simplesmen-
te assim: vocês vão fazer a chamada de vídeo,
a ligação vai começar e vocês vão dizer “Oi, fu-
lano, tudo bem? Estou te ligando para saber se
está tudo bem contigo. Está precisando de al-
guma coisa?”. Entenderam ou não? É simples
assim. É isso que estabelece vínculo e conexão.
Não existe nada de mirabolante na vida,― pou-
cas coisas, na verdade. Sigam tais conselhos.
Abram o WhatsApp, façam a ligação por vídeo,
perguntem se a pessoa precisa de algo, de al-
guma ajuda. Entendam: a pessoa do outro lado
não está prova é perguntar se fazem isso com
você. As pessoas ligam do nada e perguntam
como você está, se você está precisando de al-
guma coisa? As pessoas fazem isso com vocês?
Não. Então isso não é trivial, não é simples. Isso
é um carinho brutal. Olha, isso resolve a vida

38
da pessoa que está do outro lado, ela vai ficar
surpresa, sem reação. Entenderam a função do
trabalho? Se a dona de casa me falar de novo
que não trabalha, eu vou lhe esmagar com um
abraço virtual. Você trabalha! Então, você vai
ligar para aquela amiga sua que tem o mesmo
trabalho que você, mas não é para fazer fofoca,
ficar falando mal dos maridos, do preço da car-
ne, é para fazer a pergunta do script que eu dei.
E se essa pessoa para quem você perguntou se
precisa de ajuda disser que precisa? Aí você a
ajuda, caramba! É aí que a história fica boa. Evi-
tem mandar mensagem. Mandem mensagem
só para perguntar se vocês podem ligar. A pes-
soa vai pensar que vocês querem algum favor,
mas vocês oferecerão ajuda. Olhem a dimensão
superior do trabalho. E se a pessoa estudar? É
a mesma história, porque a pessoa pode estar
com uma dúvida que você pode sanar. Vocês
podem ser mais específicos também, pergun-
tando se a pessoa precisa de alguma ajuda no
trabalho dela. Agora, há trabalhos com muita
demanda, que lhes deixam muito ocupados.
Essa é parte passiva do trabalho, que vocês têm
de estar presentes. E há a outra parte, que é a

39
que vocês vão atrás do trabalho, em que vocês
querem melhorar sobretudo os seus colegas, o
seu chefe, não os clientes, não os pacientes. Isso
é um desafio. Só que a primeira vez que vocês
fizerem isso, vocês resolveram o problema do
trabalho. Com isso o trabalho encaixa na sua
vida. Isso faz a chave virar. Isso não tem a ver
com familiares e amigos, de quem tratarei de-
pois. Coragem! Anotem, ponham isso na agen-
da. Isso precisa se tornar uma atividade diária.

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Durante este segundo exercício, eu preciso
que vocês fiquem mesmo em silêncio, sem se
dispersarem com WhatsApp, com Instagram.
Façam a lista dos desafios do seu trabalho e do
que vocês têm de conquistar. E façam também
a lista da semana para quem vocês vão ligar,
com quem vocês se preocupam, com quem vo-
cês deveriam se preocupar. E o que é isso tudo?
Com isso estamos saindo de nós mesmos. En-
contramos sentido para a vida fora da substân-
cia confusa que é o nosso peito e a nossa cabeça,
ela vai ficando robusta, antifrágil. Qualquer si-
tuação de caos se torna benévola para nós. En-
cerramos por aqui, pessoal. Fiquem com Deus.

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exercício

Escrever a sua formação e o seu trabalho.


Listar os desafios existentes no trabalho e con-
trapô-los com as virtudes alcançadas pela su-
peração deles.

Escrever se você está satisfeito ou não com o


seu trabalho, o quão dedicado você é a ele. Por
último, fazer outra lista de pessoas relaciona-
das ao seu trabalho para quem você ligará.

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resumo

Um trabalho normal ocupa um tempo con-


siderável da vida de uma pessoa. É preciso en-
tão que ela encontre um significado profundo
e verdadeiro nessa atividade, senão ela se frus-
trará. A chave para encontrar esse significado
da vida no trabalho não é gostar ou não do que
se faz, mas dedicar-se integral e realmente a
ele. Claro que isso é gradativo: começa-se con-
centrando-se profundamente por meia hora
e aumenta-se a cada dia. Com essa concentra-
ção, você passará a ter uma vida cada vez com
menos dispersão e se tornará um antifrágil, ou
seja, alguém que não se deixa levar por ilusões,
que não se abala com a confusão do mundo,
com o caos ao seu redor.
O trabalho serve para o melhoramento pes-
soal não somente seu, mas de quem vive ao seu
redor também. Seu, quando você supera os de-
safios imposto por ele e conquista certas virtu-
des.

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Das outras pessoas, quando você toma pos-
se da parte ativa do trabalho e busca ajudar os
seus colegas sendo-lhes solícitos, ligando para
eles todos os dias e perguntando se eles preci-
sam de ajuda em algo.

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45
Estes foram os primeiros dois passos de
uma escalada de 12 degraus, que é feita
em 2 dias e 1 madrugada, naquilo que eu
chamei de imersão eixo.

A escalada completa é a seguinte:

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47
Quem fez essa escalada, transformou o
sofrimento em tesão de viver,
e diz o seguinte:

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“Depois que você termina o
curso e olha pro valor dele, o
investimento fica insignificante.“
GISELE

49
“Eu tô recomendando esse
curso para todo mundo! Eu tô
entrando na quinta década da
minha vida e já fiz curso pra
cacete e esse curso do Eixo é o
melhor que eu já fiz.

Não é um curso, é uma


transformação.“

TARCÍSIO

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“Eu já fiz vários retiros de silêncio
e fui para o Eixo com uma
expectativa enorme. Realmente,
é algo que vai muito além e
realmente algo muito maior. (...)
Você vai colher os frutos dessa
imersão por muito tempo!

STEFANO

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Se você também quer
encontrar o eixo da sua vida
e transformar o sofrimento
em tesão de viver usando
uma técnica comprovada
e usada desde CEO’s de
grandes empresas à mães
de família, inscreva-se
hoje numa das turmas da
imersão eixo

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