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GABBARD, Glen O.

Psiquiatria
Psicodinâmica. Porto
Alegre: Artmed,
4
1998.

SOUSA, Cleuber
Cristiano. A Clínica D. WINICOTT
da Depressão. Novas
Edições Acadêmicas,
2019. W. BION
SOUSA, Cleuber
Cristiano. A Estrutura
Quaternária e as
Técnicas
Métodos
e os
PSICANÁLISE E INTERFACES
Psicanalíticos. A
Estrutura Quaternária
na Constituição dos
Instrumentos
Acompanhamento
Princípios gerais são bastante
de
registro fotográfico, assim, é o que
úteis, mas na vida real é sempre o
Psicanalítico – API3 a iluminação, o foco, a relação
– APIA/6 e APAD.
Novas caso
Edições experiencial do fotógrafo permitiu
Acadêmicas; 2019. particular. ... Portanto, o que que fosse. Fica a impressão
quer que seja que você esteja sensorial, mas o que realmente é,
fazendo, não se apreende. Nessa
quando você está lidando com orientação, quando se analisa o
pessoas você está lidando com saber tem uma consideração
uma próxima ao de um pintor quando
pessoa em particular – que, sem coloca a sua arte a disposição das
dúvida, se assemelha a todas as suas experiências. Ele sente e
outras representa o que para ele é o real
pessoas, mas é também diferente. da tela. Então, o que seria a
(Bion, 1978a, p. 8). A psicanálise interpretação em uma prática
tem uma característica bem psicanalítica? Uma situação
singular, isto, desde a descrição vivenciada de uma forma
terapêutica freudiana em ordem particularizada é operacionalizada
variada entre recordar, repetir e segundo uma lente também
elaborar. Os estudos de Bion se singular, ou seja, uma experiência
estenderam na lente psicanalítica vivenciada é vista com um
nos atos notacionais de realidade, registro diferente. Não se pode
verdade, pensamento e conhecer a realidade, mas pode ter
conhecimento. Os conceitos são percepções acerca dela,
fecundos de uma dimensão que percepções bem particulares.
habita em nós da mesma forma Segundo Bion (1984), toda
que nos escapa, porque se experi~encia consiste em uma
transmuta. Poderíamos dizer que o construção em parceria, todo
aparelho da alma, ditado por conhecimento se demonstra um
Freud, é aquele capaz de captar os vínculo entre sujeito e objeto, a
mundos interno e externo. Um razão pura não existe, nem o
objeto puro. De modo que se “emoção” e “antiemoção” –
tornou impossível conhecer a análise das múltiplas formas da
realidade. Se a psicanálise articula normalidade e da patologia do
imagem-ação, afeto e amor (L), do ódio (H) e do
intersubjetividade humana, a conhecimento (K), verdade (K) X
psicanálise, lida, então, com não verdade (-K), ou seja, se o
fenômenos. O Zero é a analisando tem afinidade às
denominação dada por Bion “verdades” e as assume como
(1973) para aquilo que não é parte da vida ou se encontra
possível conhecer em si e por si. É formas defensivas. Outro embate é
esta a denominação da origem e entre L e –L (amor e –amor).
matriz de tudo. De onde emana Elemento: Razão e ideia – Bion
todas as energias psíquicas que apresenta a notação “R” da Razão
envolvem a intersubjetividade e da Realização, a função que se
humana. O Zero é o destina a servir às paixões,
incognoscível, é a verdade orientando à supremacia do
constituída de cada instante. Para mundo da realidade. Idea (I)
Bion, de forma geral, existem sete destina a ser usada nos sonhos e
elementos da psicanálise a saber: outros pensamentos. Elemento: A
Relação continente-conteúdo – dor psíquica – Toda mudança
Bion representa a relação do tanto por parte do analista como
“conteúdo” pelo signo da do analisando exige um grau de
sexualidade masculina. O sofrimento (suffering x pain).
conteúdo é um conjunto de Elemento: Transformações – A
emoções, sensações, faltas à mudança do aprender para o
espera de um continente que o crescer. Todo processo
acolha (mãe/analista e etc). O psicanalítico é uma sucessão de
contido é a ideia de projeções que transformações. Paciente Ice-
estão de posse da pessoa cream/I scream). Elemento:
cuidadora: poderá ser um Narcisismo e social-ismo – O
elemento contratransferencial termo social-ismo: passagem da
positivo (empatia) ou negativo posição esquizo-paraníde e
(natureza patológica). Posição depressiva para uma atitude
esquizoparanóide e posição interna de reparação, respeito,
depressivo – Concepção consideração, preocupação e
Kleineana que será operada a empatia.
partir de individuação e do Em Winnicott, pode-se afirmar
“social-ismo”, a partir da empatia que a mudança mais contundente
e evolução para a posição entre os trabalhos de Freud e os
depressiva. Elemento: vínculos de seus, foi a metodologia focada no
amor, ódio e conhecimento – estudo da relação bebê/mãe. O
Permanente “vincularidade” entre estudo desta díade como unidade
analista e paciente. Conflito entre psíquica foi a relação possível de
elaboração que evolui, a partir das relativa. Este direcionamento se
exigências e iniciativas. Citar uma dá na medida em que o bebê tem
constelação mãe-bebê é consolidar acesso aos objetos transicionais
o papel preponderante no e/ou fenômenos transicionais. È a
constructo mental da criança, partir destes três espaços
ativamente. Não é nesta teoria, um psíquicos: interno, externo e
pensamento estruturado na transicional, é neste espaço de
distinção entre estes dois seres. transitoriedade que irrompe uma
Nesta orientação, o ambiente é a zona intermediária que se origina
mãe e não há descrição segmental, em um narcisismo inicial ao
quando fala da mãe de forma julgamento da realidade possível.
imbricada se pinça o bebê. Com a É na utilização que a criança faz
evolução do processo, o que é do objeto transicional que
interno passa a ser externo e realmente tem importância. A
separado desta unicidade. A marca separação materna causa intensa
mãe e bebê se torna distintiva. A estranheza e a angústia se
expressão mãe suficientemente encontra nos sinais e sintomas
boa é o que se entende de infantis, o objeto transicional
ambiente facilitar e propício a contribui para uma evolução
uma experiência positiva. Uma gradativa sem impactos
extensão dos cuidados de outro ser traumatizantes para o bebê ou
humano é uma definição própria mesmo criança que esteja
da teoria winnicottiana: um ser envolvida neste processo de
que precisa dos cuidados de outro separação dual. Os gestos
ser. O papel da mãe é construir espontâneos são a maneira mais
ativamente o espaço mental. Pode- produtiva de mensurar a evolução
se dizer desta ação, que ao ser de um bebê nesta autonomia,
amável e boa com a criança, a distanciando da carência que
mãe proporciona ao bebê uma fragmentaria seu self e faria desta
força vital que o conduz às ausência materna um sentimento
mudanças necessárias para sua cristalizado no medo e na
evolução gradualmente. Para a fragilização. Este crescimento é
teoria de Winnicott, ser uma mãe inato e proporciona naturalidade
suficientemente boa é aos processos de conhecimento
proporcionar ao bebê a específicos de cada fase matizada
possibilidade de autonomia como pelas vivências experienciais e
uma experiência única e primária. seus respectivos fenômenos
Então, a base do fazer criativo está transicionais. As respostas
nesta experiência única de autônomas que são específicas e
cuidado materno. Existe um singulares de cada criança
momento de transição que se dá demarca o “território” afetivo da
na superação do estágio de relação materna. É na resposta
dependência absoluta para a espontânea à iniciativa da criança
que este enlace se efetiva e consolida as sensações subjetivas
consolida em energia positiva na da díade mãe/bebê.
constituição de um self verdadeiro
e fortalecido. E as vicissitudes?
Elas existirão, contudo a criança
conseguirá suportar e ainda mais
superar os descuidos maternos de
respostas negativas às exigências
dela. A má resposta às exigências
pueris resulta em perda gradual da
espontaneidade infantil. Existe
uma relação importante neste
processo defensivo, ou seja,
quanto menor a harmonia e a
relação de afetividade maior o
desajuste na personalidade da
criança. Denominamos esta
ausência de alinhamento de “falso
self”. Para a teoria winnicottiana,
o psiquismo é construído por
intermédio da elaboração
imaginativa e o corpo tem o papel
essencial nesta correspondência
sincrônica. Temos algumas
expressões bem significativas
neste processo elaborativo:
acomodação da psique no corpo
(handling), integração tempo-
espaço (holding) e efetividade no
contato com a realidade (objeto).
O ambiente suficientemente bom
comportará o desenvolvimento
gradual do psique-soma inicial. A
invasão sentida pelo psicossoma
com a formação de um ambiente
mau prejudica o desenvolvimento
normal e natural das vivências
experienciais do bebê. Esta falha
na coesão desintegra o self,
fragilizando e adoecendo o bebê
pela falha na relação mãe-bebê. O
entendimento do falso self (casca)
e o verdadeiro self (núcleo)

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