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PSICÓLOGO ANTONIO FERNANDES

O
Behaviorismo
O estudo do Comportamento

O termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson,


em artigo publicado em 1913, que apresentava o título "A psicologia
como o Behaviorista a vê". O termo inglês Behavior significa
"comportamento"; por isso, para denominar essa tendência teórica,
usamos o termo Behaviorismo - além de Comportamentalismo, Teoria
Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Psicologia
Comportamental e Análise do Comportamento.
John B. Watson
Watson, postulando o comportamento como objeto
da Psicologia, dava a essa ciência a consistência que
os psicólogos da época vinham buscando - um
objeto observável, mensurável, cujos experimentos
poderiam ser reproduzidos em diferentes condições
e sujeitos.

Os behavioristas foram os primeiros da Ciência do


Comportamento a se aproximar de propostas
explicativas dos termos psicológicos e a observar os
critérios de objetividade.
Esses critérios foram importantes para que
a Psicologia alcançasse o status de
ciência, rompendo definitivamente com
sua tradição filosófica. Watson também
defendia uma perspectiva funcionalista
para a Psicologia, isto é, o comportamento
deveria ser estudado como função de
variáveis do meio. Certos estímulos levam
o organismo a dar determinadas respostas
e isso ocorre porque estes se ajustam aos
seus ambientes por meio de
equipamentos hereditários e pela
formação de hábitos, que contribuem para
formar novas respostas.
Watson buscava a construção de uma Psicologia livre de conceitos mentalistas e
de métodos subjetivos, atendendo, dessa maneira, aos objetivos da ciência que
seriam previsão e de controle.

Apesar de colocar o "comportamento" como objeto da Psicologia, o


Behaviorismo foi, desde Watson, modificando o sentido desse termo. Hoje, não
se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas como
uma relação entre aquilo que o organismo faz e o ambiente onde o seu "fazer"
esta inserido.
Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao
estudo das interações e das inter-relações
entre a pessoa e o ambiente, entre as ações
do indivíduo (respostas, atividades) e o seu
ambiente (eventos ambientais, estímulos).
Pode parecer muito simples, mas, de fato,
estudar o comportamento como unidade
básica de descrição e ponto de partida de
uma ciência do comportamento humano
requer considerar que as respostas de
alguém podem ser públicas e/ou privadas
(pensar, por exemplo).
Do mesmo modo, quando se trata do
ambiente, deve-se levar em conta que este
pode ser igualmente público ou privado, e,
ainda, físico ou social e refere-se ao que
ocorre antes e depois da resposta. Deve-se,
também, reconhecer que o comportamento
humano é produto - e produtor - da história
de nossa espécie, da história de cada
indivíduo e da cultura em que estamos
inseridos.

Vamos, então, detalhar essa abordagem da


Psicologia.
Ivan Pavlov
(1849 - 1936)

Muitas descobertas fundamentais ocorridas nos


primórdios da psicologia moderna resultaram de
pesquisas de cientistas de outras áreas. Um dos
mais conhecidos desses primeiros pioneiros foi o
fisiologista russo Ivan Pavlov, cujas inverstigações
sobre a salivação de cães durantes a digestão
levaram a conclusões inesperadas.
Ao longo da década de 1890, Pavlov
empreendeu uma serie de experimentos
em cachorros, usando dispositivos
implantados cirurgicamente para medir o
fluxo de saliva quando os animais eram
alimentados. Pavlov percebeu que os cães
salivavam não apenas enquanto comiam,
mas também quando podiam sentir o
cheiro de algo apetitoso ou enxergar esse
alimento. Os cachorros salivavam inclusive
ao antecipar a chegada de comida, pela
simples aproximação de um dos
cuidadores.
Essas observações motivaram Pavlov a
investigar as conexões entre os vários
estímulos e as respostas que suscitavam.
Em um dos experimentos ligou um
metronomo antes de oferecer comida aos
cães e repetiu o processo até os animais
associarem o som a uma boa refeição. O
resultado desse "condicionamento" foi
que, eventualmente, os cães salivavam em
resposta ao simples clique do metronomo
sendo acionado.
Em experiências posteriores Pavlov substituiu o
metrônomo por um sino ou campainha, por uma luz
piscando e por apitos de diferentes sons. Todavia, não
importava a natureza do estimulo, o resultado era sempre
o mesmo: se a associação entre o estímulo neutro (sino,
campainha ou luz) e a comida havia sido estabelecida, os
cães respondiam ao estímulo neutro salivando.
Reflexo condicionado

Pavlov concluiu que a comida oferecida aos


cachorros era um "estímulo incondicionado" (EI),
Porque suscitava um reflexo que não fora aprendido,
ou "incondicionado" - neste caso, salivação. O clique
do metrônomo, no entanto, só se tornava um
estímulo à salivação após sua associação à comida
ter sido aprendida. Pavlov deu a isso o nome de
"estímulo condicionado" (EC). A salivação provocada
pelo clique do metrônomo também era um
aprendizado, logo recebeu o nome de "reflexo
condicionado" (RC).
Em testes posteriores, Pavlov demonstrou
que reflexos condicionados poderiam ser
reprimidos, ou "desprendidos", caso o
estimulo condicionado fosse repetido muitas
vezes sem ser seguido de comida. Provou
também que um reflexo condicionado podia
ser tanto mental quanto físico, realizando
experiências em que estímulos variados eram
associados à dor ou a alguma ameaça,
suscitando reflexos condicionados de medo
ou angustia.
Estimulo
Incondicionado

Reflexo
Incondicionado

Estímulo
incondicionado +
Estímulo neutro

Reflexo
Condicionado

Estímulo
Condicionado

Reflexo
Condicionado
Edward Thorndike
(1874 - 1949)

Aproximadamente na mesma época em que


Pavlov realizava seus experimentos em cães
na Rússia, Edward Thorndike, nos Estados
Unidos, começava a pesquisar o
comportamento animal para sua tese de
doutorado. Thorndike talvez tenha sido o
primeiro psicólogo verdadeiramente
"Behaviorista", embora tenha desenvolvido
sua pesquisa bem antes da adoção do termo.
A Psicologia Científica estava começando a ser vista
como um novo campo de estudo nas universidades
quando Thorndike se formou, na década de 1890, e se
interessou pela possibilidade de aplicar os fundamentos
da nova ciência a seus estudos sobre educação e
aprendizagem. A intenção inicial de Thorndike era
estudar o processo de aprendizagem em seres humanos,
mas, como não conseguiu encontrar nenhum voluntário
apropriado às suas pesquisas, voltou a atenção para os
animais. Seu objetivo era examinar os processos de
inteligência e aprendizado por meio da observação de
uma série de experimentos controlados. Os resultados
obtidos, contudo, levaram-no muito além e construiram
os fundamentos da psicologia behaviorista.
Ambientes de
Aprendizagem
Os primeiros estudos de Thordike envolviam pintinhos
que aprendiam a transitar em labirintos especialmente
desenvolvidos e construídos por ele para aqueles
experimentos. O detalhe se tornaria uma marca
registrada das técnicas de experimentação
Behaviorista - o uso de ambientes criados para esse
fim, nos quais o sujeito em questão recebe
determinado estímulo ou tarefa, hoje denominado
"condicionamento instrumental" ou "aprendizagem
instrumental".
Conforme a pesquisa foi avançando, Thorndike voltou sua atenção para
gatos, inventando "caixas-problema" que lhe permitiam observar as
habilidades dos animais para aprender mecanismos de fuga.

Um gato faminto era trancafiado dentro de uma caixa-problema e, ao


explorar o ambiente, descobria alguns dispositivos, como uma corrente, um
anel, um botão ou painel, e apenas um deles estava conectado ao trinco que
abriria a porta da caixa. Com o tempo, o gato descobria o objeto, o que lhe
permitia escapar e receber a recompensa de comida. O processo era
repetido e observava-se quanto tempo o gato levava para abrir a caixa-
problema a cada nova tentativa; isso indicava a rapidez com que o animal
estava aprendendo sobre seu ambiente.
A experiência foi realizada com diversos gatos,
colocando-se cada um dentro de uma série de
caixas-problema que se abriam com
dispositivos diferentes. Thorndike reparou que,
apesar de todos os gatos terem descoberto o
mecanismo de fuga na primeira vez por meio
de tentativa e erro, nas ocasiões subsequentes
a quantidade de tentativas e erros diminuia
gradualmente conforme os gatos aprendiam
quais ações seriam infrutíferas e quais seriam
recompensadas.
A Lei do Efeito
Em decorrência desses experimentos, Thorndike
propôs a Lei do Efeito, segundo a qual a resposta a
uma situação que traz um resultado satisfatório
apresenta mais probabilidade de ocorrer
novamente no futuro; em contrapartida, uma
reação que traz um resultado insatisfatório
apresenta menor probabilidade de ser repetida.
Essa foi a primeira formalização de uma idéia que
está na base de toda psicologia behaviorista, a
conexão entre estímulo e resposta e sua relevancia
para o processo de aprendizagem do
comportamento.
Conexionismo
Segundo Thorndike, quando uma conexão
entre um estímulo (E) e uma resposta (R) é
estabelecida, uma conexão neural
correspondente é forjada no cerebro. Thorndike
chamou a sua concepção de aprendizagem E-R
de "conexionismo", afirmando que as conexões
feitas na aprendizagem são "impressas" no
circuito do cérebro.
Inteligência Humana
Após a publicação de Animal Intelligence, Thorndike
voltou sua atenção para a inteligencia humana. Em
sua opinião, a inteligência mais elementar
caracteriza-se pela associação simples entre
estímulo e resposta, o que resulta em uma conexão
neural. Quanto mais inteligente o animal, mas capaz
ele será de estabelecer tais conexões. Portanto, a
inteligência pode ser definida como a capacidade de
formar vinculos neurais, a qual não dependem
apenas de fatores genéticos, mas também de
experiencia.
Para medir a inteligencia humana criou o CAVD, que mensurava inteligência
mecanica, inteligência abstrata e inteligência social;

E propôs também uma teoria de aprendizagem que continua sendo a base


da psicologia da educação atual.

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