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AUTOMATISMOS INDUSTRIAIS

Automatismo é todo o dispositivo eléctrico, electrónico, pneumático


ou hidráulico capaz de por si só controlar o funcionamento de uma
máquina ou processo.

Estrutura de um automatismo:

 Rede de distribuição (Trifásica, monofásica, ac, dc…)


Parte Operativa
 Engenho ou máquina (Elevador, semáforo, tapete rolante…)

 Accionadores (Motores, lâmpadas, resistências…)

 Detectores (Fins de curso, detectores de proximidade, células fotoeléctricas…)

Parte Comando  Tratamento de dados (Autómatos programáveis, contactores auxiliares…)

 Diálogo Homem – Máquina (Botoneiras, sinalizadores, teclados…)

 Comando de potência (Contactores electromagnéticos, relés…)

As tecnologias actuais utilizadas na concepção de um automatismo podem incluir a lógica


cablada ou a lógica programada.

Tipo Famílias tecnológicas Sub famílias específicas


Relés electromagnéticos
Eléctrica Electropneumática
Lógica cablada Electrohidráulica

Electrónica Electrónica estática

Sistemas informáticos
Lógica programada Electrónica
Autómatos programáveis

Na lógica programada são usadas unidades de tratamento de dados electrónico (autómatos


programáveis) onde o funcionamento dos sistemas não depende do esquema (como na lógica
cablada) mas de programas previamente introduzidos na memória da unidade de tratamento
do autómato.

Os automatismos baseados na lógica programada apresentam, relativamente à lógica


cablada, muito maior flexibilidade/facilidade para fazer alterações ao funcionamento do
sistema sem necessitar de reformular esquemas e alterar cablagens mas tão só alterar o
programa introduzido na memória da unidade de tratamento do autómato.

ARRANQUE DE MOTORES ELÉCTRICOS

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Aquecimento excessivo dos condutores das
As altas correntes de arranque dos canalizações.
motores podem causar: Actuação dos aparelhos de protecção.
Quedas de tensão.

À falta de indicações do fabricante deve-se considerar:

 Arranque directo: Corrente de arranque = 6 X IS durante 5 segundos.


 Arranque estrela/triângulo: Corrente de arranque = 3 X IS durante 15 segundos.

Segundo as RTIEBT, no caso de motores alimentados directamente por uma rede de


distribuição, os seus arranques não originam, em regra, perturbações excessivas se a
intensidade de arranque não ultrapassar os valores indicados no quadro 55A.

PROTECÇÃO DE MOTORES ELÉCTRICOS

Os motores eléctricos devem ser protegidos contra:

 Sobrecargas
 Curto – circuitos
 Sobretensões
 Falta de tensão e sub tensão

O relé térmico deve ser regulado para


Protecção do motor contra
Relé térmico uma corrente igual à corrente nominal do
sobrecargas1
motor.

A intensidade de funcionamento do
Protecção do motor contra Corta – circuito aparelho de protecção contra curto –
curto – circuitos2 fusível (aM) circuitos não deve ser superior a 4 vezes
a intensidade nominal do motor.
Exemplo: Se a intensidade nominal do motor for de 2,6 A, o térmico deve ser regulado para 2,6 A e o corta – circuito fusível
deve ter uma intensidade nominal ≤ 4 x 2,6A  ≤ 10,4 A.


IS – Corrente absorvida pelo motor
1
A protecção contra sobrecargas pode ser assegurada por: disjuntores, contactores – disjuntores, relés térmicos,
dispositivos térmicos incorporados no próprio motor (sondas de termistências) ou corta – circuitos fusíveis (gG).
2
A protecção contra curto – circuitos pode ser assegurada por disjuntores electromagnéticos ou por corta – circuitos
fusíveis (cartuchos fusíveis aM ou gG).

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MOTOR ASSÍNCRONO TRIFÁSICO ()

As máquinas trifásicas são constituídas fundamentalmente por uma parte fixa (estátor) e


uma parte móvel (rótor).

Estátor bobinado Rótor em curto-circuito ou em


gaiola de esquilo

O rotor está montado no veio, apoiado sobre rolamentos de esferas.

Carcaça
Ventoinha
Estátor

Rolamento

Veio

Caixa de
terminais
Rótor
Patas

O motor de indução trifásico apresenta vantagens relativamente ao monofásico, nomeadamente o


arranque mais fácil, o ruído é menor e são mais baratos para P> 2KW. E aconselhável a partir dos 2
KW, uma vez que para potências inferiores justifica-se a utilização de um motor monofásico.

Aplicações dos motores assíncronos: Máquinas ferramentas, moinhos, esmagadores, misturadores,


desfibradores, tapetes, guindastes, elevadores, ventiladores, compressores, bombas.

O motor de indução de rótor bobinado substitui o de rótor em gaiola de esquilo em potências muito
elevadas devido à diminuição da corrente de arranque permitida pela configuração do rótor.

 
( ) As máquinas trifásicas subdividem-se em máquinas síncronas e máquinas assíncronas
dependendo se o rotor gira concomitantemente com o campo magnético rotativo, isto é, de forma
síncrona, ou se gira mais devagar do que o campo magnético rotativo, isto é, de forma assíncrona.

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Número de pares de pólos

O número de pares de pólos constitui uma especificação importante para uma máquina
trifásica, na medida em que tem um impacto profundo sobre a velocidade de qualquer
máquina trifásica.
Se os enrolamentos estatóricos estiverem dispostos espacialmente com um desvio mecânico
de 120° entre si, a máquina possui um par de pólos, ou seja, 2 pólos por cada fase. O
campo magnético rotativo gira à frequência da fonte de alimentação trifásica, por norma a
50 Hz num sistema de tensão e frequência constantes. A velocidade de rotação deste
campo em rotações por minuto corresponde, assim, a 50 Hz x 60 = 3000 rpm.
Na  figura ao lado podemos observar um caso
ligeiramente diferente. Aqui, os enrolamentos estão
dispostos com um desvio mecânico de 60 graus entre si.
A máquina tem, neste caso, dois pares de pólos, ou seja,
4 pólos por cada fase. Em resultado disso, o campo
magnético só completa uma rotação ao fim de duas
voltas completas da alimentação de rede. Por outras
palavras, o campo magnético roda a metade da
frequência.  
Assim, além da frequência da rede de alimentação, é o
número de pares de pólos que forma a segunda variável
que determina a velocidade de rotação do campo
magnético.

Para sistemas a 50 Hz aplica-se o seguinte:

Pares de pólos (p) 1 2 3 4 6


N.º de pólos 2 4 6 8 12
ns (rpm) 3000 1500 1000 750 500

A velocidade (n) de um motor de indução é directamente proporcional à frequência (f) da


corrente de alimentação e inversamente proporcional ao número de pares de pólos (p) do
estátor.
ns = (f x 60) / p f = frequência do sistema de alimentação
p = número de pares de pólos
ns = velocidade síncrona em rpm

Por razões técnicas, a velocidade n numa máquina assíncrona tem de ser inferior à
velocidade de sincronismo ns do campo rotativo para que se possa gerar o binário.

Para poder designar este fenómeno técnico, foi introduzida uma quantidade chamada de
escorregamento s.
Normalmente, o escorregamento pode ser definido como todo e qualquer desvio em relação
à velocidade de sincronismo, sendo expresso da seguinte forma:

s = (ns-n) / ns

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Caixa de terminais/bornes

Um motor trifásico tem 3 enrolamentos no estátor com os terminais U 1 – U2,


V1 – V2 e W1 – W2, cujas ligações podem fazer-se em estrela ou em triângulo.
As ligações em estrela e em triângulo são efectuadas com pontes que se
ligam entre os terminais da placa do motor.

Ligação em estrela
 As tensões entre as duas fases não correspondem às tensões de fase:
Ulinha = 1,73 Ufase
 As correntes de linha correspondem às correntes de fase:
Ilinha = Ifase

Numa carga trifásica, a designação consagrada U1 W2 U2 V2


para as extremidades iniciais dos enrolamentos
de fase é U1, V1, W1, enquanto que para as W2 U2
extremidades finais é U2, V2, W2. Assim, as V2
U1 V1 W1
ligações dos terminais (ao lado) resultam numa W1 V1
configuração em estrela. L1 L2 L3

As extremidades finais dos enrolamentos de


fase estão ligadas a um ponto central comum. Dado que as
máquinas trifásicas envolvem cargas simétricas, não é
necessário ligar o ponto central a um condutor neutro.

Nota: Na configuração em estrela, as tensões presentes nos


enrolamentos são menores, enquanto que as correntes dos enrolamentos são maiores (comparativamente à
ligação em triângulo).

Ligação em triângulo

 As tensões de linha e de fase estão distribuídas simetricamente:


Ulinha = Ufase
 As correntes de linha são superiores às
correntes de fase numa dada relação: W2 U2 V2

Ilinha = 1,73 Ifase W2 U1

W1 U2

Em termos práticos, as ligações dos terminais V2 V1 U1 V1 W1

para uma configuração em triângulo daqui


L1 L2 L3
resultantes são as que vemos ao lado.
Cada extremidade final de um enrolamento de fase está
ligada ao início do enrolamento seguinte.  Não existe um
ponto central, na verdadeira acepção do termo. Não é
possível ligar um condutor neutro.

Nota: Numa ligação em triângulo, as tensões  nos enrolamentos são


superiores, enquanto que as correntes são inferiores
(comparativamente à configuração em estrela).

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Chapa de características

Cada  máquina eléctrica possui uma chapa de características, que se encontra afixada nela,
normalmente sobre a tampa da caixa de bornes. Além das características estipuladas, a
chapa de características contém igualmente outras especificações, como sejam a
designação do tipo e o nome do fabricante.
As informações que se seguem estão contidas nos vários campos que compõem a chapa de
características de uma máquina de 15 kW:

1. Motor trifásico para ligar a uma fonte de alimentação trifásica. A frequência


nominal é de 50 Hz. Trata-se aqui de uma máquina assíncrona trifásica.

2. A potência mecânica permanentemente disponível no veio corresponde a 15 kW.

3. Valores nominais da máquina em caso de ligação com uma configuração em estrela:


400 V a 27,5 A.

4. Valores nominais da máquina em caso de ligação com uma configuração em triângulo:


230 V a 48,7 A.

5. O grau de protecção descreve em que medida a máquina está protegida contra a


entrada de líquidos e de partículas estranhas.

6. O factor de potência cos φ é igual à relação entre a potência activa (expressa em


W) e a potência aparente (expressa em VA).

7. Sob carga nominal, e contanto que os restantes valores nominais sejam cumpridos, a
máquina estará em condições de alcançar a velocidade nominal aqui especificada.

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Regras Técnicas das Instalações Eléctricas de Baixa Tensão (RTIEBT)

553— Motores.

553.1 — Características estipuladas.


Os motores devem apresentar características estipuladas adequadas à utilização prevista.

553.2 — Limitação das perturbações devidas ao arranque dos motores.


A corrente absorvida por um motor durante o seu arranque (ou por um conjunto de motores
que possam arrancar simultaneamente) deve ser limitada a um valor que não seja prejudicial
à conservação da instalação que o alimenta e não seja origem de perturbações inaceitáveis
ao funcionamento dos outros equipamentos ligados à mesma fonte de energia.
No caso de motores alimentados directamente por uma rede de distribuição, os seus
arranques não originam, em regra, perturbações excessivas se a intensidade de arranque
não ultrapassar os valores indicados no quadro 55A.

Para valores de intensidades de arranque superiores aos indicados no quadro 55A, a


alimentação dos motores directamente a partir da rede de distribuição (pública) carece de
parecer favorável do distribuidor de energia, por forma a que sejam tomadas as medidas
apropriadas para tornar a sua utilização compatível com a exploração da instalação e a não
criar perturbações graves aos restantes utilizadores.

553.3 — Dispositivos de comando e de regulação.


Os motores devem ser equipados com dispositivos adequados ao seu arranque e,
eventualmente, à sua regulação. Os dispositivos de arranque podem ser combinados com os
que garantem a protecção dos motores devendo, neste caso, satisfazer ás regras aplicáveis
aos dispositivos de protecção.

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Como determinar a intensidade nominal do fusível do tipo aM

Curvas característica dos cartuchos aM (0,16 a 125A)

5 Seg

15,6A

À falta de indicações do fabricante deve-se considerar:

 Arranque directo: Corrente de arranque (Ia) = 6 x In durante um tempo de arranque (ta) de


5 segundos.
 Arranque estrela/triângulo: Corrente de arranque (Ia) = 3 x In durante um tempo de
arranque (ta) de 15 segundos.

Exemplo:
Se a intensidade nominal do motor for de 2,6 A, e se o arranque for directo, temos:

Ia = 6 x 2,6 → Ia = 15,6A (marca-se esse valor no eixo dos xx do gráfico).


ta = 5 Seg. (marca-se esse valor no eixo dos yy do gráfico).

A intersecção desses dois segmentos de recta determina o ponto de arranque do motor. O fusível
AM a utilizar será o correspondente à curva característica imediatamente acima desse ponto de
arranque (neste exemplo, o fusível aM a utilizar seria de 4A).

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Categorias de emprego para contactores utilizados em corrente alternada

Categoria AC1
Aplica-se a todos os aparelhos de utilização em corrente alternada (receptores), cujo
factor de potência é no mínimo igual a 0,95 (cosφ  0,95). Exemplos de utilização:
Accionamento de cargas não indutivas (aquecimento) ou fracamente indutivas (iluminação).

Categoria AC’2
Esta categoria diz respeito aos motores de rótor bobinado e com o corte efectuado
quando o motor já está lançado.
No fecho, o contactor estabelece a corrente de arranque próxima de duas a duas vezes e
meia a corrente nominal do motor.
Na abertura, o contactor corta a corrente nominal do motor. O corte é fácil.

Categoria AC2
Esta categoria compreende o arranque, a travagem por contracorrente, como também a
marcha por “impulsos” dos motores de rótor bobinado.
No fecho, o contactor estabelece a corrente de arranque, próximo de 2,5 vezes a corrente
nominal do motor.
Na abertura, ele deve cortar a corrente de arranque, com uma tensão no mínimo igual à
tensão da rede. O corte é difícil.

Categoria AC3
É relativa aos motores de rótor em curto-circuito cujo corte é
efectuado quando o motor está lançado.
No fecho, o contactor estabelece a corrente de arranque que é
de 5 a 7 vezes a corrente nominal do motor.
Na abertura, o contactor interrompe a corrente nominal
absorvida pelo motor, e neste momento, a tensão nos bornes de
seus pólos é da ordem de 20% da tensão da rede. O corte é fácil.
Exemplos de utilização: todos os motores de rótor em curto-
circuito: elevadores, escadas rolantes, correias transportadoras,
compressores, bombas, misturadores, etc.

Categorias AC4
Esta categoria é relativa às aplicações com travagem por contracorrente e marcha por
“impulsos” dos motores de rótor em curto-circuito.
O contactor fecha sob um pico de corrente que pode atingir 5 a 7 vezes a corrente nominal
do motor. Ao abrir, ele interrompe esta mesma corrente sob uma tensão tanto maior
quanto menor for a velocidade do motor. Esta tensão pode ser igual à tensão da rede. O
corte é muito difícil.
Exemplos de utilização: máquinas de impressão, de levantamento, de metalurgia.

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CONTACTOS AUXILIARES

Os contacto auxiliares são fundamentalmente de dois tipos:

 CONTACTOS AUXILIARES INSTANTÂNEOS

Destinam-se a assegurar a auto-alimentação da bobina do contactor, os


encravamentos, as sinalizações, etc.

Estes contactos podem ser normalmente abertos (NA ou NO) – os


contactos estão abertos e fecham quando o electroíman é alimentado – ou
normalmente fechados (NF ou NC) – os contactos estão fechados e abrem
logo que o electroíman é alimentado.

 CONTACTOS AUXILIARES TEMPORIZADOS

Estabelecem ou abrem um circuito, algum tempo depois do fecho ou


abertura do contactor que os acciona.
Encontram a sua principal aplicação no arranque automático de motores.

Estes contactos podem ser temporizados ao trabalho (se o contactor está


em repouso e, ao ser accionado, os contactos se abrem (NF) ou fecham (NA),
passadio um determinado tempo) ou temporizados ao repouso (se, estando o
contactor actuado instantaneamente, ao ser desligado os contactos se abrem
(NA) ou fecham (NF) passado um determinado tempo).

Contactor atraca Contactor desatraca


Relé temporizado t Contacto abre
NC → i Fecha
Contacto aberto →
A1

ao trabalho3 NO →t Contacto fecha Contacto fechado →i Abre


A2

Relé temporizado i Contacto abre


NC → Contacto aberto →t Fecha
A1

ao repouso4 NO →i Contacto fecha Contacto fechado →t Abre


A2

NC – Contacto normalmente fechado NO – Contacto normalmente aberto


t – ao fim da temporização i – instantaneamente

3
On-Delay Timer – Temporizador com atraso à operação (Temporizador ao trabalho).
4
Off-Delay Timer – Temporizador com atraso à desoperação (Temporizador ao repouso).

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Relé térmico

Botoneira

Geralmente as botoneiras possuem botões de marcha I (b 1) e de paragem 0


(b0) com duplo contacto que podem ser utilizados quando se pretende fazer
encravamentos eléctricos.

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Estrutura de apoio ao equipamento e cablagem (platina)

Exemplo de distribuição da aparelhagem na platina.

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Lucínio Preza de Araújo
http://www.prof2000.pt/users/lpa

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