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Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia Elétrica
Natal/RN - Brasil
Semestre 2008.1
Capı́tulo 1
Grandezas Fundamentais
Grandeza Unidade Simbologia
Comprimento metro [m]
Massa quilograma [kg]
Tempo segundo [s]
Intensidade de Corrente ampéres [A]
Temperatura Termodinâmica kelvin [K]
Quantidade de Matéria mole [mol]
Intensidade Luminosa candela [cd]
Tensão: O padrão do volt é baseado numa pilha eletroquı́mica conhecida como “Célula
Padrão de Weston”, constituı́da por cristais de sulfato de cádmio (CdSO4 ) e uma
pasta de sulfato de mercúrio (HgSO4 ) imersos em uma solução saturada de sulfato
de cádmio. Em uma concentração especı́fica da solução e temperatura de 20o C a
tensão medida é de 1, 01830V .
Capı́tulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Elétricas 3
Resistência: O padrão do ohm é normalmente baseado num fio de manganina (84% Cu,
12% M n e 4% N i) enrolado sob a forma de bobina e imerso num banho de óleo a
temperatura constante. A resistência depende do comprimento e do diâmetro do
fio, possuindo valores nominais entre 10−4 Ω e 106 Ω.
1.3.2 Aferição
Aferição é o procedimento de comparação entre o valor lido por um instrumento e o
valor padrão apropriado de mesma natureza. Apresenta caráter passivo, pois os erros são
determinados, mas não corrigidos.
1.3.3 Calibração
Calibração é o procedimento que consiste em ajustar o valor lido por um instrumento
com o valor de mesma natureza. Apresenta caráter ativo, pois o erro, além de determi-
nado, é corrigido.
b. A própria definição dos erros sistemáticos indica quais são os meios de limitação. O
material empregado deve ser aferido: medidores, pilhas, resistências, capacitores,
etc. O seu controle deve ser periódico. Um modo simples de verificar a presença
ou ausência de erro sistemático consiste na repetição da mesma experiência, substi-
tuindo os elementos iniciais por elementos teoricamente iguais. A identificação dos
resultados dá como conclusão a ausência do erro sistemático; porém, a discordância
indidca que há um erro, no método ou no material, sem identificar qual dos dois é
o responsável.
c. Há experimentadores que têm a peculiaridade de fazer a leitura maior do que a real,
enquanto outros a fazem menor. Este erro pode ser limitado tomando-se como
resultado a média aritmética das leituras de várias pessoas.
∆V = Vm − Ve
Vm − ∆V ≤ Ve ≤ Vm + ∆V
O valor ∆V é chamado limite superior do erro absoluto, limite máximo do erro absoluto
ou simplesmente “erro absoluto”.
Quando o valor Vm encontrado na medida é maior que o valor verdadeiro Ve , diz-se que
o erro cometido é “por excesso”. Quando Vm é menor que Ve , diz-se que o erro cometido
é “por falta”.
O “erro relativo”ε é difinido como a relação entre o erro absoluto ∆V e o valor verda-
deiro Ve da grandeza medida:
∆V
ε= Ve
∆V
ε= Ve
· 100
rP
r2
r2 = (x̄ − x1 )2 + (x̄ − x2 )2 + . . . + (x̄ − xi )2
P
σ= sendo:
n−1
dy
onde σ 2 é a variância, tp é o ponto de retorno ( dx = 0) e pi são os pontos de inflexão
d2 y
( d2 x = 0).
A área hachurada na curva representa 68, 3% da área total que equivale ao conjunto
de todas as medidas. O erro padrão σ de uma série de medidas indica então uma proba-
bilidade de 68, 3% que o valor verdadeiro da medida esteja entre −σ e +σ do valor médio
x̄ do conjunto de dados. Consequentemente 2σ ⇒ 95, 4% e 3σ ⇒ 99, 7%.
Capı́tulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Elétricas 7
a. R = 10kΩ ± 5%;
Instrumento de múltiplo calibre: os valores dos respectivos calibres vêm indicados nas
várias posições da chave de comutação dos calibres, posições da chave de comuta;cão
dos calibres, podendo haver no mostrador apenas uma escala graduada. O valor de
uma grandeza medida num dos calibres será obtido pela relação:
1.7.4 Discrepância
Discrepância é a diferença entre valores medidos para a mesma grandeza. Exemplo:
um voltı́metro é empregado para medir a tensão de uma fonte, dando como primeira
leitura 218V e como segunda leitura 220V . Diz-se então que entre as duas medições há
uma discrepância de 2V .
Capı́tulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Elétricas 9
1.7.5 Sensibilidade
Sensibilidade é a caracterı́stica de um instrumento de medição que exprime a relação
entre o valor da grandeza medida e o deslocamento da indicação. Exemplo: dois am-
perı́metros são postos em série para medir uma mesma corrente I. No primeiro, observa-
se uma indicação de x divisões na escala e no segundo, uma indicação de 2x divisões.
Diz-se, então, que a sensibilidade do segundo amperı́metro é o dobro da sensibilidade do
primeiro.
1.7.6 Resolução
Resolução é o menor incremento que se pode assegurar na leitura de um instrumento,
o que corresponde à menor divisão marcada na escala do instrumento.
1.7.7 Mobilidade
Mobilidade é a menor variação da grandeza medida capaz de usar um deslocamento
perceptı́vel no ponteiro ou na imagem luminosa.
1.7.9 Eficiência
Eficiência de um instrumento é a relação entre o seu calibre e a perda própria. Exem-
plo: levando em consideração o exemplo do item anterior, a eficiência do amperı́metro
seria: 10A/20W = 0, 5A/W . No caso de voltı́metro é usual exprimir a eficiência em Ω/V ,
pois: V /W = RI/V I = R/V . Dois voltı́metros, um de 800Ω/V e outro de 5000Ω/V , o
segundo tem melhor eficiência que o primeiro.
1.7.12 Exatidão
Exatidão é a caracterı́stica de um instrumento de medição que exprime o afastamento
entre a medida nele efetuada e o valor de referência aceito como verdadeiro. O valor da
exatidão de um instrumento de medição ou de um acessório é definido pelos limites do
erro intrı́nseco e pelos limites da variação na indicação.
Como se vê, a exatidão de um instrumento é considerada em relação a um padrão, a um
valor aceito como verdadeiro. Pode-se dizer que a exatidão está diretamente relacionada
com as caracterı́sticas próprias do instrumento, a forma como foi projetado e construı́do.
Os erros sistemáticos é que definem se um instrumento é mais exato ou menos exato que
outro. A exatidão vem indicada nos instrumentos elétricos de medição e nos acessórios
através da sua “classe de exatidão”.
Capı́tulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Elétricas 11
quando se diz que determinado resultado tem uma repetibilidade de 0, 5% isto que dizer
que a relação σ/x̄ ≤ 0, 005, onde σ é o desvio padrão.
A repetibilidade é um pré-requisito da exatidão, mas a repetibilidade não garante a
exatidão. As medidas efetuadas poderão ser tão mais precisas quanto mais exato for o
instrumento empregado.
Exemplo: Suponhamos um voltı́metro, construı́do com certa classe de exatidão, tem
sua resistência original substituı́da por outra de maior valor. Este voltı́metro continua a
fazer medidas com a mesma repetibilidade, entretanto a sua exatidão pode estar muito
diferente daquela que ele tinha quando estava com a resistência original. A exatidão das
medidas somente pode ser comprovada através da comparação do instrumento com um
padrão.
Exemplo: Suponhamos dois voltı́metros de mesmo calibre, um de classe de exatidão
2 e outro de classe de exatidão 1. Os dois voltı́metros poderão fazer medidas com a
mesma repetibilidade, porém o segundo indicará valores mais exatos, pois estes estarão
mais próximos do valor aceito como verdadeiro.
O fio de suspensão mostrado na figura acima é, em geral, feito de uma liga fósforo-
bronze e tem três finalidades: suportar o conjunto móvel; fornecer, por intermédio da
torção, o conjugado antagonista; e servir como condutor para levar a corrente elétrica à
bobina.
A extremidade superior do fio é presa à carcaça do instrumento e a sua porção inferior
é feita em forma de mola para permitir regular a tensão mecânica do fio e centralizar o
conjunto móvel.
O eixo pode ser vertical ou horizontal, como na figura acima. Devido a este detalhe,
deve-se ter o cuidado de utilizar o instrumento na posição correta indicada pelo fabricante,
no mostrador, por sı́mbolos que podem ser vistos na sessão a seguir.
Suspensão Magnética
É utilizada, sobretudo, nos instrumentos de eixo vertical. Dois pequenos imãs per-
manentes são empregados: um preso ao eixo do conjunto móvel e outro à carcaça do
instrumento.
A suspensão magnética pode ser de dois tipos: repulsão, conforme a figura acima, em
que pólos de mesmo nome são colocados em presença na parte inferior do eixo; e atração,
conforme figura acima, em que pólos de nomes contrários são colocados em presença na
parte superior do eixo.
O guia indicado nas figuras é feito de material não magnético e serve para evitar que
o conjunto móvel fuja da posição correta em que deve trabalhar.
Esta suspensão tem sido empregada com resultados satisfatórios nos medidores de
energia elétrica, eliminando consideravelmente o atrito no apoio inferior, uma vez que
com este artifı́cio o conjunto móvel fica flutuando no ar. Isto fez com que a vida média
destes medidores aumentasse de 15 para 30 anos.
Instrumentos Indicadores
Sobre uma escala graduada, eles indicam o valor da grandeza a que se destinam medir.
Podem ser do tipo “ponteiro”para instrumentos analógicos de suspensão por eixo e do
Capı́tulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Elétricas 17
Instrumentos Registradores
Em instrumentos analógicos, sobre um rolo de papel graduado, eles registram os valores
da grandeza a que se destinam medir. Depois, retirando-se o papel do instrumento, tem-
se uma idéia da variação da grandeza medida durante o perı́odo de tempo em que este
instrumento esteve ligado.
Em instrumentos digitais, o registro é realizado através de memórias. O que facilita a
análise e o armazenamento de dados. Além de, através de uma rede, possibilitar a análise
de forma remota.
Acumuladores ou Totalizadores
O mostrador destes instrumentos indica o valor acumulado da grandeza medida, desde
o momento em que os mesmos foram instalados.
São especialmente destinados à medição de energia elétrica, levando em consideração
a potência elétrica solicitada por uma carga e o tempo de utilização da mesma. A quan-
tidade de energia elétrica solicitada durante um certo perı́odo, um mês por exemplo, é
obtida pela diferença entre a leitura no fim do perı́odo, chamada “leitura atual”, e a
leitura que foi feita no inı́cio do perı́odo, chamada “leitura anterior”.
1. Natureza da grandeza que se quer medir: corrente, tensão, potência, energia, etc., e
o seu tipo, isto é, grandeza contı́nua ou alternada.
2. Valor aproximado da grandeza para que se possa fazer a seleção do calibre adequado.
Na prática, isto é quase sempre possı́vel em virtude dos dados caracterı́sticos do
equipamento fornecidos na sua placa de identificação. Por exemplo, deseja-se me-
dir a corrente solicitada por uma lâmpada de 200W , 220V , pode-se empregar um
amperı́metro de calibre 1A, uma vez que, calculando a corrente solicitada por esta
lâmpada, se vê que ela é ligeiramente inferior a 1A.
Se não há condições para determinar previamente o valor aproximado da grandeza,
então deve ser selecionado um instrumento de calibre o maior possı́vel. Verificado
assim desta forma o valor da grandeza, pode-se então selecionar um calibre mais
adequado, de tal modo que o valor medido se situe no último terço da escala do
instrumento utilizado, obtendo-se assim melhor resultado na medida.
3. O instrumento deve ter uma classe de exatidão compatı́vel com a qualidade da gran-
deza que se está medindo e com a precisão que se deseja nos resultados que serão
obtidos.
4. Em relação à potência elétrica da fonte que alimenta o circuito em que vai ser intro-
duzido o instrumento de medição, este deve ser selecionado com uma eficiência a
melhor possı́vel a fim de que nenhuma influência cause no referido circuito.
é pequena, mas não, desprezı́vel. Poderá ser desprezı́vel se realmente for muito me-
nor do que a resistência do circuito com a qual tenha sido posto em série. Para fixar
a idéia, suponhamos que uma fonte E = 10V alimenta uma resistência R = 1Ω,
conforme a figura abaixo.
b. Uma bobina móvel Bp , à qual está preso o ponteiro, colocada entre as duas meias
bobinas Bc .
1. O terminal marcado de Bc deve ser ligado à fonte e o outro à carga, como mostra a
figura acima.
2. O terminal marcado de Bp deve ser ligado no condutor que está em série com Bc ;
levando em conta o recomendado no item anterior, sua ligação deve ser feita como
na figura acima, isto é, a bobina Bp ligada depois da bobina de corrente.
3. O terminal não marcado de Bp será ligado ao outro condutor, isto é, ligado ao ponto
B ou E ou D da figura acima.
4. O wattı́metro pode dar indicação para trás desde que o ângulo θ, entre a tensão
aplicada a Bp e a corrente que percorre Bc , tenha cos θ < 0. Para dar indicação para
frente, é preciso inverter uma de suas duas bobinas Bc ou Bp , conforme mostram as
figuras abaixo.
W = V I · cos θ
Se V for a mesma tensão aplicada à carga e I a mesma corrente que percorre, então
a indicação do wattı́metro será a potência ativa absorvida pela carga.
Relembramos as expressões das potências elétricas em corrente alternada:
É preciso também não esquecer a relação entre a tensão composta U (tensão entre
fases) e a tensão simples V̄ (tensão entre fase e neutro) nos circuitos trifásicos equilibrados:
√
U= 3·V
p = v1 i1 + v2 i2 + v3 i3
Aplicando então três wattı́metros, como mostra a figura abaixo, temos que a soma das
suas indicações respectivas representa a potência ativa total absorvida pela carga Z.
b. W = V2 I2 cos V~2 I~2
d
c. W = V3 I3 cos V~3 I~3
d
b. cos V~2 I~2 = cos θ2
d
c. cos V~3 I~3 = cos θ3
d
b. I1 = I2 = I3 = I
Capı́tulo 2. Medição de Potências Ativa e Reativa 26
c. θ1 = θ2 = θ3 = θ
então, teremos:
P = 3V I cos θ
Para este caso podemos empregar apenas um wattı́metro e multiplicar a sua indicação
por 3 para termos a potência ativa total P .
i1 + i2 + i 3 = 0
Isto corresponde a:
Isto corresponde a:
p = v1 i1 + v2 i2 − v3 (i1 + i2 )
ou ainda:
p = (v1 − v3 ) i1 + (v2 − v3 ) i2
Então:
p = u13 i1 + u23 i2
\ \
P = U13 I1 · cos U~13 , I~1 + U23 I2 · cos U~23 , I~2
A figura acima indica a montagem a realizar com os dois wattı́metros para a obtenção
de P . Cada wattı́metro indicará:
\~ ~
a. W1 = U13 I1 · cos U13 , I1
\
b. W2 = U23 I2 · cos U~23 , I~2
a. W1 = U I · cos (30o − θ)
b. W2 = U I · cos (30o + θ)
Os dois wattı́metros sempre darão indicações diferentes entre si. Somente para θ = 0
é que teremos: W1 = W2 .
A potência ativa total P = W1 +W2 é assim a soma algébrica das respectivas indicações
dos dois wattı́metros. Se acontecer o segundo caso num circuito, devemos inverter a bobina
de corrente Bc do segundo wattı́metro de modo que o mesmo dê uma indicação para frente
e este valor será subtraı́do da indicação do primeiro instrumento para termos a potência
total P .
O fator de potência da carga pode ser calculado a partir das expressões:
W1 −W2
√
cos θ = W√13·U
+W2
I
; sin θ = UI
; tgθ = W1 +W2
W1 −W2
· 3
Para este método, além da montagem da figura acima, pode ser realizadas as monta-
gens mostradas na figura abaixo, bastando para isto substituir na expressão da corrente
os valores correspondentes:
i1 = − (i2 + i3 ) ou i2 = − (i1 + i3 )
Costuma-se fazer a montagem da figura com três wattı́metros na prática para verificar
se o circuito trifásico é realmente equilibrado, pois em caso afirmativo todos os wattı́metros
darão a mesma indicação:
W1 = W2 = W3
Ainda para os circuitos trifásicos equilibrados podemos empregar dois wattı́metros
como na figura abaixo e teremos:
W = W1 + W2
Capı́tulo 2. Medição de Potências Ativa e Reativa 31
A indicação do wattı́metro:
\
~ ~
W = U23 I1 · cos U23 , I1
Donde concluimos:
W = −U23 I1 sin θ
W = U32 I1 sin θ
O módulo seria o mesmo, mas dirı́amos que a potência reativa é indutiva, quando na
realidade é capacitiva.
Capı́tulo 3
3.1 Introdução
Os transformadores para instrumentos são equipamentos elétricos projetados e cons-
truı́dos especificamente para alimentarem instrumentos elétricos de medição, controle ou
proteção. São dois os tipos de transformadores para instrumentos.
Como I~1 e I~2 têm sentidos opostos, a relação fasorial entre elas será:
E como E~1 deve equilibrar a tensão aplicada U~1 , temos as sequintes relações fasoriais:
onde a corrente do primário com a corrente de excitação é I~1 = − nn12 · I~2 + I~0 .
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 34
Os TPs são projetados e construı́dos para uma tensão secundária nominal padronizada
em 115 volts, sendo a tensão primária nominal estabelecida de acordo com a tensão entre
fases do circuito em que o TP será ligado. Assim, são encontrados no mercado TPs para:
2300/115V , 13800/115V , 69000/115V , etc., isto significa que:
a. Quando no primário se aplica a tensão nominal para o qual o TP foi construı́do, no
secundário tem-se 115 volts;
√
1. Tensão primária nominal: 13800/ 3√volts √
Tensão secundária nominal: 115/ 3 volts, ou as duas tensões: 115/ 3V e 115V
aproximadamente.
√
2. Tensão primária nominal: 69000/ 3√volts √
Tensão secundária nominal: 115/ 3 volts, ou as duas tensões: 115/ 3V e 115V
aproximadamente.
Os TPs são projetados e construı́dos para suportarem uma sobre-tensão de até 10%
em regime permanente, sem que nenhum dano lhes seja causado. Como os TPs são
empregados para alimentar instrumentos de alta impedância (voltı́metros, bobinas de
potencial de wattı́metros, bobinas de potencial de medidores de energia elétrica, relés
de tensão, etc.) a corrente secundária I2 é muito pequena e por isto se diz que são
transformadores de potência que funcionam quase em vazio.
U1n n1
U2n
= Kp 6= n2
Como também, para uma mesma tensão U1 aplicada ao primário, a cada carga colocada
no secundário do TP poderá corresponder um valor da tensão U2 , e como conseqüência,
um Kr :
U1 U1
U20
= Kr0 ; U200
= Kr00 ; etc.
Estes valores de Kr são todos muito próximos entre si e também de Kp , pois os TPs são
projetados dentro de critérios especiais e são fabricados com materiais de boa qualidade
sob condições e cuidados também especiais.
Como não é possı́vel medir U2 e U1 com voltı́metros (U1 tem normalmente valor ele-
vado), mede-se U2 e chega-se ao valor exato U1 através da construção do diagrama fasorial
do TP. Por isto é que a “relação real”aparece mais comumente indicada sob a forma se-
guinte:
U~1
U2
= Kr
a. A partir da extremidade de U~2 , traça-se r2 I~2 paralelo a I~2 por representar a queda de
tensão na resistência própria do enrolamento secundário.
b. A partir da extremidade de r2 I~2 traça-se x2 I~2 adiantado de 90o em relação a I~2 por
representar a queda de tensão na reatância de dispersão do secundário.
d. O fasor E~1 está em fase com E~2 , sendo o seu módulo determinado pela seguinte
relação: E1 = nn21 · E2
i. A partir da extremidade de −E~1 traça-se r1 I~1 paralelo a I~1 por representar a queda
de tensão na resistência própria do enrolamento primário.
j. A partir da extremidade de r1 I~1 traça-se x1 I~1 adiantado de 90o em relação à I~1 por
representar a queda de tensão na reatância de dispersão do primário.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 38
Se não houvesse a corrente I~0 , a corrente I~1 estaria defasada de exatamente 180o em
relação à corrente I~2 . Se o transformador fosse perfeito, isto é, sem perdas e sem fugas, a
tensão U~1 estaria também defasada de 180o em relação à tensão U~2 .
Ainda na figura acima, pode ser visto que o inverso de U~2 está defasado de um ângulo
γ em relação à U~1 . Num TP ideal este ângulo γ seria zero.
Estas considerações levam a concluir que o TP, ao refletir no secundário o que se passa
no primário, pode introduzir dois tipos de erros.
3.3.5 Erros do TP
Erro de Relação εp
Kp U2 −|U~1 |
valor relativo: εp = |U~1 |
Kp U2 −|U~1 |
valor percentual: ε%
p = |U~1 |
· 100
ε% %
p = 100 − F CRp
Fator de Correção de Relação: F CRp = 121, 053/120 = 1, 00877 ou F CRp = 100, 877%
Erro de Relação: ε%
p = 100 − 100, 877 = −0, 877%
Sendo neste exemplo F CRp > 100% (εp < 0), concluı́-se que o erro cometido em
relação à tensão primária é por falta, pois a esta tensão seria atribuı́do o valor: U1 =
120 · 114 ∴ U1 = 13680V .
Para se estabelecer a classe de exatidão dos TPs estes são ensaiados em vazio e depois
com cargas padronizadas colocadas no seu secundário, uma de cada vez, sob as seguintes
condições de tensão: tensão nominal, 90% da tensão nominal e 110% da tensão nominal.
Estas tensões de ensaio cobrem a faixa de tensões prováveis das instalações em que os
TPs serão utilizados.
As cargas padronizadas, acima referidas, estão relacionadas no quadro abaixo. É
interessante ressaltar que estas cargas não foram “criadas”aleatoriamente, mas sim tendo
em vista os tipos de instrumentos elétricos que são usualmente empregados no secundário
dos TPs, instrumentos aqueles com os quais tais cargas se assemelham em caracterı́sticas
elétricas.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 41
Exemplo 1
Especificar um TP para medição de energia elétrica para faturamento a um consumidor
energizado em 69kV , em que serão utilizados os seguintes instrumentos:
b. Medidor de kvarh, especı́fico para energia reativa, sem indicador de demanda máxima.
Solução:
b. Potência do TP: os fabricantes dos instrumentos elétricos que serão utilizados forne-
ceram o seguinte quadro de perdas em 115V , 60Hz:
Daı́, chega-se a:
p
S= (6, 0)2 + (19, 3)2 ∴ S = 20, 21V A
Exemplo 2
Especificar um TP para medição de energia elétrica e controle em 13, 8kV , sem fina-
lidade de faturamento, em que serão utilizados os seguintes instrumentos:
c. Wattı́metro.
d. Varı́metro.
e. Voltı́metro.
f. Fası́metro.
Solução:
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 45
Daı́, chega-se a:
p
S= (21, 9)2 + (30, 4)2 ∴ S = 37, 46V A
Com estes resultados e consultando o quadro da figura de cargas nominais, vê-se que
o TP deve ser de carga nominal pelo menos de 75V A que é a carga padronizada para
ensaio de exatidão imediatamente superior a 37, 46V A. A especificação deste TP,
do ponto de vista elétrico, pode então ter o seguinte enunciado: Transformador de
potencial, tensão primária nominal 13800V , relação nominal 120 : 1, 60Hz, carga
nominal ABNT P 75, classe de exatidão ABNT 0, 6 − P 75 (ou ANSI 0, 6W XY ),
potência térmica 400V A, grupo de ligação 1, para uso exterior (ou interior, conforme
for o caso), nı́vel de isolamento: tensão nominal 13, 8kV , tensão máxima de operação
15kV , tensões suportáveis nominais à freqüência industrial e de impulso atmosférico:
36kV e 110kV , respectivamente.
Observações
1. Na construção dos TPs modernos, é normal conseguir-se a classe de exatidão ABNT
0, 3 − P 200 (ou ANSI 0, 3W XY Z) sem alterar em muito o preço do equipamento,
graças à evolução tecnológica dos tipos de materiais utilizados. Para que os TPs
citados nos exemplos 1 e 2 possam ser empregados em medição para fins de fatu-
ramento, e também em medição para fins de controle, eles devem ser especificados,
quanto à exatidão, pelo menos como: ABNT 0, 6−P 75; 0, 6−P 25 (ou ANSI 0, 3W X;
0, 6Y ).
2. No dimensionamento da carga nominal de um TP a ser empregado numa instalação,
não há necessidade de se considerar a resistência elétrica dos condutores que ligam
os instrumentos elétricos ao TP. Como referência, podemos tomar os dois exemplos
citados anteriormente. Supondo que os instrumentos ficarão a 25m do TP e serão
ligados a este por meio de fio de cobre no 12AW G (resistência elétrica: 5, 3Ω/km),
terı́amos como perdas nos condutores:
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 46
3. Ressaltamos que os dois exemplos dados servem apenas como orientação de dimensi-
onamento. Para cada caso, devem considerados os valores corretos das perdas dos
instrumentos que serão utilizados na medição, e não ordem de grandeza dessas per-
das, pois há uma variedade considerável de instrumentos e, em conseqüência, uma
faixa muito larga de diferentes valores de perdas.
1
Lω =
(C1 + C2 ) ω
j (I + I1 ) jI
U1 = − −
C1 ω C2 ω
jI
U =− − jLωI1
C2 ω
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 47
2. Tensão primária: a tensão primária nominal depende da tensão entre fases, ou entre
fase e neutro, do circuito em que o TP vai ser utilizado.
3. Classe de exatidão: valor máximo do erro, expresso em percentagem, que poderá ser
introduzido pelo TP na indicação de um wattı́metro, ou no registro de um medidor
de energia elétrica, em condições especificadas. Pode ter os valores: 0, 3, 0, 6 e 1, 2.
No caso do TP, a polaridade não precisa ser levada em consideração quando ele
alimenta somente voltı́metros, relés de tensão, etc. Mas, quando ele alimenta ins-
trumentos elétricos cuja bobina de potencial é provida de polaridade relativa, como
wattı́metros, medidores de energia elétrica, fası́metros, etc., então é extremamente
importante a consideração da polaridade do TP: a entrada da bobina de potencial
destes instrumentos deve ser ligada ao terminal secundário do TP que corresponde
ao seu terminal primário que está ligado como entrada ao circuito principal.
Exemplo: Na figura acima, se o primário do TP for ligado ao circuito de modo que
H1 seja entrada, então a entrada das bobinas de potencial dos instrumentos será
ligada ao terminal X1 do secundário. Da mesma forma, H2 pode ser ligado como
entrada do primário, e então X2 é que será utilizado como entrada das bobinas de
potencial daqueles instrumentos elétricos.
Normalmente, os terminais dos enrolamentos primário e secundário dos TPs são
dispostos de tal forma que os terminais de mesma polaridade ficam adjacentes,
como mostra a figura à esquerda acima, e não em diagonal como mostra a figura à
direita acima.
10. Quando se empregam TPs em medição de energia elétrica para fins de faturamento
a consumidor, é recomendável que estes TPs sejam utilizados exclusivamente para
alimentar o medidor ou medidores de energia elétrica da instalação. Não deve ser
permitida a colocação de outros instrumentos ou dispositivos no secundário destes
TPs tais como voltı́metros, relés, lâmpadas de sinalização, etc.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 50
a. quando o primário é percorrido pela corrente nominal para a qual o TC foi construı́do,
no secundário tem-se 5A;
b. quando o primário é percorrido por uma corrente menor ou maior do que a nominal,
no secundário tem-se também uma corrente menor ou maior do que 5A, mas na
mesma proporção das correntes nominais do TC utilizado. Exemplo: se o primário
de um TC de 100/5A é percorrido por uma corrente de 84A, tem-se no secundário
4, 2A, se é percorrido por 106A, tem-se no secundário 5, 3A.
I1n n2
I2n
= Kc 6= n1
U1 = E1 = 0
Ainda na figura acima, pode ser visto que o inverso de I~2 está defasado de um ângulo
β em relação à I~1 . Num TC ideal este ângulo β seria zero.
Estas considerações levam a concluir que o TC, ao refletir no secundário o que se passa
no primário, pode introduzir dois tipos de erros.
3.4.5 Erros do TC
Erro de Relação εc
Kc I2 −|I~1 |
valor relativo: εc = |I~1 |
Kc I2 −|I~1 |
valor percentual: ε%
c = |I~1 |
· 100
ε% %
c = 100 − F CRc
Da mesma forma que para o TP, os erros do TC são determinados na prática comparando-
o com um TC padrão idêntico a ele, de mesma relação de transformação nominal Kc ,
porém sem erros, ou de erros conhecidos.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 54
Erro de Relação: ε%
c = 100 − 100, 8 = −0, 8%
Sendo neste caso F CRc > 100%, então o erro cometido em relação à corrente primária
é por falta. Observar que o erro εc é negativo, o que comprova esta conclusão.
Com estas apreciações, pode-se sentir no diagrama fasorial que, para valores meno-
res da corrente primária, a corrente de excitação terá então influência mais acentuada
tornando maiores os erros de relação e de fase.
Por isto é que as normas técnicas permitem que, na determinação da classe de exa-
tidão de um TC, este apresente erros maiores quando ensaiado com 100% dela, conforme
mostram os paralelogramos de exatidão. Os lados do paralelogramo externo (maior) po-
deriam ser admitidos como o triplo ou o quádruplo ou o quı́ntuplo, etc., respectivamente,
dos lados do paralelogramo interno (menor). Eles foram estabelecidos como o dobro a fim
de que os fabricantes se esmerem em fornecer produtos cada vez mais de melhor quali-
dade, de melhor desempenho quanto à exatidão, e os usuários não tenham incertezas nos
valores medidos, isto é, que os valores medidos sejam realmente corretos.
A relação nominal ou relação de transformação dos TCs modernos é muito aproxima-
damente igual à relação entre as espiras:
I1n n2
= Kc =
I2n n1
Como o ângulo β é muito pequeno (no máximo chega a 1o ), pode ser considerado
desprezı́vel diante dos outros valores, e a expressão anterior toma a forma:
Ou ainda:
I0
εc = · sin (δ + α)
I1
Como β é pequeno, e tendo em vista o que foi dito acima, para efeito de cálculo a
expressão acima pode ser escrita na forma simplificada:
Para uma mesma carga posta no secundário do TC e tendo em vista o que foi dito antes,
as expressões desta sessão mostram que os erros εc e β aumentam quando I1 decresce.
Como exemplo elucidativo, vamos considerar dois valores para I1 :
ε0 > εc
β0 > β
De tudo isto se conclui que é importante que o TC seja de corrente nominal o mais
próximo do valor da corrente da instalação em que está inserido. Se a corrente nominal
do TC é muito maior do que a corrente da instalação, ele estará introduzindo também
uma incerteza muito maior nos valores medidos.
1. Para uma certa impedância Z posta no secundário do TC, haverá uma corrente I2 e
os erros εc e β correspondentes são indicados pelas expressões da sessão anterior.
3. A impedância Z não varia em módulo, porém varia o seu ângulo de fase θ2 : portanto,
a corrente I0 não sofrerá variação. Observando as expressões da sessão passada,
vamos analisar as quatro possibilidades seguintes:
|I~0 | |I~0 |
εc = β=
|I~1 | · sin α |I~1 | · cos α
|I~p | |I~µ |
εc = e β=
|I~1 | |I~1 |
Em virtude da expressão acima, diz-se na prática que a componente de perdas
Ip Da corrente de excitação é a responsável pelo erro de relação, e a componente
de magnetização Iµ é a responsável pelo erro de fase.
Estas análises sobre o comportamento do TC, em face da impedância posta no
seu secundário, servem de alerta ao usuário quanto à limitação da resistência
dos condutores elétricos que são utilizados para ligação do secundário do TC aos
instrumentos elétricos que ele alimenta, sobretudo quando estes instrumentos
são colocados a uma distância considerável.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 62
b. Uma f.e.m. induzida E2 de valor elevado, com iminente perigo para o operador.
c. Mesmo que o TC não se danifique, a este fluxo Φ elevado corresponderá uma mag-
netização forte no núcleo, o que alterará as suas caracterı́sticas de funcionamento e
precisão.
onde o fator de correção da transformação F CTc deste TC assume os seus valores máximo
e mı́nimo.
Justamente, a partir da expressão acima é que se constroem os dois paralelogramos
de exatidão correspondentes a cada classe, pois, fixado um valor numérico para o F CTc ,
vê-se que esta expressão representa a equação de uma reta. O F CTc pode ter quatro
valores em cada classe de exatidão:
a. Na classe de exatidão 0, 3:
b. Na classe de exatidão 0, 6:
c. Na classe de exatidão 1, 2:
Paralelogramo Menor: atribui-se ao F CTc o seu valor máximo nesta classe de exatidão
correspondente a 100% da corrente nominal e faz-se variar o F CRc desde o seu
limite superior até o limite inferior, obtendo-se assim os valores negativos de β,
podendo-se então traçar um lado inclinado da figura. Em seguida, atribui-se ao
F CTc o seu valor mı́nimo e faz-se novamente o F CRc variar, obtendo-se agora os
valores positivos de β e conseqüentemente o outro lado inclinado da figura.
Paralelogramo Maior: atribui-se ao F CTc o seu valor máximo nesta classe de exatidão
correspondente a 10% da corrente nominal e repete-se o mesmo procedimento utili-
zado para o traçado do paralelogramo menor.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 64
TC tipo barra: TC cujo primário é constituı́do por uma barra, montada permanente-
mente através do núcleo do transformador.
TC tipo janela: TC sem primário próprio, construı́do com uma abertura através do
núcleo, por onde passará um condutor do circuito primário, formando uma ou mais
espiras.
TC tipo bucha: tipo especial de TC tipo janela, projetado para ser instalado sobre uma
bucha de um equipamento elétrico, fazendo parte integrante deste.
Conforme a finalidade de aplicação, os TCs podem ser classificados nos dois tipos
seguintes: TC para medição e TC para proteção.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 65
É importante observar que, neste tipo de TC, todos os secundários que não estiverem
alimentando instrumentos elétricos deverão permanecer curto-circuitados. O primário é
um elemento comum a todos os núcleos. Mas cada núcleo com o seu secundário próprio
atua como um TC independente dos outros.
limite para o ângulo de fase. Entretanto, os TCs para medição têm classes de exatidão
mais exigente e por isto duas considerações serão feitas a seguir:
1. Em medição para fins de faturamento devem ser preferidos TCs com apenas uma
relação nominal, ou se desejar TCs com duas ou três relações nominais estes de-
vem ser especificados com ligação série/paralela no primário (sem derivação no se-
cundário) o que permitirá exigir do fabricante a garantia da exatidão em todas as
relações nominais.
Exemplo 1
Especificar um TC para medição de energia elétrica para faturamento a um consumidor
energizado em 69kV , cuja corrente na linha chegará a cerca de 80A no primeiro ano de
funcionamento, podendo atingir cerca de 160A a partir do segundo ano. Os instrumentos
elétricos que serão empregados, abaixo indicados, ficarão a 25m do TC e serão ligados ao
secundário deste através de fio de cobre N o 12AW G:
b. Medidor de kvar, especı́fico para energia reativa, sem indicador de demanda máxima.
Solução:
b. Carga nominal do TC: os fabricantes dos instrumentos elétricos que serão utilizados
forneceram o seguinte quadro de perdas em 5A, 60Hz:
Daı́, chega-se a:
p
S= (9, 4)2 + (1, 6)2 ∴ S = 9, 54V A
Exemplo 2
Especificar um TC para medição de energia elétrica e controle, sem finalidade de
faturamento, sabendo que a tensão entre fases do circuito é 13, 8kV e que a corrente na
linha chegará no máximo a 80A. Os instrumentos elétricos que serão empregados, abaixo
indicados, ficarão a 25m do TC e serão ligados ao secundário deste através de fio de cobre
N o 12AW G:
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 70
c. Wattı́metro.
d. Varı́metro.
e. Amperı́metro.
f. Fası́metro.
Solução:
b. Carga nominal do TC: os fabricantes dos instrumentos elétricos que serão utilizados
forneceram o seguinte quadro de perdas em 5A, 60Hz:
Daı́, chega-se a:
p
S= (14, 8)2 + (8, 3)2 ∴ S = 16, 97V A
Observações
1. Ressaltamos que os dois exemplos dados servem apenas como orientação de dimensi-
onamento. Para cada caso, devem considerados os valores corretos das perdas dos
instrumentos e dos condutores que serão utilizados no secundário do TC.
2. Nos dois exemplos dados, pode-se observar que há uma influência considerável dos
fios de cobre que ligam os instrumentos ao secundário do TC, e isto deve ser bem
analisado nas instalações reais. Se as perdas nestes fios não tivessem sido levadas
em consideração, a potência no secundário do TC seria:
p
No exemplo 1: S = (2, 8)2 + (1, 6)2 ∴ S = 3, 23V A e o TC seria especificado
então erradamente como 0, 3 − C5, 0 e não como 0, 3 − C12, 5 que é o correto.
p
No exemplo 2: S = (8, 2)2 + (8, 3)2 ∴ S = 11, 6V A e o TC seria especificado
então erradamente como 0, 6 − C12, 5 e não como 0, 6 − C25 que é o correto.
Circuito Magnético: O núcleo dos TCs para medição é feito de material de elevada
permeabilidade magnética (pequena corrente de excitação, pequenas perdas, baixa
relutância) trabalhando sob condições de baixa indução magnética (cerca de 0, 1
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 72
tesla). Mas, eles entram em saturação logo que a indução magnética cresce para
0, 4 a 0, 5 tesla, o que corresponde à corrente primária crescer para cerca de quatro
vezes o seu valor nominal. Mesmo que a corrente primária ultrapasse esta ordem
de grandeza e atinja valores excessivos, ela reflete no secundário uma corrente que
chega no máximo a cerca de quatro vezes o valor nominal desta, conforme mostra a
curva 1 da figura abaixo.
O núcleo dos TCs para proteção é feito de material que não tem a mesma permea-
bilidade magnética, porém somente entra em saturação para valores muito elevados
do fluxo (indução magnética elevada), correspondentes a uma corrente primária de
cerca de 20 vezes o valor nominal desta, conforme mostra a curva 2 da figura acima.
Nos instrumentos de medição uma corrente desta ordem de grandeza poderia dani-
ficá-los, enquanto que os relés podem perfeitamente suportá-la desde que são pre-
vistos para isto. Se um TC para medição é utilizado para alimentar relés, estes
muito certamente não entrarão em funcionamento na ocasião necessária (ocasião de
curto-circuito, por exemplo), pois entrando o TC em saturação a corrente secundária
poderá não ser suficiente para sensibilizá-los convenientemente.
Por exemplo: um relé a tempo inverso que deve funcionar num tempo t1 (figura
abaixo) quando a corrente for 6 vezes a corrente nominal, será nestas condições
(quando alimentado através de TC para medição) sensibilizado como se a corrente
fosse cerca de 4 vezes a corrente nominal, mesmo que aquela corrente atingisse 5 ou
6 ou mais vezes a corrente nominal, entrando assim em funcionamento num tempo
t2 > t1 , o que afetaria sensivelmente a seletividade com outros relés da retaguarda,
comprometendo desta forma a proteção de todo o sistema.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 73
Transformador de Corrente Classe A: TC que possui alta impedância interna, isto é,
aquele cuja reatância de dispersão do enrolamento secundário possui valor apreciável.
Nesta classe se enquadram todos os TCs exceto os que são definidos como classe B.
2. Devem ser de classe de exatidão 10, isto é, o erro de relação percentual não deve
exceder 10% para qualquer valor da corrente secundária, desde 1 a 20 vezes a corrente
nominal, e qualquer carga igual ou inferior à nominal.
A primeira condição leva ao estabelecimento da tensão secundária nominal, a qual
pode ser definida como sendo a tensão que aparece nos terminais da carga nominal posta
no secundário do TC para proteção quando a corrente que a percorre é igual a 20 vezes
o valor da corrente secundária nominal, ou seja, quando a corrente secundária é 100A.
A cada carga nominal para TC padronizada pela ABNT corresponde então uma tensão
secundária nominal para TC para proteção, a qual é obtida multiplicando-se por 100 a
impedância daquela carga nominal.
Na especificação de um TC para proteção é necessário indicar se ele deve ser classe
A ou B, como também a tensão secundária nominal que o usuário deseja para ele. Não
é necessário citar a classe de exatidão, uma vez que no Brasil somente há a classe de
exatidão 10.
Levando em conta o quadro de cargas nominais dos TCs, foi elaborado o quadro da fi-
gura abaixo onde são mostrados os valores das tensões secundárias nominais normalizadas
no Brasil, como também os vários tipos de TCs para proteção das classes A e B.
Deve ficar entendido que, quando se está especificando um TC para proteção que vai
ser adquirido, o dimensionamento da sua tensão secundária nominal é feito tendo-se em
conta o valor da impedância máxima Zm que poderá vir a ser imposta ao seu secundário
quando ele for utilizado na instalação:
q
Zm = (Rr + 2r)2 + (Xr )2
Z ≥ Zm
Como também, ao se instalar um TC para proteção, que já está disponı́vel na con-
cessionária, os condutores secundários devem ser corretamente dimensionados, em termos
de resistência máxima rm permissı́vel, tendo em conta a impedância Z padronizada cor-
respondente à tensão secundária nominal que está indicada na placa de identificação do
TC:
q
Z = (Rr + 2rm )2 + (Xr )2
3. Classe de exatidão: valor máximo do erro, expresso em percentagem, que poderá ser
introduzido pelo TC na indicação de um wattı́metro, ou no registro de um medidor
de energia elétrica, em condições especificadas. Pode ter os valores: 0, 3, 0, 6 e 1, 2.
5. Fator térmico: fator pelo qual deve ser multiplicada a corrente primária nominal
para se obter a corrente primária nominal para se obter a corrente primária máxima
que um TC é capaz de conduzir em regime permanente, sob freqüência nominal,
sem exceder os limites de elevação de temperatura especificados e sem cair fora
da sua classe de exatidão. Os limites de elevação de temperatura levam em consi-
deração os diferentes tipos de materiais isolantes que podem ser utilizados nos TCs.
Especificam-se cinco fatores térmicos para TCs fabricados no Brasil: 1, 0; 1, 2; 1, 3;
1, 4; 1, 4; 1, 5 e 2, 0. Já existem em outros paı́ses TCs de fator térmico 4, 0. Se o
usuário desejar fator térmico maior que 1, 0 em TCs nacionais, deverá explicitá-lo
na sua especificação de compra. Os fabricantes garantem que, acima da corrente
nominal, o TC até que apresentam melhor exatidão, pois nestas condições a corrente
de excitação será muito pequena diante da corrente primária.
10. Se um TC alimenta vários instrumentos elétricos, Ester devem ser ligados em série a
fim de que todos eles sejam percorridos pela mesma corrente do secundário do TC.
11. Quando se empregam TCs em medição de energia elétrica para fins de faturamento
a consumidor, é recomendável que estes TCs sejam utilizados exclusivamente para
alimentar o medidor ou medidores de energia elétrica da instalação. Não deve ser
permitida a colocação de outros instrumentos elétricos no secundário destes TCs,
tais como amperı́metros, bobina de corrente de wattı́metros, etc.
12. Damos a seguir uma ordem de grandeza para os TCs para medição:
3. Deve-se ter o cuidado de ligar à terra o secundário e o núcleo dos TCs e TPs por
medida de segurança. Além disso, os TCs para alta tensão (a partir de 69kV ) são
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 78
6. O núcleo dos TPs e TCs é feito de chapas de ferro-silı́cio. Para os de melhor qualidade,
emprega-se ferro-silı́cio de grãos orientados, laminado a frio, conseguindo-se bons
resultados quanto à permeabilidade magnética e menores perdas. Os TCs especiais,
os que serão utilizados como padrão, por exemplo, para os quais se exige excelente
classe de exatidão, têm o núcleo feito de chapas de ligas especiais de ferro-nı́quel.
Estas ligas têm alta permeabilidade magnética e perdas reduzidas, mas o seu custo é
bem maior que o custo dos núcleos de ferro-silı́cio usuais. Como exemplo, citaremos
algumas destas ligas:
P = Kc Kp (W1 + W2 + W3 )
(W1 + W2 ) √
Q = K c Kp · 3
2
P = U1 I1 cos θ
W = U2 I2 cos θ0
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 81
P 0 = Kc Kp W ou
P 0 = Kp Kc U2 I2 cos θ0
cos θ
P = P 0 · FCRp FCRc ·
cos θ0
Exemplo Numérico
1. TC: 30/5A:
Kc = 6; FCRc = 0, 998; β = 100
2. TP: 13800/115V :
Kp = 120; FCRp = 0, 996; γ = −120
P = 213717W
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 82
Este módulo foi montado para operar no controle de um grupo gerador no hotel
Pirâmide, localizado na Via Costeira em Natal. O mesmo deve não só monitorar a rede
para entrar em um caso de falha, como também entrar no horário de pico de tarifação
da energia para diminuir o consumo. O mesmo entra sincronizado com a rede e a sua
entrada é quase imperceptı́vel aos usuários. O gerador supre a carga em paralelo com a
rede, visto que o mesmo não possui a potência total necessária para substituı́-la.
O mesmo utiliza de TPs e TCs para medição de tensão e corrente da saı́da do grupo
gerador. Para a configuração dos transformadores de instrumentos utilizados no módulo,
são inseridas além da relação nominal Kp , os fatores de correção de relação F CRp e F CRc
do TP e do TC, respectivamente, calculando-se a relação real Kr para a medição correta.
Capı́tulo 3. Transformadores para Instrumentos 83
O mesmo utiliza de TPs e TCs para medição de tensão e corrente da saı́da da máquina.
Para a configuração dos transformadores de instrumentos utilizados no módulo, são in-
seridas além da relação nominal Kp , os fatores de correção de relação F CRp e F CRc do
TP e do TC, respectivamente, calculando-se a relação real Kr para a medição correta.
A instalação deste módulo foi requisitada pela Petrobrás para operar em plataforma.
Devido a isto, uma caracterı́stica foi frisada quanto a ligação do mesmo: a eletricidade na
plataforma trabalha com 3 fases - 3 fios, ou seja, com terra flutuante. Esta caracterı́stica
impossibilitou a utilização de TPs para leitura de tensão, o motivo foi de uma configuração
do módulo que não poderia ser alterada.
O mesmo pode utilizar de TPs e TCs para medição de tensão e corrente. Para a
configuração dos transformadores de instrumentos utilizados no módulo, são inseridas
além da relação nominal Kp , os fatores de correção de relação F CRp e F CRc do TP e do
TC, respectivamente, calculando-se a relação real Kr para a medição correta.