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Administração

Gestão de Oficinas - Finanças


GESTÃO EMPRESARIAL: FINANÇAS

INTRODUÇÃO

Nesta unidade serão apresentados e discutidos alguns dos principais indicadores


econômicos e financeiros. Pretende-se, com isso, criar condições para se desenvolver
diagnósticos de gestão para micro e pequenas empresas.

Alguns comentários importantes


É comum ouvirmos que a gestão financeira é coisa de grande empresa, já que envolve
pessoas especialistas que tenham condições de monitorar as três variáveis da
estrutura financeira: o endividamento, o crescimento e a lucratividade. Antes de mais
nada, é preciso “exorcizar” essa idéia de que a gestão financeira é coisa inatingível às
pequenas e médias empresas. O que temos observado, na prática, é que a sua
ausência tem sido uma das principais causas das altas taxas de mortalidade das
empresas desse segmento.

Na realidade, a principal diferença, nesta área, entre as pequenas e as grandes


empresas, está na disponibilidade dos dados. Enquanto nas grandes empresas os
Balanços e Demonstrativos de Resultados passam por respeitadas empresas de
auditoria, nas Micro e Pequenas empresas, em sua grande maioria, existe uma grande
dificuldade em fazer planejamento financeiro, tomando como base os dados
fornecidos pela contabilidade, já que estes dados nem sempre (ou nunca) expressam
a realidade da empresa. Dessa forma, opta-se em adotar os dados gerenciais
(contabilidade real) para fins de gerenciamento.

Mas, afinal o que é Gestão Financeira?


A gestão financeira tem como missão obter e gerenciar os recursos necessários para
viabilização do negócio e ainda fornecer os indicadores que permitam monitorar os
rumos do negócio.

Na tentativa de simplificar a elaboração de diagnósticos sobre a situação financeira de


uma MPE, apresentaremos, a seguir, alguns passos importantes que podem ajudar
nessa tarefa:

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1. DEFINIR O OBJETIVO
É importante definir desde quando queremos analisar e o que nos interessa resolver
em concreto.

2. MÉTODO DE ANÁLISE
A definição do método de análise é a forma de transformar uma quantidade de dados
em informações úteis para os objetivos definidos:
a) Identificar as fontes de dados que sejam mais apropriadas e confiáveis;
b) Determinar o processo de conversão mais adequado dos dados em informações
úteis.

3. INSTRUMENTOS ANALÍTICOS APLICÁVEIS


Quando queremos conhecer uma pessoa, podemos fazê-lo através de uma fotografia
ou de um filme. A utilização de um ou outro instrumento depende do que queremos
saber sobre a pessoa. A mesma situação é para uma empresa. Podemos fazer uma
análise estática, se quisermos observar as proporções e relações existentes entre as
diferentes partes da estrutura interna. Por outro lado, se quisermos apreciar a
evolução da estrutura ou nos informarmos sobre a magnitude, direção e velocidade do
que tem ocorrido (tendência histórica), devemos proceder uma análise dinâmica. Esta
tendência é um dos elementos de previsão futura.

Os instrumentos mais usados são:

a) Análise Estática: − Estados financeiros percentuais de base 100;


− Análise do Ponto de Equilíbrio;
− Análise de índices;
− Análises de rotações.

Análise Dinâmica: − Comparação dos Estados financeiros;


− Análise da evolução dos índices e rotações;
− Estudo comparativo do Ponto de Equilíbrio;
− Quadro de financiamento.

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4. INTERPRETAÇÃO E DIAGNÓSTICO
É sempre bom lembrar que os dados levantados até aqui são somente uma abstração
da realidade. Devemos, portanto, verificar se representam, com fidelidade, ao menos,
os aspectos fundamentais. Não podemos esquecer que a interpretação é um processo
de investigação e avaliação da realidade que se esconde atrás das cifras, o que exige
uma extraordinária mescla de curiosidade, habilidade e critério para interpretar o que
ocorreu até o momento. Fazer uma projeção futura ajuda a obtenção de um
diagnóstico mais claro.

Depois deste processo, deve-se ter muito claro quais são os sintomas, para definir
quais causas determinantes em última instância.

Quando chegamos a esse ponto teremos chegado quase ao final. Falta apenas mais
um passo: as recomendações.

5. AS RECOMENDAÇÕES
Com base nos diagnósticos, devemos selecionar uma ação ou um Plano de Ações a
tomar, para atacar o problema ou o quadro de problemas definidos na primeira etapa.

ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES

Custos
A análise de custos sempre foi de boa polêmica nas empresas, envolvendo
profissionais das áreas de produção, finanças e comercial. E não é sem motivo: os
métodos são vários, os critérios diferem e as situações muitas vezes semelhantes
apresentam suas particularidades.

A melhor forma de iniciarmos nossa discussão é através da apresentação dos


principais conceitos de custos:

Custos diretos
Referem-se aos custos que podem ser perfeitamente identificados com a unidade do
produto ou serviço, isto é, esses custos existem porque o produto ou serviço existe.
Exemplo: Matéria-prima, materiais secundários, mão-de-obra direta etc.

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Custos indiretos
São todos os custos que não estão vinculados ao produto ou serviço, mas ao conjunto
da empresa. Esses custos existem independentemente da existência do bem ou
serviço. Exemplo: Salários dos chefes, despesas administrativas, etc.

Custos variáveis
São todos os custos que estão diretamente relacionados com o volume de vendas
(faturamento).

Exemplo: Matéria-Prima, embalagens, mão-de-obra direta, impostos sobre vendas,


despesas com aluguel de equipamentos, serviços de terceiros alocados
exclusivamente no serviço ou produto etc.

Margem de contribuição
É a percentagem de cada Real de vendas que sobra após cobrir os custos variáveis
de um produto ou serviço. Em outras palavras, é o quanto sobra de cada real vendido
para cobrir os custos da empresa.

Chama-se margem por tratar-se de uma parcela do faturamento da empresa; e


chama-se contribuição por ser esta margem destinada a contribuir com a cobertura
das despesas fixas (que não são incorporados aos produtos) e geração de resultados.

Exemplo:

Receita Total R$ 10.000,00 100%


- Custos Variáveis R$ 6.000,00 60%
Margem de Contribuição R$ 4.000,00 40%

No caso acima, o volume de vendas está contribuindo com R$ 4.000,00 para cobrir os
custos fixos da empresa. Se, por exemplo, os custos fixos dessa empresa forem de R$
3.000,00, a margem de contribuição será suficiente para cobri-lo e ainda gerar um
resultado operacional de R$ 1.000,00.

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Ponto de equilíbrio
É o quanto uma empresa precisa vender para cobrir todos os seus custos fixos, ou
seja, para obter um lucro operacional igual a zero. Pode ser obtido, dividindo-se os
custos fixos pela margem de contribuição, em percentual.

Ponto de Equilíbrio Operacional: Total dos Custos Fixos


=
(faturamento necessário) % Margem de Contribuição

P.E.Líquido: Total dos Custos Fixos + Desp. Financeiras – Receitas


= Financeiras
% Margem de Contribuição

Exemplo: No último mês de setembro, a empresa Funilaria e Pintura Royal do Oeste


apresentou os seguintes dados:

Faturamento com Prestação de Serviços ................. R$ 10.000,00


Margem de Contribuição ........................................... 15 %
Custo Fixo ................................................................. R$ 1.200,00

Qual o ponto de equilíbrio? O que significa?

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METODOS DE CUSTEAMENTO

Custeio significa métodos de apropriação de custos. Vamos analisar os dois métodos


mais comuns, ou seja, por absorção e por custeio direto.

A) Custeio por Absorção:


Significa a apropriação aos produtos ou serviços gerados pela empresa, de todos os
custos incorridos no processo de fabricação, quer sejam de comportamento fixo ou
variável.

Neste sistema, os custos dos setores auxiliares ou de suporte, normalmente custos


fixos, serão objetos de rateio para determinação do custo global dos produtos ou
serviços.

Esse sistema é falho em muitas circunstâncias porque tem como premissa básica o
“rateio”dos chamados custos fixos, que apesar de apresentarem certa lógica, poderão
levar à alocações arbitrárias e até enganosas.

B) Custeio Direto:
Devido ao fato de, no custeio por absorção, ser impossível apurar io custo de um
produto ou serviço sem que se proceda ao rateio dos custos indiretos, há sempre
muitas dúvidas sobre a utilização desse sistema de custeio como instrumento
gerencial para fins de na’;alise. Deste modo, nasceu uma forma alternativa de
custeamento, o método de custeio direto, também conhecido como custeio variável.

Esse sistema de custeio direto prevê uma apropriação de caráter gerencial, já que
são considerados apenas os custos variáveis dos produtos/serviços vendidos. Os
custos fixos ficam separados e considerados como despesa do período, indo
diretamente para resultados. Dessa forma, possibilitam a apuração da margem de
contribuição, quando confrontados os custos variáveis aos valores de receita liquida
do período objeto de analise.

Conforme mencionado no custeio direto, os custos dos setores considerados de


suporte ou auxiliares ao processo produtivo, normalmente considerados como custos
fixos, são tratados como custo do período, não fazendo, portanto, parte integrante do
custo de produção. Sua apropriação, sendo efetuada diretamente na conta de
resultado do período, dispensara a necessidade de rateio dos valores.

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A grande vantagem do custeio direto é que permite identificar a margem de
contribuição que será sempre a mesma. Além disso, permite identificar os produtos
que, independentemente do volume de produção, estão ajudando a cobrir os custos
fixos inevitáveis. Assim, os esforços de produção devem ser direcionados para os
produtos que apresentarem margem de contribuição positiva.

Resumidamente, pode-se afirmar que o método de custeamento direto possui as


seguintes vantagens:
1. Permite identificar os produtos m ais lucrativos e, assim, dirigir os esforços de
produção e de venda para melhoria do lucro.
2. Permite avaliar os limites dentro dos quais pode-se definir políticas de preços e
descontos sem prejuízo da rentabilidade.
3. Ao separar os custos fixos dos variáveis, permite definir volume mínimos de
produção e preços adequados para atingi-los com lucros.

Quanto ao Demonstrativo de Resultados, temos as seguintes situações:

a) Pelo método de Custeamento por Absorção:


Vendas
(-) Custo dos Produtos Vendidos
(=) Resultado Bruto
(-) Despesa Administrativa
(-) Despesa com venda (fixas e variáveis)
(=) RESULTADO LÍQUIDO

b) Pelo método de Custeamento Direto:


Vendas
(-) Custo dos Produtos Vendidos
(-) Despesas variáveis com Vendas
(=) MARGEM DE CONTRIBUIÇAO
(-) Custos Fixos
(=) RESULTADO LÍQUIDO

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COMO IDENTIFICAR E CALCULAR CUSTOS DE VENDAS

Custos de Venda são aqueles gerados exclusivamente no ato da venda.


Enquanto não houver a venda não haverá o custo da venda.

Principais custos da venda


• IMPOSTOS
- ISS
- IPI
- ICMS
- PIS
- FINSOCIAL

• OUTROS
- Comissões
- Aluguel de Equipamentos, salas etc
- Contratação de terceiros
- Materiais Utilizados

Importante
Todos os custos necessários para realizar a venda são CUSTOS FIXOS DA
EMPRESA e não custos de Vendas. Exemplo: salários fixos dos vendedores,
alugueis, despesas com propaganda, com veículos etc.

Formação de Preços
Em regime de concorrência pode-se afirmar que a formação de preços está mais
ligada às imposições do mercado do que a seu custo. Mas é a partir da análise dos
custos que podemos formar o Preço Base e examiná-lo à luz do mercado. Se o
mercado estiver disposto a aceitar um preço menor é porque existem concorrentes
praticando estes preços e que, provavelmente, estejam operando a custos menores. A
empresa deve rever seus custos e seus critérios de custeio.

O certo é que os custos formam toda a base sobre a qual derivam os preços de venda.
Não é sem motivo que dedicamos todos os nossos esforços até agora para tratar de
custos. Não é correto praticar preços de mercado somente para manter a
competitividade. Estas empresas fazem fluxo de caixa, mas não conseguem formar
riqueza. Estão sempre na mesma,”trocando figurinhas” , e pior: empobrecendo o setor
que atuam, uma vez que dificultam a formação de riqueza também nos concorrentes.

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As empresas devem estar aparelhadas para formar seus preços fundamentadas na
análise de custos e apoiadas em informações gerenciais.

Formar preços é elaborar orçamento. Quando se determinam o preço de um produto


ou serviço, parte-se do pressuposto de que:
• O produto ou serviço irá consumir “X “de matéria prima;
• O processo utilizará “ X “ tempo em sua elaboração;
• O custo / hora foi estimado em “X “ reais;
• O lucro desejado foi fixado em “X “

Espera-se que esses “X” aconteçam de fato, uma vez que a garantia do ressarcimento
dos custos e da formação do lucro desejado.

Composição do preço de venda


O preço de venda é resultado da seguinte equação:

Dedução de Venda
(+) Custos Variáveis
(+) Margem de Contribuição
(=) Preço de Venda à Vista

• Deduções de Venda São os chamados custos de comercialização, formados


pelos impostos e comissões sobre vendas, quando houver.
• Obs.: Em muitas situações, a mão-de-obra direta é considerada como despesa
fixa e, portanto, não agrega os custos variáveis.

Preços com base no “mark-up”


O procedimento de mark-up consiste em adicionar ao custo unitário um valor ou um
percentual fixo, determinando o preço de venda. É uma prática muito comum no
comércio em geral. Sua aplicação é válida nos casos em que o custo da mercadoria é
conhecido com muita precisão. Sua simplicidade administrativa, harmonia com a
concorrência e justiça social são as razões de sua popularidade.

Preço de Venda = Custo + % de mark-up

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Não se deve confundir mak-up com margem de lucro. Vejamos um exemplo de erro
bastante comum:

• Um empresário de uma revenda de peças mecânicas deseja uma margem de lucro


de 30%.
• Quando do recebimento de uma mercadoria para revenda, aplica o índice de 1,30
sobre o valor de custo:
Preço de Compra: R$ 100,00
Mark-up (30%): R$ 30,00
Preço de Venda: R$ 130,00

Vejamos sua verdadeira margem de lucro:


Venda: R$ 130,00 100,0 %
(-) Custo R$ 100,00 76,9 %
(=) Lucro R$ 30,00 23,1 % e não 30,0% !!!

Se o empresário optar por um desconto de 25% para desovar os estoques, o resultado


seria:
Venda: R$ 130,00
(-) Desconto R$ 32,50
(-) Custo R$ 100,00
(=) Resultado R$ ( 2,50) Prejuízo!!!

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Informações Gerenciais – Conceitos Básicos

ATIVO PASSIVO
Disponível Duplicatas Descontadas
Aplicações Financeiras Fornecedores
Clientes Contas a pagar
Estoques Outras contas
Outros Ativos

Total Ativo Circulante Total Passivo Circulante

Ativo Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo

Ativo Imobilizado Capital Próprio

Total do Ativo Total do Passivo

CONCEITOS BÁSICOS

1. PATRIMÔNIO: é definido como um conjunto de bens, direitos e obrigações ligados


a uma determinada empresa.

2. PATRIMÔNIO LÍQUIDO: é a soma dos bens e direitos, deduzidas as obrigações.

3. BENS: são os direitos reais que o titular do patrimônio possui sobre as coisas e
valores de seu patrimônio. Ex.: móveis, utensílios, instalações, veículos, máquinas,
matéria-prima, dinheiro, etc.

4. DIREITOS: são originados de créditos que o titular do patrimônio possui contra


terceiros. Ex.: empréstimos concedidos (títulos a receber), venda de mercadorias a
prazo (duplicatas a receber).

5. OBRIGAÇÕES: são originadas de créditos que terceiros possuem contra o titular


do patrimônio. Ex.: empréstimos obtidos (títulos a pagar), compra de mercadorias a
prazo (duplicatas a pagar).

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6. ATIVO: é a parte positiva do patrimônio constituída pelos bens e direitos.

6.1. Ativo Circulante


− Disponibilidades: valores disponíveis para utilização imediata ou conversíveis em
moeda corrente a qualquer tempo.
− Direitos conversíveis em valores disponíveis durante o curso do exercício seguinte
àquele do balanço ou realizáveis durante o ciclo operacional da empresa se este
exceder a um ano; correspondem a “direitos realizáveis a curto prazo”.
− Valores relativos a despesas já pagas que beneficiarão o exercício seguinte àquele
da data do balanço; são denominados “aplicações de recursos em despesas”.
Ex.: Caixa, banco conta movimento, aplicações a curto prazo (poupança), créditos por
venda (duplicatas a receber, duplicatas descontadas, provisão para devedores
duvidosos, contas a receber), adiantamentos diversos, impostos a recuperar,
despesas pagas antecipadamente, estoques, bancos conta vinculada.

6.2. Ativo Realizável a Longo Prazo


− Direitos realizáveis após o término do exercício seguinte.
− Direitos derivados de adiantamento ou empréstimos a sociedades coligadas ou
controladas, diretores acionistas ou participantes no lucro da empresa, que não
constituírem negócios usuais na exploração do objeto da empresa.
Ex.: Créditos por vendas (duplicatas a receber, duplicatas descontadas, provisões
para devedores duvidosos, contas a receber), empréstimos compulsórios sobre
veículos.

6.3. Ativo Permanente


− Investimentos: participações permanentes em outras sociedades e direitos de
qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante, ou Realizável a Longo Prazo
que não se destinem à manutenção da atividade da empresa.
Ex.: Ações de outras companhias, incentivos fiscais.
− Imobilizado: direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das
atividades da empresa, ou exercidos com esta finalidade, inclusive os de propriedade
comercial ou industrial.
Ex.: Bens materiais (móveis e utensílios, máquinas e equipamentos, veículos,
instalações, computadores, imóveis, terrenos), depreciações acumuladas (sobre
móveis e utensílios, sobre máquinas, sobre equipamentos, sobre veículos, sobre
instalações, sobre computadores, sobre imóveis), bens imateriais (marcas e patentes,
luvas comerciais, amortizações).

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− Diferido: aplicações de recursos em despesas que contribuirão para formação do
resultado de mais um exercício social, inclusive juros pagos ou creditados aos
acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais.
Ex.: Gastos (com organização, com reorganização, com implantação de sistemas, com
pesquisas), benfeitorias diversas, amortizações acumuladas.

7. PASSIVO: é a parte negativa do patrimônio constituída pelas obrigações.

7.1. Passivo Circulante


Obrigações da empresa inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo
permanente quando vencerem no exercício seguinte.
Ex.: Obrigações operacionais (fornecedores, financiamentos a pagar, contas a pagar),
obrigações trabalhistas (salários e ordenados a pagar, FGTS a recolher, IAPAS a
recolher, 13º salário a pagar, contribuição sindical a recolher, IRRF a recolher),
obrigações financeiras (empréstimos bancários, juros a pagar sobre financiamentos,
IOF, taxas bancárias a pagar), obrigações fiscais (Finsocial a recolher, PIS a recolher,
ICMS a recolher, IRPJ a recolher, contribuição social a recolher), outras obrigações (
seguros a pagar, fretes a pagar, aluguéis a pagar, títulos a pagar), provisões,
participações.

7.2. Passivo Exigível a Longo Prazo


Obrigações vencíveis em prazo maior do que o exercício seguinte.
Ex.: Obrigações operacionais (fornecedores, financiamentos a pagar e contas a
pagar), obrigações financeiras (empréstimos e financiamentos, juros a pagar sobre
financiamento, IOF a pagar, taxas bancárias a pagar).

7.3. Resultado de Exercícios Futuros


Receitas de exercícios futuros diminuídas dos custos e despesas correspondentes.

7.4. Patrimônio Líquido


− Capital Social: montante do capital subscrito e, por dedução, parcela não realizada.
Ex.: Capital a realizar.
− Reservas de Reavaliações: contrapartida do aumento dos elementos do ativo em
virtude de novas avaliações, documentadas por laudo técnico.
Ex.: Reavaliação dos bens do ativo.
− Reservas de Lucros: contas constituídas a partir de lucros gerados pela empresa.
Ex.: Reserva legal, reserva para investimento e reserva para contingentes.

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− Lucros ou Prejuízos Acumulados: lucros gerados pela empresa, que ainda não
receberam destinação específica.
Ex.: Lucro do exercício, lucros acumulados, prejuízos do exercício e prejuízos
acumulados.

Gráfico 1 - Balanço : Direitos e Obrigações


Ativo Passivo

Bens Estrutura:
Necessidades
e Capital
Mercado
Direitos Próprio
Demanda Mercado
Bens da
$ Capital Financeiro
e Empresa
Serviços Terceiros
(obrigações)

Gastos Ingressos

Pagamentos Recebimentos
(-) (+) Fluxo Econômico

Tesouraria

Fluxo Financeiro

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Gráfico 2 - Ordenando um Balanço

Ativo Passivo

Ativo Exigível
Circulante (Endividamento)

Ativo Fixo Líquido Capital Próprio


(Imobilizado)

Ativo Passivo

Exigível de
Ativo Curto Prazo
Circulante

Exigível de
Longo Prazo

Ativo Fixo Líquido


(Imobilizado)
Capital Próprio

Capital Permanente

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Gráfico 3 - Ciclo Operacional

Matéria Prima Compra de Tendência a


Matéria Prima Liquidez:

Entrada de MP no
Processo Produtivo

.
.
.
Compra de .
Matéria Prima
Saída de Produtos Acabados
do Processo Produtivo

.
.
Produtos .
.
Acabados .

Venda

.
Clientes .
.
.
.

Cobrança

.
.
.

Tesouraria
Mínima
Ciclo Operacional
RM

t10 t1 t2 t3 t4 t5

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Gráfico 4 - Necessidade de Capital de Giro

10% Disponível 20%


Fornecedores

20% Clientes
Necessidade Líquida Créditos Bancários 20%
de Capital de Giro

25% Estoques Fundo de (Capital Circulante Exigível Longo Prazo 10%


Manobra Líquido)

45% Necessidade total de


Ativo Fixo Capital de Giro Capital Próprio 50%
(Imobilizado)

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Gráfico 5 - Liquidez e Equilíbrio Financeiro

1. LIQUIDEZ:

1. Liquidez Corrente = Ativo Circulante


Passivo Circulante

2. Liquidez Seca = Ativo Circulante - Estoques


Passivo Circulante

2. EQUILÍBRIO FINANCEIRO:

1. Endividamento = Passivo Circulante + Exigível Longo Prazo


Capital Próprio

2. Longo Prazo = Capital Permanente


Ativo Fixo (imobilizado)

3. Curto Prazo = Fundo de Manobra


Necessidade de Capital de Giro

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Gráfico 6 - Situação de Tesouraria e Rotações

1. SITUAÇÃO DE TESOURARIA:

1. Fundo de Manobra (FM) = Capital Permanente - Imobilizado

2. Necessidade de Capital de Giro Total = Ativo Circulante - Fornecedores


(NKGT)

3. Situação de Tesouraria = FM - NKGT

2. ROTAÇÕES (GIRO)

1. Giro do Ativo = Vendas


Ativo

2. Giro de Clientes = Vendas = X


Clientes

Permanência = 365/X

3. Giro de Estoques = Custo das Vendas =Y


Estoques

Permanência = 365/Y

4. Giro de Fornecedores = Compras =Z


Fornecedores

Permanência = 365/Z

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Gráfico 7 - Rentabilidade
1. SITUAÇÃO DE TESOURARIA:

1. Rentabilidade do Negócio = Lucro Líquido


Capital Próprio

2. Ponto de Equilíbrio = Custo Fixo


Margem de Contribuição (em %)

ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

Com base no roteiro acima e nas explicações a respeito de equilíbrio financeiro e


liquidez, reúna-se com os seus colegas de grupo e procure elaborar uma análise da
situação econômica e financeira da empresa REPARADORA LIRERI LTDA. (Ver
Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultados “reais”, em anexo).

1. Calcule e Interprete (Anos 2004 e 2005)


a) Os índices de liquidez e equilíbrio financeiro;
b) A situação de tesouraria;
c) O giro do Ativo, dos clientes, estoques e fornecedores;
d) Rentabilidade do negócio e ponto de equilíbrio;

2. Com base nos índices acima, analise a situação econômica e financeira da


empresa em 2005 comparativamente ao ano anterior. A situação melhorou, piorou
ou permaneceu estável?

3. Procure identificar as ações empresariais que refletiram nos resultados acima


observados.

4. O que aconteceu com a necessidade de capital de giro?


Explique os principais motivos que conduziram a esse resultado.

5. O que aconteceu com o índice de endividamento? Aponte as razões.

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6. Que sugestões você daria para esse empresário?
Fundamente a sua resposta.

7. Você notou algum outro aspecto importante que mereça ser destacado?

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REPARADORA LIRERI S.A

Balanço Patrimonial

ATIVO
DISCRIMINAÇÃO 2004 (%) 2005 (%) VAR. ($)
Disponível 3.105 4,38 1.574 1,63 (1.531)
Aplicações Financeiras 7.000 9,87 8.500 8,80 1.500
Clientes 39.552 55,77 56.014 57,98 16.462
Estoques 7.152 10,08 12.500 12,94 5.348
Outros Ativos 10.215 14,40 15.324 15,86 5.109

TOTAL ATIVO CIRCULANTE 67.024 94,50 93.912 97,21 26.888

Ativo Imobilizado 3.900 5,50 2.700 2,79 (1.200)

TOTAL DO ATIVO 70.924 100,00 96.612 100,00 25.688

PASSIVO
DISCRIMINAÇÃO 2004 (%) 2005 (%) VAR. ($)
Duplicatas Descontadas 29.230 41,21 35.924 37,18 6.694
Fornecedores 15.727 22,17 16.880 17,47 1.153
Contas a Pagar 3.206 4,52 9.142 9,46 5.936
Outras Contas 700 0,99 600 0,62 (100)

TOTAL PASSIVO CIRCULANTE 48.863 68,89 62.546 64,74 13.683

Capital Próprio 22.061 31,11 34.066 35,26 12.005

TOTAL DO PASSIVO 70.924 100,00 96.612 100,00 25.688

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LIRERI S.A

Demonstrativo de Resultados

DISCRIMINAÇÃO 2004 (%) 2005 (%) VAR. ($)


− Vendas Líquidas 200.000 100,00 250.063 100,00 50.063
− Comissões de Vendas 14.003 7,00 17.504 7,00 3.501
− Fretes 4.221 2,12 5.001 2,00 780
− Custo Variável M. Prima 129.663 64,83 155.789 62,30 26.126

= Margem de Contribuição 52.113 26,05 71.769 28,70 19.656

− Despesas/Custos Fixos 39.964 19,98 47.202 18,88 7.238

Gastos com pessoal 15.230 7,62 16.448 6,58 1.218


Aluguéis 2.032 1,02 2.154 0,86 122
Telefones 1.526 0,76 1.679 0,67 153
Seguros 2.103 1,05 2.148 0,86 45
Energia Elétrica 625 0,31 681 0,27 56
Marketing 3.120 1,56 3.650 1,46 530
Desp. Administrativas 2.039 1,02 2.243 0,90 204
Pró-Labore 9.088 4,54 9.997 4,00 909
Outras Despesas 4.201 2,10 8.202 3,28 4.001

= Lucro Antes dos Juros 12.149 6,07 24.567 9,82 12.418

− Despesas Financeiras 5.071 2,53 5.848 2,34 777

= Lucro Antes Imposto de Renda 7.078 3,54 18.719 7,49 11.641

− Imposto de Renda 1.803 0,90 5.442 2,18 3.639

= Lucro Líquido 5.275 2,64 13.277 5,31 8.002

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ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS

A melhor forma de se analisar o desempenho de uma empresa é através de seus


índices econômico-financeiros. Apresentamos a seguir os principais índices e seus
significados:

1. ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Os índices de liquidez destinam-se a avaliar a capacidade da empresa de saldar
seus compromissos de curto prazo (passivo circulante), em um determinado
momento, através da realização (venda) de seus investimentos realizáveis a curto
prazo (ativo circulante).

A) Índice de Liquidez Corrente:

Ativo Circulante
Índices de Liquidez :
Passivo Circulante

Este índice relaciona o ativo circulante com o passivo circulante e significa o quanto
a empresa dispõe de ativos realizáveis a curto prazo para cada Real de dívida
vencíveis no curto prazo.

Assim sendo, um índice igual a 1,0 significa que para cada Real que a empresa
tenha que pagar no curto prazo ela dispõe de 1 Real de ativos realizáveis no curto
prazo. Portanto, quanto maior que 1,0 for o índice de uma empresa, melhor será a
sua liquidez. Por outro lado, índices inferiores a 1,0, denotam que, mesmo vendendo
os ativos possíveis de serem vendidos no curto prazo, a empresa não teria Reais
suficientes para pagar as dívidas vencíveis no curto prazo.

Este índice não deve ser considerado isoladamente, devido aos seguintes aspectos:

• Ele não revela a articulação entre os prazos de venda e de pagamento. Ex.: uma
empresa poderá apresentar um índice muito superior a 1,0 e mesmo assim
apresentar problemas de liquidez, já que suas dívidas vencem dentro de uma
semana e seus ativos demandam 03 meses para serem vendidos e recebidos.

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• Como são calculados através de dados do balanço patrimonial, esses índices
refletem uma situação estática, ou seja, referem-se a determinado momento na vida
da empresa, ou seja, o momento em que o balanço foi levantado. Num momento
seguinte, a situação destas relações pode se alterar consideravelmente.

• Estes índices podem, ainda, não darem ao analista uma noção sobre a qualidade
dos ativos circulantes. Uma empresa pode ter um elevado índice de liquidez corrente
e não estar em boas condições financeiras, se os estoques estiverem
superdimensionados, ou com muitos itens de difícil venda, ou ainda se existirem,
dentro das duplicatas a receber, algumas praticamente incobráveis.

Embora sujeitos a essas limitações, os índices de liquidez desfrutam de grande


popularidade entre os analistas financeiros, especialmente quando se trata de
concessões de empréstimos a curto prazo. Além disso, quando analisados em série
histórica e comparados com a média das empresas do setor em que a empresa ata,
podem fornecer subsídios importantes para uma análise da empresa.

B) Índice de Liquidez Seca


Este índice é mais severo que o anterior, já que considera que os compromissos a
curto prazo serão atendidos somente pela realização de duplicatas a receber e pela
utilização dos recursos que estão em caixa e nos bancos (disponível). Assim, o
índice de liquidez seca supõe que os estoques não seriam realizados, o que
constitui uma hipótese extremamente pessimista. Portanto, se este índice for
superior a 1,0 podemos afirmar que esta empresa tem mais de 1 Real de ativos para
vender no curto prazo para cada 1,0 Real de dívida vencíveis no curto prazo, mesmo
sem considerar os estoques.

Ativo Circulante - Estoques


Índice de Liquidez Seca :
Passivo Circulante

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2. ÍNDICES DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO

A) Índice de Endividamento
O Endividamento de uma empresa pode ser medido através da comparação entre a
sua dívida total (Exigível de Curto Prazo + Exigível de Longo Prazo) e o Capital
Próprio da empresa. Este índice nos revela quantos Reais de fontes externas
integram a mistura (mix) de financiamento utilizado pela empresa, ou seja, nos
revela quantos reais de capital próprio a empresa possui para cada real que deve.

Passivo Circulante + Exigível Longo Prazo


Endividamento:
Capital Próprio

B) Equilíbrio de Longo Prazo


Este índice nos revela o quanto do Capital Permanente da empresa, ou seja, aquele
capital que permanece por longo prazo (capital próprio + empréstimos de longo
prazo) está aplicado em imobilizado. A idéia é que o imobilizado da empresa é
formado por recursos que só serão líquidos no Longo Prazo. Se este índice for
superior a 1,0 demonstra que a empresa possui recursos de longo prazo superior ao
aplicado no imobilizado, o que nos revela que está “sobrando” recursos de longo
prazo para financiar o ativo de curto prazo (ver fundo de manobra ou capital
circulante líquido), o que é uma situação confortável para a empresa.

Capital Permanente
Longo Prazo =
Ativo Fixo (Imoblilizado)

C) Equilíbrio de Curto Prazo


Este índice nos mostra quantos reais de longo prazo (capital circulante líquido ou
Fundo de Manobra) a empresa possui para cada real que a empresa necessita de
capital de giro. Quanto maior for este índice menor será a necessidade da empresa
tomar recursos emprestados no mercado financeiro. Se for 1,0 indica que a empresa
financiará toda a sua necessidade de capital de giro (fornecedores, estoques e
disponível) com recursos “próprios” de longo prazo, ou seja, não necessitará tomar
empréstimos no mercado financeiro.

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Fundo de Manobra
Curto Prazo:
Necessidade de Capital de Giro

3. SITUAÇÃO DA TESOURARIA

A) Fundo de Manobra
O nome mais popular é Capital Circulante Líquido. Este conceito é fundamental para
se compreender corretamente a situação financeira de uma empresa. Este fundo
corresponde à parcela do Ativo Circulante que é financiada por Fundos
Permanentes da empresa, ou seja, por aqueles recursos que ficarão na empresa por
um longo prazo: Capital Próprio + Exigível de Longo Prazo, descontados o
imobilizado, que são aplicações de recursos a longo prazo.

Fundo de Manobra = Capital Permanente - Imobilizado

Entende-se por Capital Permanente, aquela parcela dos recursos que representam
fontes de financiamento sem prazo de vencimento ou prazos longos de vencimento,
isto é, Capital Próprio + Exigível de Longo Prazo.

Quanto maior for este fundo, poderíamos afirmar que a empresa terá melhores
condições de administrar o seu ciclo de vendas, tornando-se mais independente dos
financiamentos de curto prazo.

B) Necessidade de Capital de Giro (N.K.G.):

N.K.G. = Ativo Circulante - Fornecedores

O Ativo Circulante de uma empresa é formado, basicamente, pelo seu disponível,


estoques e clientes (contas a receber). Para manter esse ativo, a empresa necessita
de recursos. No entanto, parte desses recursos são obtidos junto aos fornecedores
já que estes normalmente concedem prazos para a empresa pagar a compra de
suas matérias primas. Assim sendo, a diferença dentre o que a empresa necessita
para manter o seu ativo circulante e o montante financiado pelos fornecedores

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acaba se constituindo na necessidade de capital de giro da empresa, ou seja, o
quanto ela necessita para continuar “girando” o seu negócio. É óbvio que, quanto
maior for o prazo que a empresa obtém junto aos seus fornecedores, menor será a
necessidade de capital de giro. Essa necessidade poderá ser coberta internamente
através do fundo de manobra (capital circulante líquido) e/ou externamente através
de empréstimos bancários.

4. ROTAÇÕES (GIRO)
São os chamados índices de atividade da empresa. Nos fornecem a velocidade com
que os diversos ativos da empresa são transformados em dinheiro. Os principais
são:

a) Giro do Ativo:
Fornece quantas vezes o ativo total da empresa girou durante um determinado
período (1 ano por exemplo).

Vendas
Giro do Ativo =
Ativo

Quanto maior este giro significa que a empresa está atuando de forma bastante ágil,
sou seja, nos revela que com um determinado ativo a empresa está realizando um
volume maior de vendas. Se admitirmos que vendas é o ponto de partida para
geração de resultados, podemos concluir que quanto maior for esse giro maior
deverá ser o resultado de uma empresa como conseqüência da utilização de um
determinado montante de recursos, que formam seu ativo.

b) Giro de Clientes
A finalidade desse índice é a avaliação do tempo médio que é consumido entre o
faturamento de uma venda e o recebimento correspondente, ou seja, ele nos
fornece o prazo médio de recebimento dos clientes.

Ao dividirmos o total das vendas pelo valor dos clientes (contas a receber), obtemos
o número de vezes que os clientes pagaram as suas compras durante o ano. Como
o ano tem 365 dias, se dividirmos 365 pelo número de vezes que os clientes
pagaram as suas compras durante o ano, temos o prazo médio de recebimento das
vendas. É evidente que quanto menor for esse prazo, menor será a necessidade de

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capital de giro, já ao receber mais rápido as suas vendas, a empresa estará
conseguindo recursos para “bancar” os demais itens do ativo circulante.

Vendas
Giro de Clientes = =X
Clientes

365
Prazo Médio de Recebimento =
X

C) Giro de Estoques
A exemplo do giro de clientes, o giro de estoques nos fornece o prazo médio que o
estoque de uma empresa gira durante um ano, isto é, quantas vezes o estoque de
uma empresa foi vendido durante o ano. Quanto maior esse número, significa que a
empresa está tendo que “bancar” um estoque menor para manter as suas
operações, o que implica numa menor necessidade de capital de giro.

Ao dividirmos o custo das vendas (custo dos insumos envolvidos na produção das
mercadorias vendidas) pelo estoque, obtermos o número de vezes médio que a
empresa utilizou o seu estoque durante um ano. Ao dividirmos 365 por este número
conseguimos o prazo médio de utilização do estoque.

Custo das vendas


Giro de Estoques = =Y
Estoques

365
Prazo médio de utilização do estoque =
(Permanência) Y

D) Giro dos Fornecedores


Este índice é similar o de giro dos clientes. Nos fornece o prazo médio de compras.
Através da divisão do total de compras pelo montante de fornecedores obtemos o
número de vezes que as compras foram pagas durante o ano. Assim, se dividirmos

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365 por este número obtemos o prazo médio em dias de cada pagamento, ou seja, o
prazo que os fornecedores estão concedendo para pagamento das compras
efetuadas.

Quanto maior esse prazo, menor será a necessidade de capital e giro, já que os
fornecedores estariam ajudando a “bancar” uma parte maior do ativo circulante. (Ver
necessidade de capital de giro).

Compras
Giro de Fornecedores = =Z
Fornecedores

365
Prazo médio de Pagamentos a Fornecedores =
Z

5. ÍNDICES DE RENTABILIDADE
Dentre os vários índices de rentabilidade, vamos destacar apenas dois:

A) Rentabilidade do Negócio
Nos fornece o quanto a empresa está gerando de lucro líquido por Real de capital
próprio. Quanto maior, melhor. Para um melhor entendimento de seu significado,
este índice deve ser comparado com a taxa de juros no mercado financeiro. Se
maior, significa que os recursos próprios empregados na empresa estão rendendo
mais que se aplicados no mercado financeiro, o que revela que está sendo um bom
negócio manter a empresa em funcionamento, pelo menos em termos de retorno.
Caso contrário, revela que seria mais interessante que, em termos de rentabilidade,
estes recursos estivessem aplicados no mercado financeiro, já que estariam
rendendo mais, embora com menos risco.

Lucro Líquido
Rentabilidade do Negócio =
Capital Próprio

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B) Ponto de Equilíbrio
Este índice nos revela qual deve ser o valor total das vendas para que a empresa
obtenha um lucro líquido igual a zero, ou seja, qual deve ser o volume de vendas
que a empresa consegue cobrir todos os seus custos.

Custo Fixo
Ponto de Equilíbrio =
Margem de Contribuição(%)

É importante destacar o conceito de margem de contribuição. É obtido no


demonstrativo de resultados e indica o quanto das vendas “sobram” para cobrir os
custos fixos, ou seja, com quanto cada venda contribui para cobrir os custos fixos.

Assim sendo, ao dividirmos o custo fixo pela margem de contribuição (em %),
obtemos o montante de vendas necessário para que todos os custos fixos sejam
cobertos. Esse é o ponto de equilíbrio da empresa. Um volume de vendas inferior ao
ponto de equilíbrio leva a empresa a apresentar um prejuízo, ao passo que um
volume superior conduz a empresa a um lucro.

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