Você está na página 1de 20

FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS - FACUNICAMPS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA

DEUZILENE DINIZ SILVA ALVES


TELMA FERREIRA DA CRUZ RODRIGUES

QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSOR DE ESCOLA PÚBLICA NO


ENSINO FUNDAMENTAL I

QUALITY OF LIFE OF THE PUBLIC SCHOOL TEACHER IN FUNDA-


MENTAL EDUCATION I

GOIÂNIA - GOIÁS
2018/2
2

DEUZILENE DINIZ SILVA ALVES


TELMA FERREIRA DA CRUZ RODRIGUES

QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSOR DE ESCOLA PÚBLICA NO


ENSINO FUNDAMENTAL I

QUALITY OF LIFE OF THE PUBLIC SCHOOL TEACHER IN FUNDA-


MENTAL EDUCATION I

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requi-


sito para nota da disciplina de TCC, necessária para a gra-
duação do curso de Pedagogia, da Faculdade Unida de
Campinas – FacUnicamps.

Orientação do Prof.°: Dr. Israel Serique dos Santos.

GOIÂNIA - GOIÁS
2018/2
3

QUALIDADE DE VIDA DO PROFESSOR DE ESCOLA NO ENSINO


FUNDAMENTAL I

QUALITY OF LIFE OF THE PUBLIC SCHOOL TEACHER IN FUNDA-


MENTAL EDUCATION I

ALVES, Deuzilene Diniz Silva1


RODRIGUES, Telma Ferreira da Cruz2
SANTOS, Israel Serique dos 3

RESUMO
O objetivo desse artigo é apresentar o tema “Qualidade de Vida do Professor de Escola Pública no Ensino Funda-
mental I”, verificando quais malefícios esse profissional pode adquirir em função de sua prática profissional. Para
a fundamentação desta pesquisa, utilizaremos uma análise bibliográfica, qualitativa, que pretende verificar os es-
tudos realizados por diversos teóricos e esclarecer pontos importantes sobre o assunto. Espera -se contribuir para o
crescimento de futuros educadores, visando que os mesmos identifiquem os problemas pelos quais podem ser
acometidos, adotando condutas corretas para minimizar esses problemas ao longo de sua carreira.

Palavras-chave: Professor; Qualidade de Vida; Ensino Fundamental I.

ABSTRACT
The purpose of this article is to present the theme "Quality of Life of the Professor of Public School that works in
Elementary School I", verifying which harms this professional can acquire due to his professional practice. For
the foundation of this research, we will use a bibliographical and qualitative analysis, which intends to clarify
important points on the subject through the verification of the studies carried out by several theorists. It is hoped
that the result of this research will contribute to the growth of future educators, in order to identify the problems
they may be affected by, performing correct attitudes to minimize these problems during their career.

Keywords: Teacher; Quality of life; Elementary School I

1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho de conclusão de curso, cujo título é “Qualidade de Vida do Professor
de Escola Pública no Ensino Fundamental I”, busca compreender questões referentes ao ambi-
ente de trabalho nas escolas públicas, indagações relevantes para a qualidade de vida do pro-
fessor, quer seja em seu ambiente de trabalho ou em sua vida particular.

1
Deuzilene Diniz Silva Alves, concluinte do Curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - Facunicamps
2
T elma Ferreira da Cruz Rodrigues, concluinte do Curso de Pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - Facunicamps
3
Orientador Professor Dr. Israel Serique dos Santos
4

No decorrer da pesquisa serão mencionados fatores como: o atual contexto da educação


brasileira, a infraestrutura das escolas públicas, o salário dos professores, a violência contra os
docentes, síndrome de Burnout e alguns apontamentos de possíveis soluções com a finalidade
de compreender as ações que permeiam tais questões.

Considerando-se a relevância desta temática, o presente Trabalho de Conclusão de


Curso tem como objetivo geral pesquisar e investigar as condições da qualidade de vida dos
professores que laboram no Ensino Fundamental I, em escolas públicas do nosso país.

O fator primordial desse artigo é a preocupação com a qualidade de vida do professor,


antes de qualquer outra coisa, partindo do pressuposto que ele é um agente que atua diretamente
na educação e, a depender da sua performance, obterá ou não a qualidade no processo de ensino
aprendizagem. Pois, neste contexto, verificamos que sua qualidade de vida está diretamente
ligada às condições laborais que o afetam, tais como: as psicológicas, as físicas, as sociais e as
econômicas. Essas são problemáticas que influenciam sua rotina de trabalho, uma vez que este
deixa de exercer sua função com qualidade.

Outro fator que será apresentado como justificativa desta análise dispõe sobre a pre-
missa de que a figura do professor é muito cobrada. Há, em seu ofício, características de um
solucionador de problemas relacionados à aprendizagem do aluno. Compreendemos que sua
performance docente só produzirá bons resultados se o mesmo gozar de uma qualidade de vida
favorável.

A metodologia utilizada para a fundamentação desse trabalho será advinda de uma aná-
lise bibliográfica qualitativa, utilizando-se dos referenciais teóricos de alguns pesquisadores,
especialistas no assunto, o que permitirá uma visão assertiva sobre o assunto.

Considerando a importância de se analisar o tema e os atores envolvidos, raciocina mos


ser de extrema relevância a elaboração desse trabalho para a complementação formativa do
professor.

Esperamos que, ao final do texto, seja possível ao leitor compreender a problemática


que gira em torno da vida do professor que atua, principalmente, no Ensino Fundamental I, cuja
ocupação insta de constantes pressões, aliadas às más condições da estrutura laboral, baixos
salários, excessos de carga horária, dentre outros. E, ainda, que se apresente o resultado dos
pontos positivos e negativos da profissão, levantados pelos principais teóricos que foram ana-
lisados na fundamentação deste trabalho.
5

2 CONCEITOS DE QUALIDADE DE VIDA


Sobre a qualidade de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, ela está
relacionada, ao bem-estar do sujeito, frente aos seus valores, cultura social, vida laboral, dentre
outros (WHOQOL Group, 2012, apud Gramms, 2017). A ela estão atribuídos o sucesso em
parâmetros laborais, emocionais e físicos do indivíduo (Gill e Feinstein, 1994, apud Gramms;
Lotz, 2017).
Segundo Gramms e Lotz (2017), o sujeito tem recebido uma visão de sua estrutura, que
excede ao seu corpo físico. No entanto, se esta visão for ampliada, poderemos enxergá-lo tam-
bém numa visão organizada, como um ser que agrega proporções biológicas, psicológicas e
sociais, as quais podem ampliar suas dimensões em termo de qualidade de vida.
De acordo com Gramms e Lotz (2017, p.23-24):
Os fatores subjetivos são determinados pelo estilo de vida do indivíduo e influencia-
dos por hábitos que impactam diretamente em seu bem-estar, como a alimentação, a
prática de atividades físicas e o sono.
Embora existam divergências entre os autores estudiosos desses fatores, parece existir
um consenso de que o conceito de qualidade de vida apresenta dois aspectos relevan-
tes:
1. Subjetividade: é determinada pela percepção de cada um, ou seja, depende das
formas e dos filtros por meio dos quais o indivíduo, vê, senti e julga a sua qualidade
de vida, tanto em relação ao seu estado de saúde quanto aos aspectos não médicos do
seu contexto de vida.
2. Multidimensionalidade: está atrelada ao atendimento de diversos aspectos da vida
do indivíduo, representados pelos domínios fís ico, emocional, social, intelectual, es-
piritual e ambiental (Gramms; Lotz, 2017, p.23-24).

Observamos que a qualidade de vida está relacionada a vários fatores que podem ser
concretos ou emocionais, e o desiquilíbrio entre eles pode causar desconforto no dia a dia do
sujeito.
A qualidade de vida no trabalho, segundo Limongi-França (1996, apud Gramms; Lotz,
2017), agrega ao conjunto de fatores dos quais uma instituição pode realizar, como a melhor ia
do espaço físico, das ferramentas de trabalho, da promoção da satisfação da equipe, entre outras
ações inovadoras que corroboram com o bem-estar do funcionário.
Para Minayo, Hartz e Buss (2000, apud Scielo, 2018), a qualidade de vida é uma noção
eminentemente humana, que pode ser medida no grau de satisfação encontrado na vida familia r,
amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar
uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de
conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados os quais refletem conhecimentos,
experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas,
espaços e histórias, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultura l.
6

Gonçalves e Vilarta (2004) resumem a qualidade de vida como uma forma de convivê n-
cia entre os indivíduos, isto é, a maneira como estes se compreendem em seu dia a dia, envol-
vendo aspectos como a saúde, transporte, educação e cooperação na tomada de decisões em
âmbito pessoal. Essa afirmação traduz-se como forma de dependências históricas, ambienta is,
culturais e sociais que o indivíduo sente ao criar expectativas e formas de sobrevivência, tendo
como objetivo o conforto e o bem-estar. Esses fatores afetam diretamente na qualidade de vida
de diversos profissionais, dentre os quais podemos citar, especialmente, os profissionais da sa-
úde e da educação.
Gramms e Lotz (2017) afirmam que o conceito de trabalho está relacionado à realização
de atividades que provocam cansaço físico e a partir daí obtêm-se uma das principais contribui-
ções para uma má qualidade de vida. Por isso, fica evidente que as instituições que investem na
qualidade de vida dos seus colaboradores alcançam melhores resultados.

2.1 O ATUAL CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E A FIGURA DO PROFES-


SOR QUE ATUA NO ENSINO FUNDAMENTAL I
Para compreender a atual contextualização da educação brasileira partimos da chegada
dos portugueses no Brasil. De acordo com o Ghiraldelli (2009), passou-se por três fases, quais
sejam: predomínio dos jesuítas; as reformas realizadas pelo Marques de Pombal; e a permanên-
cia do império no Brasil, conduzida por Dom João VI. Essa conjuntura educacional sofreu mu-
danças com o estabelecimento da República, a partir de 1889, seguindo até o ano de 1939.
Passou, também, por novas mudanças no período da Segunda República, cuja denominação foi
de Reforma de Francisco Campos, até 1937. Neste ano foi estabelecida a primeira constituinte
e nela as primeiras considerações sobre a estruturação do sistema educacional.
De acordo com Ghiraldelli (2009, p.103), à luz dos pensamentos de Paulo Freire:
No final da década de 1950 e início dos anos de 1960 o Brasil deixou de ser um país
essencialmente rural. Não que sua produção econômica tenha se tornado uma produ-
ção feita nas cidades, de base industrial, mas sim pelo fato de que a população urbana,
pela primeira vez, aparecia no censo como maior que a população rural. Por sua vez,
o discurso governamental, pelo menos aquele que tinha por base o Instituto Superior
de Estudos Brasileiros – ISEB, se movimentava por meio da ideia de que precisáva-
mos de uma industrialização de caráter nacionalista, enquanto a prática parecia querer
indicar outra coisa: uma industrialização associada aos interesses da indústria e cen-
tros financeiros internacionais (Ghiraldelli 2009, p.103).

Verificamos que a educação era específica às necessidades industriais da época. Porém,


se tratava de uma educação que oprimia o sujeito, formatando-o aos moldes do governo, im-
pondo as políticas no Brasil.
7

No entanto, as literaturas pedagógicas, ou seja, os pensamentos em prol de melhorias da


educação só se fortaleceram a partir do ano de 1975, pois, até então, só eram permitidas leituras
noticiadas pela ditadura militar. Segundo Ghiraldelli (2009, p.159):
A partir de 1985 e principalmente na década de 1990, a literatura sobre a educação
cresceu de modo vertiginoso. Muitos livros sobre os mais variados assuntos pedagó-
gicos foram lançados...Graças ao aparecimento da editoração eletrônica, a rapidez
com que tais textos alcançaram o mercado, ou pelo menos um quase-mercado, não foi
algo desprezível e teve suas consequências imediatas na vida dos profissionais da
Educação... (Ghiraldelli, 2009, p.159).

Percebemos que, nesse período, iniciou-se o avanço tecnológico, o que permitiu uma
reestruturação do mundo literário, agregando maior fundamentação teórica à educação. Entre-
tanto, diferente do que parecia, o já instituído Ministério da Educação e Cultura – MEC– sofreu
um retrocesso no período que compreende aos anos de 1985 a 2008, em função da inflexibili-
dade da nova república (Ghiraldelli, 2009). Contudo, a partir do ano de 1990, iniciou-se uma
fase de transição nos pensamentos políticos que influenciaram e permitiram uma nova estrutu-
ração da educação (Ghiraldelli, 2009).
Houve grande discussão sobre o Pensamento Tecnocrático de Educação – PTE. Esse
movimento percebeu uma queda na qualidade da educação e foram geradas diversas polêmicas
em torno da transição para o atual sistema educacional. Foram questionados, inclusive, os di-
reitos dos professores aposentarem-se com 25 anos de profissão, os baixos salários e as precá-
rias situações de trabalho. Segundo o movimento, essas questões seriam resolvidas pela retirada
da Administração Pública da gestão das escolas.
As principais mudanças no cenário educacional brasileiro são percebidas a partir do
governo Lula (Ghiraldelli, 2009).
Essa rápida análise da estrutura educacional do nosso país, serviu de base para funda-
mentar a emergência do papel do professor. Segundo Godoy (2007, p. 10),
O papel do professor constitui um exercício profissional, este é o seu primeiro com-
promisso com a comunidade e sociedade, compromisso social e ético, sua responsa-
bilidade é preparar os estudantes para se tornarem cidadãos ativos e participantes na
família, no trabalho, nas associações de classe, na vida cultu ral e política, é uma ati-
vidade fundamentalmente social, porque contribui para a formação cultural e cienti-
fica do povo, tarefa indispensável para outras conquistas democráticas (Godoy, 2007,
p.10).

Observa-se que, como as características do professor são as de manter seu compromisso


com o aluno e com a sociedade, todas as mudanças agregadas à sua profissão lhe trouxeram
uma forte sobrecarga, tendo em vista a obrigação de cumprir todas as atividades dele esperadas.
8

A globalização trouxe transformações profundas e isso refletiu no âmbito educaciona l


brasileiro. Essas mudanças obrigaram o educador a modificar sua postura e a estabelecer novos
objetivos a fim de se adequar às exigências da sociedade. Essa evolução recebeu auxílio de
vários autores, ao longo do tempo.
A nova configuração da educação, visando suprir os anseios de uma sociedade capita-
lista e globalizada, exige que o profissional da educação assuma um novo papel social e político,
obrigando-o, cada vez mais, a uma formação e a um preparo para responder os desafios da
sociedade contemporânea (Rocha, Fernandes 2008, apud Mendonça, 2016).
Essa mudança no cenário político e tecnológico provocou mudanças que exigiram muito
mais empenho do educador. Segundo Rocha e Fernandes (2008, p. 24 apud Mendonça, 2016):
(...) vem o excesso de tarefas burocráticas, a falta de autonomia e infraestrutura do
ambiente escolar, as relações conflitantes com familiares de alunos e, principalment e,
a baixa remuneração, tornando evidente o quadro crônico de depreciação e des quali-
ficação social, psicológica e biológica dos professores. Emerge dessa situação um ce-
nário com efeitos adversos, proporcionando aos docentes um conjunto de mal-estares,
em muitos casos desestabilizando a economia psicossomática e gerando doenças di-
versas, que influenciam fortemente na qualidade de vida destes profissionais (Rocha,
Fernandes, 2008, p.24 apud, Mendonça, 2016, p.44).

Contudo, observa-se que o professor tem se sobrecarregado, pois precisa estar em cons-
tante formação, submeter-se a rígidas normas e regras que têm sido exigidas pelo sistema edu-
cacional. Além disso, ele precisa se especializar em várias áreas para atender às diferentes de-
mandas que constituem a escola. Tudo isso tem deixado esses profissionais em situações de
elevado estresse e constantes problemas de saúde.
Para Mendonça (2016, p.46):
A profissão do professor pode ser considerada como estressante na atualidade, conse-
quência de jornadas de trabalhos longas com raras pausas para descanso e refeições,
e ritmo de trabalho intenso e variável que muitas vezes se inicia de manhã e se estende
até a noite em função de dupla ou tripla jornada de trabalho. Em decorrência desse
ritmo, os horários são desrespeitados, perdem-se horas de sono, alimenta-se mal, e
não há tempo para o lazer. Cabe ressaltar que a profissão exige altos níveis de atenção
e concentração para a realização das tarefas e que o trabalho não se restringe às salas
de aula, sendo comuns atividades realizadas extraclasses, como correção de provas,
elaboração de aulas, reuniões diversas, entre outras (Mendonça, 2016, p.46).

Verifica-se que, infelizmente, toda essa cobrança tem contribuído para que o professor
sofra as consequências de uma sobrecarga laboral, foi imposta pelo sistema educacional que,
por sua vez, não ofereceu um respaldo eficiente às suas atribuições, colaborando, para que o
mesmo esteja cada dia mais estressado e suscetível às doenças.
9

2.1.1 O ENSINO FUNDAMENTAL I E AS CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO DO-


CENTE
O Ensino Fundamental, de acordo com o artigo 23 da Lei de Diretrizes e Bases da Edu-
cação Nacional – LDBEN–, compreende a 9 (nove) anos de durabilidade, sendo que a primeira
etapa é do primeiro ao quinto ano e a segunda, do sexto ao nono. Ao considerarmos o Ensino
Fundamental como objeto de estudo na qualidade de vida do professor, verificamos que, se-
gundo Delchiaro (2013, p.55):
[...] nesta etapa, acolher significa também cuidar e educar, como forma de garantir a
aprendizagem dos conteúdos curriculares, para que o estudante desenvolva interesses
e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais disponíveis na comuni-
dade, na sua cidade ou na sociedade em geral, e que lhe possibilitem ainda sentir-se
como produtor valorizado desses bens (Delchiaro, 2013, p.55).

Com a análise do texto supracitado, percebemos quão grande é a responsabilidade do


professor no Ensino Fundamental e toda a carga que lhe sobrevém.
Sobre o trabalho docente, Lipp (2014, p.81-82) assim ensina:
No posto de trabalho docente, os especialistas começam a observar indícios de incom-
patibilidades entre os limites pessoais do professor diante das demandas da população
infantil e do sistema educacional, como, por exemplo, o comportamento exibidos pe-
los alunos em sala de aula e as peculiaridades do movimento inclusionista em educa-
ção. As características observáveis no professor compreendem desde habilidades e as
competências adquiridas ao longo da sua formação profissional para lidar com a in-
clusão, por exemplo, até os interesses, as condições de saúde física e mental e o bem-
estar no ambiente de trabalho (Lipp, p.81-82).

Verificamos, contudo, que as consequências da sobrecarga de trabalho do professor já


estão sendo observadas por especialistas com o objetivo de promover espaços educaciona is
mais acolhedores, que promovam o seu bem-estar.
Os principais fatores que contribuem para o estress ocupacional do professor, de acordo
com Lipp (2014, p.83), são:
...os conteúdos curriculares (na formação profissional) dissociados da
demanda, a falta de capacitação para lidar com questões pertinentes ao
próprio trabalho, a necessidade de manutenção da disciplina entre os
alunos, a sobrecarga de trabalho extraclasse, o trato e as relações inter-
pessoais com os colegas também professores, o clima organizacional da
escola, as condições impróprias para o exercício do magistério e o vo-
lume de carga cognitiva comumente identificado nas atividades típicas
do corpo docente (Lipp, 2014, p.83).

Todos esses fatores, agregados, têm provocado uma série de malefícios ao professor e,
por consequência, em sua qualidade de vida e de trabalho.
10

2.2 A INFRAESTRUTURA DAS ESCOLAS PÚBLICAS


Segundo dados do Observatório do Plano Nacional de Educação (2013), nos próximos
dez anos o Brasil tem um enorme desafio pela frente, o de cumprir o Plano Nacional de Educa-
ção. São vinte metas fundamentais para que o país alcance seus objetivos de ampliar a escola-
ridade da população, melhorar a sua qualidade e reduzir as desigualdades.
A essas mudanças podemos somar a de que a educação seja uma tentativa de atender à
comunidade escolar como um todo, respeitando as diversidades e proporcionando maior quali-
dade de vida.
Este órgão de fiscalização foi composto para que a população possa acompanhar, fisca-
lizar e cobrar dos governantes, por meio da observação da estrutura do sistema educacional
brasileiro, as ações que foram discutidas e documentadas como metas. Além disso, verificar se
a infraestrutura das escolas está realmente sendo preparada para uma melhoria na qualidade de
vida dos indivíduos que dela dependem, dentre eles, o profissional que atua na educação. De
acordo com o Observatório do PNE (2013) a função das metas do Plano Nacional de Educação
é a de:
Assegurar a todas as escolas públicas de educação básica o acesso à energia elétrica,
abastecimento de água tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos,
garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva, a bens culturais e ar-
tísticos e a equipamentos e laboratórios de ciências e, em cada edifício escolar, garan-
tir a acessibilidade às pessoas com deficiência (PNE, Metas 7-18).

Contudo, verificamos que a escola, em si, pode promover uma gama de ações voltadas
para aumentar a qualidade de vida do professor e uma delas é investir na infraestrutura do am-
biente educacional, a fim de que este seja mais aconchegante para seus colaboradores, fazendo
com que estes se sintam satisfeitos. Ora, o que vemos hoje são escolas “esquecidas” e sua esté-
tica comprometida e depreciada no decorrer dos anos.

2.3 A QUESTÃO SALARIAL DOS DOCENTES


No que se refere ao salário dos profissionais da educação, observamos que esse é um
dos problemas que permanecem, assim como o aumento das turmas, expansão da carga horária
de trabalho, rotatividade dos professores nas instituições de ensino, precárias condições de tra-
balho e falta de perspectiva para o futuro. No entanto, é importante entender, que todos esses
problemas influenciam na qualidade da educação.
Uma reportagem feita por Esteves (2018), sobre a remuneração dos docentes brasileiros,
nos faz perceber que a questão salarial adequada para o professor ainda é um desafio a ser
alcançado. De acordo com Monlevade (2000), devido ao aumento das matrículas, a demanda
11

com o orçamento dos profissionais da educação foi afetada e os salários dos mesmos sofreram
impactos negativos, piorando sua qualidade de vida, pois houve aumento de sua jornada de
trabalho.
Segundo o relatório do 2º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de
Educação (PNE), professores de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham
profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos. O documento foi
publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
(Esteves, 2018).
A partir de informações da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
(CNTE), Heleno Araújo argumenta sobre o piso salarial dos educadores (Esteves, 2018):

O piso valorizou a carreira, mas ainda está aquém quando se compara com outras pro-
fissionais com mesma formação. Em 2003 a média salarial dos professores era de R$
994, em 2008, o ano em que foi aprovada a lei do piso a média era de R$ 1547 e em
2017, a média é de R$ 3400. O piso foi importante para valorizar os profissionais da
educação, mas o profissional precisa de muito mais para equilibrar a sua formação. Nós
ainda somos os menores salários, se compararmos com outras profissões (ARAÚJO,
2018).

É interessante mencionar, nessa mesma reportagem, a fala do estudioso José Marcelino


Rezende, professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Univer-
sidade de São Paulo (USP), ao citar alguns fatores como explicação para o baixo salário do
professor:
No Brasil, como em boa parte do mundo, o poder público é seu maior empregador e,
portanto, a remuneração está intimamente ligada à receita pública per capita e à capaci-
dade de mobilização desta categoria profissional. A remuneração depende, também, do
prestígio da profissão, o que está intimamente ligada ao perfil do usuário. No caso do
Brasil, a elite não coloca os filhos na escola pública; mesmo os professores, coordena-
dores pedagógicos e diretores de escola, sempre que possível, evitam matricular os fi-
lhos e escolas públicas. Com isso, a escola pública passa a ser a escola ‘do filho do
outro’, o que reduz sua valorização social, ao contrário do que ocorre nos países desen-
volvidos, onde a classe média matricula os filhos na escola pública e, assim, briga pela
sua qualidade (Resende, 2009).

De acordo com os dados da Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econô-


mico (OCDE), os professores brasileiros ganham consideravelmente menos quando compara-
dos aos países desenvolvidos. Neste contexto, o estado brasileiro que possui o maior piso sala-
rial para professores é o Maranhão. Lá, o salário inicial é de R$ 5.750,00, duas vezes maior que
o piso nacional, para professores que trabalham 40 horas semanais (Esteves,2018).
O secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão, afirma que o reajuste é fruto de
uma decisão política feita a partir da priorização da pasta da educação (Esteves, 2018):
12

Valorizamos financeiramente os nosso educadores e professores bem qualificados


para que a perspectiva futura e atual seja boa, com autoestima elevada, com formações
adequadas. Com isso estimulamos, uma rede de ânimo, para que eles estimulem o
nosso estudante também. Faremos um investimento de 115 milhões de reais este ano,
chegando ao maior salário da categoria e dando continuidade à política que já prati-
camos o ano passado (Camarão,2018).

Devido aos baixos salários, a qualidade de vida do professor é demasiadamente afetada.


Diante de sua carga horária maior, salários menores e plano de carreira desanimador, não é
incomum encontrar educadores desanimados e frustrados com a profissão.
O professor, que carrega nas costas a tarefa de educar gerações, precisa de investime nto,
de salário adequado à sua real importância e carga horária que se restrinja ao seu local de tra-
balho, pois, como qualquer outro profissional, necessita de uma qualidade de vida.
Não é suficiente fazer, agora, o que foi feito nos anos de 1950 e 1960, ou seja, dispor ao
professor novos livros e novos materiais pedagógicos. É de suma importância uma mudança
mais considerável na vida deste profissional, de modo a contribuir para que sua profissão seja
valorizada e que suas condições pessoais e de trabalho reflitam no processo de ensino aprendi-
zagem, definindo sua ação frente ao que ensina aos seus alunos.
Entretanto, vale salientar que a baixa remuneração é apenas um dos fatores que contri-
buem para a má qualidade de vida do professor moderno.

2.4 VIOLÊNCIA CONTRA PROFESSORES


Ser professor, nos dias atuais, tem sido uma tarefa bem difícil, pois a violência é perce-
bida também nas salas de aula, ultrapassando os limites. A violência nas escolas não acontece
somente em bairros de classe baixa, mas está em todos os espaços educativos e sociais. Segundo
apontam especialistas, os principais motivos pelos quais isso tem se configurado se devem à
estrutura familiar desordenada e à falta de recursos financeiros, e afetivos. Fatores estes que
levam à decadência dos valores morais e éticos da sociedade a qual fazemos parte.
Embora com esses dados não possamos generalizar a situação dos professores no Brasil,
estes números nos mostram que somos um dos países com maiores índices de violência no
mundo. Conforme o levantamento feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvime nto
Econômico (OCDE, 2013), cuja pesquisa englobou 34 países, foi confirmado que o Brasil está
em primeiro lugar no ranking entre os países cujos professores são mais agredidos, seguido pela
Estônia e pela Austrália.
13

Por isso, é necessário conhecer essa realidade e apontar soluções, a fim de combater a
violência nas escolas, principalmente contra professores, promovendo respeito e qualidade de
vida melhor ao profissional.

2.5 A SÍNDROME DE BURNOULT


Para entendermos o que vem a ser a Síndrome de Burnoult é necessário, inicialme nte,
entender o que é o estresse e de que forma se diferenciam. A palavra ‘estresse’ deriva-se do
latim e tem como significado “fadiga”, “cansaço”. Em meados do século XVIII e XIX come-
çou-se relacionar esse termo à “força”, “esforço”, “tensão” (Guimarães, Martins, 1999). Assim,
o estresse, nessa ótica, é um processo transitório, de curto período, onde o cérebro tenta acos-
tumar-se às mudanças ambientais do corpo e da mente, sendo que, quando ele aceita essas mu-
danças, diz-se que ele se adaptou e que o indivíduo passou a ter uma vida estável.
Já a síndrome de Burnout (SB) pode ser relacionada a algo característico e particular do
contexto de trabalho, ou seja, estresse ocupacional, pois é nesse meio que se manifestam os
agentes que causam o estresse.
Segundo Pereira (et al, 2003, p. 45):
Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse, ocorre pela cronificação
deste, quando os métodos de enfrentamento falharam ou foram insuficientes. En -
quanto o estresse pode apresentar aspectos positivos e negativos, o Burnout tem sem-
pre um caráter negativo (distresse). Por outro lado, o burnout está relacionado com o
mundo do trabalho, com o tipo de atividades laborais do indivíduo (Pereira et al, 2003,
p.45).

Conforme Harrison (1999), Burnout é consequência de um estresse elevado em ambi-


entes de trabalho, em casos de muita pressão e que não há valorização profissional nem recom-
pensas. Estudos comprovam, que aqueles que trabalham nas áreas humanas, e lidam com pes-
soas, estão condicionados, de forma mais evidente, a adquirir a síndrome de Burnout. Partindo
desse pressuposto, podemos citar, principalmente, profissionais na área da saúde e docentes
(Benevides; Pereira, et al, 2003; Arantes e Vieira, 2002; Carlotto 2002b e 2003a).
Essa síndrome afeta não só a vida profissional dos indivíduos, mas também a pessoal, e
social. No caso do profissional da educação, ela prejudica o andamento de todo o processo
educativo, pois o professor que é acometido desse problema psicossomático está vulnerável a
viver desmotivado e incapaz de progredir em seus trabalhos educacionais, comprometer-se com
a instituição e muito menos com a sociedade, a qual espera que ele desenvolva papel importan-
tíssimo (BATISTA et al.2010).
14

Portanto, infere-se que o professor é um profissional que está vulnerável à Síndrome de


Burnout assim como os demais trabalhadores. A atividade docente é relacionada pela Organi-
zação Internacional do Trabalho – OIT-, já em 1981, como um risco à saúde desses profissio-
nais. Isso porque observa-se que fazem parte da segunda classe mais afetada por doenças ocu-
pacionais no mundo (OIT, 2012).
Esse quadro, segundo Mendes (2015), dar-se-á por diversos fatores psíquicos, tais
como: péssimas condições de trabalho, ritmo acelerado, exigências excessivas, depreciação da
autonomia em sala, falta de políticas públicas para professores, e apoio técnico.
De acordo com o Portal do Professor (2008), a Organização Mundial da saúde (OMS),
em 2008, realizou uma pesquisa na Região Centro Oeste brasileira e chegou à conclusão que
de cada 100 professores pesquisados, pertencentes às escolas públicas, 15 eram acometidos pela
Síndrome de Burnout. Os sintomas se apresentam como: realização profissional insatisfatór ia,
esgotamento emocional elevado e discentes afastados de seus comandos.
Para Carlotto (2012) esses dados merecem uma atenção especial, isto é, faz-se necessá-
ria uma mudança crescente do conhecimento no que diz respeito à incidência desse fator social,
pois está diretamente ligado a custos institucionais por se tratar de mudanças no quadro de
pessoal, baixa produtividade e melhoramento do ensino.
Embora não possamos generalizar esses dados com a porcentagem geral do Brasil, são
números crescentes nos dias atuais, daí a importância de enfatizá- los para que medidas sejam
tomadas em função da luta por uma melhor qualidade de vida docente.

3. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa aplicada, um estudo descritivo com a abordagem qualitativa,
a respeito da importância das questões referentes ao ambiente de trabalho em uma escola pú-
blica. As indagações se mostraram relevantes para a qualidade de vida do professor, quer seja
em seu ambiente de trabalho ou em sua vida particular.
A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho foi especificada como uma
análise exploratória bibliográfica, pois, averiguando a teoria sobre os conceitos da saúde e qua-
lidade de vida dos profissionais da educação, tomamos conhecimento dos prós e contras que
acometem os profissionais desse meio.
As fontes de pesquisa selecionadas consentiram a definição de qual material bibliográ-
fico realmente era de interesse desta análise, sendo separados e citados no decorrer do estudo.
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007, p.13-14), a formação da postura cientifica
não apresenta a característica única da observação. Nasce na infância, através de uma
15

inquietação, e se concretiza com a maturidade observada no pesquisador. Sua principal carac-


terística, com certeza, deve ser o interesse pela pesquisa, devendo ser ela imparcial, honesta,
que não se apropria do plágio como sendo fruto da sua inspiração.
Ainda segundo os autores:
A dúvida é um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação. A dúvida é espon-
tânea quando o equilíbrio entre a afirmação e a negação resulta da falta do exame dos
pós e contra. A dúvida metódica consiste na suspensão fictícia ou real, mas sempre
provisória, do assentimento a uma asserção tida até então por certa para lhe controlar
o valor. A dúvida universal consiste em considerar toda asserção como incerta. É a
dúvida dos céticos (CERVO; BERVIAN; E SILVA, 2007, p.13-14).

De acordo com os autores, a elaboração de um trabalho científico parte da necessidade


de se refletir os fundamentos acerca do assunto, comprovando sua veracidade.

2.6 RESULTADOS E DISCUSSÕES


No decorrer desta pesquisa analisamos as questões relacionadas à qualidade de vida do
professor. Inicialmente, à luz do pensamento de teóricos como Ghiraldelli (2009), Gramms
(2017) e outros, que apresentaram o conceito de qualidade de vida como sendo uma sensação
de bem-estar própria do ser humano, estando relacionado com aspectos físicos, culturais, emo-
cionais e laborais do mesmo.
Em seguida, fundamentado por autores como Godoy (2007) e Ghiraldelli (2009), fize-
mos uma avaliação cronológica do desenvolvimento da educação no Brasil, enfatizando o início
da sobrecarga de trabalho que foi lançada sobre o professor. Também nesse tópico, de acordo
com Miranda (2013) e Lipp (2014), ressaltamos as características do Ensino Fundamental, prin-
cipalmente da primeira etapa que compreende do primeiro ao quinto ano, quais as atribuições
esperadas do professor para esta modalidade de ensino e o que a atuação profissional do mesmo
pode sofrer em decorrência das diversas exigências de sua competência.
Os quatro tópicos seguintes apresentaram, de forma mais esclarecedora, algumas causas
e consequências da sobrecarga de trabalho, uma das principais causas da má qualidade de vida
dos professores. Encontraram-se os problemas com a infraestrutura das escolas, que verifica-
mos estarem previstas no Plano Nacional de Educação as metas de implantação de melhor ias
das mesmas, visando um maior bem-estar para a diversidade e também ao educador (Observa-
tório PNE, 2013); a questão salarial, que sabidamente afeta a classe docente sobremaneira, pois
faz com que a mesma tenha uma extensa carga horária laboral e serviços domiciliares (Esteves,
2018); O agravante das constantes agressões recebidas pelos educadores por parte dos alunos,
onde, de acordo com a OCDE (2013), o Brasil ocupa o primeiro lugar; e, por último, foi apre-
sentado a Síndrome de Burnout, uma doença adquirida pelo professor em consequência dos
16

males sofridos no ambiente de trabalho (Carlotto, 2012; OIT, 2012; Pereira 2013, dentre ou-
tros).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A qualidade de vida do professor que atua, principalmente, no Ensino Fundamental I
tem ganhado destaque por estudiosos da educação. A introdução desta pesquisa nos apresenta
o método pelo qual ela foi elaborada, sendo uma revisão bibliográfica de cunho qualitativo,
visando fundamentar o trabalho com estudos das causas e consequências dos problemas de sa-
úde dos quais vem sofrendo os educadores.
Iniciamos com a apresentação do conceito de qualidade de vida como sendo um estado
de satisfação do ser humano diante das suas realizações pessoais e laborais. Em seguida, fize-
mos uma apresentação da trajetória da educação no Brasil, com o objetivo de explicar quando
as atividades do professor, que sempre foram precárias, começaram a afetar sua saúde devido
ao aumento das suas atribuições pedagógicas. Ainda apresentamos o Ensino Fundamental e o
que se espera do professor nessa etapa, verificando que as diversas atividades, atribuídas a ele,
principalmente na primeira etapa, tem afetado sua qualidade de vida e provocado doenças.
Em seguida, comentamos algumas situações que agravam a saúde do professor, das
quais destacamos: a questão da defasagem salarial; as metas para melhoria da infraestrutura das
escolas; a violência sofrida pelos educadores na sala de aula; o acometimento do professor por
uma grave doença, denominada de síndrome de Burnout, que pode afetar sua vida pessoal,
profissional e causar-lhe depressão.
Como propostas de intervenção entendemos que para a aquisição de uma qualidade de
vida favorável, engloba-se todos os fatores acima citados, e que no contexto atual da educação
necessita ser observado com mais rigor, pois, para haver uma educação de qualidade necessita
de profissionais bem capacitados, que estejam enquadrados por leis, e essas leis visem uma
infraestrutura capaz de satisfazer as necessidades educacionais em todos os seus aspectos indi-
viduais, bem como um piso salarial adequado para condições pessoais e profissionais dos pro-
fissionais da educação para que não busquem outras opções de trabalho em horários diferentes
aumentando a carga horária e tendo trabalhos em excesso, que os educadores possam apropriar -
se de mais tempo para planejar suas aulas sem interferências pessoais.
Em se tratando de violência contra professores, reforçar a segurança nas escolas para
combater os casos mais frequentes, e promover, desde a educação infantil, campanhas contra a
17

violência em todos os aspectos, principalmente contra professores que é um dos assuntos deste
artigo.
Que em todas as escolas possa ter um profissional a fim de que faça um acompanha-
mento psicológico com aqueles profissionais que estão em sala, inclusive daqueles que estão
sofrendo algum tipo de violência ou estão sendo acometidos por algum tipo de problema psi-
cossomático, e o mesmo seja encaminhado a um tratamento, tendo suporte adequado, caso seja
constatado a Síndrome de Burnout.
Aponta-se também, a criação de um Estatuto do Aluno e do Educador, isto é, um estatuto
escolar, em visão de que nele estejam descritos direitos e deveres do aluno e do professor, bem
como de todas as pessoas que parte da comunidade escolar, onde este possa ser incluído nas
escolas, começando pela educação infantil até a formação de professores, essas são algumas
das intervenções possíveis para melhoria da qualidade de vida desses profissionais.
Assim, fica evidente que há muito caminho a ser percorrido para que a qualidade de
vida do professor de Ensino Fundamental seja melhorada. Esse trabalho não esgota o tema, mas
promove a discussão, mostrando pontos que podem e devem ser considerados nessa jornada.
Contudo, o estudo desse tema demonstrou ser de grande valia em consideração à impor-
tância dos professores, pois se os mesmos não gozam de uma qualidade de vida favorável,
consequentemente não iremos dispor de uma qualidade do ensino, pois ambos são intrínsecos
no sistema educacional, e que esse trabalho portanto, sirva de base para futuras e eventuais
políticas públicas educacionais dentro das necessidades dos professores tão claramente expos-
tas nesse artigo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APEOESP. Pesquisa aponta que 44% dos professores já sofreram agressão verbal nas escolas
estaduais de SP. www.apeoesp.org.br. São Paulo, 2017. Disponível em: < http://www.apeo-
esp.org.br/publicacoes/observatorio-da-violencia/pesquisa-aponta-que-44-dos-professores-ja-
sofreram-agressao- verbal-nas-escolas-estaduais-de-sp/> Acesso em: 23 nov. 2018
AZEVEDO, Guilherme. Nenhum estado cumpre meta de qualidade no ensino médio, mos-
tra IDEB 2017. São Paulo, 2018. Disponível em: < https://educacao.uol.com.br/noti-
cias/2018/09/03/nenhum-estado-cumpre- meta-de-qualidade- no-ensino- medio- mostra- ideb-
2017.htm >. Acesso em: 17 set. 2018.
BENEVIDES-PEREIRA, A.M.T; JUSTO, T; GOMES, F.B.; SILVA, S.G.M; VOLPATO, D.C.
Sintomas de estresse em educadores brasileiros. Aletheia, 17/18, 63-72, 2003
18

Carlotto, M. S. (2012) Sindrome de Burnout em professores: avaliação, fatores associados


e intervenção. Porto: LivPsic.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica: para uso dos estu-
dantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto da. Metodologia Científica.
– 6. Ed. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
DELCHIARO, Eliana Chiavone. Orientação e prática de projetos de ensino fundamental.
São Paulo: Editora Sol, 2013. 188p. il.
ESTEVES, Eduarda. Remuneração adequada do professor ainda é desafio diário: Condi-
ções de trabalho e os salários dos professores são sempre citados como principais empeci-
lhos na melhoria da qualidade da educação no Brasil. Diário Leia Já. http://www1.le i-
aja.com/carreiras/2018/06/29/remuneracao-adequada-do-professor-ainda-e-desafio-diario/ >.
Acesso em: 27 set. 2018.
GHIRALDELI, Paulo Júnior. Filosofia e história da educação brasileira: da colônia ao go-
verno Lula. Barueri, SP: Miranda, 2009.
GODOY, Antônio Rodrigues. Vivenciando a Educação Inclusiva. Curitiba – Protexto, 2010.
vi, 158p.
GONÇALVES, A; VILARTA, R. Qualidade de vida e atividade física- explorando teorias e
práticas. Barueri-SP: Manole, 2004.
GRAMMS, Lorena Carmen, LOTZ, Erika Gisele. Gestão da qualidade de vida no trabalho
[livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes, 2017. Disponível em:< https://bv4.digitalpa-
ges.com.br/?term=caracteristicas%2520do%2520professor%2520do%2520ensino%2520fun-
damental%2520primeira%2520fase&searchpage=1&filtro=todos#/busca> Acesso em: 12 dez.
2018.
https://www.guiadacarreira.com.br/salarios/conheca-o-piso-salarial-das-principais-profis-
soes/> Acesso em 17 de setembro de 2018.
https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/O-que-pensam-os-professores-brasileiros-so-
bre-a-tecnologia-digital-em-sala-de-aula/> Acesso em 17 de setembro de 2018
LIPP, Marilda. O stress do professor [livro eletrônico]. Campinas, SP: Papirus, 2014. Dispo-
nível em: < https://bv4.digitalpages.com.br/?term=caracteristicas%2520do%2520profe s-
sor%2520do%2520ensino%2520fundamental%2520primeira%2520fase&searchpage=1&fil-
tro=todos#/busca> Acesso em: 12 dez. 2018.
19

LOURENCETTI, Gisela do Carmo. A baixa remuneração dos professores: Algumas reper-


cussões no cotidiano da sala de aula. Cuiabá-MT, 2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Ci-
ências Humanas) - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO.
Mendes, M.L. M. (2015). A precarização do trabalho docente e seus efeitos na saúde dos
professores da Rede municipal de Ensino de Recife . Revista Humanae, 9(1), 62-75.
MINAYO, Maria Cecília de Souza; HARTZ, Zulmira Maria de Araújo; BUSS, Paulo Marchi-
ore. Qualidade de Vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva (online).
Rio de Janeiro, 2000, v.5, n.1, p.7-18. ISSN 1413-8123. Disponível em: < http://www.sc i-
elo.br/scielo.php?pid=S141381232000000100002&script=sci_abstract&tlng=pt> Acesso em:
11 dez. 2018.
MONLEVADE, João Antônio Cabral de. Valorização salarial dos professores: O papel do
Piso Salarial Profissional Nacional como Instrumento de Valorização dos Professores da Edu-
cação Básica Pública. Campinas, SP Tese () - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS,
2000.
MORENO, Ana Carolina. Brasil cai em ranking mundial de educação em ciências, leitura
e matemática: Dados do Pisa, prova feita em 70 países, foram divulgados nesta terça; Bra-
sil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemá-
tica. globo.com/g1. 2016. Disponível em:https://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-ca i-
em-ranking- mundial-de-educacao-em-ciencias-leitura-e-matematica.ghtml Acesso em: 16
nov. 2018.
NEVES, Siduana Facin. Trabalho docente e qualidade de vida na rede pública de Pelo-
tas. Pelotas-RS, 2008. 104 p. Dissertação (Políticas Sociais) - UNIVERSIDADE CATÓLICA
DE PELOTAS, 2008.
NEXO. São Paulo, 22 ago. 2017. Educação. Disponível em: https://www.nexojor-
nal.com.br/expresso/2017/08/22/A- viol%C3%AAncia-contra-professores- no-Brasil-em-novo-
epis%C3%B3dio Acesso em: 23 nov. 2018.
OLIVEIRA, Adalberto Henrique da Cunha. Agressões e violência contra professores nas es-
colas públicas. João Pessoa, 2014. 46 p. Monografia (Fundamentos da educação) - UNIVER-
SIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Organização Mundial do Trabalho- OIT (2012). Cartilha sobre o trabalhador(a). Conceitos, di-
reitos, deveres e informações, sobre a relação de trabalho.
Piso Salarial do Magistério para 2018. undime.org.br. 2017. Disponível em:< https://un-
dime.org.br/noticia/21-12-2017-10-00-piso-salarial-do-magisterio-para-2018 > Acesso em: 23
nov. 2018.
20

PNE, Observatório. Disponível em < http://www.observatoriodopne.org.br/metas-pne/7-apre n-


dizado-adequado-fluxo- >. Acesso em: 17 set. 2018.
Portal do INEP. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publis-
her/B4AQV9zFY7Bv/content/o-que-e-o-pisa/21206/
VIEIRA, I.C. GUIMARÃES, I.A.M. MARTINS, D.O estresse profissional em enfermeiros.
Série Saúde mental e trabalho. São Paulo. Casa do psicólogo, 1999.
VILARTA, Roberto; GONÇALVES, Aguinaldo Qualidade de Vida – concepções básicas vol-
tadas à saúde. In: GONÇALVES, Aguinaldo e VILARTA, Roberto (orgs.). Qualidade de Vida
e atividade física: explorando teorias e práticas. Barueri: Manole, 2004, p.27-62.

Você também pode gostar