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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI- UESPI

NUCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTANCIA-NEAD


LICENCIATURA PLENA EM HISTORIA

A BAIXA REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NA POLITICA PIAUIENSE: Uma


Analise no Município de Cocal de Telha entre os anos de 2012 a 2016.

RESUMO
Esta pesquisa tem por finalidade compreender a questão da
baixa participação das mulheres na política. Abordando como tema
principal a sua baixa representação em municípios menos desenvolvidos
no Piauí, analisando de forma mais detalhado o município de Cocal de
Telha. Para esta analise utilizamos dados eleitorais de disputas entre os
anos de 2012 a 2016 e dados a partir de uma pesquisa qualitativa com
mulheres atuantes na política municipal.

ANTONIA TAMIRES DA SILVA LOPES

PIRIPIRI, 30 DE MARÇO DE 2020


SUMÁRIO

Apresentação da problemática de estudo........................................ 3


Justificativa.......................................................................................... 10
Objetivos.............................................................................................. 11
Referências.......................................................................................... 12
APRESENTAÇÃO DA PROBLEMÁTICA DE ESTUDO

Para esta analise, a pesquisa fundamentou-se na literatura já existente


sobre o tema proposto, analisando dados presentes no tribunal superior eleitora
(TSE), referente a eleições de 2012 e 2016, e através de entrevistas com mulheres
atuantes na política local. Os dados apresentados nesta pesquisa são fontes
coletadas a partir do repositório do TSE. Somando a estes dados, uma pesquisa
bibliográfica em livros, artigos e em outras pesquisas com temas semelhantes. Foi
realizada uma entrevista qualitativa com mulheres atuantes na política local, sendo
elas a atual prefeita do município e duas vereadoras, que aconteceu na prefeitura
municipal e na camara municipal de vereadores. A unidade de observação foi o
município de cocal de telha.
Ha mais de meio século as mulheres brasileiras conquistaram a plena
cidadania, porem sua participação é ínfima. Tabak, 1982, questionava a pouca
quantidades de mulheres ocupando lugares nas câmeras de vereadores, assembleia
legislativa e congresso brasileiro, e mesmo sendo mais da metade da população
continua excluída de fontes de informação. De modo geral, o papel da mulher na
política continua restrito, e em muitas vezes a única forma de participar é na hora do
voto.
Segundo dados publicados no site do IBGE no ano de 2016 a população
contava com cerca de 206.783.322 bilhões de pessoas, sendo que as mulheres
representavam 51,03% da população. No mesmo ano, no estado do Piauí a
população estimava em 3,2 milhões de pessoas, as mulheres correspondiam a 51%
da população do estado. Embora essa estimativa represente uma maioria, a
representação feminina na política é mínima, por uma serie de fatores sociais,
culturais e políticos.
A participação da mulher no processo de decisão política ainda
é extremamente limitada, em praticamente todos os países,
independente do regime econômico e social e da estrutura
institucional vigente em cada um deles. É fato publico e notório,
alem de empiricamente comprovado, que as mulheres são em
geral sub-representadas nos órgãos do poder, pois a proporção
em que aparecem não correspondem jamais ao seu peso
relativo na população. (TABAK, 1989, p. 26)

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Existem poucos estudos na literatura que discutem sobre a representação
da mulher no estado do Piauí. Alem do mais, o estado é historicamente influenciado
por elites ligadas a famílias tradicionais do estado 1. Em alguns estudos acadêmicos
evidência o perfil oligárquico da política piauiense para a ocupação de cargos
eletivos.
Dados do TSE mostram que a participação da mulher na política
piauiense aparece retraída como restante do País. Porem, mesmo que o numero de
mulheres que se candidatam seja considerado pequeno em relação a sua
população, ela vem apresentando um crescimento ao longo dos anos. Crescimento
este que pode ser influenciado por fatores como: políticas de ações afirmativas,
movimentos sociais e cobranças realizadas por organizações internacionais.
Segundo Miguel (2014), o numero de mulheres que entram para política
tem aumentado. Porem este número esta estimado em meio ponto percentual, que é
considerado baixo.
TABELA 1: Percentual de mulheres candidatas nas câmaras municipais

TABELA 2: Eleitorado no município de Cocal de Telha, ano de 2012.

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Destacam-se, entre os estudos, sobre esta temática: a tese de John da Silva (1999), a dissertação de Manoel
Ricardo Arraes Filho (2000) e a dissertação de Vítor Eduardo de Sandes Freitas (2010).
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FONTE: Tribunal Superior Eleitoral.

TABELA 3: Candidatos por gênero no estado do Piauí, no ano de 2012.

FONTE: Tribunal Superior Eleitoral

TABELA 4: Eleitorado no município de Cocal de Telha, no ano de 2016.

FONTE: tribunal superior eleitoral.

TABELA 5: Candidatos por gênero no município de Cocal de telha, ano de 2016.

FONTE: Tribunal Superior Eleitoral.

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É bem comum, a entrada de mulheres a candidatas, apenas para
preenchimentos de vagas ou por falta de candidatos, em alguns casos pela
impossibilidade de candidatura do marido, pai ou irmão. De acordo com pinheiro
(2010) as mulheres que participam da política desta forma não consegue atuar de
acordo com suas convicções e bandeiras. Outro entrave observado no município
assim como em todo estado do Piauí é que para que as mulheres consigam adentrar
no mundo político é necessário o apoio de pares políticos, em especial membros
familiares que já tenham participação e experiências na política. As mulheres
somam-se ao então comentado histórico de oligarquizarão.
Alguns estudiosos, como Arraes (2000), descreve que a unidade da
organização política no Piauí é o núcleo familiar, sendo então os clãs familiares um
relevante instrumento no recrutamento político e nos resultados das eleições a nível
municipal e estadual. Observa-se também não apenas a questão da hereditariedade
política, mas mulheres envolvidas em trabalho social se tornou essencial para que
estas adquirissem capital político.
Diante dos resultados apresentados, percebe-se que existe um empecilho
diante da mulher a se inserir na política, mesmo com a criação de políticas para
diminuir esse déficit, não mostram eficácia. A mulher e o ambiente domestico se
colocam como principal dificuldade, assim como a necessidade de tempo e falta de
recursos financeiros. Para identificar tais dificuldades, esta pesquisa realizou uma
entrevista qualitativa com três mulheres eleitas no ano de 2016 na cidade de Cocal
de Telha.
TABELA 6 – Perfil das Entrevistadas.
Atual prefeita do município, filiada ao
ENTREVISTADA 1 PP, tem dois filhos e é casada.
Vereadora do município, filiada ao
ENTREVISTADA 2 PP, tem dois filhos e é casada.
Vereadora do município, filiada ao
ENTREVISTADA 3 PMDB, tem dois filhos e é casada.
FONTE: Autor Próprio.
Uma das principais barreiras enfrentadas pela mulher na política esta
ligada a sua condição social. Segundo Miguel (2015), a família é fundamental na

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vida de uma pessoa que pretende seguir carreira política. Porem para as mulheres é
mais difícil receber esse apoio.
Apesar dos avanços dos direitos femininos muita ainda
deve ser feito. Nossa sociedade é patriarcal e o homem é
considerado o chefe da família mesmo por muitas
mulheres emancipadas. (entrevistada 1)
Não acho que o casamento seja uma dificuldade. Tudo
vai da maneira com que conduzimos e interpretamos as
coisas. Acredito sim, que um bom marido e bons filhos,
assim como a família geral são uma composição básica e
de suma importância na construção de qualquer carreira
solida e não seria diferente na política. (entrevistada 2)
É no seio familiar onde encontramos apoio para enfrentar
os desafios na vida política. (entrevistada 3)
De acordo com a fala da primeira entrevistada, é possível perceber que
ela vivencia a dificuldade que a mulher tem em seguir uma carreira política.
Quando perguntadas sobre a questão de política diferenciada da mulher,
fica bem visível que em muitas ocasiões determinados assuntos não são tratados
diretamente com elas. Elevando muitas vezes a sua condição feminina como
justificativa de fazer uma política melhor, uma vez que a mulher tem mais
capacidade para dar assistência à população.
Não me sinto inferior, mais somos colocadas em situações e
locais inferiores. Muitas mulheres só estão ocupando vagas na
política porque a lei obriga, mas não são donas das suas
decisões. (entrevistada 1)
Aprendi desde cedo que somos quem acreditamos que somos
e baseada em nossos sonhos, visões, planejamentos e
crenças que realizamos todos os nossos objetivos,
independentemente de gênero. Sinceramente, não me troco
por nenhum político do gênero masculino. (risos) (entrevistada
2)
Temos os mesmos valores e direitos que são amparados pela
constituição federal, onde as mulheres estão cada vez mais
conquistando seu espaço na política. (entrevistada 3)
Apesar de o Brasil ter uma legislação que favoreça a mulher a participar
da política, ainda existem empecilhos culturais que a impeçam realmente de
participar.
Com certeza a mulher ainda tem três jornadas de trabalho,
mesmo trabalhando fora, cuida da casa e dos filhos. Isso

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porque o homem normalmente não ajuda no lar. (entrevistada
1)
Ainda existem sim e não é de hoje. Devido à cultura antiga de
não inserção das mulheres no mercado de trabalho, de certa
forma também atinge diretamente na participação das
mulheres no sistema democrático brasileiro. Mas a situação
tem mudado significativamente nos dias de hoje com o sistema
de cotas de gênero. Mas ainda é muito pequeno, o número de
mulheres exercendo cargo político. (entrevistada 2)
A fala das participantes dessa pesquisa também confirma o que a
literatura tem destacado sobre a situação da mulher hoje na política, sobretudo em
relação ao espaço, o qual ainda é bastante restrito e é oficialmente masculino. De
acordo com Matos (2014), a presença do patriarcalismo na sociedade brasileira
exclui diversas minorias do espaço político entre elas, as mulheres. Esta é uma
característica que continua viva em nosso espaço social e político, embora seja
papel do Estado promover condições iguais para todos, isto é, condições para que
todos tenham as mesmas oportunidades de acesso, independente de gênero e
origem social.
Uma das perguntas direcionadas as entrevistadas foi: Vamos falar de lei
de cotas para mulheres, qual sua opinião geral da lei de cotas no Brasil e por quê?
Tivemos as seguintes respostas:
Infelizmente a cota funciona pra eleger o sexo feminino e não
mulheres que realmente tem tino pra política. Essas são
vetadas muitas vezes pelos homens que querem continuar
mandadas pelos maridos e pais. Sou a favor da paridade 50%
de cada gênero. (entrevistada 1)

Na verdade, quanto à disputa de eleições para cargos políticos,


não são cotas para mulheres e sim cotas de gênero, mas que
na maioria das vezes as cotas vêm para mulheres, devido a
grande participação dos homens nos pleitos. Essa cota é de
30% obrigatoriamente, que em minha opinião influencia
diretamente e estimula as mulheres a participarem.
Os dados das últimas eleições municipais demonstram a falta
de representação feminina nas câmaras e prefeituras de todo o
país. Cerca de somente 13,42% do total de cargos eletivos
municipais foram compostos por mulheres.
Em Cocal de Telha temos o privilégio de ter uma prefeita e
duas vereadoras, além de secretárias municipais e diversas
mulheres ocupando cargos de chefias, coordenações, dentre
outras funções de grande importância, ressaltamos também a
existência da "Coordenadoria da mulher de Cocal de Telha".
Temos sempre ao longo do nosso mandato, desenvolvido e
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apoiado ações direcionadas as políticas públicas direcionadas
as mulheres. (entrevistada 2)

Sou a favor, pois essa cota feminina é uma forma das mulheres
estarem presentes na política, onde as mulheres e os homens
têm direitos iguais, como por exemplo, o fundo partidário na
qual é distribuído de forma igualitária. “por que lugar de mulher
é onde ela quiser”. (entrevistada 3)

Todas as participantes concordam com as cotas eleitorais, pois acreditam


que é um instrumento positivo que contribui com a participação da mulher na
política. Para a literatura atual, existem diversas medidas que devem ser tomadas
para que, de fato, seja possível a inserção da mulher na política institucionalizada
em vez de cotas, tendo em vista que as realizações desse processo não obtiveram
êxito.
De modo geral, houve avanços na representação da mulher na política,
porem ainda é considerado pequeno. Contudo deram um passo a frente na
participação política em nível municipal. A baixa participação feminina na política
não representa o papel desempenhado por ela em outras atividades.

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JUSTIFICATIVA

O presente trabalho se justifica a partir da baixa participação da mulher na


política e na sua importância para a sociedade atual. Assim no propósito de
cooperar com o debate sobre a representação da mulher no meio político, o trabalho
visa verificar como ocorre sua participação e quais barreiras enfrentadas ate sua
inserção na política. Sobre tais barreiras, Miguel (2015) afirma que existem entraves
estruturais, podendo relacionar a mulher com a vida domestica. Tais entraves inibem
a mulher a optar por uma carreira política, reafirmando assim, a ideia de que a
política não é uma área para mulheres atuarem.
A escolha desse assunto baseia-se na problemática: por que apesar das
mulheres estarem em maior numero populacional, sua representação na política
ainda é baixa?
A pesquisa levou em consideração preconceitos cultural que a sociedade
impõe diante das mulheres. Problemas entre gêneros, cultura e o machismo
continuam muito atuais e merecem ser discutidos e estudados.

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OBJETIVOS

Objetivo geral
 Problematizar a baixa representação da mulher na política, desmitificando
preconceitos culturais impostos pela sociedade.
Objetivos específicos
 Incentivar a participação política feminina.
 Estimular a participação da comunidade e das lideranças locais no processo
de construção de uma educação voltada para a formação de cidadões
conscientes de seu papel na sociedade.
 Conduzir e conscientizar a população feminina em relação a sua inserção na
política.
 Fazer com que os governantes assegurem à observância as leis, difundindo
uma cultura de respeito e proteção aos direitos políticos e sociais das
mulheres.

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REFERENCIAS

ARRAES, M. R. Oligarquias e elites políticas no Piauí. Dissertação de mestrado


não publicada, Universidade de Campinas, São Paulo, 2000.

IBGE, http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/

MATOS, M;. PARADS, C. Desafios à despatriarcalização do Estado Brasileiro.


Dossiê O Gênero Da Política: Feminismos, Estado E Eleições. Cadernos Pagu,
2014.

MIGUEL, L. F; MARQUES, D. ; MACHADO, C. Capital Familiar e Carreira Política no


Brasil: Gênero, Partido e Região nas Trajetórias para a Câmara dos Deputados,
Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, vol. 58, no 3, 2015.

PINHEIRO, S. M. Vozes Femininas na Política: uma análise sobre mulheres


parlamentares no pós-Constituinte. Brasília; Secretaria Especial de Políticas para
as Mulheres, 2007.

TABAK, F. A Mulher Brasileira no Congresso Nacional. Brasília: Câmara dos


Deputados, Coordenação de Publicações, 1989.

TABAK, F. TOSCANO, M. Mulher e Política. Rio de Janeiro. Paz e terra, 2002.

TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. TSE. Disponivel em:


http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/repositorio-de-dados-eleitorais-
1/repositorio-de-dados-eleitorais

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