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Acordo de Bicesse

Os Acordos de Bicesse constam de um documento, assinado no Estoril


em 1991, e previam o fim da guerra civil em Angola, a implementação do
sistema democrático e a realização de eleições livres no país. Apesar do
acordo a guerra continuou até 2002.

José Eduardo dos Santos, por parte do governo angolano, e Jonas Savimbi,
líder da UNITA, foram os signatários do documento. Assinado em 31 de Maio
de 1991, o acordo  tinha como principal objetivo terminar com a guerra civil e
marcar eleições, que tiveram lugar nos dias 29 e 30 de setembro de 1992.

A UNITA seria derrotada no ato eleitoral e, pouco depois, a violência regressou,


primeiro às ruas de Luanda e depois ao resto do país, com o renascer da
guerra civil. Os confrontos entre o governo e a UNITA só cessariam após a
morte de Jonas Savimbi.

A assinatura do acordo contou com a mediação portuguesa, nomeadamente de


Durão Barroso, então Secretário de Estado dos Assuntos Externos e da
Cooperação, e também com os EUA e União Soviética no papel de
observadores.

Numa fase posterior ao acordo de Bicesse, e de novo com o objetivo de parar


guerra, seria assinado o Protocolo de Lusaca, que mais uma vez não teria os
resultados esperados.

MPLA e UNITA já tinham sido subscirtores do acordo de Alvor, assinado na


seqência do processo de independência e que também não tinha dado
resultados práticos.

Acordo de Gbadolite

O Acordo de Gbadolite foi um “pacto” de cessar-fogo, nascido de várias


reuniões/cimeiras conjuntas entre o Governo de Angola, decorridas entre 25 de
Abril à 22 de Junho de 1989. O Governo de Angola esteve representado pelo
presidente José E. dos Santos, e as “forças” da UNITA, representada pelo seu
presidente / líder Jonas Malheiro Savimbi, sob mediação de vários líderes
africanos, encimados pelo antigo presidente do ex-Zaire Mobutu Sese Seko. A
cimeira culminou com a proclamação da entrada em vigor do cessar-fogo em
Angola  às 00h00 do dia 24 de Junho de 1989.

ANTECEDENTES

O abrandamento da Guerra fria em 1989: com a aproximação do fim da “ era


soviética” e, com aproximação da queda do Muro de Berlim (Novembro de
1989), registou-se uma mudança no desenvolvimento da guerra em Angola.
Outro factor preponderante foi os “acordos de Nova Iorque”: negociado entre
Angola, Cuba e África do Sul, sob observação dos EUA, que estabelecia a
retirada de todas forças estrangeiras do território angolano e determinava a
aplicação da resolução 435/78( resolução que determinava a autodeterminação
do povo namibiano).

A PROPOSTA DE PAZ DO GOVERNO DO MPLA: “a solução africana”

O plano de paz para Angola do governo do MPLA continha a seguinte


proposta:

-Respeito pela Constituição e pelas principais leis da República de Angola

-integração das forças da UNITA nas instituições da República de Angola

-Afastamento voluntário de Jonas Savimbi na politica angolana.

O MPLA buscava a rendição da UNITA e o exílio de Jonas Savimbi, mantendo


o seu sistema de partido único.

A PROPOSTA DE PAZ DA UNITA

-Revisão da Constituição

-Realização de eleições gerais em Angola.

-Garantia de não exílio de Jonas Savimbi e negociações directas entre o MPLA


e a UNITA.

-Formação de um governo de unidade e reconciliação nacional. ( Muekália,


2010)

COLISÃO INEVITÁVEL

Apesar de Gbadolite apelidar-se de “cimeira de paz”, as duas partes


encontravam-se desavindas. Tanto o governo como a UNITA viviam num clima
de “desconfiança mútua”, não conheciam as verdadeiras intenções de cada um
e, duvidam mutuamente dos respectivos planos de paz. ( Fernandes e
Capumba, s/d).

De um lado, a UNITA “desconfiava” dos mediadores africanos, entre eles


Mobutu, Robert Mugabe, Kenneth Kaunda, Omar Bongo, e Denis Sassou
Nguessou. Para a UNITA a falta de “experiência” democrática dos mediadores
podia “minar” o processo de paz.

Do outro lado, o MPLA continuava relutante em “sentar-se à mesma mesa” que


a UNITA. Continuava firme em sua posição de vantagem, defendendo o exílio
político de Savimbi, enquanto iam-se convencendo moral e materialmente da
possibilidade de uma “ofensiva de sucesso” contra Mavinga.

O COMUNICADO FINAL DA CONFERÊNCIA


Depois de várias reuniões intermináveis e (quase) inconclusivas, marcadas por
uma mediação que procura relançamento político na arena internacional e, que
granjeava-se por ter sido o primeiro a reunir à mesma mesa José dos Santos e
Jonas Savimbi, a conferência emitiu o seguinte comunicado: a vontade de
todos angolanos de porem fim à guerra, a cessação de todas hostilidades no
território, a entrada em vigor do cessar-fogo às 00h00 do dia 24 de Junho de
1989 e a formação de uma comissão para continuar o processo, sob mediação
de Mobutu.

O LEGADO, 28 anos depois

Apesar de ter fracassado, Gbadolite foi o inicio do “trilhar do caminho da paz”.


A partir dele as partes passaram a falar mais em “negociação”, “processo de
paz” e “ reconciliação”. Gbadolite marca também o primeiro encontro oficial de
paz entre José dos Santos e Jonas Savimbi. Gbadolite foi m dos primeiro
passo da reconciliação nacional dado  em 1989. Hoje, 28 anos depois, este
processo deu significativo avanço através dos tratados de paz subsequentes e,
que culminou com o memorando de Luena em 2002. Gbadolite faz-nos
repensar a História de Angola. Mostra que ontem os anti-democráticos hoje
“super democráticos”. Gbadolite mostra que estamos longe de considerar a
“reconciliação nacional” concluída e, que todos devemos trabalhar para tal
desiderato.

Acordo de Nova York


O Acordo entre a República Popular de Angola, a República de Cuba e a República da
África do Sul (em inglês: Agreement among the People's Republic of Angola, the
Republic of Cuba, and the Republic of South Africa [1]), também conhecido como Acordo
Tripartido, Acordo das Três Potências ou Acordos de Nova Iorque, concedeu a
independência à Namíbia da África do Sul e encerrou com o envolvimento direto de
tropas estrangeiras na Guerra Civil Angolana. Os acordos foram assinados em 22 de
dezembro de 1988,[1] na sede das Nações Unidas [1] em Nova Iorque pelos Ministros das
Relações Exteriores da República Popular de Angola (Afonso Van-Dunem),[1] da
República de Cuba (Isidoro Malmierca Peoli)[1] e da República da África do Sul (Roelof F.
Botha).

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