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Aula teórica 9 - Tratamento farmacológico do diabetes - Drogas não insulínicas

Bases do tratamento do diabetes mellitus:

1. Orientação nutricional
2. Atividade física
3. Medicamentos antidiabéticos (orais e injetáveis)
4. Monitoramento do controle glicêmico
5. Educação para adesão

Sensibilizadores da insulina:

1. Metformina:
a. Classificação:
i. Biguanida
b. Mecanismo de ação:
i. Diminui a produção hepática de glicose (gliconeogênese)
ii. Melhora discreta na captação de glicose no músculo
iii. Não tem ação na célula β e não influencia a secreção de insulina diretamente
c. Outros potenciais mecanismos de ação:
i. Mudança da microbiota intestinal (microorganismos mais benéficos, que
causam menos resistência insulínica e processos inflamatórios)
ii. Ativação de GLP-1 (incretinas)
d. Benefícios e informações adicionais:
i. Não promove produção de insulina, não causa hipoglicemia, não induz
ganho de peso
ii. UKPDS: metformina foi associada a diminuição das mortes relacionadas ao
diabetes e diminuição de mortes por todas as causas
iii. Espera-se com o uso da metformina uma redução da HbA1c de 1,5 a 2%
e. Posologia:
i. 1000 a 2550 mg após as refeições, 1 ou 2 vezes ao dia
ii. Apresentação de 500, 850 e 1000 mg, XR (liberação prolongada)
f. Efeitos adversos:
i. 15 a 20% dos pacientes apresentam algum desconforto gastrointestinal
(náusea, diarreia)
ii. Uso crônico pode gerar deficiência de vitamina B12 por diminuição da
absorção
iii. Raramente leva a um quadro de acidose lática, está mais relacionada com
aumento do ácido lático circulante
g. Contraindicações:
i. Paciente com acidose metabólica ou em risco de desenvolvimento (pode
agravar o quadro): ex. sepse, doenças graves (DPOC descompensada),
insuficiência cardíaca
ii. Doença hepática crônica
iii. Alcoolismo
iv. Disfunção renal (TFG < 30)
Secretagogos de insulina:

1. Sulfoniureias
a. Mecanismo de ação:
i. Atua no fechamento dos canais de potássio na membrana das células β, o que
gera abertura dos canais de cálcio e consequente secreção de insulina
ii. Não aumentam a biossíntese de insulina
iii. Como ela apenas estimula a saída da insulina, o tratamento não é efetivo para
pacientes pancreatomizados ou com lesão autoimune de células β
b. Eficácia:
i. Parecida com a da metformina, com redução da HbA1c entre 1,5 e 2%
c. Medicações disponíveis:
i. Glibenclamida, glipizida, glicazida MR, glimepirida
d. Efeitos adversos:
i. Hipoglicemia
ii. Ganho de peso (7% do peso inicial)
iii. Clorpropamida não é mais utilizada, mas costumava causar retenção hídrica e
hiponatremia
iv. Raramente causa efeitos hematológicos e gastrointestinais
v. Glibenclamida tem afinidade pelo receptor cardíaco de sulfoniureia (SUR 2A),
em estudos experimentais observou-se que células sob efeito dessa droga, em
um processo de isquemia, podem aumentar a área isquêmica → Evitar
glibenclamida em pacientes com doença cardiovascular estabelecida ainda é
muito controverso
2. Glinidas (derivados da metiglitinida e da fenilalanina)
a. Classificação:
i. Secretagogos de curta duração sem grupamento sulfoniureia
b. Medicamentos disponíveis:
i. Repaglinida e nateglinida
c. Mecanismo de ação:
i. Promovem a secreção de insulina atuando no receptor de glicose das células β
d. Eficácia:
i. Reduzem a HbA1c entre 0,8 e 1,7%
e. Efeitos colaterais:
i. Hipoglicemia e discreto ganho ponderal, menos frequente que a sulfoniureia
f. Principais indicações:
i. Hábito irregular de alimentação: se tomar secretagogo de ação prolongada
não dependente de glicose, corre o risco de fazer hipoglicemia; as glinidas são
tomadas junto com a alimentação e dependem da glicose para agir
ii. Insuficiência renal: metabolização e excreção independem da performance
renal, uma vez que é feita pelo trato gastrointestinal
g. Limitações:
i. Medicações caras e disponibilidade limitada
ii. Diminuição da adesão por ter que ser administrada em todas as refeições
Tiazolidinedionas

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