Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As festas juninas brasileiras inserem-se num longo processo iniciado com a cristianização de
ritos imemoriais que celebravam o solstício de verão na Europa e no Oriente Médio.
Dessa forma, a Páscoa foi inserida na estação da primavera enquanto o Natal e o São João
cristianizaram os ritos tradicionais dos solstícios de inverno e verão do hemisfério norte.
Depois que se ergueu uma basílica sobre o túmulo de São Pedro no Vaticano, local privilegiado
do culto solar, o Natal cristão passou a concorrer desde o ano de 354 com as celebrações do Sol
Invictus e de Mitra nas cidades romanas.
É dos anos 360 o batistério de São João Batista, em Poitiers, talvez o mais antigo edifício
cristão da Gália. Santo Ambrosio teria enviado de Milão para Rouen as relíquias de São João Batista
em 393.
Gregório, o Grande, primeiro papa beneditino, celebrou a paz entre lombardos e bizantinos no
dia de São João, padroeiro dos lombardos, em 590. Na Ibéria, o rei visigodo Recesvinto dedicou uma
pequena capela a São João numa estação termal do rio Pisuerga, em 661.
Apesar das iniciativas do clero e da aristocracia, um dos sermões de Santo Eloi contra o
paganismo mostra que o solstício de verão continuava sendo celebrado com danças alegres ao
redor do fogo, em meados do séc. VII.
São João era festejado com entusiasmo nas aldeias jesuíticas brasileiras, provavelmente
porque as fogueiras e tochas acesas pelos missionários provocavam grande efeito sobre os
indígenas.
Embora a festa tenha absorvido elementos das culturas nativas e, mais tarde, africanas, a
hegemonia da tradição europeia e portuguesa é evidente.
“A noite, os sinos de todas as igrejas do Rio de Janeiro repicaram; fogos, balões, pianos,
charanga popular, o povo se esbaldara pelo noite adentro erguendo vivas ao glorioso São João.
Era, pois, à sombra da Igreja, e pela porta da religião um brilhante renascimento das nossas
quase perdidas alegrias nacionais”.