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HISTÓRIAS ESCOLARES DE
ARREPIAR OS CABELOS
ENTRE CONTOS E
HISTÓRIAS ESCOLARES DE
ARREPIAR OS CABELOS
Nadia Farias dos Santos
Jaylton Edney Maia de Sousa
(organizadores)
Diagramação / Capa
Magno Nicolau
Revisão
Josefa Bidô Chagas
Nadia Farias dos Santos
Jaylton Edney Maia de Sousa
ISBN 978-85-463-0518-6
1. Literatura brasileira – contos. 2. Contos brasilei-
ros - antologia. 3. Texto literário – escola. I. Santos,
Nadia Farias dos. II. Sousa, Jaylton Edney Maia de. III.
Título.
EDITORA
www.ideiaeditora.com.br
Paulo Freire
A todas as pessoas que direta ou indiretamente
contribuíram para a realização deste livro, sejam
pessoas físicas, institucionais ou comerciais. O nosso
mais profundo agradecimento!
NOTAS INTRODUTÓRIAS, 17
Nadia Farias dos Santos
PARTE I
HISTÓRIAS ESCOLARES DE ARREPIAR OS CABELOS
ENFRENTAR E VENCER!, 72
Nadia Farias dos Santos
PARTE II –
UMA ESCOLA PARA O BEM VIVER
A ESCOLA DO FUTURO, 84
Dinarte Rodrigues de Oliveira Filho
17
Os cafés pedagógicos, prática comum nas disciplinas
que leciono, tem por finalidade oferecer aos alunos, espaço
não formais de aprendizagens permeados por leituras,
debates e apresentações de textos aliados ao costume
nordestino de tomar café. Costume cotidiano em nossos
lares e sob o qual as conversas familiares e fraternas
acontecem descontraidamente. No caso das disciplinas, as
conversas são de cunho acadêmico-pedagógica.
Esse livro é fruto de dois desses cafés. No primeiro,
socializamos uma atividade iniciada em sala de aula que
consistiu na escrita de um memorial escolar, o qual os alunos
foram instigados a escrever suas memórias do tempo de
escola. No segundo, a proposta foi a escrita de um conto
sobre “A escola para o bem viver”, no qual os graduandos
trariam em seus textos a escola ideal, dos sonhos. Ambas as
atividades foram socializadas durante a realização dos cafés
pedagógicos.
Da alegria e empolgação das contações e escritas das
memórias e dos contos, surgiu a ideia de publicar esse livro
que é a síntese dos nossos esforços em contribuir com a
reflexão e o debate sobre a educação a partir de nossas
histórias e memórias.
Desejamos que esse livro cheio de histórias de
arrepiar os cabelos e contos carregados de sonhos de uma
escola para o bem viver, possa trazer à tona suas próprias
memórias e sonhos de um mundo melhor. Bem como, a
certeza de que a educação é e será sempre um sonho
possível.
18
PARTE I
HISTÓRIAS ESCOLARES
DE ARREPIAR OS CABELOS
DAS BRINCADEIRAS À PREGUIÇA DE
ESTUDAR: minhas memórias da escola
Ana Claúdia da Silva Costa
22
UMA VIAGEM INTERESSANTE
Anibal Aurélio de Gois
23
O ENSINO, O TRANSPORTE E O LANCHE
Bruna Iosnay Silva Viana Freire
24
um professor para cada disciplina. Lá tive vários professores
que também contribuíram para o meu aprendizado. Nessa
época, participava de tudo que acontecia na escola. As festas
juninas, sempre as melhores! Não perdia uma quadrilha por
nada. Apresentações de danças, desfile de 7 de setembro,
JERN´s e tantas outras atividades. Quando a escola ia fazer
uma viagem, passávamos a semana toda nos organizando
(risos), pois essas viagens eram uma grande aventura e diver-
são.
Cursei até a sétima série (oitavo ano) nessa escola,
sendo transferida para uma outra na cidade, onde conclui o
Ensino Fundamental. Por motivos de desavenças com a di-
retora, eu e mais duas primas pedimos a transferência. De-
pois desse episódio, fomos estudar na Escola Estadual Ze-
nilda Gama, onde concluímos o primeiro ano do Ensino
Médio. Lá participei de gincanas, peças e danças. O trans-
porte escolar já não era mais o mesmo, era ônibus no lugar
do “pau de arara” dos anos anteriores.
Concluí o ensino médio na escola Estadual Professor
Antônio Dantas. Na hora do intervalo, não tinha mais negó-
cio de pegar fila para o lanche. A galera se reunia lá no qui-
osque, na confeiteira de Raimundo e ainda tinha os dindins
de negão (risos). Tudo havia mudado, o ensino, o transporte
e o lanche. Que bom que as coisas mudam...
25
A ESCOLA E OS BANHOS DE ÁGUA FRIA
Daniel Freitas de Lima
26
foi muito bom, mais a melhor parte foi da primeira à quarta
série (primeiro ao quinto ano) porque brincava muito com
os meus amigos e não tinha preocupações nem responsa-
bilidades.
27
A EDUCAÇÃO MOVE O MUNDO
Dinarte Rodrigues de Oliveira Filho
28
A ESCOLA É UM LUGAR DE ENCANTAMENTO
Francisco Elivanildo Pessoa da Cunha
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vezes, sem merenda, professores com péssimos salários,
geralmente, recebendo atrasado, às vezes chego a pensar que
o ruim de hoje era o bom de ontem.
Curiosamente, nem Divanete nem Nirinha ou Ilma,
as responsáveis diretas por ensinar-me a ler e escrever,
deixaram de alcançar seus objetivos. Ironicamente, elas
jamais seriam professores hoje! Pois pelas regras
estabelecidas por aqueles que hoje não sabem ensinar a ler e
escrever, tais professores “velhos e ultrapassados” não
seriam bons o suficiente, embora os fracassados, sejam
justamente alguns, que esbanjam títulos e mais títulos de
especialistas como prova de competência.
30
AMIZADES PARA ALÉM DA ESCOLA
Karla Vitória Arruda de Andrade
31
NEM TUDO FOI COMO EU
PENSEI QUE SERIA
Keffson Kelf da Silva
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TERMINEI O ENSINO MÉDIO, MAS A VIDA
ACADÊMICA CONTINUA...
Lidia Libini Oliveira Morais
34
não tinha estrutura, mas lá aprendi muita coisa, tanto da
vida escolar como pessoal.
Em seguida, passei para a primeira série (segundo
ano), na qual comecei aos poucos a ler. Lá, as avaliações
sempre eram um trabalho e depois uma prova, e no fim
do ano tinha uma Feira de Ciências, baseada em
histórias dos santos. Eu nesse ano, ainda lembro que
expliquei sobre o Frei Damião. Logo em seguida, dei
início a segunda série (terceiro ano), foi nela que pela
primeira vez, eu só poderia entrar na escola se fosse com
a mãe, pois briguei com uma colega de sala e trocamos
murros. Para a surpresa de todos, pois nunca tinha me
acontecido algo parecido.
O medo começou a aparecer, pois as matérias não
eram tão fáceis como as demais. Tudo começou a ficar
mais sério, mesmo assim foi nessa série/ano que comecei
a entender o que era letra maiúscula e minúscula,
diferença entre vogais e consoantes, sinais de pontuação
e a mais temida, a Matemática. No entanto, me
ensinaram as sequências dos números, a adição,
subtração, divisão e multiplicação. Para mim, era tudo
muito confuso, mas no fim deu tudo certo. Eu
compreendi e mais uma vez passei de ano, mal sabia eu,
que era só o início de uma jornada de aprendizagem.
A terceira série (quarto ano) chegou e as matérias se
expandiam cada vez mais, porém, eu já sabia de muitas
coisas. Só que, a cada série/ano passada, os assuntos iam
ficando mais complexos, extensos e evoluídos, e as aulas
sempre mais teóricas. Nessa escola, as aulas eram
tradicionais. Porém, foi nela que estudei até a quinta
série (sexto ano) regular, e sou grata até hoje por tudo
que aprendi lá... A ler e entender um pouco sobre as
matérias básicas do Ensino Fundamental. Essa escola
hoje em dia não existe mais.
35
Após passar para a sexta série fui para outra escola, a
“Professor Antônio Dantas”. Essa era uma escola
pública e antigamente ainda tinha Ensino Fundamental.
Hoje em dia, ela é somente de Ensino Médio. No começo
eu achava tudo mais difícil do que na outra escola. Mas,
com passar dos dias fui me adaptando ao local e lá
comecei a estudar com as amigas da minha vizinhança.
Foi uma das escolas em que mais gostei de estudar. As
avaliações era duas provas e tinha alguns trabalhos em
grupos, assim como a outra, também tinha uma Feira de
Ciência que era uma das mais populares da cidade e que
até hoje é conhecida como SEACAD. Nós ganhávamos
dez pontos em cada matéria ao participarmos desse
evento, que acontecia apenas no último bimestre do ano
letivo.
Enfim, passei para a sétima série (oitavo ano) nessa
nova escola, mas houve uma mudança na qual a série
passou a ser ano. Nessa escola, conclui o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio também.
Quando entrei no primeiro ano do Ensino Médio,
começou mais uma etapa de medo. Afinal, as matérias
iam ser ainda mais complicadas. Uma das que mais tive
dificuldade foi a Matemática. Além dela, tinha uma nova
que comecei a temer, a famosa Física. Porém, apesar das
dificuldades encontradas passei com notas boas.
No segundo ano, me apareceu uma ótima notícia, eu
tinha sido selecionada como uma das alunas com
melhores notas para participar de uma entrevista de
trabalho, para atuar como bolsista no Banco do
Nordeste. Poxa, fiquei muito feliz e se eu passasse na
entrevista iria trabalhar em um banco. Passei na e fiquei
mais feliz ainda.
No entanto, comecei a trabalhar e estudar ao mesmo
tempo. Além de tudo, tinha que manter as notas boas
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para continuar sendo bolsista, isso durou dois anos, até
acabar o Ensino Médio. Estudava pela manhã e
trabalhava à tarde. Na minha sala sempre fui aquela
gaiata, porém, sempre soube separar a hora de brincar e
de estudar.
Por fim, cheguei ao terceiro ano. O professor de
Português, o qual tirava onda com ele o tempo todo na
sala, começou a trabalhar a redação. Eu não sabia de
nada e meus textos eram muitos ruins. Não sei como
tirava notas boas, por ser terceiro ano começaram a
aparecer assuntos diferentes e no ano seguinte já era para
fazer o vestibular. Diante de tudo isso, a escola não tinha
um ensino de boa qualidade, mas sou grata até hoje por
tudo que aprendi com os professores. Terminei o Ensino
Médio, mas a vida acadêmica continua...
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QUANDO TUDO ERA UMA FESTA!
Luana Cristina Viana Ferreira
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A HISTÓRIA DE LUAN E SUA TRAJETÓRIA NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Luan Emanuel da Silva Pinto
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surpresa. No dia que começavam as aulas, até então sua
antiga escola, seus pais inventaram algo e o levaram até lá,
disseram que ele continuaria estudando no Pequeno
Príncipe, foi uma alegria tão grande para ele e seus colegas,
foi um dos melhores anos.
Nesse momento começou a estudar à tarde. Era
diferente porque agora os alunos das outras turmas já eram
grandes, adolescentes. No Fundamental II era muito bom,
pois cada disciplina tinha um professor e tinha as gincanas
que envolviam todos os alunos a partir do sexto ano (para
ficar claro, a turma dele nunca ganhou uma gincana, mas
eram os mais criativos).
Nos anos que se passavam, Luan teve bastante
dificuldade no sétimo ano, e foi a partir disso, que ele deu
um pouquinho mais de importância aos estudos. Passou por
tudo até chegar ao nono ano, uns dos melhores anos em
relação aos estudos e aprendizados. Foi um final difícil, era
o ano da despedida dos colegas, uns iam embora, outros
mudar de escola, assim como ele também, mas dessa vez não
teve surpresa, ele realmente foi para outra escola.
O ano era 2014, Luan estava entrando no Ensino
Médio na Escola Estadual Professor Antônio Dantas. Para
ele, um “mundo” totalmente novo, estava no início de sua
adolescência, conhecendo nesse momento o mundo real,
pode-se dizer que tinha saído de uma bolha, convivendo com
pessoas novas, que tinham realidades totalmente diferentes
das dele. Foi estudar com pessoas mais velhas que não
tinham o mínimo de interesse pelos estudos, entre tantas
outras coisas, que chocaram por muitas vezes sua mente
ingênua. Tudo isso foi estranho para ele, mesmo assim, não
apresentou nenhuma dificuldade para se adaptar a sua nova
realidade.
Em relação aos estudos, relembra que não sentiu
dificuldade nas disciplinas, pensou que seria mais pesado, já
41
que estava no Ensino Médio, mas que não foi como ele
imaginava. A partir disso, se tornou um aluno exemplar,
com notas altas, muito quieto, mas que tinha consciência de
que não precisava de muito esforço para conseguir ser esse
tipo de estudante.
Naqueles anos, isso era ótimo, mas hoje sente que
poderia ter aproveitado mais, em relação aos conhecimentos
que podia ter adquirido. Enfim, os anos passaram e Luan já
estava muito bem familiarizado com a escola, já não tinha
vergonha de nada, dava importância aos estudos, mas não
era tão quieto como no primeiro ano. Entre as coisas felizes
que relembra durante seu Ensino médio estão: as Feiras de
Ciências todo ano, mais conhecida com SEACAD, a
quantidade de pontos que ganhava e era maravilhoso para
deixar as notas o mais alto possível; o curso técnico de
Manutenção e Suporte em Informática, que teve a
oportunidade de fazer; os professores com quem teve
oportunidade de estudar e os colegas que fizera.
Ao final dessa fase, Luan já tinha amadurecido
bastante, finalizou o semestre um mês antes do que o
normal, devido ter sido lançado um edital para um curso
superior que ele tinha vontade de fazer, mas que não
conseguiu passar, conseguindo somente no semestre
seguinte, mas essa já é uma história para outro momento.
Esse foi um relato de tudo que Luan conseguiu lembrar de
sua Educação Básica, desde sua Educação Infantil até seu
Ensino Médio.
42
A EDUCAÇÃO PÚBLICA ME PROPORCIONOU
NOVAS OPORTUNIDADES
Lucas Emanuel do Rosário
43
em relação a isso. Foi nesse período que fui vítima de vários
casos de bullying.
Com todo o esforço para me manter numa escola
“melhor” e sinceramente com pouca dedicação da minha
parte, meus pais resolveram não pagar mais por um ensino
privado. Assim, iniciei o Ensino Médio na Escola Estadual
Prof. Antônio Dantas em Apodi. Enfrentei algumas
barreiras, por não estar acostumado com uma gestão pública
um pouco diferenciada, uma demanda de alunos tão
numerosa e de uma diversidade totalmente inovadora. Com
o passar do tempo, comecei a me adaptar e a me sentir em
casa. Era um lugar agradável, com professores e servidores
ótimos. Porém, também havia alguns problemas, tanto na
infraestrutura quanto nos aspectos didáticos.
Por fim, a educação pública, mesmo com suas falhas
me proporcionou diversas novas oportunidades, como o
Ensino Médio inovador, no qual participei de projetos de
arte, cultura e ciência, viagens, cursos gratuitos como
espanhol e auxiliar administrativo. Sem esquecer das
melhores chances de ingressar no Ensino Superior por meio
das cotas para a escola pública. Lá, também conheci pessoas
maravilhosas que ainda fazem parte da minha vida. No ano
de 2015, conclui o Ensino Médio com sucesso e no início de
2017 ingressei no IFRN-Campus Apodi, por meio do Enem
para cursar Licenciatura em Química, local onde estudo
atualmente e escrevo essa belíssima história.
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E APESAR DAS DIFICULDADES, EU
SEGUIREI EM FRENTE!
Manoel Batista de Lima Neto
46
UM AMONTADO DE LETRAS
E UM SONHO DOCENTE
Maria Clara Medeiros de Andrade
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dela, e se não for, ela não se importa nem um pouco em
procurar outra faculdade, porque o que ela faz de melhor é
se reinventar.
49
A RÉGUA, O GRITO E
A BARRACA DE LONA MÓVEL
Matias de Sousa Libânio
51
alunos. O transporte escolar utilizado era o “pau de arara”
coberto com uma lona amarela, para nos guardar do sol e da
chuva quando esta caía sobre aquele barraco de lona móvel.
Aparentemente, estávamos seguros e nada nos impediria
de chegar à escola – Só que não! Algumas vezes, o transporte
escolar quebrava no caminho e tínhamos que continuar o
trajeto a pé, pois era raro passar um carro para pegarmos
uma carona.
Nesse tempo, muitos pensavam assim: – Ainda bem
que no ano que vem, vamos estudar no IFRN se passarmos
na prova do Proitec! E se não passarmos, estudaremos em
Apodi e o transporte vai ser melhor, porque vamos de busão!
Chegou o final do ano e muitos foram reprovados. Alguns
desistiram da escola para trabalhar, outros passaram e foram
estudar no IF ou em escolas do Estado para continuarem os
estudos.
52
MINHAS MEMÓRIAS, MINHAS HISTÓRIAS
Mayara Beatriz de Oliveira Moreira
54
especial, devido tudo o que aconteceu durante o Ensino
Fundamental. Mas, aos poucos fomos conquistando os
professores, mudando o nosso comportamento e em meio a
essa transformação fomos considerados a melhor sala dessa
escola. Ainda sinto saudades de uma família que começou
lá, no início da vida escolar e trago comigo na memória até
hoje.
55
EU, A ESCOLA E MUITAS TRAQUINAGENS
Tarcísio Ferreira de Farias Filho
56
COSERN deixavam nos postes, quando vinham fazer algum
serviço. Tudo isso junto com meus colegas.
Nessa escola só tinha até a quarta série, então, logo
foi preciso ir para a Escola Estadual Professor Gérson Lopes.
Quando cheguei lá, rapidamente fiz novas amizades e
reencontrei alguns colegas do Lar da Criança Pobre. No
Gérson Lopes tinha uma praça em frente, onde a gente corria
de batalhão, jogava bola e andava de bicicleta, era bom
demais. Me lembro dos períodos em que o Gerson estava em
reformas e tivemos que passar um tempo nas escolas CAIC
e Lindaura Silva. Esta última, era uma escola menor, porém,
tinha uma praça em frente igual que tinha no Gérson Lopes,
o que ajudou bastante a gente a se acostumar. Já no CAIC
era diferente, tinha uma quadra de esporte, coisa que as
outras escolas que estudei não tinham. Naquela época, não
ligava para os estudos e o que importava mesmo era ficar no
time da escola e jogar o JERN’s e o Interclasse. Lembro que
ganhamos um JERNE’s e ficamos em segundo lugar numa
olimpíada, entre as escolas municipais e estaduais.
A época mais importante no Gérson Lopes era o
“arraiá” durante o período dos festejos juninos. Eu era quase
obrigado a dançar as quadrilhas porque precisava dos pontos
que os professores davam para quem dançava, eram eles que
me ajudavam a passar de ano. Uma coisa muito importante,
era que nesses “arraiás” aconteciam os primeiros namoros,
e como era bom! Me recordo também das Feiras de Ciências
que me ajudavam com as notas e, também das aulas de vídeo
porque a sala tinha ar condicionado.
Eu fazia muita bagunça junto com meus colegas,
como colocar cuscuz nos ventiladores de teto para sujar
tudo, na hora que a professora estivesse entrando na sala, às
vezes, colocávamos o apagador também. Outra traquinagem
que fazíamos era colocar uma borracha no sino para ele não
tocar no fim das aulas e confundir os horários. Eu também
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colocava “quisuque” e corretivo nos bebedouros, soltava
bomba no banheiro, atirava as cenouras que vinham na sopa
com a colher de plástico para sujar os outros, ficava no fundo
da sala fazendo baderna e outras coisas mais. Tudo isso me
fazia ser suspenso quase todos os dias. Além dessas coisas,
eu matava muitas aulas para ir jogar torneios de vídeo game
em locadoras, quando não saía mais cedo e ia correndo para
chegar em casa a tempo de assistir os desenhos, o meu
preferido era Dragon Ball Z.
Uma das marcas do Gérson Lopes era o Giga Bayt,
onde eu ficava nos intervalos e nas aulas vagas. Lá, a gente
via o movimento do centro da cidade, lanchava e ficávamos
conversando por muito tempo, isso quando não estávamos
aprontando algo. Outra coisa legal, era quando chegava o
parque na cidade, a praça ficava bonita, passávamos o dia
“curiando” e mexendo em tudo e quando o dono não estava,
nós aproveitávamos para brincar nos brinquedos.
No final da oitava série (nono ano) saí do Gérson
Lopes e fui estudar na Escola Estadual Professor Antônio
Dantas, não que lá não tivesse Ensino Médio, mas porque
gostava mesmo era de estudar pela manhã. No Antônio
Dantas reencontrei colegas tanto do Gérson Lopes quanto
do Lar da Criança Pobre e pude fazer novas amizades.
No Antônio Dantas não era muito diferente, eu não
ligava muito para estudar, só queria mesmo fazer bagunça e
jogar bola. Não respeitava os professores e tinhas uns que eu
fazia raiva mesmo. Até hoje, quando alguns deles me veem
devem se lembrar das ruindades que eu fazia. Na hora do
intervalo tinha as cachorradas, falava de futebol, mexia com
os outros e tentava bagunçar a fila da merenda, tudo isso
com meus colegas que também era bagunceiros. Passávamos
trote em nome da escola pedindo para vir deixar botijões de
gás e algumas coisas de supermercado, secava os pneus das
motos dos professores, enganava o homem dos “dindins” e
58
etcetera. Tudo isso, eu fazia de ruim junto com meus amigos,
por isso, fomos suspensos algumas vezes e até fomos
ameaçados de perder a vaga na escola. A gente parava
mesmo, quando ameaçavam nos deixar de fora dos
Interclasses e JERN’s.
As duas principais épocas do Antônio Dantas, eram
a CEACAD e o Arraial do Teretetê, nos quais eu me
empenhava porque precisava dos pontos para passar de ano.
Na CEACAD todas as escolas vinham nos visitar e o
“arraiá” era o maior de todas as escolas. Me Lembro de uma
CEACAD que o projeto do meu grupo era um jornal, a
professora responsável não sabia que a gente ia aprontar com
esse projeto. No segundo dia da feira, o jornal veio ao ar com
uma manchete falando da briga que houve na sala dos
professores, foi a maior confusão! O diretor queria expulsar
a turma toda por expor daquela forma os problemas internos
da escola. Falávamos de namoros escondidos e muitas
outras coisas, esse projeto de jornal deu o que falar.
Assim, foi minha época de estudante até o ensino
médio, pouco estudo e muita bagunça. Acho que os
professores torciam para eu faltasse, só para ter uma aula
mais tranquila. Entretanto, dificilmente eu faltava, por mais
que não gostasse de estudar, achava bom demais ir para
escola. No final das aulas, ficávamos pedindo carona na BR
para voltar para casa, fazendo mais resenhas, às vezes
pegávamos caronas e os motoristas de propósito passavam
direto, porque já conhecia a gente, e nos deixavam ainda
mais longe de casa, era o castigo que a gente recebia pelas
ruindades que fazíamos no dia todo.
59
ESTUDAR É UMA GRANDE AVENTURA!
Tatiana Karla Paiva Sizenando Rufino
60
muitas travessuras, por isso as lembranças que tenho da
minha primeira fase escolar são bem tranquilas. O que
guardei mesmo na recordação foi aquela velha foto que
todos os alunos tiravam quando concluíam o Ensino
Primário, na mesa do professor, fardada e com as imagens
das bandeiras do Brasil, do Estado e do Município.
Quando fui cursar o ginásio, fiquei muito feliz, pois
ia estudar na Escola Gerson Lopes, uma escola estadual, na
qual minha mãe trabalhava e que tinha um mingau, nos dias
de terça e quinta, que era maravilhoso. Até hoje guardo esse
sabor comigo, hum! Mas, a minha alegria durou muito
pouco, nesse mesmo ano, surgiu em Apodi a primeira escola
privada com turmas para o ginásio (Ensino Fundamental II)
– o Colégio Nossa Senhora da Conceição, a qual eu faço
parte da história, pois fui uma das primeiras alunas
matriculadas. Esse fato ocorreu “porque a minha mãe
também trabalhava na secretária do colégio”. Fiquei triste,
pois não iria realizar o sonho de estudar no Gerson Lopes,
ao mesmo tempo feliz, porque a minha antiga turma estava
toda matriculada e continuamos nossa amizade e com-
panheirismo por todo o ginásio.
Nessa fase, vivi muitas aventuras junto com os
colegas, inclusive quando um colega chateado com uma
supervisora das turmas, colocou um sapo no bebedouro para
amedrontá-la, pois sabia que ela tinha pavor a criatura. Deu
certo, a coitada passou mal quando viu a “presepada” e ele
levou uma suspensão de três dias. Outro fato relevante sobre
essa temporada, foi na sexta série (sétimo ano) quando um
colega meu pegou a minha prova de Matemática toda
respondida, trocou pela prova dele em branco e ainda
ameaçou, que se eu falasse ia dizer ao professor que eu
estava colando. Absurdo! Eu sempre tive medo dessas
61
situações e logo resolvi a parada, comuniquei tudo para
minha mãe e nas provas seguintes ela ia para sala aplicar
junto com o professor.
Na sétima série (oitavo ano hoje), vivenciei expe-
riências inovadoras e marcantes, pois nossa turma participa-
va sempre de gincanas culturais e eventos dentro e fora da
escola. Lembro bem, quando imitei a Angélica na dança
“Blue Jeans”, hilário demais, eu morena imitando uma loira
(risos). Participamos também com a peça do “Sítio do Pica
Pau Amarelo”, dessa vez, eu fui a Tia Anastácia, lembro
quando trituramos o carvão e espalhamos por todo o meu
corpo para que eu pudesse ficar negra, porque eu era mais
clara que a personagem. Na oitava série (nono ano) comecei
a me interessar mais pelos jogos escolares. Tudo naquele
momento, para mim era mais atrativo e inovador, pois como
em Apodi não tinha uma boa quadra de esportes, íamos para
Pau dos Ferros, Itaú e Umarizal disputar os jogos. E sempre
a minha equipe se classificava para as finais dos campeona-
tos que aconteciam em Natal. Foram muitas resenhas. O
primeiro jogo perdemos de 61 x 1. Uma surra no placar, mas
não nos abalamos, pois o que mais importava naquele
momento era aproveitar o passeio e as novas aventuras.
No ano seguinte fui cursar o Ensino Médio. Os dois
primeiros anos na mesma escola e com a mesma turma e
cinco novos alunos. Essa fase da nossa vida é interessante
porque começamos a despertar outros interesses na escola
além dos estudos. Surgem as paqueras, as fofocas mudam
completamente o rumo da história. E mesmo assim ainda
conseguimos guardar grandes recordações.
Enfim, fui uma aluna muito privilegiada por ter como
base no meu aprendizado e na minha vida, professores
excepcionais. Cada um do seu jeito, mas um deles mora até
62
hoje no meu coração e não paga aluguel – o professor
“feinho”, apelido carinhoso dado ao nosso professor de
Educação Física, Francisquinho. Mas, como nada é para
sempre, no ano seguinte tive que me separar da minha turma
e fui morar na capital, onde fui cursar o terceiro ano no
Hipócrates Colégio e Curso. Lá tudo era novo para mim, a
começar pelo fato de morar longe da minha mãe. No início
éramos só meu tio Elson, meu primo Isaque e eu, em um
apartamento na zona sul da capital.
Logo nos primeiros dias, tive que me adaptar a tudo
por lá e aprender a me virar, pois meu primo no segundo dia
de aula se encabulou no colégio com a paquera, foi embora
e me deixou para voltar para casa sozinha. Fiz logo amizade
com o porteiro Gilson, que por incrível que pareça ainda
trabalha no mesmo posto e na mesma sede da escola.
Como tive uma boa base inicial, não senti muita
dificuldade no ensino da capital, só estranhei porque tudo
praticamente duplicou ou triplicou. Eu tinha três professores
de Matemática, três de Biologia, dois de Língua Portu-
guesas, dois de Literatura, três de Química, três de Física,
dois de História, dois de Geografia, um de Redação, um de
Conhecimentos Gerais e um de artes. Minhas aulas eram de
segunda a sábado e um domingo sim outro não, tínhamos
simulados com todos os conteúdos cumulativos.
Por um instante, pensei em desistir e voltar para o
interior, mas por outro lado veio a minha cabeça a enorme
oportunidade que a vida estava me dando de seguir em frente
e ir rumo ao curso universitário dos meus sonhos, que de
início era odontologia. Embora, todos os testes vocacionais
que eu fizesse só dissessem que minha área era de humanas
ou exatas.
63
Eu demorei para aceitar, mas hoje estou realizada no
curso. Em 2012 fui convocada pelo IFRN em primeiro lugar
geral, para cursar a licenciatura em Química, no entanto, por
falta de atenção, não vi a convocação e acabei deixando
passar despercebido. Creio que seja o destino, pois eu tinha
que estar justamente na turma de 2018, para poder vivenciar
as maravilhas do companheirismo com uma turma maravi-
lhosa e ter o prazer de conhecer professores excepcionais a
qual guardarei eternamente nas lembranças.
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MINHA PRINCIPAL INFLUÊNCIA:
O PROFESSOR DE QUÍMICA
Tiago José Souza Freire
66
Letras e de Licenciatura em Química. Como as notas não
foram suficientes para letras, coloquei então para
informática, passei na primeira chamada e fiz a inscrição,
porém, o resultado de Química saiu e fui chamado, tranquei
o curso de informática e fui fazer a Licenciatura em
Química, e estou nela até hoje.
67
ENTRE AMIZADES, AMORES, CONFUSÕES E
A LOIRA DO BANHEIRO
Walkineia Geycielle da Silva
69
Esses foram alguns dos momentos que eu lembro que
aconteceram durante meu Ensino Fundamental.
O próximo passo foi o Ensino Médio. Eu tive que
mudar de escola novamente, porque na escola em que eu
estava só tinha até o nono ano. Comecei o primeiro ano com
quatorze anos de idade numa turma que eu não conhecia
quase ninguém. Mas logo fiz amizades com duas meninas
bem especiais. Tudo a gente fazia juntas, trabalhos,
atividades, sempre estávamos juntas. Nesse primeiro ano
não me lembro de ter acontecido algo especial.
Mas, no segundo ano, eu lembro de uma aula que foi
muito marcante. Era uma aula de Biologia e a pessoa que foi
dar a aula era uma substituta porque a professora não pode
ir nesse dia. Eu não lembro direito qual era o assunto que ela
deu, mas pediu para gente escrever todos os nomes popu-
lares que conhecíamos sobre as partes íntimas masculinas e
femininas. Depois pediu para que cada um lesse o que tinha
escrito, e nessa hora me deu uma coisa... Eu saí da sala
chorando (não entendo até hoje o porquê dessa reação). Só
sei que no outro dia a turma toda ficou rindo disso.
Pelo que eu me lembro, o segundo ano, foi o mais
tranquilo porque já conhecia todos e, fora isso, o que eu
contei a pouco, não lembro de mais nada tão marcante. E
por fim, o terceiro e último ano, no qual a maioria das
conversas eram sobre meninos, preparação para a prova
mais temida que era o ENEM. Havia muitas discussões em
sala, esse ano foi o mais movimentado. Eu me lembro de
discutir muito com uma menina, ela chegou quase no meio
de ano, e gostava muito de uma confusão. Mas só queria
brigar com as meninas menores, devido ela não ser tão alta,
e como eu era bem atrevida, tudo que ela falava eu
respondia, e era assim quase toda semana até que ela foi
embora, não terminou o terceiro ano com a gente.
70
Eu lembro que eu e as meninas nos sentávamos no
fundão. Era tanta cachorrada, tanta coisa, era tão bom não
ter que me preocupar com nada, a não ser ir para escola
estudar. Enfim, esses são os momentos que eu lembro ter me
marcado durante o período na escola.
71
ENFRENTAR E VENCER!
Nadia Farias dos Santos
72
tirar notas baixas, para isso, eu me esforçava bastante. Para
além disso, a escola era um lugar de diversão. Uma simples
ida ao banheiro era mais assustadora que um filme de terror,
afinal, toda escola tem a “mulher do algodão” ou a “loira do
banheiro”. Nenhuma menina ia ao banheiro sozinha, essa
era uma regra básica de sobrevivência.
Esse período foi muito legal. Tinha as brincadeiras
com os colegas. Brincávamos de jogar pedrinhas, de corda,
matada, barra bandeira e tantas outras. Na pausa, íamos até
a rua do meio comprar sobras de cocada carolina, que era
simplesmente deliciosa, porque vinha com as raspas do coco
queimado. Uma das escolas em que estudei, creio que estava
na terceira série (quarto ano) na época, era numa casa velha
e quando chovia a gente tinha que se amontar nos cantos
para escapar das goteiras da sala.
Ao chegar na quinta séria (sexto ano) fui para a maior
e melhor escola da minha cidade e minha mãe novamente
teve que brigar para me matricularem, porque eu estava
adiantada na idade e eles não queriam aceitar alunos tão
novos. Mas, como sempre, minha mãe, que era muito
esperta consegue resolver a situação. Então vieram longos e
bons anos. Construí laços de amizade que duram até hoje.
Me diverti, estudei bastante, tive excelentes professores,
outros nem tão bons assim. Mas deu para chegar ao Ensino
Médio, embora a Matemática tenha me marcado até a oitava
série (nono ano) quando conheci a professora que me fez
esquecer todo o sofrimento que essa disciplina me causou
(eu fui para a final em Matemática na quinta série, uma
tragédia para mim). Ela nos chamava de estrelinhas e dizia
que todos podem aprender Matemática e eu aprendi! Pelo
menos, o suficiente para passar de ano com folga.
No científico, hoje Ensino Médio, vieram as preocu-
pações com o futuro, a profissão a escolher e os vestibulares.
Os estudos foram reforçados para que pudéssemos chegar à
73
universidade. Eu como sempre era uma das “estudiosas da
sala”, estava entre os melhores alunos em comportamento e
notas, exceto quando minha turma foi suspensa porque a
turma vizinha empilhou as carteiras e nós levamos a culpa,
ou quando fui expulsa da aula de Biologia porque discordei
do professor. Ah, e só para constar, eu estava certa em
discordar, porque a informação que ele deu estava mesmo
errada. Toda a turma sabia, mas com medo, não falaram
nada e assim fui embora da sala aos prantos, pois era uma
vergonha para mim essa situação. Depois desse episódio, o
professor me perseguiu e estava determinado a me reprovar.
Mas, como eu estudava demais, ele teve muita dificuldade,
tendo que prejudicar a turma inteira para me atingir, mas
não funcionou, porque passei direto, sem ir para a final,
embora a maioria da turma tenha ido, lamentavelmente.
Eu teria muitas histórias engraçadas para contar,
outras nem tanto, mas o importante é que a escola sempre
foi um espaço de aventuras, diversão e aprendizados.
Sempre amei estudar e sempre gostei da escola pública,
mesmo ela não sendo perfeita, mesmo com toda a sua
precariedade e deficiências. Sempre acreditei nela e acredito
até hoje. Acredito tanto, que hoje sou, com muito orgulho
professora da escola pública e quero fazer para os meus
alunos o que ela fez por mim. Me fez sonhar e acreditar que
há sonhos possíveis. Não sem luta e sem enfrentar as
barreiras das desigualdades sociais, econômicas, de oportu-
nidades... Enfrentar e vencer!
74
PARTE II
77
– Como será sua metodologia? Era o que Sabrina queria
saber.
Então, o dia da aula dela chegou. No primeiro dia de
aula, ela já transmitia uma energia tão boa que todos ficamos
encantados. Foi o dia em que novos métodos de ensino
foram aplicados. Então, percebemos que poderíamos sim,
aprender de várias formas, que não precisava só de conteúdo
e prova para compreender os assuntos abordados em sala.
Era assim que queríamos uma escola para o bem viver. As
aulas não eram mais as mesmas. A forma com que os alunos
compreendiam o conteúdo era significativa. Eles interagiam
uns com os outros, e a cada aula, novas formas de ensino.
A Metodologia que mais que chamava atenção, e que
todos mais gostavam eram os cafés metodológicos, que
acontecia ao ar livre, onde podíamos apreciar aquele
magníssimo luar que brilhava enquanto aprendíamos de
forma espontânea e alegre. Mas como tudo nessa vida não é
só flores, a gente tinha que lidar com a gula da professora.
Ela sempre chantageava os alunos por comida, ou trazíamos
ou ficaríamos reprovados, mas isso nunca iria acontecer,
pois éramos mais gulosos do que ela, e sempre nos
esbanjávamos de comidas.
78
MEMÓRIAS DE OUTRO PLANETA
Anibal Aurélio de Gois
79
Quando votei a mim, deparei-me dentro de um
dirigível que logo aterrissara em uma área segura: Bem-
viver. Havia ali uma megalópole. Pela hospitalidade em ter
me acolhido, eu pressentia ali um vínculo de respeito mútuo
para com seus integrantes, jovens, velhos, crianças... Enfim,
uma comunidade em que se aprendia tudo junto.
Era uma sociedade na qual o crescimento era
trabalhado de modo a respeitar não só o ambiente, mas as
pessoas ao seu redor. O conhecimento mais valioso se dava
com o aproveitamento do tempo: ócio nem pensar!
Dinâmicas de grupo, jogos, excursões, etcetera. Os jovens
passavam o dia aprendendo sobre o mundo fora da área
onde fui parar.
Contudo não era um lugar isolado, várias outras
pessoas podiam visitá-lo, era bastante populoso devido a sua
estrutura e principalmente a qualidade de ensino. As aulas
eram ao ar livre ou dentro de um dos digeríveis disponíveis
na cidade. Havia um professor, mas este restringia-se a
orientar o conteúdo. Após o momento teórico, seus alunos
iam à natureza investigar de forma prática e instigante a
relação do conteúdo com o que ocorre na vida real.
Quando todas as minhas feridas cicatrizam, o que
levou um pouco de tempo, consegui aprender muito com
essa civilização alienígena sobre educação, saúde, cuidados
com a natureza e a vida. Eu não tinha noção de que o fator
tempo era contado de forma diferente, mesmo curado das
feridas, morri de causas naturais, pois meu corpo envelheceu
rapidamente nesse novo mundo. Eu gostaria de voltar para
a terra, pois não puder deixar de notar o quão longe
estávamos dessa civilização. Quem sabe algum dia a gente
consiga evoluir e termos um mundo melhor e que a escola
seja o lugar de aprender a construir mundos possíveis. Pena
que não poderei ver, uma vez que já estou morto.
80
UMA MENINA DO FUTURO NO PRESENTE
Bruna Iosnay Silva Viana Freire
81
A ESCOLA DOS SONHOS
Daniel Freitas de Lima
82
comida no qual se fazia um debate, uma conversa sobre um
tema. Jota riu mais uma vez junto com seus colegas: –
Ótimo, comida!
A professora Maria retirou de sua mochila um
pequeno livro e falou: – Pessoal, vocês sabem o que é um
conto? E Jota respondeu que não. A professora disse: Conto
é uma história curta com diálogos, narrativas e etcetera. Em
seguida a professora Maria abriu o livro e leu alguns contos
para Jota e a turma. No final da aula, a professora pediu para
que todos escreverem um conto sobre “A escola para o bem
viver”. Jota ficou um pouco triste, porque teria que escrever
um conto, pois tem dificuldade para escrever. O sinal tocou
e Jota foi para casa.
No sábado Jota sentou-se, pegou o caderno e a
caneta, mas não conseguiu escrever nada. Contudo, na noite
de sábado, alguns dias depois, ele teve um sonho no qual ele
visitou todas as escolas em que já estudou. Ele viu carteiras
e ventiladores quebrados, salas muito quentes e com muitos
alunos, às vezes de séries diferentes dividindo a mesma sala,
sem merenda...
E assim, tudo vai se construindo na cabeça de Jota.
No domingo ele acorda e escreve sobre “A escola que eu
quero para o futuro”, uma escola com boa estrutura, alegre,
divertida e que não falte merenda, com diferentes
metodologias de ensino em que o professor não fique só
dentro da sala de aula. E que se for possível, tenham várias
viagens com observações e sem que seja, necessariamente,
exigido relatórios escritos. Na segunda seguinte, ele leu o seu
conto para a professora Maria e seus colegas, sentados no
pátio da escola debaixo da craibeira num gostoso café
pedagógico.
83
A ESCOLA DO FUTURO
Dinarte Rodrigues de Oliveira Filho
84
plinas indispensáveis para a construção de qualquer
conhecimento. Após a formação profissional, na qual foi
totalmente modificada, atendendo as necessidades dos
futuros projetos.
E implantados todos esses projetos, a escola do futuro
recebeu um ser humano altamente qualificado com um
método “diferente” de ensino, utilizando as novas
tecnologias como aliadas. Fugiu do padrão de ensino e usou
o dia a dia como ferramenta crucial para estimular a
presença do aluno, mudando o posicionamento dos
estudantes em sala de aula. O que antes acontecia numa sala
fechada, passou a ser em círculos para facilitar a participação
de todos. A troca de conhecimento entre professor e aluno
passou a acontecer com mais facilidade.
Por fim, essa escola esperada e com todo o esforço
para se tornar realidade chega e os alunos tornam a
instituição a sua casa, e ali quando nela, sentem-se em
perfeito bem-estar e assim sendo, tudo fluiu como o modelo
de Educação tão sonhado por todos, tornando-se real.
85
A MANHÃ DE CECÍLIA NA ESCOLA NOVA
Karla Vitória Arruda de Andrade
86
O JOVEM JONES E UMA
ESCOLA PARA TODOS
Keffson Kelf da Silva
87
UMA VONTADE IMENSA DE MUDAR TUDO
Lidia Libini Oliveira Morais
88
– Se vocês fizerem isso eu pego vocês lá fora e vão se
arrepender do que falarem. – Disse Erick com a voz alterada.
Apesar do que Erick tinha falado para João e seus
amigos, ele não desanimou. Esse foi o dia que ele acordou
disposto a fazer diferente, então, apesar do medo que o
tomou, ele deu um passo à frente. Não falou com a diretora,
mas com uma professora sobre todo o bullying que já tinha
passado na escola. A professora ficou bastante impressio-
nada e começou a realizar projetos contra esse tipo de
acontecimentos.
O primeiro deles foi uma palestra contra bullying, que
em princípio, alguns alunos ficaram realmente pensativos e
com vontade de ajudar as pessoas que sofrem com isso.
Assim, João ficou muito feliz, pois nesse momento ele
começou a ter mais pessoas que o apoiassem a mudar aquela
escola para melhor e então chegar na desejada escola dos
sonhos.
No dia seguinte, João chegou novamente na escola e
viu que apesar da palestra, Erick continuava do mesmo jeito,
para ele, nada do que tinha sido falado naquela palestra
tinha mudado o seu conceito sobre essas brincadeiras. Até
que a professora deu a ideia de um outro projeto, que era
unir todos os alunos e fazer uma roda de conversa, na qual
cada um poderia falar sobre sua vida escolar. Essa roda de
conversa ajudou muito a unir os colegas, cada um conheceu
um pouco mais sobre os outros. Nesse dia, Erick ficou
pensativo sobre tudo que estava fazendo, já não tinha mais
amigos e todos estavam se afastando dele.
João notou a tristeza dele e foi falar com ele;
– Erick porque não se senta conosco, para conversarmos.
– Você ainda quer conversar comigo, apesar de tudo que fiz?
Respondeu Erick cabisbaixo.
89
– Sim, meu propósito era que percebesse que tudo o que você
estava fazendo não era legal e causava tristeza em nós –
Respondeu João.
– Me desculpa João, depois de tudo que foi contado aqui
quero mudar, podemos ser amigos?
– Claro que sim, e repito meu principal objetivo era não ter
mais essas brincadeiras que magoam as pessoas. Nós
estamos aqui para estudar e sermos boas pessoas e bons
cidadãos. Respondeu João entusiasmado.
Depois de toda essa conversa eles ficaram amigos, e
a professora ficou bastante feliz por ter ajudado a João nessa
missão. Após todos esses projetos realizados, nunca mais
houve bullying, assim alcançando a escola do bem viver que
ele tanto queria. Até porque para João, uma escola sem
bullying na qual todos podiam ser amigos e conviver bem
uns com os outros, era tudo que ele sempre quis. E diante de
tudo isso, João mostrou a importância da comunicação entre
aluno e professor.
90
O IFRN, UMA INSTITUIÇÃO
DIGNA DOS SONHOS
Luana Cristina Viana Ferreira
91
admiração e que me inspiram todos os dias a ser um bom
professor, que além de ser escola seja a nossa segunda casa.
Os funcionários como se fossem, um pouco, nossos
pais, nos ensinando, fazendo o papel de nossos amigos e
familiares, porque passamos tanto tempo juntos que
acabamos sabemos um pouco de cada um, suas preferências
e histórias de vida.
Penso que consegui compartilhar meu pensamento
de escola para o bem viver, claro que melhorias sempre serão
bem-vindas. Precisamos lutar por muita coisa ainda para
chegarmos à escola ideal, mas um pouco do que imagino ser
escola para o bem viver já existe e fazemos parte dela.
Gostaria que minha filha chegasse até aqui e que estudasse e
amasse tudo isso, como eu. Às vezes, esse é o momento do
dia que mais gosto, porque estarei aqui com vocês em algum
lugar do campus, lendo ou fazendo alguma atividade da
professora Nádia, como estou agora, e que além de estar
aprendendo, estou fazendo o que mais gosto: estar entre
amigos. Ah! E logo estaremos mais uma vez em algum lugar
do campus, fazendo isso novamente. Até a próxima, amigos!
92
DAVI E A ESCOLA DAS GENTILZAS
Luan Emanuel da Silva Pinto
93
escolas e métodos de ensino que ele descobriu, são eficientes
e bons, mas nada chega aos pés da escola que ele imagina.
Em uma certa noite, Davi quase não consegue dormir
pensando no modelo ideal de escola, que vai muito, muito
além da estrutura física. É um conjunto de pessoas e ações,
que fazem, para ele, uma total diferença na forma de
aprender. Enfim, depois de tanto refletir, ele consegue
dormir.
Ao amanhecer ele acorda com a voz de sua mãe...
– Davi, Davi, acorda você está atrasado para a
escola.
Davi acorda sem entender nada e com sua mãe ao
lado apressando-o. Ele corre para se ajeitar! Quando a
questiona:
– Mãe o que está acontecendo, que escola é essa?
– A escola que você tanto sonhou. Agora está
colocando dificuldade filho? Respondeu sua mãe.
– Não estou reclamando mãe, só estou sem entender
nada.
Davi se apressa, e ao passar pela cozinha seu pai o
chamava, mais uma vez estranha o que está acontecendo.
Ao ver seu pai esperando-o para tomar café todos juntos e
depois levá-lo para escola. Mais uma vez, Davi pergunta o
que está acontecendo, se aquilo realmente estava aconte-
cendo em plenos anos 3600. Algo que nunca aconteceu, que
para ele era um conto de fadas. Seus pais ao mesmo tempo
responderam:
– Davi, aproveita seu dia, você ainda não viu nada.
Então Davi só concordou em viver intensamente
cada minuto daquele dia, nada comum. Tomaram café da
manhã e seus pais foram deixá-lo na escola. No caminho
Davi estava admirado com tudo que via, as ruas muito
arborizadas, um ar puro que ao entrar por suas narinas trazia
94
paz para a sua alma. Davi estava gostando muito de tudo
isso. Ao se aproximar da escola sua mãe o interroga:
– Está preparado para chegar na escola filho?
–Estou sim, mãe, muito empolgado. Respondeu
Davi, mesmo ainda sem entender o que estava acontecendo.
Ao chegarem, ele desce do carro e ao ver a fachada
da escola se impressiona e grita:
– UAU! Era uma fachada muito linda, com muitas
plantas, árvores e flores em frente, como se fosse um jardim.
A parede branca destacava logo o nome: “Escola do Bem
Viver”, feito de rosas vermelhas, azuis e roxas.
– Mãe, essa é a frente da escola que eu tanto desejei.
Será se tudo dentro dessa escola vai ser como eu sempre
imaginei? Perguntou Davi empolgado.
– Aproveita seu dia filho, voltaremos para te pegar –
Falou o pai entrando no carro.
Davi se aproxima da entrada, quando um homem e
uma mulher, com grandes sorrisos em seus rostos, se
aproximaram e falaram: – Seja bem-vindo Davi à escola do
bem viver, siga em frente que você se encontrará com seus
coleguinhas.
Ele segue em frente e vê o lindo interior da escola,
cheio de jardins, árvores, muita grama. Um pouco mais a
frente vê todos os novos colegas, uns estavam brincando,
outros lendo e outros descansando na grama verdinha que
tinha no pátio da escola. Ele se aproximou do grupo que
estava brincando e ficou lá até aparecer a professora, e com
grande simpatia convida a todos para acompanhá-la até a
sala de aula. Ao chegar na sala, ele se depara com um espaço
circular em que as carteiras acolchoadas arrumadas também
em círculo. A professora tinha uma maneira singela e
agradável, alternando o modo de ensinar, uma hora ela
falava, outra ela fazia com que todos comentassem o assunto
discutido. E foi assim até a hora do intervalo.
95
No intervalo todos os alunos e funcionários da escola
estavam no pátio para repartir o alimento. Era um grande
piquenique, no qual todos estavam de igual para igual.
Ninguém era mais do que ninguém, naquele momento e em
todos os outros momentos também.
Ao finalizar o intervalo, voltaram para sala, agora
com um professor, a gentileza dele é o que deixava tudo mais
harmonioso. Sua forma de ensinar era alternada igual ao da
professora, deixando o aprender muito mais dinâmico e
fácil. Ao término das aulas, todos os alunos seguem para o
almoço e da mesma maneira do intervalo, todos reunidos de
igual para igual para almoçar.
Após o almoço todos se cumprimentam, se abraçam
agradecendo pelos ensinamentos do dia. Os pais começam a
chegar para buscar seus filhos. A mãe de Davi acena e ele
vai correndo ao seu encontro com um sorriso no rosto.
– Mãe, hoje foi o melhor dia da minha vida, fiz
amizades com meus colegas, professores e funcionários da
escola. Comentou Davi entusiasmado.
Entram no carro e voltam para casa. Davi dormiu no
banco e quando acorda, está em seu quarto, seus pais não
estavam em casa e o computador ligado avisando o horário
que ia começar os estudos do dia. Tudo tinha voltado ao
normal, toda a rotina tecnológica e desinteressante dos anos
3600 tinha voltado e isso o entristeceu demais.
Davi é um garotinho muito esperto e tem em sua
mente que vai fazer história construindo sua Escola do Bem
Viver. Seu legado será a construção dessa escola, já que para
ele, o que é mais importa são as relações, a empatia pelo
próximo, a gentileza das pessoas, o carinho e cuidados que
cada um tem no meio escolar e na vida também. A forma de
ver o outro e entendê-lo, vale muito para quem quer passar
conhecimento. E que uma escola como a que ele deseja, seja
mais que um simples sonho.
96
UMA CERTA NOITE SONHEI
COM A ESCOLA DO FUTURO
Manoel Batista de Lima Neto
98
ERA UMA ESCOLA MUITO ENGRAÇADA
Maria Clara Medeiros de Andrade
99
não podia perder a oportunidade de nos fazer estudar, nos
pediu uma redação ou (re)leitura de algum livro com as
nossas sugestões para a escola. Eu não pensei duas vezes. Eu
pensei fora da caixa e fiz uma releitura de uma música antiga
de Vinícius de Moraes e ficou mais ou menos assim:
100
TUDO NÃO PASSOU DE UM SONHO
Matias de Sousa Libânio
101
mundo como eu nunca o tinha visto, com pessoas unidas,
sem violência, com educação de ótima qualidade. Acordei e
vi que tudo não passava de um sonho.
102
SOBRE AULAS NO JARDIM
Mayara Beatriz de Oliveira
14 de outubro de 2019
Querido diário, hoje me acordei com minha mãe
gritando:
– Acorda Gabi, você vai se atrasar!
Eu me levantei da cama, tomei um banho bem
rápido, peguei minha mochila e saí correndo. Eram
08h50min e o ônibus já estava me esperando lá fora. Me
despedi de mainha e peguei minha lancheira. O ônibus era
rosa e tinha um senhorzinho muito legal. Todos estavam
bem animados, pois teríamos aula de Artes. Chegamos à
escola, e a professora nos esperava no portão. A escola era
linda, rodeada de árvores e muitas flores, era tudo bem
colorido. Teca veio me receber:
– Oi Gabi, trouxe seu desenho?
–Trouxe sim, e fiz com muito carinho.
E a professora disse: – Bom dia, crianças. Hoje será
um lindo dia, vamos todos levar nossas comidinhas e nossos
desenhos para o jardim.
Todas as crianças foram correndo para o jardim, lá
estavam nossos amiguinhos: flor, sol, lua e mar. São dois
cachorrinhos e dois passarinhos. Eles nos acompanham em
todas as aulas, nos ajudam a aprender sobre o amor e muitas
outras coisas. Flor é uma cachorrinha muito dócil, ela é
pequena e foi encontrada pela professora no caminho da
escola. Sol é um cachorrinho, ele é quase do meu tamanho,
103
e foi adotado pela diretora. Lua e mar, sãos os dois
passarinhos que vem nos visitar todas as manhãs, depois da
aula eles vão embora.
Todos os dias, nossas aulas são no jardim. A
professora fala sobre o mundo e nos ensina as cores, as letras,
os números. Nos fala sobre os sentimentos, como ajudar ao
próximo e a importância de aprender. É tudo muito novo
para mim, tenho apenas nove anos, e cheguei recentemente
nessa escola. Antes, eu estudava em outra completamente
diferente. Aqui, todos os dias, além de aprender, brincamos
e nos divertimos muito.
Depois que lanchamos, a professora nos ensinou
Matemática. Ela trouxe algumas frutas e as usou para nos
ajudar a somar, dividir, multiplicar e subtrair. Depois da
aula, fui para o ônibus com minha amiguinha, a Teca.
Quando cheguei em casa, minha mãe estava me esperando
para almoçar. Durante a tarde, fiz minha tarefa de casa e
depois fui brincar, acabei de jantar e agora vou dormir.
104
ESSA ESCOLA REALMENTE EXISTE?
Neelson Alves da Costa
105
Eles fazem reuniões com a turma em outros ambientes, fora
da sala de aula, motivando a todos a estudar e ao mesmo
tempo se divertir, criando assim uma maior união e para que
ninguém tenha vergonha de se expressar na frente dos
colegas. Eles, muitas vezes, se deslocam de suas casas em
dias de fim de semana, para ajudar a tirar dúvidas dos alunos
e assim, fazer com que todos estejam entendendo o assunto
que está sendo passado para todos.
E ainda olhando para aquele senhor, Sam disse: –
Basicamente, eles são uma inspiração para um futuro
melhor, pois aquela rotina de sempre, que era de casa para
escola, valia muito a pena porque os professores sabiam que
não era só a turma que aprendia com a aulas, mas eles
também aprendiam com todos nós. E aquele senhor
admirado com tudo que ouvia falou: – Meu filho, essa escola
realmente existe? Mas antes de Sam conseguir responder, ele
acordou e percebeu que tudo o que ele viveu naquela escola
não passava de um sonho, mas isso trouxe esperança de que
um dia essa escola tão especial realmente chegue a existir.
106
DE FILHO PARA PAI:
uma escola para todos!
Tarcísio Ferreira de Farias Filho
108
A ESCOLA QUE PODERIA
CONSERTAR O MUNDO
Tatiana Karla Paiva Sizenando Rufino
109
vistos e tratados com igualdade. Valorizando sempre os
professores, bem como a opinião dos alunos.
Com todos esses preceitos, a escola se tornou
referência para toda as outras do Estado, pois, além de
ensinar, ela também educava e ajudava a construir o caráter
para que todos se tornassem seres incríveis, e acima de tudo:
humanos. Uma escola sem competição, preconceito ou
egoísmo. Mas com profissionais reconhecidos, bem
remunerados, dispostos a sempre cumprir a missão de
educar e formar cidadãos conscientes. Essa sim! Era a tão
sonhada escola da qual Liz tanto se orgulhava em fazer
parte.
110
ERA UMA VEZ UMA ESCOLA EM QUE TODOS
SONHAVAM EM ESTUDAR
Tiago José Souza Freire
111
A ESCOLA DE ALICE
Walkineia Geycielle da Silva
112
E assim, segue descontraidamente, pois sempre é
assim na escola de Alice. As aulas acontecem das sete e meia
as onze horas, com intervalo de 20 minutos. Nesse intervalo,
sempre passam duas pessoas servindo a merenda em cada
turma, com várias opções de refeições para escolher. Alice é
a mais gulosa, pega logo todas as opções de comida de uma
vez e se senta para comer sem se importar com a opinião dos
outros. Após o intervalo, a professora volta a ministrar sua
aula e passado o tempo chega a hora do almoço.
Os alunos vão para o refeitório. Alice vai para a fila e
prepara seu prato e almoça, para em seguida ir à sala de
descanso e por lá fica deitada até a hora de ir para o ensaio
das líderes de torcida. Nessa escola, todo semestre tem um
campeonato entre equipes de outras escolas, e então Alice
criou um grupo para animar na hora dos jogos.
Após o ensaio, ela vai para a natação e depois se
arruma para esperar o seu pai buscá-la para retornar a sua
casa. Ela chega em casa as seis e meia da noite, se deita no
sofá para esperar sua mãe aprontar o jantar. Depois da ceia,
ela se prepara para dormir depois de um dia cansativo. E
nesse cansaço prazeroso do dia a dia, entre idas e vindas, de
casa para escola, é a vida de Alice, uma menina de dezesseis
anos que está sempre pronta para um novo dia.
113
A MELHOR ESCOLA DO MUNDO
Nadia Farias dos Santos
114
ser você mesmo, a ser gente. E partir disso, aprender o
mundo, aprender a conviver e a respeitar os outros.
Nessa escola não havia salas de aulas limitadas por
quatro paredes, mas espaços coletivos de aprendizagem, que
eram grandes áreas em espaços abertos ou fechados, esses
últimos parecidos com bibliotecas enormes, nos quais havia
livros, computadores avançados e toda a sorte de equipa-
mentos, ferramentas pedagógicas, modelos e materiais para
construir o que a imaginação fosse capaz de criar. Os grupos
para estudos eram criados a partir daquilo que se quisesse
aprender ou descobrir, eram os grupos de interesse. Não
importava a idade, exceto que o conhecimento a ser
mobilizado, ainda não estivesse ao alcance dos interessados,
respeitando os saberes individuais e condição para a
colaboração de cada um, pois todos eram essenciais para o
sucesso das aprendizagens desejadas. Não havia disciplinas
estanques, mas problemáticas ou situações problemas que
precisariam dos conhecimentos e tecnologias das diferentes
áreas do saber. E não havia uma área mais importante que a
outra. Todas eram essenciais e necessárias para o futuro dos
estudantes, da sociedade e do mundo.
A escola era um espaço de convivência que acolhia a
todos, independe de sua origem, cor, gênero, religião,
nacionalidade ou qualquer outra coisa. A diferença era
acolhida como uma riqueza a ser conhecida, valorizada e
respeitada. O importante era aprender com o outro, com a
história, com as ciências. Ah, nessa escola todos eram
cientistas, todos colaboravam a seu modo, para que novas
descobertas surgissem para ajudar as pessoas. As inovações
científicas começavam na escola e seguiam rumo à
115
universidade para serem aperfeiçoadas e depois socializadas
com a população.
Essa escola que teve seu início numa época em que
era desvalorizada e a serviço de poucos, se transformou na
mola propulsora da sociedade do futuro. E ao se transfor-
mar, ao se refazer, ao se reconstruir, sem esquecer suas
histórias e lutas, ajudou a humanidade a se redescobrir, se
reinventar, maior, melhor, mais sólida e carregada de
respeito, amor fraterno e planetário. Ela mudou o mundo!
116
NOTAS FINAIS
“Daria para escrever um livro se eu fosse contar”
Cora Coralina
117
do Rio Grande do Norte tenha lhe proporcionado relembrar
o seu tempo de escola.
118