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Ema Miguel

Liliana Felipe Uala

Maria Amélia Gilberto Joaquim

Mena Gabriel Lopes

Teresinha Joaquim

Vanique Amos Pinto Tembene

Os pensadores Educacionais no século XX (John Dewey)

Licenciatura em Ensino Básico com Habilitações em Supervisão e Inspensão


educacional da escola básica

Universidade Rovuma

Nampula
2

2020

Ema Miguel

Liliana Felipe Uala

Maria Amélia Gilberto Joaquim

Teresinha Joaquim

Vanique Amos Pinto Tembene

Os pensadores Educacionais no século XX (John Dewey)

O trabalho é de carácter avaliativo da


disciplina de Filosofia da Educação, 4˚ ano,
curso de Licenciatura em Ensino Básico.
Docente: MA. Bonfílio Mendes

Universidade Rovuma

Nampula
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iii
2020

Índice

1.Resumo...........................................................................................................................4

2.Introdução.......................................................................................................................5

3.Objectivos do trabalho....................................................................................................6

4.Os pensadores Educacionais no século XX (John Dewey)............................................7

4.1.Conceito de educação..............................................................................................7

5.Pensamentos de John Dewey para a educação...............................................................7

6.A Contribuição de John Dewey à Educação................................................................10

7.A Educação Democrática em Dewey...........................................................................12

8.Influência da Teoria de John Dewey na Educação Moçambicana...............................14

9.Conclusão.....................................................................................................................15

10.Referencias Bibliográficas..........................................................................................16
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1.Resumo
O trabalho pretende Conhecer o conceito de educação de Dewey sec XX e como este
conceito poderá contribuir para uma educação em uma sociedade conectada e em
constante mudança. Leva-se em consideração nesse artigo à realização de uma pesquisa
bibliográfica acerca do conceito de experiência e seu impacto no aluno para um
aprendizado objetivando a resolução de problemas na vida. Percebe-se uma necessidade
de mudança no modelo educacional adoptado, pois, os modelos actuais não contemplam
o conceito de experiência trabalhado por Dewey e nem atendem a demanda dos alunos
na forma de incentivá-los a uma ressignificação da experiência.

Palavras-chave: Educação. Sociedade. Aprendizagem.


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2.Introdução
O presente trabalho tem como foco debruçar em torno dos pensadores educacionais no
século XX em especial John Dewey. Deste modo, o pensamento de Dewey procura
centrar-se nas grandes necessidades que a sociedade americana da sua época
encontrava, é o caso da massiva industrialização encabeçada por institutos políticos e
também na sua existência de dois tipos de ensino, o tradicional centrado no professor e
o da escola nova, centrada no aluno, porem Dewey propõe um novo tipo de ensino, o da
escola progressista ou democrática onde cada aluno aprende fazendo.

Uma das grandes contribuições do educador norte-americano John Dewey (1859-1952)


foi estabelecer uma perspectiva transdisciplinar ao pensamento educacional. Um dos
maiores intelectuais de sua época, ele marcou lugar na História da Educação por ter sido
um dos formuladores e um dos principais ideólogos do movimento de renovação
educacional denominado Escola Progressista. O autor, em 96 anos de vida, deixou uma
obra que recobre várias áreas do conhecimento, entre elas a Pedagogia, a Lógica, a
Psicologia, a Estética e a Comunicação esta última, uma disciplina académica ainda em
construção no final do século XIX e no início do XX.

A educação, assim, é concebida como processo de desenvolvimento e não como um fim


a ser atingido ou um valor previamente determinado. O objectivo da escola seria o de
proporcionar condições plenas para que o aluno possa se desenvolver continuamente,
tomando como base a vivência trazida da vida familiar e social de forma a requalificá-la
pelo raciocínio. Não se aprenderá na escola algo que seja apartado da vida social, mas
nela se tomará os aspectos da vida social como iniciadores de um processo de reflexão
que ampliará o conhecimento em extensão e em profundidade. (DEWEY, 2011, p. 36).
Na sua argumentação, o processo educacional nunca é encerrado, quanto mais o ser
humano encontra significado no que aprende, mais busca aprender.
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O trabalho está estruturado da seguinte maneira: Capa e contra Capa, Índice, Resumo,
uma breve introdução, Desenvolvimento do trabalho, Conclusão e Referencias
bibliográficas.

3. Objectivos do trabalho
Gerais

Conhecer o pensamento Educacional de John Dewey

Específicos

Identificar os pensamentos educacionais de John Dewey;


Mostrar o contributo de John Dewey para a educação.
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4.Os pensadores Educacionais no século XX (John Dewey)


John Dewey nasceu em Burlington, Estado de Vermont, USA. Em 1875 entrou na
Universidade de Vermont. Interessou-se por temas ligados à filosofia política e social e
obteve um bacharelato em artes. De 1879 a 1881 leccionou, numa escola secundária da
Pensilvânia, latim, álgebra e ciências naturais. Regressou a Vermont entre 1881 e 1882.

4.1.Conceito de educação
Podemos, já agora, definir, com Dewey, educação como o processo de reconstrução e
reorganização da experiência, pelo qual lhe percebemos mais agudamente o sentido, e
com isso nos habilitamos a melhor dirigir o curso de nossas experiências futuras
(Dewey, 1971).

Por essa definição, a educação é fenómeno directo da vida, tão inelutável como a
própria vida. A contínua reorganização e reconstrução da experiência pela reflexão
constituem o característico mais particular da vida humana, desde que emergiu do nível
puramente animal para o nível mental ou espiritual. Em todos esses conceitos, a
educação compreende um processo educativo e uma aquisição posterior de resultados
educativos. A divisão entre a finalidade e o processo autoriza a dissociação entre a
educação e a vida, ou, pior ainda, autoriza a suposição de que se ministra a educação ou
instrução por processos puramente passivos de ensino.
Apresentada nos termos em que a define Dewey, a educação não se confunde com
qualquer processo de preparação, que se localiza neste ou naquele período da vida. Seja
na infância, na idade adulta ou na velhice todos participam ou podem participar do
carácter educativo de suas experiências.

5.Pensamentos de John Dewey para a educação


Na Idade antiga, a criança não participava activamente da polis e as acções educativas
pretendiam formar alguém que pudesse exercer actividades políticas na idade adulta.

Platão (428-427 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) compreendiam a infância como um


período de formação de valores morais e éticos necessários para se manter a harmonia
da polis grega.

Por um lado, Aristóteles (2002, p. 55) afirmou que a criança ainda era incapaz de
realizar actos nobres e sua felicidade era apenas um cumprimento das expectativas que
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alimentamos em relação a elas para o futuro, pois a felicidade, como afirmamos, requer
tanta virtude completa quanta vida completa.
Por outro lado, para Platão (1993, p. 230), dever-se-iam cortar as más influências e os
maus pendores dos prazeres e dos apetites para que se, libertos desse peso, fossem
orientados para a verdade, esses mesmos temperamentos vê-la-iam com a máxima
nitidez.
Os séculos XVIII e XIX apresentariam as transformações económicas políticas e sociais
que modificariam definitivamente a concepção de criança vigente. Com a revolução
industrial, ocorreu a urbanização das cidades provocando a necessidade de aumento do
número da produção de bens materiais, que ocorreria com o aumento do número de
trabalhadores fundamentais ao modelo capitalista. Havia, assim, uma necessidade de
uma nova concepção sobre o modelo de educação das crianças na era moderna.

Dewey não se distanciou da nova concepção de educação tão preciosa ao capitalismo.


Sua teoria educacional (Educação Nova), conforme Azevedo (2011, p. 471) propunha
uma educação para além dos limites das classes, através da “hierarquia das
capacidades” e tinha como objectivo dirigir o desenvolvimento natural e integral do ser
humano em cada uma das etapas de seu crescimento, de acordo com certa concepção de
mundo”.

Portanto, John Dewey foi um produto histórico de seu contexto, caracterizado pela
ascensão do modelo capitalista, cuja representação máxima era os Estados Unidos. A
formação de Dewey era condicionada aos meios materiais de sua produção, segundo

Marx e Engels (2007, p. 87) o que eles são coincide, pois, com sua produção, tanto com
o que produzem como também com o modo como produzem”. Não há nessa constatação
nenhuma reprimenda à conduta de Dewey, que apenas defendeu que a educação
moderna estivesse em sintonia com o seu momento histórico, no qual a Revolução
Industrial promoveu uma mudança significativa nas relações sociais e,
consequentemente, no acesso ao conhecimento.

Nesse contexto social, Dewey (1979, p. 55) defende que a escola é o espaço adequado
para a realização das experiências educacionais da criança que a levasse a aprender-se
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com a própria vida e a tomar tais as condições da vida que todos aprendam com o
processo de viver, é o mais belo produto da eficiência escolar.

Dewey (1976, p. 5-6) constatava a necessidade de reformas no sistema educacional


como consequência de uma transformação geral ocorrida na sociedade, na qual o ensino
não se limite a transmitir um produto acabado, sem maior atenção quanto aos modos e
meios por que originariamente assim se fez, nem também quanto às mudanças que
seguramente irá sofrer no futuro.

Para Dewey (1997), a escola não é uma preparação para a vida, mas a própria vida,
sendo, portanto, o lócus ideal para experiências relacionadas com o quotidiano dos
aprendizes, nas quais se imbricam realidade do estudante e produção do conhecimento.
Trata-se, assim, da harmonia entre o pensar e o agir na resolução dos problemas do
quotidiano.

Para Dewey (1971), mais educação significa maior capacidade de pensar, comparar e
decidir com convicção. Isso representa a liberdade (Dewey, 1971). Para o indivíduo, é
importante ter propósitos claros e bem constituídos em sua trajetória de vida. O
propósito representa um bem em si, pois idealizar e executar seus projetos significará
viver em liberdade (Dewey, 1934/2010).

A actividade educadora deve ser entendida como uma libertação de forças, tendências e
impulsos existentes no indivíduo, que são por ele trabalhados e exercitados, e,
consequentemente, dirigidos (Dewey, 1934/2010). A educação é vida e viver é crescer,
desenvolver-se. O processo educativo, logo, não possui nenhum fim, além de si mesmo.
É o processo contínuo de reorganização, reconstrução e transformação da vida (Dewey,
1971).

No seu pensamento pedagógico, ele usou estes princípios:

O primeiro princípio é o da Actividade,

Já que o verdadeiro conhecimento é aquele que provém da experiência e esta requer


uma actividade, uma acção.

O segundo é o da Utilidade,
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Já que a aprendizagem só tem significado, quando esta é útil para a criança, e esta
consegue fazer uma aplicação concreta da vida real.

O Princípio da União dos Meios e dos Fins, é o terceiro por ele referenciado,

Já que tudo quanto é objectivo útil para o indivíduo deveria estar sempre patente no
currículo escolar, assim, o currículo deveria ser concebido para responder os problemas
quotidianos.

Para Dewey, o currículo deve ser concebido tendo em conta a vida real dos alunos, já
que a vida é um processo que se renova a si mesmo por intermédio da acção sobre o
meio ambiente Dewey (1959, p.1), e, neste caso, a educação tem como intuito, integrar
na sociedade os alunos, mas não uma integração passiva, mas sim transformadora,
inconformista e crítica, isto é, uma Educação em que o aluno é o mentor principal no
processo de ensino e aprendizagem, onde este se integre neste processo de modo a
transformar a sua vida com a experiência dos outros. Uma Educação onde o aluno
critica o que aprende, para poder produzir mais e melhor.

6.A Contribuição de John Dewey à Educação

Para se poder compreender a concepção da Educação em Dewey, deve-se partir da ideia


de que a Educação é um fenómeno criado pela e para a sociedade. Dewey, sendo um
educador, o seu contributo teve muita influência na "Escola Nova.

Para Dewey, a Educação em especial, a escola possui uma função de coordenar a vida
mental de cada indivíduo nas diversas influências dentro do meio social onde o
indivíduo vive. Por isso, em Dewey, a Educação ainda que seja uma função social, é
uma necessidade de vida, onde a vida é renovada através da transmissão de um
conhecimento de um indivíduo ao outro e isto diferencia o homem dos seres
inanimados, assim, afirma Dewey que "a mais notável distinção entre os seres vivos e
inanimados é que os primeiros se conservam pela renovação. Dewey (1959, p.1).

Assim, a Educação em Dewey é um "processo pelo qual uma cultura é transmitida de


geração para geração, acontecendo por meio da comunicação de hábitos, actividades,
pensamentos e sentimentos dos membros mais velhos da cultura aos mais novos"
Ozmon; Craver (2004: 151).
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E é por este facto que, a Educação não se deverá limitar ao ensino escolar e formal, mas
também como fazendo parte da própria vida.

Tudo o que se deve estudar na escola, as matérias preconizadas para tal, deveriam tomar
em conta a vida social de cada indivíduo, de tomar em conta também as vivências e o
quotidiano de cada indivíduo, e, neste caso, os planos deveriam ser feitos segundo as
necessidades do aluno.

Esta ideia de deixar que o indivíduo se eduque sozinho foi posteriormente criticada.
Pitombo citado por Ozmon; Craver (2004), afirma que acreditar que a criança se eduque
sozinha sem o professor, é o mesmo que dizer que ela educa-se naturalmente, crescendo
espontaneamente, como se fosse uma planta, mas isto surge como uma má
interpretação, porque Dewey pensava nos métodos do ensino que eram autoritários,
onde tudo dependia do professor.

Face a esta realidade, Dewey faz uma viragem de pensamento, afirmando deveras que o
aluno deve ser educado em conformidade com as necessidades sociais, bem como sob
tutela de alguém com uma certa experiência, de modo que na sociedade não existam
desníveis de educação e não se encontrem indivíduos à margem da sociedade. Portanto,
a educação deve servir para a emancipação e para a transformação social e não virada
para o indivíduo.

A coisa principal que se nota no processo de Educação para Dewey é a relação que se
estabelece entre a imaturidade da criança e a experiência amadurecida do adulto. Neste
processo educacional, Dewey faz uma comparação entre o modelo da Educação
Tradicional e a Educação da Escola Nova ou Progressiva. Mostra Dewey que a
Educação Tradicional, já que pressupõe o mundo da criança como incerto, vago, deve,
através de estudos e lições (ensino), substituir a superficialidade desse mundo.

O aluno só precisa receber e aceitar somente o que é exposto, tomando uma atitude de
docilidade e submissão, porém, a Educação da Escola Nova ou Progressista centra todo
o processo educativo na criança, para o seu crescimento e que isto determinará a
quantidade e a qualidade do que deve ser ensinado e aprendido e que, este ensinado e
aprendido é feito consoante a sua situação concreta, em função do que a criança quer
aprender e também de acordo com os seus pré-requisitos.
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Entretanto, ao conciliar estas duas escolas, a Tradicional e a Nova ou Progressista, ele


propõe o que ele chama de "Reconstrução da Experiência". É aqui e neste aspecto onde
se centra o seu conceito de Educação. A criança, ao possuir uma experiência infantil,
deve passar por um processo contínuo de reconstrução e serão as matérias e as
disciplinas que reconstruirão a sua experiência.

O erro cometido pela Escola Tradicional foi de querer comparar a imaturidade da


criança à maturidade do adulto, porém, o importante é considerar os interesses da
criança como impulsos de uma capacidade e potencialidade. Assim, o aluno deve tomar
uma atitude de busca e disposição de sempre aprender, possuir um espírito aberto a
novas possibilidades, novas observações e novos entendimentos. Isto só é possível
quando o professor adequa o curriculum em função dos seus alunos, incutindo no aluno
que todo o processo de ensino e aprendizagem visa o seu amadurecimento e, para tal,
deve-se aproveitar a experiência do outro, para se enriquecer a sua.

Os professores, ao planificar o currículo, devem tomar em conta os pré-requisitos dos


alunos, o que eles gostam, o que podem aprender mais e melhor e também não pôr de
lado as suas situações sociais e concretas.

A contribuição de Dewey na pedagogia moderna foi de desmistificar a ideia de que


existe uma dissociação entre a escola e a vida, o que não existia na realidade do aluno;
mostrar que o bom ensino deve estimular a iniciativa, promovendo condição para a
produção e exploração de interesse; identificar que o problema em matérias da educação
é fornecer um ambiente no qual as actividades educativas se possam desenvolver, quer
dizer, que a escola deve propiciar um ambiente de oportunidades, sem o qual torna-se
difícil entender e apreender o interesse latente do aluno.

7.A Educação Democrática em Dewey


Para Dewey concretizar o ideal democrático da sociedade, recorreu à Educação como
um fenómeno de extrema importância, capaz de proporcionar um espaço democrático
para as diferentes classes sociais e através de uma metodologia fundamentada no
interesse e na experiência do indivíduo, garantir a perpetuação dos valores liberais
básicos, como a liberdade, a solidariedade e a igualdade de oportunidades.

Dewey foi um dos maiores defensores da democracia, na segunda metade do século


XIX e primeira metade do século XX, por ter afirmado que é possível conceber uma
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sociedade melhor, quando esta pautar pela democracia, que é a única forma digna da
vida humana e não se pode pensar na democracia sem se pensar na Educação.

Dewey, ao falar da democracia relativa à Educação, afirma que uma sociedade "deve
procurar fazer que as oportunidades intelectuais sejam acessíveis a todos os indivíduos,
com iguais facilidades para os mesmos assim, a democracia é mais do que uma forma
do governo, é uma forma de vida associada, de experiência conjunta e mutuamente
comunicada" Dewey (1959, p. 93).

Para Dewey, a Educação Democrática é aquela onde a igualdade de oportunidades é um


elemento fundamental, isto é, todos os indivíduos presentes no processo de ensino e
aprendizagem devem ter a mesma oportunidade de ensino e que não deverá haver
diferenças de classes, cada aluno deve-se enriquecer com as experiências dos outros,
entrando numa relação de inter-ajuda.

Assim, uma Educação sem essa igualdade de oportunidades baseia-se nos privilégios e,
neste caso, não é democrática. Dewey (1959, p.8).

A Educação Democrática consiste em formar os cidadãos para poderem viver os


grandes valores democráticos que abarcam as liberdades civis, os direitos sociais e os da
solidariedade planetária. Também consiste na formação em poder participar na vida
pública, tanto como cidadão comum ou como governante.

Para Dewey, a escola é o principal local onde deverá ser desenvolvida a Educação
Democrática, embora sofra actualmente a concorrência de outras instituições, é o caso
dos meios de comunicação social, igrejas, cinemas, etc.

A Educação tem como finalidade, em Dewey, propiciar à criança condições para que
resolva por si própria os seus problemas, e não os tradicionais ideais de formar a criança
de acordo com modelos prévios, ou mesmo orientá-la para um porvir. Assim, tomando
o conceito de experiência como factor central de seus pressupostos, chega-se à
conclusão de que a escola não pode ser uma preparação para a vida, mas sim a própria
vida.

Para Dewey, o ensino e a aprendizagem baseiam-se numa compreensão de que o saber é


constituído por conhecimentos e vivências que se entrelançam de forma dinâmica,
distante da previsibilidade das ideias anteriores. Deste modo, os alunos e professor
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detentores de experiências próprias, são aproveitadas no processo. O professor, neste


caso, tem uma visão sintética que é mais abrangente e clara acerca dos conteúdos, e os
alunos uma visão sincrética que é confusa e não muito clara daquilo que aprende, o que
torna a experiência um ponto central na formação de conhecimentos, mais do que os
conteúdos formais. De acordo com estes factos, isto levará a uma aprendizagem
essencialmente colectiva, assim como é colectiva a produção de conhecimentos. (Leite
2001, p. 50).

8.Influência da Teoria de John Dewey na Educação Moçambicana

Dewey surge numa época em que o sistema educacional se centrava nas técnicas de
memorização e na transferência de conhecimentos a modo de Ensino Tradicional e ele
propõe a Educação da Escola Nova ou Progressista, que partia do princípio de que a
escola deveria actuar como um instrumento para a edificação da sociedade através da
valorização das qualidades pessoais de cada indivíduo.

Para que a Educação da teoria da Escola Nova tenha lugar, é preciso romper com a
postura de transmissão de informações, na qual o aluno é um simples indivíduo passivo,
preocupando-se somente em recuperar tais informações quando lhes são solicitadas.

Dewey referencia que o uso da problematização no ensino-aprendizagem, é de suma


importância para que ocorra o conhecimento significativo, uma vez que a aprendizagem
ocorreria mediante as experiências anteriores vivenciadas pelo aluno, onde ele não só
desenvolveria a técnica como também o intelecto e a moralidade em vista ao seu
desenvolvimento integral. E é isto o que a política educativa moçambicana pretende
com a concepção do currículo (2002), que o aluno não seja um receptor passivo dum
conhecimento já elaborado, mas sim que este participe activamente no seu precesso de
ensino, que o ensino seja concebido em função deste e das suas condições concretas, por
isso, há necessidade de se conhecer bem e melhor o aluno que está em nossa frente, de
modo que este seja capaz de conciliar o conhecimento teórico com o prático.
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É nesta vertente que Dewey revoluciona a Educação do seu tempo, criando um novo
modelo de ensino. O movimento da Escola Nova em Moçambique pode ser considerado
como ter iniciado principalmente na Época pós colonial, com o intuito de eliminar o
Ensino Tradicional que propunha como meta educacional a formação do homem ao
nível teórico, e com o nascimento do movimento da Escola Nova em Moçambique
preconceituado por Samora Machel, com a política da formação do Homem Novo após
a independência, era necessário encontrar princípios práticos da solidariedade bem
como uma cooperação e integração social dos indivíduos.
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9.Conclusão
Esta pesquisa bibliográfica permitiu-nos averiguar o motivo pelo qual foi criada a teoria
de John Dewey e em que contexto educacional o mesmo se encontrava.

Ele se opôs ao sistema tradicional de ensino da época que era regida pela burguesia.
Pois o mesmo não concordava com os métodos educacionais que eram neste período
utilizados. Que se limitava a transmissão de informações conceituais e de técnicas de
memorização.

Portanto, Dewey desenvolveu sua teoria baseada em um pensamento liberal, onde o


mesmo trouxe inúmeras contribuições para o sistema educacional actual, é o caso da
Concepção do Novo Curriculum em Moçambique. A teoria da Escola Nova trouxe
através da problematização novas técnicas para que ocorresse na educação uma
aprendizagem significativa, ou seja, de forma integral. Onde o aluno desenvolveria tanto
a parte conceitual como a técnica, através de experiências vivenciadas em seu
quotidiano.

A partir deste pressuposto, Dewey desenvolve uma teoria educacional que influi
indirectamente no Sistema Nacional da Educação , na medida em que em Moçambique,
antes da Independência, tínhamos um ensino que não estava concebido em função do
aluno, mas sim em função do professor.

Num meio como o nosso, já não se deverá falar duma Educação autoritária onde o
professor é o único detentor de conhecimentos. A Educação actual deveria democratizar
o saber onde tanto o aluno como o professor são tomados e considerados como sujeitos
do saber, e estes são, ao mesmo tempo, aprendizes e educadores. Ao modo como
referenciou Dewey, a escola deve ser um lugar onde o homem se torna verdadeiro
homem, se inova, faz a sua criatividade. O homem deve ser como o filósofo, um homem
que está sempre insatisfeito e sempre procura indagar a verdade.
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10.Referencias Bibliográficas

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Moçambique. Maputo: Imprensa Universitária, 2005.

CLÉMENT, É, et al. Dicionário Prático de Filosofia. 2 ed. Porto: Terramar, 1999.

CUNHA, M. V. Da. Antinomia do pensamento pedagógico: o delicado equilíbrio entre


indivíduo e sociedade. Revista da Faculdade de Educação, S. Paulo, v. 19, n. 2, jul./dez.
1993.

DEWEY, John. Democracia e Educação. 3 ed. S. Paulo: Nacional, 1959.

LEITE, Carlinda; TERRASÊCA, Manuela. Ser Professor/a num contexto de reforma. 3


ed. Porto: Asa, 2001.

MANACORDA, Mário Alighiero. História da Educação: da Antiguidade aos Nossos


Dias. 12 ed. Brasil: Cortez, 2006.

MARQUES, Ramiro. A Arte de Ensinar: dos Clássicos aos Modelos Pedagógicos


Contemporâneos. Porto: Plátano, 1998.

MAZULA, Brazão. Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique. Maputo:


Afrontamento, 1995.

OZMON, Howard A.; CRAVER, Samuel M. Fundamentos Filosóficos da Educação. 6


ed. S. Paulo: Artmed, 2004.

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