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SSVI SVIVVVVVVUULbbbbbiddbdtidedesaaas MODULO) A 04 FRENTE A verdade esta no mundo real e a busca pela felicidade Aristoteles e o Helenismo ARISTOTELES: IMPORTANCIA DA REALIDADE SENSORIAL Coy Vida e contexto histérico Escultura representando Aristételes. Aristételes nasceu em 384 a.C., na cldade grega Estagira (por isso é também conhecido como o estagirita). Seu pai, Nicémaco, era médico e descendia de uma familia ‘de médicos, pertencendo a uma corporacdo em que a pratica a Medicina passava de pai para filho. Aos 18 anos, Aristételes se transferiu para Atenas, passando @ acompanhar as ligées ministradas por Plato na ‘Academia. Ali permaneceu por 19 anos, até a morte de seu mestre, tornando-se seu discipulo mais importante. Saindo de Atenas, foi convidado por Filipe da Macedé: para ser 0 preceptor de seu filho, Alexandre, que mais tarde se tornou Alexandre, o Grande. Em 335 a.C,, quando Alexandre herdou 0 trono de seu pal, Aristételes voltou para Atenas, onde fundou sua prépria escola, o Liceu. Faleceu em 321 a.C., aos 63 anos. As diferencas ¢ objecées entre Aristételes e Platao Para se conhecer Aristételes, ¢ necessério antes compreender a filosofia platénica. Isso porque muito da flosofia aristotélica se apresenta como uma critica & posigo filoséfica de Platio. Isso pode dar a impresso de inimizade ou oposigao entre os dois, mas, ao contrério, Aristételes foi ‘um genuino platénico, principalmente por desenvolver uma visio eritica, ou seja, por ser um filésofo propriamente dito, ‘aquele que busca 0 saber com seu préprio esforgo.e atitude. Partindo da teoria de seu mestre, Arstoteles tenta superé-la, Uma diferenca fundamental entre os dois é que Plato nutria um grande interesse pela Matematica, que era vista por ele ‘corno © melo de alcancar 0 conhecimento verdadeiro, pois, 1na concepgio platénica, a verdade esté além da matéria, ultrapassa aquilo que pode ser experimentado. Aristételes, 20 contrario, volta-se diretamente para os fenémenos da natureza, para aquilo que pode ser experimentado, com 0 objetivo de conhecer as coisas ¢ © mundo por meio da observacio empirica, Porém, a diferenca mais importante entre os dois pensa~ dores € a rejeicdo de Aristételes 20 dualismo platénico ‘expresso nas realidades sensivel (real) e inteligivel (ideal). Aristételes aponta as dificuldades de se estabelecer as relagdes existentes entre o inteligivel e o sensivel. Segundo ele, existem dois problemas em se admitir a diferenga entre essas duas realidades: como garantira existéncia da realidade superior © como admitir 05 efeitos dessa existéncia para 0 conhecimento dos seres. Aristételes afirma que aquilo que Plato chama de ideia inteligivel, que estaria na origem de todos 0s seres ~ como a ideia de beleza -, ndo passa de uma caracteristica dos priprios seres, uma qualidade, ‘no existindo, portanto, uma ideia de beleza separada dos seres reais. Para o estagirita, quando @ pessoa conhece, Por exemplo, a beleza, 0 que permanece na mente sdo as representacées ou abstrages daquilo que se conheceu e ‘no uma entidade metafisica, uma ideia separada que existe Por conta prépria fora do intelecto human. Bernoulli Sistema deEnsino 55 Digitalizado com CamScanner Modulo 04 A metafisica ‘A metafisica é a busca por aqullo que esté além da ‘materia, ou seja, ¢ a busca pela esséncia das colsas ou daquela substincia imaterial que seria 0 conhecimento or exceléncia, 0 conhecimento do ser enquanto ser. ‘Na filosofia aristotélica, chamamos essa investigacio de filosofia primeira. A filosofia primeira ou metafisica ¢ 0 ‘mais alto grau de conhecimento que o ser humano pode aleancar sobre o mundo e 0 ser. ‘Ao afirmar que *concebemos a Filesofia como possuindo @ totalidade do saber, tanto quanto isto é possivel, mas sem ossulr a ciéncia de cada objeto determinado”, Aristételes esté dizendo que a flosofia primeira, ou metafisica, & a ‘mais dificil e @ mais ampla de todas as ciéncias, uma vez ‘que sua busca se concentra nas coisas que est3o mais distantes das sensagées, ou seja, nas essénclas que, apesar de estarem nas préprias coisas, s6 podem ser concebidas enquanto idelas ou conceites dos seres. € precisamente @ Ciencia que se ocupa das realidades que esto acima das realidades fisicas. Dessa forma, afilosofia aristotélica busca © conhecimento daquilo que esta além do mundo empirico, uma realidade metaempirica Aristételes, o pai da légica Aristételes buscou compreender como 0 ser humano pode alcancar o conhecimento verdadero, Para 0 filésofo, se 0 conhecimento ¢ fruto do pensamento, deve-se, na sua constituigdo, seguir regras lagicas que garantam a verdade do conhecimento encontrado, © juizo alcangado ¢ fruto de um encadeamento de ideias segundo um método constituido por etapas devidamente dispostas. Caso haja algum erro no percurso da construséo do julzo, @ conclusio sera necessariamente incorreta. A Légica nos possibilita avaliar @ disposicdo das ideias, em argumentos. ‘Um argumento é um conjunto de sentencas estruturado de tal forma que uma sentenga é a conclusdo e as outras séo as premissas do argumento. A conclusdo éa sentenca que expressa 2 idela ou tese que queremos defender e as premissas sio as razées apresentadas para sustentar @ verdade da conclusso. AA Iégica (também chamada légica dedutiva ou formal) @ parte Indispensvel de uma teoria da argumentacéo. ‘Um estudo amplo dos crtérios que determinam quando um dado argumento sustenta satisfatoriamente sua conclusso ‘no se limita & ldgiea, mas a l6gica é como que a estrutura de uma teorla da argumentacio em geral. RODRIGUES FILHO, Abilo.Disponivel em: _chttps//htp:/Jerv.educacao.mg, gov br/sstema_crv>. ‘Aceseo em: 22 out. 2013, [Fragment] 56 colecdo Filosofia / Sociologia Dessa forma, para que uma concluséo seja correta, 0 argumento do qual faz parte deve ter uma estruturago légica valida. N3o & admissivel, em nenhum julzo, seja filoséfico ou clentifico, que a conclusto esteja em desacordo com a estruturacéo Iégica devida. Tipos de argumentos Aristételes afirma que o ser humano produz conhecimento de duas formas, par meio da inducSo ou pela dedusdo. Indugao: é 0 processo de raciocinio pelo qual se parte de experincias particulares para alcancar uma conclusso eral. Pora Aristételes, era necessério experimentar cada ‘ser para encontrar as caracteristicas comuns a todos eles. ‘Arregra geral da indugio é a experiéncia de particulares para se alcancar, por meio de uma generalizaco, uma lei geral. Perceba que, na inducao, os elementos observados, sustentam a conclusio, que pode ser forte ou fraca, dependendo do numero de seres observados, ou seja, da amostragem experimentada, e também da pertinéncia, do que esté sendo observado. Para os argumentos Indutives, hd sempre uma probabilidade de certeza, que pode ser grande ou pequena. Se, por um lado, forem. ‘observados poucos elementos em um universo muito grande, © arqumento tem pouca probabilidade de estar correto. Se, por outro lado, for observada grande parte dos ‘elementos de um universo, a probabilidade de a conclusao estar correta aumenta. A forca do argumento ‘aumenta proporcionalmente em relagéo ao numero de seres analisados. \dutivo Exemplo: 75% dos entrevistados declararam que vo votar no candidato X. Logo, 0 candidato X vencerd as elelcBes, Nesse exemplo, verifica-se que as experiéncias particulares, ‘ocorrem quando se verifica, por meio da pesquisa eleitoral, Que, entre todos os individuos entrevistados (100%), 759 deles votardo no candidato X. Assim, a conclusio geral que pode ser inferida dessas experiéncias (da entrevista realizada com 0s eleitores), generalizando os dados obtides, € que © candidato X rd vencer as eleigbes. A inducdo pode ser considerada uma analogia quando, 20 invés de se experimentar varias situacées particulares, ‘considera-se apenas um caso particular, sendo sua conclusio também particular. Na analogia, © que ocorre & na verdade uma comparagéo entre um ser particular com outro também particular, Exemplo: Maria disse que comprou na loja X e gostou, Logo, se eu comprar na mesma loja, também vou gostar, Digitalizado com CamScanner KKKAKRKHKRKRHKAKHAAKK, BRHHRHKLHEHLLELEHPHHAHAKRKKKS ey Averdade esta no mundo real e a busca pela felicidade: Aristételes e o Helenismo SOVVUVEUUESUEUE Ebb ddddedddddaded Dedugao: é 0 processo de raciocinio que acontece Unicamente a partir do pensamento, sem o uso de experiéncias para se alcancar a conclusio. Na dedugso (0u silogismo), tem-se uma premissa (denominada maior), * ae Porag. axes . ios wermenla ¢ he Se esfactérie £ -* Ahmargos Che” $ e 4 +79 astinaeia . °a 6G teers“ Anafe Telos Grea no século Va.C. Neste mapa, é possivel abservar as cidades:Estado gregas, bem como a Macedénia ! TUS HISTORICO ESCOLAR. MEC / Fename, 60 colecao Filosofia / Sociologia « « « « « « e € Digitalizado com CamScanner VBSVVevVvyev_ se vse ses HvHoggssssusIuGs RBPBVWAWIIVs weve ALEXANDRE, 0 GRANDE: y VIDA E CONQUISTAS ¢ inochi 2K nes 0 Império Macedénico conquistado por Fillpe e por Alexandre: tervtério que se estendia dos Béic8s 8 India, Incluindo o Egito € 2 Béctria (oproximadamente, 0 atual Afeganistéo). ‘Com a morte do rel Filipe Il, Alexandre (356-323 a.C.) se tornou rei da Macedénia com apenas 20 anos de idade. No entanto, sua pouca idade no representou empecilho para © afforar de sua genialidade, sendo considerado uma das figuras mais importantes da histéria da Antiguidade. Tendo construido um dos maiores impérios da Histéria, algumas pessoas de seu tempo chegaram a afirmar que Alexandre pertencia a descendéncia direta de Zeus. Da cultura helénica para a cultura helenistica Com as conquistas de Alexandre, a regio dominada por ‘ele se tornou um s6 reino. Por consequéncia, a cultura dos helenos, antes preservada somente entre 0s povos gregos, principalmente em Atenas, passou a ser propagada uma vez ‘que, por cultuar os ideais gregos, Alexandre, ao dominar os demais povos, difundiu a cultura helena, que fol absorvida, ‘de um modo ou de outro, por todos os povos conquistados, ‘até mesmo Roma, que mais tarde dominou a Macedénia, ‘absorveu @ cultura grega quando, por exemplo, renomeou. (0s deuses gregos e os cultuou em seus ritos religiosos. Dentro da nova perspectiva de ser humano, visto agora como individuo, fez-se necessério pensar em uma moral que levasse em conta o individuo particular de modo que ele pudesse se constituir em uma forma para que este cencontrasse a felicitade. Dessa maneira, a Filosofia se dirigiu ‘20 ser humane concreto e individual e, em alguma medida, ‘ocupou o lugar antes reservado & antiga pdlis e & sua religigo, Averdade esta no mundo real e a busca pela felicidade: Aristételes e o Helenismo Acreditava-se entio que a Filosofia oferecia novos conteidos para a vida espiritua, luminou a consciéncia, ensinou o ser hhumano a viver e a ser feliz. ‘Assim, a preocupacio filoséfica do Helenismo foi predomi- nantemente ética, tendo as demais especulacées filosdficas se subordinado a esse interesse pritico. Alguns filésofos dessa época desenvolveram uma concepslo terapéutica da Filosofia, ‘comparando sua arte com a do médica. Dessa forma, assim ‘como os médicos curam os males do corpo, a Filosofia curaria ‘os males da alma. Seria entio, fungio da Filosofia cuidar das tenfermidades da alma causadas pelas falsas crencas e pelos temores diante da vida e da morte, Nesse contexto surgem as escolas filoséficas chamadas estoicismo, epicurismo, ceticismo e cinismo, as quais pretendiam apresentar para as pessoas uma nova maneira de ser e viver a fim de levé-las 8 felicidade. CINISMO on ‘A palavra cinico, provavelmente utilizada pela primeira vez para se referir a Didgenes de Sinope, tido como o fundador dessa escala filoséfica, provém do grego kynismé ou kynds e do latim cynismu, que significa “cSo". Desse modo, Diégenes e ‘0s demas cinicos ficaram conhecidos como os “cBes da cidade”, A idela central do cinismo & a mais anticultural das concepgées filoséficas da Grécia Antiga: Diégenes declarou que toda pesquisa filoséfica abstrata e tedrica, bem como {a Matemitica, a Fisica, a Astronomia, a Misica e todo & qualquer outro tipo de conhecimento teérico, é indtil para evar oser humano & felicidade. Essa concepsdo & claramente ‘dentificével com sua célebre *procura pelo homem”. Conta-se {que Didégenes safa pela cidade, de dia, com uma lanterna ‘na mo, dizendo procurar “um homem que fosse justo” Com isso, ele queria encontrar um s6 homem que vivesse de acordo com a natureza, longe de todas as convencées dda sociedade e indiferente a0 préprio capricho da sorte e do destino, sabendo reencontrar sua verdadeira e original nnatureza, vivendo conforme essa esséncia e, com isso, alcongando a verdadeira felicidade, © modo de vida do cinico, em especial de Didgenes, resume 0 porqué de os participantes dessa escola serem cconhecidos como os “ces”: no se importam com nada, ‘no perdem a paz em busca de comida, mas comem o que aparece; néo se angustiam porque no tém onde dormir, mas dormem em qualquer lugar e, sobretudo, no tém qualquer vergonha em fazer 0 que é natural, satisfazendo suas necessidades em frente a todos e quando sentem vontade, Bernoulli Sistemade Ensino | 61. Digitalizado com CamScanner LE 6.1. a Da mesma forma, de acordo com essa perspectiva Aloséfica, as pessoas deveriam agir sem se preocupar ‘com as convencées sociais ou qualquer norma de conduta E interessante observar que é 0 animal que diz pare o cinico ‘como ele deve viver e agir, e nfo o contrério: uma vida sem metas (metas que a sociedade coloca como necessérias, como obter riquezas e prestigio), uma vida sem necessidade de moradia fixa ou de conforto. Segundo 0 cinismo, esses razeres so criados pelas pessoas e so dispensiveis 2 vida feliz, Para Diégenes, “quanto mais se eliminam as necessidades supérfluas, mais se é livre”. Tal lberdade pregada pelos inicos se manifestava em todos os sentides: liberdade da ppalavra, pois diziam o que queriam da forma que queriem, sendo considerados, por Isso, arrogantes; e liberdade de ‘aco, pois faziam o que queriam, em qualquer lugar que estivessem e diante de qualquer pessoa. OESTOICISMO IC-y eee Meda do governo de Chipre em homenagem a Zens de Ciclo. Fundada por Zeno de Ciclo (332-262 a.C.), em uma cidade localizada no Chipre, a escola estoica representou uma das mais importantes correntes de pensamento do Periodo Helenistico. A palavra estoicismo tem sua origem no termo stoa polkilé, que significa “pértico pintado", local ‘em que os membros dessa escola se reuniam. Dentre as principais figuras que compunham a escola estoica, esto Cleantes (331-232 a.C.) € Crisipo (280-206 a.C.). ‘© conceito de natureza é essencial para compreendermos © estilo de vida e a proposta de felicidade pregada pelo ‘estoicismo. Segundo essa escola, a Filosofia é dividida em 2 colegio Filosofia / Sociologia trés partes, a Fisica, a Légica e a ética, sendo esta ditima @ mais importante. Nessa concepséo, a Filosofia é viste como uma érvore, na qual os frutos correspondem & Etica, 2 raiz 8 Fisica e 0 tronco & Léaica. Para oestolcismo, o ser humano deve viver segundo o que é natural. De acordo com essa concepeso ética, o ser humana ‘era o microcosmo da natureza, vista como © macrocosmo. essa forma, o microcosmo est submetido ao macrocosmo. Para que o ser humano alcancasse a felicidade verdadeira, suas ages deveriam estar de acordo com o macrocosmo, ‘ou seja, com aquilo que a natureza determinasse. Dentro de sua proposta ética, podemos perceber que 0 ‘estoicismo esté préximo de um determinismo ou fatalismo: as coisas estdo determinadas pela sua natureza,e, se assim &, 0 ser humano deve aceitartal natureza,tal"destino", e cumpri-l, fazendo sempre o que é correto. Isso nao significa que o sujeito jo tenha vontade ou capacidade de pensar naquilo que ¢ certo ou errado, mas que ele deve aceitar o que é inevitével, se for isso © que a racionalidade do cosmos determinar. Contudo, & importante perceber que a natureza no é arbitraria e ieracional, por Isso os estoicos insistiam no cesforco para conhecer a raclonalidade intrinseca & natureza, compreendendo as suas determinagdes sem se desesperar diante delas. Nesse ponto, encontra-se aquele que talvez seja 0 maior ensinamento do estoicism 12 05 acontecimentos seguem ‘curso da natureza, o ser humano deve aceité-los de forma tranquila, buscando nessa aceitacéo a verdadeira felicidade, Dessa forma, @ pessoa deve alcancar a ataraxia (estado de az interior) por meio da tranqullidade da alma, possivel somente 2quele que constr6i sua fortaleza interior, ou atinge 2 apathela, que seria a indiferenga a tudo o que acontece, de modo que os fatos da vida, sendo inevitaveis porque ‘s80 naturais, no podem tirar a paz interior da pessoa. © estoicismo ensina as pessoas a enfrentar as vicissitudes da vida de forma calma, resignada, e, sobretudo, digna. Esse estado é alcancado por meio do autocontrole e da ‘austeridade de uma vida disciplinada e construida somente com o que é estritamente necessério & sobrevivéncia, sem qualquer luxo ou culto as coisas supérfuas. 4s influénclas do estoicismo sero claramente identificadas no cristianismo, quando este, anos depois, tece elogios ao autocontrole, & resignagdo diante dos acontecimentos e sofrimentos inevitéveis e & vida simples e abnegada em vista de um ideal malor que esté além desse mundo. rr Digitalizado com CamScanner yy y . ARAKAHAAMNH®HK, \. a PROP TOTTIS be BR e & e e e & b i é é é é E é é , ‘ , ' y , O EPICURISMO: 7 O ENCANTAMENTO DOS tL ty JARDINS” DE EPICURO Das escolas do Periodo Helenistico, talver a que defende essante seje 0 epicurismo. Fundado por Epicuro (341-270 8.C.), 0 epicurismo traz como pano de fundo de uma vida feliz @ procura pelo prazer, o desprez0 pels morte e a negaglo do temor aos deuses. Epicuro nasceu em Samos e chegou a Atenas em 323 a.C., 10 da morte de Alexandre, o Grande. Fundou sua escola em Atenas em 306 a.C., depois de viajar por muitos lugares € conhecer as pessoas e 0 mundo. Diferentemente das escolas de Plato (a Academia) e de Aristoteles (0 Liceu), 2 escola de Epicuro nao era um centro de investigacdo filosdfica em busca da verdade sobre © mundo ou sobre © ser humano, identificando-se mais como um permanente revro espintual, no qual os amigos se reuniam para buscar a {elicigade por meio de uma vida simples e regrada, entregue 42 reflex3o sobre o ser hummano e & busca do prazer. Nao temer a morte e os deuses Na concepcéo religiosa do epicurismo, néo existiria vide apés a morte, uma vez que @ propria alma humana & formada também por étomos e, quando a pessoa morre, esses dtomos séo dispersados, retornando & natureza sim, outros seres. Desse modo, Epicuro val f formando, contra a preocupacio das pessoas em querer agradar OS deuces com titos # aacrificlos, uma vez que nfo hd por que aradé-tos, JA que a alma no ira para Junto deles apés @ mote, Aldi dieso, Epicure, em sua Carta sobre a felicidade, \e 05 deuses vivem em ‘escrta para seu amigo Meneceu, diz lum lugar chamado de intermunda, no se importando com a vida humana, e, por isso, estes também no deveriam se preacupar em agradé-Ios, pots deles “nada temos a esperar =o flésoto também afirma que “a morte no enada atemer isso, 0 medo da morte 6 nada para nds’ daqueles que a cansideram o fim de todas afastando, com as colsas © a passagem para outra realidade A busca pelo prazer Se nio hd vida apés a morte, © 0 destino, em certa medida, seque determinacSo da natureza dos seres, sendo que 0 ser humano pode também seguir algumas soa buscar uma vida feliz na afecgBes proprias, resta 8 9: realidade terrena, vivendo cada dia como uma humana em busca do prazer. Para Epi a felicidade neste mundo, deve ser a meta a ser atingida nstrugso ro, a boa vida, pelo sujeito. Ao contrério do que se penscu por muito a interpretagdes superficiais do epicurismo, pregava uma vida de prazeres imoderados ‘no podendo ser considerado, assim, © defenser de um hhedonismo no sentido de que o que vale na vida ¢ 0 prazer fem si mesmo, sem a preocupaggo com as consequéncias ue a escolha de determinado prazer pode causar. (© hedonismo, no sentido mais conhecido da palawra, é a busca pelo prazer sem medida e sem consequéncias, Se entendida \desse modo, 0 epicurisme no pode ser chamade de hedonismo, ‘uma ver que, segundo a doutrina epicunsta, a pessoa stinge ‘uma vida feliz 8 medida que busca o prazer de forma moderada © equilibrada. Para tanto, hd ums ciara aisting3o entre os prazeres ligados 0 corpo menos importantes que os prazeres ligadas & ‘ima, Para Epicuro, no s3o todos es prazeres que trazem @ tranguilidade, Nas palavras de Epicure, “(...] tedo prazer Censtitul um bem por sua propria natureza; ndo abstante ‘ss0, nem todas sao escolhides; do mesmo modo, toda dor um mai, mas nem todas devem ser evitadas.” FPICURO, Carta sobre a felicidad (a Meneceu), Tadusto de ANor Lorence Eno Del Canatery ‘So Paulo: Ecitora da Unesp, 2002. p. 13. Bernoulli Sistema de Ensino 63 Digitalizado com CamScanner Médulo 04 | a pessoa feliz é aquela que é austera e moderada, buscando os prazeres simples e virtuosos, Segundo a ética epicurista, ‘a mais valiosa é a prudéncia, pois é por racionalmente escolhidos. € por isso que 0 filésofo disse que, de todas as virtudes, meio dela que a pessoa é capaz de discernir os prazeres e escolher os melhores pensar prazeres. Assim, Epicuro estabelece uma hierarqula entre os prazeres, dividindo-os em do na consequéncia da escolha dos Prazeres naturais e necessarios. Exemplo: beber 4gua suficente pare matar a sede. 2° Prazeres naturais e no necessdrios. Exemplo: beber bebidas refinadas. iqueza, poder e prestigio. 3° Prazeres ndo naturais e no necessérios. Exemp! Segundo Epicuro, os prazeres da primeira categoria devem ser buscados, os da segunda podem ser buscados de vez em quando, e 05 da terceira nunca devem ser buscados, pois sdo insacléveis e levariam a pessoa a angustia devido 8 sua auséncia, Sobre 0 mal e a dor, Epicuro expe que ambos s&o inevitévels. Para ele, o mal fisico ou é facilmente suportével ou, se é insuportavel, dura pouco e leva & morte. E a morte no deve ser vista com medo ou como um mal em si, jé que ela € a suspensSo dos sentidos. Epicuro, em sua Carta, diz que “quando ela [a morte] esté presente, nés no estamos, e quando nés estamos presentes, ela no esté presente”, por isso, a morte nao deve representar nada para o ser humano. 34 em relacdo aos males da alma, Epicuro afirma que a Filosofia é capaz de curé-los e de libertar completamente o ser humano de tais males. A tradico interpretativa da filosofia de Epicuro sintetizou sua mensagem com 0 chamado quadri-farmaco (ou quatro remédios para os males do mundo), 0 qual consiste em quatro licdes a serem seguidas para se alcancar a verdadeira felicidade: © Cerone de Epicuro 64 Colecio Filosofia / Sociologia Digitalizado com CamScanner G G G G G G G « « G G G q G G SSS SSS SSSSTTTV TP VSS EEE EE EERSEEC EC EET Seguindo esses principios, qualquer pessoa poderéaleangar 9 ataraxia, 2 paz interior, a absoluta Imperturbablldade, endo, entSo, fez No fim de sua Carta sobre a felleldade, Epicure dle: Medita, pols, todas essas colsas © multas outras a elas congéneres, dia ¢ noite, contigo mesmo @ com teus Semelhantes, © nunca mals te sentirss perturbado, quer ‘acordado, quer dormindo, mas viverss como um deus entre 95 homens. Porque nijo se assemelha absolutamente a um ‘mortal o homem que vive entre bens mortals. EPICURO. Corta sobre a felldade a Meneceu. Ed. biingue, Grego / portugues. Traducso de Alvaro Lorencinie Enzo Del Corratore. So Paulo: Editora Unesp, 1997. [Fragmento} usto de Pirro, fundador do ceticismo, Fundado por Pirro de Elida (365/360-275/270 a.C.), © ceticismo, também conhecido como pirronismo, é uma das escolas mals importantes do Periodo Helenistico, Pirro fez parte do Exército de Alexandre, 0 Grande, ¢ ‘com ele fol até a {ndia, Nesse caminho, percebeu que as ‘convicgBes gregas, as verdades que até ento eram arraigadas « inquestiondvels de sua tradicdo, ndo passavam de um modo particular de ver o mundo, ou sefa, as verdades gregas, que pareciam incontestdvels ¢ evidentes, eram somente mais uma visio particular diante de outras visées diferentes sobre ‘05 mesmos assuntos. Com isso, Pirro conclulu que verdades Unicas @ absolutas néo existiam, sendo meras opiniGes. Averdade est no mundo real e a busca pela felicidade: Aristételes e o Helenismo ‘Adela central do ceticlsmo é, portanto, que o ser humano ‘no pode encontrar uma verdade absoluta sobre nada no mundo. Dessa forma, cético aquele que no busca 2 vverdade, pols sabe que ela & impossivel de ser atinglda, sefa Porque 0 ser humano no tem condigies de encontré-la, seja porque ela no existe, De uma forma ou de outra, a postura do ser humano deve ser a de se abster de Julgar 0 que as colsas so, de no emitir qualquer resposta & pergunta: ‘que 67 Assim, se as coisas s80 indiferentes, sem medida e indiscernivels, sendo que os sentidos, a razB0 e 0 pensamento So podem dizer 0 que as coisas sé ou deixam de ser, 0 ser humano deve se contentar em simplesmente no buscar 2 verdade, permanecendo sem nenhuma inclinagéo, na total Indiferenga. € essa indiferenca que levaria 0 ser hurano & felicidade, uma vez que no ha por que se angustiar e perder 1 paz interior em busca da verdade, pois esta nZo existe ou 6 impossivel de ser encontrada. Est4 aqui © ponto principal {6a argumentaglo cética, resumida no conceito de epoché, que significa a suspensdo do juizo. 5 iB iS EXERCICIOS PROPOSTOS Oiiiinw) Q1. (VEAP) Para Aristételes, em Etica a Nicdmaco, “felicidade [.--] € uma atividade virtuosa da alma, de certa espécie”. Com base nesta afirmagio, assinale a alternativa que no corresponde & definicdo aristotélica de felicidade. A) Felicidade $6 6 possivel mediante uma capacidade racional, prépria do homem. 8) Ter Felicidade & obter coisas nobres e boas da vida ue 56 so alcancadas pelos que agem retamente. ©) Felicidade é uma ilusio que o homem criow para si mesmo. D) Nenhum outro animal atinge @ felicidade a nao ser ‘o homem, pols os demais no podem participar de tal atividade, E) A finalidade das ages humanas, 0 bem maior do homem, é a felicidade. 02. (VENA) Do ponto de vista da légica formal, um argumento ¢ improcedente quando se apresentam os principios da universalidade e da contrariedade. Os referidos principios esto presentes na seguinte psd: 'A)_Nenfhum homem é mortal. ~ Algum homem é morta. 8) Todo homem é mortal. -Alguns homens s80 mortals. ) Todo homem é mortal. ~ Nenhum homem & mortal. 1) Todo homem & morta. Algum homem no & morta £) Algum homem é mortal. ~ Nenhum homem & mortal. Bernoulli Sistema de Ensino 6 Digitalizado com CamScanner

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