Fundada em 11 de setembro de 1928 por Thiers Vellozo // Vitória, 12 e 13 de Setembro de 2020 - Nº 31958 - Valor: R$ 8,00 // ESPÍRITO SANTO

FERNANDO MADEIRA
www.agazeta.com.br

EQUILÍBRIO
NO PALCO DAS RUAS, ARTISTAS
BUSCAM SEU SUSTENTO
.

Pág. 52

Desequilíbrio
Setor público contrata 28 mil no ES,
enquanto iniciativa privada demite
Nas empresas e no mercado informal, 139 mil pessoas deixaram de
exercer atividade remunerada durante a pandemia, mostra IBGE Págs. 2 a 7

Dia da Dar cara Opinião

Cachaça: nova em Leonel Ximenes

Por causa da pandemia,
aprenda cantinhos Estado bate recorde em
registro mortes Pág.13
receitas de da casa vira
Vitor Vogas
coquetéis e tendência na PTB retira apoio a Max
até petisco quarentena Filho e pode lançar militar
em Vila Velha Pág.27
Págs. 46 e 47 Revista.AG Págs. 10 a 15
2 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
capixaba
Novo coronavírus
acentuou mais
o desequilíbrio
que há entre os
dois setores
CAROLINE FREITAS
crfreitas@redegazeta.com.br
P
ropulsora da pior cri-
se econômica regis-
trada na história re-
cente do país, a pan-
demia do novo coronavírus
acentuou ainda mais as de-
sigualdades existentes en-
tre os setores público e priva-
do. Enquanto nas empresas
e também no mercado infor-
mal houve queda no número
de pessoas ocupadas, nas ad-
ministrações públicas avan-
çou a quantidade de pessoas
empregadas.
Dados do mercado de tra-
balho revelam que durante o
segundo trimestre deste ano,
auge da crise, mais de 139 mil
pessoas deixaram de ter uma
atividade remunerada na ini-
ciativa privada do Estado. No
setor público, por outro lado,
foram criados 28 mil postos de
trabalho no período, em com-
paração ao primeiro trimestre
deste ano, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Do-
micílios Contínua, do IBGE.
Uma parte dessas contra-
tações pode ser explicada
pelo problema sanitário, que
levou ao aumento no núme-
ro de funcionários recrutados
para atender aos pacientes in-
fectados pela nova doença.
O aumento de contratações
no setor público chama a aten-
ção não somente em relação à
realidade enfrentada pelo se-
tor privado, mas também por-
que ocorre em meio à crise fis-
cal enfrentada pelos entes fe-
derativos como um todo.
Para especialistas, com o
cenário adverso, os impac-
tos iniciais da reforma
da Previdência foram
Reforma administrativa
Desigualdade
aumenta
Setor público
contrata, enquanto
o privado demite
logo suprimidos pela perda de
arrecadação observada entre
março e junho. Os gastos com
pessoal, por outro lado, cres-
ceram, em média, 3,3% em
relação ao primeiro trimes-
tre no âmbito do governo Es-
tadual, segundo o Painel de
Controle do Tribunal de Con-
tas do Estado (TCE).
Quanto aos municípios,
até julho, oito deles apresen-
taram despesas com pessoal
acima do limite legal. Em
2019, apenas duas cidades
passaram por essa situação.
Considerada uma das pe-
ças-chave da retomada da
economia, a reforma ad-
ministrativa, recentemente
apresentada ao Congresso,
é uma das formas encontra-
das pelo governo federal para
reequilibrar as contas e redu-
zir as distorções entre setores
público e privado. Se apro-
vado, o conjunto de medidas
beneficiará União, Estados e
municípios, que poderão en-
xugar despesas obrigatórias
e abrir mais espaço no or-
çamento para ações sociais
e investimentos.
Ao passo que a mera ideia
de uma reforma já traz mais
.
confiança aos investidores,
a proposta, no entanto, não
reduz exatamente os gastos
com pessoal no momento.
“Nesse sentido, o setor pri-
vado tem uma facilidade mui-
to maior de se adaptar dentro
das conjunturas. Mas o setor
público não consegue encolher
para acompanhar a perda de
arrecadação, e problemas de
endividamento acabam sendo
amplificados”, destacou o eco-
nomista especialista em Ges-
tão Pública, Wallace Millis.
Impulsionada pela pande-
mia, aliás, atualmente, a dí-
vida pública brasileira já se
aproxima de 100% do PIB
do país – indicador que, in-
clusive, “despencou” no se-
gundo trimestre deste ano,
quando apresentou retração
de 9,7%. Foi a maior queda
desde 1996, quando teve iní-
cio a série histórica do IBGE.
“A crise é uma ruptura da
capacidade de operacionali-
zar negócios, uma quebra na
circulação de dinheiro e mer-
cadoria. Essa queda cria um
problema de empobrecimen-
to acelerado, que amplia ten-
sões sociais e políticas.”
Millis acrescenta que a re-
forma administrativa, que
visa a enxugar os gastos da
máquina pública, vai abrir
mais espaço no orçamento
para ações que beneficiem
a população.
“Mas a reforma não resol-
ve o problema de agora. Ela
vale só para os futuros servi-
dores e, ainda assim, por uma
questão de competência do
executivo, mantém as mes-
mas vantagens das catego-
rias mais privilegiadas, como
o alto escalão do Judiciário,
Legislativo, e militares.”
Para o professor de Orça-
mento e Contabilidade Públi-
ca na Fucape João Eudes Be-
zerra Filho, o momento pede
ajustes imediatos. Não basta
esperar pela reforma.
“A pandemia mudou pou-
co para o funcionalismo. Não
houve sacrifício, se compara-
do ao que o setor privado tem
vivido. A reforma administra-
tiva é uma coisa a longo pra-
zo. O grosso do efeito da re-
forma, nossa geração não vai
viver para ver. Enquanto isso,
é preciso encontrar outras
formas de ajustar as contas.”
Apesar de incontáveis pre-
juízos, o especialista destaca
um legado deixado pela pan-
demia e que poderá ser ado-
tado, ainda depois, como for-
ma de contenção de gastos.
Trata-se do trabalho à dis-
tância, que contribui para
a redução de despesas com
água, luz, aluguel e transpor-
te, por exemplo.
Os governos federal e do
Estado, inclusive, já vêm se
empenhando nesse sentido,
e, a partir deste mês, permi-
tirão que parte de seus servi-
dores trabalhe de casa de for-
ma mais definitiva.
“Mas também há outras
questões a se considerar.
Nesse período de trabalho
em casa, e com o aumento
da oferta de serviços digi-
tais, muitos servidores fica-
ram praticamente parados, e
essa ociosidade é um proble-
ma. É preciso encontrar ma-
neiras de aumentar a produ-
tividade, de forma a compen-
sar o que a população paga”,
concluiu Bezerra Filho.
REFORÇO NA SAÚDE
No auge da pandemia do novo
coronavírus, o governo Esta-
dual admitiu 1.415 servidores
a mais do que desligou, entre
abril e junho, segundo a Se-
cretaria de Estado de Gestão
e Recursos Humanos (Seger).
Outras 461 vagas foram
criadas em março, ainda no
início da crise. A maioria das
contratações, conforme expli-
cou o subsecretário de Estado
de Gestão e Desenvolvimen-
to de Pessoas, Charles Dias
de Almeida, foi para a área
da saúde. “Tivemos algumas
contratações pontuais de co-
missionados para reposição
de vacância, algumas nomea-
ções após decisões judiciais
também. Mas, de alguns me-
ses para cá, a grande maioria
das vagas tem sido na saúde”.
No mês de abril em espe-
cial, de 1.212 contratações,
quase mil foram na Sesa.
“Eles já haviam tido uma
autorização para contrata-
ção de quase 500 profissio-
nais em março para reposição
do quadro. A partir daí, hou-
ve aumento natural em função
da pandemia.”
O subsecretário explicou
que, por causa da Covid-19,
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
foi autorizada a contratação
de cerca de 2 mil servidores
temporários na área médi-
ca. Entretanto, a previsão é
de que a maior parte das va-
gas seja extinta nos próxi-
mos meses.
“Eles têm contrato de seis
meses, ou enquanto durar
o estado de emergência em
função da pandemia. Se em
dezembro se encerrar o es-
tado de emergência em saú-
de, sem renovação do decre-
to, esses 2 mil provavelmen-
te vão ser exonerados.”
O peso nas contas públi-
cas, desta forma, também se-
ria temporário. Além disso,
conforme destacou Almei-
da, houve reduções em ou-
tras áreas. Pela lógica, coube-
ram aos municípios as demais
contratações. Entretanto, de
acordo com o presidente da
Associação dos Municípios
do Espírito Santo (Amunes),
Gilson Daniel, o número não
condiz com a realidade.
“Os prefeitos mal têm con-
dições de pagar a folha, que
dirá fazer novas contrata-
ções. Houve um aumento sim
na área da saúde. Foi preciso
ampliar o quantitativo de mé-
dicos, enfermeiros, entre ou-
tros profissionais. Mas, nas
outras áreas, ocorreram inú-
meras demissões.”
Entre as áreas que tiveram
redução, ele destaca a educa-
ção que, diante da ausência
de aulas presenciais, cortou
milhares de servidores que
haviam sido contratados em
regime temporário.
“Também houve municí-
pios cortando comissionados
para equilibrar contas. Aqui
em Viana, por exemplo, dimi-
nuímos o número de servido-
res. Essas contas não fecham.”
Em nota, o IBGE explicou
que a Pnad trimestral “é reali-
zada através de uma amostra
de domicílios, de forma a ga-
rantir a representatividade dos
resultados para os níveis geo-
gráficos em que é produzida.”
REMUNERAÇÃO
Entre outros pontos, a nova
crise aprofundou ainda mais o
abismo entre as remunerações
no funcionalismo e no setor
privado. Se antes da pandemia
um servidor público brasileiro
já ganhava, em média, 19%
mais do que trabalhadores da
iniciativa privada, segundo da-
dos do estudo Gestão de Pes-
soas e Folha de Pagamento, do
Banco Mundial, agora, a dife-
rença é ainda maior.
No Espírito Santo, um pro-
fissional com carteira assina-
da, recebeu, em média, R$
2.039 mensais no segundo
trimestre deste ano – R$ 19
a menos que antes da pande-
mia, conforme mostra a Pnad
Contínua do IBGE.
Já os servidores tiveram
ganhos médios de R$ 3.553
mensais entre abril e junho.
Os rendimentos também ti-
veram redução, algo em tor-
no de R$ 67, em relação ao
trimestre anterior, mas ainda
superam em muito a remune-
ração na iniciativa privada.
Uma das principais dife-
renças desta crise para as an-
teriores é o fato de que, da
noite para o dia, diversas em-
presas tiveram seus rendi-
mentos reduzidos a zero, em
função das medidas de iso-
lamento social decretadas
numa tentativa de controlar
a Covid-19, que, em cerca de
seis meses, deixou mais de
3.300 mortos e infectou mais
de 118 mil pessoas no Estado.
Sem dinheiro suficien-
te para pagar a folha, o se-
tor privado celebrou 94,7 mil
acordos de suspensão de tra-
balho no Estado no segundo
A reforma não
resolve o problema
de agora. Só vale
para futuros
servidores, mas
mantém vantagens
das categorias mais
privilegiadas”
Wallace Millis
Economista
94,7
MIL ACORDOS
Foi o número de acordos de
suspensão de trabalho feitos
no Espírito Santo no segundo
trimestre deste ano, além
dos 113,7 mil acordos de
redução proporcional
de jornada e salário
.
trimestre deste ano, e 113,7
mil acordos de redução pro-
porcional (de 25%, 50% e
70%) de jornada e salário.
Quase 30 mil empresas
precisaram recorrer à medi-
da para evitar demissões, se-
gundo o painel do Benefício
Emergencial (BEm). Apesar
dos esforços, a extinção de
postos de trabalho foi inevi-
tável diante da magnitude da
crise. Entre os meses de abril
e junho, 26,7 mil vagas com
carteira assinada “desapare-
ceram” no Estado, de acordo
com o Novo Cadastro Geral
de Empregados e Desempre-
gados (Caged).
Isso sem falar no mercado
informal, onde muitos profis-
sionais se viram impossibili-
tados de exercer suas ativida-
des em função da pandemia.
O setor de serviços foi o mais
afetado, e extinguiu 12.655
vagas formais no período.
Na sequência, o comércio
(-7.648), indústria (-5.476),
e construção civil (-1.369).
O único segmento a criar
mais vagas do que extinguir
no período foi a agropecuária
(381), cujas atividades foram
impulsionadas pelo aumento
da procura por alimentos.
Essa demanda, aliás, tem
contribuído para o encare-
cimento de produtos como
3
arroz, feijão, óleo, carne, que
compõem a base da alimen-
tação das famílias. Dados do
IBGE mostram que esses e
outros alimentos registraram
aumento de preço 7,5 vezes
maior do que a inflação na
Grande Vitória, entre janeiro
e agosto deste ano.
A elevação dos preços preo-
cupa principalmente os mais
pobres, cuja renda não acom-
panha as oscilações. Ainda
que de formas diferentes, po-
rém, a crise afetou a todos. Os
mais ricos, por exemplo, têm
adiado investimentos planeja-
dos antes da pandemia.
Diante do cenário de in-
certezas, negócios que se-
riam ampliados, novos em-
preendimentos, entre outros
projetos, acabaram ficando
para depois. Boa parte das
empresas, inclusive, acre-
dita que levará, no mínimo,
seis meses para se recupe-
rar. E como uma coisa afeta
a outra, a criação de empre-
go e renda também acontece
lentamente. Falta, afinal, con-
fiança no mercado. E, segun-
do especialistas, a agenda de
reformas, que vem sendo re-
tomada pelo governo nos úl-
timos meses, é o caminho. l
4 - capixaba
Concurso e seleção: o que muda
no ingresso no serviço público
Além de
provas, outras
competências
também serão
avaliadas
O
ponto central das
mudanças pro-
postas pela re-
forma adminis-
trativa do governo federal
está no ingresso de novos
servidores. O concurso pú-
blico continuará sendo a
principal forma de acesso,
de acordo com a propos-
ta do Ministério da Eco-
nomia. Mas, além do co-
nhecimento teórico, serão
avaliadas as competências
profissionais e, especial-
mente, o desempenho prá-
tico de quem busca a car-
reira pública.
“A estabilidade e a re-
muneração dos atuais ser-
vidores serão mantidas. O
que estamos propondo é
para os servidores que in-
gressarem no serviço pú-
blico a partir da aprova-
ção da PEC e dos projetos
de lei”, destacou o secretá-
rio de Gestão e Desempe-
nho de Pessoal do Ministé-
rio da Economia, Wagner
Lenhart, durante apresen-
tação da proposta, nesta
quinta-feira (3).
Com a reforma, o regi-
me jurídico único dará lu-
gar a cinco tipos de vínculo
Reforma administrativa
do novo servidor com a ad-
ministração pública: víncu-
lo de experiência, por pra-
zo determinado, cargo com
vínculo por prazo indeter-
minado, cargo típico de Es-
tado e cargo de liderança e
assessoramento. Para cada
um deles haverá uma for-
ma de ingresso.
“Uma lei federal denirá
que tipo de atividades se-
rão enquadradas na cate-
goria de cargo típico de Es-
tado, quais são essas fun-
ções essenciais”, explicou o
secretário especial adjunto
da Secretaria Especial de
Desburocratização, Ges-
tão e Governo Digital do
Ministério da Economia,
Gleisson Rubin.
Para essas atividades,
a porta de entrada será o
concurso. Já no caso dos
cargos de liderança e as-
sessoramento – que substi-
tuirão os comissionados –,
por exemplo, parte das va-
gas poderá ser preenchida
A estabilidade e a
remuneração dos
atuais servidores
serão mantidas.
A proposta é
para os novos”
Wagner Lenhart
Secretário do Min. da Economia
Saiba mais
.
O QUE MUDA NAS
FORMAS DE INGRESSO
NO FUNCIONALISMO
1 Novos concursos
públicos
Essas questões não são
tratadas na PEC e, além
disso, já há legislação
prevendo a possibilidade
de diferentes modalidades
de provas (objetivas,
discursivas, práticas,
entrevistas, avaliação
psicológica). Elas são
amplamente utilizadas em
diversos concursos. Os
certames serão mantidos
para contratação de
cargos típicos de Estado
e cargos com vínculo por
prazo indeterminado.
2 Estágio probatório
O concurso público não
dará direito automático ao
cargo. Depois de aprovados
na primeira etapa da
seleção, os interessados
passarão por um período de
formação e avaliação prática
de um a dois anos, chamado
de vínculo de experiência.
Ao término do período de
experiência, a administração
pública pode optar por
continuar com o profissional,
incorporando-o ao quadro
fixo. Para ser admitido no
quadro fixo, o servidor deve
obter boa classificação nas
avaliações de desempenho
realizadas durante o vínculo
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
de experiência entre os
mais bem avaliados ao
final do período, conforme
previsto em cada edital.
3
Seleção
Abrangerá contratação
de profissionais com vínculos
por prazo determinado, isto
é, contratados para lidar com
necessidades temporárias.
Após o término do período,
o profissional deixará os
quadros da administração
pública. Além disso, será
a forma de ingresso de
profissionais em cargos de
liderança e assessoramento,
destinados a atribuições
de liderança estratégica,
gerencial ou técnica e de
assessoramento. Apenas
uma pequena parcela
será de livre nomeação.
4 Indicações políticas
Os concursos públicos
continuarão a ser a principal
forma de ingresso no
serviço público. Não há
mudança quanto a isso. Além
disso, parte dos cargos de
assessoramento e liderança
se tornará acessível a todos
os brasileiros, via seleção
simplificada específica para
a posição. Assim, a proposta
do governo federal prevê
que profissionais com maior
experiência e formação, de
dentro ou de fora do serviço
público, possam ingressar
diretamente nessas posições.
FREEPIK
Uma lei federal
definirá quais tipos
de atividades serão
enquadradas como
típicas de Estado,
funções essenciais”
Gleisson Rubin
Secretaria de Desburocratização
através de processo de se-
leção simplificado. Outra
parcela permanecerá de li-
vre nomeação e exonera-
ção. Nas duas situações,
haverá critérios mínimos
denidos por cada um dos
Poderes. O objetivo é pro-
fissionalizar a ocupação
dessas posições.
A PEC vem sendo tra-
tada com uma das princi-
pais medidas para conter
o avanço dos gastos pú-
blicos e projetar perspecti-
vas positivas para a situa-
ção scal do país, que terá
um endividamento próxi-
mo a 100% do Produto In-
terno Bruto (PIB) até o -
nal do ano.
O cenário desafiador
para as contas municipais
e estaduais também faz
parte da precicação bra-
sileira aos olhos do inves-
tidor, indivíduo essencial
para a retomada da econo-
mia, abalada pela crise do
novo coronavírus. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 capixaba - 5

Reforma administrativa
DIVULGAÇÃO/TJAM

Novo concursado
terá salário
inicial menor que
servidor atual
.

PEC também proíbe que

progressão na carreira
de servidor ocorra de
forma automática

existem hoje entre os dois especial A PEC enviada no

Proposta do segmentos. A alteração na
governo é tornar política de remuneração
deve entrar na segunda fase
remuneração mais da reforma administrativa,
compatível com a que teve a primeira etapa
da iniciativa privada encaminhada ao Congresso
no dia 3 de setembro.
DINÁ SANCHOTENE As alterações serão feitas
dsanchotene@redegazeta.com.br por meio de um projeto de lei
complementar após a aprova-
CAROLINE FREITAS ção da Proposta de Emenda
crfreitas@redegazeta.com.br Constitucional (PEC). O Mi-
SALÁRIOS INICIAIS NA ESFERA FEDERAL
Agente, Escrivão e Papiloscopista
da Polícia Federal
Delegado da Polícia Federal
Auditor fiscal da Receita Federal
Analista Tributário
Analista Judiciário
Técnico Judiciário
último dia 3 já proíbe que
essa progressão na carreira
ocorra de forma automática.
R$ 12.522,50 A proposta é que os no-
vos servidores tenham au-
R$ 23.692,74
mento salarial por mérito,
R$ 21.029,09 como acontece na iniciati-
va privada.
R$ 11.684,39
A ideia é que sejam pro-
R$ 7.603 movidos de acordo com o
desempenho das funções.
R$ 5.715
O objetivo, segundo a

U
m dos principais
atrativos de um
concurso públi-
co, além da esta-
bilidade, são os altos salá-
rios oferecidos. Mas o go-
verno federal promete fazer
uma mudança na remune-
ração inicial no funcionalis-
mo que, segundo o Minis-
tério da Economia, é muito
maior do que o praticado na
iniciativa privada.
A proposta da equipe eco-
nômica para os novos con-
cursados é deixar as remu-
nerações compatíveis com
os valores pagos pela ini-
ciativa privada, para com-
bater as desigualdades que
nistério da Economia infor-
mou que o texto vai dar dire-
trizes gerais sobre política re-
muneratória e de benefícios.
“No momento, não há ne-
nhuma definição sobre ní-
veis remuneratórios iniciais.
A xação dos padrões de re-
muneração não depende de
aprovação da PEC. Se dá por
lei ordinária”, disse, em nota.
A ideia da pasta também
é ampliar o número de fai-
xas salariais para evolução
ao longo da carreira, o que
faria com que o servidor de-
morasse mais tempo para
chegar ao topo.
Hoje, um salário inicial
considerado elevado dentro
do funcionalismo público é
Advogado da União
Analista tributário da Receita Federal
Diplomata
Analista do INSS
Auditor de Controle Externo do TCU
Perito Médico
Oficial de Inteligência
o de auditor scal da Recei-
ta, que já entra recebendo
R$ 21.029,09. Ao nal da
carreira, este valor aumen-
ta para R$ 27.303,62.
Na Polícia Federal, por
exemplo, o salário inicial
R$ 17.330,33
R$ 11.684,39
R$ 19.199,06
R$ 7.659,87
R$ 21.947,82
R$ 12.683,79
R$ 16.620,46
de agentes, escrivães e pa-
piloscopistas é de R$ 12,5
mil com teto de R$ 18,6 mil.
Já os vencimentos de dele-
gados federais se iniciam em
R$ 23,6 mil e podem che-
gar a R$ 30,9 mil na classe
equipe econômica, é com-
bater os supersalários e
aumentar a produtivida-
de no serviço público, que
hoje, segundo especialis-
tas, tem uma eciência in-
compatível com o alto cus-
to. Eles defendem que a
meritocracia pode contri-
buir para motivar o servi-
dor, criando possibilidade
de desenvolvimento e bus-
cando diminuir a distância
entre os trabalhadores da
iniciativa privada e os do
funcionalismo.
A reforma prevê ainda
que servidores poderão ser
demitidos, em algumas si-
tuações, por critérios como
desempenho insuciente. l
6 - capixaba
Se regulamentada,
regra vai valer
para funcionários
atuais e novos e
servidor municipal
NATALIA BOURGUIGNON
nbourguignon@redegazeta.com.br
O
projeto de refor-
ma administrativa
aponta para uma
redução na esta-
bilidade de parte dos novos
servidores. Entre as propostas
está a ampliação das pos-
sibilidades de
exoneração
do servidor,
que atualmen-
te são restritas.
Um dos pontos
é a demissão por
baixo rendimen-
to, ou seja, por ine-
ficiência do trabalha-
dor, que poderia afetar
tanto os novos entran-
tes quanto os antigos
servidores.
Embora o texto tra-
te do funcionalismo fede-
ral, por ser uma emenda à
Constituição, as regras tam-
bém precisarão ser seguidas
pelos demais entes federa-
dos, ou seja, os Estados e
os municípios.
Atualmente, o servidor só
pode ser exonerado em qua-
tro situações: quando conde-
nado por processo judicial
transitado em julgado (sem
possibilidade de recurso); por
processo administrativo disci-
plinar, no caso de uma infra-
ção grave; e por desempenho
insuficiente, ou seja, inabili-
dade do trabalhador de cum-
prir com sua função.
Essa última, contudo, ape-
sar de estar prevista na Cons-
tituição desde 1998, precisa
ser regulamentada por Lei
Complementar, o que nun-
ca aconteceu.
“Há essa possibilidade,
mas não tem como aplicar
por ausência de lei comple-
mentar. A regulamentação
chegou a ser aprovada no Se-
nado há um ano, mas não
avançou desde então”, afir-
ma o mestre em Direito e Ga-
rantias Fundamentais e pro-
fessor da FDV, Diego Moraes.
O que o governo federal
propõe na reforma adminis-
trativa é mudar a forma de
aprovação dessa regulamen-
tação. Em vez de uma Lei
Complementar, que precisa
de aprovação de pelo menos
Reforma administrativa
Servidor estadual
poderá ser demitido
por ineficiência
metade dos parlamentares
de cada Casa (41 senadores
e 257 deputados), ela pode-
ria ser feita por Lei Ordiná-
ria, que necessita de maio-
ria simples (metade do quó-
rum presente no momento
da votação) para ser apro-
vada. Por exemplo, se estive-
rem presentes 50 senadores
no momento da deliberação,
a maioria simples para apro-
vação é 26.
Para Moraes, a mudan-
ça simplifica o método, mas
não garante que haverá cele-
ridade na tramitação. Além
disso, ele afirma que a Lei
Ordinária abre mais espaço
para modificações no texto
original, e consequentemen-
te, para o lobby do setor.
.
A mudança atingirá
com certeza os
novos (servidores)
e é bem provável
que atinja os que
estão em atividade ”
Diego Moraes
Professor da FDV
O texto da proposta modi-
fica aquele de 1998, o que sig-
nifica que mesmo os servido-
res antigos poderão ser afeta-
dos pelas novas regras, caso
haja a regulamentação via
Lei Ordinária.
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
“Essa mu-
dança vai atingir
com certeza os novos
(servidores) e é bem pro-
vável que atinja aqueles que
estão atualmente em ativida-
de. Porque a Constituição já
prevê isso (demissão por ine-
ficiência), só não há o dis-
positivo. Não tem problema
mudar de Lei Complementar
para Lei Ordinária, porque
não muda o texto original, só
a maneira de apresentação da
regulamentação”, esclarece.
PROCESSO JUDICIAL
TRANSITADO EM JULGADO
Outra modificação é na pos-
sibilidade de exonerar o ser-
vidor por sentença judicial.
O governo quer eliminar a
necessidade de uma deci-
são com trânsito em julgado
- quando não há mais possibi-
lidade de recurso - para uma
decisão colegiada, o que ocor-
re já em segunda instância.
A medida serviria para
acelerar o processo de des-
ligamento do servidor, visto
que as muitas possibilidades
de recurso na Justiça brasilei-
ra fazem com que o processo
possa levar muitos anos para
transitar em julgado.
ESTADO TEM AVALIAÇÃO
No Espírito Santo, os servi-
dores efetivos já passam por
processo de avaliação indivi-
dual de desempenho desde
2013. O questionário, preen-
chido anualmente entre mar-
ço e abril, avalia oito critérios,
intercalando questões técni-
cas e comportamentais.
A nota atribuída ao servi-
dor ao final do processo, inde-
pendentemente de quão bai-
xa seja, não é utilizada como
critério para exoneração.
Porém notas altas podem
favorecer uma promoção “an-
tecipada”, o que permite as-
censão na carreira.
“O objetivo dessa avalia-
ção é o desenvolvimento do
servidor e não é exigida nota
mínima. A partir da avalia-
ção é sugerido um plano
de desenvolvimen-
to ao servidor. A
Avaliação de
Desempe-
nho Indivi-
dual com-
põe um dos
critérios da
Promoção
por Seleção, que
possibilita a ascensão
do profissional na carrei-
ra”, afirmou, em nota, a Se-
cretaria Estadual de Recur-
sos Humanos.
A pasta esclareceu ainda
que, desde 2010, aplica uma
avaliação especial de desem-
penho àqueles servidores
que estão no período de está-
gio probatório.
“Ao todo, são realizadas
seis avaliações parciais e, ao
final do período de estágio
probatório, uma comissão as
agrupa para obter o resulta-
do final. No resultado final,
(soma das parciais) ele deve
atingir o mínimo de 70% na
pontuação geral. Caso con-
trário, pode ser exonerado”,
diz a nota.
A reportagem pediu ao
governo estadual um posi-
cionamento sobre a propos-
ta de reforma administrati-
va. Também em nota, o Es-
tado respondeu, através da
Secretaria de Estado Fazen-
da (Sefaz), que está anali-
sando o texto.
“Ainda não é possível esti-
mar, para o Espírito Santo, os
impactos dessa reforma que
começará a ser mais debati-
da a partir de agora.” l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Proposta enviada ao Congresso quer
acabar com uma série de benefícios
Algumas dessas vantagens contribuem, segundo especialistas, para aumentar o gasto público e
para ampliar a desigualdade que existe entre os setores público e privado. Veja o ponto a ponto
QUEM SERÁ AFETADO
PELA REFORMA
ADMINISTRATIVA
• O projeto encaminhado
pelo governo federal ao
Congresso vai valer para
servidores do Executivo,
Judiciário e Legislativo
das esferas federais,
municipais e estaduais. No
caso da Justiça, Câmaras
e Assembleias, as novas
normas vão atender quem
é funcionário do setor
administrativo e técnico,
mas não vão abranger os
membros dos Poderes,
como juízes, promotores e
procuradores de Justiça e
procuradores da República.
• O governo federal não
incluiu essas categorias
no texto sob o argumento
de não interferir nas
questões que envolvam
esses outros Poderes.
• As mudanças nas regras
para os membros dos
Poderes precisam ser
realizadas pela própria
organização, de acordo com
a Constituição. No caso
do Legislativo, a Câmara
dos Deputados também
apresentou uma proposta.
Já o Judiciário precisa
de um encaminhamento
do Supremo Tribunal
Federal (STF).
TIPO DE CONTRATO
DE TRABALHO E
ESTABILIDADE
• Como funciona atualmente:
Os servidores (estaduais,
municipais e federais) são
contratados pelo Regime
Jurídico Único da União, que
garante a estabilidade para
quem é estatutário. São
pessoas concursadas, na
maioria, que não recebem
Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS) e só
podem ser demitidas em
caso de violação grave.
• Como vai ser: A estabilidade
será garantida apenas para
Reforma administrativa
servidores das chamadas
carreiras típicas de Estado,
ou seja, que só existem
na administração pública.
Dentre as profissões estão
as de policial federal ou
militar, diplomata e auditor
da receita, por exemplo. O
governo ainda vai elaborar
uma lei onde estarão
listadas as carreiras que
farão parte desse grupo.
CINCO TIPOS DE
VÍNCULOS DE TRABALHO
• Pelas regras estabelecidas
na PEC, os servidores serão
divididos em cinco grupos.
• Carreiras típicas de Estado:
serão os servidores que
terão estabilidade e
aposentadoria como os
atuais. Ele será efetivado
na função após três anos.
O ingresso será por meio
de concurso público.
• Contratos de duração
indeterminada: os
servidores que fizerem
parte deste grupo não terão
estabilidade. Eles poderão
ser demitidos a qualquer
momento por necessidade
de cortes de gastos, por
exemplo. O ingresso
nessas carreiras também
será por concurso público.
Esses cargos podem ser
assistentes administrativos,
analistas, engenheiros.
• Contrato temporário:
não terão estabilidade
no cargo, como já
ocorre hoje no serviço
público. A contratação
desses profissionais
será feita por processo
seletivo simplificado.
• Cargos de liderança
e assessoramento:
esses funcionários terão
vínculos temporários
e serão contratados
por processo seletivo
simplificado. Eles também
não terão estabilidade.
• Vínculo de experiência: será
considerada uma das etapas
do concurso público. Para
os cargos típicos de Estado,
serão necessários dois anos
de experiência, mais um ano
no cargo. A estabilidade vai
ocorrer após três anos. Já
para as funções de prazo
indeterminado, o vínculo
de experiência será de um
ano, mas eles não terão a
garantia da estabilidade.
DEMISSÃO POR MAU
DESEMPENHO
• Como é hoje: Pelas regras
atuais, um funcionário
público só é demitido
quando há sentença
final da Justiça, sem
possibilidade de recurso
por parte do servidor ou por
.
infração disciplinar. Com a
proposta, será permitida
a demissão mesmo sem a
decisão final da Justiça.
• Como vai ficar: A PEC
promete facilitar a
demissão do servidor
ao criar a possibilidade
de desligamento por
desempenho insuficiente.
No entanto, o governo ainda
vai elaborar um projeto
de lei complementar para
autorizar a dispensa. A
regra vai valer para os
atuais e novos servidores.
A PROPOSTA É
ACABAR COM OS
PENDURICALHOS
• O governo federal está
propondo acabar com
uma série de benefícios
ao servidor. Entenda.
• Progressão automática
• Como é atualmente:
Servidores sobem de
carreira por tempo
de serviço e de
forma automática,
independentemente
do desempenho que
apresente no seu trabalho.
• Como vai ficar: O
benefício será extinto.
A ideia é que a pessoa
seja promovida apenas
por mérito, ou seja, por
apresentar produtividade
nas suas tarefas.
AUMENTO RETROATIVO
• Como é atualmente: Em
negociações de reajustes
salariais, muitas vezes, os
servidores conquistam
o pagamento de valores
retroativos, referente
ao período entre a
data-base e a data de
concessão do aumento.
• Como vai ficar: Esses
pagamentos de atrasados
vão acabar. A ideia é que
o reajuste seja aplicado
apenas a partir da data de
concessão do benefício.
A medida vai valer apenas
para quem ainda vai
ingressar no serviço público.
Os servidores antigos
vão continuar recebendo
os valores retroativos.
A medida é polêmica
por criar segregação
no ambiente público.
LICENÇA-PRÊMIO
• Como é atualmente:
Algumas Unidades da
Federação pagam esse
benefício, que permite que
o servidor saia de licença
por três meses a cada
cinco anos no cargo.
• Como vai ficar: A ideia do
governo é extinguir esse
benefício, vetando para
todos os novos concursados.
capixaba - 7
ACÚMULO DE CARGOS
• Como é atualmente:
Servidores podem acumular
dois cargos de professor
ou um cargo de professor
mais outro em funções
técnicas ou administrativas.
Profissionais da saúde
também podem ter
dois cargos.
• Como vai ficar: A PEC
vai permitir ao servidor
acumular mais de um cargo
desde que esses trabalhos
tenham carga horária
compatível. Não poderão
acumular funções as
carreiras típicas de Estado.
OUTROS BENEFÍCIOS
QUE SERÃO EXTINTOS
• Adicional por tempo
de serviço
• Aposentadoria compulsória
como punição
• Férias superiores a
30 dias ao ano
• Parcelas indenizatórias
• Adicional ou indenização
por substituição
• Redução de jornada sem
redução de remuneração
• Incorporação ao
salário de valores
referentes ao exercício
de cargos e funções
MAIS PODERES AO
PRESIDENTE: CRIAÇÃO E
EXTINÇÃO DE ÓRGÃOS
• Como é atualmente:
A iniciativa só pode
ser feita por meio da
aprovação de um projeto
de lei no Congresso.
• Como vai ficar: O presidente
da República poderá propor
a extinção de cargos
efetivos e comissionados,
acabar com funções e
gratificações e órgãos e
autarquias, como o Ibama.
Pela Legislação, o Executivo
poderá ainda fazer fusão e
criação até de ministérios
sem aval do Congresso.
FONTE: MINISTÉRIO DA ECONOMIA
FOTO: AGÊNCIA BRASIL
8 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

opinião
Opinião da Gazeta

Controle de preços não é solução

Para evitar o desabastecimento, o setor supermercadista modulando o crescimento das vendas para o mercado ex-
capixaba já começou a limitar a venda de itens como ar- terno, sobretudo em um cenário de valorização do dólar.
roz e óleo por cliente, o que acaba trazendo a amarga re- Paralelamente, o consumo interno foi estimulado pelo
cordação dos hiperinflacionados anos 80. Não se chegou auxílio emergencial do governo, que permitiu a cerca de
ainda a essa tragédia. Com o IPCA de agosto de 0,24%, 65 milhões de brasileiros o acesso aos supermercados no
acumulou-se alta de 2,44% em 12 meses, percentual que período pandêmico. O resultado é o encarecimento dos ali-
permanece bem abaixo da meta de inflação de 4% estabe- mentos, com a procura mais alta do que a oferta.
lecida para este ano. O presidente Jair Bolsonaro apelou para o patriotismo
A disparada dos preços dos alimentos é episódica, dentro dos supermercadistas, como se fosse possível resolver o
daquele que é um dos princípios mais no- problema com o populismo do controle
tórios da economia liberal: a lei da oferta de preços. Autorizou a notificação feita
e da procura. Não desconsiderando aqui Bolsonaro apelou pelo Ministério da Justiça aos supermer-
o quanto isso afeta o bolso do consumi- para o patriotismo cados para explicações sobre o aumen-
dor, já drenado por uma pandemia com dos supermercadistas, to, mas esqueceu-se do necessário ajuste
evidentes prejuízos econômicos, é preci- com o ministro Paulo Guedes, que ques-
so conter a sanha do controle de preços como se fosse possível tionou a decisão. A vigilância, gerenciada
pelo Estado. resolver o problema pela Secretaria Nacional do Consumidor
Nacionalmente, o presidente da As- com o populismo do (Senacon), é importante para identificar
sociação Brasileira de Supermercados e conter possíveis abusos, o que é diferen-
(Abras), João Sanzovo Neto, propôs uma controle de preços te de tabelamentos ou outras interferên-
campanha para estimular o consumidor cias nos preços.
a substituir o arroz pelo macarrão. Não se pode transfor- Como balizador, o governo pode ajustar alíquotas de
mar o conselho em um dilema “pão ou brioche”, visto que, importação para abastecer o país e assim acomodar o
para muitos brasileiros, essa já tem sido uma troca adota- mercado. A retirada da tarifa para até 400 mil tonela-
da pela própria noção instintiva de economia doméstica. das de arroz foi, portanto, uma providência governamen-
.

Até julho, houve o encarecimento de 8,83% dos alimen- tal na medida certa, que ainda permitirá que os produ-
tos, com as carnes puxando a alta, com 75,9% de aumento tores locais também se movimentem para garantir a de-
nos preços. O arroz, que já se tornou o símbolo da carestia manda e, assim, forçar a queda dos preços. Com medidas
atual, chegou ao percentual de 18,3%. O aumento da pro- apropriadas, o mercado se autorregula sem a mão pesa-
cura por produtos brasileiros, em especial a China, acabou da do Estado.l

O capitalismo depois da pandemia

Antônio Carlos
de Medeiros
É pós-doutor em Ciência Política
pela The London School of
Economics and Political Science
A pandemia acelerou a mutação
dos paradigmas de criação e distri-
buição da riqueza no capitalismo. É
tempo de pensar fora da caixa. Há
uma corrida global para reinventar
o Estado, reformar o capitalismo, re-
paginar a democracia e atualizar o
pensamento econômico. Soluções
binárias do tipo “ou isto ou aquilo”
não ficam mais de pé.
As corporações saíram na fren-
te com o capitalismo de “stakehol-
ders”. O capitalismo das gerações
dos “millennials” e dos “Z”, que são
63,5% da população mundial. O
foco não apenas no lucro. Ter con-
tribuição para a sociedade, olhan-
do clientes e consumidores, além de
acionistas e executivos. Para conter
e contornar o ataque à natureza e
ao planeta.
Vem daí o “Green New Deal”,
a narrativa da transição para a
economia verde que ganha terre-
no no mundo inteiro. Uma nova
forma de produzir. Converter a
economia para padrões de baixa
emissão de carbono. O WRI Bra-
sil fez cálculos do quanto o Bra-
sil teria a ganhar. O PIB poderia
crescer 38% a mais até 2030, o
que significa R$ 2,8 trilhões. Re-
cuperar e proteger o solo, articu-
lar a cadeia produtiva da biodi-
versidade. Tecnologias novas: na
mobilidade urbana, no agronegó-
cio, na saúde, na energia limpa.
São novos paradigmas de criação
e distribuição de riqueza. Superan-
do o debate binário do século pas-
sado: se é o Estado ou o setor pri-
vado que deve tocar o investimento.
Os dois têm que atuar. O liberalis-
mo, sozinho, não fica mais de pé. O
Estado pode catalisar o “Green New
Deal” em estágios cruciais do seu
desenvolvimento, como já fez com
a energia limpa e a as tecnologias
de informações, através de Pesqui-
sa & Desenvolvimento e de investi-
mentos de longo prazo em infraes-
trutura de qualidade.
Trata-se de ver a geração de va-
lor para além da estreita visão fi-
nanceira de curto prazo, visualizan-
do o futuro e a criação de mercados
com investimentos de longo prazo.
O “Green New Deal” é exemplo de
geração de novos mercados com o
Estado catalisando capital de lon-
go prazo. A mudança da natureza
da acumulação capitalista. Da fi-
nanceirização de curto prazo (acio-
nistas e executivos) para o investi-
mento produtivo de longo prazo
(“stakeholders”).
Ao mesmo tempo, o pensamento
econômico sai da visão binária. Fo-
caliza também a criação da riqueza
– além da sua distribuição – com a
economia verde e seu novo merca-
do. E enfatiza a complexidade da
geração da riqueza das nações: não
mais apenas “capital humano” e in-
centivos econômicos, mas também
a cultura e as instituições. Conver-
gindo para a tecnologia.l

Presidente do Conselho Diretor-Geral Diretor Diretor de Mercado

de Administração da Rede Gazeta de Negócios Anunciante
CARLOS FERNANDO CARLOS FERNANDO MARCELLO MÁRCIO
LINDENBERG FILHO LINDENBERG NETO MORAES CHAGAS
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 9

Painel do leitor
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SÓ SERÃO ACEITAS CARTAS ASSINADAS. A REDAÇÃO RESERVA-SE O DIREITO DE EDITAR OS TEXTOS POR MOTIVOS DE CLAREZA E/OU ESPAÇO.

Vacina
Sobre suspensão nos testes clínicos
de Oxford, após reações adversas
Perfeito para mostrar para a popula-
ção que uma vacina só vai ser libera-
da com a comprovação de eficácia e
segurança fase 3. É assim.
RACHEL PRADO BERGER
Supermercados
Sobre a alta nos preços dos itens
da cesta básica
Lamentável. A população já vem so-
frendo tanto. Muito difícil restringir o
consumo de itens básicos.
CYNTIA VASCONCELLOS
Supermercados 2
Com o dólar nas alturas por conta da
crise econômica, obviamente os pro-
dutores iriam preferir exportar. Qual-
quer um no lugar deles faria isso.
DEBORA CARDOSO
Supermercado 3
Tem que haver fiscalização antes e
depois. A indústria alimentícia está
aproveitando do momento da pan-
demia e metendo a mão no bolso
do consumidor. O Brasil vai colher a
maior safra histórica, 278 milhões de
toneladas, e é o maior produtor de
alimentos do mundo. Não há razão
para esses preços nas alturas!
ANTONIO ROMILSON SEIXAS
Reforma administrativa
A reforma administrativa no
Congresso garante os privilégios
atuais e seus penduricalhos, favore-
cendo Legislativo, Judiciário e os mi-
litares. Na fala popular, “farinha pou-
ca, meu pirão primeiro”. Na prática
os privilegiados ficarão de fora, en-
quanto os demais participarão da re-
forma. Seu reflexo será modesto na
redução das despesas, muito abaixo
do necessário.
HUMBERTO SCHUWARTZ SOARES
Reforma tributária
Paulo Guedes concorda com a deso-
neração da folha de pagamento, um
alívio aos empresários brasileiras, o
que é bom, mas a vincula à criação
de nova tributação com cara da in-
desejável CPMF. Livra-se empresários,
prejudica-se toda a população brasi-
leira. Para a receita, até melhor do
que trocar seis por meia dúzia.
ROBERTO PIMENTEL
Vitória
No dia 8 de setembro foi aniversá-
rio de nossa amada capital capixaba.
Nascido e criado em Vitória, jamais
pensei em mudar para outro lugar.
Moro em Goiabeiras, gosto de passear
nos parques Pedra da Cebola, Hor-
to Municipal e Moscoso, pelo Centro
Histórico, em Santo Antônio, bairro
onde morei na infância e adolescên-
cia, visitar o Cais do Avião, a Igreja
Matriz e o Santuário-Basílica. Para-
béns, Vitória, parabéns para nós.
ALDO JOSÉ BARROCA

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D I S Q U E - A S S I N AT U R A : ( 2 7 ) 3 3 2 1 - 8 6 9 9
10
Como nos alerta Gilberto Velho,
maioria das pessoas vive anestesiada
diante do sofrimento alheio
Impunidade chancela violência
Verônica Bezerra
É advogada, mestre em Direitos e Garantias
Fundamentais e especialista em Direitos
Humanos e Segurança Pública
A impunidade é um fenômeno que acarreta
a sensação de que ações repreensíveis po-
dem ser cometidas e que nada vai aconte-
cer. Conceito complexo que possui aspec-
tos objetivo e subjetivo. No aspecto objeti-
vo, há premissas como a certeza do delito,
um julgamento competente e um desfecho
desse julgamento. No aspecto subjetivo, as
premissas consistem na morosidade do jul-
gamento e na aplicação de uma responsa-
bilização mais branda do que a esperada.
Gilberto Velho nos apresenta dois concei-
tos importantes para compreendermos os
contextos de impunidade, o in-group e o ou-
t-group, em que: “as nossas ‘boas pessoas’,
de um modo geral, só são acudidas quan-
do ocorre uma tragédia dentro de seu limi-
tado in-group. É fascinante em termos so-
ciológicos e chocante em termos éticos ver
pessoas se deslocando dentro de uma socie-
dade injusta e violenta, anestesiadas dian-
te da miséria, sofrimento e violência que
aigem permanentemente os out-groups,
Crise econômica escancarou o
comprometimento da receita de
Estados e município com a folha
Reforma é crucial
Orlando Caliman
É economista
Basta observarmos a escalada dos gastos com
a folha do funcionalismo dos Estados para
concluirmos que a tendência é simplesmen-
te insustentável. Também não é diferente a
situação do governo federal. E a crise econô-
mica que teve início em 2014 e foi agravada
com a pandemia da Covid-19 escancarou ain-
da mais o comprometimento, que é crescen-
te, da receita com os gastos da “folha”. Mes-
mo para aqueles Estados mais bem posiciona-
dos nesse aspecto, que são bem raros, como o
Espírito Santo, persistem ainda as forças iner-
ciais permanentes de crescimento que vão
além dos aumentos concedidos anualmente.
O curioso, mas ao mesmo tempo trágico,
é que são os Estados que apresentam maior
comprometimento das receitas correntes lí-
quidas com o pagamento de salários e bene-
fícios previdenciários os que promoveram,
nos últimos oito anos, os maiores reajus-
tes de salários. Em levantamento efetuado
por O Globo e publicado no último dia 6,
o Estado do Rio de Janeiro, por exemplo,
que já compromete 65% do total das re-
ceitas com a folha, concedeu aumentos de
no caso, a maioria esmagadora da popula-
ção. [...] A maioria só se abala quando um
parente ou uma pessoa muito próxima vai
para o campo de concentração ou é seques-
trada, presa, torturada e/ou assassinada”.
A impunidade retraumatiza vítimas e fa-
miliares, impedindo que um ciclo doloroso
se encerre. Quando a responsabilização não
acontece, diante de irrefutável materialida-
de e autoria, a compreensão de que a im-
punidade chancela a violência é patente.
No Espírito Santo, 12 de setembro foi ins-
tituído, pela Lei 9.406/2010, como Dia Esta-
dual de Combate à Impunidade, em alusão
ao assassinato de Valdício Barbosa dos San-
tos, o Léo, em 1989, em Pedro Canário. A ví-
tima era um sindicalista que foi assassinado
pelo fato de lutar por direitos. A rememora-
ção desse dia é importante, considerando que
outros tantos casos, diferente do caso do Léo,
restaram impunes, mas a verdade sempre ron-
da a história até que se compreenda que a vio-
lência não é o caminho para se resolver coni-
tos. Disse Émile Zola, em “Eu Acuso”: “quando
se enterra a verdade numa cova, ela aí se acu-
mula, adquire uma tal força expansiva, que no
dia em que explode faz saltar tudo consigo”.
Eis a semente que faz orescer a luta contra a
impunidade. l
.
71% no referido período. No mesmo cami-
nho seguiram Minas Gerais, com compro-
metimento de receitas de 70% e aumento
de 30%, e Rio Grande do Norte , com com-
prometimento de 73% e aumentos conce-
didos de 26%.
Em 2019, nove Estados não conseguiram
atender a Lei de Responsabilidade Fiscal, que
determina que o teto máximo de compromen-
timento da receita com a folha seja de 60%.
Esse número poderá superar o quantitativo de
20 em 2020 por conta dos impactos da pan-
demia, do lado das receitas, reduzindo-as, e
do lado das despesas, aumentando-as, segun-
do estimativas feitas pela Centro de Lideran-
ça Pública. E nessa mesma toada podemos in-
cluir um bom número de municípios. A refor-
ma administrativa torna-se crucial.
Felizmente o Espírito Santo posiciona-se
no extremo positivo da escala de indicado-
res de desempenho scal. Isso nos mostra
o quanto é fundamental e decisivo seguir
uma trajetória de cuidado e manutenção
do equilíbrio scal. Colhe-se, agora, os re-
sultados de dezoito anos de constância de
propósito. O Espírito Santo apresentou em
2019 o menor comprometimento das recei-
tas líquidas com salários e benefícios pre-
videnciários. l
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Em tempos de Covid, o
colapso do sistema já é
uma sentença proferida
Redesenho do
transporte
Fernando Repinaldo
É especialista em Administração Pública, Gestão
de Projetos e Engenharia de Tráfego
Na nossa região metropolitana, os transportes
coletivos são pouco ecientes e caros, tanto pe-
los fartos subsídios aplicados, quanto pela baixa
qualidade dos serviços oferecidos, promovendo
uma fuga progressiva de passageiros. Apesar da
insustentabilidade nanceira e operacional do
nosso transporte de massa ser anterior à pande-
mia, até agora nenhuma discussão abrangente
sobre a mudança do sistema foi trazida ao deba-
te com a sociedade civil organizada.
Em tempos de Covid, o colapso do sistema já
é uma sentença proferida. As restrições atingi-
ram impiedosamente nosso debilitado serviço de
transporte coletivo e ameaça a mobilidade da po-
pulação. No transporte de massa o contato huma-
no é maior e as contaminações se alastram rapi-
damente. Mesmo que a atividade econômica re-
torne ao normal, o transporte coletivo levará mais
tempo para se recuperar, pois ônibus muito cheios
serão rejeitados por passageiros que tiverem ou-
tra opção de deslocamento.
Concomitantemente, concessionários do trans-
porte público negociam pacotes de salvamento
nanceiro de forma a permitir a continuidade
dos seus serviços em modos tradicionais. Obser-
vamos esforços dramáticos na tentativa de so-
brevida de algumas empresas, que dicilmen-
te subsistirão ao impacto recebido. A resolução
exclusivamente nanceira de um sistema que já
estava à beira do colapso se torna inviável. Será
apenas uma luta quixotesca.
A realidade não sabe esperar, exige mudanças
estruturais de todo o sistema de transporte públi-
co. Novas licitações sobre os sistema de transporte
coletivo obrigatoriamente terão que ser feitas sob
novas bases, com dados atualizados de origem e
destino, com novos modelos contratuais e metas
operacionais claras, pois é inevitável o nancia-
mento público a esses serviços. Além disso, todos
os modais em operação deverão ser integrados ao
sistema de transporte público de massa. Também
é imprescindível a coordenação e regulamentação
pelas prefeituras dos transportes alternativos para
pequenas distâncias, devidamente integrados, fa-
cilitando o acesso dos usuários à rede, além de re-
solver o “gap” da primeira e última milhas. Nesta
perspectiva, incluem-se as barcas com média ca-
pacidade, que terão papel relevante na elimina-
ção de gargalos, pois são seguras, rápidas, susten-
táveis e não promovem aglomerações.
Abordamos apenas situações que, entre tan-
tas, requerem um enfrentamento sério, abran-
gente, transparente e pragmático. Trouxemos
algumas propostas alternativas para a reestru-
turação e sustentabilidade de um sistema que en-
frenta problemas históricos de eciência e qua-
lidade do serviço.
Nossa visão crítica não tem a pretensão de fa-
zer um juízo de valor, mas sim a intenção de pro-
vocar as autoridades e os cidadãos a um debate
mais contundente que poderá amenizar e, tal-
vez, nos livrar do perigo que correremos em um
futuro imediato.l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Havemos de chorar nossos mortos,
mas não precisamos — mais, não
devemos — chorar nossos vivos
Lutemos pelos vivos
Caio Dias
É advogado
Vilipendiar um cidadão é vilipendiar a cidade;
maculada a honra e a dignidade de um cidadão,
maculada está sua cidade. Ora, à parte textos le-
gais e ordens sociais, e acima destes, há um sen-
so de justiça que permanece ao alcance do ho-
mem comum, do homem médio, excetuando-se
o sujeito social que trabalha mentalmente à base
de marretadas ideológicas, incapaz de perceber
o mundo como ele se lhe apresenta. Tal senso,
universalmente reconhecível, é posto à prova e
ferido quando algo escandaloso vem à tona. Em
situações de agrante agressão ao que é justa-
mente ordenado, o cidadão ordinário pode, sem
qualquer auxílio jurídico, perceber e apontar o
absurdo, o danoso, o desordenado. A injustiça,
quando a inteligência está aberta à Verdade, é
percebida de imediato - e dolorosamente.
O direito nasce do que é justo e reto, e da
própria justiça em si, não reconhecendo como
verdadeira e legítima aquela que não se apre-
senta como real e efetivamente justa.
A lei positiva, abandonada à solidão desam-
parada da letra fria, morta e desordenada dos
códigos, é injusta de origem. Avilta, viola, de-
sarranja, promove conitos. O cidadão deve
ser capaz de reconhecer na lei, ainda que por
Se tivesse sido preservado, teríamos
minimizado em Vila Velha o impacto
das cheias com as chuvas
O rio, o canal e o valão da Costa
Heliomar Venâncio
É mestre em Arquitetura e urbanista
Os mananciais urbanos foram diretamente afeta-
dos pelo crescimento das cidades no Brasil, prin-
cipalmente a partir da década de 1950, devido
a diversos fatores econômicos e sociais, como
o êxodo rural, que trouxe milhares de pessoas
para as cidades. No Espírito Santo, diversos rios
foram destruídos pelo avanço da população em
suas margens, sendo poluídos ou tamponados
pelo poder público para se transformarem em
vias rodoviárias.
O mais emblemático desses casos de degra-
dação hídrica ambiental, sem dúvida, é o Rio da
Costa, em Vila Velha, que foi um dos atores fun-
damentais no processo de colonização do nos-
so Estado. Quando os portugueses chegaram à
Prainha com seus navios, adentraram no novo e
inóspito território em barcos menores pelo leito
do rio e montaram o primeiro núcleo populacio-
nal, tirando proveito do então exuberante rio.
Uma história bonita que durou séculos e que
se perdeu com o tempo. Quem tem menos de
60 anos só conhece o rio como é hoje, em for-
ma de canal reticado, e não sabe que em épo-
ca de cheias ele ligava a Baía de Vitória ao Rio
vezes de modo supercial, sua justiça e sua
aplicabilidade justa. Toda lei que agride a sen-
satez, que exige voos retóricos de alcance, que
coloca indivíduos em choque forçado — quan-
do deveriam complementar-se com o menor
dos atritos —, é lei que busca abandonar suas
raízes naturais e plasmar um novo mundo.
É o marco normativo da razoabilidade práti-
ca que estabelece os limites da obediência ao Di-
reito. Vivemos o momento, e talvez muitos o te-
nhamos percebido com atraso, dos ajustes nas
relações jurídicas — sejam expressas ou táci-
tas — entre particulares, e entre estes e agen-
tes públicos. Contratos foram rompidos e subs-
tancialmente modicados, ou cumpridos à cus-
ta do sangue, da honra e do patrimônio alheios.
Há, e nenhum espírito sensato e atento à rea-
lidade o negará, um enorme desarranjo social,
econômico e legal que decorre da pandemia de
Covid-19 e dos remédios (justos e injustos, e es-
tes ainda serão objeto de revisão histórica) ado-
tados para seu combate, e agora dá-se como ur-
gente que o equilíbrio na ordem jurídico-contra-
tual seja restabelecido.
Havemos, pois, de chorar nossos mortos,
quando mais que com cada morte perde-se um
universo irrecuperável e irreproduzível; mas não
precisamos — mais, não devemos — chorar
nossos vivos. Estes merecem nossa luta, por so-
lidários que somos. l
.
Jucu, fazendo um trajeto sinuoso de 10 quilô-
metros, paralelo à costa canela-verde. Se tives-
se sido preservado com suas áreas de inundação
e uma urbanização planejada, teríamos minimi-
zado no município o impacto das cheias com as
chuvas e, com certeza, teríamos uma cidade ain-
da mais bonita.
A triste situação em que se encontra hoje, to-
talmente poluído, servindo apenas para trans-
portar esgoto e escoar águas de chuva, o trans-
forma em um vilão. Isso porque a maré alta na
Baía de Vitória e as chuvas mais fortes trazem
uma reação do canal, que tem suas margens re-
duzidas e impermeabilizadas por construções,
inundando vias e casas ao longo de seu trajeto.
Os bons exemplos urbanísticos pelo mundo
mostram que revigorar os rios urbanos é um dos
caminhos para reconciliação entre a população e
seus mananciais hídricos, contribuindo para so-
lucionar problemas ambientais, sociais e econô-
micos ao longo de seu percurso.
A retomada da relação harmônica entre o rio
e a cidade de Vila Velha passa pelo entendimento
da importância de projetos urbanísticos desen-
volvidos pelos arquitetos e demais técnicos, com
apoio dos órgãos públicos e da participação po-
pular, no sentido de resgatar esse valioso espaço
dentro do tecido urbano municipal.l
11
Alguns profissionais
estão mais expostos ao
sofrimento psíquico
Saúde mental
no trabalho
Gegliola Campos da Silva
É assistente social da Polícia Federal e
mestranda em Segurança Pública
O mês de setembro é dedicado à prevenção do
suicídio, um fenômeno complexo, multicausal
que demanda conscientização diária e deve
ser pauta o ano inteiro. Somos culturalmente
negligentes com a saúde mental e não fomos
educados para falar de sentimentos de for-
ma assertiva. Por isso, é oportuno lembrar que
doenças mentais não tratadas de forma ade-
quada podem aumentar o risco de suicídio.
Apesar da multicausalidade do adoecimen-
to mental, é importante destacar que algumas
prossões, no contexto em que são exercidas,
tornam o indivíduo mais exposto ao sofrimen-
to psíquico, outras são marcadas por uma
“aura de heroísmo” e “blindagem” que preci-
sa ser desmisticada. Reconhecer as vulnera-
bilidades, buscar apoio e se cuidar não dimi-
nui ninguém e nem invalida “atos heroicos”.
Atividades de operadores da segurança
pública (policiais, bombeiros, etc.) e pro-
ssionais da saúde em geral possuem ca-
racterísticas próprias que podem aumentar
nesses trabalhadores a incidência de esgo-
tamento emocional, ansiedade, depressão,
outros transtornos mentais e até suicídio.
Numa pandemia, com a alteração da ro-
tina, o distanciamento social, a vigilância
com os hábitos que diminuem a contami-
nação e a preocupação com as repercus-
sões socioeconômicas, é normal sentirmos
irritabilidade, angústia, medo e frustração.
Entretanto, para alguns indivíduos, é mais
desaador manter a saúde mental numa si-
tuação tão adversa, já que não é viável se
afastar do trabalho, pois pertencem a cate-
gorias essenciais, o que pode potencializar
o risco psicossocial, situação que, geralmen-
te, é desconsiderada pela sociedade.
Por exemplo, policiais possuem uma
“prossão perigo” marcada pela tensão pe-
culiar da prossão; prossionais da saú-
de estão sobrecarregados por conta dessa
emergência em saúde pública; e tantos ou-
tros trabalhadores submetidos a exigências
especícas, com falta de protocolos próprios
que diminuam o contágio e, muitas vezes,
na linha de frente sem os equipamentos de
proteção individual adequados.
A Covid-19 só ampliou o alerta sobre al-
gumas prossões que já se viam em situa-
ção preocupante quanto ao adoecimento
mental, como no caso dos policiais, grupo
com grande ocorrência de suicídios. Preci-
samos implementar estratégias que aumen-
tem a proteção/atenção psicossocial no tra-
balho e diminuir os impactos emocionais do
risco a que esses prossionais são impostos.
Promover o autocuidado não fragiliza a
imagem de nenhum indivíduo, categoria ou
instituição. Precisamos acolher mais e jul-
gar menos. O preconceito e a falta de em-
patia atrapalham a prevenção, que é o me-
lhor caminho.l
12 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

um tema, duas visões

RAPHAEL RIBEIRO/ BCB

Economia

Nova cédula de
200 reais é
bem-vinda?
Banco Central colocou nota em circulação
neste mês, diante da alta demanda por
dinheiro em espécie, mas lançamento levantou
críticas ligadas à inflação e à corrupção

Medida economizou No longo prazo, pode

milhões de reais induzir inflação
Felipe Storch Damasceno Gercione Dionizio Silva
.

É economista, doutor em Ciências Contábeis e professor da Fucape É economista, doutor em Economia e professor da Fucape

P O
or que uma nota de R$
200? Primeiro precisa-
mos pensar no aumen-
to da demanda por di-
nheiro gerada pela pandemia.
Isso não signica que as pessoas
querem gastar mais e sim que
elas querem gastar em espécie
ou guardar dinheiro em casa.
São 55 milhões de brasileiros
sem conta em banco, que pre-
cisaram sacar seus R$ 600. Não
há tempo de o dinheiro já exis-
tente girar antes de voltar para
a economia, então precisamos
de mais reais em circulação.
O segundo ponto se resume
à eciência. Imprimir dinheiro
custa tempo e dinheiro. O Ban-
co Central encomendou à Casa
da Moeda 450 milhões de cé-
dulas de R$ 200 por R$ 146 mi-
lhões, o que dá um custo de 32
centavos por nota. Suponha que,
ao invés da nota de 200, o mes-
mo montante fosse todo feito em
notas de 100 reais, que custam 29
centavos cada. Isso geraria a ne-
cessidade de 900 milhões de no-
tas e daria um custo de impressão
de R$ 261 milhões. Logo, são R$
115 milhões economizados com
essa medida, que podem ser des-
tinados a tantas outras urgências
que existem em um Brasil com ou
sem pandemia.
Duas críticas surgiram com o
anúncio feito pelo Banco Cen-
tral sobre a nova nota de R$
200, nenhuma delas com muita
sustentação. A primeira é o fato
de o processo remeter à época
de hiperinação, no qual o real
estaria perdendo valor. Nós es-
tamos longe de viver um proces-
so hiperinacionário, e se con-
seguirmos aprovar as reformas,
esse risco reduz ainda mais.
A outra crítica fala sobre a fa-
cilitação para o crime organizado
em movimentar recursos ilícitos.
Pensando dessa forma, estamos
realmente indo na contramão de
outros países que fazem a retira-
da das notas de alto valor, para
dicultar a vida dos criminosos.
Concordo com esse argumen-
to e acho que é uma ponderação
válida para daqui a alguns anos,
quando essa crise pandêmica se
esvair. Até por que sabemos que
o debate sobre crime organizado
deve abordar especialmente os
incentivos que hoje existem: pou-
ca punição e grandes ganhos. En-
quanto não se resolve essa ques-
tão, O Banco Central poderia res-
tringir o real somente a moedas,
que ainda assim teríamos o di-
nheiro do crime sendo movimen-
tado por pesadas malas.
No fundo, a ideia do Banco
Central foi boa. Ter feito sem
aviso prévio, nem tanto. Sur-
preender a sociedade e o mer-
cado não é como a autoridade
monetária deve se portar. Gera
ruído e atrapalha a economia. l
recente lançamento
da cédula de R$ 200
pelo Banco Central
brasileiro tem, nos úl-
timos dias, levado desconan-
ça e desentendimento à socieda-
de. Possivelmente gerados pela
apreensão frente à valorização
do dólar e pela crise econômica
vivenciada, muito se tem ques-
tionado a política monetária
adotada.
Apesar de tais preocupações
e receios serem compreensíveis,
esta política tende a não afetar
a economia brasileira no curto
prazo. De fato, deduz-se que a
implementação desta política
visa a atender uma necessida-
de de criação de receita de cur-
tíssimo prazo, devido à redução
da atividade econômica e da ar-
recadação pública.
Essa receita de senhoria-
gem, diferença entre o pre-
ço de face e do custo emissão
da cédula, buscaria, portanto,
sustentar o aumento dos gas-
tos públicos com políticas de
enfrentamento da crise econô-
mica originada pela pandemia
da Covid-19, tais como o auxí-
lio emergencial.
Embora a adoção desta po-
lítica não seja necessariamen-
te errada, o que se questiona é
a possível falta de transparên-
cia quanto ao seu real objeti-
vo. Apesar de o Banco Central
defender que esta política está
relacionada ao aumento da de-
manda por moeda (entesoura-
mento), pautar a inserção des-
ta nova cédula neste compor-
tamento da população é, no
mínimo, questionável.
Primeiro, o que se observa na
economia brasileira é uma re-
dução das trocas devido ao pro-
cesso de distanciamento social.
Segundo, a mecânica de paga-
mento do auxílio emergencial
induz ao aumento da demanda
por papel moeda, pois esse au-
xílio deverá ser sacado das con-
tas. Mesmo supondo que haja
o processo de entesouramento,
ele estaria relacionado à popu-
lação de baixa renda, a qual não
possui poder aquisitivo sucien-
te para utilizar a nova cédula.
Note que o seu valor de compra
corresponde a aproximadamen-
te 1/5 do salário mínimo e 1/3
do auxílio emergencial.
Por m, é importante obser-
var que o efeito inócuo da po-
lítica monetária adotada pelo
Banco Central ocorre por causa
da estabilidade da inação e da
redução da atividade econômi-
ca. Porém, o uso abusivo desta
política para nanciar os gastos
públicos, pode, no médio e lon-
go prazos, induzir ao aumento
da inação e desvalorização da
moeda à medida que expande
a base monetária. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 13

Leonel Ximenes Colunista de Cotidiano

Leia também em
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lximenes@redegazeta.com.br | (27) 3321-8521

POR CAUSA DA PANDEMIA, REGISTRO

DE MORTES NO ES BATE RECORDE

P
or causa da pandemia de
Covid-19, os cartórios no
Espírito Santo registra-
ram, de março a agos-
to, 15.060 óbitos, 2.258 a mais
que o mesmo período de 2019.
Diferentemente da média nacio-
nal, o mês de junho foi o que so-
mou mais óbitos no ES, um total
de 3.019 - 922 ante o mesmo mês
do ano passado. l

No Brasil
Os cartórios brasileiros, em julho,
registraram o maior número de
mortes dos últimos 18 anos. No
total, foram 113.620 óbitos no
mês. O presidente do Sinoreg-
.

ES, Márcio Valory, explica que

os números podem ser ainda
maiores, já que, em alguns
casos, há um prazo de até 15
dias para registrar um óbito.
Gato por lebre
O jornalista Namy Chequer
está divulgando um vídeo
se apresentando como pré-
candidato a prefeito de Vitória.
Em 1min8s, não aparece em
momento algum o nome do
PCdoB, o seu partido, nas
imagens e na locução. O que
se vê é um tal de Movimento
65, com predomínio das
cores verde-amarela.
De olho
Prossionais que cuidam da
imagem de personalidades e
guras públicas no Espírito
Santo precisam ter cautela e
dar exemplo. Várias delas têm
publicado fotos em aglomerações.
A pandemia não acabou.
Recordar é viver
A oposição a Sérgio Meneguelli
(Republicanos) está espalhando,
nas redes sociais, um vídeo
de uma entrevista em que o
prefeito colatinense dizia que
não iria concorrer à reeleição.
Quer mais um
Meneguelli, no entanto,
parece que gostou de ser
prefeito e vai se candidatar
a mais um mandato.
Guarapari: belas praias,
belas montanhas
Nem só de belas praias vive Guarapari. O balneário mais famoso
do Estado tem também sua região serrana cuja maior referência
é a Pedra do Elefante, na localidade de Buenos Aires./MARCELO MORYAN
Comunicando o jeton
No governo do Estado tem
assessor de comunicação sendo
contemplado com o pagamento
de jeton. O benefício extra é
aplicado na gestão do comunista
Givaldo Vieira, no Detran.
Destino nobre
O deputado Delegado Danilo
Bahiense é autor do projeto que
estabelece a doação de bicicletas,
apreendidas pelas polícias,
a entidades lantrópicas.
Fazendo o bem
Os veículos, não reclamados
após 90 dias, poderão ser
reaproveitados ou como veículo
de transporte ou para serem
adaptados em cadeiras de rodas
ou de banho. Muitas bikes estão
amontoadas em delegacias e cam
completamente enferrujadas.
Constatação
Era considerado apenas brega,
mas agora, jogar arroz nos noivos
virou sinal de ostentação.
Põe mais carne
Por falar nisso, aqueles
restaurantes que tinham como
estratégia encher o marmitex
dos clientes de arroz agora
terão que rever essa prática.
Por precaução
Aviso num bar deste Brasil
imenso: “Devido ao coronavírus
não estamos vendendo ado;
vai que você morre”.
E o seletivo?
Não há previsão de quando
os ônibus seletivos do sistema
Transcol voltarão a circular.
Tem passageiro com medo
de que não voltem mais.
Boatos entre motoristas têm
reforçado essa crença.
Ivan VIII, o Terrível
Comentário de um leitor ao
saber que Ivan Carlini quebrou
a promessa e vai se candidatar
ao 8º mandato de vereador em
Vila Velha: “Quando ele morrer,
vai virar vereador emérito”.
Padre suspenso
O Padre Tiago Roney Sancio
foi suspenso por um decreto do
arcebispo de Vitória, d. Dario
Campos. O sacerdote ingressou
na Fraternidade Sacerdotal
São Pio X, considerada
separada da Igreja Católica.
Tô fraco, tô fraco, tô fraco...
Uma galinha-d’angola foi
vista rondando a Câmara de
Cariacica nesta semana. O
presidente da Casa, César
Lucas (PV) se diz surpreso
com o bicho, mas arma que,
como ele, “se sente fraco”
politicamente neste momento.
Academia centenária
A Academia Espírito-santense
de Letras está em contagem
regressiva para o seu centenário,
que será comemorado no dia 4
de setembro do ano que vem.
Alô, consumidor!
Você viveria num país cujo
governo incentiva mais a compra
de armas do que de arroz? l
14 - capixaba
Os fatores por
trás da disparada
no preço dos
alimentos
Entre os motivos
estão alta do dólar,
consumo maior
e entressafra de
alguns produtos
NATALIA BOURGUIGNON
nbourguignon@redegazeta.com.br
CAROLINE FREITAS
economia@redegazeta.com.br
N
ão tem como es-
capar. Quem vai
ao supermerca-
do já notou o au-
mento expressivo no preço
de alguns produtos, princi-
palmente aqueles conside-
rados a base da alimentação
do brasileiro. O arroz, por
1 Alta do dólar
O preço da moeda
americana em relação ao
real subiu bastante desde
o início da pandemia,
passando dos R$ 5 já em
março. O primeiro impacto
dessa alta é o aumento
nos custos de produção, já
que boa parte dos insumos
industriais e agrícolas são
cotados em dólar. É preciso
considerar ainda que o
transporte dos alimentos é
feito principalmente por via
rodoviária, o que demanda
derivados do petróleo (diesel
e gasolina), também cotados
em dólar. O aumento nesse
custo é repassado por
toda a cadeia até chegar a
nós, consumidores finais.
2 Alta do dólar II
O segundo impacto
da valorização da moeda
americana é a competição
com o mercado externo:
para os produtores,
vender para outros países,
principalmente a China,
se torna mais vantajoso.
Isso significa que é preciso
Cesta básica salgada
exemplo, ficou 21% mais
caro de janeiro a agosto des-
te ano. Nas prateleiras, um
pacote de 5 quilos do pro-
duto já é vendido por mais
de R$ 22. Contudo, em ou-
tros Estados, esse valor bei-
ra os R$ 30.
O óleo de soja e o leite
longa vida subiram mais
de 24%, assim como a fa-
rinha de trigo. Os laticí-
nios também foram afeta-
dos, e o preço do quilo de
queijo minas já ultrapas-
sou o do filé mignon em al-
guns supermercados.
A Gazeta conversou
com economistas e espe-
cialistas do setor atacadis-
ta para detalhar os motivos
que levaram ao aumento.
Veja abaixo.
Motivos para a disparada dos preços
que empresas brasileiras
paguem mais para que o
produto fique no país. Esse
custo também chega aos
consumidores. Foi o que
aconteceu com o óleo de
soja. Neste ano, o Brasil já
exportou mais soja do que
em todo o ano passado e
compradores estrangeiros
já começaram a adquirir a
produção de 2022. Com
tanta disputa pelo produto,
há o aumento no preço.
3 Entressafra e queda
na produção
Alguns dos alimentos que
tiveram alta nos preços
estão em entressafra,
ou seja, em um período
em que é esperada
uma produção menor e,
consequentemente, um
preço mais alto. É o caso das
carnes de boi e de porco.
Já no caso do leite, houve
uma queda na produção
de 50% por conta de
fatores climáticos. Com
menos leite, os laticínios
também subiram de preço.
O caso do arroz é mais
O arroz, um dos principais itens da cesta, ficou 21% mais caro
De um lado, consumido-
res reclamam da alta dos
preços. De outro, donos
de supermercados culpam
a indústria. Eles afirmam
que os produtos já estão
chegando aos estabeleci-
mentos com valores ele-
.
vados e, muitas vezes, em
menor quantidade do que
a encomendada.
complexo. Houve redução
da produção provocada
pelo encolhimento da
área plantada. Ou seja,
produtores rurais optaram
por plantar insumos com
maior rentabilidade, como
a soja, deixando pouco
espaço para o arroz. A
redução na produção
foi de 30% desde 2012.
Paralelamente, houve uma
grande demanda mundial
pelo produto no início da
pandemia (no período
em que muitas pessoas
estocaram alimentos,
lembra?). Com isso, as
exportações cresceram
98% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Com produção menor e
disputa internacional, o
preço, é claro, sobe.
4 Consumo
O consumo das famílias
também influenciou na
alta dos preços, embora
especialistas salientem que
esse não é um dos fatores
principais. No início da
pandemia, esse aumento foi
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
FREEPIK
Empresários dizem que,
além do aumento do con-
sumo durante o período de
isolamento social, em que
mais pessoas passaram a se
aventurar na cozinha, soma-
ram-se ainda outros fatores,
como a alta do dólar e o pe-
ríodo de safra dos alimentos.
O presidente da As-
sociação Capixaba de
provocado pela corrida aos
supermercados em busca
de alimentos para estoque.
Segundo pesquisa da
Confederação Nacional do
Comércio (CNC), enquanto os
demais lojistas amargavam
perdas expressivas com os
decretos de fechamento
e outras medidas de
controle do coronavírus,
os supermercados tiveram
crescimento de 14,6%
entre fevereiro e maio. Com
restaurantes fechados,
esse consumo se manteve
elevado, já que as pessoas
passaram a cozinhar em
casa. O setor registrou ainda
um aumento na venda de
cestas básicas, não por
causa das pessoas de baixa
renda, mas por empresas e
pessoas com maior poder
aquisitivo que contavam
em fazer doações.
5 Efeito auxílio
emergencial / FGTS
Desde abril, o auxílio
emergencial já foi pago
a mais de um terço dos
brasileiros e injetou quase
Supermercados (Acaps),
João Falqueto, explicou que,
aliado a esses pontos, exis-
te o fato de que, até pou-
co tempo atrás, os produto-
res de determinadas cultu-
ras, como o arroz, estavam
desestimulados com o valor
da mercadoria no país e, por
isso, produziram menos do
que poderiam. E, do pouco
que produziram, a maioria
tem sido exportada.
“As commodities nunca es-
tiveram tão favoráveis ao pro-
dutor, principalmente o ar-
roz, que, nos últimos anos, es-
tava apresentando queda na
produção porque os agricul-
tores estavam indo mais para
a soja, que pagava melhor.
Com a pandemia, a soja pas-
sou a ser ainda mais deman-
dada pelo mercado exterior,
e, pela alta do dólar, os produ-
tores têm preferido exportar.”
Com isso, sobe o preço do
óleo de cozinha, cujo litro já
custa, em média, R$ 5,30.
O trigo, fortemente importa-
do, já se aproxima dos R$ 4
por quilo. O feijão, em torno
de R$ 8. O leite e as carnes
também têm apresentado
aumento, tanto pelo período
de entressafra, quanto pelo
aumento das exportações. l
R$ 80 bilhões na economia
do país. Segundo dados
da FGV, por causa do
auxílio, a renda média
de um trabalhador sem
escolaridade cresceu 156%.
Se considerados todos os
trabalhadores, o incremento
foi de 24%. Com mais
dinheiro nas mãos, é natural
que as pessoas comprem
mais comida, o que elevou
a procura, principalmente
pelos itens da cesta básica,
contribuindo com o aumento
dos preços. Também foi
liberado durante a pandemia
o saque emergencial do
Fundo de garantia por
Tempo de Serviço (FGTS),
no valor de até R$ 1045.
Foram consultados para
essa matéria a economista
do Dieese, Sandra Bortolon;
a economista e professora
da Fucape, Arilda Teixeira;
o presidente da Associação
Capixaba de Supermercados
(Acaps), Hélio Schneider;
e o empresário do
setor supermercadista
William Carone.
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 capixaba - 15

Cesta básica salgada

Supermercados e produtores
são notificados por aumento
FOTOARENA/FOLHAPRESS

Empresas e
cooperativas
precisam explicar
alta nos preços
dos produtos

A
pós pressão por par-
te da população, o
presidente Jair Bol-
sonaro pediu lucro
“próximo de zero” aos donos
de supermercados. Além dis-
so, na última quarta-feira, 9,
a Secretaria Nacional do Con-
sumidor (Senacon), ligada ao
Ministério da Justiça, noti-
cou empresas e associações
cooperativas ligadas à pro-
dução, distribuição e venda
de alimentos da cesta bási-
ca para questionar a alta nos
preços dos produtos. De acor-
do com o documento, todos
.

têm cinco dias para respon-

der aos questionamentos.
No texto, a Senacon justi-
ca que, “diante do sensível
aumento de preços de itens
da cesta básica, em especial
do arroz, a Secretaria Nacio-
nal do Consumidor decidiu
noticar o setor produtivo e
comercial para esclarecer as
causas do aumento nos ali-
mentos que compõem a ces-
ta básica brasileira”.
“O aumento de valores
foi notado especialmente
em relação ao arroz que,
apesar dos positivos volu-
mes produtivos da última
safra brasileira, informados
pela Conab, teve signicati-
vo incremento de preços na
prateleira”, diz outro trecho
da noticação.
O intuito da medida, ainda
de acordo com a secretaria do
MJ, é, após a devida análise,
buscar “coibir aumentos arbi-
trários”. A noticação destaca
trecho do Código de Defesa
do Consumidor em que con-
siderada uma prática abusiva
“elevar sem justa causa o pre-
ço de produtos ou serviços”.
Os estabelecimentos pre-
cisam informar, até esta se-
gunda-feira, 14, quais os
produtos da cesta básica
possuem maior variação de
preço no último mês, quais
são os três principais forne-
cedores do produto, qual o
Supermercados têm até segunda-feira, dia 14, para explicar os motivos que levaram ao aumento dos preços dos alimentos
preço médio praticado pe-
los fornecedores nos últi-
mos seis meses, entre ou-
tras questões.
Outra medida tomada na
quarta-feira pela Câmara de
Comércio Exterior (Camex),
vinculada ao Ministério da
Economia, foi zerar a alí-
quota do imposto de im-
portação para o arroz em
casca e beneciado. A isen-
ção tarifária valerá até 31 de
dezembro.
PRESIDENTE AUTORIZOU
O Ministério da Economia
chegou a questionar a de-
cisão da Senacon por noti-
car os estabelecimentos.
Conforme mostrou o jor-
nal Folha de S.Paulo, a me-
dida do Ministério da Justi-
ça pegou de surpresa as pas-
tas de Guedes e de Tereza
Cristina (Agricultura) por
soar intervencionista.
Integrantes do Ministé-
rio da Economia descar-
tam qualquer tipo de me-
dida semelhante a um con-
trole de preços por parte
do governo.
Ao chegar a resposta
(dos supermercados),
pode ser que o errado
seja o governo. Daí
ele toma providência”
Jair Bolsonaro
Presidente
Mas o presidente Jair Bol-
sonaro (sem partido) disse
que autorizou a Senacon Em
sua live semanal, Bolsonaro
disse que foi consultado por
André Mendonça, ministro
da Justiça.
“André Mendonça falou
comigo: ‘Posso botar a Secre-
taria Nacional de Defesa do
Consumidor para investigar,
perguntar para supermerca-
dos por que o preço subiu?’
Eu falei ‘pode’. E ponto nal.
Ao chegar a resposta, pode
ser que o errado somos nós.
Daí o governo toma providên-
cia e ponto nal”.
Na live, Bolsonaro ainda
disse que não interferiria
no mercado, pois o que tem
que valer é a lei da oferta e
da procura. Citou como uma
das providências tomadas a
compra de 400 mil tonela-
das de arroz do exterior sem
o imposto de importação.
“AUMENTO É MUNDIAL”
O secretário do Tesouro Na-
cional, Bruno Funchal, clas-
sificou como um “fenôme-
no mundial” o aumento dos
preços dos alimentos. Segun-
do ele, com a pandemia, a
produção de comida no pla-
neta reduziu, e o Brasil pas-
sou a ser um grande fornece-
dor para o exterior ao mesmo
tempo em que o consumo in-
terno aumentou.
“Se a gente olha os pre-
ços dos bens de consumo e
de alimentação no mundo
inteiro está tendo esse au-
mento. Porque teve uma in-
jeção scal que manteve o
consumo, e também uma
queda de oferta no resto do
mundo. Então, por mais que
o Brasil tenha mantido as
ofertas do setor agropecuá-
rio, há esse impacto”, disse
o secretário em live realiza-
da na noite de quarta-fei-
ra (9) pela Fucape Business
School de Vitória.
Funchal afirmou que o
fenômeno é temporário e
que logo será revertido. Ele
nega, mas analistas do mer-
cado já dão como certa que
essa inação dos alimentos
afete a taxa de juros futu-
ra, provocando uma alta no
próximo ano. Hoje, a Selic
está no menor patamar da
história. Em agosto, a ina-
ção foi a maior para o mês
desde 2016.
A Selic é usada pelo Ban-
co Central para controlar a
inação, já que a alta ou a
queda dos juros inuencia o
consumo das famílias e a to-
mada de crédito no país. Em
linhas gerais, quando a in-
ação está alta, os juros ser-
vem para reduzir o consumo
e forçar uma queda nos pre-
ços. Quando a inação está
muito baixa, o Banco Cen-
tral reduz a Selic para esti-
mular o consumo. (Com in-
formações de agências e Ge-
raldo Campos Jr.) l
16 - capixaba
Lei do consumidor faz 30 anos
com desafios na era digital
Especialistas apontam que é preciso
regras específicas para proteger o
consumidor nas compras on-line e para
combater o superendividamento
SIUMARA GIONÇALVES
gfgoncalves@redegazeta.com.br
O
ano era 1990. O
Plano Real ainda
não havia sido im-
plantado. O Brasil
era apenas tricampeão da
Copa do Mundo de futebol
masculino. E, o computador
pessoal e a internet come-
çavam a se popularizar no
mundo. Três décadas se pas-
saram desde o ano em que
o Código de Defesa do Con-
sumidor (CDC) foi sanciona-
do. Muita coisa mudou
A internet se popularizou
e as compras digitais caí-
ram de vez no gosto popu-
lar. Parte disso devido à pra-
ticidade. Recentemente, às
limitações de deslocamento
causadas pela pandemia do
novo coronavírus levaram a
um boom das vendas pelos
canais digitais.
Agora, balzaquiano
no dia 11 de setembro de
2020, e diante de uma nova
Modernização do Código
realidade, esse mesmo con-
junto de leis precisa se mo-
dernizar e se adequar ao
novo perfil do consumi-
dor para se manter ecien-
te, segundo especialistas do
setor. A opinião sobre a ne-
cessidade dessa atualização
é unânime na área do Direi-
to do Consumidor.
Todos, no entanto, defen-
dem que essa legislação é
uma das principais heranças
brasileiras e que seu alcan-
ce hoje precisa ser protegido,
para evitar retrocessos.
Quando foi criada, em
1990, a Lei 8.078/90 era con-
siderada um grande avan-
ço por ser fundada em prin-
cípios que tentam equilibrar
relações consideradas desi-
guais, pois parte do pressu-
posto de que o consumidor
é a parte mais fraca, hipossu-
ciente e vulnerável. Porém,
com o avanço do e-commer-
ce e com o aumento do supe-
rendividamento, muitos de-
fendem a inclusão de novas
.
Nós não temos
regras sobre a
responsabilidade
de marketplace,
como os aplicativos
e grandes lojas de
e-commerce”
Igor Britto
Advogado e diretor de relações
institucionais do Idec
regras para proteger ainda
mais o cliente na era digital.
“O Código de Defesa do
Consumidor é um marco
nas relações de consumo,
trazendo grandes inovações,
reconhecendo a vulnerabili-
dade do consumidor e a ne-
cessidade de se ter regras es-
pecícas para nortear essa
relação”, ressalta Vanessa
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
PIXABAY
11 de setembro de 1990. A
origem do Código de Defesa
do Consumidor brasileiro
l Promulgada em 11 de setembro de 1990, a Lei
nº 8.078, que institui o Código de Defesa do
Consumidor (CDC) entrou em vigor em 11 de março de
1991, inserindo no ordenamento jurídico brasileiro uma
política nacional para relações de consumo. Antes disso,
os problemas no relacionamento entre consumidores
e fornecedores de bens e serviços eram dirigidos pelo
Código Civil, que se mostrava insuficiente para dar conta
dos fenômenos cada vez mais sofisticados e dinâmicos
decorrentes da moderna sociedade de consumo.
Ele só foi possível porque a Constituição Federal de
1988, em suas Disposições Transitórias, no artigo 48,
determinou taxativamente a elaboração, em um prazo
de 120 dias, de um Código de Defesa do Consumidor.
Morelo, promotora de Justi- regulamentadas pelo Decreto
ça e dirigente do centro do Federal 7.962. Publicado em
consumidor do MPES. março de 2013, cou conheci-
Vanessa Morelo lembra do como a lei do e-commerce.
que, além dos deveres e ga- Ele estabelece que as empresas
rantias previstos pelo Código virtuais devem dar clareza às
de Defesa do Consumidor, as informações no momento do
compras on-line são regula- anúncio da mercadoria, bem
mentadas pelo Decreto Fede- como garantir um serviço de
ral Nº 7.962/2013. Essa foi a atendimento ao consumidor
última atualização realizada facilitado, acessível e eciente.
na legislação. além dos deve- “O decreto também asse-
res e garantias previstos pelo gura ao consumidor on-line
Código de Defesa do Consu- o ‘direito de arrependimento’,
midor, as compras on-line são dispondo que a desistência
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 capixaba - 17

Modernização do Código

O futuro não é
promissor para
qualquer empresa
que tenha mau
atendimento e não
prezar pela relação
com o cliente”
Abreu Barroso
Advogado e professor de
Direito da Universidade Federal
do Espírito Santo ( Ufes)

[em até sete dias] da compra

deverá ser possibilitada atra-
vés da mesma ferramenta uti-
lizada para a contratação do
serviço ou aquisição do pro-
duto”, explica Morelo.
Mas, para os especialistas,
é preciso haver regras mais
rígidas, como aponta o dire-
tor de relações institucionais
do Instituto Brasileiro de De-
fesa do Consumidor (Idec),
Igor Britto. Segundo ele, as
leis atuais não são sucientes
para proteger o consumidor.
“Temos que gerar mais con-
ança nas vendas on-line no
.

Brasil e, para isso, o consumi-

dor precisa de direitos e regras
especicas. Nós não temos re-
gras sobre a responsabilida-
de de marketplace, como os
aplicativos e grandes lojas
de e-commerce. Nesse caso,
quem é o responsável por isso,
pelo produto não entregue ou
de má qualidade, por exem-
plo? A plataforma ou o ven-
dedor?” , questiona Britto.
Ainda de acordo com Brit-
to, a cada dia que passa, no-
vos produtos e formas de se
contratar serviços vão surgin-
do e o código vai cando de-
fasado. “Isso também dicul-
ta para que os juízes e os Pro-
cons resolvam os problemas
com contratos assinados pela
internet”, comenta.
O advogado e professor de
Direito da Ufes, Lucas Barro-
so, lembra que até mesmo o
uso das redes sociais é uma
forma de relação de consumo.
De acordo com ele, a proteção
das relações no mundo virtual
será indispensável para as em-
presas sobreviverem no futu-
ro, já que os clientes vão bus-
car pela credibilidade delas.
“Para você estar ali, naque-
le ambiente digital, você for-
neceu seus dados e expõe a
sua vida. O futuro não é pro-
missor para qualquer empre-
sa que tenha mau atendimen-
to e não prezar pela relação
com o cliente.” l
Projetos existem, mas não saem do papel
Atualmente existem dois
projetos de lei (PL) para
atualizar o CDC que são
considerados peças-cha-
ve em termos de assegu-
rar o direito do consumi-
dor. No entanto, eles estão
há anos parados no Poder
Legislativo.
Um deles é o PL 3.514
/2015 que aborda os con-
tratos internacionais comer-
ciais e de consumo. O texto
dispõe ainda sobre as obri-
gações extracontratuais e
tutelando o consumidor que
adquire bens e serviços na
internet. Ele está parado na
Câmara dos Deputados des-
de novembro de 2015.
Já o Projeto de Lei
3.515/2015, regulamenta a
prevenção e o tratamento do
superendividamento no Bra-
sil. O projeto também está na
Câmara dos Deputados e não
anda desde junho de 2017.
O diretor-presidente do
Procon Estadual, Rogério
Athayde, explica que o su-
perendividamento é um
problema antigo do país e
que atinge principalmente
idosos e pessoas com baixo
grau de instrução.
“Hoje os idosos sofrem
muito com a farta oferta de
crédito sem a educação -
nanceira. Falta informação e
eles estão hipervulneráveis.
Muitas vezes, moram sozi-
nhos e querem agradar um
parente, amigo ou conheci-
do e assumem a dívida. Ou-
tras, recorrem ao crédito
pessoal devido a insistência
de pessoas que trabalham
nas nanceiras e que ofere-
cem o crédito”, destaca.
A promotora de Justi-
ça Vanessa Morelo acres-
centa que o tema é de alta
relevância para os órgãos
de defesa do consumidor,
na medida em que mui- consumidores a escolhas
tas instituições financei- equivocadas, muitos dos
ras apresentam propagan- quais já se encontram em
das abusivas, como: “Ad- diculdades nanceiras e,
quira nosso cartão mesmo que de maneira sorrateira,
tendo seu nome negati- acabam sendo induzidos a
vado no SPC!”, ou abor- se endividarem mais ainda.
dando idosos para refi- “Além disso, o problema
nanciarem seus emprésti- do superendividamento
mos por outros com juros envolve várias disciplinas,
e encargos maiores embu- com impactos jurídicos,
tidos, além de levarem os econômicos, psicológicos
e sociais ao cidadão bra-
sileiro, prejudicando mi-
lhões de consumidores e
suas famílias. Assim, a in-
O problema do clusão dos dispositivos le-
superendividamento gais que o referido projeto
traz impactos de lei faz no CDC, não ape-
nas harmoniza ainda mais
jurídicos, as relações de consumo,
econômicos, mas permite o resgate dos
psicológicos consumidores superendivi-
dados ao mercado de con-
e sociais” sumo, beneciando a pró-
Vanessa Morelo pria economia nacional”,
Promotora de Justiça arma a especialista.
18 - capixaba VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

“Via direct”

Vender nas redes sociais sem

botar preço dá multa e até cadeia
FREEPIK

Prática de não
colocar preço no
produto ou outras
informações no
anúncio é ilegal
VIVIANE MACIEL
vjacinto@redegazeta.com.br

A
s redes sociais vi-
raram vitrines
para produtos e
serviços e, com a
pandemia do novo coro-
navírus, mais lojas adota-
ram a prática de anunciar
nas plataformas on-line. Se
você é um adepto das re-
des já deve ter se depara-
do com uma publicação di-
zendo: “preço via direct”
ou “informações no inbox”.
Mas vender na internet
.

tem as suas regras, e não

divulgar informações sobre
o produto pode dar até ca-
deia para o vendedor.
De acordo com o advo-
gado especialista em Di-
reito do Consumidor, João
Eugênio Modenesi Filho,
as mesmas regras que va-
lem para as lojas físicas va-
lem também para as redes
socias: “É o direito de in-
formação do consumidor,
que o Art. 6° do Código
de Defesa do Consumidor
estabelece”.
ARTIGO 6º
São direitos do consumi-
dor: III - a informação ade-
quada e clara sobre os dife-
rentes produtos e serviços,
com especificação corre-
ta de quantidade, caracte-
rísticas, composição, qua-
lidade, tributos incidentes
e preço, bem como sobre
os riscos que apresentem;
(Redação dada pela Lei nº
12.741, de 2012)
O advogado destaca
que a regulamentação não
vale só para lojas e esta-
belecimentos comerciais.
“Toda a venda está sujei-
ta ao Código do Consu-
midor. Então, anúncios de
aluguel de imóveis e ven-
das em grupos de bazar
também devem seguir es-
sas normas.”
Regras do Código de Defesa do Consumidor sobre a divulgação de produtos valem tanto para lojas físicas quanto para a internet
Exemplo de anúncio no Instagram: vendedor não informa valor, que é revelado individualmente
A advogada especialista
em regras de consumo Eri-
ca Neves arma que é di-
reito do consumidor ter to-
dos os dados sobre o produ-
to sem precisar contactar o
vendedor.
“Nas redes sociais como
Instagram e Facebook, es-
sas informações devem
aparecer sem a necessidade
de contato do consumidor
com o estabelecimento, tal
como na vitrine das lojas,
com identicação legível e
letras não inferiores ao ta-
manho 12”, ressalta.
Além disso, caracterís-
ticas do produto e serviço,
valor de frete, informações
sobre os canais de atendi-
mento e até possibilidade
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
de troca do produto, de-
vem ser informadas tam-
bém no anúncio.
“O que não pode é o con-
sumidor ser surpreendido
com nenhuma dessas in-
formações após a compra”,
pontua Erica.
“Omitir a informação é
crime contra o consumidor,
podendo levar à prisão e até
mesmo multa do estabeleci-
mento”, destaca o advogado
João Eugênio. A multa vai
de acordo com as práticas
do comerciante, e a deten-
ção pode variar de seis me-
ses a dois anos.
O QUE O CONSUMIDOR
PODE FAZER?
O primeiro passo que o
consumidor pode fazer
quando alguma informa-
ção for omitida é resolver
diretamente com o anun-
ciante. Caso a empresa in-
sista em não divulgar as
informações, João Eugênio
orienta que o Procon seja
acionado.“E só em último
caso é que o consumidor
deve recorrer à Justiça”,
arma.
Se for necessário acio-
nar os órgãos de proteção
e defesa como Procons, o
Ministério Público e a Se-
cretaria Nacional de Defe-
sa do Consumidor do Mi-
nistério da Justiça, a advo-
gada Erica aconselha: “O
consumidor deve guardar
o link e fazer o print das
telas que comprovam as ir-
regularidades”. l
 VITÓRIA, 5 E 6 DE SETEMBRO DE 2020
Para especialistas,
indicadores ruins
são reflexos de
falhas no combate
à Covid-19
CAROLINE FREITAS
economia@redegazeta.com.br
O
auxílio emergen-
cial de R$ 600 pago
pelo governo fede-
ral a quase 70 mi-
lhões de brasileiros ajudou a
“segurar” a queda do Produto
Interno Bruto (PIB) brasilei-
ro no segundo trimestre des-
te ano, que teve retração de
9,7% em relação ao trimes-
tre anterior, segundo o IBGE.
Cinco parcelas do auxílio
já foram pagas e mais quatro
estão previstas, apesar de o
valor ter sido reduzido. Além
do benefício, o governo libe-
rou o saque emergencial do
FGTS, está pagando o abo-
no do PIS/Pasep, antecipou
o 13º salário de aposentados
e pensionistas do INSS.
Essas medidas ajudaram,
principalmente, à população
mais pobre, que teve a ren-
da profundamente afeta-
da pela crise causada pelo
novo coronavírus. A libera-
ção de crédito e o progra-
ma de manutenção de em-
pregos também ajudaram a
socorrer os negócios.
O impacto das medidas
foi comemorado no último
dia 1º, pelo ministro da Eco-
nomia, Paulo Guedes, se-
gundo o qual, essas, entre
outras estratégias do gover-
no, estão ajudando o país a
sair da crise.
“Esse (resultado do PIB
trimestral) foi o impacto ini-
cial. Mas, na verdade, isso é
um som distante. O som da-
quele impacto da pandemia
lá atrás que é onde o Brasil
Sob efeitos da pandemia da
Covid-19 e do isolamento social,
o Produto Interno Bruto (PIB)
0,4%
AGROPECUÁRIA
Governo diz que país terá retomada em “V”, mas economistas acreditam em movimento em “U”
As medidas que
salvaram a economia
de recessão maior
ficaria caso não tivéssemos
feito todas as medidas que fi-
zemos. O que acontece é que
nós, com essas medidas, con-
seguimos criar uma volta em
‘V’. A economia está voltando
em ‘V’”, declarou.
O movimento em “V” ex-
plica-se da seguinte manei-
ra: após uma forte queda na
economia, ocorre uma reto-
mada semelhante, na mesma
velocidade. Na visão de eco-
nomistas, o movimento mais
preciso no momento, na ver-
dade, seria em forma de “U”,
isto é, uma queda lenta, me-
nos abrupta, seguida por uma
retomada mais devagar.
PIB Trimestral do Brasil
brasileiro caiu 9,7% no segundo
trimestre de 2020, na comparação
com o trimestre anterior. Foi a
-9,7%
SERVIÇOS
País em crise
.
Isso porque, apesar das
medidas terem contribuí-
do para que minimizar a cri-
se num primeiro momento,
a ajuda não foi o suficiente
para impedir que o PIB apre-
sentasse o pior resultado da
série histórica do IBGE, ini-
ciada em 1996.
Um dos motivos, segundo
os especialistas, foi a demo-
ra do governo em combater
o avanço da Covid-19. Além
do impacto na saúde, o efei-
to disso na economia deverá
ser sentido por algum tempo.
Na avaliação do economis-
ta Wallace Millis, especialis-
ta em Gestão Pública, o fato
-13%
COMÉRCIO
PIXABAY
de que o governo não adotou
medidas mais rígidas para
conter a doença logo no es-
tágio inicial da pandemia no
Brasil vai retardar o fim da
crise e fazer com que a eco-
nomia continue se arrastando
pelos próximos meses.
“Quanto mais rápido você
faz o isolamento social, quan-
to mais imediato e comple-
to ele é, maior é a retração,
você tem uma queda acen-
tuada naquele momento,
mas depois consegue fazer
a retomada. É como um mo-
vimento em ‘V’. Quando as
medidas de isolamento não
são efetivas, você não apenas
maior queda registrada na série
histórica do IBGE, iniciada em
1996. Veja o resultado por setor:
-12,3%
INDÚSTRIA
capixaba - 19
não consegue achatar a cur-
va epidêmica rápido o bas-
tante como a crise se arrasta
por um bom tempo. É a pior
das combinações.”
O economista Marce-
lo Loyola Fraga destaca que
os países que isolaram cida-
des inteiras, embora tenham
sido considerados extremis-
tas num primeiro momento,
têm conseguido retomar as
atividades e o ritmo de cres-
cimento mais rapidamente.
“Mas o controle no país é
uma questão difícil, pois pas-
sa por diversos poderes. É cla-
ro que o Brasil não é o úni-
co que ainda não retomou
como deveria. Mas tivemos
um problema sério de admi-
nistração. Acharam que tudo
se resolveria rápido e demo-
raram a agir ou não agiram
como deveriam. E uma hora
a conta disso chega.”
Além de o fim da crise ter
sido retardado, os auxílios pa-
gos pelo governo não pode-
rão se estender para sempre.
Resta, então, acompanhar os
resultados dos próximos me-
ses. Embora as atividades es-
tejam sendo retomadas gra-
dualmente, a dívida pública
já se aproxima de 100% do
PIB, e os últimos resultados
contribuem para a criação de
um ambiente de incertezas,
que deve impactar na vinda
de investimentos.
“A preocupação maior dos
investidores hoje é que, se a
vacina demorar, poderemos
ter um novo surto da doença,
e com isso será preciso adotar
novas medidas de contenção.
E investidor não gosta de in-
certezas. A forma como o Bra-
sil tem gerenciado a pande-
mia trouxe um risco maior
em relação ao ambiente de
investimentos. A gente arra-
nhou um pouco a imagem do
país lá fora”, frisa o economis-
ta Eduardo Araújo. l
20
entrevista
“Com o gasto atual, o
país poderia ter o nível de
bem-estar da Espanha”
Diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) diz que descontrole da dívida pública
coloca em questão a taxa de juros e põe em xeque o crescimento econômico
NATALIA BOURGUIGNON
A
nbourguignonidiniz@redegazeta.com.br
trajetória ascendente da
dívida pública brasileira,
que deve alcançar em bre-
ve 100% do produto Inter-
no Bruto (PIB), ameaça se-
riamente o crescimento do
país. A avaliação é do dou-
tor em Economia Josué Pel-
legrini. O endividamento do Brasil alcançou
em julho deste ano 86,5% do PIB, o maior pa-
tamar da série histórica. Em dezembro do ano
passado, estava em 75,8%. Para Pallegrini, esse
salto não só coloca em questão o nível atual
da taxa de juros, o que prejudica a ativida-
de econômica, como cria um clima de incer-
teza sobre a capacidade do país de arcar com
seus compromissos.
Ele organizou, com o também economista Fe-
lipe Salto, o livro “Contas Públicas no Brasil”, lan-
çado em agosto deste ano. Ambos integram a IFI
(Instituição Fiscal Independente), órgão do Se-
nado. Na publicação, especialistas avaliam a si-
tuação fiscal do país e apontam que, com o nível
atual de gastos, deveríamos ter um bem-estar so-
cial próximo ao da Espanha.
No evento virtual de lançamento do livro, o
senhor disse que o estado gasta muito e gasta
mal. Que indicadores temos hoje que mostra
essa distorção nas contas públicas?
As evidências de que o estado gasta muito e mal
estão em vários capítulos do livro. Eu destacaria
algumas evidências nos capítulos 1 e 5. No pri-
meiro, informa-se que o estado poderia ter o mes-
mo nível de bem-estar social com um gasto pri-
mário de cerca de 10 pontos de PIB a menos que
o atualmente verificado. Dito de outro modo, com
o nível atual de gasto, poderíamos ter um nível de
bem-estar similar ao da Espanha. Nesses capítu-
los, vê-se também que toda a ação do Estado por
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Josué Pellegrini
Economista
meio das transferências e tributação direta redu- de servidores com salários mais próximos ao do
zem muito pouco a desigualdade social no Bra- mercado. O que pode ter um impacto mais di-
.
sil, medida pelo coeficiente de Gini, comparati- reto, embora não duradouro, sobre as despesas
vamente ao que outros países conseguem fazer. de pessoal é o acionamento dos gatilhos caso o
gasto total chegue ao teto estabelecido pela EC
Há estimativas de que a dívida pública para 95, de 2016. Entre os gatilhos está a redução da
este ano pode ultrapassar 100% do PIB. jornada de trabalho, com redução proporcional
Como esse crescimento pode afetar o desen- de remuneração.
volvimento econômico do país e principal-
mente a retomada esperada pós-pandemia? Como fazer uma reforma que ataque benefí-
De acordo com as estimativas da IFI, a dívida cios e proteja servidores mal remunerados,
pública se aproximará de 97% do PIB ao térmi- como professores?
no deste ano. Não demorará muito para chegar Os exageros podem ser combatidos pela aprova-
aos 100%. A relação entre dívida e crescimento ção de comandos constitucionais que limitem os
é discutida na literatura econômica. As evidên- pagamentos de qualquer espécie ao teto salarial
cias mais comuns mostram que dí- estabelecido aos Poderes. Já a re-
vida mais alta implica crescimen- forma administrativa pode intro-
to menor. Considerando-se o Brasil duzir mais racionalidade na ges-
no momento atual, a trajetória des- O descontrole da tão dos recursos humanos, ao criar
controlada da dívida pública pode- flexibilidade para alocar os servi-
rá colocar em questão o nível atual dívida gera muita dores nas áreas mais demanda-
de taxa de juros, o menor de toda a incerteza sobre a das pela população e remunerar
série histórica. Tal fato certamen- trajetória das contas de modo mais adequado aqueles
te será prejudicial ao crescimento que atuam na ponta, junto à po-
econômico, não apenas por conta públicas, já que o pulação, nos serviços prioritários,
do efeito direto sobre a atividade estado é o grande como a educação. Vale observar
econômica, mas também ao gerar devedor do país” que a proposta para a renovação
muita incerteza acerca da trajetó- do Fundeb, já aprovada na Câma-
ria das contas públicas, já que o estado é o gran- ra, elevará os recursos da União para a educação
de devedor do país. básica nos próximos anos, o que deverá afetar po-
sitivamente o salário dos professores.
A reforma administrativa é a principal apos-
ta no momento para que o estado consiga Como manter a estrutura enxuta depois da
reduzir os gastos. O que ela precisa ter para reforma, considerando que essas regras se
que seja efetiva nesse propósito? acumularam ao longo de anos?
A reforma administrativa visa a melhorar a efi- A Lei de Responsabilidade Fiscal foi sendo fragi-
ciência na prestação do serviço público, ao criar lizada ao longo do tempo, inclusive por meio de
instrumentos para uma gestão mais adequa- decisões judiciais. Os dispositivos destinados a ga-
da dos recursos humanos. Não creio que essa rantir a sustentabilidade e a responsabilidade fis-
reforma seja capaz ou objetive reduzir o gasto cal precisam ser fortalecidos na Constituição, in-
com pessoal. O que deve ocorrer é reduzir o rit- clusive como princípios a serem levados em con-
mo de aumento dessas despesas, com a redu- ta. Entre as providências devem estar a criação de
ção das progressões e promoções e pelo ingresso mecanismos efetivos de controle da despesa de
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
pessoal. Atualmente, a maior par-
te dos Estados não cumpre os limi-
tes previstos na Lei de Responsabi-
lidade Fiscal. Talvez uma estrutura A recuperação
mais enxuta e racional introduzi- da economia não
da por uma reforma administrati-
va possa ser sustentada ao longo
requer que se fure o
do tempo. teto. A gravidade da
situação fiscal exige
O senhor acredita que, dado o
momento político-econômico
que o país cumpra
atual, ela seja de fato discuti- as regras fiscais”
da e aprovada a tempo de ter
um efeito esperado na retomada econômica?
Que sinais a saída do secretário Uebel e a re-
sistência de Bolsonaro à reforma passam?
A reforma administrativa é uma demanda da so-
ciedade. A qualidade dos serviços à população
precisa ser aprimorada. Creio que será apresenta-
da cedo ou tarde. Mas mesmo que seja logo, não
se deve esperar efeitos imediatos sobre a ativida-
de econômica. Essa reforma, a exemplo de outras,
é importante para elevar o crescimento econômi-
co do país no médio e longo prazo. Faz parte de
um programa mais amplo de aumento da produ-
tividade que o país tanto precisa.
Sobre a reforma tributária, o governo apresen-
tou a proposta da CBS e tem falado bastante
do microimposto digital (chamado também de
nova CPMF). Nos dois casos, está previsto au-
mento na arrecadação do governo. Esse é o mo-
mento de aumentar/criar impostos? Que tipo de
impacto esse acréscimo na carga pode trazer?
As propostas de reforma tributária que atualmen-
te pautam o debate se apresentam como neutras
do ponto de vista da carga tributária. Isso vale
para a PEC 45 e para a PEC 110, que tramitam no
Congresso (ambas propõem o agrupamento de
diversos impostos). Mesmo o presidente tem dito
que, se for para incluir imposto nos moldes da an-
tiga CPMF, outro tributo terá que ser desonera-
do. A alíquota de 12% da CBS tem sido apontada
como elevada e pode ser ajustada
ao longo da tramitação da legis-
.
lação. A carga tributária no Bra-
sil já é muito alta e o desejável é
que se consiga passar por esse difí-
cil período sem mais ônus tributá-
rio. E se não for possível, terá que
ser temporário.
Há uma queda de braço no go-
verno federal e no Congresso
sobre furar ou não o teto de
gastos. Qual o posicionamento
do senhor sobre isso? A recuperação econô-
mica na pós-pandemia justificaria esse furo?
A recuperação da economia não requer que se
fure o teto. Pelo contrário. A gravidade da situa-
ção fiscal exige que o país cumpra as regras fis-
cais previstas, balizando expectativas favoráveis a
respeito da sustentabilidade fiscal. Com isso será
possível manter um ambiente de mais tranquili-
dade e os juros no menor nível da série histórica.
Isso não quer dizer que a regra do teto não possa
ser aperfeiçoada. Pode, desde que no bojo de uma
Perfil. Saiba mais sobre Josué
Pellegrini
l É mestre e Doutor em Economia
pela Universidade de São Paulo
(USP) e também bacharel em Direito.
l Atualmente atua como Diretor da
Instituição Fiscal Independente
(IFI) do Senado Federal.
l Foi professor em instituições de ensino
superior, como a USP, pesquisador da
Fundap do Estado de São Paulo, na área
de sistema financeiro, e Gestor de Políticas
Públicas no Ministério da Fazenda, onde
trabalhou com assuntos internacionais.
21
PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO
reforma fiscal mais ampla, que preveja mecanis-
mos adequados de controle das despesas obri-
gatórias. Isso é muito diferente das tentativas de
contornar o teto com contabilidade criativa.
Que tipo de mensagem a derrubada do teto
pode passar aos investidores?
A mera tentativa de contornar o teto já causa pro-
blemas, pois afeta a credibilidade do compromis-
so do governo com a responsabilidade fiscal. Se
o teto fosse derrubado, as consequências seriam
bem mais graves. Não haveria âncora para balizar
as expectativas dos agentes a respeito da trajetó-
ria fiscal do país. Isso traria muito incerteza para
os investidores e os afastaria do país. Mas não pa-
rece estar nas intenções do governo, nem do Con-
gresso simplesmente derrubar o teto.
Ainda sobre o teto de gastos, há uma pressão
para que o recurso seja liberado para finan-
ciar obras de infraestrutura e o Renda Brasil.
Considerando o histórico de obras públicas
no país e o fato de que o Renda Brasil seria
uma despesa mais “permanente”, é um gas-
to que vale a pena nesse momento?
Tanto os investimentos, como a assistência aos
mais vulneráveis são desejáveis. No caso dos in-
vestimentos, é preciso garantir que realmente tra-
gam retorno para a sociedade, o que não é sim-
ples, conforme mostram as várias obras inaca-
badas. O espaço no orçamento de 2021 para o
Renda Brasil requer que se racionalize os progra-
mas assistenciais. O acionamento dos gatilhos da
regra do teto precisa também ser viabilizado para
abrir certo espaço para esses despesas. Os gati-
lhos voltam-se especialmente para as despesas de
pessoal, mas seu acionamento está comprometi-
do por um problema de redação na EC 95 que in-
troduziu o teto. Ou se ajusta a redação, o que não
é simples, pois se trata de mudança constitucio-
nal, ou se busca uma interpretação de consenso
entre os poderes que possa operacionalizar a re-
gra imediatamente. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 capixaba - 23
FOTOS: VITOR JUBINI

.
22 - capixaba VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

FOTOS: VITOR JUBINI

De presente para a Capital,

uma nova Avenida Vitória
Ao completar 469 anos na última terça, 8, a Capital ganhou uma nova Avenida Vitória, após
quase 11 meses em obras. Foram recapeados 2,6 km da via - que vai da Curva do Saldanha
até a Avenida César Hilal, em Bento Ferreira. O trecho também passa a contar com nova
rede de drenagem e ciclovia no canteiro central. A prefeitura informa que foram investidos
cerca de R$ 20 milhões e que a reforma vai beneficiar diretamente 25,3 mil moradores dos
11 bairros do entorno, além dos mais de 61 mil motoristas que por ela circulam diariamente.
24 - capixaba
Com a pandemia,
pré-candidatos e
eleitores devem
usar mais a internet.
Veja as regras
IARA DINIZ
idiniz@redegazeta.com.br
S
e nas eleições de 2018
as redes sociais já se
mostravam grandes
aliadas dos candida-
tos, em 2020, com as restri-
ções para realizar eventos
presenciais por causa da pan-
demia de Covid-19, a inter-
net vai ganhar um peso ainda
maior na campanha eleitoral.
Mas é importante ficar de
olho em algumas regras no
ambiente digital. Certas con-
dutas podem caracterizar cri-
mes eleitorais e levar ao inde-
ferimento de candidaturas e
à cassação de mandatos, no
caso de candidatos eleitos.
Em 2018, por exemplo, o
disparo em massa de mensa-
gens com ataques a adversá-
rios e disseminação de desin-
formação levou à abertura
de ações contra o presidente
Jair Bolsonaro (sem partido)
Eleições municipais
De olho na
campanha
on-line
e o vice-presidente Hamil-
ton Mourão (PRTB). O pro-
cesso ainda não foi julgado
pelo Tribunal Superior Elei-
toral (TSE).
Desde então, a Justiça Elei-
toral estabeleceu novas re-
gras para divulgação de cam-
panhas na internet e regu-
lamentou outras, que agora
estão mais claras, principal-
mente no que diz respeito à
desinformação. Desde o ano
passado, espalhar as chama-
das fake news com finalida-
de eleitoral é crime. As regras
valem também para eleitores,
que estão sujeitos a multas e a
oito anos de prisão, caso de-
sobedeçam a lei. Confira o
que pode e o que não pode
ser feito na internet:
PRÉ-CAMPANHA
Até o dia 26 de setem-
bro, estaremos na fase de
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
pré-campanha eleitoral.
Durante esse período, os
interessados em disputar o
pleito não são considerados
candidatos até que realizem
as convenções partidárias e
encaminhem os pedidos de
registro de candidatura à
Justiça Eleitoral. No dia 27,
começa oficialmente a cam-
panha, ainda não na TV e
no rádio, mas já será possí-
vel pedir votos diretamente,
inclusive na internet.
Até lá, os pré-candidatos
podem fazer uso das redes so-
ciais para se apresentar, fazer
comentários e críticas sobre a
cidade - desde que não sejam
mensagens contendo calúnia,
injúria ou difamação - e res-
saltar suas próprias qualida-
des. Não podem, contudo, fa-
zer pedido expresso de voto.
“Um pré-candidato pode
dizer que fez um curso de ges-
tão pública, que é bom e com-
petente. Mas não pode dizer:
‘Fiz um curso de gestão públi-
ca, por isso mereço ser o pre-
feito da cidade’”, explica Vla-
dimir Feijó, professor de Di-
reito Eleitoral da Ibmec-MG.
Eles também podem par-
ticipar de lives (transmissões
ao vivo). Além disso, é possí-
vel arrecadar doações para a
campanha por meio de vaqui-
nhas virtuais. Perfis em redes
sociais e páginas na internet
também poderão ser criadas
no nome do pré-candidato
para apresentar as propostas
para um eventual mandato.
“A gente tem visto verda-
deiros 'santinhos' na inter-
net, com o rosto do pré-can-
didato, o nome dele, o par-
tido. Não tem problema,
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 capixaba - 25

desde que não tenha o nú-
mero dele”, afirma Feijó. “A
grande diferença da pré-cam-
panha e da campanha é justa-
mente o conteúdo das mensa-
gens. Uma das regras básicas
é não ter pedido de voto. Isso
caracterizaria campanha elei-
toral antecipada.”
PROPAGANDA NO PERÍODO
DE CAMPANHA ELEITORAL
Na fase de campanha elei-
toral, que neste ano come-
ça em 27 de setembro e vai
até o dia 14 de novembro,
um dia antes da eleição, fica
permitido aos candidatos
pedir voto e o investimen-
to maior de recursos, como
propaganda e impulsiona-
mento nas redes sociais.
A propaganda pode ser
feita em plataformas on-line
como redes sociais, nos sites
do candidato, do partido ou
da coligação. Uma mudança
em 2020 é que todos os ca-
nais digitais utilizados de-
vem ser informados à Justi-
ça Eleitoral e hospedados em
um provedor de internet loca-
lizado no Brasil.
A publicidade de um can-
didato em sites de pessoas ju-
rídicas, sites oficiais ou hos-
pedados por órgãos públicos
(da União, dos Estados e dos
municípios) está proibida,
exceção do impulsionamen-
to de posts nas redes sociais,
que é quando se paga para
que um conteúdo tenha
maior visibilidade, alcan-
ce mais pessoas. No entan-
to, diferentemente de 2018,
essa conduta está restrita ao
perfil oficial de candidatos e
partidos e coligações.
“Perfis pessoais, de eleito-
res, familiares não podem pa-
gar pelo impulsionamento de
nenhuma postagem que te-
nha cunho eleitoral. Isso é ve-
dado pela lei eleitoral”, afir-
ma Rollo.
Além disso, o uso desse re-
curso deve ficar claro para o
eleitor, de acordo com a lei.
Hoje em dia, isso já aconte-
ce na maioria das platafor-
mas que incluem a palavra
“Patrocinado” quando o con-
teúdo foi pago. O impulsiona-
mento também não pode ser
terceirizado, ou seja, o candi-
dato ou partido está proibido
de pagar uma empresa para
contratar o serviço, como ex-
plica Vladimir Feijó.
“O serviço tem que ser
contratado diretamente pelo
candidato ou partido e isso
precisa ser contabilizado na
prestação de contas. A Lei
das Eleições inclui os custos
com impulsionamento de
conteúdos na internet entre
A grande diferença
da pré-campanha
e da campanha
é o conteúdo da
mensagem. Uma das
regras básicas é não
ter pedido de voto.
Isso caracterizaria
campanha eleitoral
antecipada”
Vladimir Feijó
Professor de Direito Eleitoral
Se a pessoa avisa
que não quer
mensagens, o
candidato precisa
retirá-la dos
contatos em 48h
ou está sujeito a
multa de R$ 100 por
mensagem enviada
após esse período”
Alberto Rollo
.
ANONIMATO NAS REDES É
PROIBIDO
Páginas criadas por apoia-
dores de um candidato não
precisam ser registradas
junto à Justiça Eleitoral,
mas o autor deve se iden-
tificar e não poderá divul-
gar ofensas ou difamações
sobre outros candidatos. A
lei eleitoral não permite que
a propaganda de campanha
seja feita de forma anônima,
nem mesmo por perfis fal-
sos. A multa varia de R$ 5
mil a R$ 30 mil.
Recentemente, o Tribu-
nal Superior Eleitoral (TSE)
recebeu um parecer do Mi-
nistério Público Federal para
que o compartilhamento de
mensagens anônimas – que
não identifiquem o autor –
com ofensas e ataques a can-
didatos possa ser enquadrado
como propaganda eleitoral
on-line anônima e gerar mul-
ta para quem compartilha. O
pedido ainda não foi julgado.
PODE CRITICAR;
DIFAMAR, NÃO
De acordo com especialis-
tas, criticar, reclamar e opi-
nar sobre a situação da cida-
de é um direito de qualquer
cidadão, inclusive de candi-
datos. Contudo é preciso to-
mar cuidado para que as crí-
desinformação com objetivo
de prejudicar um candidato.
A Lei 13.834/2019 tornou
crime a divulgação de fake
news com finalidade eleito-
ral, com penas mais duras,
de dois a oito anos de pri-
são, além de multa.
Além disso, caso o conteú-
do falso compartilhado gere
um processo judicial, a pes-
soa também está sujeita a res-
ponder penalmente por isso,
como explica Alberto Rollo.
“Se a sua fake news leva
os órgãos públicos a abrir
uma investigação ou a um
inquérito policial e é veri-
ficado, durante o proces-
so, que aquilo é um fato
mentiroso, você pode ser
responsabilizado criminal-
mente por aquilo. É crime
eleitoral, com até oito anos
de prisão.”
Para aqueles que forem
vítimas de desinformação,
o direito de resposta é uma
arma de defesa, afirma Fei-
jó. “Se existe impulsiona-
mento, ele também será
obrigado a usá-lo como di-
reito de resposta. Candida-
tos que sejam prejudicados
por propagação falsa, por
fake news, têm esse direito.”
PROPAGANDA NA

Professor de Direito Eleitoral INTERNET NO DIA DA

assim como a venda de ca-
dastros de endereços eletrô-
nicos. Propaganda por meio
de telemarketing, em qual-
quer horário, também não
é permitida.
ENVIO DE MENSAGENS É
PERMITIDO, MAS SEM USO
DE ROBÔS
O candidato pode enviar
mensagens eletrônicas por
aplicativos como WhatsA-
pp, Telegram e e-mails para
contatos cadastrados. Mas é
proibido o disparo em massa
com uso de robôs. Segundo
o professor de Direito Eleito-
ral da Faculdade Presbiteria-
na Mackenzie, Alberto Rol-
lo, as mensagens têm que
ser encaminhadas por lis-
ta de transmissão de forma
manual e é preciso oferecer
ao destinatário a opção de
cancelar o recebimento.
“A pessoa tem o direito de
não receber essas mensagens.
Se ela avisa que não quer, o
candidato precisa retirá-la
dos contatos em 48 horas ou
então está sujeito a multa de
R$ 100 por mensagem envia-
da após esse período”, enfati-
za Rollo.
IMPULSIONAMENTO
NAS REDES SOCIAIS É
RESTRITO A CANDIDATOS
Propagandas pagas na inter-
net não são permitidas, com
os gastos eleitorais sujeitos a
registro e limites legais, as-
sim como é feito com outros
canais de comunicação.”
Há também a necessida-
de de as publicações traze-
rem as informações sobre o
candidato ou partido, como
os nomes e o CPF ou CNPJ
do patrocinador daque-
la publicação.
LIVES SÃO PERMITIDAS,
MAS SEM REALIZAÇÃO DE
“SHOWS”
Assim como no caso dos
showmícios, a apresenta-
ção de artistas em trans-
missões ao vivo de can-
didatos pela internet, as
chamadas lives, estão proi-
bidas pelo Tribunal Supe-
rior Eleitoral (TSE). Isso
independentemente de ser
um serviço remunerado ou
não. Os candidatos tam-
bém não podem participar
de lives promovidas por ar-
tistas com o intuito de fa-
zer campanha eleitoral.
A participação de pré-
-candidatos ou candidatos
em videoeventos e trans-
missões ao vivo de agendas
de inauguração de obras pú-
blicas está proibida desde o
dia 15 de agosto. No entan-
to candidatos podem apare-
cer em lives na internet ou
aparecer na mídia em geral,
inclusive em entrevistas.
ticas não se tornem ofensas
e se configurem crimes de
injúria, calúnia e difamação.
“A pessoa pode opinar,
criticar, dizer que a rua está
cheia de buracos, a praça está
suja, que um candidato não
Se sua fake news foi bom para a gestão da ci-
leva órgãos públicos dade. Mas chamar alguém de
a abrir investigação ladrão, por exemplo, é crime
contra honra e a pessoa pode
ou a um inquérito ser processada por isso”, des-
policial e é taca Alberto Rollo
verificado que o Além disso, os candida-
tos não podem usar os recur-
fato é mentiroso, sos de impulsionamento para
você pode ser prejudicar a imagem de seus
responsabilizado adversários. Essa estratégia
é conhecida como “descons-
criminalmente” trução de candidatura”. Em
Alberto Rollo situações em que um grupo
Professor de Direito Eleitoral
de pessoas é contratado para
realizar esse tipo de serviço,
o candidato pode responder
por crime eleitoral.
“A publicidade negativa
de um candidato está veda-
da pela Justiça Eleitoral. Nes-
se caso, tanto quem pratica
quanto quem deu a ordem
para que o serviço fosse feito
responde pelo crime, que tem
pena de dois a quatro anos de
prisão em caso de condena-
ção”, complementa Feijó.
ESPALHAR
DESINFORMAÇÃO É CRIME
Desde o ano passado, o Có-
digo Eleitoral prevê puni-
ção para quem disseminar
ELEIÇÃO CONFIGURA
“BOCA DE URNA”
No dia da eleição, a propa-
ganda eleitoral na internet
é proibida, tanto para can-
didatos, quanto para elei-
tores. Ou seja, nenhuma
publicação pode ser fei-
ta no domingo, 15 de no-
vembro. Quem descum-
prir está sujeito a respon-
der por boca de urna, que
é crime eleitoral.
“Se a gente for pensar
que no ambiente físico uma
pessoa não pode fazer boca
de urna, ela também não
pode fazer isso na internet.
A lei prevê que a manifesta-
ção de voto é individual e si-
lenciosa. Se você comparti-
lha em uma rede social, vira
algo coletivo”, destaca Vla-
dimir Feijó
“Nenhuma nova propa-
ganda, postagem ou envio
de mensagem pode ser feito
no dia da eleição. Isso gera
multa e pode levar um can-
didato a responder por abu-
so de poder político e eco-
nômico”, acrescenta.
No entanto, publicações
podem ser feitas até a vés-
pera da eleição, no sábado,
dia 14. Conteúdos que já ti-
nham sido publicados ou
impulsionados no período
anterior ao dia da eleição
não precisam ser retirados
da internet. l
26 - capixaba
Distanciamento
social obriga
estreante nas
urnas a ser criativo
nas redes sociais
ANA CLARA MORAIS
amorais@redegazeta.com.br
“É
como di-
zem, quem
não é visto
não é lem-
brado, não é?”, diz, em tom
de brincadeira, Lucas Neto
(Cidadania). Pela primeira
vez pleiteando uma cadei-
ra na Câmara municipal de
Guarapari, o pré-candidato
enquadra sua participação
em eventos virtuais da igreja
como uma forma de manter
o nome fresco na memória
dos éis. Ele sempre foi ati-
vo na comunidade católica
e garante que sua presença
nas novenas ocorreria mes-
mo sem campanha. Admi-
te, porém, que intensicou
a participação para não per-
der o contato com amigos e
conhecidos da comunidade.
No Norte do Estado, o pro-
fessor de Sociologia e pré-
-candidato a vereador de Li-
nhares Antônio César Ma-
chado (PV) encontrou na
disciplina que leciona a opor-
tunidade de levantar o deba-
te político e apresentar suas
bandeiras para eleitores. Uti-
lizando plataformas como o
Zoom, o professor, que tam-
bém vai concorrer pela pri-
meira vez, organiza grupos de
estudo para ensi-
nar e debater te-
mas como cida-
dania e partici-
pação política.
Eleições municipais
De oração a café
virtual para
conquistar votos
A iniciativa resultou em
um evento acadêmico vir-
tual para discutir a elabora-
ção de políticas públicas vol-
tadas para a realidade do mu-
nicípio. “Algumas estratégias
são importantes, mantendo o
respeito à lei. Sempre evitan-
do impulsionamento e pedi-
do de voto, aspectos que não
são permitidos, tenho procu-
rado levantar debate sobre al-
guns pontos especícos, por-
que minha disciplina é Socio-
logia. É uma forma que tenho
de contato para buscar mais
visibilidade”, disse.
O que esses dois pré-can-
didatos de partidos e muni-
cípios diferentes têm em co-
mum, assim como os demais
pré-candidatos neste pleito, é
a necessidade de se conectar
com eleitores sem a possibili-
dade do corpo a corpo.
Pela legislação eleitoral,
ninguém pode pedir voto até
o dia 26 de setembro, mas é
comum que até o início “o-
cial” da campanha, os pré-
-candidatos organi-
zem ações para inte-
ragir com eleitores e
tornar seus rostos e
nomes conhecidos.
Em pleitos munici-
pais, proximidade é ainda
mais importante.
“Nunca fui candidato an-
tes, mas a gente via que todo
o processo era feito na rua,
abraçando os moradores, vi-
sitando suas realidades. Não
estamos conseguindo fazer
como era antes, pelo menos
quem está respeitando o dis-
tanciamento social. Isso di-
ficulta, porque os eleitores
querem um vereador que
seja próximo, esteja presen-
te. Como estar presente sem
estar?”, diz Lucas Neto.
As eleições de 2018 já fo-
ram marcadas por um peso
decisivo da campanha nas
redes sociais. O presidente
da República, Jair Bolsona-
ro (sem partido), por exem-
plo, foi eleito com poucos se-
.
gundos de propaganda em
TV e um investimento forte
na campanha virtual.
Como apontou o pré-can-
didato de Guarapari, o com-
portamento do eleitor é dife-
rente em campanhas munici-
pais. A luta para angariar os
votos é travada nas feiras, nas
casas de líderes comunitá-
rios e em celebrações de
igrejas.
Sem poder “apertar a
mão” de cada el ao nal
da missa, o pré-candida-
to dá aulas de liturgia e reza
terços virtualmente com os
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
companheiros de fé, que tam-
bém são eleitores.
“VELHAS” ARMAS, NOVAS
ESTRATÉGIAS
Cada um vai “caçar com as
armas que tem”. No Insta-
gram, as lives, que no início
da pandemia foram uma fe-
bre, já se tornaram comuns.
Muitos pré-candidatos têm
usado o recurso para inte-
ragir com os seguidores e
mostrar que têm o apoio de
nomes importantes da polí-
tica local e nacional.
Miguel Intra (PT), que
quer ser vereador na Capi-
tal, tenta explorar mais a fer-
ramenta. Em sua conta criou
diferentes “quadros” para in-
centivar o engajamento dos
seguidores. Em um deles,
“Miguel Indica”, o petista pu-
blica, aos sábados, indicações
de trabalhos musicais capixa-
bas e documentários e livros
com viés ideológicos. Sema-
nalmente, o pré-candida-
to investe em um quadro de
perguntas e respostas, onde
abre espaço
para que os se-
guidores tirem
dúvidas sobre
seus posicio-
namentos po-
líticos e a construção de sua
pré-candidatura. “Os quadros
foram pensados para dialogar
com o público. Esse foi essen-
cial porque a gente abre um
papo com a sociedade, to-
mando um cafézinho na casa
da pessoa”, armou.
Alguns pré-candidatos
apostam em sites para atrair
apoiadores e até recrutar “ca-
bos eleitorais” voluntários.
Outros criam movimentos
para dialogar com grupos es-
pecícos e teve até lançamen-
to de pré-candidatura em dri-
ve-thru: o deputado estadual
Lorenzo Pazolini (Republica-
nos), que é pré-candidato a
prefeito em Vitória, organizou
um evento em que as pessoas
passavam pelo local e, de den-
tro de seus carros, deixavam
sugestões e ideias para com-
por seu plano de governo.
Os planos de governo,
também, têm sido construí-
dos e apresentados ao público
sem uma reunião presencial
sequer. Políticos criaram listas
de transmissão no WhatsApp
para que eleitores recebam
mensagens diárias, Outros
criaram grupos para dialogar
com bairros diferentes.
As iniciativas têm se mul-
tiplicado e exigido criativida-
de, principalmente dos no-
vatos. A tendência é que os
nomes conrmados após as
convenções, que ocorrem até
o dia 16, busquem mais ino-
vação, uma vez que a dispu-
ta deve se acirrar a partir do
dia 27 quando a campanha,
de fato, vai começar. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Vitor VogasColunista de Política
vvogas@redegazeta.com.br | (27) 3321-8319
PTB ABANDONA
MAX FILHO EM
VILA VELHA
É
oficial: a partir da resolução
baixada pelo presidente
nacional do PTB, o ex-
deputado federal Roberto
Jefferson, o partido não mais
apoiará a reeleição do prefeito
Max Filho (PSDB) em Vila Velha.
O apoio tinha sido amarrado pelo
presidente municipal do PTB,
Toninho Magalhães, vítima da
Covid-19 no último dia 4. Mas
a resolução de Jefferson proíbe
expressamente que o partido se
coligue com o PSDB de Max nas
eleições municipais.
Filha e herdeira política de
Toninho, Mariana Magalhães
assumiu a presidência do PTB
em Vila Velha. E afirma: agora,
na disputa pela prefeitura, o PTB
pode ficar neutro ou até lançar um
militar da ativa ao cargo de prefeito
(há dois nomes cotados), mas com
certeza não irá com Max Filho:
“O veto referente à coligação com
o PSDB será respeitado. Quanto
à majoritária, ainda estamos em
definição, com possibilidade de
lançarmos um candidato próprio
que, caso se confirme, será um
militar. Mas nossos pré-candidatos
ficarão à vontade para apoiar o Max”.
Solução salomônica
A última ressalva é
importantíssima: Max perde os
anéis, mas não os dedos. O prefeito
ajudou o PTB canela-verde a
montar sua chapa para a Câmara,
que está cheia de antigos aliados
dele na cidade. Agora, mesmo
com o PTB fora da coligação
de Max, esses candidatos a
vereador poderão fazer campanha
com e para ele na cidade.
Plano de governo
O coordenador do plano de
governo de Max é o secretário
de Planejamento e Projetos
Estratégicos de Vila Velha,
Ricardo Santos (PSDB), ex-
presidente do partido no Estado.
PTB não irá com Magalhães
Também como efeito colateral da
ordem vertical de Jefferson, o PTB
não mais apoiará a reeleição
de Edson Magalhães (PSDB)
em Guarapari. O presidente
municipal do PTB é o vereador
Wendel Lima, aliadíssimo
do prefeito. Tanto que era
fortemente cotado para ser o
vice na chapa de Magalhães.
Agora, ele mesmo assegura: “O
PTB vai seguir criteriosamente
a resolução nacional.
Estamos conversando com a
direção estadual do partido e
decidiremos juntos, mas não
estaremos com o prefeito”.
.
Vão de Von?
Ainda em Guarapari, há
especulações de que esse
“reconfigurado PTB” pode se
aliar ao deputado Carlos Von,
que, embora filiado ao Avante,
é um pré-candidato à prefeitura
de direita e bastante próximo a
aliados de Bolsonaro no Estado,
como o também deputado
Capitão Assumção (Patriota) e o
ex-deputado Carlos Manato (sem
partido). Wendel Lima nega:
“Nunca falei de eleição com Von”.
PV com MDB em Viana
Em Viana, o inspetor da
PRF Wylis Lyra (MDB), pré-
candidato a prefeito em bloco
não alinhado ao do prefeito
Gilson Daniel (Podemos), já
reúne o apoio de sete outras
siglas: PV, PTB, Cidadania,
PL, SDD, PCdoB e PMB. O PV
e o PTB querem emplacar o
vice de Lyra, respectivamente,
com a advogada Luzinete
Deolindo e com o ex-prefeito
Demósthenes de Carvalho.
Vantagem para a primeira.
Guerra de posts
em Colatina
Em Colatina, o prefeito Sérgio
Meneguelli (Republicanos)
tem discutido e rebatido
pessoalmente postagens
críticas à sua administração
feitas pela professora Maricelis
Caetano, pré-candidata a
prefeita pelo Cidadania.
Leia também em
www.agazeta.com.br
Cordel do Chefe Camaleão
a serviço do Capitão
Codinome: Bob Jeff
Com ele não tem tabu
Da sua tribo é o chefe
Seu cajado é de bambu
Vai pra cá e vai pra lá
Você vem com o fubá
Ele já voltou com o angu
Pulando de seita em seita
Servil, a muitos serviu
Desta feita, “é direita”
“Conservador do Brasil”
Pra provar sua nova raia
Faz live com o Malafaia
E até foto com fuzil
“Quem estiver no poder
É nesse que eu vou colar
Ainda melhor se eu puder
Uma pasta legal descolar
Esse papo de coerência
Já cansou minha paciência
Não venham mais me amolar!”
“Nós estamos sempre aí
(Quem se alterna são vocês)
Sempre prontos a cair
Nos braços do chefe da vez
Agora a vez é do Jair
É a ele que vamos servir
Como nosso melhor freguês”
“Do PTB sou cacique
O Chefe Camaleão
Minha arma de grosso calibre
Agora é do Capitão
Moraes até as Gerais
Cumprindo o que disse à coluna
no dia 22 de agosto que faria,
a vice-governadora Jaqueline
Moraes está percorrendo o Estado
inteiro, antes mesmo da largada
oficial da campanha, como cabo
eleitoral do PSB para ajudar a
27
Sou jogador, rei do blefe
Sou o terror do STF
Eu sou o Senhor Centrão”
“Que importa com quem estive?
Collor, Lula, tantos mestres...
Sou Garrincha, o rei do drible
O passado a gente esquece!
Mensalão? Condenação?
Prisão por corrupção?
É só apertar delete”
“O PTB era esquerda?
Era a sigla de Brizola?
Isso aí a gente emenda
Quem é que pra isso dá bola?
Já baixei resolução:
Nesta próxima eleição
Aliança com esquerda não rola”*
“É isso aí, minha audiência!
Não existe mais mamata!
Agora me deem licença
Tá rolando uma coisa chata
Vou ali resolver uma treta
Minha filha tá sendo presa
Na Operação Catarata…”
---
* Aqui no Espírito Santo
Isso teve repercussão:
Max, Gandini e outros tantos
Perderam essa adesão
E o PTB vai lançar
Um monte de militar
Sofreu uma transmutação
eleger aliados do partido e do
Palácio Anchieta em cidades do
interior. O ritmo é frenético. Só
entre quarta e sexta-feira, ela
passou por nada menos que 14
municípios nas regiões Norte e
Noroeste. Foi até Ecoporanga,
divisa com Minas Gerais. l
28 - capixaba
Ainda não há
previsão para o júri
popular dos seis
acusados de matar
Milena Gottardi
ISAAC RIBEIRO
iribeiro@redegazeta.com.br
O
assassinato da mé-
dica pediatra Mi-
lena Gottardi, de
38 anos, comple-
ta três anos nesta segunda-
-feira, dia 14, e os familiares
da vítima e os seis réus acu-
sados de envolvimento no
crime ainda aguardam jul-
gamento no júri popular. A
data ainda não foi informa-
da pela Justiça.
No dia 14 de setembro de
2017, Milena foi assassina-
da com um tiro na cabeça,
no estacionamento do Hos-
pital Universitário Cassiano
Antônio Moraes (Hucam),
em Vitória. Ela tinha acaba-
do de sair do trabalho e es-
tava acompanhada de uma
amiga quando foi surpreen-
dida por um homem que si-
mulou um assalto.
Mas o policial civil Hilário
Frasson - ex-marido de Mile-
na - e o pai dele, Esperidião
Frasson, foram denunciados
como mandantes do crime.
Eles teriam contratado dois
intermediários, Hermenegil-
do Palauro Filho e Valcir da
Silva Dias, para ajudar no cri-
me e contratar um atirador.
Dionathas Alves é apon-
tado como a pessoa que rea-
lizou o disparo. Ele, por sua
vez, solicitou ao cunhado
Bruno Broetto uma moto, que
foi usada no crime. De acordo
com a Secretaria de Estado
da Justiça (Sejus) todos es-
tão presos. (Veja os detalhes
do crime na página ao lado)
Hilário está na Peniten-
ciária de Segurança Média 1
desde o dia 8 de novembro de
2017. O pai dele, Espiridião,
foi levado para o Centro de
Detenção Provisória (CDP) de
Viana 2 no dia 21 de setembro
do mesmo ano. Valcir foi pre-
so no mesmo dia e encaminha-
do para o CDP de Vila Velha. Já
Hermenegildo foi preso no dia
25 de setembro e levado para o
CDP da Serra. Dionatas e Bru-
no estão no CDP de Guarapa-
ri desde o dia 17 de setembro,
três dias após o crime.
O crime chocou o Estado
e o júri popular segue sem
data. Para evitar o contágio
pelo novo coronavírus, o TJES
Três anos do assassinato
Acusados de matar
médica ainda não
foram julgados
anunciou a adoção do regime
de teletrabalho no dia 20 de
março. Em julho, o Judiciário
informou que as atividades
presenciais seriam retomadas
a partir do dia 10 de agosto.
Para o advogado da famí-
lia da médica Milena Gottar-
di, Renan Sales, os réus de-
vem ser levados ao Tribunal
do Júri ainda neste ano.
“O processo está absoluta-
mente maduro para que o juiz
marque o dia do julgamento.
Acredito que não foi agenda-
do por causa desse momen-
to infeliz que a gente vem ul-
trapassando. Com o Judiciá-
rio voltando às suas atividades
por agora, acredito que o juiz
tenha condições de fazer esse
agendamento”, pontuou.
Sales evidenciou a impor-
tância do trabalho realizado
pela Polícia Civil, na condu-
ção da investigação, e do Mi-
nistério Público do Espírito
Santo (MPES). Ele avalia que,
a partir das provas coletadas
.
O policial civil Hilário Frasson foi denunciado como mandante
ao longo do processo, a Justi-
ça vai declarar a condenação
dos seis acusados de partici-
pação no crime.
“Houve vários recursos.
Os réus buscaram recorrer
por várias vias. Mas, de fato,
os seis acusados devem ser
levados a julgamento. Es-
ses indivíduos são absoluta-
mente perigosos, e portan-
to soltos, colocam em risco a
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
REPRODUÇÃO/FACEBOOK
Milena Gottardi
era pediatra e
foi baleada ao
sair de hospital
FERNANDO MADEIRA -21/09/2017
garantia da ordem pública e
devem permanecer presos até
a condenação, que é a deci-
são que nós acreditamos que
vai ser alcançada no proces-
so”, comentou.
DEFESA DOS ACUSADOS
• Hilário Frasson
O advogado Leonardo Gagno
diz que o julgamento deverá
acontecer somente no início
do ano que vem, quando a si-
tuação da pandemia estiver
mais controlada. Neste inter-
valo, ele está estudando o pro-
cesso e preparando o discurso
da defesa. “Nós estamos bem
ansiosos. Estamos visitando o
Hilário com uma rotina mais
intensa para prepararmos
a tese. Ele está muito triste,
emocionalmente bem abati-
do e tem muita fé em Deus.
Ele é cristão, está se apegan-
do a isso. O Hilário está con-
centrado para que tenha su-
cesso no julgamento, para
conseguir provar que ele não
participou desse crime que ti-
rou a vida da Milena.”
• Dionathas Alves Vieira
A defesa informou que o ho-
mem apontado como execu-
tor do crime é réu confesso
e tem colaborado com a po-
lícia e a Justiça desde o iní-
cio do processo. O advogado
Leonardo da Rocha de Sou-
za disse que o cliente dele
vive a expectativa de que o
julgamento seja agendado o
mais breve possível.
• Bruno Rodrigues Broetto
Bruno está preso acusado de
ter fornecido uma moto CB
300 vermelha que teria sido
usada por Dionathas na exe-
cução da médica. O advo-
gado Leonardo da Rocha de
Souza, contratado por Diona-
thas, também defende Bruno.
“A expectativa é enorme por-
que meus clientes estão pre-
sos aguardando julgamento.
O Bruno é inocente e nega a
autoria desde o início. É uma
injustiça o que está sendo fei-
to, visto que a única impu-
tação que recai sobre ele é o
fato dele ter cedido a moto
que foi utilizada no crime
pelo Dionathas”, destacou.
• Valcir da Silva
O advogado Alexandre Lyra
Trancoso é o responsável
pela defesa de Valcir da Sil-
va, acusado de ter contra-
tado o executor do crime.
“A audiência está suspen-
sa devido a pandemia. Es-
tamos aguardando a mar-
cação da data. Acredito que
não aconteça este ano. Seria
incoerência marcar audiên-
cia presencial nessa época,
devido a pandemia”, disse.
Até o fechamento desta
edição, a reportagem não
conseguiu contato com os
advogados que represen-
tam Espiridião Carlos Fras-
son e Hermenegildo Palau-
ro Filho. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 capixaba - 29

Três anos do assassinato

Os seis denunciados pela morte da médica Milena Gottardi continuam presos.

Veja quem fez o que segundo a investigação da polícia e denúncia do Ministério Público.

.
30 - capixaba
Avaliações
vão identificar
necessidade de
recuperação ou
reforço no conteúdo
SIUMARA GONÇALVES
sfgoncalves@redegazeta.com.br
D
ois tipos de ava-
liações devem ser
aplicadas aos alu-
nos da rede públi-
ca de ensino do Espírito Santo
com o plano de volta às aulas.
A primeira tem como objeti-
vo saber o que foi aprendido
durante o período sem au-
las presenciais em relação ao
currículo proposto. Já a se-
gunda será para vericar o
nível de aprendizagem.
Nenhuma delas será usada
como ferramenta de repro-
vação dos estudantes. Mas, a
partir da análise dessas pro-
vas, realizadas tanto de forma
on-line como presencial, cabe-
rá ao professor traçar estraté-
gias visando à recuperação, ao
reforço e ao aprofundamento
das habilidades. As propostas
constam no Plano de Retoma-
da das Aulas Presenciais para
a Educação Básica nas escolas
da Rede Estadual.
O documento está disponí-
vel para consulta pública no
site da Secretaria da Educa-
ção (Sedu). A população tem
até o próximo dia 14, segun-
da-feira, para manifestar opi-
niões. Por causa da pandemia,
os trabalhos presenciais estão
suspensos até o dia 30 deste
mês. A expectativa é de que o
retorno aconteça em outubro
e de forma gradual.
“Durante todo o processo
educativo, a avaliação deve-
rá ter caráter processual, bus-
cando entender as diculda-
des individuais de cada estu-
dante, dadas suas condições
estruturais de estudo domi-
ciliar e de acesso à internet”,
explica o plano.
TIPOS DE AVALIAÇÃO
A Avaliação diagnóstica vai
dar um panorama sobre a si-
tuação do aluno fazendo um
paralelo entre o que ele apren-
deu e o currículo proposto.
Também vai identicar possí-
veis defasagens de aprendiza-
gens e ter melhor compreen-
são da turma em relação à
aquisição de habilidades e
pré-requisitos para a continui-
dade do processo educativo.
A avaliação foi elaborada
pela Sedu em parceria com o
Expectativa é de que o retorno aconteça no mês de outubro e de forma gradual na rede de ensino
Alunos farão
provas on-line
e presencial
As propostas em consulta pública
OS CONTEÚDOS PARA
AS AVALIAÇÕES
PROPOSTAS SÃO:
2º ano do ensino
fundamental: avaliação
de fluência em leitura;
3º ao 5º ano do ensino
fundamental: avaliações
diagnósticas impressas
de Língua Portuguesa e
Matemática, que poderão
ser aplicadas no retorno
às aulas presenciais;
6º ao 9º ano do
ensino fundamental:
avaliações diagnósticas
disponibilizadas no formato
on-line, com questões
de Língua Portuguesa,
Centro de Políticas Públicas
e Avaliação da Educação da
Universidade Federal de Juiz
de Fora (Caed/UFJF), ten-
do como base o Currículo do
Espírito Santo (educação in-
fantil e ensino fundamental),
de 2018, e o Currículo Bási-
co Escola Estadual (ensino
Pandemia
.
Matemática, História,
Geografia, Ciências e Inglês;
1ª a 3ª série do ensino
médio: avaliações
diagnósticas
disponibilizadas no
formato on-line com
questão de Língua
Portuguesa, Matemática,
História, Geografia, Física,
Química, Biologia, Inglês,
Filosofia e Sociologia.
OS ESTUDANTES
SERÃO DIVIDIDOS
ENTRE:
Recuperação: para
os estudantes que
demonstrarem insuficiência
médio), de 2009, para ser
realizada pelos alunos do 2º
ano do ensino fundamental à
3ª série do ensino médio.
Segundo o plano de reto-
mada, a Avaliação Diagnós-
tica já foi aplicada aos es-
tudantes do ensino funda-
mental e dos anos nais do
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
FOLHAPRESS
de aprendizagem das
habilidades necessárias à
sua etapa de escolaridade;
Reforço: para os
estudantes que ainda
não demonstraram
um desenvolvimento
considerado apropriado
das habilidades
básicas para a etapa
de escolaridade em
que se encontram;
Aprofundamento: para
os estudantes que
demonstrarem domínio
das habilidades básicas
e essenciais para a
etapa de escolaridade
em que se encontram.
ensino médio. Mas estudan-
tes do 3º ao 5º ano do funda-
mental e os que não tiveram
acesso à internet, ainda de-
verão realizar as avaliações
no retorno às aulas presen-
ciais, num equipamento da
escola, ou no formato im-
presso.Já a Avaliação do
rendimento dos estudan-
tes vai vericar os níveis de
aprendizagem. O objetivo é
a recuperação, o reforço e o
aprofundamento das habili-
dades e competências essen-
ciais do currículo do aluno.
De acordo com a proposta,
essa prova não será utilizada
para ns de retenção dos es-
tudantes, mas servirá de base
para o planejamento do con-
teúdo curricular 2020-2021.
“O processo de avaliação das
Atividades Pedagógicas Não
Presenciais (APNP) deve ter
um caráter processual, numa
perspectiva formativa e inter-
disciplinar, levando em con-
sideração o nível e o contex-
to de aprendizagem de cada
estudante”, explica o plano.
INTERVENÇÃ PEDAGÓGICA
A Sedu propõe que, a partir
da avaliação do rendimento,
seja realizada uma interven-
ção pedagógica nos alunos. A
ação educativa teria o objeti-
vo de garantir aos estudantes
o direito de aprender.
“Dessa forma, pelos resul-
tados das avaliações diagnós-
ticas e do acompanhamento
das APNP, pretende-se identi-
car as situações de aprendi-
zagens dos estudantes e torná-
-las ponto de referência para o
planejamento de intervenções
pedagógicas de recuperação,
reforço e de aprofundamen-
to”, explica. Os estudantes se-
rão divididos entre recupera-
ção, reforço e aprofundamen-
to (veja ao lado). A proposta
é que a intervenção aconteça,
preferencialmente, nos mo-
mentos presenciais.
Além desses modelos de
avaliações, a volta às aulas
ainda pode contar com turmas
divididas com 50% de alunos
de forma presencial e a outra
metade em estudos não pre-
senciais, de forma remota.
Será adotado um modelo edu-
cacional híbrido, que consiste
em estratégias que podem ou
não fazer uso de recursos di-
gitais e que, na associação de
atividades presenciais e não
presenciais, favorece a cons-
trução do conhecimento.
De acordo com o gover-
nador Renato Casagrande
(PSB), o plano foi elaborado
pela Sedu em diálogo com o
grupo de trabalho, formado
por diversas instituições, entre
elas a União Nacional dos Diri-
gentes Municipais (Undime),
o Sindicato das Empresas Par-
ticulares de Educação (Sine-
pe), Amunes, Sindiupes e o
Ministério Público Estadual. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Entenda quando uma vacina
é considerada segura
Conheça todas as
etapas necessárias
para que a
Anvisa libere o
registro no país
ISAAC RIBEIRO
iribeiro@redegazeta.com.br
I
mportantes para o con-
trole de doenças, as va-
cinas passam por diver-
sos estudos para com-
provação de sua qualidade,
segurança e eficácia an-
tes de serem disponibiliza-
das à população. É assim
que também acontece com
os medicamentos que pre-
tendem imunizar o organis-
mo humano contra o novo
coronavírus.
Em um desses processos,
a AstraZeneca, que desen-
volve um composto contra a
Covid-19 em parceria com a
Universidade de Oxford, sus-
pendeu os testes no mundo
após identicar que um vo-
luntário vacinado com a dro-
ga foi diagnosticado com mie-
lite transversa, uma síndrome
inamatória que afeta a me-
dula espinhal.
No Brasil, a fase 3 do es-
tudo clínico conta com cinco
mil pessoas e é coordenado
pela Universidade Federal de
São Paulo, através do Centro
de Referência para Imunobio-
lógicos Especiais (Crie/Uni-
fesp). A etapa foi temporaria-
mente no dia 8 em todos os
centros participantes, incluin-
do os Estados brasileiros.
“A pausa segue os padrões
de segurança preconizados
no protocolo do estudo da
vacina de Oxford. Trata-se de
uma prática comum em estu-
dos clínicos envolvendo fár-
macos. O comitê de monito-
ramento de segurança do es-
tudo analisa se o caso tem ou
não relação com a vacina e,
assim que a análise for con-
cluída, a fase 3 deve ser reto-
mada”, diz nota da Unifesp.
Sem detalhar o número,
a instituição informou que
muitos voluntários já rece-
beram a segunda dose da
vacina no Brasil e até o mo-
mento não houve registro de
A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e a Universidade de Oxford está sendo testada no Brasil
intercorrências graves de saú-
de. Além da vacina da Astra-
Zeneca, outros três compos-
tos estão sendo testados no
Brasil: o produzido pela far-
macêutica americana Pfi-
zer em parceria com a alemã
BioNTech; a chinesa Corona-
vac, feita em parceria entre o
Instituto Butantan com a chi-
nesa Sinovac; e a Janssen-Ci-
lag, da Johnson & Johnson.
A Anvisa é o órgão respon-
sável pela avaliação e aprova-
ção de solicitações para a rea-
lização de pesquisas clínicas e
de pedidos de registro de va-
cinas desenvolvidos. As eta-
pas do processo passam por
estudos laboratoriais, testes
em animais, humanos e pe-
dido de registro.
PRIMEIRA ETAPA
Segundo a Anvisa, um dos
primeiros passos é a realiza-
ção de estudos da fase não
clínica, aplicada em animais
Pandemia
.
4
VACINAS EM TESTE
É o número de compostos
que estão em teste no
Brasil por farmacêuticas
para o combate ao
novo coronavírus
de experimentação, de acor-
do com protocolos estabele-
cidos pela empresa. O obje-
tivo é investigar a ação e a
segurança da molécula em
laboratório. A vacina pas-
sa por ensaios que auxiliam
os pesquisadores a vericar
a dose a ser administrada
e a conhecer o mecanismo
de ação do produto. Depois
a empresa deve realizar es-
tudos clínicos em três fases
para avaliar e determinar a
segurança e a ecácia do uso
da vacina em humanos.
DIVULGAÇÃO/UNIVERSIDADE DE OXFORD
FASE I
Pequenos grupos de indiví-
duos, normalmente adul-
tos saudáveis, são avaliados
para vericação da seguran-
ça e determinação do tipo de
resposta imune provocada
pela vacina.
FASE II
Há inclusão de um maior nú-
mero de indivíduos e o pro-
duto já é administrado a in-
divíduos representativos da
população-alvo (bebês, crian-
ças, adolescentes, adultos,
idosos ou imunocomprome-
tidos). Nessa fase é avaliada
a segurança da vacina, a imu-
nogenicidade, a posologia e o
modo de administração.
FASE III
A vacina é administrada a
uma grande quantidade de
indivíduos, normalmente
milhares de pessoas, para
que seja demonstrada a sua
capixaba - 31
eficácia e segurança, ou
seja, que a vacina é capaz
de proteger os indivíduos
com o mínimo possível de
reações adversas.
O início dos testes em se-
res humanos depende, além
das aprovações ética e regu-
latória, da própria organiza-
ção interna dos pesquisado-
res para recrutamento dos
voluntários. A Anvisa não
dene esta data.
Para realização de qual-
quer pesquisa clínica envol-
vendo seres humanos, é obri-
gatória a aprovação dos Co-
mitês de Ética em Pesquisa
(CEPs) e/ou da Comissão
Nacional de Ética em Pesqui-
sa (Conep). A realização de
estudos clínicos de fase I, II e
III também deve ser aprovada
antes pela Anvisa. Para isso,
a empresa desenvolvedora
da pesquisa deve apresentar
o Dossiê de Desenvolvimen-
to Clínico de Medicamentos,
que traz informações deta-
lhadas sobre o medicamento
e sobre o estudo.
REGISTRO DE VACINAS
São as empresas do setor
farmacêutico que devem
manifestar interesse em fa-
zer o registro de um novo
medicamento ou vacina. O
prazo para a primeira mani-
festação sobre o pedido é de
até 60 dias. A empresa pode
solicitar o registro com estu-
dos da fase III em andamen-
to, portanto já com os da-
dos consolidados das fases I
e II, desde que seja demons-
trada alta ecácia terapêu-
tica ou preventiva e/ou não
exista outra terapia ou droga
alternativa comparável para
aquele estágio da doença.
Outro item importante é
que, além da pesquisa clíni-
ca, a desenvolvedora da va-
cina também realiza, para-
lelamente, o estudo de es-
tabilidade do medicamento
para gerar dados sobre, por
exemplo, o prazo de valida-
de e as condições de arma-
zenamento adequadas. Por-
tanto, a solicitação de regis-
tro de uma vacina só é aceita
se a empresa apresentar
toda a documentação exigi-
da pela Anvisa.l
32 - capixaba VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

ALEXANDRE MENDONÇA

Acusado de assédio, maestro é

afastado da Orquestra Sinfônica

e provocado baixas no corpo “Vários músicos humilha- Em oscilação de temperatura,

MPES investiga Leonardo David após artístico da Oses, da qual Da- dos durante os ensaios, ele os instrumentos podem desa-
músicos relatarem assédios moral e vid é maestro adjunto desde persegue as pessoas, ameaça nar e foi o que aconteceu.
2011, e da Camerata Sesi. de não contratar mais quem Só que ele usou daquilo para
sexual. Denúncia foi encaminhada à A Federação das Indús- fala ou discorda dele. Um ra- mandar até músicos subordi-
Promotoria de Justiça Criminal de Vitória trias do Espírito Santo (Fin- paz fez uma postagem no Ins- nados dele jogarem os instru-
des), mantenedora da Came- tagram e foram aparecendo mentos fora, falando que eles
PEDRO PERMUY Gabinete do secretário foi rata, demitiu Leonardo David mais de 140 depoimentos de não estavam ‘prestando’.”
pvarga@redegazeta.com.br procurado por musicistas e no dia 18 de agosto. A entida- vítimas”, diz trecho de uma “Quando as meninas che-

L
eonardo David Nas-
cimento de Souza foi
afastado da função
de maestro adjun-
to da Orquestra Sinfônica do
Espírito Santo (Oses). A in-
formação foi divulgada pela
Secretaria de Estado de Cul-
tura (Secult), que abriu pro-
cesso administrativo interno
para apurar denúncias de as-
sédio moral e sexual que che-
garam por meio de um ofício
do Ministério Público do Esta-
do do Espírito Santo (MPES),
no último dia 25, solicitando
esclarecimentos à pasta sobre
casos de abusos denunciados
por músicos. O afastamento
foi publicado na sexta, 11, no
Diário Ocial (DIO-ES).
“O servidor terá direito à
ampla defesa. Se as infrações
denunciadas forem compro-
vadas, pode haver punição
extrema, como demissão. O
também pela Comissão de
Músicos da Orquestra Sinfô-
nica do Espírito Santo e agen-
dou conversas entre eles e o
Gabinete nos próximos dias”,
diz trecho do comunicado da
Secult, que garante não com-
pactuar com nenhum tipo de
má conduta de seus servido-
res. “Os questionamentos do
órgão ministerial vão ser apu-
rados e respondidos dentro
do prazo solicitado.”
Artistas relatam gritos, xin-
gamentos e provocações que
vinham acontecendo há anos.
David foi procurado por A Ga-
zeta e negou todas as acusa-
ções. “O maestro Leonardo
David informa que é inocen-
te de todas as acusações, que
jamais faltou com o respeito
a ninguém”, disse, em nota.
Os supostos crimes, de
acordo com os denuncian-
tes, teriam motivado músi-
cos a abandonarem a carreira
de não revela o motivo.
A reportagem teve acesso
a 4 de 8 denúncias encami-
nhadas ao MPES, que decidiu
anexá-las em procedimen-
to de apuração que, agora,
corre na Promotoria de Jus-
tiça Criminal de Vitória. Nos
textos, os músicos detalham
momentos em que alegam
ter sofrido tortura psicológi-
ca, abuso de poder, destrato
prossional e diversos episó-
dios de constrangimento.
Víamos todo dia os
assédios sexuais,
morais, agressão
verbal, xenofobia,
homofobia,
racismo”
Denunciante
denúncia registrada.
“Víamos todos os dias no
trabalho os assédios sexuais,
morais, agressão verbal, xe-
nofobia, homofobia, racis-
mo... Ele gritou comigo na
frente dos colegas e eu tenho
todas as testemunhas. Ele deu
em cima da minha esposa na
minha frente e eu não posso
fazer nada... Ele nos ameaça
com renovação de contrato”,
relatou outro denunciante.
As histórias condizem com
as de músicos que aceitaram
contar suas experiências:
“Durante os ensaios, ele (o
maestro) descobria formas de
assediar as pessoas. Quando
alguém ia tocar alguma coi-
sa, ele questionava a qualida-
de do que estava sendo feito,
constrangendo. Ele xingava
os músicos aos gritos. Uma
vez, nos deixou quase 5 horas
trancados em um teatro com
o ar-condicionado desligado.
gavam e se acomodavam, ele
(Leonardo David) pedia para
que elas levantassem e des-
sem ‘uma voltinha’ para mos-
trar as roupas e o corpo no
meio do ensaio e no meio de
todo mundo”, denunciante
Ministério Público infor-
mou, por nota, que instau-
rou procedimento para apu-
rar denúncias anônimas. “O
caso segue em tramitação e
foi remetido também à Pro-
motoria de Justiça Crimi-
nal de Vitória, por envolver
notícia de crime, e à Secre-
taria de Estado da Cultura,
para conhecimento e even-
tuais esclarecimentos.”
Helder Trefzger, maestro ti-
tular da Oses, arma não ter
conhecimento dos abusos. “Se
soubesse, certamente teria to-
mado providências. Nunca in-
centivei qualquer conduta que
não guardasse o devido res-
peito às pessoas.” l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 33

“Esconderijo”

Sossego
sob a ponte
Quem vê o agitado
vai e vém de carros
na Segunda Ponte
nem desconfia que
pode haver silêncio
e sossego nos vãos
embaixo da estrutura.
Os pescadores da região
conhecem bem o local
e, não raras as vezes,
descansam ao som do
barulho...do mar.
/CARLOS ALBERTO SILVA

O que vem por aí

.

Agendamento prévio Para empreender

Agências do INSS reabrem
na segunda após seis meses
Após ficarem fechadas por
quase seis meses, as agên-
cias do INSS começam a
reabrir gradualmente a par-
tir dessegunda-feira, 14. Por
enquanto, o horário de fun-
cionamento será das 7h às
13h, e o atendimento será
exclusivo a segurados e be-
neficiários com agendamen-
to prévio pelo Meu INSS ou
pelo telefone 135. O INSS
providenciou materiais de
segurança e higiene e bar-
reiras de acrílico nos gui-
chês. Haverá medição de
temperatura na entrada.
Vitória e Vila Velha
Ruas de Lazer de volta domingo
e campos de futebol liberados
Vitória e Vila Velha retor-
ARQUIVO
Agências reabrem segunda
volta a ser bloqueada das 7
ES abre vagas em
cursos on-line
O governo do Estado
abriu as inscrições para
cursos gratuitos on-line
da “Trilha da Economia
Criativa”, com objetivo de
capacitar empreendedores
do setor. A iniciativa
faz parte do Programa
ES+Criativo, realizado pela
Secretaria de Estado da
Cultura (Secult) e outras
13 instituições, que busca
parcerias para políticas
públicas com objetivo de
incentivar esse segmento.
A economia criativa, além
de abranger setores como
o mercado da música, da
gastronomia, do artesanato
e até mesmo da tecnologia
da informação, também
amplia uma rede de
produtos e serviços gerando
renda e oportunidades.
Matriz de risco
ES não tem mais cidades no
“risco alto” para Covid-19
O Governo do Espírito Santo anunciou, na
última sexta-feira, 11, que no novo Mapa
de Risco da Covid-19, nenhum município
está em risco alto. A partir de segunda-
feira,14, 39 municípios foram classificados
em risco baixo e 39 em risco moderado. A
Grande Vitória, exceto por Cariacica, está em
risco baixo, o que permite o funcionamento
de bares, restaurantes e comércios sem
restrição de horário nessas cidades.
Transcol
Governo prorroga suspensão
dos contratos dos cobradores
REPRODUÇÃO
Os cobradores do sistema
Transcol não devem voltar
aos ônibus antes de novem-
bro. A Secretaria de Estado
de Mobilidade decidiu pror-

nam com suas respectivas
Ruas de Lazer neste domin-
go, 13. Na Capital, os tre-
chos em Camburi e no Cen-
tro funcionam aos domin-
gos e feriados das 7h às 13h.
Já em Vila Velha, mais de 1
km de extensão da Aveni-
da Estudante José Júlio de
Souza, na orla de Itaparica,
às 13h para a prática de es-
porte e atividades de lazer.
Além disso, Vitória também
reabriu campos de futebol,
quadras e os 18 parques da
cidade. Vale ressaltar que é
obrigatório o uso de másca-
ras e que as pessoas higieni-
zem as mãos com álcool e
evitem aglomerações.
200
NOVOS EMPREGOS
Total de postos de trabalho
que a Garoto vai abrir até
o 2º trimestre de 2021. A
empresa vai investir R$ 200
milhões no Espírito Santo
nos próximos meses.
rogar o prazo da suspensão
dos contratos de trabalho da
categoria, que se encerraria
no dia 17 de setembro, por
mais dois meses. Além dis-
so, até novembro, o uso do
CartãoGV, o bilhete de pas-
sagem, continuará sendo
obrigatório para entrar nos
ônibus do Transcol. Ônibus: CartãoGV é obrigatório
34
ciência & tecnologia
O objetivo da
pesquisa é
tornar o teste
mais acessível
à população
P
esquisadores da Uni-
versidade Federal
do Rio de Janeiro
(UFRJ) desenvolve-
ram um teste sorológico para
Covid-19 que custa cerca de
20 vezes menos que os testes
rápidos disponíveis em far-
mácias do Brasil. A metodolo-
gia, chamada de S-UFRJ, é re-
sultado de uma parceria entre
o Instituto de Biofísica e o Ins-
tituto Alberto Luiz Coimbra
de Pós-graduação e Pesquisa
de Engenharia (Coppe).
O exame da UFRJ conse-
gue captar anticorpos IgG
(de longa duração) produzi-
dos pelo corpo humano com
precisão que chega a 100%
após 20 dias do início dos
sintomas. De acordo com os
resultados, o método tam-
bém é capaz de identificar
anticorpos dez dias após os
sintomas terem começado,
mas a precisão cai para 90%.
A redução de custos se
deve principalmente ao fato
de que, apesar de ser do tipo
Elisa (ensaio de imunoab-
sorção enzimática), o tes-
te pode ser realizado com
uma gota de sangue retirada
da ponta do dedo. Uma das
coordenadoras da pesquisa,
a professora da Coppe Leda
Castilho explica que esse
modelo de coleta de amos-
tras custa bem menos que
extrair o sangue de uma veia
do braço com uma seringa.
“Para tirar sangue da veia,
você precisa ter uma estru-
tura laboratorial, operado-
res treinados da área da saú-
de e todo o material estéril,
como a seringa e o tubo es-
pecial. Depois, tem que ter
Dispositivo portátil para exame com menor custo
Está em processo de certifica-
ção na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa)
um novo dispositivo portátil
que pode realizar diagnóstico
molecular da Covid-19 com
estrutura laboratorial menos
complexa. O equipamento foi
desenvolvido por pesquisa-
dores da Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz) e da empre-
sa Visuri e poderia reduzir o
Método brasileiro
Teste sorológico
20 vezes mais
barato
uma estrutura para separar
o soro desse sangue”, dis-
se. “Nossa metodologia tem
a coleta a partir de um furi-
nho na ponta do dedo, e a
amostra é embebida em um
papel filtro, que, no limite,
pode ser um filtro de café.”
O custo dos insumos ne-
cessários para o exame
não passa de R$ 2, quan-
do considerada a saúde pú-
blica e organizações não
custo e o tempo para a reali-
zação de testes com seguran-
ça semelhante à técnica pa-
drão ouro RT-PCR.
Chamado de OmniLAMP,
o dispositivo utiliza a técni-
ca RT-LAMP e detecta o RNA
viral em amostras recolhidas
do nariz e da garganta. Amos-
tras positivas geram um sinal
colorido que é interpretado
pelo software do dispositivo,
.
governamentais com isen-
ções tributárias. Apesar de
um pouco maior, o custo bai-
xo também vale para esta-
belecimentos privados, que
conseguirão realizar o teste
gastando R$ 5, calcularam
os pesquisadores.
O objetivo da pesquisa é
fazer com o que o teste so-
rológico seja mais acessí-
vel e também chegue a re-
giões com menor estrutura
que é conectado aos servi-
dores da Visuri na internet
e monitorado por meio de
georreferenciamento.
O resultado molecular
pode ser acessado em um
aplicativo de celular em 30
minutos, enquanto outras
técnicas têm um processo
que leva até seis horas.
O dispositivo portátil usa
estrutura laboratorial de
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
ACÁCIO PINHEIRO/AGÊNCIA BRASIL
laboratorial, destacou a pes-
quisadora. Com isso, é possí-
vel acompanhar a prevalên-
cia sorológica de populações
mais distantes das capitais e
em países de menor renda.
“O que a UFRJ oferece
para a sociedade é um tes-
te que pode ser feito na po-
pulação ribeirinha do Ama-
zonas, no meio do Cerra-
do ou no interior do sertão
nordestino. Além da alta
baixa complexidade, o que
permite testagens em labora-
tórios menores. Testes clíni-
cos apontaram para uma sen-
sibilidade de 97% e uma es-
pecificidade de 100%, o que,
segundo a Fiocruz, dá confia-
bilidade ao resultado.
A pesquisa do OmniLAMP
é anterior à pandemia e co-
meçou em 2018, com foco no
diagnóstico de dengue, zika e
confiabilidade e da simpli-
cidade de coleta de amos-
tra e processamento, tem
um custo baixíssimo, de
pelo menos 20 vezes menos
que testes rápidos realizados
em farmácias e laboratórios
do Brasil”.
A metodologia para a rea-
lização do teste foi publica-
da cientificamente para ser
replicada por institutos de
pesquisa, empresas e gover-
nos de todo o mundo.
PROTEÍNA S
O desenvolvimento do tes-
te sorológico é resultado de
outro trabalho da UFRJ: a
produção em laboratório da
proteína S, que forma os pe-
quenos espinhos que o coro-
navírus utiliza para invadir
as células. Já em fevereiro, a
universidade havia iniciado a
produção da proteína e, des-
de março, outras instituições
e empresas brasileiras vêm se
beneficiando dessa produção
para outras descobertas.
A proteína S produzida na
UFRJ foi utilizada, por exem-
plo, no desenvolvimento do
teste rápido do Instituto de
Tecnologia em Imunobiológi-
cos (Bio-Manguinhos). (Veja
matéria abaixo)
Além da coleta de amos-
tras da ponta do dedo, o bai-
xo custo da produção des-
sa proteína é outro fator que
contribui para que o teste
S-UFRJ seja mais barato.
Para tornar a testagem
ainda mais acessível, os pes-
quisadores trabalham ago-
ra em simplificar o proces-
samento da amostra, o que
permitiria que os testes fei-
tos em regiões distantes de
laboratórios pudessem ser
processados no próprio lo-
cal da coleta. Enquanto isso,
a universidade já começará
a implementar o exame de-
senvolvido em testagens in-
ternas. (Da Agência Brasil) l
chikungunya. Com a chega-
da do novo coronavírus, os
pesquisadores direcionaram
os esforços para tornar o dis-
positivo capaz de identificar
o SARS-CoV-2. A Visuri deve
produzir os dispositivos, en-
quanto o Instituto de Tecno-
logia em Imunobiológicos
(Bio-Manguinhos) pode fi-
car responsável pela produ-
ção dos kits de teste.
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 35

Gilberto Sudré
Especialista em Segurança da Informação
Leia também em
m
www.agazeta.com.brr
gilberto@sudre.com.br

FREEPIK
Vidro dobrável Novidades no WhatsApp Web
A Samsung está planejando Depois de muita espera, o
criar sua própria tela com WhatsApp Web finalmente está
vidro dobrável, que pode liberando o modo escuro. Com
ser fruto da parceria da isso, agora é possível escolher
empresa coreana com a entre o modo claro, escuro
Corning - conhecida por ou até deixar que o aplicativo
criar os vidros Gorilla sincronize o tema com o Windows
Glass que presentes em 10. Neste caso, o aplicativo se
diversos smartphones, inclusive nos Galaxy da própria adapta automaticamente. Uma
Samsung. É preciso lembrar que a película que a Samsung outra novidade que está sendo
Electronics utiliza acima do Dynamic AMOLED flexível do testada é voltada aos papéis de
Galaxy Z Flip, que é uma mistura de vidro e com nome de parede do mensageiro, em que
Ultra-Thin Glass, é uma criação da Samsung Display. Trocar será possível escolher um fundo
o fornecedor da proteção também pode ser um sinal de que personalizado para cada conversa
a Samsung Electronics quer melhorar a qualidade da tela Um em cada três brasileiros
com ajuda de Gorilla Glass. Com a fama que a Corning tem WhatsApp tem aumento de compartilhou notícia sem saber
neste ramo, que ainda tem baixa demanda, pode ser que mensagens que travam o app se era ou não fake news
este cenário finalmente evolua para aparelhos tão caros. Talvez você já tenha passado A mais recente pesquisa Panorama Mobile
pela experiência de abrir uma Time/Opinion Box revelou que 76% dos
mensagem no WhatsApp e o usuários de WhatsApp concordam que o
Lei das Antenas já vale e abre caminho para 5G aplicativo travar. Isso é causado aplicativo deveria encaminhar para a Justiça
A Lei Geral das Antenas finalmente foi regulamentada após pela dificuldade da ferramenta os dados de quem compartilha fake news.
decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, atendendo em lidar com caracteres Outra descoberta é que a grande maioria
o setor de telecomunicações, que esbarra em dificuldades específicos. Tudo indica que há dos brasileiros que usa o app, 88%, afirma
impostas por burocracias municipais. A mudança oficializa o uma tendência de aumento na que já recebeu notícias falsas. Ao mesmo
.

princípio do silêncio positivo, que dá autorização automática
para instalação de infraestrutura de telecomunicações em
até 60 dias caso não haja manifestação por parte de órgãos
municipais. As operadoras ficam liberadas para instalar novas
antenas caso o pedido de autorização siga em conformidade
com a legislação. Isso deve facilitar a construção das redes 5G
no Brasil: a frequência de 3,5 GHz tem menor penetração de
sinal que as outras faixas adotadas no 2G, 3G e 4G; o formato
também é importante nas redes de ondas milimétricas
(mmWave), uma vez que os 26 GHz que serão adotados pelo
Brasil também esbarram na dificuldade de alcance de sinal.
disseminação dessas mensagens,
mas nenhuma solução deve
surgir tão cedo. Fechar e reabrir a
ferramenta não resolve. Bloquear
o contato que enviou a mensagem
pode ser uma solução. Como?
Via WhatsApp Web. Só que, em
muitos casos, não é possível
acessar o serviço. Se o usuário
tiver sorte, uma atualização do
aplicativo resolverá o problema.
tempo, um em cada três brasileiros que
usa o WhatsApp (33%) admite que já
compartilhou notícias no mensageiro sem
verificar se eram verdadeiras. Nesse aspecto,
a proporção cresce conforme a idade. Entre
os mais jovens, de 16 a 29 anos, apenas 29%
reconhecem ter feito isso. Na faixa de 30
a 49 anos, o percentual é de 34%. E entre
aqueles com 50 anos ou mais o percentual
é de 44%. Não há diferenças significativas
por classe social, gênero ou região do país.

Do Facebook para o Dropbox

ARQUIVO AG
armazenamento em nuvem
Usuários agora Dropbox e Koofr - uma star-
podem transferir tup da União Europeia. O Fa-
cebook anunciou uma parce-
fotos e vídeos ria semelhante com o Google
para o Dropbox Photos, de propriedade da Al-
e a Koofr phabet, em abril.
Trade Commission (FTC) em
22 de setembro para exami-
nar os benefícios e desafios
potenciais da portabilidade
de dados. O controle de dados
que prejudica a concorrência
se tornou um tópico crítico no

O
Facebook informou
que seus usuários
podem transferir
fotos e vídeos ar-
mazenados em seus servi-
dores para duas novas pla-
taformas de tecnologia - sua
medida mais recente para li-
dar com questões antitruste,
dando aos usuários a opção
de facilmente deixar os ser-
viços da empresa.
Os novos parceiros da
empresa são as empresas de
O recurso que permite es-
sas transferências é chamado
de portabilidade de dados.
Ele dá aos usuários mais con-
trole sobre seus dados e per-
mite que a empresa de mídia
social responda aos regulado-
res e parlamentares dos Esta-
dos Unidos, que investigam
suas práticas competitivas e
alegações de que tem preju-
dicado a concorrência.
A decisão do Facebook
ocorre antes de uma audiên-
Facebook libera a chamada portabilidade de dados a usuários cia organizada pela Federal
debate antitruste no mundo.
No início deste mês, o Fa-
cebook enviou declarações
à FTC nos quais pressionou
por uma legislação de por-
tabilidade de dados. Empre-
sas menores de tecnologia es-
tarão mais dispostas a fazer
parceria com o Facebook as-
sim que as regulamentações
se tornarem mais claras, dis-
se o gerente de Privacidade
e Políticas Públicas do Face-
book, Bijan Madhani, à Reu-
ters. (Da Agência Brasil) l
36
agronegócio
Colheita de 2020
deve chegar a
251,7 milhões
de toneladas, de
acordo com IBGE
A
safra de cereais, le-
guminosas e olea-
ginosas neste ano
deverá ser recor-
de, estimada em 251,7 mi-
lhões de toneladas, ou seja,
4,2% superior à registrada
no ano passado, de 241,5
milhões de toneladas. A
previsão é do Levantamen-
to Sistemático da Produção
Agrícola realizado em agos-
to, e que ainda aumentou
em 0,5% a projeção da pes-
quisa de julho.
A área colhida deve che-
gar a 65,2 milhões de hec-
tares, 3,1% a mais do que
no ano passado. Os dados
foram divulgados na últi-
ma quinta, 10, pelo Institu-
to Brasileiro de Geograa e
Estatística (IBGE).
Em relação à produção,
são estimadas altas de 6,6%
para a soja, de 7,2% para o
arroz, de 0,3% para o algo-
dão, de 38% para o trigo e
de 6,1% para o sorgo. São
esperadas quedas, no entan-
to, para o milho, de 0,4%, e
para o feijão, de 2,9%.
Além de cereais, legu-
minosas e oleaginosas, o
IBGE também divulga a
previsão de safra para ou-
tros produtos importan-
tes da agricultura brasilei-
ra. A cana-de-açúcar deve
ter crescimento de 3,7% e
o café, alta de 19,4%. Ou-
tro produto com alta pre-
vista é a laranja, 4,4%.
Por outro lado, devem
apresentar queda a bana-
na, de 5,1%; a batata-ingle-
sa, de 10,2%; a mandioca,
0,2%; o tomate, 4,6%, e a
uva, de 0,3%.
SAFRA 2020/2021
Já a Companhia Nacional
de Abastecimento (Conab)
projeta que o Brasil pode co-
lher até 278,7 milhões de to-
neladas de grãos na safra
2020/2021. O volume é 8%
acima do que o país produziu
na safra 2019/2020. A esti-
mativa foi divulgada na pu-
blicação Perspectivas para a
Agropecuária - Edição Grãos
(Volume 8), divulgada no úl-
timo dia 25, pela estatal.
O documento retrata as
expectativas de produção,
Em se plantando,
tudo dá: safra de
grãos bate recorde
com base em dados da la-
voura, previsões de clima
e imagem de satélites, em
lavouras de 15 grãos, es-
pecialmente soja, milho,
arroz, feijão e algodão,
que somadas equivalem a
95% da produção de grãos
do país.
Conforme a publicação,
as colheitas de soja devem
render 133,5 milhões de to-
nelada. O milho deve atingir
112,9 milhões de toneladas.
O arroz deverá ter uma co-
lheita de 11,98 milhões; e o
feijão, mais de 3,04 milhões.
A safra de algodão deverá
ser de 2,55 milhões de to-
neladas de pluma.
Além das técnicas de
manejo agrícola e das con-
dicionantes impostas pelo
clima e pelo meio ambien-
te que favorecem a produ-
tividade, o desempenho de
cada lavoura guarda re-
lação com o mercado de
grãos. No caso da soja, por
exemplo, o aumento da
produção “reete a expec-
tativa de que continue boa
sua rentabilidade.”
.
Os preços do
grão devem se
manter elevados,
alavancados pela
valorização do dólar
e pela boa demanda
internacional”
Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab)
Por meio de nota
278,7
MILHÕES DE TONELADAS
Essa é a colheita de grãos na
safra 2020/2021 projetada
pela Conab. Volume 8%
maior que a produção
na safra 2019/2020
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Em relação à
produção, são
estimadas altas de
6,6% para a soja
FOTOARENA/FOLHAPRESS
“Os preços do grão devem
se manter elevados, alavan-
cados pela valorização do dó-
lar e pela boa demanda inter-
nacional”, diz nota da Conab
que repara na queda de pro-
dução da Argentina, concor-
rente do Brasil nas exporta-
ções de soja.
Além do mercado exter-
no, a produção de soja é es-
timulada internamente pelo
aumento da proporção de
biodiesel misturado no die-
sel comercializado no Brasil
- de 12% para 13% - e pelo
consumo para alimentação
do gado de corte, em expan-
são por causa de “um bom
ritmo de produção de car-
nes”, assinala a companhia.
A ração dos bovinos e o dó-
lar sobrevalorizado também
ampliam a demanda por mi-
lho, que deverá ter cresci-
mento de 7% na área de plan-
tio nas três safras que ocor-
rem em 2020 e 2021.
O desempenho da soja e
do milho compensam outros
resultados. A Conab indica
que deverá haver queda de
4% na produtividade tanto
no arroz quanto no feijão.
O percentual comum é a
razão entre a extensão da
área plantada e o volume
de grãos produzidos.
Entre os cinco principais
grãos, o pior resultado é do
algodão, que, afetado pela
Covid-19, terá colheita 12%
menor na safra 2020/2021
do que da safra 2019/2020.
“O mercado de algodão tem
sido fortemente atingido
pela pandemia, o que deses-
timula o plantio. O prognós-
tico da Conab é de redução
de 11% da área e de 2% da
produtividade na safra” diz
a companhia.
PIB
Apesar do revés no algo-
dão, o Produto Interno Bru-
to (PIB) agropecuário “de-
verá ter um crescimento de
1,5% em 2020”. Isso porque
“os segmentos da lavoura
com maior peso no cálcu-
lo do PIB já tinham nali-
zado o plantio no período
da pandemia, o que contri-
buiu para a manutenção da
estimativa do valor agrega-
do do componente para o
ano”, assinala a publicação.
O documento informa
ainda que “as lavouras in-
tensivas em mão de obra,
como a laranja e o café, que
sinalizaram certa preocupa-
ção na contratação sazonal
no início da colheita, não so-
freram impacto signicativo
da Covid-19”.
A produção do setor
agropecuário, que reúne as
atividades primárias de co-
lheita e de criação de gado,
compõe o PIB do agronegó-
cio, que também conside-
ra a produção de insumos
(como fertilizantes e de-
fensivos ou agrotóxicos), a
agroindústria (como frigo-
ríferos e usinas de cana-de-
-açúcar) e os agrosserviços
(como transporte, veteriná-
ria e engenharia agrônoma).
Com safra recorde de
grãos e aumento nas expor-
tações, o agronegócio bra-
sileiro foi essencial para se-
gurar a atividade econômica
durante a pandemia, disse a
ministra da Agricultura, Te-
reza Cristina.
Em entrevista no dia 14
de agosto, ela destacou a
safra recorde deste ano e o
Plano Safra como elemen-
tos que zeram o setor cres-
cer, enquanto o restante da
economia sofria nos últimos
meses. (Agência Brasil) l
38
imóveis & cia
Como o score
do consumidor
influencia no
financiamento
de imóvel
Pontuação vai
de 0 a 1.000,
calculada com base
no pagamento
de contas
BÁRBARA FRAGOSO
bfsilva@redegazeta.com.br
P
ara conseguir finan-
ciar um imóvel a ju-
ros menores, não
basta que o consu-
midor tenha apenas o nome
limpo na praça. Além dis-
so, é indispensável que ele
possua um score alto, pon-
tuação que varia de zero a
1.000, calculada com base
no histórico de pagamen-
tos de contas, geralmente
consultada por empresas e
instituições financeiras no
processo de compra de um
empreendimento.
“A instituição financei-
ra possui protocolos pró-
prios para atestar a capaci-
dade do cliente em honrar
com o pagamento”, explica
Sandro Carlesso, presiden-
te da Associação das Em-
presas do Mercado Imobiliá-
rio (Ademi-ES). O especia-
lista aponta que os bancos
sempre priorizam os melho-
res pagadores. Na maioria
das vezes, essa pesquisa se-
gue critérios rígidos, incluin-
do a análise de documentos
e informações que atestem
a capacidade do cliente em
honrar com o pagamento do
valor financiado.
“Isso inclui a comprova-
ção de renda, a consulta aos
órgãos de restrição de cré-
dito, entre outros meios. Os
clientes que possuem rela-
cionamento com determi-
nado banco podem obter
algumas vantagens, como
melhores condições de pa-
gamento, eventual redução
de juros ou até mesmo ob-
ter um aporte maior de re-
cursos para o financiamento
do imóvel”, ressalta Sandro.
VERIFICAÇÃO
Não há regras para alcan-
çar o score suficiente para
financiamento imobiliário.
“Trata-se de um emprésti-
mo de valor alto, que com-
promete parte da renda do
cliente por um longo pe-
ríodo. Então, a concessão
do financiamento depen-
de de uma análise minucio-
sa. Mas é evidente que os
clientes que possuem um
VITÓRIA, 12 E 13 DE AGOSTO DE 2020
.
bom histórico de consumo
terão mais sucesso e even-
A instituição
tualmente mais vantagens
junto ao agente financeiro”,
financeira possui acrescenta Sandro Carlesso.
protocolos próprios De acordo com Lucas Re-
para atestar
zende, gerente de vendas da
Kemp Engenharia, o Cadas-
capacidade do tro de Pessoas Físicas (CPF)
cliente em honrar do cliente é a referência ini-
cial dos bancos. “Cada ban-
com o pagamento” co possui uma particularida-
Sandro Carlesso de, porém o norteio da regra
Presidente da Ademi-ES parte do mesmo princípio:
ele precisa ter um bom score
que é referenciado por um
histórico com o mercado, ao
observar se ele possui nega-
O cliente precisa tivações recorrentes e se os
bancos o identificam como
ter um bom score bom pagador”, indica.
que é referenciado O profissional informa
pelo histórico que há um cruzamento de
dados que correlaciona a
com o mercado, renda com o crédito plei-
ao observar se ele teado. “Conforme a linha de
tem negativações” crédito a ser contratada, o
cliente poderá comprometer
Lucas Rezende
atualmente entre 20 e 30%
Gerente de vendas da Kemp
Engenharia
de sua renda. Há a variação
da análise das rendas bruta
e líquida, segundo a particu-
laridade de cada banco”, co-
menta Lucas.
Neste contexto, as ins-
tituições financeiras pos-
suem interesse em garantir
FREEPIK
um relacionamento com os
clientes, “por meio da aber-
tura de conta e da contra-
tação de produtos, incluin-
do cartão de crédito, seguro
de vida, capitalizações, en-
tre outros. Esses pontos be-
neficiarão na contratação do
crédito imobiliário, inclusive
reduzindo a taxa de juros”,
observa Lucas.
CADASTRO POSITIVO
O Cadastro Positivo é uma
ferramenta que engloba
todo o histórico de pessoas
físicas e jurídicas, levando
em conta a vida financei-
ra. Ao agregar operações
financeiras e obrigações de
pagamento, quitadas ou
em andamento, o banco
de dados é disponibilizado
para consulta por empre-
sas, bancos e lojas do se-
tor varejista. Dessa forma,
as instituições que con-
cedem crédito podem ter
uma avaliação individual
e mais precisa do histórico
de cada consumidor. l
Veja mais em
www.agazeta.com.br
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cer as vantagens das casas
pré-fabricadas
40
motor
Desejo de acelerar
Honda Civic Si
2020 tem discretas
mudanças
visuais e novos
equipamentos
LUIZ HUMBERTO
MONTEIRO PEREIRA
E
nquanto o merca-
do automotivo bra-
sileiro reage após o
baque causado pela
pandemia da Covid-19, no-
vos modelos continuam ga-
nhando espaço nas con-
cessionárias. A Honda, por
exemplo, traz a linha 2020
do Civic Si. Em relação à
nova geração, o cupê es-
portivo exibe poucas mu-
danças no design externo
e interno, alguns aprimora-
mentos mecânicos e novos
equipamentos de conforto e
conveniência.
Segundo a fabricante, o
novo Si (sigla para Sport In-
jected) preserva os diferen-
ciais que o tornaram um “obje-
to de desejo” para os amantes
dos esportivos, como o design
de cupê e o comportamento
dinâmico e a performance su-
periores, aliados à sensação de
controle proporcionada pela
transmissão manual de 6 ve-
locidades. É comercializado
no Brasil em versão única, um
cupê de duas portas. Tem três
anos de garantia e sem limite
de quilometragem. O preço é
de R$ 184.900.
O Si 2020 continua che-
gando ao mercado brasilei-
ro importado da América do
Norte. O motor é feito nos
Estados Unidos; e o carro, no
Canadá. Tem dimensões mui-
to próximas às do Civic sedã
fabricado no Brasil – o cupê
é 12 centímetros mais curto
e um centímetro mais baixo
que a versão EXL, com a mes-
ma largura e distância de en-
tre-eixos do modelo interme-
diário de quatro portas.
Na linha 2020, o cupê da
Honda traz pequenas novida-
des no design, para reforçar o
caráter esportivo. A dianteira
continua bem agressiva com
sua ampla grade preta, largas
tomadas de ar no para-cho-
que e faróis full-led. Os de
neblina – que agora também
são em leds – receberam novo
desenho com acabamento em
preto brilhante e uma barra
transversal acompanhando a
cor da carroceria. As rodas de
liga leve de 18 polegadas são
exclusivas da versão e tem
acabamento em preto fosco,
além do teto solar que refor-
ça o estilo diferenciado.
O motor 1.5 turbo que
equipa o Civic Si permanece o
mesmo. É adotado – com di-
ferentes configurações de po-
tência e torque – nas versões
Touring do sedã Civic e dos
utilitários esportivos HR-V e
do CR-V. Traz injeção direta,
duplo comando de válvulas
variáveis no cabeçote
(Dual VTC) e qua-
tro cilindros.
Modelo traz sistema multimídia de 7 polegadas e fácil conexão
208
CAVALOS
É a potencia máxima de
entrega do novo Honda
Civic Si a 5.700 rpm. O
torque de 26,5 kgfm
aparece a 2.100 rpm.
.
Com intercooler frontal e
turbo de maiores dimensões,
bem como outros aprimora-
mentos mecânicos, entrega
potência máxima de 208 ca-
valos a 5.700 rpm, e o torque
de 26,5 kgfm aparece a 2.100
rpm e é mantido em 70% da
faixa de rotação do propul-
sor. A transmissão manual de
6 velocidades recebeu uma
relação de marchas 6% mais
curta. O que, de acordo com
a Honda, proporciona uma
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
DIVULGAÇÃO/HONDA
sensação de aceleração ain-
da mais aprimorada, com en-
gates curtos e precisos.
Um dos diferenciais sem-
pre foi seu comportamen-
to dinâmico, especialmen-
te em pilotagem esportiva.
Para continuar a se destacar,
o cupê traz componentes de
chassi e de direção aprimo-
rados, como a assistência
elétrica adaptativa de duplo
pinhão com relação variá-
vel, a suspensão com acerto
esportivo, os amortecedores
adaptativos e o diferencial
com deslizamento limitado.
Na linha 2020, o mode-
lo ganha ainda com o Acti-
ve Sound Control, uma tec-
nologia que usa o sistema de
áudio para amplificar o som
do motor durante uma con-
dução mais agressiva para
entregar uma experiência
ainda mais imersiva.
Dentro das boas tradi-
ções da Honda, a seguran-
ça é bastante valorizada.
De acordo com a marca, o
modelo oferece visibilida-
de ampla, direção preci-
sa e alta performance dos
freios. O modelo conta ain-
da com seis airbags, câme-
ra de ré multivisão e é equi-
pado com o sistema Honda
LaneWatch, composto de
uma câmera instalada no
retrovisor direito. Quando
a seta é acionada, ele am-
plia o ângulo de visão do
motorista, eliminando pon-
tos cegos e projetando essa
imagem aumentada no sis-
tema multimídia.
Para a linha 2020, o Ci-
vic Si agrega novos equi-
pamentos de conforto e co-
modidade, como o sensor
de chuva, que providencia
o acionamento automático
dos limpadores, e o sistema
de recarga de celulares sem
fio, por indução, posiciona-
do no console central. Em
termos de conectividade,
traz um sistema multimídia
de 7 polegadas, sensível ao
toque, integrado ao Apple
CarPlay e ao Android Auto,
com uma conexão fácil de
smartphones ao automóvel.
AUTOMOTRIX
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quais são os carros novos mais
baratos do mercado
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Dicas da Lucy
Personal organizer e facilitadora doméstica
lucy.mizael@gazetaonline.com.br
COMO ORGANIZAR
AS ROUPAS E O
QUARTO DO BEBÊ
Bebê à vista? Então
prepare-se para a
chegada do novo
membro da família
Limpeza
• Lave e passe todas as roupinhas
• Use sabão de coco de boa
qualidade ou um lava roupas
indicado para peças finas
e delicadas. Normalmente,
esses produtos são
dermatologicamente testados.
Organização
• Separe as roupinhas por meses/
idade em gavetas separadas
• Se possível, tenha uma gaveta
para peças no tamanho recém-
.
nascido, outra para as roupas de
3 meses, uma para as de 6 meses
e mais uma para as de 9 meses
• E, em cada uma delas, separe as
roupas em pilhas, de acordo com
o tipo: calça e short; blusinhas e
casaquinhos; macacão e body;
manga curta e manga longa;
panos de boca e babadores
41
Leia também em
m
www.agazeta.com.brr
FOTOS: FREEPIK
Cômoda e
trocador
Dicas • Não se esqueça dos
produtos de higiene e
• Se não tiver espaço, reserve as limpeza. Organize-os
roupinhas com 10 meses ou mais para próximo do trocador:
serem organizadas depois, quando 1 unidade de cada
o bebê estiver com 6 meses. produto – os outros
• A medida que o bebê for crescendo, vão para o “estoque”.
separe as roupinhas que deseja guardar • Se tiver espaço, organize
de recordação, embale à vácuo e guarde. as fraldas em uma gaveta
• Doe as que não vai mais usar. próxima ao trocador
• Pendure, pendure, pendure! ou em uma caixa/
Roupas penduradas, inclusive as cesta com tampa.
do baby, facilitam a visualização, • Organize as roupas
organização e manutenção. de cama em gavetas
• Se for possível, separe as roupas ou em prateleiras.
penduradas por idade/mês. Use um • No alto dos armários,
separador se necessário, encontrado guarde brinquedos,
em lojas para enxoval do bebê. edredom, mantas que não
• Separar as peças por tipo e cor estão em uso, assim como
também ajudam na visualização. o estoque de fraldas. l
42
Lauro Ferreira Pinto
Doutor em Doenças Infecciosas pela Ufes e professor da Emescam
lauropintoneto@gmail.com
LIBEROU GERAL?
C
aminhamos para meados
de setembro e enm
parece consistente a
redução dos óbitos por
coronavírus na região da Grande
Vitória e mesmo em várias cidades
do interior. Felizmente, caiu a
pressão nas emergências e por
leitos de terapia intensiva, dando
fôlego aos exaustos prossionais
de saúde.
Por que isso está ocorrendo aqui
e em outras regiões metropolitanas,
quando inquéritos sorológicos mos-
tram escassa contaminação e as pes-
soas se expondo cada vez mais? Não
há certezas ou respostas fáceis! Não
sabemos ainda, mas algumas teorias
interessantes têm surgido. É prová-
vel que o percentual de pessoas sem
sintomas ou com queixas muito le-
ves seja bem maior do que supomos.
Todos recordam a viagem da
comitiva presidencial à Flórida
em março, quando muitos asses-
sores e auxiliares idosos com tes-
tes positivos passaram ilesos. No
navio Diamond Princess, ancora-
do semanas a o em Yokohama no
Japão, mais da metade dos mais
de 700 infectados não tinha qual-
quer sintoma. Surtos investigados
em presídios mostram situações
semelhantes.
Como nosso teste “padrão ouro”
para Covid, o swab nasal, só serve
na fase aguda, é provável que o nú-
mero real de pessoas que tiveram a
doença na Grande Vitória e em todo
o Estado seja bem superior ao que
conhecemos.
Outra forte teoria é a existên-
cia de alguma imunidade prévia.
Um estudo publicado pelo grupo
.
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Leia também em
www.agazeta.com.br
FOTO DO LEITOR
de La Jolla, Universidade da Cali-
fórnia, no nal de junho, mostrou
que cerca de 50% de doadores de
sangue nos EUA, com amostras
antigas de 2015 a 2018, apresen-
tavam reatividade a antígenos do
SARSCoV2, atribuída a possível
imunidade cruzada contra outros
coronavírus já circulantes, causa-
dores de resfriado comum.
Achados sugestivos de alguma
imunidade preexistente foram pu-
blicados na Holanda, na Alema-
nha e em Cingapura. Independen-
temente das causas, há, enfim,
justicativas para se caminhar na
retomada da vida, mas sem que se
abra mão da cautela e do uso de
máscaras. O vírus deu uma trégua,
mas não desapareceu.
Ensaios de vacinas são longos,
por segurança, e isso é bom. A tra-
gédia é que muitas pessoas, por
exaustão, indiferença ou falta de
civilidade, estão se comportando
como se a pandemia tivesse aca-
bado. Existe um enorme contin-
gente de pessoas que estavam iso-
ladas e são ainda suscetíveis. Mes-
mo jovens se aglomerando sem
critérios podem ter formas graves
(é imprevisível) ou simplesmente
levar seus pais ou avós a risco de
vida. Precisamos ainda de muito
bom senso e respeito ao outro. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 43

pensar
Gosto mesmo é de ir ao encontro do frio. Dá pra entender? Eu é que vou. E não ele que vem

Um frio do cão
Marcos Alencar
É economista e escritor
marcos_alencar@terra.com.br
Eis que o nosso velho amigo vento
sul gritou “shazan!” e chegou desa-
ando cobertores, moletons e cho-
colates quentes. Por aqui nenhum
sinal de cachorro doido, notícia re-
corrente nos meses de agosto. Não
teve cachorro doido mas teve um
frio animal. Parecia até que a Pedra
Azul tinha vindo fazer uma visiti-
nha ao Convento da Penha. E veio
com a porta do freezer escancarada.
O frio do caramba que abraçou a
Ilha na última semana do mês pas-
sado tirou do palco até os marom-
beiros que deslam pelas calçadas
do bairro, exibindo orgulhosamente
seus peitorais. Com os bíceps aga-
salhados, deixaram de humilhar por
alguns dias os alegres e felizes se-
dentários por onde passavam.
O frio, infelizmente, é uma arma
quase letal na mão de generalis-
com o mercúrio dos termômetros.
E não deixam nada escapar de sua
sanha impiedosa. Chegaram até a
espalhar por aí que o homem sabe
que está cando velho quando seus
sonhos eróticos são todos reprises.
Pura maldade! O único coroa – fez
noventa no mês passado – que vive
de reprises é Sean Connery, o nosso
eterno James Bond. O resto é coisa
de quem não tem mais o que fazer.
E antes que eu me esqueça, repri-
se é a mãe!
Gosto do frio, não tivera eu nas-
cido em Calçado onde o inverno é
recebido com muito carinho todos
os anos. Lembro muito bem de um
mês de julho, extremamente frio, não ele que vem. Não parece lógi- lareira, aquecimento central, sopi-
e minha mãe, com uma vela ace- co, mas é. O frio que chega por aqui nhas quentes ao m do dia e gente
sa, tentando derreter uma pedri- me pega de bermudas, gela o piso bonita trançando pra lá e pra cá. So-
nha de gelo que bloqueava a saída frio do apartamento, dá férias aos me-se a este paraíso um aquecido
da água da torneira da pia da cozi- vinhos brancos, às cervejas, às ca- detalhe: hotéis mais antigos, aque-
nha. Quem assistiu à cena, além de misetas, deixa debaixo da cama as les que conservam bidês em seus
mim, foi Maria do Grilo, a nossa la- havaianas quando tenho que ir pra banheiros, tornam a higiene íntima
vadeira, que chegara cedo pra pe- feira de tênis. mais confortável, digamos assim.
gar a trouxa de roupas. Por outro lado, ir ao encontro Já este frio visitante, este maldi-
.

tas de plantão. Aquelas impiedosas
criaturas que se dedicam a descons-
truir o vigor de quem já passou do
sessenta anos. Sentem um prazer
desmedido em sacanear os idosos.
Falam que os velhos desabam juntos
Mas não é bem desse frio que
eu gosto. Não me agrada o frio que
chega, assim sem mais nem me-
nos, e acampa no quintal. Eu gosto
mesmo é de ir ao encontro do frio.
Dá pra entender? Eu é que vou. E
do frio, ah... é uma delícia! Você
leva o casaco de lã que sua sobrinha
lhe deu, as roupas de baixo, luvas
e gorros que o caçula lhe empres-
tou, o cachecol que a irmã tricotou
e vai se hospedar num hotel com
to penetra, bate em nossas portas
de mãos abanando. Não traz mais
a canja de galinha, o vick vaporu-
be, o pijama de anela e nem mes-
mo uma xícara de leite queimado
com canela. l

CAROLA SAAVEDRA/DIVULGAÇÃO

Tons de azul
Erlon José Paschoal
É gestor cultural, diretor de teatro,
escritor e tradutor de alemão
A obra lançada recentemente pela
Editora Cousa, “Notícia da Atual Li-
teratura Brasileira”, contendo entre-
vistas com 81 escritores e escritoras
brasileiras, além de nos oferecer um
amplo painel das motivações e pro-
cessos diversos de criação literária
e de sua inserção social, nos esti-
mula também a conhecer e a ler as
obras daqueles autores, que desper-
taram nossa atenção e nosso inte-
resse, em função de suas explana-
ções acerca do fazer literário. Eu,
com muita honra, fui também um
dos entrevistados.
Pois bem, desse modo acabei len-
do o romance “Flores Azuis” lança-
do pela Companhia das Letras – tí-
tulo no qual ressoa a célebre “Flor
Azul” do poeta Novalis, símbolo
maior do romantismo alemão, do
desejo, do amor e da luta metafísi-
ca pelo innito e pelo inalcançável
–, escrito por Carola Saavedra. Com
o mesmo sobrenome de Miguel de
Cervantes – Saavedra – , esta escri-
tora nascida no Chile, que se mu-
dou aos três anos para o Brasil e que
morou em alguns países europeus,
tornou-se em pouco tempo uma das
grandes escritoras brasileiras. Não
foi por acaso que esse livro recebeu
o prêmio APCA de melhor roman-
ce e foi um dos nalistas do Prê-
mio Jabuti.
Sua prosa é uente, intensa, inin-
terrupta, comovente e faz do lei-
tor quase um personagem, inse-
rindo-o no processo de encadea-
mento de palavras e pensamentos,
como em um rio caudaloso. “Flo-
res Azuis” se desenrola em torno de
palavras, de cartas, à medida que o
personagem lê e é profundamente
inuenciado pela leitura. O perso-
nagem central recebe cartas – en-
dereçadas ao suposto morador an-
terior do apartamento onde mora
após a sua separação – de uma mu-
lher, que aos poucos vai povoando
Carola Saavedra é a
autora do romance
“Flores Azuis”
e dominando seus pensamentos e
sua sensibilidade.
Sua diculdade em lidar com as
mulheres – representadas na histó-
ria por sua ex-mulher, sua namora-
da e sua lha de três anos – se dis-
sipa como em um passe de mágica,
ao imaginar através daquelas cartas
aquela mulher bela, ousada, frágil e,
ao mesmo tempo, tão decidida em
buscar o que deseja.
Um ser irreal com o qual ele pas-
sa a conviver e quase a amar, e que
impulsiona em sua vida novos ru-
mos e novas possibilidades. Como
se aquele seu cotidiano medíocre,
repetitivo, vazio e insosso, atormen-
tado por repreensões, reclamações
e cobranças dos personagens que o
cercam, pudesse enm se desdobrar
em experiências e aventuras que
dessem um novo sentido a sua vida.
Uma obra atraente e, ao mesmo
tempo, desconcertante, que conquista
o leitor e o faz participar ativamente
de um mundo formado por um uxo
intermitente de palavras e por reali-
dades paralelas. Obra de uma escri-
tora que lida muito habilmente com a
força e o alcance das palavras. l
44
#somoscapixabas
Museu de História
Natural do Sul do
Estado espera
angariar R$ 30 mil
até o fim do mês
ERIK OAKES
eoakes@redegazeta.com.br
O
único museu de
história natural do
Espírito Santo, lo-
calizado em Jerô-
nimo Monteiro, no Sul do Es-
tado, realiza uma campanha
on-line para arrecadar fundos
e digitalizar parte de seu acer-
vo. Segundo o diretor do Mu-
seu de História Natural do Sul
do ES (Muses), Rodrigo Gies-
ta Figueiredo, a ideia surgiu
após o início da pandemia,
com o objetivo de aproximar
o museu do público, que teve
de ficar ausente pelas ques-
tões sanitárias.
“A gente já vinha pensan-
do em trazer ferramentas e
algum tipo de material que
pudesse ser exposto de for-
ma virtual. Com a pande-
mia, a urgência se mostrou
maior. Claro que temos uma
série de entraves para fazer
isso, como ordem financeira,
ter profissionais e equipe que
nos auxiliem”, explica Rodri-
go, sobre o propósito para a
realização da vaquinha.
Lançado em 27 de julho,
o crowfunding espera arre-
cadar R$ 30 mil até o fim do
mês para custear a platafor-
ma, que vai receber o mate-
rial e equipe especializada
para digitalizá-lo. Realizado
pelo Catarse, ele recebe va-
lores de R$ 10 a R$ 500. As
doações seguem até 30 de se-
tembro. (Clique aqui)
“A campanha é bem fle-
xível. Estabelecemos a meta
para conseguir 100% dos re-
cursos. Se ao final do prazo
não batermos a meta, a gen-
te vai usar para o que der. Tal-
vez ele nao saia 100%, mas
alguma coisa a gente vai con-
seguir com o que for adquiri-
do”, explica, adiantando que
21% do valor estipulado foi
arrecadado até o momento.
Os apoiadores da cam-
panha receberão brindes de
acordo com a cota contribuí-
da. Há bottons, camisas, ca-
necas entre outros, tudo per-
sonalizados dentro da temá-
tica do Muses.
No acervo, há peças rela-
cionadas às áreas da geolo-
gia, parasitologia, zoologia,
No Muses, estão
catalogadas
rochas, animais
e plantas da
Mata Atlântica
e fósseis de
diversas partes
do mundo
Vaquinha para museu
digitalizar acervo e se
aproximar do público
botânica e paleontologia. São
objetos ricos e diversificados
como rochas do Espírito San-
to, animais e plantas da Mata
Atlântica, fósseis de diversas
partes do mundo e meteori-
tos do espaço sideral.
Assim, o diretor conta
que fechou o trabalho com a
.
equipe de uma start-up capi-
xaba para colocar esse acer-
vo como uma linha do tem-
po virtual. “A ferramenta traz
um meio de apresentar a his-
tória de maneira interativa.
No site, você passeia pelo
tempo e viaja para a pré-his-
toria, por exemplo, com os
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
FOTOS: ACERVO MUSES
registros de animais e plan-
tas que não existem mais e
que temos catalogados”, de-
talha. “Esse material, na li-
nha do tempo, mostra como
o Espírito Santo foi mudan-
do, a natureza foi mudan-
do, numa viagem atraves do
acervo do museu.”
A gente já pensava
em expor de forma
virtual. Com
a pandemia, a
urgência foi maior”
Rodrigo Giesta Figueiredo
Diretor do Muses
Outras ações também se-
rão realizadas para a cria-
ção da linha do tempo. “Tere-
mos depoimentos de pessoas
que trabalharam do museu,
pesquisadores, convidados
para falar sobre a importân-
cia das peças que temos... Te-
remos muitas fotos, vídeos,
textos, onde cada pessoa fará
seu percurso para quando no
tempo quer viajar”, ressalta.
A digitalização beneficia-
rá ainda 600 mil alunos dos
ensinos fundamental e médio
no Espírito Santo.
O MUSEU
Embora existam outros mu-
seus no Estado dentro do
escopo da história natural,
como o Mello Leitão, em
Santa Teresa, ou o Museu de
Ciências da Vida, em Vitó-
ria, o Muses contempla mais
áreas. Nele, estão cataloga-
das rochas, animais e plantas
da Mata Atlântica e fósseis de
diversas partes do mundo.
Com sete anos de existên-
cia, seu acervo é divido em
duas partes: um fixo na sede,
em Jerônimo Monteiro, e ou-
tro itinerante, que vai a feiras
escolares e de ciências pelo
país. “Temos dois tipos de vi-
sitação: a in loco, que anual-
mente recebe 2 mil visitantes
- em sua maioria estudantes -;
e a itinerante, quando o mu-
seu vai até as pessoas com um
acervo específico.”
Apesar do vínculo com a
Ufes, Rodrigo não conta com
muitos recursos. “Temos um
orçamento baixo que dá ape-
nas para fazer a manuten-
ção do museu, como pagar
as contas de água, luz e inter-
net. Não recebemos nenhum
repasse extra da faculdade.
Toda minha captação para
fazer eventos, cursos de ca-
pacitação para estudantes e
sociedade é feita por meio de
edital via Fundação de Ampa-
ro à Pesquisa e Invação do ES
(Fapes) e Conselho Nacional
de Desenvolvimento Cientí-
fico e Tecnológico (CNPQ)”,
explica o diretor. l
46
gastronomia
Brasileiríssima
5 receitas para comer e
brindar com a bebida nacional
Aprenda a preparar coquetéis que
têm a aguardente como base e
confira o passo a passo de um petisco
campeão feito com o destilado
EVELIZE CALMON
ecalmon@redegazeta.com.br
S
ímbolo nacional apre-
ciado aos goles, a ca-
chaça ganhou, há
mais de uma década,
sua data comemorativa. O dia
escolhido foi 13 de setembro,
em homenagem à ocasião em
que a bebida foi ocialmen-
te liberada para fabricação e
venda no Brasil, em 1661.
De lá para cá, nossa aguar-
dente de cana conquistou
João Marcos Argolo
Bartender do Raiz do Canto
Empório
Dia Nacional da Cachaça
seu espaço não apenas nos
balcões dos bares, mas tam-
bém na cozinha, entregan-
do seus aromas e sabores às
mais diversas combinações
de ingredientes.
Para celebrá-la neste do-
mingo, preparamos uma se-
leção de coquetéis, criados
com cachaças capixabas
por experientes bartenders
do Espírito Santo, para você
fazer em casa.
Rodrigo Perdigão, Ade-
nilson Dantas e João
Princesinha
Ingredientes:
50ml de cachaça
envelhecida em amburana
20ml de suco de limão
20ml de xarope cítrico
com alecrim (para o
preparo, explicado
FERNANDO MADEIRA
13/09
É O DIA DA CACHAÇA
A data que celebra a bebida
destilada símbolo do
Brasil foi criada em 2009,
pelo Instituto Brasileiro
da Cachaça (Ibrac).
Marcos Argolo assinam as
cartas de drinques de bares
e restaurantes renomados
da Capital.
.
Direto de um famoso
alambique linharense vem
outra receita, sugerida
pelo produtor Pedro Cel-
lia: o drinque Macunaíma,
concebido em São Paulo
abaixo, use 100ml de
suco de limão siciliano,
100ml de suco de limão
taiti, 200g de açúcar e
2 ramos de alecrim)
Água com gás
Gelo
Tintura de cravo (para
o preparo, explicado
abaixo, você vai precisar
de 50g de cravo-da-Índia
e 100ml do destilado
de sua preferência).
Modo de preparo:
Em um copo com bastante
gelo, adicione a cachaça,
o suco de limão, o xarope
e complete com água com
gás. Finalize com gotas de
tintura de cravo. Preparo
do xarope: mexa os sucos
com o açúcar até diluir
parte do açúcar. Leve
ao fogo baixo e adicione
o alecrim. Preparo da
tintura de cravo: em um
pote com tampa, adicione
o cravo e o destilado
de sua preferência.
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
em meio à recente onda de
valorização da cachaça na
coquetelaria.
PETISCO CAMPEÃO
As quatro combinações,
refrescantes e bem aromá-
ticas, vêm acompanhadas
de um petisco vitorioso,
que conta com uma dose
de cachaça em seu pre-
paro. Chamado de Atola-
da, o quitute à base de po-
lenta, linguiça e carne de
sol já ganhou o primeiro
lugar no festival Roda de
Boteco.
Ficou com vontade de
provar? Conra as suges-
tões a seguir e prepare no-
vas companhias para a clás-
sica caipirinha. Saúde! l
TALES HIDEQUI
Pedro Cellia
Produtor da cachaça Princesa Isabel.
Drinque criado pelo bartender Arnaldo
Hirai, do Bar Boca de Ouro/SP.
Macunaíma
Ingredientes: Modo de preparo:
45ml de cachaça Coloque todos os
branca ingredientes em uma
25ml de xarope coqueteleira com
de açúcar bastante gelo. Bata e
20ml de suco de limão depois coe em um copo
7,5 ml de Fernet Branca. do tipo barriquinha.
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Jojô Dias
Chefe de cozinha da
Petiscaria do Jojô
Atolada
Ingredientes:
100g de fubá
30g de manteiga
150g de linguiça de
pernil cortada em
pedaços pequenos
150g de carne de
sol cortada em
pedaços pequenos
1 dose de cachaça (50ml)
50g de requeijão cremoso
50ml de caldo de rabada
pronto (para finalizar)
Salsinha, cebolinha
e sal a gosto.
Modo de preparo:
Hidrate o fubá com água.
Em uma panela, coloque
a manteiga, um pouco de
ARI OLIVEIRA
60
minutos
água e o fubá hidratado; vá
mexendo e acrescentando
mais água até formar uma
polenta bem cremosa e
homogênea. Tempere
com sal e reserve. Em uma
frigideira, frite a linguiça
até dourar e reserve.
Também na frigideira,
doure a carne de sol e
jogue com cuidado a
cachaça para flambar.
Reserve. Dissolva o
47
OLIVIER SCHOCHLIN
Rodrigo Perdigão
Bartender e consultor
Limão
Cravo Fizz
Ingredientes:
50 ml de cachaça branca
20 ml de xarope de açúcar
20ml de suco de limão
cravo
10ml de suco de limão taiti
Água com gás
Gelo
Hortelã fresca.
Modo de preparo:
Em um copo longo,
coloque bastante gelo e,
em seguida, acrescente
os ingredientes seguindo
esta ordem: cachaça,
xarope de açúcar e
os sucos dos limões.
.
Complete com água
com gás e dê uma leve
mexida com uma colher,
de baixo para cima, para
que os ingredientes se
misturem. Decore com um
ramo de hortelã e sirva.
2 Média
porções complexidade
individuais
Adenilson Dantas
(Borracha)
Bartender do Barlavento Beach Bar & Lounge
Brasil Basil
BRUNO COELHO
Ingredientes:
60ml de cachaça envelhecida em umburana
30ml de suco de limão
requeijão, no microondas 30ml de xarope de framboesa
ou em uma panela, Suco de laranja
aquecendo rapidamente Manjericão fresco
até obter uma consistência Gelo
mais líquida. Reserve. 3 rodelas de limão (para decorar).
Montagem: em um prato
fundo, coloque primeiro Modo de preparo:
a linguiça, depois a carne Em um copo longo, adicione folhas de manjericão,
de sol e cubra com a xarope de framboesa e suco de limão. Macere
polenta mole. Adicione levemente os ingredientes e acrescente bastante
o creme de requeijão, os gelo. Em seguida, adicione a cachaça e complete
temperos verdes e por com suco de laranja. Mexa bem. Decore com as
último o caldo de rabada. rodelas de limão e um ramo de manjericão.
48
cultura
Drive-in em negociação
Festival de Cinema de Vitória
terá mostras no Looke
O Festival de Cinema
de Vitória chega a sua
27ª edição tentando se
adequar à nova realidade
do mercado audiovisual.
A mostra, que acontece
de 24 a 29 de novembro,
em formato on-line,
fechou acordo com a
plataforma Looke para
Ex-The Voice lança EP
Músico
capixaba
canta sobre
o amor
Duas faixas
de “Flor de
Laranjeira” foram
inspiradas em
amores de verão
PEDRO PERMUY
pvarga@redegazeta.com.br
D
an Abranches, o
músico de Vitória
que ficou nacio-
nalmente famoso
no The Voice, da TV Globo,
quis produzir um EP para
o público ouvir em meio à
pandemia do coronavírus.
As três faixas de “Flor
de Laranjeira”, que vão ga-
nhar clipe em breve, trazem
poesia em forma de música
com um som bem tranquilo
de pano de fundo. Mas tudo
isso foi proposital, como o
a apresentação de suas
produções. Por falta de
patrocínio, as tão sonhadas
sessões em formato drive-in,
anunciadas em maio, ainda
não estão conrmadas.
“Mesmo em sistema
virtual, as despesas para
se organizar um evento
grande como o nosso são
próprio cantor falou em en-
trevista para A Gazeta: “As
pessoas estão ouvindo para
relaxar e estou recebendo
um bom retorno dos fãs”.
O artista de 29 anos ins-
pirou-se em amores de ve-
rões passados para compor
duas das três faixas do EP,
que são autorais, e admite
que não está mais solteiro
desde o início deste ano.
“Comecei a namorar há
pouco tempo, mas é
muito altas. Infelizmente,
se não conseguirmos
uma verba extra, em
formato de patrocínio, não
conseguiremos realizar
as sessões em drive-in,
o que daria um charme
todo especial ao Festival
de Vitória”, lamenta Lucia
Caus, diretora da maior
mostra de audiovisual
do Espírito Santo. Ela
arma que programou
duas exibições ao ar livre.
“Queremos promover uma
noite voltada para os fãs
Dan Abranches
.
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
FÁBULAS NEGRASDIVULGAÇÃO
dos lmes de horror. Seria
organizada sessão às 23h,
para promover a pré-estreia
do novo longa de Rodrigo
Aragão, ‘O Cemitério das
Almas Perdidas’. Também
temos a ideia de fazer,
no dia da projeção, uma
pequena exposição com
maquetes da produção”,
adianta, revelando,
também, que outro dia de
exibições, com produções
voltadas para a família,
“O Cemitério das Almas estão no planejamento
Perdidas” será exibido no sistema drive-in.
um amor mais antigo”, brinca. E
explica: “Uma das faixas é uma
poesia de uma cantora de São
Paulo que conheci no The Voice.
Achei a poesia linda e conver-
samos para usá-la na música”.
Respeitando o distanciamento
social imposto pela pandemia,
todo o conteúdo foi produzido
à distância.
Os clipes que vão ilustrar as
canções também foram feitos
com tecnologia digital. Dan só
cou à frente de um chroma key
(tela verde de lmagens) e foi
posicionado em cenários mi-
nimalistas que deixam o des-
taque para o artista e a letra
das músicas.
Tanta mudança em meio
à quarentena, como a grava-
ção em home studio, trará mu-
danças para o futuro da carrei-
ra do capixaba: “Acho que já
mudou tudo (carreira). Eu sou
músico e vivo disso há 6 anos,
mas tive que mudar
totalmente meu
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 49

VITOR BARBOSA

EP “Tempestade Numa Gota D’Água” Fotógrafo do ES

Rapper Projota lança “Nossa Lei” Premiado em concurso da Wikipedia
Com mais de 1,5 bilhão Lei”, música que conta A etapa nacional do WikiMe- que concorreram ao título,
de visualizações no VEVO, com a participação de dia Loves Earth 2020, con- ele vai, agora, competir in-
Projota é um dos dez Xamã, revelação do hip curso fotográco da Wikipe- ternacionalmente com a foto
artistas mais assistidos hop nacional. A faixa dia para valorizar áreas de feita na Ilha de Trindade, du-
do canal na última está disponível nas conservação natural e biodi- rante expedição em 2017.
década. No Spotify, não plataformas digitais desde versidade, rendeu prêmio de “Mandei sete fotos da Ilha,
é diferente. São mais de sexta-feira, dia 11. A nova segunda melhor imagem ao no total, e essa cou entre as
4,5 milhões de seguidores música é o quinto single fotógrafo capixaba Vitor Bar- duas melhores. Foi feita com
dorapper. Os índices de “Tempestade Numa bosa, de 48 anos. Com a clas- lente grande angular, onde
desse fenômeno pop Gota D’Água”, álbum sicação, que levou o mergu- tive que me aproximar com
devem aumentar com o que vem sendo liberado lhador prossional ao pódio cuidado para não estressar Foto ganhadora tirada na
lançamento de “Nossa aos poucos, desde abril. dentre mais de 6 mil imagens o bicho”, descreve. Ilha de Trindade (BA)

MAGU/REPRODUÇÃO/INSTAGRAM @MAGUDUO

foco, que antes era show.
Agora estou olhando mais
para o streaming”.
Durante o bate-papo, Dan
falou sobre expectativas do
lançamento, feito durante a
pandemia, e novos projetos
que devem sair para os fãs
nos próximos meses.
Como foi o processo
de produção de Flor de
Laranjeira?
Nessa pandemia, ela estava
produzindo algumas coisas
em casa. Aí conversamos e
Duas músicas decidimos fazer essa jun-
falam de amor, tos. Ela gravou na casa dela
de experiências e me enviou o material para
gente editar.
próprias. É um
amor mais antigo, Falando de Gabriela Bro-
pois comecei wn... A gente tem alguns
nomes de vários gêneros
a namorar há musicais que estão bem
pouco tempo” “hypados”. Acha que a
.
musical. Estou pegando pro-
dução de outros artistas, que
eu ainda não fazia. Estou co-
A galera está meçando com alguns.
ouvindo para
E acha que essa vivência
relaxar, criando vai mudar alguma coisa nas
uma relação de suas produções daqui para
afeto. O ritmo frente?
Acho que já mudou tudo. Eu
calmo é bem sou músico e vivo disso há 6
intencional anos, mas tive que mudar to-
também. Os fãs talmente meu foco, que antes

A composição foi feita no
verão deste ano, mas a pro-
dução durante a pande-
mia. Demorou uns três me-
ses para o EP car pronto.
A proposta foi mesmo fa-
zer algo diferente. Só cha-
mei músicos que tinham
estúdio em casa, e foi bem
diferente.
Você fala de relações amo-
rosas em “Laranja”, por
exemplo, e aborda o tema
nas outras duas faixas do
EP. Teve alguma inspiração
especial?
Essas músicas falam de amo-
res de verão, pessoas com
quem eu vivi no verão. Ti-
rando a letra de ‘Maracujá’,
essa letra é uma poesia de
uma cantora de São Paulo
que eu conheci no The Voi-
ce. Achei linda e musiquei
ela. As outras duas falam de
amor, de experiências pró-
prias. É um amor mais anti-
go, pois comecei a namorar
há pouco tempo.
E como foi gravar com
a Gabriela Brown? Já ti-
nham feito algum traba-
lho juntos?
Ela já participou de show
meu. A gente vivia se es-
barrando, mas nunca tí-
nhamos feito nada juntos.
cena cultural do Estado
está em progresso?
Acho que sim. Tem alguns
nomes que estão ficando
bem populares. Gente que
está abrindo caminhos na-
cionais. Temos muita diver-
sidade, um momento muito
massa. Lá fora, a visão que
Minha intenção eu tive, quando quei mais
com o EP era fazer no Rio e São Paulo, é que
alguma coisa as pessoas passaram a olhar
para cá com outros olhos.
mais leve por a
gente estar num E qual é a expectativa de
período muito lançar um EP desses em
meio à pandemia? Tem re-
sobrecarregado. cebido já algum retorno do
Queria fazer público?
um som bem Recebi vários retornos. Minha
intenção com o EP era fazer
tranquilo” alguma coisa mais leve por a
gente estar num período mui-
to sobrecarregado. Queria fa-
zer um som bem tranquilo
para deixar o público mais re-
laxado. Então acho que é essa
a resposta que eu estou tendo.
A galera está ouvindo para re-
laxar, criando uma relação de
afeto. O ritmo calmo é bem in-
tencional também. Os fãs es-
tão gostando bastante.
Aliás, o que tem feito em
meio a esse período de
quarentena?
Como parei de fazer show,
enei a cara em produção
era show. Agora estou olhando
estão gostando mais para o streaming. Meus
bastante” objetivos futuros vão mudar
para eu continuar no merca-
do sobrevivendo (risos). Vou
lançar três clipes, feitos por
um estúdio com chroma key.
Então estamos nos adaptan-
do, diminuindo equipes, tra-
O The Voice, balhando à distância.
além de abrir os
horizontes, traz Você já trilhava uma carreira
antes de entrar no The Voi-
outras faixas ce, mas o reality foi um di-
etárias. Minha visor de águas eu imagino.
experiência Ainda carrega alguma mar-
ca da competição?
com os outros Acho que muda muita coi-
participantes sa, sim. Porque eu era co-
também nhecido em um nicho mui-
to especíco aqui no Espírito
influenciou, Santo e em São Paulo. O pro-
me fez evoluir grama, além de abrir os hori-
como artista” zontes, traz outras faixas etá-
rias. Minha experiência com
os outros participantes tam-
bém inuenciou, me fez evo-
luir como artista.
E o que pode adiantar de
projetos que estão por vir?
Terminando agora a campanha
desse EP, vou encabeçar meu
CD, que eu já estava fazendo.
Até lancei um single dele, no
início do ano, mas tive que pa-
rar. Estou esperando o cenário
da pandemia melhorar para dar
continuidade. l
50
divirta-se
Em clipe com cenas do ES,
Cesar MC lança nova música
Canção promete
ser som de
resistência para
artistas das
periferias
PEDRO PERMUY
pvarga@redegazeta.com.br
C
esar MC lançou
nesta semana “Fa-
vela”, seu novo
projeto musical
nas plataformas digitais. A
música chegou com clipe
que exalta os artistas da pe-
riferia. Gravado em comuni-
dades do Espírito Santo e do
Rio de Janeiro, o video con-
ta com participação de VK
Mac e MC Cabelinho.
“Com certeza, é uma mú-
sica de resistência. Apesar de
não trazer de forma direta e
contundente versos com teor
de protesto, o olhar dessa crí-
tica é feito por meio da supera-
ção, pois entendo o quão desa-
ador e desigual é o contexto
da favela. Falar de superação
é, acima de tudo, falar de re-
sistência”, opina Cesar MC, em
bate-papo com A Gazeta.
Ele também detalha que a
expectativa de retorno do pú-
blico é alta, mesmo que este
seja um trabalho lançado em
meio à pandemia, ou seja, sem
contato direto com os fãs. Ao
longo dos versos musicais,
que falam tanto dessa resis-
tência de que Cesar MC des-
taca quanto da pe rspectiva da
comunidade, o cantor capixa-
ba brinca com a batida clássi-
ca do funk e elementos do rap
e trap. “Toda essa pluralidade
reforça ainda mais o impacto
da mensagem e a propriedade
do universo da favela, de onde
esse grito poético ecoa.”
Durante a entrevista, o ar-
tista também falou de planos
para a carreira no pós-pande-
mia, projetos em andamento
na quarentena e avaliou o ce-
nário da arte nesse contexto.
Como foi o processo de
produção de “Favela”?
O som é uma celebração
de superação, força e afe-
to, que é visto no cotidiano
Cesar MC lançou mistura de funk, trap e rap: “Pluralidade reforça ainda mais impacto da mensagem”
Favela é um
mundo onde,
principalmente,
ecoa felicidade,
esperança,
talento e muita
força. Eu busquei
retratar isso”
das comunidades. Como na
maioria dos meus trabalhos,
a criação dessa música nas-
ceu no meu terraço, enquan-
to eu reetia sobre a imagem
que a palavra “favela” proje-
ta na mente das pessoas, qua-
se sempre somos sinônimos
de dor, dificuldades e desi-
gualdades. Mas favela é um
mundo onde, principalmen-
te, ecoa felicidade, esperan-
ça, talento e muita força. Esse
som não é sobre esconder os
desaos e barreiras que en-
frentamos no dia a dia, é so-
bre entender e reconhecer o
quão vitoriosas e inspiradoras
são as pessoas que vivem ao
meu redor. Desde uma mãe
que sustenta seus lhos, o pe-
dreiro que constrói a própria
.
casa, o morador que abre o
seu próprio negócio ou meni-
no que quer viver da música.
Todas essas conquistas nos le-
vam para um ponto comum:
a favela vence no plural. E tão
urgente quanto cobrar as di-
culdades que enfrentamos é
também celebrar as barreiras
que derrubamos.
E como é colocar em prá-
tica um projeto em meio
à pandemia?
Sem dúvida, a gente sente fal-
ta do calor, da empolgação,
de todo o envolvimento que
os fãs sempre passam aos no-
vos trabalhos. Mas o momen-
to pede prudência, então a
maneira sensata é se readap-
tar a esse novo cenário e ser
o mais criativo possível den-
tro dessa nova realidade, que
é um tanto limitada.
Aliás, como tem sido para
você esse momento de
quarentena? O que está
desenvolvendo?
A primeira impressão, pelo
fato de estar mais em casa,
era que seria uma temporada
de muita produtividade, mes-
mo num cenário tão adverso.
Porém, muito disso foi freado
por conta do sentimento de
VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
DIEGO CAVALEIRO ANDANTE
aição que o momento traz.
Eu demorei um certo tempo
para entender e me adaptar
internamente a essa situação,
e conseguir me dedicar e ex-
trair o impulso criativo para
dar vida ao melhor da minha
arte. Agora, o momento é de
criação, onde estou mergu-
lhando na ideia para novas
canções e respeitando essa
etapa mais íntima com a poe-
sia, até que tudo ganhe forma
e se transforme em canção.
Imagino que, nas comu-
nidades, a quarentena
não esteja sendo nada fá-
cil. Como a música (sua e
no geral), tem ajudado a
população?
A arte e o entretenimento
são ferramentas que ajudam
a enfrentar esse momento
Eu entendo sucesso
como caminhada.
Não consigo chegar
um ponto final, mas
sempre entendo um
novo recomeço com
uma base melhor”
tão delicado. Toda essa at-
mosfera de angústia, ansie-
dade, depressão e incertezas
que a pandemia trouxe, pre-
cisou ser remediada e preve-
nida de várias formas. Acre-
dito que a música e a arte,
no geral, se apresentaram
como uma válvula de esca-
pe que cumpre esse papel de
forma sensível e humana.
E quais são suas expectati-
vas com o lançamento des-
te último projeto? Já está
tendo um retorno dele por
parte de colegas e fãs?
O engajamento tem sido bem
positivo, a música já foi inter-
pretada ao vivo algumas ve-
zes em eventos de grande
porte (antes da pandemia) e
o público recebeu muito bem
a canção, gerando pelas redes
sociais uma boa expectativa
para o lançamento ocial. Ou-
tro aspecto positivo é o encon-
tro que a música promove en-
tre os artistas VK Mac (de Vi-
tória/ES) e MC Cabelinho (da
Favela do PPG/RJ), trazendo
uma união musical muito sin-
gular com o Funk, Rap e Trap.
Toda essa pluralidade reforça
ainda mais o impacto da men-
sagem e a propriedade do uni-
verso Favela, de onde esse gri-
to poético ecoa.
E o que o público pode es-
perar para os próximos
meses na carreira?
Risos... Ainda não posso falar
muito sobre os projetos que
estão por vir, mas tem muita
surpresa boa vindo aí. Parce-
rias com artistas que admiro,
projetos em Cypher e, claro,
muita expectativa para o pri-
meiro álbum.
A arte que você faz hoje
também reflete muito o
que você viveu na infância
ou início na carreira?
Sim, reete bastante! Toda a
minha experiência com a mú-
sica e com a arte é fruto dos
meus 23 anos dentro de uma
comunidade. Tudo que vivi e
aprendi naquele local, foi, é
e sempre será minha escola
criativa e minha fonte inspi-
radora para tudo que eu pro-
por a me expressar. l
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Literatura
Churchill -
Caminhando
com o destino
ANDREW ROBERTS
Cia das Letras,
1200 páginas
O autor destrincha
Winston Churchill
por completo - do
nascimento ao legado
duradouro como um
dos maiores líderes
de nossos tempos.
Novidades no
“Em Movimento”
Exibido aos
sábados, programa
da TV Gazeta terá
agora 35 minutos
de duração
C
om 19 anos no ar,
o Em Movimento
continua crescendo
e, a partir do próxi-
mo sábado, dia19, entra em
uma nova temporada com
ainda mais tempo na telinha
da TV Gazeta!
O programa passará a ter
35 minutos da programação
local, ocupando o tempo des-
tinado ao AgTV, que terá seu
último episódio neste sábado,
12. Para isso, o Em Movimen-
to vai contar com novos con-
teúdos e, mais do que nunca,
vai exaltar a cultura capixaba
e mostrar tudo o que o nosso
Estado tem de bom!
@MIXFMVIX
Onde os sonhos
acontecem
ROBERT IGER
Intrínseca,
304 páginas
Ex-CEO da The Walt
Disney Company
por 15 anos, autor
ompartilha as lições
aprendidas ao gerir
a Disney e liderar
mais de 200 mil
funcionários
DIVULGAÇÃO
do Entretenimento, Cesi-
nha Fernandes.
Com estreia no dia 19 com
.
a nova programação, o qua-
dro “Laje Capixaba” vai con-
tar a história de quem vive
nas periferias capixabas. O
empreendedorismo tam-
bém vai ganhar um espaço
especial, com o Esquadrão
Empreendedor.
E os grandes sucessos
também continuam, como
as viagens às cidades capixa-
bas, que agora estão repagi-
nadas como a “Lista Capixa-
ba”, que vai levar o telespec-
Diego Araújo e Luanna Esteves tador a uma viagem segura,
são os apresentadores gravada dentro do Estúdio da
TV em chroma key, a famosa
“O programa entra em “tela verde”.
uma fase onde as histó- Além disso, o “A Hora do
rias são cada vez mais im- Furacão”, com a reforma da
portantes, onde os persona- ex-BBB Gizelly, passa a fazer
gens são o ponto forte e o re- parte da programação do Em
gionalismo é cultuado sem Movimento. O programa vai
medo”, explicou o gerente ao ar aos sábados, às 14h. l
51
Johnny Panic
e a bíblia de
sonhos e outros
textos em prosa
SYLVIA PLATH
GloboLivros, 464 páginas
Reúne os contos da
primeira publicação do
livro (1977). Os textos
cobrem período de 14
anos: o último, “Blitz
de neve”, detalha os
últimos dias de Sylvia.
Quinta temporada
Na telinha
DIVULGAÇÃO
“The Voice Kids”
está de volta
Domingo, dia 13, às 12h45 , na
TV Globo
O reality musical volta para
completar a 5ª temporada
com episódio especial,
relembrando a trajetória das
24 vozes que continuam
na competição e marcando
oficialmente a retomada. A
partir do dia 20, voltam as
apresentações inéditas.
Duelo feminino TV aberta
UFC com Pagodeira no
“Waterson x Hill” “Música Boa”
Sábado, dia 12, às Sábado, dia 12, às
17h45, no Combate 15h, na TV Globo
O duelo entre as americanas A cantora Iza recebe Jeito
Michelle Waterson e Angela Moleque, Pixote e Suel,
Hill, pela categoria peso- que vão se apresentar
palha (até 52,2kg) virou a cantando músicas próprias
luta principal do UFC deste e também de outros
sábado. Alan Nuguette é artistas. Os convidados
o representante brasileiro farão apresentações
no evento, que acontece individuais, duetos e
em Las Vegas (EUA). parcerias entre eles.
radiomixfm.com.br/
52 - divirta-se VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

FOTOS: FERNANDO MADEIRA

A renda vem do palco

.

Impossibilitados se apresentar a
uma plateia, artistas buscam formas
de se sustentar com perfomances
das ruas, com equilíbrio nas ruas da Grande Vitória, como
Manoel e Luzia. Simbolizam bem as

e malabarismo
famílias que estão sobrevivendo na
corda bamba nos últimos tempos.
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 53

Horóscopo
Por Oscar Quiroga, referente à semana de 12 a 18/09 (quiroga@astrologiareal.com.br)
Áries Câncer Libra Capricórnio
21 MARÇO A 20 ABRIL 21 JUNHO A 22 JULHO 23 SETEMBRO A 22 OUTUBRO 22 DEZEMBRO A 20 JANEIRO
Talvez sua alma estremeça diante da Valer a pena conversar sobre tudo. O As apreensões só aumentam. Mes- Por enquanto, seus planos estão na
certeza de que nada dará certo, po- diálogo vai tirar do caminho as fanta- mo assim essa experiência pode ser imaginação. Não se importe, a imagina-
rém tudo continua em marcha. Vá em sias que, sem esclarecimento, promo- superada mediante o atrevimento de ção só é ruim quando há chance de a
frente e desvalorize as apreensões. veriam atitudes contraproducentes. agir sem se importar com resultados. realizar, mas a alma não toma iniciativa.

Touro Leão Escorpião Aquário

21 ABRIL A 20 MAIO
Não importa quão negativo pareça o
mundo e sim que você responda po-
sitivamente ao apelo do entusiasmo e
se atreva a realizar seus anseios.
23 JULHO A 22 AGOSTO
Seria melhor não chamar atenção, pois
sua alma se sente segura com os resul-
tados. Só não se acomode. Há muito a
ser jogado e você é protagonista.
23 OUTUBRO A 21 NOVEMBRO
É hora de ampliar seus contatos e soli-
dificar alianças que promovam melho-
ria em seu trabalho. O que te preocupa
só será superado com solidariedade.
21 JANEIRO A 18 FEVEREIRO
O terreno onde está é desconhecido,
o que causa medo. Mas o medo enga-
na, pois se agarra a detalhes que nem
sempre anunciam desastres.

Gêmeos Virgem Sagitário Peixes

21 MAIO A 20 JUNHO
Às vezes, bate na sua alma uma sau-
dade sem forma, pois conecta você a
algo que nunca foi experimentado. É
um bem-estar que renova a alegria.
23 AGOSTO A 22 SETEMBRO
Os ingredientes estão aí. Não há cer-
teza de que tudo seguirá como plane-
jado, você terá de se munir de atrevi-
mento para tomar iniciativas certas.
22 NOVEMBRO A 21 DEZEMBRO
É hora de agir. Valerá mais a pena se
atrapalhar por fazer as coisas mais
ou menos do que ficar desenvolven-
do estratégias para atingir a destreza.
19 FEVEREIRO A 20 MARÇO
Tudo o que poderia ser experimenta-
do neste período tem relação aos vín-
culos que fez. Compartilhe seu cami-
nho com essas pessoas. Vai ser bom.

Passatempo
Sudoku Palavras Cruzadas

O Sudoku é um tipo de
desafio lógico japonês.
As regras: o jogador
deve preencher o
quadrado maior, que
está dividido em nove
.

grids, com nove lacunas

em cada um, de forma
que todos os espaços
em branco contenham
números de 1 a 9. Os
algarismos não podem
se repetir na mesma
coluna, linha ou grid

Quadrinhos

32 DENTES Venes Caitano

Soluções
54 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

esportes PEDRO MIRANDA/WSL

Onda para
Fórmula 1
VETTEL DE CASA NOVA
Está desfeito o mistério
sobre o futuro do piloto
alemão Sebastian

a história
Vettel na Fórmula 1.
Foi anunciado que o
tetracampeão mundial
está de saída da Ferrari,
e vai correr a partir da
temporada de 2021
pela Aston Martin, atual
Racing Point.

Maya Gabeira
brilhou nas ondas
.

de Nazaré

deste ano, durante o Naza- ver isso acontecer foi incrí-

A surfista brasileira Maya Gabeira ré Tow Surng Challenge,
estabeleceu um novo recorde em Portugal.
“Este recorde mundial é
mundial para a maior onda já realmente surpreendente
surfada por uma mulher porque o tamanho da onda
vel. Esse é um esporte ex-
tremamente dominado pe-
los homens, então ter uma
mulher capaz de represen-
tar isso é bastante raro”, vi-

P
rimeira e única mu-
lher a entrar no Guin-
ness Book como recor-
dista da maior onda
surfada no mundo, Maya Ga-
beira bateu seu próprio recor-
de e conquistou mais um feito
que cará marcado na história
do surfe feminino.
A brasileira venceu outra
onda gigantesca, desta vez
de 73,5 pés, o equivalente
a 22,40 metros de altura, se
tornando também a primei-
ra mulher a surfar a maior
onda do ano, ou seja, supe-
rando a categoria masculi-
na, medida em 70 pés.
O feito, que foi ocializa-
do na quinta-feira,10, pela
WSL (World Surf League),
aconteceu em fevereiro
foi mais alto até do que a
onda do vencedor masculi-
no, então isso signica que
uma mulher surfou a maior
onda do ano no geral. “Isso,
para mim, era algo que eu
havia sonhado anos atrás,
mas não como algo realis-
ta. Não houve representa-
ção para eu acreditar que
era possível. Eu apenas pen-
sei que era tão irreal, mas
brou a brasileira.
GRATIDÃO
Maya lembrou que viveu in-
tensamente o surfe no iní-
cio do ano. “Estamos viven-
do em um mundo tdiferen-
te com a Covid-19. Sinto-me
grata por ter vivido intensa-
mente no início do ano e po-
der realizar algo no espor-
te”, comemorou. l
Na tela
LIBERTADORES NA TV
A Copa Libertadores
tem uma nova casa na
TV aberta brasileira: o
SBT. A emissora fechou
acordo com a Conmebol
e transmitirá a tradicional
competição sul-
americana até 2022.

JUNIOR SAPO/REAL NOROESTE EVERTON/DIVULGAÇÃO

Série D Inglês
DIA DECISIVO PARA O REAL A BOLA VAI ROLAR
Após vencer o Uma das principais
Aquidauanense por 3 a 1 no competições nacionais do
jogo de ida da fase preliminar mundo, o Campeonato Inglês
da Série D do Campeonato temporada 2020/2021
Brasileiro, o Real Noreste começa neste sábado, 12.
encara o time sul-mato- Quatro jogos já agitam o
grossense na partida de primeiro dia da competição.
volta neste domingo, 13. A O capixaba Richarlison,
partida acontece no Estádio atacante do Everton, entra
Noroeste, em Aquidaua-MS, em campo no domingo,13,
às 16h. O time capixaba pode para ajudar seu time a
perder até por um gol de buscar a vitória em cima do
diferença que avança à fase Tottenham, em jogo que
de grupos. acontece às 12h30.
 VITÓRIA, 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 55

Filipe Souza Colunista de Esportes

Leia todos os dias em
www.agazeta.com.br
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RICARDO DUARTE/INTERNACIONAL E IVAN STORTI/SANTOS

BRASILEIRÃO DE
SURPRESAS ATÉ
O MOMENTO
desconança. Mas covenhamos
Galhardo e Marinho que esse é até um dos pontos
brilham no campeonato, positivos do Brasileirão: o
inesperado sempre pode dar o ar
que ainda conta com o da graça. No entanto, os favoritos
Vasco entre os primeiros já começam a despontar e mostrar

N
este m de semana, o
Brasileirão chega à sua
décima rodada. Um
quarto do campeonato
se passou e já é possível perceber
resultados esperados, mas também
notar a imprevisibilidade que
que vão forte na luta pelo título.
Sob o comando de Eduardo
Coudet, o Internacional lidera o
campeonato e já provou que vai
lutar pelo título até o m. Com um
bom elenco, o Colorado joga um
futebol eciente e ainda não sentiu a
ausência de Guerrero, que não atua
.
Thiago Galhardo e Marinho são os destaques deste início do Brasileirão
apesar do revés para o Atlético- internet, já acumula seis gols, três
GO na última rodada, pode ser assistências, nove participações
considerado uma surpresa neste diretas em gols e 48 faltas
início de campeonato. Um time sofridas. Responsável direto pelo
muito bem organizado pelo bom desempenho do clube.

tradicionalmente se manifesta na
principal competição nacional.
Quem poderia dizer que à esta
altura o Vasco estaria entre os
seis primeiros colocados. Ou que
o meia-atacante Thiago Gallardo,
do Internacional, é o craque da
competição até aqui, e já acumula
oito gols, que o colocam na
artilharia.
Qualquer um que apostasse
nesse cenário provavelmente
teria seu ponto e vista sob certa
mais nesta temporada por conta de
uma lesão no joelho direito.
Após um começo ruim, o
Flamengo já aparece no retrovisor
do líder. O São Paulo, apesar
de irregular, alcançou bons
resultados. O AtléticoMG, de
Sampaoli, tem muito potencial,
assim como o Palmeiras de
Vanderlei Luxemburgo, que
mesmo inconstante já ocupa o
quarto lugar na tabela. Intruso
no ninho só o Vasco mesmo, que
técnico Ramon Menezes.
DESTAQUES
Entre os protagonistas do
espetáculo, Thiago Galhardo
e Marinho despontam no
Brasileirão. O meia do Inter
passou a atuar adiantado e se
tornou a referência ofensiva da
equipe. Tá jogando muito.
No Santos, o folclórico
Marinho, que sempre foi visto
como chacota ou em memes na
Além destes dois craques
improváveis, também podemos
destacar as boas fases de Cano e
Benitez no Vasco, e Luciano no
São Paulo. O Flamengo, recheado
de craques, vê em Gabigol e
Everton Ribeiro seus principais
destaques até aqui. Além das boas
atuações do volante Thiago Maia.
Ainda tem muita bola para
rolar, mas já temos uma noção do
que virá pela frente: mais emoção
e equilíbrio que no ano passado. l

Esporte na TV
SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO

SÁBADO DOMINGO
LUCAS MERÇON/FLUMINENSE FC

TV GAZETA
TV GAZETA
9:55 Fórmula 1: GP da Toscana
12:50 Noticiário: Globo Esporte
11:45 Noticiário: Esporte Espetacular
SPORTV
16:00 Futebol - Brasileirão:
11:00 Brasileiro Série B: Fluminense x Corinthians
Guarani x Brasil-RS
13:00 Liga Nacional de Futsal: 19h
Magnus x Minas PREMIERE
16:30 Brasileiro Série B: BRASILEIRÃO: SANTOS X SÃO PAULO
Sampaio Corrêa x Operário
ESPN BRASIL SPORTV
20:30 Brasileirão: Botafogo x Vasco
8:30 Futebol - Campeonato Inglês:
Fulham x Arsenal PREMIERE
18:00 Brasileirão: Ceará x Flamengo
13:30 Futebol - Campeonato Inglês:
Liverpool x Leeds ESPN
17:00 Tênis - Us Open: Final Masculina
ESPN
17:00 Tênis- Us Open: Final Feminina

21h 16h30
ESPN TNT
BASQUETE - NBA: HOUSTON ROCKETS X LOS ANGELES LAKERS BRASILEIRÃO: ATJHLETICO-PR X CORITIBA
LAKERS/DIVULGAÇÃO MAURÍCIO MANO/ATHLETICO US OPEN/DIVULGAÇÃO
 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
ANO XI – Nº 540

Jéssica e
Pedro: “A
gente constrói
nosso lar com
várias peças,
.

mas sempre
trazendo nossas
memórias
afetivas”.

A CASA COMO REFÚGIO

A QUARENTENA ALTEROU NOSSA FORMA DE ENXERGAR A CASA.
O QUE ERA VISTO COMO DORMITÓRIO VIROU UM REFÚGIO, E A
VONTADE DE DAR CARA NOVA AOS CÔMODOS SE TORNOU IRRESISTÍVEL
 @MIXFMVIX
radiomixfm.com.br/
.
#juntosnomelhormix SINTONIZE 106,3
 ÍNDICE

05
Seja bem-vindo
SONO REPARADOR
Chá pra dormir bem
A pandemia deixou muita gente de
olhos arregalados. Por conta disso,
ouvimos especialistas que indicaram
5 chás para combater a insônia. Anote
as dicas e durma com os anjos!
Palavra da editora
Mariana Perini

06É O BICHO
Vira-lata caramelo
Em busca de um lar Apesar de todos os apelos da gatinha Chloé e
de mais de 150 mil pessoas, o Banco Central
Escrevo esse texto com a trilha sonora de uma não escolheu o vira-lata caramelo para
estampar a nova nota de R$ 200. Mas mesmo
furadeira ao fundo. E não se trata do vizinho.
sem uma nota pra chamar de sua, o cão virou
O barulho é na minha cozinha. Os dias de
celebridades na internet. Confere lá no diário.
.

isolamento deixaram claro o que já sabíamos:

08
um armário na área de serviço deixaria tudo
mais organizado e funcional. O espaço passou a
ser mega usado por nós durante a quarentena,
o que não acontecia antes da pandemia, e RENATA RASSELI
acabamos detectando essa necessidade. E
Cútis de pêssego
nossa família não está sozinha. Pequenas Aos 58 anos, o cantor Zezé Di Camargo
mudanças ou reformas em cômodos da casa se resolveu dar um up na pele. E a eleita para
tornaram hit nos últimos meses. As vendas on- deixar sua cútis revitalizada é a capixaba
line de móveis e itens de decoração registrou Priscila Passamani. A dermatologista foi
indicada pela filha do cantor que durante a
um aumento de 23,61% em maio. Passando 24
quarentena fez tratamento com Priscila.
horas do dia em casa, as pessoas começaram a

13
perceber o que poderiam melhorar no espaço
para estabelecer uma conexão com o ambiente.
Ariane, Jéssica e Alana, personagens de nossa
matéria de capa, fizeram isso no melhor estilo
DICAS DA NANDA
“faça você mesmo” e ganharam em conforto e
produtividade. O que costumava ser dormitório,
Dupla poderosa
Nanda Trindade manda avisar: uma
se tornou um refúgio, um lar de verdade. Adorei combinação que funciona no ato
o antes e depois. E espero que você também e traz mais praticidade para o dia
goste. Boa leitura e bom fim de semana. a dia, é a dupla de jeans e sandália
flat. Vai do trabalho ao happy hour
em looks leves, descomplicados
@marianaperini @sigaag
e fresquinhos. Aposta certeira.

Revista ag Editora: Mariana Perini – Tel.: (27) 3321-8383 | Repórteres: Guilherme Sillva Colunista: Renata Rasseli
Diagramação: Andressa Machado | Fotos: Editoria de Fotografia de A GAZETA | Foto de Capa: Carlos Alberto Silva | Foto da editora: Jess Vieira
Comercial Multimídia: Tel.: (27) 3321-8061 | Correspondência: Jornal A GAZETA, Rua Chafic Murad, 902, Monte Belo, Vitória-ES, Cep 29.053-315
SAÚDE E BEM-ESTAR
5 chás para combater a insônia
Especialista indica quais são os melhores chás para quem está com problemas de sono
Há ervas que possuem características relaxantes e contribuem para uma boa noite de sono
BETHANIA MIRANDA
bmsantos@redegazeta.com.br
A
tire a primeira pedra quem
nunca tomou aquele chazi-
nho, geralmente por indicação
de algum familiar, na nalida-
de de ter aquela noite bem dormida. Mas
será que os chás e infusões de ervas pos-
suem propriedades capazes de melhorar
a qualidade do sono e evitar os quadros
de insônia?
A sommelier de chás Carolina Castilholi
explica que há ervas que possuem, sim, ca-
racterísticas relaxantes e podem contribuir
para uma boa noite de sono. “Pesquisas in-
dicam que chás que contêm um aminoáci-
do chamado L-theanina têm potencial de
4 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
SHUTTERSTOCK
.
reduzir o estresse mental e físico e a an-
siedade. Além disso, algumas infusões her-
bais são tradicionalmente utilizadas como
calmantes naturais e também têm sido ob-
jeto de pesquisas”, esclarece.
Carolina também alerta que não é todo
chá que ajuda a dormir, já que existem in-
fusões de ervas que têm potencial de fazer
o efeito reverso. “Existem chás e infusões
herbais que têm concentrações conside-
ráveis de cafeína e devem ser evitados na
hora de dormir, como o chá preto, o mate
e a infusão de cascas de café”, informa.
A prossional recomenda que a infusão
seja consumida por volta de duas horas an-
tes de dormir, mantendo uma atenção es-
pecial ao preparo do chá, cuja propriedade
permanece em até 24h depois de pronto.
Chás e infusões
que ajudam a dormir
Camomila
y Um dos chás mais conheci-
dos do Brasil por ser um ótimo
calmante natural, o chá de ca-
momila é aliado para ter aque-
la tão sonhada noite de sono.
Suas propriedades dão uma
“relaxada” no sistema nervo-
so central.
Erva-cidreira
y A erva-cidreira também é um
calmante natural e traz a sen-
sação de tranquilidade, além
da melhoria na qualidade de
sono. De quebra, esse chá
também ajuda nos problemas
de ingestão.
Capim-limão
y O chá ajuda a ter uma noi-
te de sono melhor, por con-
ta das propriedades calman-
tes e um leve efeito sedativo.
Além disso, também auxilia no
combate a enxaquecas e dores
de cabeça.
Hortelã-pimenta
y Esse chá é um ótimo analgési-
co, ajuda a aliviar sintomas de
gripe e resfriados, sendo uma
boa pedida para quem está
com dificuldades de dormir.
Folha de maracujá
y Essa infusão é capaz de acal-
mar e relaxar o corpo e, con-
sequentemente, proporcio-
nar uma boa noite de sono.
O maracujá é conhecido por
fazer dormir, então vale a
pena provar.
 Abrindo
o baú CLOVES LOUZADA/ DIVULGAÇÃO

Guilherme
Sillva
gusilva@redegazeta.com.br Guardo com carinho.
A roupinha que foi a saída de
maternidade do João Vitor
Boas e Lauro, os meus dois filhos.
lembranças. Representa a felicidade de ter
É representado me tornado mãe.
pelo colete. Foi
meu parcerio de
várias corridas
e meias mara-
tonas, ativida-
de que adoro
praticar nas ho-
ras vagas. Guardo
porque me traz bo oas
lembranças.

Herança.
.

O colar que era da mi- Presente

nha avó. Ela me criou,
morou na minha casa,
inesquecível.
O desenho recebido de
e sempre estava
com esse acessório.
Guardei com muito
uma aluna do Instituto
Ponte, agradecendo
um evento que fizemos
o
o empreendedora
carinho como recor- em prol da organização
o.
dação após o seu Com ele, ajudamos a
falecimento. pagar o ano de estudoo
de 3 crianças.
Não dou, não vendo e não troco.
A carta escrita em 1993 para o meu pai, que
já é falecido. Estava na casa dele e, quando
fui mexer nas coisas, encontrei ela guardada.
Está comigo até hoje.
Não saio de
casa sem....
O relógio. Atrra-
vés dele contrro-
lo toda a minha
vida, verificaan-
do mensagen ns,
os exercício os,
as músicas.
Pra mim, ele eé
imprescindíve el
no dia a dia.
Arquiteta
Filha única de pais separados, Roberta Drum-
mond foi criada pela mãe. “Sem muitas condi-
ções financeiras, presenciando sempre o tra-
balho árduo e intenso dela para que pudesse
me dar um ensino e uma vida de qualidade”,
lembra. A paixão pelo desenho, que existiu des-
de criança, a levou ao curso de Arquitetura e
Urbanismo. “Quando me formei, trabalhava
como arquiteta em uma empresa, fazia alguns
bicos na Casa Cor e ainda montei meu escritó-
rio”, conta. Até que, com dois anos de profissão,
sentiu a necessidade de ter mais conhecimen-
tos e renda. Acabou se inscrevendo para uma
seleção de executiva de vendas do Grupo Tigre.
Foi a única selecionada entre os 65 candidatos
para gerenciar as franquias de Minas Gerais e
Espírito Santo. “Após 3 anos na multinacional,
resolvi empreender e abrir meu próprio negó-
cio. Me mudei para Vitória e criei a Innovare,
empresa voltada para o segmento de esqua-
drias em PVC”, conta. Roberta é casada e mãe
de dois filhos e encontra na corrida a válvula de
escape para o relaxamento.

12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 5
 Éo
bicho
Rachel
Martins
eobicho.revistaag@gmail.com
Design inspirador
Gente! Olha que ideia genial! A obra é da
designer russa Vera Zvereva, diretora de
arte da Depot, uma agência de branding
com sede em Moscou. O mercado de pro-
dutos lácteos na Rússia é muito compe-
titivo e atrair a atenção à primeira vista é
essencial. Daí, a Bryansk pediu para refor-
mular sua linha de produtos Milgrad. Quan-
do as embalagens se juntam surgem de-
senhos variados de um gato. Já o logotipo
minimalista traz a letra “M” com a silhueta
de um gato. Simplesmente amei!
Diário de Chloé
Uma nota de R$ 300 com a cara de seu pet
Meu querido diário... Apesar de todos nos-
sos apelos, o Banco Central não escolheu
o vira-lata caramelo para estampar a nova
nota de R$ 200, mesmo após uma petição
que reuniu mais de 150 mil pessoas fazen-
do essa solicitação.
A repercussão foi tão grande na in-
ternet, que apesar de a nota trazer o lo-
bo-guará do Cerrado, o vira-lata carame-
lo acabou virando o garoto-propaganda,
apresentando o seu amigo que agora faz
parte do dia a dia do brasileiro.
6 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Cachorro perdido
Só quem tem um animal de estimação é
capaz de entender este amor incondicio-
nal. Este é o Astro. Ele acabou fugindo e se
perdeu pela Barra do Jucu e proximidades.
Os donos estão desesperados à procura
dele, que é muito manso e amigável. Es-
tão oferecendo até uma recompensa para
.
quem achá-lo. Caso alguém o encontre, é
só ligar para (27) 99857-6622.
E durante esse debate todo, muitas
ideias legais, incluindo memes e mais me-
mes, surgiram. E uma delas foi do pet shop
Petz que acaba de criar uma nota de R$ 300
para homenagear o vira-lata caramelo.
A cédula, claro, não tem valor de ver-
dade, é apenas um voucher que será dis-
tribuído para 10 influenciadores engajados
na causa animal, que poderão, com essa
nota de R$ 300 em mãos, doar o valor para
uma Ong parceira do Adote Petz.
A ideia, claro, também é incentivar a
adoção de animais resgatados, como eu
(uma gatinha linda, sem raça definida e
modesta como vocês estão vendo, risos).
Aliás, segundo pesquisas, o cachorro vi-
ra-lata, sem raça definida (SRD), é o mais
presente em lares brasileiros, e os cara-
melos são os preferidos.
E olha que legal. É só acessar o site Din-
din Petz e criar uma nota de
R$ 300 personalizada com a
Me adota, vai!
Oi gente! Eu sou o Miguelito e fui resga-
tado das ruas. Sou porte grande, já estou
castrado, vermifugado e vacinado. Só
estou precisando mesmo de um lar, doce
lar. Olha como tenho uma carinha fofa. Eu
acho que devia me chamar Romário (risos),
porque adoro jogar bola! Será que você
tem um lugar pra mim no seu coração e
na sua residência? É só mandar direct pelo
instragram para a @ongpramia.
Quero
achar um
lar.
foto do seu pet. Olha a minha aqui. Segundo
o site, a iniciativa reúne diversas ações que
têm como objetivo dar visibilidade à causa
do bem-estar animal. Além de poder ter uma
nota com a cara do seu mascote, será pos-
sível conhecer influenciadores que lutam
pela causa, conferir as ongs beneficiadas
e deixar um recado para os fãs desses pets
tão amados.
A grande verdade, amigatos, amigatas,
aumigos e aumigas, é que são muitos de nós
pelas ruas precisando de ajuda. E aqui mes-
mo, em nosso Estado, existem muitas ongs
precisandodeapoio,assimcomovoluntários
que acabam transformando uma parte da
casa em abrigo para animais resgatados. E
a conta no final de cada mês é alta. E se cada
um de vocês que ama animais ajudar, a vida
de meus amiguinhos pode melhorar.
Tomara que dentre esses
dez influenciadores, tenha um
do Espírito Santo! Lambeijos.
 DIVULGA
Drops

Guilherme
Sillva Olhar estiloso
A Ray-Ban começa apresentar as novidade para a
gusilva@redegazeta.com.br temporada, como o novo Rectangle 1969 Mirror
Evolve. Disponível em 4 cores, a peça vem com uma
lente com efeito espelhado que reflete o espírito
ousado dos modelos. A tecnologia sensível à luz,
Evolve, agora aprimorada, acompanha a icônica ar-
mação Rectangle 1969 com lentes coloridas, como
laranja e rosa. O modelo representa o equilíbrio en-
tre funcionalidade e estilo.

Pele mais forte e bonita

A Johnson & Johnson apresenta a maior mudança já rea-
lizada na marca de cuidados diários e traz nova linha de
loções com 48h de ultra-hidratação. A marca traz a nutri-
ção que renova os sentidos na linha Nutri Spa; a Express
embeleza a pele imediatamente ao proporcionar um glow
especial enquanto a mantém saudável e hidratada; e a
linha Daily Care (foto) oferece alto poder de hidratação
enquanto cuida, reequilibrando o pH da mesma.
.

Malhação com conforto
A capixaba Bmood apresenta a coleção
Equilíbrio apostando no recorte como
uma das principais características das
peças. A marca traz ainda a blusa com
proteção UV e o shortinho, que fica sol-
tinho no corpo e é ideal para exercícios
de corrida e aeróbico. A cartela de co-
res das peças apresenta tons que são
tendências da temporada e remetem a
lugares que proporcionam momentos
de paz e tranquilidade. Destaque para
o azul marinho e azul claro, off-white,
rosa bebê, verde menta e rosê.
Hora do chá
O blend “Calma” é a nova criação da linha Cris-
tal Chá, de autoria da farmacêutica tricologista
Cristal Bastos, que já assina os blends “Energia”
e “Nutrição”. A novidade recebeu esse nome
porque possui propriedades calmantes que
conduzem o corpo a um nível elevado de paz e
relaxamento. Feita à mão, a mistura é composta
por um mix de frutas e ervas. São elas: camomila,
abacaxi, hortelã, capim santo e anis estrelado.
O modo de preparo é de uma colher de chá para
cada 150 ml de água. O objetivo é proporcionar
um momento “off” para que as pessoas possam
se desligar do estresse e ansiedade do dia a dia.
A cara do Rio
Ipanema, uma das maiores
inspirações da marca, é tema
da primeira coleção-cápsu-
la da temporada de verão da
Osklen. A clássica combina-
ção do preto e branco do cal-
çadão de um dos bairros mais
charmosos do mundo, berço
da bossa nova, do surfe e da
cultura de praia, foi o ponto de
partida para a criação de pe-
ças versáteis em modelagens
confortáveis e fáceis de usar.
Entre as novidades da coleção,
está a tecnologia Polygiene,
um tratamento antibacteria-
no para tecidos, que reforça
a praticidade, permitindo que
a peça seja usada mais vezes,
sem precisar lavar. Com me-
nos lavagens, há uma maior
durabilidade do produto, mais
economia de água, tempo e
energia.

12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 7
 Renata
Rasseli

rrasseli@redegazeta.com.br
(27) 3321-8516 • zigzag_ag renatarasseli

Como será
o Outubro
Rosa no
ES? CASAMENTO
Andressa Hirle e Josildo Amorim: um brinde ao casal! / MÁRCIO GUIMARÃES / ALL LIVE
A campanha do Outubro Rosa
- que alerta para a prevenção
do câncer de mama - terá uma CASAMENTO
programação virtual neste ano, CIVIL
devido à pandemia do corona- Serginho
vírus. Sob o comando da Asso- Carone e
ciação Feminina de Combate ao Maria Eduarda
Câncer (Afecc), a 11ª edição da Caran:
.

campanha no Estado será aber- cerimônia civil

ta no dia 1º de outubro com um na Aldeia, em
espetáculo virtual, dirigido pelo Guarapari./
coreógrafo Marcelo Lages, com MARIANA ANDRICK

transmissão pelas redes sociais

da Afecc. “A campanha está
linda e nossas atividades estão
centralizadas em ações onli-
ne”, diz a presidente da Afecc, ANIVERSÁRIO
Marilucia Dalla. A programação Maria Helena Scárdua: celebrando 15 anos em
contará ainda com a loja do Ou- casa. / CAMILLA BAPTISTIN
tubro Rosa, no Shopping Vitória,
e a iluminação de vários pontos
turísticos do Estado, como o Pa-
lácio Anchieta e o Convento da
Penha.

Camiseta da
campanha
Raissa Saidler é a artista que
criou, este ano, a estampa da ca-
misa Outubro Rosa para a Afecc.
É dela também a arte que vai de-
corar o interior da loja, que será
aberta na segunda quinzena des- PARABÉNS PRA VOCÊ!
te mês, no 1º piso do Shopping PRIMAVERA Fábio, o aniversariante Lucas, Valentina e Andrea
Vitória, dentro dos protocolos Flória Fiório e Ana Luiza Azevedo: fazendo pose Primo: celebrando 14 anos no Morro do Moreno./
sanitários. na Orla de Camburi./ MARCELA BICALHO MÔNICA ZORZANELLI

8 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
 “Tinha
medo de não
aguentar me ver o
tempo todo na tela.”
Caetano Veloso , cantor, sobre
o documentário ‘Narciso em
Férias’, recém-lançado
na Globoplay
ARTE
Thais Hilal
e Hilal
Sami Hilal:
galeria
em novo
endereço.
/ MÔNICA
ZORZANELLI
ZIG. O professor sanitárias, econômicas
de História da Ufes, e sociais, causadas
Sebastião Pimentel pelas pandemias.
Franco, e a médica ZAG. Thais Hilal abriu
e doutoranda em as portas de sua galeria
História na Ufes, Maria neste mês em novo
Cristina Alochio Paiva, endereço, com uma
foram convidados para exposição inédita
escrever sobre a gripe de Hilal Sami Hilal. O
espanhola no Espírito espaço deixou o bairro
Santo no recém-lançado Consolação, em Vitória,
livro “América Latina em onde o casal reside,
tempos de pandemia e está instalado na
- crises, mortes, famosa Avenida César
descasos e solidão”. A Hilal, em frente à Sedu.
obra, organizada pelos A exposição em cartaz
professores Alexis T. na galeria conta com
Dantas e Maria Tereza a obra inédita “É a
Toribio Brittes Lemos , é mesma, só mudam as”,
o resultado dos estudos de 2020. “Essa obra
de pesquisadores é uma homenagem
latino-americanos a Dr. Luiz Buaiz”,
sobre as catástrofes conta o artista Hilal.
MÔNICA ZORZANELLI
Zezé Di Camargo faz tratamento
de pele com médica do ES
Aos 58 anos, o cantor Zezé Di Camargo resolver dar
um up na pele. Veio ao Estado para procedimentos
de rejuvenescimento com a médica capixaba Priscila
Passamani (foto), em sua clínica na Enseada do Suá.
A dermatologista foi indicada pela filha do cantor, a
cantora Wanessa, que durante sua passagem pelo ES,
.
fez tratamento com Priscila. O cantor fez procedimentos
com Ultraformer, queridinho dos artistas, que dá uma
esticadinha na pele, sem cortes. Durante a consulta, o
cantor disse que os fãs sempre questionam quais são os
tratamentos que ele investe e se pinta o cabelo. “Nunca
fiz nada na pele, nem nunca pintei o cabelo. Mas agora
estou vendo fios de cabelo branco se espalhando. Não
pretendo pintar. Acho interessando o cabelo grisalho”,
contou. A noiva do cantor, a capixaba Graciele Lacerda,
acompanhou Zezé durante os procedimentos. E o cantor
promete voltar ao Estado para continuar o tratamento.
Degustador europeu visita
cachaça capixaba
A cachaça Santa Terezinha, localizada nas montanhas
capixabas, está entre os roteiros selecionados para visitação
pelo renomado organizador dos Festivais de Rum e Cachaça
de Londres, Leszek Wedzicha. O profissional quer conhecer ao
vivo trabalho desenvolvido pela marca capixaba. Ele está no
Brasil para uma extensa agenda de visitas em São Paulo, com
passagem pelo alambique e loja conceito da Santa Terezinha
neste final de semana. A cachaça capixaba Santa Terezinha,
produzida há oito décadas pela família Menegatti, já possui
presença destacada no mercado internacional de destilados.
A vinda de Leszek Wedzicha coroa este momento de boa
receptividade da marca na Europa. No Brasil, a bebida também
frequenta importantes restaurantes e bares locais e nacionais.
12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 9
MATÉRIA DE CAPA

24 horas curtindo
cada canto da casa
Realizar pequenas mudanças nos cômodos foi
uma grande tendência da quarentena. O que
era visto como dormitório virou um refúgio
10 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020

BETHANIA MIRANDA
bmsantos@redegazeta.com.br
V
ocê provavelmente nunca pas-
sou tanto tempo dentro de casa
como neste ano. A quarentena
alterou a forma em que se via os
lares, e a vontade de dar uma cara nova
aqueles cantinhos e cômodos foi um ca-
minho adotado por muitos moradores. O
que era visto apenas como dormitório, an-
tes da pandemia, virou um refúgio nestes
últimos meses. De acordo com uma pes-
quisa da Associação Brasileira de Comér-
cio Eletrônico, o número de vendas on-line
de móveis e itens de decoração registrou
um aumento de 23,61% em maio.
Na tentativa de deixar as residências
mais confortáveis, já que car em casa
em tempo integral passou a fazer parte
da rotina diária, realizar pequenas mudan-
ças pontuais foi uma grande tendência da
Jéssica sempre
teve uma relação
de afeto com a ideia
de construir um lar.
“Acho importante me
reconhecer no espaço
onde moro”.
quarentena. “O interessante é que os clien-
tes me procuraram para a reformulação de
vários ambientes em suas residências, prin-
cipalmente os de maior permanência diá-
ria”, conta a arquiteta Grace Kelly.
A prossional explica que, em casa, as
pessoas tiveram mais tempo para perce-
ber os pequenos incômodos de seus lares,
MATÉRIA DE CAPA
FOTOS: CARLOS ALBERTO SILVA
e as reformas vieram como solução para
resolver essa questão. Além disso, Grace
enfatiza que o ato de cuidar do lar tam-
bém é uma forma de promover um bem-
-estar pessoal. “A permanência dentro do
lar fez com que as pessoas olhassem para
dentro. Trouxe para as pessoas a inspira-
ção de cuidar de dentro. Seu lar, seu acon-
chego, reete o seu ‘eu’”, diz.
CASA MAIS RECEPTIVA
A advogada Ariane Contarini aproveitou
a quarentena para tirar do papel as refor-
mas previstas para seu recém-inaugurado
apartamento. “Ele é novo, recém entregue
e eu tinha o planejamento de fazer umas
adequações de embelezamento durante a
obra, mas não foi possível, então durante
a quarentena fomos fazendo as adequa-
ções para deixar com a nossa cara”, conta.
A ideia foi realizar pequenas mudanças
com o propósito de deixar a casa “menos
12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 11
MATÉRIA DE CAPA

fria” e mais receptiva. Seguindo as reco-

CARLOS ALBERTO SILVA

mendações de um arquiteto, Ariane tro-
cou os revestimentos e pisos dos dois ba-
nheiros, mudou a área de serviço de lugar
e também reformou a cozinha, trocando o
acabamento do cômodo, além de retirar
uma meia parede para ampliar o espaço.
“Eu e meu marido somos mais caseiros e
gostamos de receber os amigos, então sem-
pre prezei muito por ter um lar aconche-
gante e gostoso”, justica.
Ariane ainda conta sobre o desao de
realizar a obra em quarentena, visto que
toda sua vizinhança estava em casa e mui-
tos deles também poderiam ser afetados
pelos barulhos da construção. Para driblar
esse incômodo, o horário do quebra-que- Jéssica e Pedro começaram a executar pequenas reformas no apartamento que vivem, dando
bra se restringiu das 9h às 13h. Hoje, o destaque aos espaços mais frequentados da casa, como a sala, o quarto e a cozinha
apartamento da advogada está nos trâmi-
tes nais das pequenas mudanças e ela se

FOTOS: ACERVO PESSOAL

divide entre os cômodos favoritos de sua
casinha, o quarto e a cozinha.

FAÇA VOCÊ MESMO

Mudar a decoração dos lares com as
ideias e inspirações da internet, no es-
tilo Do it yourself (DIY) - ou “Faça você
mesmo” - e sem ajuda de prossionais da
.

área - ganhou muitos adeptos no isola-

mento social. As pequenas reformas em
casa podem ser alcançadas com a pintu-
ra de paredes, mudanças nas disposições
dos móveis e opções simples de paisagis-
mo, onde os próprios moradores colo-
cam a mão na massa - ou melhor, na ter-
ra - durante todo o processo.
É o caso da psicóloga Jéssica Parrilha.
No período em quarentena, suas ativida-
des diárias foram adaptadas à forma re-
mota e, consequentemente, ela passou
a car mais tempo em casa e dar mais ANTES (JÉSSICA)
atenção ao espaço onde mora. “Sempre
tive uma relação de muito afeto com a
ideia de construir um lar. Gosto muito
de decoração em um sentido que com-
preendo a casa como uma extensão nos-
sa. Acho importante me reconhecer no
espaço onde moro”, opina.
Foi neste momento que a psicóloga ti-
rou algumas ideias da gaveta e colocou-
-as em prática na sua casa. Aqueles incô-
modos na estrutura física do apartamento,
que sempre eram deixados para ser resol-
vidos depois, foram sanados nesse meio
tempo. “Foi importante estar em casa tam-
bém para sentir o que era mais necessário
e fazer as pazes com o que eu não pode-
ria modicar”, analisa Jéssica.

12 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
 MATÉRIA DE CAPA

CARLOS ALBERTO SILVA

A partir disso, Jéssica e seu compa-
nheiro começaram a executar pequenas
reformas no apartamento que vivem,
dando destaque aos espaços mais
frequentados da casa. Na co-
zinha, os móveis conven-
cionais foram substi- Alana
tuídos por móveis ar-
tesanais feitos pelo é adepta do
pai da psicóloga, “faça você mesmo”.
tais quais outros
mobiliários, como “Precisava de conforto
o rack da sala e a
cama. Aliás, ela para que o trabalho
dá muita impor- fluísse. Daí veio a ideia
tância a utensílios
produzidos pelos de pinturas, plantas,
seus pais, uma vez
que sua mãe também almofadas e
costurou mantas e al- quadros”
mofadas que fazem par-
te da nova decoração. “Essa
presença manual deles é muito es-
pecial, pois construo o meu lar com no-
vas coisas, mas sempre trazendo comigo
essa memória afetiva”.
A sala, quarto e corredor do aparta-
mento do casal ganharam uma nova
.

cor e formatos geométricos, assim como

houve a mudança na conguração dos
móveis. Os espaços da casa foram pensa-
dos a m de que fossem aproveitados ao
máximo, segundo Jéssica. “Essas mudan-
ças ocorreram também para criar mais
ambientes em que justamente pudésse-
mos habitar de outras formas. Acho que
as funções de cada espaço estão sempre
em transição conforme as necessidades
que surgem,” expõe. E a psicóloga já tem
planos para as próximas reformas, desta
vez o foco será no seu escritório.

VALORIZANDO A CASA
A psicóloga Alana Simões também é adep-
ta do DIY. Com o home office e a maio-
ria das suas atividades on-line, ela sen-
tiu a necessidade de trazer conforto para
o seu quarto que também é escritório. “A
maioria das atividades não é “presencial”,
precisava que meu quarto casse o mais
confortável possível para que o trabalho
uísse. Daí veio a ideia de pinturas com
formas geométricas, “meia parede”, plan-
tinhas, roupas de cama, almofadas e qua-
dros”, explica.
Ela divide o apartamento com um ami-
go e fala sobre a mudança na forma de ver
sua própria casa na quarentena. “Acredito

12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 13
 A cozinha não
tinha armários.
Para otimizar o
espaço, Alana
providenciou
prateleiras,
que ela mesma
cortou, lixou
e envernizou.
A sala ganhou
decoração com
a presença de
artigos pessoais,
obras de artistas
locais e móveis
de segunda mão.
Até as plantinhas
ganharam o
devido destaque
no apartamento
.

FOTOS: CARLOS ALBERTO SILVA

que com a maior permanência em casa,
criei algumas urgências em mudar meu es-
paço com mais rapidez, a valorizar mais in-
vestimentos dentro de casa do que inves-
timentos que eu fazia para fora da casa,
como roupas e saídas”, especica.
Alana conta que seu lar sempre teve
um aspecto inacabado propositalmen-
te, mas que nesse período, ela se dedi-
cou a atenuar essas questões. O banhei-
ro, por exemplo, era um espaço que a
incomodava. A pintura branca mal fei-
ta do cômodo foi realizada através da
recuperação do modelo original dos azu-
lejos azuis. Tudo isso combinado aos es-
pelhos e mobiliário de estilo industrial.
“O resultado nal saiu barato e com cara
de banheiro planejado”, relembra.
Outra mudança foi na cozinha, já que
o cômodo era muito pequeno e não tinha
armários. Para otimizar melhor o espaço,
Alana providenciou algumas prateleiras,
que ela mesma cortou, lixou e enverni-
zou. A sala do imóvel ganhou uma de-
coração com a presença de artigos pes-
soais, obras de artistas locais, além de
móveis de segunda mão em ótimo esta-
do. Até as plantinhas ganharam o devido
destaque no apartamento.
E Alana faz questão de diferenciar
esse tipo de mudança do modo conven-
cional de reforma. “Hoje tenho uma re-
lação diferente com a minha casa, não
acho mais que precisamos de grandes in-
vestimentos e reformas para ter nosso es-
paço do jeito que desejamos. Entender
as várias formas de reformar a casa e ob-
jetos é muito satisfatório. Essencial para
nos reconhecermos”, diz.

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 MATÉRIA DE CAPA

FOTOS: ACERVO PESSOAL

ANTES (ALANA)

12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 15
 Dicas da
Nanda
Dupla imbatível
Fernanda Os dias já estão mais quentes e se tem uma com-
Trindade binação que funciona no ato e traz mais praticida-
de para o dia a dia é a dupla de jeans e sandália flat.
fernandatrindadeft@gmail.com

A sandália atemporal é um curinga para arre-

@agarimpeira
matar produções mais descontraídas e fica
ainda mais moderna quando usada com
jeans. A combinação vai do trabalho ao ha-
ppy hour em looks leves, descomplicados
É e fresquinhos.
tendência!
Se o seu trabalho permite um look um

FOTOS: PINTEREST
pouco menos formal, a combinação pode
ser aposta mais do que certeira. E para deixar
a produção mais elegante, a camisa de alfaiataria
é uma ótima escolha. Já para o fim de semana,
garantindo conforto e estilo, aposte no duo com
top cropped ou camiseta.
.

E o legal é que existem milhares de estilos de flat

que você pode combinar com a sua modelagem
de jeans preferida.

Para te provar que essa dupla é infalível e tudo

o que você precisa para entrar no clima dos dias
mais quentes, selecionei looks pra lá de estilo-
sos. Vem ver!

Jeans +
sandália
flat

16 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
MODA
Vintage em alta
Tendências de moda vem e vão e é natural que
peças e estilos que fizeram sucesso décadas atrás
voltem a fazer parte dos armários modernos
CÁSSIA ROCHA
csouza@redegazeta.com.br
B
asta dar uma voltinha pelas pla-
taformas de inspiração e redes
sociais e, rapidamente, nos de-
paramos com um visual com um
toque vintage, ao mesmo tempo com um
aspecto super moderninho. Isso acontece
porque várias trends superatuais são nada
mais, nada menos que releituras de peças
e estilos que foram usadas pelas nossas
mães e avós e agora voltam aos holofotes.
As calças de cintura super alta e as man-
gas bufantes, por exemplo, são facilmente
encontradas nos álbuns de família e hoje
estão presentes nas fotos de #lookdodia de
várias fashionistas.
A consultora Lorrayne Maia explica que
a vantagem das peças vintage é que elas
são usadas independentemente de tendên-
cia da moda. “São atemporais que formam
a base de qualquer guarda-roupa inteligen-
te”, arma.
Peças atemporais
Mom jeans
• As calças que são a cara dos anos 90
voltaram com máxima força para o street
nos últimos anos e seguem firmes e
fortes em diversos modelos e lavagens.
Tamanco
• Item que foi grande tendência dos anos
1990, voltou com tudo e dessa vez eles
vieram em vários estilos diferentes,
como salto grosso, fino ou anabela.
Scrunchies
• São aquelas xuxinhas de cabelo que
foram usadas na década de 1980 e
1990, agora voltaram mais modernas
e deixam qualquer penteado
básico muito mais estiloso.
Manga bufante
• O detalhe volumoso
PINTEREST
nos ombros era moda na década de
1980 e, hoje, com a volta do estilo
retrô, as manguinhas com volume vêm
tendo o seu revival. Esse tipo de peça,
além de ser feminina, traz um visual
mais fashionista para a produção
Óculos gatinho
• Fez sucesso nos anos 1950 e é
considerado há algumas temporadas
um item super fashion. Promete não
sair de moda tão cedo. Os óculos
gatinho são versátis e vão tanto com
jeans como com o look de trabalho,
sempre com o indiscutível poder
de elevar a produção no ato.
Colete de tricô
• Com uma pegada masculina,
esse tipo de colete está de
volta aos looks de street style.
Marcas como Gucci e Vuitton
apostaram nessa tendência.
12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 17
 Vão
Livre
Isabela
Castello
vaolivre@decoranea.com.br
Iluminação e tecnologia
Acender e apagar luzes à distância,
ajuste de intensidade luminosa e
mais 16 milhões de cores disponí-
veis. Estas são algumas possibilida-
des e benefícios oferecidos pelas no-
vas lâmpadas inteligentes da Steck.
Para atender uma casa cada vez
mais conectada, as lâmpadas inte-
gram a linha Smarteck, trazendo ao
mercado de automação residencial
um sistema mais acessível, interli-
gando materiais elétricos à internet.
Uma vez conectados, os dispositi-
vos interagem remotamente com o
usuário por meio de um aplicativo. O
app, totalmente em português, está
disponível para download no Goo-
gle Play e Apple Store. Os produtos
também podem ser acionados por
comando de voz, por meio da sincro-
nização com os assistentes virtuais
Amazon Alexa ou Google Assistente.
São produtos fáceis de instalar, dis-
pensando mão de obra profissional
para rosquear a lâmpada no suporte
convencional das residências (pa-
drão E27). Recomenda-se apenas
que o interruptor esteja desligado
antes da instalação.
18 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
Aconchego e requinte
Roberta Gagliano, arquiteta que assinou o projeto de
interiores do Casamadre Cozinha Afetiva, em Vila Ve-
lha, se inspirou na figura feminina da chef Marilinte e na
experiência gastronômica da cozinha afetiva, propor-
cionada pelo restaurante.
O projeto mescla a madeira de tonalidade mais escura,
com o rosa seco e o verde oliva. Como o ambiente exis-
tente contava com um pé direito alto, um dos desafios
foi criar um projeto de iluminação adequado ao uso e
com o intimismo necessário para a atmosfera idealizada.
O projeto contempla ainda uma adega e o bar. Cheio de
bossa, proporciona que o cliente vivencie uma expe-
riência que mescla simplicidade com o requinte e acon-
.
chego de casa. Afinal, na casa da nossa mãe é onde nos
sentimos à vontade, a comida é sem igual e temos as
melhores recordações.
Luxo natural
Utilizadas há muito tempo na decoração, as pedras orna-
mentais seguem como protagonistas nos ambientes que
estão presentes e são sinônimo de sofisticação. Esse
apelo se dá pelo fato das pedras presentes na natureza
não serem iguais. As cores e veios são como uma im-
pressão digital do produto e cada uma tem a sua. É isso
que confere a exclusividade em cada projeto
Outro ponto que vale destacar é a durabilidade e a versa-
tilidade do material. Elas
podem ser usadas em
bancadas gourmet, pai-
néis e paredes decora-
tivas, escadas, tampos
de mesas, lareiras, spas,
salas de banho e sau-
nas. Sempre atenta às
novidades e demandas
do mercado de arquite-
tura e decoração, a De-
colores acaba de lançar
dois novos padrões. Na
imagem ao lado, padrão
Bronzite e sua riqueza
de veios únicos.
Cultivar árvores
frutíferas em vasos
Cada vez mais as pessoas estão
buscando contato com a nature-
za. Cultivar plantas ou se dedicar a
fazer uma pequena horta pode ser
uma opção. Algumas plantas frutí-
feras de pequeno porte podem ser
cultivadas em vasos. Uma excelen-
te oportunidade de proporcionar
cores, aromas e sabores para sua
sacada, sala ou outros ambientes
ensolarados.
Algumas espécies necessitam de
mais horas de sol, outras nem tan-
to. Por isso é importante conhecer
bem sobre a espécie que deseja
cultivar. Árvores de pitanga, amora,
goiaba, araçá, mirtilo, figo e espé-
cies cítricas como laranja, limão e
tangerinas se adaptam muito bem
ao cultivo em vaso.
Uma ótima ideia é envolver as crian-
ças a interagir com a natureza. Cer-
tamente serão colhidos, além de
bons frutos, deliciosos momentos
que serão lembrados com carinho
no futuro. A Tramontina lançou re-
centemente o Kit Jardinagem, com-
posto por 13 peças, para quem de-
seja iniciar este contato com a terra
e as plantas.
 Comportamento
Bianca Martins
biancamartins@infans.com.br
Menos selfies e mais vida real
EU ADORO POSTAR FOTOS MINHAS
E DA MINHA FILHA NA INTERNET,
MAS TENHO ME PREOCUPADO
QUANTO AOS LIMITES. SERÁ QUE
ESTOU A EXPONDO DEMAIS? MEU
MARIDO VIVE CHAMANDO MINHA
ATENÇÃO. MAS ACHO TÃO LINDO
TUDO O QUE ELA FAZ...
Fabiana, 32 anos
Caro leitor mande sua pergunta:
biancamartins@infans.com.br
Fabiana, “Menos seles e mais real lives”
Fabiana, eu quei estarrecida ao desco-
brir que o ato de expor os lhos na inter-
net tem nome, é o sharenting que é um es-
trangeirismo, a fusão de duas palavras sha-
re (compartilhar) e parenting (paternidade/
maternidade).
Eu imagino que quando você era crian-
ça suas fotos cavam guardadas numa ál-
bum que, certamente, sua mãe mostrava
às visitas e que muitas vezes te deixavam
Cotidiano
Luciana Almeida
lucianalmeida@hotmail.com
Música
e paladar
Fui almoçar com duas amigas em um res-
taurante charmoso, boa comida, vista bo-
nita, excelente serviço, mas com uma apre-
sentação de música ao vivo que causou
grande incômodo. Uma situação é esco-
lhermos um bar ou restaurante com a in-
tenção de assistirmos a uma apresentação
especíca, de determinado artista. Outra,
constrangida. É muito difícil para a criança
quando os pais falam sobre ela com outras
pessoas que não sejam do círculo íntimo.
Se você está preocupada com os limites,
isso é um bom sinal. E, se escuta seu marido,
melhor ainda. A imagem e a intimidade das
crianças são questões que devem ser resguar-
dadas pelos pais, pela família e pelo estado.
Muitas famílias, infelizmente, têm os -
lhos muito mais numa resposta às rivaliza-
ções que possuem com seus próprios pais,
do que com o desejo genuíno de educar e se
responsabilizar por uma criança.
Nessa competição geracional que busca a
reparação infantil da criança que fora outro-
ra, muitas jovens famílias extrapolam os limi-
tes, numa tentativa de garantir aos lhos tudo
o que não tiveram. Mas, o que não sabem, ou
desejam escamotear, é que em se tratando da
educação dos lhos, não há garantias.
.
Essa nova geração de famílias comercial
de margarina é um indicativo disso, infeliz-
mente. Lindos, perfeitos, bem alimentados,
bem vestidos, e muito expostos. Excessiva-
mente expostos.
bem diferente, é ser exposta a um som
alto, de qualidade duvidosa e repertorio
aleatório. Tenho vários amigos artistas e
sei que estamos vivendo um momento di-
fícil e a classe artística está sendo muito
afetada. Sou solidária a essa causa, mas
acredito que os donos restaurantes preci-
sam fazer escolhas seletivas, analisar o pú-
blico, o estilo do restaurante antes de con-
tratar uma apresentação.
Música com comida é um assunto relevan-
te, estudado na Oxford University. Uma es-
pecialista dessa Universidade, Janice Wang,
@infans_es
Bianca Martins é psicóloga, psicanalista,
mestre em Saúde Coletiva, entusiasta
da maternidade e da paternidade.
Pesquisadora, escreve sobre os bebês,
as emoções, os comportamentos, os
conflitos e dilemas contemporâneos desse
universo vasto e rico do tornar-se família.
Alguns leitores irão me dizer que pergun-
tam aos lhos se podem postar uma foto. O
que é ótimo, anal, autorização do uso da
imagem é uma das primeiras formas de se co-
nhecer autônomo na relação com o outro. Daí
eu devolvo a pergunta: Seu lho tem maturi-
dade necessária para entender o alcance que
“o novo álbum de família público” irá tomar?
Essa semana uma paciente, que é vivaz,
inteligente, espontânea de 11 anos, me con-
ta o seguinte sonho. Estava no meio de um
círculo de estranhos que riam e zombavam.
Ela recorta que havia muitas luzes piscan-
do e que ela estava nua. E o quanto aquilo
a angustiava.
Sonhos de angústia são esperados na
passagem da infância para a adolescência.
E estar nu é estar completamente vulnerá-
vel. Será que não estaríamos, ao expor nos-
sas crianças, numa “mostração” de como te-
mos bons frutos, vulnerabilizando seus psi-
quismos? Como diz uma querida e prudente
amiga: “menos seles e mais real lives”. E os
limites, minha cara, começam dos pais para
os lhos, e não o contrário.
Luciana Almeida é jornalista e tem um
olhar atento sobre comportamento,
arte, relacionamentos e lifestyle.
Compartilha as suas ideias sempre com
a intenção de criar ambientes favoráveis
ao desenvolvimento das pessoas.
disse: “A música pode mudar o sabor que as
pessoas percebem na comida. E um deniti-
vo pecado capital é a música alta, esta invia-
biliza qualquer tentativa de conversa e leva
os solitários ao desespero…”
Quando decidimos por um restaurante,
buscamos um momento de prazer, boa co-
mida, relaxamento e interação com amigos
ou até mesmo de contemplação com a nos-
sa pessoa. Penso que, assim como controla-
mos a temperatura do ar-condicionado, de-
vemos fazer o mesmo com o volume e a qua-
lidade da música.
12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020 | 19
 Crônica
SHUTTERSTOCK

Maria Sanz
marysnt@hotmail.com

Do poder
da sutileza

A
urélio, o dicionário, diz que
sutil é aquele muito astuto ao
agir...
Aquele que se movimenta
silenciosamente, que insinua e desperta
curiosidade, mas sem alarde.
Que sutil é aquele de grande talento,
dotado de humor inteligente... Perspicaz.
Que o sutil é feito com arte –– e é,
por isso, capaz de se inltrar em todas
as partes.
Sutil é a natureza do amor. Concluo
.

por mim.
Mas não o amor cauteloso, aquele medi-
do estrategicamente em doses, racionado
por medo de que se acabe. Falo do amor
que é uma “qualidade”, um estado de es-
pírito devoto à própria vida. Percebe? O
amor condicionado a quaisquer circuns-
tâncias é, na verdade, uma transação, uma
conveniência, um projeto, um arranjo, um
bem bolado...
Porque o amor, atente, não costuma ser
conveniente. Ao contrário. Ele toma a vida
e determina: você tem que entregar a si
mesmo.
Nota, existe um Sadhana do Sadhgu-
ru que diz assim: “o amor nunca acontece
entre duas pessoas. O amor acontece den-
tro de você, e sua interioridade não preci-
sa ser escravizada por alguém ou por algu-
ma outra coisa. Tente por quinze minutos
ou mais: vá se sentar com algo que não sig-
nique nada pra você agora –– talvez uma
árvore, uma pedra, um verme ou um inse-
to. Faça isso por alguns dias seguidos. De-
pois de algum tempo, descobrirá que pode
enxergá-lo com tanto amor quanto sua es-
posa ou seu marido, mãe ou lho. Talvez o
verme não saiba disso. Não importa. Se pu-
der olhar para tudo com amor, o mundo in-
terior se tornará belo em sua experiência.”
Voltando, a sutileza da natureza do
amor que falo vem dessa devoção à inte-
ligência da vida. Uma aceitação comple-
ta, que se transforma na experiência mais
doce possível. Um estado contemplativo
e vivaz ao mesmo tempo. Desperto, mas
não conclusivo. E perceptivo só que sem
objetivos.
E quanta magia não acontece quan-
do acessamos este estado amoroso,
simplesmente?
*Eu mesma, ontem, sem querer, soprei
um beijo de bom dia para o Bacana, um
moço querido que lava os carros de todo
nosso bairro (e ele naturalmente enten-
deu nada); mandei uma mensagem de
agradecimento para meu ex-marido; pas-
sei meia hora observando o farfalhar das
folhas de uma árvore; levei uma hora
preparando um sanduíche de pastrami;
tomei um banho da lama do fundo de
um rio; bebi Campari; escrevi um poe-
ma; quei cheirando meu lho enquan-
to ele dormia; passei de mãos dadas e
de pés descalços por uma trilha igualzi-
nha a que visitei num antigo sonho indí-
gena; vi um reexo nítido na sutileza de
alguém com coragem de ir além... Vi o
azul não muito escuro na camisa. Suspi-
rei longamente. Ainda suspiro.
Porque o dom da vida é intuitivo. Não
pensa, sente. Não procura, acha. Não quer,
ganha. Sem pressa, sem pausa. Num mo-
vimento silencioso, que insinua e desper-
ta. Mas não faz alarde. E, sobretudo, é su-
til como arte – e não por outra, está e res-
plandece por tudo quanto é parte.
Por isso, pratica. Aceita. Entrega. Tece.
Amor-tece: coloca o pé, sutilmente.
Que o Universo põe o chão, comparece.

20 | 12 E 13 DE SETEMBRO DE 2020
.