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Aequitar 404 YSQ/AS MANIFESTO DOS EDUCADORES E EDUCADORAS DO PROGRAMA DE EDUCACAO, INTEGRAL (PROEI): Pela Consolidagéo da Educagao de Tempo Integral na Rede Estadual de Ensino da Bal AO GOVERNO A oferta de educagao Integral na Rede Estadual da Bahia foi regulamentada pela Portaria n° 249\2014 determinando a inclusao de 59 escolas publicas da capital e do interior. Quando do langamento do ProEl o governo do Estado da Bahia revelou claramente seu posicionamento favoravel ao citado programa como uma das estratégias da Secretaria de Educagao do Estado. Na ocasiéio foram langados 10 Compromissos para Fortalecer a Escola Publica na Bahia, do Programa Todos pela Escola. E um destes compromissos versava exatamente sobre execucao de uma politica de Educacao Integral para o Ensino Fundamental Il ¢ para 0 Ensino Médio da Rede Estadual, a partir da ampliagdo dos espagos e tempos de formacao dos estudantes na escola. Passados 19 meses apés 0 langamento do PROEI, a pergunta que fazemos ao excelentissimo senhor Secretario de Educagao do Estado da Bahia, Osvaldo Barreto e ao excelentissimo senhor Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, é a seguinte: se, diante dos desafios e deficiéncias verificadas nas unidades escolares do programa, congeguiremos consolidar a Educagao Integral no Estado da Bahia? VIESES HISTORICOS E TEORICOS Ye ano era 1950. O dia, 21 de setembro. No paitio externo de uma das escolas do Centro Educacional Carneiro Ribeiro reuniam-se 0 governador Otavio Mangabeira, o secretario de Educagdo Anisio Teixeira e outras autoridades, em meio ao povo que acompanhava a cceriménia de inauguragao da primeira experiéncia de Educaco Integral brasileira sob os ‘cuidados do poder piblico, Anisio dectarou: “Tudo isso soa como algo de estapafirdio e de visionario, Na realidade, estapafirdios e visionérios sao os que julgam que se pode hoje formar uma nagao pelo modo por que estamos destruindo a nossa. Todos sentimos os perigos de desagregacao em que estamos imersos. Essa desagregacéo nao é uma cpinido, mas um fato; um fato, por assim dizer, fisico, ou, pelo menos, de fisica social. Com efeito, muito da desagregacao corrente provém da velocidade das transformagdes por que estamos passando. A prépria aceleragéo do tempo de processo social produz os deslocamentos, confusdes ¢ subversées a que todos assistimes e a que temos de sae Se, ticle aie Wes 4/09 je ts Ceesegiomert remediar. O remédio, porém, no é facil, antes duro, aspero e dificil. A tentagao do paliativo ou da panacéia, por isto mesmo, inevitavel. E ha os que, parece, estdo convencidos da inevitabilidade da desagregacdo, pois de outro modo nao se explica aceitarem tao tranquitamente o paliativo que, no maximo, produziré aquele retardamento indispensavel para Ihes ser poupado assistir, individualmente, a deblacle final. Em volta de si, vé escolas improvisadas ou desorganizadas, sem vigor nem seriedade, alinhavando programas e dis- tribuindo, de qualquer modo, diplomas mais ou menos honorificos. Como acreditar em ‘escolas? Tem razo 0 povo brasileiro’. O educador baiano revelava sua preocupagao por estar fundando uma nova era na educacao publica através de uma obra que ofertaria as classes mais necessitadas uma educacao qualificada e que os langaria em uma nova realidade formativa € social. Anisio, naquele instante, respondia também aos teus criticos, que resistiam afirmando que este projeto era custoso e desnecessério para usufruto do Povo. Respondia criticamente que era vidvel a educago com uma infraestrutura de exceléncia, a exemplo do se verificou na Escola-Parque, vitrine do projeto que se iniciava e desejava ampliar para mais uma dezena de centros educacionais com similar proposta. Nao houve tempo para isto. As forgas politicas € socials que se moveram nos anos seguintes escantearam a magnifica obra, que resiste ao longo do tempo mais pela forca da ideia inicial do que por incentives materiais. Contudo, por que Anisio insistia na ideia da Educagao Integral? Ele acreditava que a democracia seria aperfeioada através de uma ‘agéncia especial da sociedade, a qual seria a escola publica, que abalaria uma educagao arcaica, advinda de um passade nacional que protegia interesses de classe. Esta nova escola nascida das discuss6es conceituais sobre o Brasil e seu sistema de educacao, teve ho Manifesto dos Pioneiros de 1932, um momento de andlise profunda e detalhada. Uma escola que promovesse a laicidade, a gratuidade e a coeducagao, em uma sociedade ‘extremamente carente de quase tudo, principalmente de um desenvolvimento humano que fosse capaz de superar as tragédias nacionais da fome, da desnutri¢ao de criangas, do analfabetismo, da exploragao do mundo do trabalho, do desrespeito aos direitos essenciais do cidadao, Era um pais a ser reconstruido, sobretudo porque era uma época entre guerras e entre crises de natureza financeira, exigindo do Brasil uma reorientagdo dos tumos nacionais. As classes trabalhadoras encontravam-se @ margem do mundo. Os direitos trabalhistas estavam sendo forjados. Havia uma necessidade perene de incluso social através da escola em mundo industrializado que renovava suas técnicas de produgao e de desenvolvimento. As classes populares possuidoras de uma tradigéio oral estavam sendo langadas em um paradigma do audiovisual, e Anisio conseguiu fazer esta leitura ao perceber que geragées inteiras poderiam nao cruzar a tradigao escrita, o que caberia ao Estado fazer e cuidar desta caracteristica cultural do povo brasileiro. O sistema de ensino avangou e ampliou-se. Foram ofertadas matriculas em trés turnos de estudo. Escolas foram construidas ao longo de duas décadas. Professores e educadores foram formados e ingressaram no servigo piblico. Entretanto, o sistema nao primou pela qualidade. Reproduzimos uma escola em modelo do século anterior com uma forma arcaica de ensino através da exposicao oral e reprodugao verbal, A escola ainda refletindo 0s interesses dos privilegiados porque nao avangou o curriculo € nao foram feitas as transformagées necessérias para admitir as necessidades dos desfavorecidos, como dizia Anisio, Pouco foi feito para mudar a historia da sociedade na época, e 0 sistema de ensino ao invés de promover uma revolugdo a partir desta agéncia especial, replicou os vicios do nosso diagrama social, consistindo téo somente que os mais pobres pudessem ingressar na escola, mas sem operar grandes transformagdes. A democracia, portanto, estaria fragilizada do ponto de vista da participagao popular em razéo de uma formagao escolar precaria sem oferecer ao sujeito as ferramentas necessarias para viver sua cidadania. A plenitude desta proposta seria completada com a abordagem acerca do saber voltado para a totalidade das coisas do mundo, reunindo o sujeito em suas dimensoes humanas que sente e faz, e de humano que racionaliza e empreefde — o dualismo questionavel do saber grego estaria agora em xeque por conta da existéncia no sistema escolar brasileiro de condigées favordveis ao conhecimento experimental capaz de reunir a pratica e a razao. Esta filosofia de educacao defendida pelo educador pode ser contemplada, guardando as proporgées, na experiéncia-laboratério da EscolaParque de Salvador, no sistema educacional de Brasilia, nos CIEPs de Darcy Ribeiro, nos CEUs de Marta Suplicy. Todos estes espagos da experiéncia da Educagao Integral compreenderam que € necessério um pesado investimento no setor. Boa educagao nao pode ser barata - tem de ser cara, como a guerra, como o proprio Anisio ja disse. Mas, a realidade nos impde dessabores porque as condigbes pelas quais © povo sempre esteve a margem dos processos histbricos fora porque a ele foi dado o lugar da subaltemnidade. E estas condiges desfavoraveis de opressao ainda persistem no sistema educacional. Paulo Freire reagiria veementemente contra esta realidade sistémica que ‘ainda mantém a condigao de oprimide daqueles que usufruem da nossa escola publica. A atual situacao, destacadamente a infraestrutural do sistema, contribui para que os jovens estudantes ndo consigam superar os fatores histéricos de exploracdo. Como o estudante oprimido de hoje conseguira enfrentar as contradigdes e os condicionamentos e se langar ‘em uma agao de liberdade se as condigbes da escola publica, especialmente da Educagao Integral no séo as mais favoraveis? Como este sujeito conseguir restaurar sua humanidade, subtrair sua consciéncia hospedeira, transformar o opressor, dotar 0 mundo de generosidade, se as condigées de desenvolvimento humano e social no ambiente escolar nao sao favoraveis? Como lutar em direcao a uma liberdade, a uma praxis libertadora, sem as ferramentas ideias? Como ser 0 outro, sem ser uma coisa sob 0 controle do opressor se o sistema escolar & incapaz de doti-lo desta visao? Como combater uma realidade opressora do mundo se a realidade opressora esta na escola piiblica? Como promover uma ago reflexiva deste sujeito se a escola nao foi montada para oferecer tal condigéo? Como vislumbrar uma praxis, dispositive que determina uma ago em um espago que nao prima pelo movimento? Paulo Freire jd fez estas perguntas e nos pedi respostas que até agora nao temos. A pedagogia do homem perdeu-se no tempo do caos que ainda persiste em muitas escolas do sistema publico desse pais. ProEI na Bahi Concepgées ¢ Finalidades - A concep¢ao do ProEl 0 contexto dos marcos legais da politica de Educagao de Tempo Integral no Estado Nés - educadores, gestores e autoridades - nao fomos capazes de responder aos desafios colocados por Freire, & mesmo nesta incapacidade de prever os problemas que poderiam se acumular na esteira de execugéio de um complexo programa de Educacao Integral, seguimos com 0 intento € legitimamos as normas da proposta. Os marcos legais que justificam a formagao do sujeito na sua integralidade e para sua emancipagao humana e social sao 05 seguintes: @ Constituigao Federal no artigo 205, 0 qual determina que a educagao, visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para 0 exercicio da cidadania e sua qualificacdo para o trabalho. A LDB no seu artigo 34, fala da jomada escolar que deve incluir pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula com possibilidades de ampliagao do periodo de permanéncia no ambiente escolar. O ECA no artigo 53 trata da permanéncia da crianga e adolescente na escola com desenvolvimento integral. O Plano Nacional de Educagao, Lei n? 10.179/01, no seu artigo 21, contempla a ampliagao progressiva da jomada escolar a fim de expandir a escola de tempo integral com sete horas diérias e numero suficiente de professores e funciondrios. © FUNDEB, Lei n? 11.494/2007, determina ¢ regulamenta a educagao basica em tempo integral nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental (art.10, § 3°), e ainda normatiza o aporte de recursos para sustentar este sistema, No ambito do Estado da Bahia os marcos legais que justificam a Educagao Integral sdo: a Portaria N° 1.128/2010 que estabelece “Escola de Tempo Integral" como um dos projetos referendados pela Secretaria da Educagao, 0 Compromisso de nimero 3 publicizado pelo Governo Estadual no inicio de 2014, que trata da Educagao Integral, e a Portaria N° 249/2014 que funda as bases legais do ProE| A Secretaria de Educagaio do Estado com estes marcos legais, que legitimam o valor estratégico do ProEl, assegurou um programa politico-pedagégico-social que em termos de potencialidade podera consolidar os ideias do manifesto da Escola Nova de 1932 em tomo da escola publica, gratuita e de qualidade. Cenario da Super-Vulnerabilidade Social Todavia, toda esta engrenagem & maquina desajustada e viciada se nao for analisada as questdes sociais imbricadas as questdes de politica publica. Esta escola pouco fez para reverter um quadro de super-vulnerabilidade social. A escola, dentro dos desafios contradigSes colocados para ela, constituise em um lugar da vulnerabilidade, sem ‘empoderamento de fato capaz de auxiliar a obra social no sentido de contribuir na redugao de numeros terriveis, por exemplo, da violéncia que atingiu a nossa sociedade nos ultimos anos. Somos uma sociedade em crise. Qual serd o papel da instituigao escolar diante de uma realidade social arriscada, sobretudo, para os jovens? Analisando o mapa da violéncia “Jovens do Brasil 2014”, publicado pela Secretaria-Geral da Presidéncia da Repdblica, pela Secretaria Nacional de Juventude e pela Secretaria de Politicas de Promogao da Igualdade Racial, auferimos os seguintes dados que podem nos levar ao entendimento de que falhamos em algum momento neste processo civilizatério da sociedade brasileira € especialmente a baiana. A luz vermelha da morte e do exterminio esta acesa para nos exigir no minimo uma reflexdo que nos leve para outro patamar de desenvolvimento humano e social. Segundo este mapa da violencia, no estudo sobre Ordenamento das Capitais por Taxas de Homicidio Juvenis por 100 mil habitantes, em 2012 a cidade de Salvador ocupou o ° lugar com 138,5% dos crimes. Em estudo sobre crescimento das taxas de homicidio referente A Populacao Total das Capitais, 2002/ 2012, Salvador ficou em 3° lugar com 161.3%. Ja estado da Bahia no estudo Ordenamento das UFs segundo is taxas de homicidio juvenil, em 2012, ocupou o 5° lugar. E no perfodo de 2002/2012, no estudo de Crescimento das taxas de Homicidio na Populagao Jovem por UF, a Bahia estabeleceu 0 2° lugar com 249,0%. Apreende-se desses nimeros que 0 homicidio de jovens contribuiu no aumento dos indices gerais de violéncia na capital baiana e no Estado da Bahia, levando-nos a impresséio de que os jovens baianos vivem para morrer. © que pensar sobre a magnitude desses niimeros? Convenhamos que de algum modo 0 nosso proceso civilizador tem conduzido estes jovens para a morte. Além de serem os oprimidos, do mundo, aqueles que o sistema busca um controle de mode a usufruir a0 maximo de sua energia ¢ juventude, este mesmo sistema determina como e quando devemos aniquilar os mais jovens desse pais. Ao lado dos nimeros do mapa da violéncia juvenil de 2014, tentemos avaliar outros dados de modo a descortinar o real. Segundo 0 Conselho Nacional de Justiga existe hoje no pais um total de 711.463 pessoas presas em um sistema carcerdirio esgotado @ deficiente que nao consegue acompanhar a demanda de processos que se acumulam na Justia. Hé ainda projegdes que demonstram que este numero superara a casa do milhao 0 que coloca em colapso o sistema prisional. Destes nimeros podemos também entender em quais alicerces estamos mantendo a nossa civilizagao Quando nao esvaziamos a vida dos nossos jovens nas salas de aula do pais, montamos um complexo sistema de punigao e custédia que’ nao reduz os dramas pessoais nem familiares. E quando nao punimos, simplesmente matamos através dos nimeros revelados sobre 0s jovens mortos nos titimos anos. Mas, em que consiste 0 sentido da vida quando a morte é certa para quem tem pouca expectativa de vida? O que estamos fazendo para frear esta quimera dos nossos dias que nos impoe um caos urbano com crime, inseguranga e desumanizacdo? Se estamos matando nossos jovens ou testemunhando seu exterminio, qual seria a nossa posigao a partir de agora? Porque do modo como estamos concebendo as nossas politicas publicas ouCd efeito tem provocado na transformagao da realidade. Esta questao é colocada para nés servidores da causa publica. Esta pergunta nos cabe. Na esteira das mudancas sociais podemos admitir sim que houve alguns avancos a exemplo das politicas afirmativas de cotas para negros, indios e alunos de escola publica para acesso as universidades piblicas do pais, ou na politica de assisténcia 4 vulnerabilidade social através da Bolsa Familia. Mas 0 que buscamos compreender e revelar neste Manifesto € 0 nosso horror diante de uma certa impoténcia que abate o setor da educagéo ptblica, que poderia desenvolver aquela agéncia especial — a escola — que promoveria as, transformagées essenciais para o Brasil e seu povo caminharem para um desenvolvimento humano satisfatério, dialogando com a sustentabilidade e com os avangos tecnolégicos da contemporaneidade. ProEI na Bahia: Cenarios, Realidades, Desafios e Perspectivas E 0 ProEl? E as escolas de Educagao Integral? Para que servem se nao serdo capazes de contribuir efetivamente no combate aos males que atingem os mais necessitados? A integralidade defendida pelo programa ProEl esta atingindo aos estudantes, ou é s6 letra morta, parte de um discurso de um plano pedagégico que nao alcanca a realidade ¢ nao alcanga 0 mundo? A Secretaria de Educagao do Estado da Bahia, na pessoa do senhor Secretério, defende a proposta de “garantir 0 direito @ educagdo e ao aprender das criangas, dos adolescentes € dos jovens baianos, ressignificando a importancia social ¢ institucional da escola na formacao plena dos cidadaos [...] contribuir para a formagao do sujeito na sua integralidade e para sua emancipagdo humana e social’. Como realizar e garantir uma obra complexa de formacao de um sujeito na integralidade sem as ferramentas essenciais de trabalho? Na prética as escolas esto em serissimas dificuldades para implantagao de forma efetiva © com qualidade da referida proposta em razao da inexisténcia, principalmente, dos ‘elementos materiais. Entretanto, mesmo diante desta realidade precéria, estas escolas ndo tam recuado do seu comprometimento pedagégico no movimento de qualificar a Educagéo Integral na Bahia. © mais contraditério neste cenario é que o Plano Estadual de Educagao da Bahia (2006-2016), aprovado pela Lei n° 10.330/2006, ja previa a implantagao da Educagdo Integral. © PEE constituiu-se em um documento de referéncia no ultimo decénio, sendo discutido e elaborado pelos diversos segmentos da sociedade baiana para efetivagdo de uma escola democratica para todos, sobretudo, com objetivos e metas gerais, que deveriam ter sido alcangados, a exemplo de: 1. Garantir recursos financeiros e materiais necessarios 4 execugao do projeto politico pedagégico das escolas; 2. Prover, de coordenador pedagégico, 100% das unidades escolares, no prazo maximo de trés anos; 3. Garantir infraestrutura fisica e pedagégica, no prazo de trés anos, a tadas as escolas, para atendimento adequado a todos os alunos e cumprimento das metas contidas no Projeto Politico-pedagégico da Escola, incluindo: a) recursos humanos, pedagégicos, administrativos e de apoio; b) espago com iluminagao, ventilacao, rede elétrica e seguranga; ©) instalagoes sanitarias e de higiene; 4) espagos para esporte, recreagao, biblioteca e servigo de merenda escolar, €) adaptagées fisicas para atendimento dos alunos portadores de necessidades especiais; f) atualizacao e ampliagao dos acervos das bibliotecas; 4) mobilério, equipamento e materiais pedagégicos: h) telefones e servico de reprodugao de textos; i) informatica para 0 ensino (equipamento multimidia, internet hipertexto, softwares educativos e outros); 4, Assegurar que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 50% e, em 10 (dez) anos, a totalidade das escolas disponha de equipamentos para 0 uso das tecnologias na modemizagao da administragdo e apoio melhoria do ensino e da aprendizagem; Contudo, estes objetivos e metas citados, essenciais para consolidar uma escola piblica de qualidade e de Tempo Integral na Bahia, nao foram alcancados. E por que nao foram? ‘A Secretaria de Educagao do Estado da Bahia, através do ProEl, projetou as condigoes infraestruturais essenciais para a consolidagao da Educagao Integral: "toma-se condigao sine qua non a constituigao de varios movimentos articulados, como a revitalizagao infraestrutural da escola (construgao e adaptagao de espagos: refeitério, banheiros, quadra poliesportiva, biblioteca, laboratérios)”. As unidades de Educagao Integral responsabilizam- se por jovens da faixa etaria entre 11 e 17 anos, em média, em carga hordria ampliada de sete horas didrias, com uma infraestrutura precéria, sobretudo em relagdo @ engenharia elétrica e predial, com capacidade limitada de tecnologia - equipamentos em quantidade e qualidade aquém do necessario -, com abalo no provimento de pessoal de apoio e servigos gerais, na sua maioria terceirizados, com atrasos sucessivos de saldrios e desrespeito aos seus direitos trabalhistas basicos, com uma categoria de professores ainda em estado de desmotivagao em razdo das questes infraestruturais sinalizadas e das querelas relativas a politica salarial que teve na greve de 2012 um ponto nevralgico, cujos sintomas permanecem e se replicam —, perguntamos ao excelentigsimo senhor Secretério de Educacdo, Osvaldo Barreto bem como ao excelentissimo senhor Governador, Rui Costa, como nés professores e gestores destas unidades avangadas (Porque vanguardistas) seremos capazes de consolidar 0 ProEl sem uma assuncao de responsabilidades do Orgao Central? Sabemos que a Educago Integral de Tempo Integral é um devir, pois é um proceso aberto, um caminho ainda a ser trihado, com uma participagdo convicta e comprometida, com corresponsabilidade de todos os envolvidos: estudantes, professores, servidores, gestores, familia, comunidade, inclusive do governo — nao obstante, entendemos que algumas situagdes e caréncias das unidades Pro! poderiam ser sanadas ou amenizadas se 08 devidos encaminhamentos e criticas fossem efetivamente acolhidos pela atual COORDENAGAO DE EDUCAGAO INTEGRAL (CED!) da Secretaria de Educacaio do Estado da Bahia Nessa perspectiva de conviegao em tomo da Educacao Integral, foi criado o COMITE DAS ESCOLAS DE EDUCAGAO DE TEMPO INTEGRAL DO ESTADO DA BAHIA, em 12 de novembro de 2014, no Auditério do Instituto Anisio Teixeira (IAT), durante 0 6° Encontro de Formagao, com a presenga de representantes das 59 escolas, que implantaram 0 ProEI no mesmo ano, e com a condugdo do Coordenador Prof. Analdino Pinheiro Silva Filho e equipe. Este Comité foi criado com 0 propésito de ser um 6rgdo de natureza técnica, consultiva, fiscalizadora € mobilizadora para as questées relativas 4s Polticas Publicas de Educacao e Tempo Integral. E forum permanente de debate sobre os assuntos inerentes, na tentativa de ajudar as Escolas e a Coordenagao de Educacao Integral (CEDISEC-BA) a garantir a todos os seus estudantes o direito @ educagao em todas as dimensdes da integralidade, e com vistas a encampar qualquer luta justa em pro! da educagao publica, especialmente, da Educagao Integral. Com vista no atual cenario das escolas envolvidas, do forte movimento pela Educacao Integral no Brasil, na proposta do atual Governo Estadual tendo como meta a ampliago das Escolas de Educagao e Tempo Integral, juntamente com o langamento do Projeto Educar para Transformar de 2015, que tem como preocupagao o fortalecimento da educagao basica, bem como 0 PNE do Govemo Federal, com metas para serem alcangadas até 0 ano de 2024, inclui e faz saber na Meta 6 a oferta de educagao em tempo integral em, no minimo, 50% das escolas piblicas do pais — meta esta que deverd ser contemplada pelo novo PEE = que o Comité junto com as 59 escolas que ofertam a Educagao de Tempo Integral, se manifestam na tentativa de unir forcas em parceria com Governo, através do excelentissimo senhor Secretario de Educagao, Osvaldo Barreto e do ‘excelentissimo senhor Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, no compartithamento de agdes que deverao asseverar um aumento de tempo e qualidade de aprendizagem efetiva, contribuindo para a defesa e CONSOLIDACAO da Educagao Integral como parte de uma politica publica promotora de uma transformacao social, pondo fim aos dispositivos que fomentam a opresséo dentro sistema publico escolar, que tanto fragilizam uma pedagogia do Homem, como dizia Freire, ou debiltam a educagao democratica, como dizia Anisio, defensor que era de uma escola que deveria formar pequeninos Sécrates. Esta é a grande revolugao, senhor Secretario, que esperamos de um governo que historicamente detém preocupagées com as causas sociais, possa operar as mudangas esperadas por décadas pelo povo baiano, 0 que representaria um marco na evolugao da Historia da Educagao da Bahia e visando contribuir para uma sociedade igualitéria e mais humana Bahia, julho de 2016.

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