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Manipulador de dormentes rodoferroviário

Clerildo Vieira¹, Decio Vincenzi²*, Helder Torres³


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Engenharia Ferroviária | Railway Engineering - Vale S.A.
Praça João Paulo Pinheiro, s/n,35010-330 Governador Valadares, MG - Brasil
2
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3
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Av. de Ligação, 3580, Predio 4, MAC, Nova Lima /MG, CEP: 34.000-000
T. 55 (31) 3916-2110 Carrier: 917

e-mail: 1º clerildo.vieira@vale.com, 2º decio.vincenzi@vale.com, 3º helder.torres@vale.com

Resumo Com o constante acréscimo de volume de carga e a necessidade de sermos cada vez
mais seguros e produtivos em nossas operações, a Engenharia Ferroviária da Vale em parceria
com um fornecedor de longa data, desenvolveram um equipamento para substituição de dormentes
de forma versátil e eficiente. O problema surgiu na substituição de dormentes de madeira sobre
pontes não lastradas e a solução para esse problema se estendeu também para outras aplicações
mais amplas. O equipamento foi fabricado utilizando como base uma mini escavadeira consolidada
no mercado nacional e adaptada com sistema ferroviário, atracadores hidráulicos, sistema tracklift e
lança manipuladora de dormentes com sistema auxiliar de vibração que propicia a substituição dos
dormentes de forma eficiente e segura.

Palavras-Chaves: Via Permanente, Dormente, Manipulador.

1. INTRODUÇÃO

O processo de troca manual dos dormentes


em pontes não lastradas é considerado uma
atividade de alto risco bem como de baixa
produtividade. Primando pela excelência na
execução da tarefa de substituição deste tipo
de dormentação buscou-se desenvolver no
mercado nacional um equipamento que
provesse o aumento de segurança e
produtividade para a realização desta
atividade. Todo o processo teve como inicio de
estudo a substituição dos dormentes da ponte
do Terminal Ilha de Guaíba (TIG) sendo uma
ponte não lastrada sem plataformas laterais
livres conforme a seguir:

Fig.1 - Ponte entre o a Ilha de Guaíba e o continente


Fonte: Autores

A proposta concebida foi de mecanizar o


processo para ganhos de produtividade e
reduzindo riscos com segurança e ocorrências
ambientais.
2. CENÁRIO ATUAL Fonte: Fabiano Batista

Os serviços de manutenção da via 3. PROPOSTA DE PROJETO


permanente utilizados nas pontes não
lastradas são basicamente executados Após visita técnica de especialistas da Vale ao
manualmente e com algumas operações de Terminal Ilha de Guaíba, foi identificada a
carga dos dormentes, retirada dos trilhos e necessidade da substituição de toda a
contratrilhos de forma semimecanizada de dormentação da ponte que liga a ilha ao
operação. continente.

A ponte possui aproximadamente 1700 metros


de extensão, com a superestrutura metálica,
tendo a instalação dos dormentes diretamente
sobre as vigas, sendo efetuados entalhes na
parte inferior dos dormentes de forma a
garantir o alinhamento e nivelamento da grade
além da resistência lateral da via conforme
segue:

Fig.2 - Troca manual dormentação Viaduto EFVM


Fonte: Fabiano Batista

Fig.3 - Troca manual de dormentes em viaduto


EFVM Fonte: Fabiano Batista

Fig.5 - Detalhe do entalhe nos dormentes


Fonte: Autores

A quantidade de dormentes sobre a ponte é de


aproximadamente 4000 unidades, cujas
dimensões são de 3,30m x 0,25m x 0,25m,
contribuindo com a complexidade de sua troca
manual.

Toda esta configuração impossibilita a troca


dos dormentes de forma pontual, contribuindo
para um aumento do risco de falhas e aumento
de custo, uma vez que as substituições devem
Fig.4 - Manipulação manual de dormentes ocorrer a eito, devido à necessidade de se
retirar os trilhos de rolamento, contratrilhos e capacidade técnica de produzir um
calhas. equipamento que atendesse as necessidades
de forma segura e versátil.
Em linha com os valores da empresa, além dos
desafios acima citados acrescenta-se a Na primeira concepção proposta pelo parceiro
necessidade de evitar a queda destes a ideia é que o equipamento utilizado fosse
dormentes dentro do mar gerando um passivo uma mini escavadeira em função da agilidade
ambiental para a Vale: e baixo peso para ser transportado para outras
localidades. As rodas ferroviárias seriam
instaladas transversalmente às esteiras e o
implemento de remoção seria sob o
equipamento. Após a remoção dos dormentes,
com a utilização do braço da mini-escavadeira,
estes seriam depositados em uma vagonete
especial e uma nova peça seria instalada da
mesma forma.

Fig.6 - Mar sob a ponte do TIG


Fonte: autores

Com o intuito de estender o desenvolvimento


de projetos para todas das ferrovias da Vale,
buscou-se a aplicabilidade deste equipamento Fig.8 - Projeto conceitual
num primeiro momento para a EFVM, que Fonte: Supermetal
possui 31 pontes não lastradas com
possibilidade de utilização deste equipamento.

4. PROJETO CONCEITUAL

O primeiro rascunho elaborado visava um


equipamento com condições de elevar os
trilhos permitindo a pega do dormente, sua
elevação até a liberação do entalhe e o
deslocamento lateral livrando-o das vigas.

Fig.9 - Projeto conceitual - detalhe das rodas


ferroviárias
Fonte: Supermetal

Fig.7 - Primeiro rascunho do desenvolvimento


Fonte: autores

Tendo as condições citadas anteriormente a


área de Engenharia Ferroviária da Vale
buscou um parceiro estratégico com
Fig.10 - Projeto conceitual - detalhe da garra sob o
equipamento
Fonte: Supermetal Fig.12 - Documentação Técnica Mini-escavadeira
CAT 305.5
Fonte: Caterpillar.com

5. FABRICAÇÃO

A fabricação foi dividida em etapas para


facilitar o planejamento do projeto.

Teve inicio com a instalação do sistema


rodoferroviário, com a instalação diferente o
projeto conceito. O local de instalação seu no
Fig.11 - Projeto conceitual da vagonete sentido das esteiras, o que permitiu uma maior
Fonte: Supermetal mobilidade da maquina.

Após a elaboração do projeto conceitual pelo


parceiro, outra rodada técnica fora realizada e
adequações do projeto foram propostas
baseadas na experiência em manutenção
ferroviária pela equipe da área de Engenharia
Ferroviária da Vale.

Tendo sido o projeto validado por todos os


membros participantes, iniciou-se o processo
de fabricação do mesmo.

A decisão de escolha do fornecedor da mini


escavadeira se deu levando em consideração
fatores como: empresa parceira da Vale,
know-how da Vale com equipamentos Fig.13 - Kit ferroviário para CAT 305.5
Caterpillar e desenvolvedor com certificação Fonte: Supermetal
OEM da Caterpillar.
o sistema de elevação e atracamento para
Tendo o fornecedor, realizaram-se os cálculos içamento da grade ou das filas de trilhos foi
de capacidade dos equipamentos possíveis e instalado frontalmente à cabine de operação,
optou-se pelo modelo 305.5 conforme dando maior visibilidade e precisão durante a
documentação técnica do fabricante: operação.
Fig.14 - Sistema de elevação e atracador
Fonte: Supermetal
Fig.16 - Transporte sobre carroceria
Para a ferramenta de remoção dos dormentes, Fonte: Supermetal
tentou-se otimizar a extração e recolocação
através de um conceito já bastante utilizado Dando continuidade à validação, efetuou-se o
por equipamentos de substituição de teste numa linha lastrada, com um lastro semi
dormentes, ou seja, uma garra deslizante, o colmatado.
que permite maior agilidade no processo. O
grande diferencial do dispositivo de remoção
foi a movimentação de inclinação do conjunto
da garra, bem como vibração de todo o
conjunto, facilitando a remoção ou instalação
dos dormentes também em vias lastradas.

Fig.17 - Testes iniciais


Fonte: Supermetal

Fig.15 - Garra para manipulação de dormentes


Fonte: Supermetal

Desenvolvimento de equipamento para


substituição de dormentes em locais críticos
de forma eficiente e segura para a segurança Fig.18 - Extração de dormente de madeira em via
operacional e pessoal e para o Meio ambiente lastrada
Fonte: Supermetal
6. TESTES EXPERIMENTAIS
Como todo teste de protótipo, alguns pontos
Os primeiros teste foram efetuados na EFVM, foram observados durante a operação.
iniciando a validação do desafio proposto ao Foi identificado a necessidade de inclinação da
fabricante, o equipamento foi transportado até garra de pinçamento do dormente, além do
o local de teste em um caminhão e corpo deslizante.
descarregado utilizando o próprio guindaste,
conforme fotos abaixo: 7. PROXIMOS PASSOS

Todo o desenvolvimento foi concebido para


bitola larga tendo como base a ponte do TIG,
mas por questões de logística e facilidades na
programação de testes, o equipamento teve
seu sistema ferroviário concebido na bitola
métrica.
A partir destes testes e destas melhorias
implementadas, o equipamento estará nas
condições de executar os serviços para qual
foi desenvolvido.
O teste em pontes não lastradas ainda não
ocorreu devido a falta de disponibilidade na
EFVM.

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