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2020.

1 Primeiro Período

Contamine-se de Conhecimento

Charles Teruhiko Turuda


Algumas Palavras

O subtítulo desse material de apoio é uma piada minha. Explico. Sou um ferrenho crítico
da ideia de que “ensinar é transmitir conhecimento”. Brinco sempre com isso, fazendo as
pessoas refletirem que conhecimento não é um vírus que contagia quem está perto de
quem sabe.

Para mim, o conhecimento é uma construção, algo que é criado e recriado a cada
momento, através de cada interação com outras pessoas, com a Natureza e com a própria
vida. O papel do professor é auxiliar essa construção.

Embora o conhecimento não seja contagioso, o entusiasmo em aprender pode ser. Desejo
que você perceba toda a energia, toda a alegria e todo o meu empenho em preparar este
material de estudo e de leitura. Tudo foi feito com muito cuidado e afeto. Espero que você
possa desfrutar de bons momentos lendo-o. Momentos igualmente prazerosos aos que
tive, ao produzi-lo.

Esse material está dividido em quatro capítulos, cada um com um tema principal:
movimentos, gráficos, vetores e forças. Esses são os temas mais importantes para serem
estudados no primeiro período do Ensino Médio. Esse estudo pode e deve ser
complementado.

No mais, desejo que você esteja bem e que possa utilizar esse isolamento para aprender
muito.

Vitória de Santo Antão, 10 de agosto de 2020.

Charles T. Turuda.

3
1 Movimento

Simbologia

Para simplificar a linguagem matemática e física, utilizam-se símbolos, geralmente letras,


para representar grandezas. Os símbolos usados neste capítulo são:
⦁ t = instante de tempo [segundo = s].
⦁ s = espaço, lugar [metro = m].
⦁ v = velocidade [m/s].
⦁ a = aceleração [m/s2].
⦁ so = espaço inicial; espaço em t =0 [metro = m].
⦁ vo = velocidade inicial; velocidade em t = 0 [m/s].

Ponto Material

Um ponto material é um objeto cujo tamanho é desprezível em relação às distâncias


percorridas em seu movimento. Por exemplo, um elefante adulto migrando pelo
Continente Africano é um ponto material (Figura 1). Um contraexemplo é um elefante
adulto em uma jaula ou cômodo da casa. Nesse caso, ele é um corpo extenso (Figura 2).

Figura 1 - Ponto material. Figura 2 - Corpo extenso.

Fonte: InfoEscola (2020). Fonte: Outras Palavras (2020).

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Trajetória

Trajetória é o conjunto de todas as posições (pontos) ocupadas pelo ponto material em


seu movimento. Esse conceito é relativo, pois depende do observador. A trajetória de um
ponto material parado é um ponto geométrico.

Repouso e Movimento

Um ponto material está em repouso quando a posição do ponto material não se altera. Um
ponto material está em movimento quando a posição de um objeto muda no decorrer do
tempo. Os conceitos de repouso e de movimento são relativos, ou seja, dependem do
observador. Para um observador, um ponto material pode estar parado e, para outro,
pode estar em movimento.

Figura 3 - Relatividade.

Repouso e Movimento

A mochila está parada em relação ao


dono, pois está nas costas dele o
tempo inteiro. Entretanto, para um
observador parado na rua, a mochila
está em movimento, pois a posição
dela modifica ao longo do tempo.

Fonte: Pikrepo (2020).

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Tipos de Movimento
Figura 4 - Classificação dos Movimentos.

Uniformemente

Não
Uniforme
Não Uniformemente
Circular

Variado
Circular

Velocidade
Curvilíneo Retrógrado
(Critério)

Retilíneo Progressivo

Trajetória Sentido
(Critério) (Critério)

Movimento

Fonte: autor (2020).

Pelo critério do sentido de movimento, os movimentos podem ser progressivos ou


retrógrados. Essa classificação só é usada em trajetórias numeradas com posições
escalares. O movimento é progressivo se ele é “para frente”, ou seja, se os números de sua
posição aumentam. O movimento é retrógrado se ele é “para trás”, ou seja, se os números
de sua posição diminuem. Como os conceitos de frente e trás dependem do observador,
os conceitos de progressivo e retrógrado também são relativos.

7
Quanto à forma da trajetória, os movimentos podem ser retilíneos ou curvilíneos. Uma
trajetória curvilínea bastante especial e estudada é a trajetória circular.

Por último – mas não menos importante –, usando-se o critério da velocidade,


classificam-se os movimentos como uniformes ou variados. Um movimento é uniforme
quando o módulo (valor) da velocidade é constante e diferente de zero. O movimento é
variado quando o módulo da velocidade muda. Alguns movimentos variados mudam o
módulo da velocidade de modo constante e são chamados de variados uniformemente.
Eles apresentam aceleração constante e diferente de zero.

Movimento Uniforme

O movimento uniforme é aquele no qual o módulo (valor) da velocidade é constante e não


nulo. Observe a tabela a seguir. Ela fornece os módulos das velocidades de acordo com os
instantes de tempo. Note que o valor da velocidade em todos os instantes é igual a 4,6 m/s.

Tabela 1 - Velocidades de um movimento uniforme.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Velocidade (v; m/s) 4,6 4,6 4,6 4,6 4,6 4,6

Em um movimento uniforme, o objeto percorre distâncias iguais em intervalos de tempo


iguais. No exemplo a seguir, o homem percorre 0,3 metros a cada 1 segundo.

Tabela 2 - Posições de um movimento uniforme.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Posição (s; m) 3,0 3,3 3,6 3,9 4,05 ?

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Movimento Variado Uniformemente

O movimento variado uniformemente é aquele no qual o módulo (valor) da velocidade


muda de modo uniforme, ou seja, previsível. Observe a tabela de movimento abaixo:

Tabela 3 - Velocidades de um movimento variado uniformemente.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Velocidade (v; m/s) 4,6 5,8 7,0 8,2 8,8 ?

+ 1,2

O movimento é variado, pois a velocidade muda. Mas note que a velocidade do móvel
aumenta 1,2 m/s a cada segundo. Diz-se que a aceleração do movimento é a = 1,2 m/s2.

a) Por que entre t = 3,0 s e t = 3,5 s a velocidade só aumenta 0,6 m/s?


b) Qual é a previsão para o módulo da velocidade no instante de tempo t = 4,0 s?

A próxima tabela de movimento também representa um movimento variado


uniformemente:

Tabela 4 - Velocidades de outro movimento variado uniformemente.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Velocidade (v; m/s) 4,6 4,4 4,2 4,0 3,9 ?

‒ 0,2

Note que as velocidades diminuem 0,2 m/s a cada segundo, ou seja, a = – 0,2 m/s2.

c) Por que entre t = 3,0 s e t = 3,5 s a velocidade só diminui 0,1 m/s?


d) Qual é a previsão para o módulo da velocidade no instante de tempo t = 4,0 s?

RESPOSTAS

a) Se em 1,0 s, a velocidade aumenta 1,2 m/s, então, em 0,5 s, aumenta 0,6 m/s.
b) Para t = 4,0 s, a velocidade é 9,4 m/s.
c) Se em 1,0 s, a velocidade diminui 0,2 m/s, então, em 0,5 s, diminui 0,1 m/s.
d) Para t = 4,0 s, a velocidade é 3,8 m/s.

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Queda Livre

A queda dos corpos – movimento na presença de gravidade – é um importante movimento


a ser estudado. Ela ocorre por causa da força de atração gravitacional que o planeta Terra
exerce sobre outros corpos massivos próximos a ele. A queda é chamada livre quando
apenas a força da gravidade age ou se as demais forças são desprezíveis. Quando isso não
ocorre, a queda é não livre. A queda livre na superfície da Terra é um movimento variado
uniformemente e com aceleração de módulo aproximadamente igual a 10 m/s 2, para
baixo.

Figura 5 - Queda Livre. Figura 6 - Queda Não Livre.

A Figura 5 acima mostra duas fotografias. Na primeira, porque a altura é muito baixa, a
queda pode ser considerada livre. Na segunda fotografia, a queda da pena e da maçã
ocorrem dentro de uma câmara de vácuo, de onde se retira boa parte do ar. A pena cai
lado a lado com a maçã porque o que desacelera a pena em quedas não livres é o ar.
Retirando-se o ar, a pena cai igual à maçã, ou seja, em queda livre.

A Figura 6 mostra praticantes de paraquedismo. A resistência do ar, também chamada de


viscosidade do ar, é fundamental para que o módulo da velocidade não aumente tanto.
Quando corpos sólidos estão imersos em fluidos – líquidos ou gases – também sofrem a
ação de uma força denominada de empuxo. O termo “desprezando-se os efeitos do ar”
retira essas duas forças do contexto estudado.

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2 Gráficos

Termos e Símbolos

Alguns símbolos e termos desse capítulo:

⦁ x = abscissa.
⦁ y = ordenada.
⦁ z = cota.
⦁ (x; y) = coordenadas ou par ordenado.
⦁ (x; y; z) = coordenadas ou trio ordenado.
⦁ SI = Sistema Internacional de Unidades de Medida.
⦁ Perpendicular: que forma um ângulo de 90o.

Plano Cartesiano

O plano cartesiano é formado por dois eixos perpendiculares: o eixo das abscissas, ou eixo
x, e o eixo das ordenadas, ou eixo y (Figura 7).

Figura 7 - Plano cartesiano e eixos x e y.

Fonte: autor (2020).

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As escalas numéricas dos eixos cartesianos são independentes uma da outra. A Figura 8
mostra um plano cartesiano onde a escala do eixo das abscissas é diferente da escala do
eixo das ordenadas: tanto o espaçamento entre os traços quanto a numeração são
diferentes.

Figura 8 - Plano cartesiano com escalas diferentes para os eixos x e y.

y
36

24

12
x
–6 –5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
– 12

– 24

– 36

Fonte: autor (2020).

Na Figura 9 estão marcados os pontos P = (2; 1); Q = (1; 2); O = (0; 0); M = (2; 0);
N (0; 1); S (0; – 2) e T (2,6; 1,5). O ponto O é a origem do plano cartesiano.

Figura 9 - Alguns pontos marcados no plano cartesiano.


y
3
Q
2
T
P
1 N
O M x
–6 –5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
–1

–2 S

–3

Fonte: autor (2020).

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Deve-se notar que os pontos P e Q são diferentes, embora suas coordenadas sejam
parecidas: (1; 2) e (2; 1), respectivamente. Isso mostra que a ordem das coordenadas é
importante. É relevante perceber, também, que os números das coordenadas podem ser
quaisquer números reais, como no ponto T = (2,6; 1,5).

Sejam os pontos (1; 1) e (4; 2). Pode-se determinar a distância entre eles através da
aplicação do Teorema de Pitágoras no triângulo desenhado na Figura 10. Os valores
absolutos das diferenças entre as coordenadas são as medidas dos catetos. Nesse caso
específico: 3 (= |4 – 1|) e 1 (= |2 – 1|). A distância entre os pontos é a medida da
hipotenusa.

Figura 10 - Distância entre dois pontos.

s (m) s (m)
3 3
E E
2 2
D D
1 1
t (s) t (s)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Fonte: autor (2020).

Gráficos de Movimento

A compreensão dos planos cartesianos permite a construção de gráficos de pontos. O eixo


das abscissas costuma representar a variável independente (x) e o eixo das ordenadas
costuma representar a variável dependente (y) de uma função do tipo y = f(x).

Em Física, muitos gráficos representam a evolução de grandezas ao longo do tempo.


Nesses casos, o tempo assume o papel da coordenada x. Nesse capítulo, o y representará
a posição (s) ou a velocidade (v) ou a aceleração (a). São os chamados gráficos de
movimento.

A competência principal a ser construída é ler e interpretar esses gráficos de modo a


retirar informações deles e poder classificar os movimentos representados.

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Gráficos de Velocidade

Um gráfico de velocidade de um determinado movimento é um modo alternativo de


representar uma tabela de velocidades. Por exemplo, a tabela do movimento uniforme a
seguir já apareceu no Capítulo 1:

Tabela 5 - Velocidades de um movimento uniforme.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Velocidade (v; m/s) 4,6 4,6 4,6 4,6 4,6 4,6

Os dados dessa tabela podem ser representados na forma de um gráfico (Figura 12).
Todas as informações da Tabela 5 estão na Figura 12. O gráfico da Figura 12 é um gráfico
de valores discretos. Isso quer dizer que ele apresenta os valores da velocidade apenas
para alguns instantes de tempo. No caso do exemplo, estão representados apenas os
instantes de tempo t = 0,0 s; t = 1,0 s; t = 2,0 s; t = 3,0 s; t = 3,5 s e t = 4,0 s. Se os valores
da velocidade do movimento uniforme forem representados para todos os instantes de
tempo, o gráfico é o da Figura 11. Considera-se a linha vermelha como formada por
infinitos pontos um ao lado do outro, formando uma linha contínua, ou seja, sem falhas.

Figura 12 - Gráfico discreto das velocidades. Figura 11 - Gráfico contínuo das velocidades.

v (m/s) v (m/s)
6 6

4 4

2 2
t (s) t (s)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Fonte: autor (2020). Fonte: autor (2020).

O gráfico da velocidade em função do tempo de um movimento uniforme tem a forma de


uma linha reta horizontal que não passa pela velocidade zero, ou seja, sobre o eixo dos
tempos. Essa linha ficará acima do eixo dos tempos se a velocidade do movimento for
positiva e ficará abaixo do eixo dos tempos se a velocidade do movimento for negativa.

14
Observe a tabela de um outro movimento:

Tabela 6 - Velocidades de um movimento variado.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Velocidade (v; m/s) 4,6 6,7 6,6 6,6 5,4 3,3

Representando-se o movimento da Tabela 6, obtém-se o gráfico mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Velocidades de um movimento variado.

v (m/s)
8

2
t (s)
1 2 3 4 5

Fonte: autor (2020).

Um movimento variado uniformemente apresenta certa regularidade na mudança da


velocidade. Por exemplo, o movimento da Tabela 7 pode ser representado na forma de
um gráfico (Figura 14). A Figura 15 apresenta o caso contínuo.

Tabela 7 - Velocidades de um movimento variado uniformemente.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Velocidade (v; m/s) 4,6 4,4 4,2 4,0 3,9 3,8

Figura 14 - Gráfico discreto das velocidades. Figura 15 - Gráfico contínuo das velocidades.

v (m/s) v (m/s)
4 4

3 3

2 2

1 1
t (s) t (s)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Fonte: autor (2020). Fonte: autor (2020).

15
O gráfico da velocidade em função do tempo de um movimento variado uniformemente
tem a forma de uma linha reta inclinada. Essa linha será crescente ou inclinada para cima
se a aceleração do movimento for positiva e será decrescente ou inclinada para baixo se o
a aceleração for negativa. No exemplo dado, a aceleração é negativa, por isso a reta da
Figura 15 é inclinada para baixo.

Gráficos de Aceleração

Sabe-se que a aceleração de qualquer movimento uniforme é nula. Ao plotar o gráfico das
acelerações de um movimento uniforme, obtém-se algo semelhante ao mostrado na
Figura 16.

Figura 16 - Gráfico das acelerações de um movimento uniforme.

a (m/s2)
3

1
t (s)
1 2 3 4 5

Fonte: autor (2020).

O gráfico da aceleração em função do tempo de um movimento uniforme tem a forma de


uma linha reta horizontal que passa pela aceleração zero, ou seja, sobre o eixo dos tempos.

Por outro lado, a aceleração de um movimento variado uniformemente é constante e


diferente de zero, ou seja, nunca passará pelo eixo dos tempos. O fato de a aceleração de
um movimento variado uniformemente ser constante indica que o valor da aceleração é
o mesmo para todos os instantes de tempo. Deve-se entender que isso fornecerá um
gráfico que é uma reta horizontal paralela ao eixo dos tempos e que intercepta o eixo das
acelerações exatamente no valor da aceleração do movimento. Por exemplo, um
movimento com aceleração constante a = 1,2 m/s 2 terá um gráfico das acelerações
semelhante ao da Figura 17.

16
Figura 17 - Gráfico das acelerações de a(t) = 1,2 m/s 2.

a (m/s2)
3

1
t (s)
1 2 3 4 5

Fonte: autor (2020).

Deve-se notar que, se o valor da aceleração é positivo como no caso anterior, o gráfico das
acelerações será uma linha reta horizontal acima do eixo dos tempos. Ao contrário disso,
quando a aceleração tem um valor negativo – aceleração a = – 0,2 m/s2, por exemplo – o
gráfico será uma linha reta horizontal abaixo do eixo dos tempos (Figura 18).

Figura 18 - Gráfico das acelerações: a(t) = – 0,2 m/s2.

a (m/s2)
0,1
t (s)
1 2 3 4 5
– 0,1

– 0,2

Fonte: autor (2020).

Gráficos de Posição

No Capítulo 1, viu-se que, no movimento uniforme, o móvel percorre distâncias iguais em


tempos iguais. O móvel cujo movimento é representado na tabela a seguir, por exemplo,
tem velocidade constante de 0,3 m/s.

Tabela 8 - Um movimento uniforme com v = 0,2 m/s.


Instante de tempo (t; s) 0,0 1,0 2,0 3,0 3,5 4,0

Posição (s; m) 3,0 3,3 3,6 3,9 4,05 4,2

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Plotando-se esses valores em um gráfico discreto, obtém-se algo semelhante ao
representado na Figura 19. Os pontos plotados pertencem a uma mesma reta inclinada.
Isso fica bastante claro no gráfico contínuo (Figura 20).

Figura 19 - Gráfico discreto das posições. Figura 20 - Gráfico contínuo das posições.

s (m) s (m)
4 4

3 3

2 2

1 1
t (s) t (s)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Fonte: autor (2020). Fonte: autor (2020).

O gráfico da posição em função do tempo de um movimento uniforme tem a forma de uma


linha reta inclinada.

Deve-se notar a enorme semelhança entre os gráficos de velocidade de um movimento


variado uniformemente e os gráficos de posição de um movimento uniforme. De fato, a
única diferença é o que o eixo das ordenadas representa (Figura 21 e Figura 22). O mesmo
tipo de semelhança ocorre entre o gráfico das velocidades de um movimento uniforme e
o gráfico das acelerações de um movimento variado uniformemente.

Figura 21 - Gráfico das velocidades de um Figura 22 - Gráfico das posições de um


movimento variado uniformemente. movimento uniforme.

v (m/s) s (m)
4 4

3 3

2 2

1 1
t (s) t (s)
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5
Fonte: autor (2020). Fonte: autor (2020).

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3 Vetores

Características Vetoriais

Vetores são entidades (seres) matemáticas com algumas características e propriedades


específicas. Eles podem representar as grandezas físicas vetoriais que necessitam da ideia
de direção associadas a elas, tais como velocidades, forças e campos de força. Em oposição
às grandezas vetoriais, estão as grandezas físicas escalares – tais como massa,
temperatura e intensidade de corrente elétrica –, que necessitam apenas da ideia
numérica e uma unidade de medida associadas a elas.

Figura 23 - Grandezas escalares e vetoriais.

Unidade de
Medida

Escalar Número
(Módulo)
Grandeza
Física
Direção
Vetorial

Sentido

Fonte: autor (2020).

O módulo de um vetor é o valor numérico real e sempre positivo associado a ele. É a parte
comparável do vetor. Quando se diz que uma força é maior do que outra, está-se falando
sobre os módulos das forças. Existe um vetor com módulo igual a zero: o vetor nulo.

Todo vetor tem uma direção. A única exceção é o vetor nulo, que não tem direção
nenhuma. A direção de um vetor é a mesma de uma reta geométrica que o suporte. Todas
as direções apresentam dois sentidos. Por exemplo, a direção vertical (reta vertical)

19
apresenta o sentido “de baixo para cima” e o sentido “de cima para baixo”. Pode-se fazer
uma analogia entre direção e uma rua retilínea: os dois sentidos de uma direção são como
se fossem as duas mãos de movimento da rua. Ou, de modo análogo, na linha de ônibus
urbano que liga o centro ao subúrbio, os sentidos são “do subúrbio para o centro” e “do
centro para o subúrbio”.

Na língua inglesa não existe um termo equivalente a sentido de vetor. A palavra inglesa
direction engloba os dois conceitos do Português: direção e sentido.

Representações Vetoriais

Os vetores são entes abstratos e ideais (mundo das ideias). Eles só existem de verdade
nas mentes. Mas podem ser representados concretamente de várias formas: através de
desenhos (representação gráfica); através de letras e de símbolos (representação
algébrica) ou através de números ou conjuntos ordenados de números (representação
cartesiana).

Simbolicamente, usam-se letras maiúsculas ou minúsculas do nosso alfabeto ou do


alfabeto grego com uma seta apontando para a direita em cima delas:

• a⃗; ⃗b; c; ⃗d; …


• ⃗A; ⃗B; ⃗C; ⃗D
⃗ ;…

• ⃗ ; ⃗β; γ
α ⃗ ; ⃗δ; …
• ⃗⃗⃗ ; Ω
Φ ⃗⃗ ; Γ; Π
⃗⃗ ; …

Portanto, pode-se escrever: “o vetor ⃗A tem módulo maior do que o vetor ⃗C”. Ou seja, dá-se
um nome para os vetores. Quando se usa uma letra sem a seta em cima, está-se referindo
apenas ao módulo do vetor: “o módulo do vetor ⃗B é B”. Às vezes, para deixar mais claro
que é o módulo de certo vetor, coloca-se o vetor entre duas barras. Desse modo, escrever
⃗ | significa “módulo do vetor ⃗B”. A expressão |A
|B ⃗ | > |C
⃗ | significa exatamente “o vetor ⃗A

tem módulo maior do que o vetor ⃗C”.

20
Vetores podem ser representados através do desenho de setas e de pontos (vetor nulo).
Vetores representados através de setas são bastante intuitivos. Os módulos dos vetores
correspondem ao comprimentos das setas, a direção e o sentido dos vetores são a direção
e o sentido das setas, respectivamente. Na Figura 24, representa-se diversos vetores
através de setas.

Figura 24 - Vetores em representação gráfica.

a⃗
⃗b
f

⃗d

e⃗
c g⃗

Fonte: autor (2020).

Observe a Figura 24 e responda:

a) Qual(is) vetor(es) é(são) igual(is) ao vetor a⃗?


b) Qual vetor é o vetor nulo?
c) Qual(is) vetor(es) tem(têm) módulo igual ao módulo do vetor a⃗?
d) Qual(is) vetor(es) tem(têm) o mesmo sentido do vetor a⃗?
e) Qual(is) vetor(es) tem(têm) o sentido oposto do vetor a⃗?
f) Qual(is) vetor(es) tem(têm) a mesma direção do vetor a⃗?

RESPOSTAS

⃗ (Mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido).


a) b
⃗ (Representado graficamente por um ponto).
b) d
c) ⃗b, c e f (Se ficar na dúvida, use uma régua).
d) ⃗b e e⃗ (Se as direções são diferentes, automaticamente o sentido é distinto).
e) c (Precisa ter a mesma direção e apenas o sentido ser diferente).
⃗ , c e e⃗.
f) b

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A representação de vetores através do desenho de setas é bastante interessante, pois
apresenta uma associação precisa entre as características dos vetores e as características
das setas desenhadas. Os conjuntos de números ordenados elevam a outro patamar a
representação de vetores, permitindo representar vetores que sequer poderiam ser
desenhados.

Retomemos os planos cartesianos. A Figura 25 mostra o ponto (4; 6). Agora, pense em
uma seta que tenha origem na origem do plano cartesiano – no ponto O = (0; 0) – e
extremidade no ponto (4; 6). Pronto. Esse é o vetor (4; 6) da Figura 26. Note que é possível
obter vetores no plano de qualquer tipo: de módulos grandes ou pequenos, de direções e
de sentidos diferentes. Na verdade, para cada vetor (seta) possível de desenhar em um
plano, há um par ordenado de números correspondente. Nesse material, ainda não
trabalhamos no espaço, mas podemos ter vetores tridimensionais através de trios
ordenados de números: (x; y; z). E nada nos impede de trabalharmos com um conjunto de
dez números ordenados (dez dimensões) tais como: (x; y; z; t; u; w; v; e; g; f), por exemplo.
Embora não possamos desenhar vetores com dez dimensões, podemos calcular e fazer
física e matemática com eles! Incrível, não?

Figura 25 - Ponto (4; 6). Figura 26 - Vetor (4; 6).

y y
6 6

4 4

2 2
x x
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Fonte: autor (2020). Fonte: autor (2020).

Pode-se desenhar vetores que não têm origem na Figura 27 - Vetor com origem em (1; 1) e
extremidade em (4; 2).
origem do plano cartesiano. Por exemplo, o vetor y
com origem no ponto (1; 1) e extremidade no ponto
(4; 2) da Figura 27 é (igual ao) o vetor (3; 1). 2

1
x
Pode-se transportar o vetor para a origem do plano
1 2 3 4 5
cartesiano efetuando-se a diferença das respectivas
Fonte: autor (2020).

22
coordenadas do ponto de extremidade e do ponto de origem (Figura 28).

Vetor = Ponto da Extremidade – Ponto da Origem

(4; 2) – (1; 1) = (4 – 1; 2 – 1) = (3; 1)

É possível calcular o módulo do vetor usando a ideia de aplicar o Teorema de Pitágoras


ao triângulo da Figura 29.

Figura 28 - Transporte de vetor para a Figura 29 - Cálculo de módulo do vetor.


origem.
y y

2 2

1 1
x x
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5

Fonte: autor (2020). Fonte: autor (2020).

A partir do Teorema de Pitágoras, não é muito difícil deduzir que o módulo do vetor
(x; y) é dado por √x 2 + y2 e, para um vetor com origem em (xA; yA) e extremidade

(xB; yB), é √(xB − xA )2 + (yB − yA )2 . O módulo do vetor da Figura 29 é √10.

Grandezas Vetoriais

Várias grandezas físicas são vetoriais: posição (vetorial), velocidade (vetorial),


aceleração, força, quantidade de movimento ou momento linear, torque ou momento de
força, campos gravitacional e eletromagnético. Sob certa interpretação e em algumas
situações, os números podem ser considerados como vetores com apenas um
componente. Dessa forma, o número 2 seria o vetor unidimensional (2).

Historicamente, as grandezas vetoriais surgiram antes de sua matemática. Desde os


primórdios das navegações, já se usavam setas para representar deslocamentos pelo

23
mundo (Figura 30). Essa situação prática ilustra a Regra do Polígono de Adição de Vetores
(Figura 31).

Figura 30 - Vetores representando três deslocamentos sucessivos.

Fonte: adaptado de Rodínia (2020).

Figura 31 – Adição de vetores pela Regra do Polígono.

Vetor Resultante

Fonte: adaptado de Rodínia (2020).

24
A posição de objetos em relação a um observador (centro do sistema de referência) pode
ser dada por vetores (Figura 32).

Figura 32 - Vetores posição em relação ao Gigante.

Fonte: adaptado de Clash of Clans (2020).

Velocidades são muito bem representadas por vetores. Na Figura 33, o Esqueleto está
mais veloz do que o Goblin, pois o vetor que representa sua velocidade é maior.

Figura 33 - Vetores velocidade.

Fonte: adaptado de Clash of Clans (2020).

Figura 34 - Vetores têm direção igual às forças e às velocidades.

Fonte: diversas.

25
Adição de Vetores

Há diversos modos de adicionar vetores. Iremos aprender três: Regra do Polígono, Regra
do Paralelogramo e Regra dos Componentes.

Regra do Polígono

Desenhe o primeiro vetor. Na extremidade do primeiro vetor, coloque a origem do


segundo vetor e assim sucessivamente. A adição será um vetor com origem na origem do
primeiro vetor e extremidade na extremidade do último vetor. Vamos aprender com um
exemplo. Considere-se os vetores da Figura 35.

Figura 35 - Vetores a serem adicionados.

Fonte: autor (2020).

Primeiro, desloca-se o vetor vermelho para um local mais adequado (Figura 36).

Figura 36 – Vetor vermelho reposicionado.

Fonte: autor (2020).

26
Na extremidade do vetor vermelho, coloca-se a origem do vetor verde (Figura 37).

Figura 37 – Vetor verde reposicionado.

Fonte: autor (2020).

Um procedimento semelhante para o vetor azul (Figura 38).

Figura 38 – Vetor azul reposicionado.

Fonte: autor (2020).

O vetor resultante (soma) será um vetor que inicia na origem do vetor vermelho
(primeiro) e termina na extremidade do vetor azul (último). É o vetor violeta (Figura 39).

Figura 39 – Vetor soma ou resultante (Vetor violeta).

Fonte: autor (2020).

27
A adição de vetores é comutativa, ou seja, a ordem das parcelas não altera a adição.

Figura 40 – Mesma soma em outra ordem.

Fonte: autor (2020).

Figura 41 – Mesma soma em mais outra ordem.

Fonte: autor (2020).

Regra do Paralelogramo

A Regra do Paralelogramo pode ter se inspirado na situação ilustrada na Figura 42.

Figura 42 - Regra do Paralelogramo.

28
A Regra do Paralelogramo só adiciona dois vetores de cada vez. Colocam-se os dois
vetores com as origens coincidindo (Figura 44). Fecha-se um paralelogramo usando-se
cópias dos vetores a serem somados (Figura 45). O vetor resultante ou soma será um
vetor com a mesma origem que os vetores a serem somados e sendo traçado pela diagonal
do paralelogramo (Figura 46).

Figura 43 – Vetores a serem somados.

Fonte: autor (2020).

Figura 44 – Vetores com origens coincidindo.

Fonte: autor (2020).

Figura 45 – Fechando o paralelogramo.

Fonte: autor (2020).

29
Figura 46 – Desenhando a diagonal com mesma origem.

Fonte: autor (2020).

Regra dos Componentes

Vamos retornar ao exemplo utilizado para explicar a Regra dos Polígonos (Figura 47).

Figura 47 - Vetores a serem adicionados.

Fonte: autor (2020).

Note que o vetor vermelho é o vetor (3; 2): a partir da origem, três unidades para a direita
e duas unidades para cima. Do mesmo modo, o vetor verde é o vetor (5; 0) e o vetor azul
é o vetor (– 3; 3). A abscissa do vetor azul é negativa (– 3) porque ele aponta para a
esquerda.

• A seta pode apontar para a direita (x > 0, positivo); a esquerda (x < 0, negativo) ou
nem direita, nem esquerda (x = 0).
• A seta pode apontar para cima (y > 0, positivo); para baixo (y < 0, negativo) ou nem
para cima, nem para baixo (y = 0).

30
Para adicionar os vetores vermelho, verde e azul basta adicionar os vetores (3; 2); (5; 0)
e (– 3; 3). Para fazer isso, adicionam-se abscissas com abscissas e ordenadas com
ordenadas, dando o resultado.

(3; 2) + (5; 0) + (– 3; 3) = (3 + 5 – 3; 2 + 0 + 3) = (5; 5)

Note que, de fato, essa é a resposta (Figura 48): o vetor violeta tem coordenadas (5; 5).

Figura 48 – Vetor soma ou resultante (Vetor violeta).

Fonte: autor (2020).

Subtração de Vetores

Se observarmos a adição ⃗A + ⃗B = ⃗C da Figura 49, podemos deduzir que ⃗B = ⃗C − ⃗A é o


vetor que inicia na extremidade de ⃗A e termina da extremidade de ⃗C.

Figura 49 – Subtração de vetores.

⃗𝐁

⃗⃗
𝐀
𝐂
Fonte: autor (2020).

31
Em termos de componentes a subtração é a subtração dos respectivos componentes:

(xC; yC) – (xA; yA) = (xC – xA; yC – yA)

(7; 3) – (2; 3) = (5; 0)

Multiplicação de Escalar por Vetor

É possível multiplicar um escalar (número) por um vetor. A forma mais simples é


multiplicando-se o número por cada componente do vetor:

α · (x; y) = (α ·x; α · y)

Por exemplos:

• 1 · (– 4; 3) = (– 4; 3), que é o mesmo vetor.


• 0 · (– 4; 3) = (0; 0), que é o vetor nulo.
• – 1 · (– 4; 3) = (4; – 3), que é o vetor oposto.
• – 0,5 · (– 4; 3) = (2; – 1,5), que é um vetor com a metade do módulo e sentido oposto.
• 2 · (– 4; 3) = (– 8; 6), que é um vetor com o dobro do módulo e mesmo sentido.

⃗⃗ (azul) e 𝟐 ∙ 𝐀
Figura 50 – Vetores 𝐀 ⃗⃗ (violeta).

⃗⃗ ⃗⃗
𝟐𝐀
𝐀

⃗⃗
𝐀 ⃗⃗
𝐀
Fonte: autor (2020).

32
4 Forças

Definição de Força

Você já deve ter entendido que a palavra aceleração significa “mudança na velocidade”.
Força é qualquer ação capaz de modificar o vetor velocidade de um corpo, ou seja, de
provocar aceleração nele.

• Ser capaz não significa que o faça. Quer dizer que, em determinadas situações,
consegue fazê-lo.
• Dizer que as forças modificam o vetor velocidade significa que pode alterar, pelo
menos, uma de suas características matemáticas: módulo, direção ou sentido.
• Força e velocidade são grandezas vetoriais de natureza diversa, ou seja, não é possível
somar uma força com uma velocidade, por exemplo.

No Sistema Internacional de Unidades de Medidas (SI), o módulo da força é medido em


newtons (N).

Se recordarmos que a velocidade é um vetor, entendemos que mudanças de velocidade


(acelerações) podem ser de dois tipos diferentes: aquelas que mudam o módulo e aquelas
que mudam a direção da velocidade.

• Forças tangenciais produzem acelerações tangenciais que são mudanças (aumentos


ou reduções) no módulo da velocidade.
• Forças centrípetas produzem acelerações centrípetas que são mudanças na direção da
velocidade.

Na próxima seção, veremos as condições para que as forças alterem o vetor velocidade
tanto em módulo, quanto em direção.

33
Força e Velocidade

O vetor velocidade de um móvel em determinado instante qualquer sempre tem uma


direção tangente à trajetória do móvel. Que direção é essa? Suponha a trajetória de um
objeto mostrada na Figura 51. Deseja-se saber a direção tangente à trajetória no ponto P.

Figura 51 - Noção de direção tangente à trajetória.

Fonte: autor (2020).

O que você deve fazer é tomar outro ponto M da trajetória bem próximo do ponto P e
traçar uma reta que contenha esses dois pontos. Essa reta será a direção tangente.

Figura 52 – Traçando a tangente à trajetória.

P
M

Direção
tangente

Fonte: autor (2020).

Se a trajetória do móvel for retilínea, é fácil notar que a direção tangente é a própria
trajetória. Note que em uma trajetória curvilínea qualquer, a direção do vetor velocidade
necessariamente muda e, portanto, necessariamente haverá força e aceleração
centrípetas.

34
Força Tangencial

Forças tangenciais são capazes de mudar o módulo da velocidade. São chamadas assim
porque têm a mesma direção do vetor velocidade e, portanto, são tangentes às trajetórias
dos móveis nos quais atuam.

Para aumentar o módulo da velocidade, deve-se fazer uma força “a favor” do movimento,
ou seja, na mesma direção e no mesmo sentido da velocidade (Figura 53).

Figura 53 - Força tangencial aplicada para aumentar o módulo


da velocidade.

Fonte: autor (2020), com auxílio de XNA Lara.

Para reduzir o módulo da velocidade, deve-se fazer uma força “contra” o movimento, ou
seja, na mesma direção e no sentido contrário ao da velocidade Figura 54.

Figura 54 - Força tangencial aplicada para reduzir o módulo da


velocidade.

v
F

Fonte: autor (2020), com auxílio de XNA Lara.

35
Força Centrípeta

Para mudar a direção da velocidade, a força deve ter uma direção perpendicular à direção
da velocidade.

Figura 55 - Força centrípeta aplicada para mudar a direção da velocidade.

v
F

Fonte: autor (2020), com auxílio de XNA Lara.

Mudanças Simultâneas

Se a força for tangencial – paralela ou antiparalela – ao vetor velocidade, muda o módulo


e, se a força for perpendicular ao vetor velocidade, muda a direção dela. E como é possível
mudar simultaneamente o módulo e a direção da velocidade?

Mudanças de módulo são forças aplicadas formando um ângulo de 0 o (aumento de


módulo) ou 180o (redução de módulo) com o vetor velocidade. Mudanças de direção são
causadas por forças aplicadas formando um ângulo de 90o com o vetor velocidade. Forças
aplicadas formando um ângulo com o vetor velocidade diferente de 0 o, 180o ou 90o irão
causar mudanças simultâneas de módulo e de direção.

Figura 56 - Força com partes tangencial e centrípeta.

⃗F
⃗FT

v ⃗
v ⃗
v
⃗FC
Fonte: autor (2020),

..
36
Leis de Newton

As Leis de Newton são três. Para fins de estudo, escolhemos apresentar a primeira e a
terceira inicialmente e, só depois, a segunda.

Primeira Lei de Newton

A Primeira Lei de Newton é apenas uma confirmação da definição força. Essa lei diz que:

Quando a soma das forças que atuam em um corpo é nula, a velocidade desse corpo

permanece constante (a mesma).

Terceira Lei de Newton

A Terceira Lei de Newton afirma que o número de forças no Universo é par. Ela diz que:

Quando um corpo A exerce força em outro corpo B, o corpo B exerce uma força

oposta em A.

Figura 57 - Quando um homem empurra um


muro, o muro faz uma força oposta nele.

F
−F

Fonte: autor (2020).

.. são vetores. Dizer que uma força é oposta de outra significa


Lembre-se de que as forças
algo do tipo (– 40; 60) e (40; – 60). Essas forças têm o mesmo módulo, a mesma direção
e sentidos opostos. Outro detalhe é que costumam atuar em corpos diferentes – exceto se
são as chamadas forças internas.

37
Segunda Lei de Newton

Já sabemos que uma força altera a velocidade de um corpo. Ocorre que há corpos que
resistem a essa mudança mais do que outros. Essa “teimosia” é chamada de inércia.
Inércia é a tendência de um corpo de tentar preservar sua velocidade.

A massa de um corpo é uma medida de sua inércia. Corpos com mais massa tendem a
preservar a sua velocidade mais do que corpos com menos massa. No Sistema
Internacional de Unidades de Medidas (SI), a massa é medida em quilogramas (kg).

A Segunda Lei de Newton diz que:

A força total (resultante) que atua em um corpo é igual ao produto da massa desse

corpo e a aceleração (mudança de velocidade) produzida nele.

A Segunda Lei de Newton pode ser escrita na forma de uma multiplicação de escalar por
vetor:

⃗FR = m ∙ a⃗

Outros Nomes da Leis de Newton

• 1a Lei de Newton: Lei da Inércia.


• 2a Lei de Newton: Lei Fundamental da Dinâmica.
• 3a Lei de Newton: Lei de Ação e Reação.

Deve-se ser cuidadoso com o nome da 3a lei. Ele pode conduzir ao erro de achar que a
força de reação é posterior no tempo à força de ação. Ocorre que elas são simultâneas não
havendo nenhum intervalo de tempo entre elas. Também não importa quem é chamada
de ação e qual é chamada de reação, exatamente por ocorrerem ao mesmo tempo.

Deve-se atentar também que a 2a lei trata da força resultante, ou seja, força total vetorial
que atua no objeto.

38
Algumas Forças

Em um nível mais avançado, só existem quatro forças ou interações na Natureza:


gravitacional, eletromagnética, nuclear fraca e nuclear forte (Figura 58). Mas, no Ensino
Médio, usa-se outra abordagem.

Figura 58 - Algumas das interações fundamentais.

Fonte: diversas.

⃗ ).
No Ensino Médio, a força da gravidade é a força peso, ou simplesmente, peso ( P
..
⃗⃗ ),
As interações eletromagnéticas microscópicas tornam-se as forças normal ou contato (N
⃗ ), elástica (F
tração (T ⃗ ) e atrito (f).

Figura 59 - Forças.

Fonte: diversas.

..

39
Diagramas de Forças

Diagramas de forças são esquemas que mostram basicamente o corpo estudado e os


vetores das forças que atuam nele. Algumas regras devem ser consideradas: na superfície
da Terra sempre há peso para baixo; há normal (ou força de contato) toda vez que um
corpo encosta em outro, trações aparecem se há cabos, fios ou cordas esticados; atrito em
superfícies ásperas; forças elásticas surgem se há molas etc.

Na Figura 60, desconsiderando-se os efeitos do ar, após a bola desencostar do pé do


futebolista, só há a força peso atuando na bola. No vaso pendurado, o peso também atua.
Ele não cai porque há uma outra força para cima: a tração.

Figura 60 - Diagramas de Forças em algumas situações.

T⃗

P⃗P⃗
P⃗

Fonte: diversas.

..
Para finalizarmos, pense em todas as forças que atuam nas duas situações representadas
na Figura 61.

Figura 61 - Duas situações: rede de repouso e carro estacionado em ladeira.

Fonte: diversas.

.. 40

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