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Inicialmente deve-se entender o seguinte a respeito dos novos formatos de áudio HD:

PCM = LPCM = DOLBY TRUEHD = DTS - HD MA = AUDIO LOSSLESS!

Tenha isso sempre em mente, para os comentários a seguir:

Pulse Code Modulation ( PCM ) é a forma mais simples de áudio digital que
conhecemos. Nos equipamentos de áudio e vídeo que utilizamos, a denominação
ficou posteriormente conhecida como Linear Pulse Code Modulation ( LPCM );
portanto: PCM = LPCM.

Existe um fluxo de bits ( Bitstream ) LPCM para cada caixa; portanto serão
necessários, por exemplo, 8 desses fluxos para uma trilha de áudio 7.1, sendo que
esses fluxos não são nada compactos quando armazenados em mídia ( disco ).
Essas mídias tem características específicas para armazenar ( packing, ou zipping )
todos esse fluxos LPCM num único “bitstream”, o qual também é comprimido - para
assim utilizar menos espaço no disco - e conseqüentemente menos “bit-rate” quando o
disco for reproduzido pelo player.

Numa trilha qualquer de áudio digital, um fluxo de LPCM normalmente contém um


“monte” de bits desperdiçados, os quais não acrescentam nenhuma informação
importante ao resultado final da gravação.

Antes que você possa fazer qualquer coisa com o bitstream, ele terá obrigatoriamente
que ser decodificado ( unpacked, ou unzipped, ou mesmo descompactado ), para o
LPCM no qual ele foi originalmente gravado ( master de estúdio ).

Resumindo: por mais “digital” que o seu equipamento possa ser - independentemente
de marca / modelo / preço - O SOM QUE VOCÊ OUVE NAS CAIXAS SEMPRE SERÁ
ANALÓGICO !

Os novos formatos de áudio HD ( Dolby TrueHD e DTS - HD Master Audio, ou MA )


são conhecidos como “ compressed lossless HD codecs ”, no sentido em que o LPCM
que sai do decodificador é bit-a-bit idêntico ao LPCM utilizado quando da gravação
original no estúdio.

Os formatos tradicionais que conhecemos nos DVD players ( Dolby Digital e DTS )
também são bitstreams; porém “lossy bitstreams”. Nesse caso, algumas qualidades de
áudio foram deliberadamente descartadas no processo de gravação ( packing ), o que
torna o bitstream ainda menor. O LPCM resultante dessa decodificação não será o
mesmo - nem tão bom - quanto o LPCM do master da gravação original de estúdio.

Tanto o Bitstream quanto o LPCM são formatos de áudio DIGITAL. Antes que você
possa ouví-los em suas caixas de som, eles obrigatoriamente terão que ser
convertidos para o formato ANALÓGICO.
Para fazer isso com um bitstream, inicialmente será necessário decodificá-lo num
conjunto de fluxos LPCM e cada fluxo de LPCM poderá então ser convertido para
áudio analógico, por meio de um chip denominado Digital to Audio Converter (DAC).
Os players que possuem saídas de áudio analógicas são equipados com o chipset
DAC. Por outro lado, se você enviar áudio DIGITAL para o receiver ( AVR ), os DAC’s
não serão nunca utilizados; ao invés disso, a “eventual e obrigatória” conversão para
áudio analógico ( D / A ) será feita no AVR, utilizando os DAC’s existentes nele.
Considerando-se de que tanto Bitstream quanto LPCM são formatos de áudio digital,
eles devem ser transmitidos via cabos ótico e/ou digital coaxial, ou mesmo HDMI para
a entrada digital no AVR. Essa transmissão também pode ser feita utilizando-se as
saídas analógicas multicanal ( MC ) do player, sempre e quando o player e o AVR
forem equipados com as mesmas.

Se houvesse uma maneira de enviar Bitstream ou LPCM através das entradas


analógicas do AVR ( sem a utilização dos DAC’s ), você ouviria um ruído alto,
REALMENTE ALTO, pois as entradas analógicas do AVR não saberiam o que fazer
com o tal sinal...

Ressaltar também que os novos formatos de áudio nos discos Blu-ray ( BD ) resultam
em algumas limitações. Como já sabemos, os cabos ótico ou digital coaxial só
transmitem os “bitstreams menores” dos tradicionais formatos Dolby ou DTS ( lossy ).
Por um acordo entre os estúdios, o consórcio da Blu Ray Association ( BDA ) e os
fabricantes, decidiu-se “limitar a banda” ( bandwidth ) nos cabos digitais óticos,
enquanto que o cabo coaxial não tem “largura de banda suficiente” para transportar os
“bitstreams maiores” ( lossless ) das novas trilhas de áudio HD, nem tão pouco do
LPCM resultante da decodificação, se essa for feita no player.

O importante é entender que se você utilizar conexão ótica e/ou digital coaxial, você
terá sempre como resultado um áudio “lossy” ( DD / DTS, que é o bitstream menor), ou
então LPCM 2.0 ( estéreo ). As trilhas de áudio “lossless” gravadas no disco tem
também embutidas a trilha “lossy”, justamente para que haja retrocompatibilidade com
equipamentos que não tenham como extrair um sinal “lossless”. Essa seleção é
automática e sempre feita pelo player.

A melhor maneira de reproduzir as trilhas de áudio lossless ( como áudio digital para o
AVR ), é através da conexão HDMI, mas mesmo assim deve-se levar em conta que
essa conexão tem diferentes versões e nem todos os players e/ou AVR’S “sabem
como” decodificar esses novos bitstreams de áudio lossless.

As versões HDMI 1.1 em diante permitem a transmissão do LPCM resultante da


decodificação. Para isso ser possível, a decodificação tem que ser feita no player.
Notar que nem todos os players possuem essa habilidade. Notar também que sempre
que houver uma conexão entre equipamentos com HDMI de versões diferentes, a que
prevalece sempre é a MENOR. Explicando melhor: se você tem um player com
conexão V1.3 conectado a um AVR com conexão V 1.1, o resultado final será uma
conexão HDMI V 1.1.

A conexão HDMI V 1.3 ( ou acima ), permite que se enviem os bitstreams do Dolby


TrueHD e DTS-HD MA para serem decodificados no AVR. Observar que nem todos os
AVR’s com a V 1.3 tem a habilidade de decodificar esses bitstreams. Existem inclusive
modelos de entrada - com conexão HDMI V1.3 - que NÃO transmitem áudio, sendo
necessário um cabo adicional ótico e/ou coaxial para tal. Esses AVR’ são conhecidos
como HDMI SWITCHERS. Se você quiser se assegurar de que o AVR que você quer
transmita ÁUDIO E VÍDEO via cabo HDMI ( que É o correto ), certifique-se que o
modelo seja um HDMI REPEATER.

O que acontece, por exemplo, se nem o player nem o AVR conseguem decodificar o
sinal dos novos formatos HD?
Você ouvirá a trilha de áudio “lossy”, ou “core track”; porém com qualidade de áudio
superior à da maioria dos DVD’s.
Esse “core track” é também conhecido como “full bitrate”. Provavelmente o melhor
exemplo de áudio “full bitrate” é o DTS SUPERBIT, presente em vários DVD’s que
conhecemos de longa data. Uma grande parte dos BD’s tem a trilha de áudio “lossy”
gravada em “full bitrate”, de excelente qualidade. Tanto a DTS quanto a Dolby tem os
seus equivalentes, sendo ambos de ótima qualidade de áudio e superiores ao padrão
do DVD normal.

Em suma, o áudio do “core track” - embora com alguma perda ( lossy ) - tem uma
qualidade de áudio similar à da versão “lossless”.
Isso significa que qualquer que seja a opção - dentre as acima mencionadas - a
qualidade de áudio será excelente, sempre lembrando que o áudio lossless é melhor !

Existe um OUTRO formato de áudio de alta qualidade encontrado nos discos BD, que
é o “RAW LPCM” ( lossless uncompressed ). Você pode considerar isso como uma
trilha de áudio “pré-decodificada”. Um sinal em RAW LPCM só pode ser transmitido
através do cabo HDMI como LPCM, nunca como “Bitstream” ( se você “forçar” a opção
bitstream, você terá áudio “lossy” DD ou DTS, que é a tal retrocompatibilidade que
todas as trilhas “lossless” tem embutidas, para poderem ser transmitidas via cabos
ótico e/ou coaxial ). No caso de conexão MC, a transmissão do RAW LPCM é feita
normalmente.

Portanto, mesmo se você conectar um player a um AVR ( ambos com HDMI V1.3 ),
com a intenção de deixar que o AVR faça a decodificação dos bitstreams dos novos
formatos de áudio HD, você ainda estará transmitindo LPCM quando forem
reproduzidas as trilhas de áudio RAW LPCM do disco BD.

Se o player fizer a decodificação internamente, daí o LPCM será transmitido via HDMI
para todo o conteúdo da mídia e será o AVR quem se encarregará do resto e nesse
caso, ele ( o AVR ) “nunca verá um bitstream sequer”.
Nesse caso, ambos os equipamentos tem que ter a conexão HDMI V 1.3.
Há, portanto, que se certificar que o AVR tenha a capacidade de trabalhar com LPCM
via HDMI adequadamente.

Dito isso, vejamos agora alguns comparativos entre BD players COM e SEM
decodificação interna, para um melhor entendimento das suas funcionalidades.

Iniciemos pelo bom e velho conhecido PS3, da Sony:

ele DECODIFICA INTERNAMENTE os novos formatos HD lossless e o resultado


disso é LPCM , que nada mais é que o formato original com que a trilha de áudio veio
ao mundo ( a partir do master de estúdio ). Uma vez decodificado, o sinal é enviado ao
AVR, que já recebe o LPCM puro; portanto estamos falando de áudio 100% HD sem
qualquer perda ( lossless ).

Peguemos agora o exemplo do AVR Denon 2809CI e do PS3:

no caso dos AVR’s da DENON, o que aparecerá escrito no display é o seguinte:


MULTI CH IN e isso é sinônimo de áudio MC em LPCM, já decodificado NO PLAYER.
Como sabemos que o PS3 DECODIFICA INTERNAMENTE ( ele não manda o
bitstream para ser decodificado no AVR ); portanto a luz azul indicadora de ÁUDIO HD
no display do AVR NUNCA IRÁ ACENDER e independentemente de marca / modelo /
preço do AVR e do BD PLAYER, sempre que a decodificação ocorrer NO PLAYER, o
sinal de saída será em LPCM; portanto não só o PS3, como qualquer outro player em
que haja decodificação interna, a luz indicadora no painel do AVR não irá acender e
sempre aparecerá escrito no display do AVR: MULTI CH IN.
Detalhe: pelo fato do PS3 decodificar internamente, se você utilizar a opção
BITSTREAM, o resultado será áudio “lossy” ( para quem tem um AVR sem HDMI e
utiliza cabos ótico e/ou coaxial, o ideal é deixar o ajuste em bitstream ).

Peguemos agora um player SEM decodificação interna, porém que manda o bitstream
para ser decodificado no AVR ( Panasonic BD-30 ). Você seleciona a opção de áudio
no player em BITSTREAM e daí o sinal será enviado ao AVR, para ser decodificado
pelo mesmo. O que acontece agora?

A luz azul indicadora de áudio HD acenderá no display do AVR, indicando que a


decodificação está sendo feita NO AVR, só que ao invés de aparecer escrito MULTI
CH IN, aparecerá o seguinte ( dependendo da opção de áudio disponível na mídia ):

DOLBY TRUE HD, ou


DTS-HD MA.

Se você selecionar a opção de áudio em PCM ( no caso do BD-30 ), a luz não irá
acender e além disso o áudio não será “lossless” e sim “core track” ( “lossy” ), uma
vez que esse player não decodifica internamente os novos formatos de áudio HD.

Peguemos agora um player mais novo e completo, como o Sony BD-550, que tanto
decodifica internamente, quanto envia o bitstream para ser decodificado pelo AVR:

se você optar pela decodificação interna ( NO PLAYER ), o sinal será enviado ao AVR
e a luz NÃO ACENDERÁ. O que aparecerá escrito no display do AVR é:
MULTI CH IN.

Agora, se você selecionar a opção de áudio no player em BITSTREAM, o sinal será


enviado para que o AVR DECODIFIQUE; portanto a LUZ ACENDERÁ no display do
AVR e ao invés de aparecer escrito MULTI CH IN, aparecerá o seguinte ( dependendo
da opção de áudio disponível na mídia ):

DOLBY TRUE HD, ou


DTS-HD MA.

Existem várias mídias com a opção de áudio em LPCM ( 5.1 uncompressed, que é o
formato puro e que ocupa bem mais espaço na mídia ). Nesse caso, a luz NÃO
acenderá e no display aparecerá escrito MULTI CH IN; porém trata-se do mesmo
áudio HD - 100% lossless - só que sem qualquer compactação.

Outra coisa a ressaltar: a luz indicadora de áudio HD no AVR SÓ ACENDE se as


mídias BD tiverem sido gravadas nos novos formatos de áudio HD.
A tendência é que cada vez mais as mídias venham gravadas ou em Dolby TrueHD
ou em DTS-HD MA, pois esses novos codecs permitem compactar bastante os dados
- sem qualquer perda - e ocupam um espaço muito menor na mídia; assim os estúdios
podem acrescentar mais extras, idiomas, jogos, interatividade, etc...

Comentar agora a respeito das saídas analógicas multicanal ( 5.1 ou 7.1), muito úteis
para quem tem um AVR SEM conexão HDMI, porém deseja usufruir de áudio HD
lossless através delas, da mesma forma que via HDMI.

Se o player DOCODIFICA INTERNAMENTE os novos formatos de áudio HD, ou


mesmo se a mídia BD tiver a opção de áudio LPCM uncompressed , é só ajustar a
opção de áudio no player em PCM e você terá áudio da melhor qualidade.

No caso de players que NÃO DECODIFICAM os novos formatos ( Panasonic BD-30 ),


a única opção de se usufruir de áudio HD 100% lossless via analógicas MC, é que a
mídia BD tenha a opção de áudio em LPCM UNCOMPRESSED. Nesse caso,
obviamente, o ajuste de áudio no player deverá ser em PCM e daí você terá áudio HD
lossless normalmente.

O que acontece, por exemplo, se você tem um player que NÃO DECODIFICA
internamente os formatos HD e o disco BD também NÃO TEM a opção LPCM
UNCOMPRESSED ( só Dolby TrueHD, por exemplo )???

Você ouvirá a trilha de áudio “lossy”, ou “core track”; porém com qualidade de áudio
superior à da maioria dos DVD’s, conforme explicado anteriormente.

Um último comentário: os BD players equipados com BD-Live ( profile 2.0 em diante ),


tem a opção do Secondary Audio, ou Secondary Audio Program ( SA / SAP ), que
permite o acesso via internet para comentários, menus interativos, finais alternativos,
etc... Salientar que nem todos os players reproduzem o áudio secundário em lossless,
se esta opção estiver ON. Nesses casos, o som será o “core track” ( lossy ).
A recomendação, portanto, é que o SA fique sempre em OFF durante a reprodução
dos filmes, para assim garantir que a trilha de áudio seja em HD lossless!

Repetindo o que já foi dito no início:

PCM = LPCM = DOLBY TRUEHD = DTS - HD MA = AUDIO LOSSLESS!

Digamos que todos os caminhos levam à Roma !

Abraços, Carlos.
( agosto / 09 )

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