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Ciências

Morfofuncionais
dos Sistemas
Imune e
Hematológico
Aula 3 –Necrose: via de morte
celular

1
Objetivos

• Compreender os mecanismos fisiopatológicos que ocorrem no interior da


célula para causar a morte por vários tipos de necrose, facilitando assim a
aplicação em situações problemas reais.
Lesão celular se o estímulo
patológico persiste, a lesão celular evolui
para a morte.

A morte celular pode seguir duas vias:


1) necrose
Lesão celular 2) apoptose.

Ambas são diferentes no mecanismo de


lesão e a necrose está sempre
relacionada com situações patológicas,
enquanto a apoptose é fisiológica e
auxilia na involução tecidual.
Fatores etiológicos das lesões celulares
As causas mais comuns das lesões são:
• hipóxia;
• agentes físicos;
• agentes químicos e drogas;
• agentes infecciosos;
• distúrbios genéticos;
• reações imunológicas;
• desequilíbrios nutricionais.
Processos intracelulares desencadeados
por lesões
O estímulo nocivo poderá desencadear vários processos intracelulares, tais como:

• dano da membrana, causando sua ruptura e extravazamento de seu produto para o


meio extracelular;

• comprometimento da mitocôndria com diminuição da produção de ATP;

• comprometimento dos lisossomos levando à digestão enzimática dos componentes


celulares.

Lisossomos são estruturas celulares citoplasmáticas envolvidas por uma membrana,


preenchida por enzimas hidrolíticas que tem como função o controle da digestão intracelular.
Processos intracelulares
desencadeados por lesões

• Ocorre o aumento do cálcio para o meio


intracelular e formação excessiva de
radicais livres, fatores estes que levam à
proteolítica e danos do material
genético.

• O excesso de cálcio intracelular ativa


enzimas que desencadeiam a
degradação celular, acelerando o
processo de necrose celular.
• Ocorre a diminuição da atividade da bomba
de sódio e potássio ATPase na membrana
Processos plasmática, havendo acúmulo de sódio no
ambiente interno da célula e perda de
intracelulares potássio para o meio extracelular.
desencadeados
por lesões • Junto a estes fenômenos ainda acontece a
queda na quantidade de ATP, dificultando as
funções celulares por falta de energia.
Processos intracelulares
desencadeados por lesões

Uma das características da célula é a


formação de edema celular e dilatação
do Retículo Endoplasmático, com
formação de bolhas. Por fim, ocorre a
diminuição da síntese proteica, que
resultará em dano às membranas das
mitocôndrias e dos lisossomos.
Enquanto houver alterações nas membranas,
a lesão será classificada como reversível, estas
podem ser caracterizadas histologicamente
com:
Processos
• presença de bolhas;
intracelulares • distorções ou redução das microvilosidades
desencadeados • falhas nas ligações intracelulares.
por lesões
• Também nesta fase ocorre edema
mitocondrial e do retículo endoplasmático e
pode haver presença de degeneração
gordurosa e alteração ou lesão nucleares.
Processos intracelulares desencadeados
por lesões

A lesão é classificada como irreversível quando a célula se torna incapaz de


reverter estes danos intracelulares, principalmente os que estão relacionados
às mitocôndrias, havendo redução de energia e suas membranas sofrem
rupturas com perda de sua continuidade com extravazamento dos produtos
para o meio externo, podendo causar inflamação no tecido adjacente.
Os piócitos são também chamados de leucócitos. Os leucócitos são responsáveis pela
defesa do organismo, desenvolvendo o sistema imunológico de corpo humano.

Alterações morfológicas das células necróticas


As alterações morfológicas das células necróticas são:

• Aumento da eosinofilia, causada pelo RNA no


citoplasma e pela ligação da eosina às proteínas
Alterações plasmáticas desnaturadas;

morfológicas • Citoplasma com vacúolos e aspecto corroído, podendo


haver calcificações.
das células
necróticas • Suas membranas apresentam descontinuidade;

• mitocôndrias edemaciadas;

• fragmentação do DNA.

A eosina é um corante ácido que reage com componentes básicos das células e tecidos.
Processos
intracelulares
desencadeados por
lesões

Área de necrose de grande extensão, ou


seja, grande número de células morrem, é
denominada órgão ou tecido necrótico.

Exemplo: área infartada do coração pós-


infarto do miocárdio, em que aquela região
comprometida pela isquemia sofre morte
tecidual e deixa de ser funcional.
Necrose
➢ Se a morte celular ocorre em um organismo vivo e
é seguida de autólise, o processo recebe o nome
de NECROSE.

➢ Autólise: degradação enzimática dos componentes


celulares por enzimas da própria célula liberadas
pelos lisossomos.

➢ Apoptose: morte por processo ativo no qual a


célula sofre contração e condensação de suas
estruturas, fragmenta-se e é fagocitadas por
células vizinhas ou por macrófagos, não ocorrendo
o processo de autólise.
1) Redução de energia

Causas - Obstrução vascular


- Inibição processos respiratórios

da 2) Produção de radicais livres


3) Ações diretas sobre as enzimas (agentes químicos

necrose e toxinas)
4) Agressão direta a membrana citoplasmática
(formações de canais hidrofílicos)
Para recordar...
Processos intracelulares desencadeados por lesões
Diferentes tipos
de necrose
tecidual
Os diferentes tipos de necrose
tecidual existentes mais
comuns são:

• necrose de coagulação;
• necrose de liquefação;
• gangrena;
• caseosa;
• gomosa.

Necrose de
coagulação
• No caso da necrose de
coagulação, a forma do tecido é
mantida íntegra por alguns dias
com textura firme, devido à
desnaturação das enzimas,
retardando a proteólise do
tecido morto.
• Posteriormente ocorre a
invasão dos leucócitos que
fazem a fagocitose deste tecido.
• Este tipo de necrose é característico de lesão por isquemia ou hipóxia, que
pode acontecer em todos os tecidos do organismo, com exceção do tecido
Necrose de nervoso encefálico.
coagulação • Exemplo: infarto do miocárdio, em que um vaso importante é obstruído,
deixando de suprir uma determinada região do miocárdio, resultando em uma
área denominada infartada.
Necrose de liquefação

A necrose de liquefação é característica


pela digestão imediata das células
mortas por enzimas digestivas, o que
resulta numa área líquida devido ao
acúmulo de exsudato inflamatório e
formação de secreção purulenta.
Região com necrose de liquefação

• É característica de lesões por infecções em que os microorganismos


estimulam a proliferação de leucócitos e liberação de enzimas no
Necrose de local.

liquefação • Exemplo: lesão isquêmica no tecido nervoso encefálico, com


formação de exsudato inflamatório.

Exsudato: líquido com alto teor de proteínas séricas e leucócitos, produzido como reação
a danos nos tecidos e vasos sanguíneos.
Necrose caseosa

➢ Outro tipo de necrose é a caseosa,


encontrada geralmente nos casos de
tuberculose.

➢ Sua aparência é semelhante ao queijo, região


comprometida é branca e friável.

Linfonodos na tuberculose e necrose caseosa no centro do granuloma


Pé com gangrena

Necrose por A necrose por gangrena desenvolve a partir de um ferimento


causado por agente externo e ocorre geralmente nas

gangrena extremidades do corpo, em locais que sofrem de isquemia. É


bastante comum de acontecer em pacientes diabéticos que
possuem alteração de vascularização dos membros.
Necrose gomosa

A necrose do tipo gomosa, que se


trata de uma variação da necrose de
coagulação. É um tipo mais raro de
necrose e encontra-se geralmente
nas lesões associadas à sífilis, na
fase tardia ou terciária. Apresenta
aspecto elástico, como borracha.

Necrose do tipo gomosa


Miocarditis sifilítica gomosa
Necrose gomosa Histopatologia de aortitis sifilítica
Necrose x Gangrena
Gangrena é uma complicação de uma necrose
isquémica (falta de suprimento sanguineo, e
consequente falta de oxigénio) das extremidades
(braço, mão, perna, pé), e seguida de invasão
bacteriana e putrefação.

Clostridium perfringens é a espécie mais comum e


envolvida na gangrena, mas outros clostrídios e várias
outras bactérias também podem crescer nos
ferimentos ou em qualquer parte do corpo que tenha
sua circulação interferida ou impedida
Tipos de gangrena

Gangrena Seca • Geralmente é causada por uma condição de saúde em que há


interrupção do fluxo de sangue para certas partes do corpo, mais comummente os
dedos e pés. ocorre sem decomposição bacteriana subsequente em que os tecidos
ressecam e atrofiam.
Condições associadas:
• Diabetes tipo 1 e tipo 2 - Níveis elevados de açúcar no sangue associados a esta
condição pode danificar os vasos sanguíneos
• Aterosclerose - As artérias estreitam e ficam obstruídas com uma substância
gordurosa conhecida como placa (fatores de risco para aterosclerose incluem fumar e
ter níveis elevados de colesterol)
Tipos de Gangrena

Gangrena úmida: Muitas vezes ocorre quando uma lesão grave, como
uma queimadura ou congelamento, fica infetado por bactérias.

• O inchaço causado pela infeção pode bloquear o fornecimento de


sangue à área afetada, o que faz com que a infeção pior.

• A gangrena úmida pode-se espalhar muito mais rápido do que a


gangrena seca e pode levar a mais sintomas de risco de vida, tais
como o choque séptico, se não for tratada imediatamente.

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