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ANTROPOLOGIA VISAO DE JOGO ANTROPOLOGIA DAS PRATICAS ESPORTIVAS lst) editora Colegdo Antropologia Hoje Conselho Editorial José Guilherme Cantor Magnani (diretor) ~ NAU/USP Luiz, Henrique de Toledo - UFSCar Renata Menezes - MN/UFRI Ronaldo de Almeida - CEBRAP/UNICAMP. e Edhtora Mary Lou Paris Assessoria editorial Carolina Pereira Pinto, Cayube Galas, Claudia Piccazio, Dominique Ruprecht Scaravaglioni, Estevdo Azevedo, Gustavo Regina Leme, Irene Paris Buarque de Holanda, ‘Sandra Frota, Sorah Czapski Simon), Vinicius Moises Proparacio de texto, Elvira Castanoa Revisao Vivian Miwa Matsushite Projete grafico € capa ‘Antonio Kehl Dados Internacionais de Catalogagio na Publicacie (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) __ ee eS ‘Visio de jogo : antropologia das préticas esportivas / Luiz Henrique de Toledo, Carlos Eduardo Costa, organizadores. - 1. ed. ~ $80 Paulo : Editora Terceito Nome, 2009, ~ (Antropologia hoje.) ‘Varios autores, Bibliografia. ISBN 978-85-7816-043-2 1. Esportes- Aspectos antropoligicos I, Toledo, Luiz Henrique de. IL. Costa, Carlos Eduardo. IIL. Série. 09-09070 CDD-798 oso9o7d fndices para catalogo sistemético: 1. Antropologia das priticas esportivas 796 2, Praticas esportivas : Antrapologia 796 Copyright® Luiz Henrique de Toledo ¢ Carlos Eduardo Costa (orgs) 2009 ‘Todos 08 direitos desta edigso reservados & EDITORA TERCEIRO NOME Rua Belmiro Braga 70 05432-020 ~ Sao Paulo ~ SP ‘ww terceironome.com. br fone 55 11 3816 0333 elho Editorial: José Guilherme Cantor Magnani (Diretor) - NAU/USP;, Henrique de Toledo - UFSCar; Renata Menezes - MN/UFRJ; Ronaldo Almeida — CEBRAP/UNICAMP. eiro volume foi Jovens na metropole: etnografias de circuitos de lazer, fee Pi lidade, organizado por José Guilherme Magnani e Brana Man- ‘com um panorama sobre comportamento e préticas culturais de jovens a0 de um grande centro urbano; o seguinte foi A Igreja Universal e ios, de Ronaldo de Almeida, sobre um novo e polémico fenémeno de pesquisadores jé com experiéncia de pesquisa como de -titulados na pés-graduacdo. \ € oferecer ao ptiblico académico trabalhes inovadores temas, métodos de pesquisa ou enfoques interpretativos, , contudo, um circulo diversificado de leitores, interessados nites mais amplos para 0 entendimento de questées contem- -do enfoque antropolégico. VOLEIBOL: UM ESPACO HIBRIDO DE SOCIABILIDADE ESPORTIVA JyniANa Arronso Gomes CosLHo Este capitulo parte da diferenciagao entre masculinidades e feminilidades “no campo esportivo; a ideia é verificar como distintas construgdes sociais de énero se apropriam diferentemente das praticas esportivas, em especial no que se refere Aquelas de maior apelo mididtico A pesquisa mostra que, se 0 utebol pode ser tomado como arena tipica de uma masculinidade hegeménica, jodalidades como vélei apresentariam um ethos mais hibrido. uturam seus discursos. Como nos questiondvamos acerca das possiveis rela- entre a dominancia secundaria do voleibel no cendrio esportivo brasileiro, complexo ¢ dindmico de regras, praticas e representacdes esportivas € de género, buscamos compreender essa demanda simbélica diferenciada. Una enquete realizada pela Confederacao Brasileira de Voleibol (CBV), em 2004 apontou que 0 vélei era o esporte preferido das mulheres (Grafico 3.1). tro desse contexto. Diversos autores apontam 0 esporte como uma ati- Jade predominantemente masculina ¢ muito importante na construcio da identidade masculina, Para Bourdieu,} por exemplo, os esportes ~ percebidos, fondamentalmente, como jogos de violéncia masculinos - sfio adequados para produzir os signos vistveis da masculinidade. GrArico 3.1 — EsroRTE PREFERIDO DAS MULHERES? — ESTIMULADA & MULTIPLA, EM ; mundo esportivo, em geral, aparece o temor da masculinizagao das mu- es, Esse tenor fez com que os esportes femininos fossem regulamentados nig ia Miienigs 1941, pelo Conselho Nacional de Desportos (CND),# 0 que impedint as 629 631 lheres de praticar algumas modalidades esportivas, tais como: lutas, boxe, so 5 ferofilismo, salto com vara, salto triplo, decatlon, pentatlon, futebol, rugby, fn 406301 aa Jo, polo aquatico etc., considerados desportos violentos e nfo adaptéveis 20 ; feminino. Apesar da extincio do Decreto-Lei em 1975, a divisio sexual yao fs) 202 Be yernancce presente na Cultura brasileira, orientando tanto homens Be ao 9 mulheres a escolher modalidades que um ou outro podem [devemn] ox Volei Futebol Natacao-—-Basquete Automabilismo Tenis [nao devem | praticar.> ara Costa,® 0 esporte continua a ser um dos espagos sociais em que ¢ mais isfvel a preservagéo de uma clara fronteira entre os géneros. Alguns espor- , como o boxe e 0 futebol, tentam manter-se como uma espécie de arena -afirmacio e exaltagéo da masculinidade, em grande parte isso 6 posstvel Outra pesquisa de opi taurante Bon Grillé do Shopping Ibirapuera, auxilia-nos na compreensao dé nossa hipétese. A enquete em questo originou-se da nao adesto do pabli ferninino A promocdo “Pepsi-Bon Grille”, a qual brindava o consumidor um card de jogadores de futebol, a cada refeicao, e com uma bola de futebol uma camisa da selecao, a cada dez refeicdes. A proposta da pesquisa era ava se 0 ptiblico feminino trocaria a bola de futebol pela de vélei e/ou a ca por um fop (vestimenta feminina para a pratica de esportes). Os result revelaram que apenas 6,25'% das mulheres entrevistadas acharam a promoga Stima, enquanto 62,5% acharam-na indiferente; 75% das mulheres trocaria a bola de futebol pela de vélei; e 93,75% trocariam a camisa pelo top. esses resultados, a hipétese de “feminilizacao” do voleibol parecia evi ¢ resolvemos investigar a presenca de um ethos eminentemente fe imaginétio da sociedade brasileira essas atividades ainda carregam os ar- {uétipos da masculinidade. Ao estudar as representagdes do feminino na Revista Educagdéo Physica, nos 930 e 1940, Goellner? percebeu trés fundamentos para ser mulher: beleza, t, € no se menciona a possibilidade de que a mulher venha a se tornar tatleta e participar de competigées. O carater competitivo é visto como icial 4 formacSo da personalidade feminina. Partindo de uma “estética oe ‘ ES ica”, a revista aproxima esse ideal de ura representagio convencional do é feminilidade. Se o corpo da mulher pode ser forte, gil, harmonioso € nao pode deixar de ser gracioso, delicado ¢ fértil, uma vez que essas masculine no ptiblico do futebol, em uma perspectiva comparada dentro subérea da antropologia dos esportes. As producées académicas sobre o vole tém se consolidado na comunidade cientifica e ganhado legitimidade a p: dos estudos sobre o futebol brasileiro.’ 78) A maternidade € identificada como uma funcio social da mulher a qu; nossivel de ser transformado. E come se a sexualidade fosse um substantivo todas esto destinadas. E daf que surge a necessidade do esporte — poj ele propicia que todas estejam em boas condigées fisicas para gerar saudaveis, ou seja, qualquer plano de educagao fisica visa preparar a mul para a maternidade, desde que nao ultrapasse os limites da feminilidade nao invada os territérios masculinos, pois, uma vez rompidas as front entre 0 permitido ¢ 0 proibido, 0 discurso das diferencas naturais fie das jogadoras para atrair o ptiblico masculino, recomendando, inclusive, que seriamente ameagado, ; clubes evitassem a contratagao de jogadoras com cabelos raspados. esportiva feminina ~ desde que seja admitida como “normal” ao organismo p comportamento das mulheres —, ela é recriminada quando ameaga invadir nante, ela estard se masculinizando”.* Exemplos dessa masculinizagao so: excessivo, esforco fisico, emacées fortes, competigoes, rivalidades, mis ‘ 3 Frias de ser pouco maledveis'e com poucas intersegdes: O discurso delineados, perigo de lesdes, entre outros, Nas palavras desse autor: get P = “ -onstruido ¢ polarizado por um olhar dicotémico, no qual masculinidade inilidade sio vistas como opostas e divergentes, e com diferentes os butos: homem/mulher, masculino/feminino, vicio/virtude, poténcia/fra- gilidade, virilidade/fecundidade, prochicio/reproducio, atividade/passividade, Bela, maternal e temini para ser uma mulher € © que para cla esperamos ser permitido ou proibido. Ima lentidade sexual da mulher torna-se algo fixo — que traz em si formas rigidas ositivas que ao Sse apresentarem como reais reforgam um cardter de naturalidad - 2 5 ei 7 ee e ser e de estar no mundo, associadas 4 reprodugio. Esse modelo dominante ou seja, de quem assim ¢ porque assim, em algum momento, foi.” A pritica intensiva de esportes pelas mulheres permite transformé-las de corpé passivos/objetos em corpos ativos/sujeitos, que podem ser identificados pi homens como corpos “ndo femininos”.!° Continuamos em uma cultura na qu a atividade esportiva das mulheres ameaca o mito da fragilidade ferninin: feminilidade du atleta. Por issoa necessidade da atleta de provar que 0 esp nao compromete sua feminilidade. Um dos artiffcios usados era o “test feminilidade”’,!! obrigatério para a entrada em quadra das jogadoras de vol que deixou uma jogadora brasileira (Erika) fora do Mundial Juvenil de 19! por excesso de testosterona.!? fel} afirrmou que no sistema patriarcal - do qual temos indmeros resquicios -, ’a-se uma vergonha o homem parecer-se com mulher e uma impropriedade exista influenciou acesso a determinadas camadas da populagao, dentre as quais mulheres mossextiais, ¢ continua sendo marcado pela exclusao e pelo preconceito. itério permeado por ambiguidades, o campo esportivo simultaneamente la © preocupa ambos os géneros, porque, 20 mesmo tempo, contesta € os discursos dominantes de masculinidade ¢ feminilidade. nte, retomemos 0 Grifico 3.1. Nele percebe-se que « dife- sua aparéncia deixava diividas sobre o fato de ser uma mulher." Parece a de preferéncia pelo vélei entre ambos os sexos € menos acentuada do jue a sexualidade é fixada a partir de um modelo tradicional, tornando-se : 3 a Pe poderia supor apés uma leitura leiga do problema. Surpreende a alta 80 porcentagem de homens que preferem essa modalidade esportiva ao futebol locus masculine por exceléncia. A pesquisa de campo também revelou dados compativeis com o gréfico, uma vez que nas partidas a propor¢do de mulher: e homens estava, em média, na relacdo de 3:2. Diante desse panorama, por qi o voleibol parece estar mais relacionado a um ethos feminino? s cada vez mais velozes e vigorosas ~ fundamentais para a aceitagio e ulgacao desse esporte pelo mundo. evolugao do voleibol amador para um produto, uma mercadoria espetacula- ‘no universo da sociedade de consumo ~a partir da inclusao das técnicas Parece haver, no Brasil, um apelo social proveniente do volei, que se coade ao ethos feminino e, por sua vez, mobiliza outras grades classificatorias legitimado por acionar recursos simbélicos diferentes daqueles acionados px outros esportes aqui tniversalizados, como o futebol, por exemplo. no para o ambiente doméstico, ¢ e consumo ainda é considerado uma ica feminina, associada ao espaco privado ¢ a estera familiar! - uma vez , adequar essa modalidade esportiva aos parametros de um produto “de 9 produto “voleibol” -, ¢ visando lucro e consumo, algumas de suas Para entender a associagéo voleibol/imagindrio feminino € preciso analisar § origem. Segundo Marchi Jr.,'° esse esporte, que era conhecido por minonet de Mogos (ACM) local, William George Morgan. © esporte surgiu diante necessidade de motivacao dos associados da faixa etéria compreendida ent ‘expetacularizado e absorvido por uma sociedade marcada pelo vies do consumo ‘da distincao social. A massificagao, ou melhor, as tentativas de popularizagio da improvisacéo de uma atividade mais suave, desenvolvida na forma de jogo quadra, mas sem o contato fisico do basquetebol. la sociedade de consumo e das leis do mercado, paraa definigdo de um contingente spulacional, inserido no campo esportivo, com habitus sociais esportivos distintivos especificidade da sua capacidade de canstmo.2° O basquete era o esporte dominante na €poca, porém, considerado mui cansativo e de enérgicos contatos para homens de idade mais avancada. Dia te disso, e da sugestio do pastor Lawrence Rinder, Morgan preconizou un For ser um esporte e, ao mesmo tempo, por valorizar atributos femininos, jogo com menos violencia fisica, para os associados mais antigos da ACM volei parece constituir um modelo esportive hibrido. Talvez pudéssemos descreveu-o assim: apropriacao pelo universo feminino justificaria sua hibridizacao. Nao é que ele foi 0 primeiro esporte olfmpico coletivo a prever a participagao homens e mulheres, 0 intenso € exaustivo, senti a nece: O basquetebol poderia responder plenamente as exigéncias dos jovens, porém,, necessdrio algo para os mais idosos, que nao fosse tao rude e fatigante.'” ; a. Esse fato s6 foi compreendido aps etnografia virtual realizada em € relacionamentos (Orkut),?! onde procuramos comunidades que agri- Linteressados em voleibol, bem como foruns de discussio. A partir da origem e das palavras de Morgan, referentes aos objetivos publico a ser atingido pela modalidade, pereebe-se que 0 vélei nasceu peitando as necessidades de uma elite, qual seja, a elite clubistica crista. E jd surge como um modelo alternativo 3 masculinidade esportiva hegem6ni para a qual atributos como forca, violéncia, agressividade e contato fis Cantes desse esporte com a homossexualidade. E 0 que pudemos per- 82 oe ao encontrar varias comunidades que traziam 4 tona esse preconceig © yolei parece ser um focus privilegiado para o desenvolvimento de uma Vélei é esporte de viado, Vélei, um esporte de viado, Unico time (vélei) ibilidade homoerstica, Por ser essa uma forma de masculinidade altema- néo tem viado, Vélei € coisa de viado, Eu odeio viado que jor vélei, Q Pe Gee ida de tee Soles cociokmente aceita bi joga vélei é viado, Vocé eh gay ou joga volei necessidade de encobrimento. Entretanto, também encontramos comunidades que procuravam rebater associagao: Jogo vilei ¢ sou macho, Jogo vélei e nfo sou viado, Pratico (j vélei + sou macho, Jogo valei mas nawm sou gay. $ 5 preconceito em relagao a homossexualidade e a consequente necessidade esconjuracao, contudo, também sfo extensivas a outras préticas esportivas, 0 futebol. Eo que deixou claro uma noticia veiculada em jornal,”* fazendo reréncia a Diego Maradona e Claudio Caniggia que comemoraram com um, jo, aparentemente dado na boca, a vitéria do Boca Juniors sobre o River ate, Ao ser convidado para comentar o assunto, Renato Gaticho afirmou que Note-se que o preconceito parte tanto das comunidades que falam que o esp. Se lembrarmos que o esporte est4 relacionado a um ethos masculino e a origem do yélei parece priorizar caracteristicas que nao se conformaria masculinidade hegeménica, podemos entender a desconexio, feita por parcela de membros do Orkut, entre vélei ¢ esporte. Isso fica claro qua anali atividade anaerdbica, enfim... TUDO menos esporte, junte-se a nés!”. comunidades sao grupos de interesse em torno de um tema comum, sej area académica, literaria, sexual, cultural, esportiva etc. Salientamos, bém, que 0 uso desses dados d4 um viés etSrio e de classe social A pesqt uma vez que © acesso A internet € ao Orkut — embora esteja cada vez popularizado -, se restringe A determinadas camadas da sociedade. pesquisa feita para este capitulo nao era quantitativa, 0 uso dessa import ferramenta forneceu pistas que corraboraram nossas hipéteses. plicacéo do primado concedido a masculinidade reside na ldgica da econo- a de trocas simbdlicas ~ mais precisamente, na construcao social das relacdes ibuir para a reprodugao do capital simbélico dos homens -, de protagonistas as de honras, de dons, de mulheres, de desafios e de mortes.* Essa necessidade veemente de assegurar a “macheza” e afastar o tabi femninilidade pode ter um efeito contrério ao esperado, ou seja, apon sia ae pais desu virilidadle eiacdisaonesdle homossekts: A virilidade € uma nogio relacional, construida diante de outros S, para outros homens e contra a feminilidade, por uma espécie de os torcedores como entre os jogadores. E possivel supor que houvesse justificativa para as tentativas percebidas de exorcizar a feminilidade, uma to, o duplo paradigma naturalista que define, por um lado, a superioridade kina sobre as mulheres ©, por outro lado, normatiza o que deve sera sexus- 2 Archetti,”* ¢ impossivel pensar em masculinidade sem feminilidade, j que hhomem precisa de ura mulher para reafirmar sua propria masculinidade. entanto, completa o autor, além de a masculinidade se construir como que nos diz o que deve ser 0 verdadeiro homem, o homem normal. Esse ho: viril na apresentacdo pessoal € em suas praticas, logo nao efeminado, ativo, d nante, pode aspirar a privilégios de género. Os outros, aqueles que se distis genero é fundamentalmente uma construcio social e, portanto, histérica, amos de supor que esse é um conceito plural, ou seja, haveria conceitos de ino ¢ de masculino, social ¢ historicamente diversos. Assim, para além do arismo dos conceitos, é possivel identificar uma pluralidade de concepeées homem e mulher no interior de uma sociedade, bem como a diversificagio ssas concepsées conforme classe, religido, raga, idade ete. Além disso, os ceitos de masculino ¢ feminino se transformam ao longo do tempo, e podem criangas € qualquer pessoa que néo seja um individue normal.2? A familia, a Igreja, a escola ¢ o Estado inculcam nos “verdadeiros” hom. veemente combate aos aspectos associados as mulheres.*° E assim que nas se atribuem, caracteristicas conferidas ao outro sexo. Para Welzer-Lang,1 homofobia quic engessa as fronteiras de genero. A homossexualidade e o su homosexual so uma invengao do século 19. Louro,” afirmou que categ zados como desviantes, os destinos [dos homossexuais] foram o segredo ¢ segregacdo - um lugar incémodo para permanecer. Essa visio binaria do mundo e das relacées de género identifica o masculino. ferninino como termos opostos, ainda que complementares: eles podem com um com © outro, mas nunca um no outro. Os atributos considerados femini sio positives se encontrades em mulheres, mas desqualificam os homens qi posstiem, o mesmo se dando com a masculinidade em relagéo as mulheres... dom{nio do binério, as préticas e comportamentos sexuais e afetivos que nao decem esta distingdo dual sero tomadas como desvio, perversio.? : quais seriam as diferengas entre a masculinidade masculina e a abe-se que a masculinidade feminina é um tipo de ler0 periférico, um género de minoria e que ndo tem o peso dos poderes ehtico e social. Assim, a masculinidade masculina é 0 que chamamos de neto dominante, enquanto 0 outro é minoritério.® Ws individuos, entretanto, si 4 ) 5, (0, sfio bombardeados por uma multiplicids - feiniente Constroerh rauthieres'e homens como’tipos diferentes de indica a See enece a r dl os dif F608 concorrentes sobre género. Eles podem aderir a mais de um modelo pessoas. Por exemple, individuos do género masculino sio retratados como ati por ver ais i ‘ asiPor 2 i a on I vezes contraditérios, 0 que gera o risco de desorientagdo e tem como agressivos, impositivos e poderosos, enquanto individuos de género feminine “ae a ; ‘quencia a constittigéo de modelos hibridos de masculinidade e de femi- vistos como essencialmente passivos, fracos, submissos ¢ receptivos. de® p. a jr 7 d ‘ara Moore, a existéncia de miltiplos discursos de género dentro de Hesmo contexto social significa que pode existir um discurso que enfatiza €za oposicional e mutuamente exclusiva das categorias (homem versus Net, masculino versus feminino) ao lado de outros discursos que enfatizam 2a processual, mutavel e temporaria da atribuicio de género. A coexis- “esses miiltiplos discursos, contudo, produz uma situagio na qual hé uma “acho hierirquica, em que modelos de masculinidade e de femi Snicos determinam masculinidades e feminilidades alternativas. Para Bourdieu,*5 “tendo apenas uma existéncia relacional, cada um dos gi € produto do trabalho de construg’o diacritica, ao mesmo tempo tedri cada lado dessa construigfo sio conferidos stributos ¢ se dasldides ice mais diferencas do que similitudes e complementaridades.

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