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de Ginecologia e Obstetrícia
Manual de Orientação
Ginecologia Oncológica
2010
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
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Ginecologia Oncológica
Ginecologia Oncológica
2010
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Ginecologia Oncológica
Manual de Orientação
DIRETORIA
TRIÊNIO 2009 - 2011
Presidente
Nilson Roberto de Melo
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Ginecologia Oncológica
2010
Ginecologia Oncológica
Presidente: Etelvino de Souza Trindade (DF)
Vice-Presidente: Jurandyr Moreira de Andrade (SP)
Secretario: Sophie Françoise Mauricette Derchain (SP)
MEMBROS COLABORADORES
Agnaldo Lopes da silva Filho (MG) Áurea Akemi Abe Cairo (SP)
Celso Luiz Borrelli (SP) Fernando Anschau (RS)
Francisco Alberto Régio de Oliveira (CE) José Carlos Campos Torres (SP)
Gustavo Py Gomes da Silveira (RS) Luis Felipe Trincas Assad Sallum (SP)
Jesus Paula Carvalho (SP) Paula Ribeiro de Miranda Maldonado (RJ)
Luciano Brasil Rangel (SC) Ricardo Caponero (SP)
Luiz Carlos Zeferino (SP) Yara
Manoel Afonso Guimarães Gonçalves (RS)
Petrus Augusto Dornelas Câmara (PE)
Ronaldo Carauta de Souza (RJ)
Sérgio Mancini Nicolau (SP)
Walquíria Quida Salles Pereira Primo (DF)
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Presidência
Secretaria Executiva
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Ginecologia Oncológica
ÍNDICE
Apresetação 7
Câncer de Vulva 9
Câncer de Vagina 29
Câncer do Colo do Útero 37
Câncer do Endométrio 51
Sarcoma do Corpo do Útero 69
Câncer da Tuba Uterina 83
Câncer do Ovário 91
Doença Trofoblástica Gestacional 101
Cuidados Paliativos 117
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APRESENTAÇÃO
O Manual procura estabelecer para nosso país, onde existem imensas diferenças de
recursos humanos e estruturais, o limite do mínimo indispensável para a boa prática
médica e a excelência do cuidado com a paciente sem chegar à redundância e ao
supérfluo. Dessa forma a paciente estará bem atendida e não serão agregados ônus
desnecessários.
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CÂNCER DE VULVA
Introdução
O câncer de vulva é neoplasia rara, corresponde a menos de 1% das neoplasias
malignas da mulher e é responsável por 3 a 5% das neoplasias malignas do trato genital
feminino.
Epidermóide 86,2%
Melanoma 4,8%
Sarcoma 2,2%
Carcinoma Basocelular 1,4%
Glândula de Bartholin
Escamoso 0,4%
Adenocarcinoma 0,6% 1,2 %
Adenocarcinoma 0,6%
Indiferenciado 3,9%
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Vias carcinogenéticas
As evidências epidemiológicas sugerem dois caminhos etiológicos na carcinogênese
vulvar.
O segundo tipo é visto mais frequentemente em mulheres mais jovens, está associado à
infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e apresenta como lesão precursora a NIV
associada ao HPV, também denominada de NIV usual7.
Fatores de risco
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Diagnóstico
A biópsia da vulva deve ser indicada e realizada para qualquer lesão vulvar suspeita,
sintomática ou assintomática, tais como: lesões confluentes; massas verrucosas; úlceras
persistentes; áreas pruriginosas; alterações de cor, relevo e superfície 3(A).
A obtenção do tecido para a biópsia deve ser realizada com anestesia local, envolvendo
pele sadia e estroma subjacente com formato em cunha. Não se deve retirar a lesão por
completo, para não prejudicar o planejamento do tratamento definitivo 8 (D).
Nas lesões invasoras o prurido vulvar costuma ser o principal sintoma; pode também
ocorrer queixa de “caroço” na virilha e sangramento, nos casos com doença em estádios
avançados.
Estadiamento
O câncer de vulva pode disseminar a partir do sítio inicial por meio da invasão local de
tecido adjacente ao tumor primário, embolização para linfonodos regionais, usualmente
inguinais superficiais e profundos e eventualmente pélvicos, e, muito raramente, por
via hematogênica, atingindo pulmões, fígado e ossos3.
O estadiamento é iniciado pelo exame físico geral, palpação das cadeias linfáticas
inguinais e supraclaviculares, exame vaginal e toque retal, eventualmente efetuado
sobanalgesia.
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A avaliação clínica de metástase linfonodal não é confiável. Por isso, alguns autores
estudaram a possibilidade de detectar invasão linfonodal por meio de biópsia aspirativa
com agulha fina. Em uma revisão de casos, parte retrospectiva e parte prospectiva,
avaliando mulheres com idade média de 74 anos, portadoras de carcinoma de vulva,
distribuídos nos estádios Ib – 20%, II – 25%, III – 43 e IV – 11%, submetidas à biópsia
aspirativa por agulha fina guiada por ultrassonografia dos linfonodos considerados
suspeitos por apresentarem configuração irregular ou ecogenicidade alterada, foram
encontrados valores de sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo iguais a
80%, 100% e 100% respectivamente 14 (B).
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TNM:
T: Tumor primário:
TX Tumor primário não pode ser avaliado.
TO Não há evidência de tumor primário.
Tis Carcinoma in situ (carcinoma pré-invasivo).
T1 Tumor confinado à vulva, ou à vulva e períneo.
T1a Tumor confinado à vulva, ou à vulva e períneo, com 2 cm ou menos na
sua maior dimensão e com invasão estromal até 1 mm*.
T1b Tumor confinado à vulva, ou à vulva e períneo, com 2 cm ou menos na
sua maior dimensão e com invasão estromal maior que 1 mm.
T2 Tumor invade a uretra inferior e/ou vagina inferior e/ou ânus.
T3 Tumor invade a uretra superior e/ou vagina média e/ou bexiga e/ou
mucosa retal e/ou osso (fixo ao osso pélvico).
N: Linfonodos regionais:
NX Linfonodos regionais não podem ser avaliados.
N0 Ausência de metástase em linfonodo regional.
N1 Metástase em linfonodo regional.
N1a Metástase em 1 ou 2 linfonodos, menor que 5 mm.
N1b Metástase em qualquer número de linfonodos, sendo 1 com 5 mm ou
mais.
N2 Metástase em linfonodo regional.
N2a Metástase em 2 ou mais linfonodos, menores que 5 mm.
N2b Metástase em 2 ou mais linfonodos com 5 mm ou mais.
N2c Metástase em qualquer número de linfonodos, havendo ruptura de
cápsula de um ou mais deles.
N3 Metástase em linfonodo, fixo ou ulcerado.
M: Metástase à distância:
M0 Ausência de metástase à distância.
M1 Metástase à distância.
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Bases do tratamento
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Para pacientes com lesões iniciais deve-se recomendar tratamento conservador, devido
ao impacto psicossocial e às comorbidades cirúrgicas que ocorrem na cirurgia radical
17
(B).
Nos estádios III e IV, o tratamento cirúrgico deverá ser complementado com radioterapia
18
(B).
Linfadenectomia inguinal
A abordagem padrão para a avaliação histológica linfonodal em mulheres com câncer
da vulva é a linfadenectomia inguinofemoral 19 (B).
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Por isso, técnicas não invasivas ou minimamente invasivas são desejáveis com o
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Tratamento
1. NIV
2. Estádio I:
b) Estádio Ib – Opções:
Cirurgia:
Lesão com invasão estromal menor de 1 mm, sem invasão angiolinfática, realizar
exerese ampla da lesão sem linfadenectomia. A prevalência de linfonodos positivos
neste estágio é menor que 1%. Os riscos de recidiva aumentam na medida em que a
margem de segurança diminui. O mínimo de margem recomendável é 8 mm 5,8 (D) 16,17
(B).
Em lesão não central, com invasão estromal maior de 1,0 mm e menor de 5 mm, sem
invasão angiolinfática realizar exerese ampla da lesão com linfadenectomia unilateral
5,8
(D) 16,17,24 (B).
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Em lesão central, com invasão estromal maior de 1 mm e menor de 5 mm, sem invasão
angiolinfática realizar vulvectomia simples.
Radioterapia:
A radioterapia inguinal pode ser considerada uma alternativa viável em pacientes com
contraindicação cirúrgica para linfadenectomia inguinal em linfonodos clinicamente
negativos 24 (B).
Linfonodo sentinela
3. Estádio II:
Opções:
- Vulvectomia radical;
- Radioterapia adjuvante;
- Radioterapia exclusiva;
- Radioterapia associada à quimioterapia.
Cirurgia:
Na última década os esforços têm sido dirigidos para uma abordagem cirúrgica mais
conservadora, principalmente em mulheres que apresentam carcinoma de vulva
acometendo apenas um lado, nos estádios I e II 27,28 (B), sendo a proposta de tratamento
a hemivulvectomia radical associada à linfadenectomia inguinal superficial ipsilateral
com incisões separadas.
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Radioterapia:
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4. Estádio III:
Opções:
- Vulvectomia radical;
- Radioterapia adjuvante;
- Radioterapia e/ou quimioterapia neoadjuvante.
Cirurgia:
Radioterapia:
Assim, se houver dois ou mais linfonodos inguinais comprometidos deve ser indicada
a radioterapia adjuvante inguinal e pélvica com dose de 45 Gy a 50 Gy.
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5. Estádio IV:
Estádio IVa – Opções:
- Vulvectomia radical e exenteração pélvica anterior e/ou posterior;
- Radioterapia e/ou quimioterapia;
Cirurgia:
Quando a doença envolve o reto, ânus, septo retovaginal, uretra proximal ou bexiga,
a ressecção cirúrgica adequada é possível a partir da combinação da vulvectomia
radical à exenteração pélvica. Porém, essa cirurgia está associada a elevadas taxas de
morbimortalidade e a sobrevida em cinco anos gira em torno de 50% 35,36 (C).
Nas pacientes que têm contraindicação para platina, substituí-la por mitomicina 10mg/
m2.
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Para pacientes inoperáveis por serem julgadas inadequadas para a cirurgia ou incapazes
de tolerar vulvectomia radical realizar radioterapia exclusiva associada à quimioterapia
com cisplatina e fluorouracil em infusão continua por quatro dias iniciando nos dias D1
e D22 da radioterapia 26,33 (B).
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a resposta clínica completa foi atingida com a radioterapia isolada em 41% das pacientes
comparada com 71% de resposta clínica completa na associação quimioirradiação no
período analisado de 46 meses, sendo o RRA de 0,297 com IC 95% (0,069 a 0,663) 40
(B).
Opções:
Não existe quimioterapia padrão ou outro tratamento padrão para doença metastática
33
(B).
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Condições especiais
1. Melanoma vulvar – É a segunda neoplasia vulvar mais comum com incidência de
4,8%. A maioria das lesões envolve o clitóris ou o pequeno lábio Toda lesão pigmentada
na vulva deve ser biopsiada. Para o estadiamento usar o sistema de Clark ou Breslow
modificado. Como nos melanomas cutâneos, há uma tendência para resseção mais
conservadora nos melanomas vulvares. O tratamento é a exerese ampla das lesões
primárias com margem de pelo menos 1 cm. A linfadenectomia inguinal é controversa,
embora seja recomendada pelo Intergroup Surgical Melanoma Program3 (A) 43 (B).
Seguimento
Na literatura, não existem evidências de que o seguimento rotineiro de pacientes
assintomáticas com exames de imagem é melhor do que solicitá-los apenas para a
paciente sintomática com orientação dada pelo sintoma.
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CÂNCER DE VAGINA
Introdução
O carcinoma primário de vagina é um tumor raro; corresponde 1% a 2% dos tumores
malignos ginecológicos e ocupa o quinto lugar em incidência entre as neoplasias
malignas do trato genital feminino.
O conceito de tumor primário de vagina é o tumor que origina na vagina e não acomete
a vulva nem o colo do útero.
Cerca de 70 a 80% das pacientes com essa doença têm mais de 60 anos de idade.
A exceção são os tumores associados ao uso de dieteilestilbestrol (DES) por mulher
gestante, que expõe o feto feminino intraútero, e esse feto, quando adolescente ou
mulher adulta jovem, entre os 17 e 21 anos de idade pode desenvolver o adenocarcinoma
de células claras da vagina.
As lesões metastáticas são duas a três vezes mais frequentes que o carcinoma primário
e são provenientes do colo do útero, endométrio, ovário, vulva, reto, uretra, bexiga e
do coriocarcinoma1.
Fatores de risco
Os mais importantes são a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) e irradiação
prévia.
Cerca de 80% dos casos surgem em mulheres previamente tratadas por câncer de colo
do útero e os 20% restantes após histerectomia por lesões benignas 2,3.
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Outros fatores de risco são tabagismo, promiscuidade sexual, baixo status imunológico
e irritação vaginal crônica.
Diagnóstico
A história clínica deve investigar passado de câncer, principalmente do colo do útero,
radioterapia e cirurgia pélvica.
No exame ginecológico, durante a inspeção, deve ser feita a rotação do espéculo para
que todas as paredes vaginais sejam bem observadas.
Estadiamento
Como o estadiamento do carcinoma vaginal é clínico e não cirúrgico deve ser solicitada
a cistoscopia, a urografia excretora, a retossigmoidoscopia e radiografia do tórax, com
o propósito de avaliar a extensão da doença.
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TNM:
T: Tamanho do tumor primário:
TX Tumor primário não pode ser avaliado.
T0 Não há evidência de tumor primário.
Tis Carcinoma in situ (carcinoma pré-invasivo).
T1 Tumor confinado à vagina.
T2 Tumor invade os tecidos paravaginais, mas não se estende à parede
pélvica.
T3 Tumor estende à parede pélvica.
T4 Tumor invade a mucosa vesical ou retal, e/ou estende além da pelve
verdadeira.*
N: Linfonodos regionais:
NX Os linfonodos regionais não podem ser avaliados.
N0 Ausência de metástases em linfonodo regional.
N1 Metástase em linfonodo regional.
M Metástase à distância:
M0 Ausência de metástase à distância.
M1 Metástases à distância.
* A presença de edema bolhoso não é evidência suficiente para classificar um tumor
como T4.
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Estádio: Descrição:
O Carcinoma in situ (carcinoma pré-invasivo).
TisN0M0
I Tumor confinado a parede vaginal.
T1N0M0
II Tumor invade o tecido perivaginal (paracolpos, paramétrios),
T2NOMO mas não se estende à parede pélvica.
III Tumor estende à parede pélvica, ou está localizado nos 2/3
T1/T2/T3N0M0 superiores da vagina com metástases para os linfonodos
pélvicos, ou está localizado no 1/3 inferior da vagina com
metástases unilateral para os linfonodos inguinais.
Bases do tratamento
Estudo realizado por Kucera et al analisou 190 pacientes com câncer de vagina, em
todos os estádios; todas foram tratadas com radioterapia exclusiva; a sobrevida em
cinco anos foi de 41% 5 .
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Tratamento
1. NIVA - O tratamento da Neoplasia Intraepitelial Vaginal é exposto no Manual de
Patologia do Trato Genital Inferior.
Seguimento
Na literatura, não existem evidências de que o seguimento rotineiro de pacientes
assintomáticas com exames de imagem é melhor do que solicitá-los apenas para a
paciente sintomática com orientação dada pelo sintoma.
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Condições especiais
1. Melanoma vaginal – Corresponde a menos de 5% de todos os cânceres da vagina
e geralmente acomete o seu terço distal. A lesão é pigmentada escura. Toda lesão
pigmentada na vagina deve ser biopsiada. Para o estadiamento usar o sistema de
Clark ou Breslow modificado. A tendência atual é a resseção mais conservadora nos
melanomas, o que poderá ser aplicado quando compromete a vagina. O tratamento é a
exerese ampla das lesões primárias com margem de pelo menos 1 cm. A opção será a
abordagem de acordo com a base do tratamento cirúrgico para o carcinoma vaginal do
terço inferior vaginal.
Prognóstico
O estádio clínico é o mais importante indicador prognóstico. A sobrevida é menor nas
pacientes acima de 60 anos de idade, sintomáticas no momento do diagnóstico, com
lesões localizadas no terço médio e inferior da vagina e com tumores indiferenciados.
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36
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Introdução
O câncer do colo uterino é, em nosso país, o tumor maligno mais frequente no sistema
genital feminino, diferente do que ocorre em países mais adiantados, onde prevalece
o câncer de endométrio. É, também, o segundo câncer mais frequente na mulher, em
todas as localizações, exceto pele. No Brasil, somente nas regiões sudeste e sul situam-
se em terceiro lugar, após mama e colon1.
Nos países desenvolvidos a sobrevida média de cinco anos para as pacientes tratadas
é de 51% a 66%, enquanto que nos países em desenvolvimento a sobrevida média em
cinco anos é de 41%1.
Fatores de risco
O código de alto risco para carcinoma epidermóide do colo do útero engloba os
seguintes itens:
- Infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), especialmente pelos tipos considerados
de risco maior;
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- Imunodepressão e imunossupressão e
- Radiações ionizantes 3.
Diagnóstico
Os meios utilizados para detectar o câncer do colo do útero em estádio pré-clínico e as
alterações pré-malignas que têm história natural correlata a essa doença são:
- Toque vaginal e
- Toque retal.
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O tumor de colo uterino pode infiltrar em direção à vagina, nos casos avançados,
chegando até o seu terço inferior, e/ou em direção à cavidade uterina, para os paramétrios
anteriores, laterais ou posteriores, para a bexiga e reto.
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Aspectos histológicos
Os cânceres de colo uterinos são espinocelulares em cerca de 80% dos casos. O
adenocarcinoma tem taxa de incidência em cerca de 15% dos casos e os de menor
frequência são os tumores adenoescamosos, neuroendócrinos e outros muito raros.
Estadiamento
A FIGO considera como exames auxiliares do exame clínico, para estadiamento, a
cistoscopia, retossigmoidoscopia e urografia excretora. Outros exames poderão ser
usados, como a ultrassonografia transvaginal ou transretal e a ressonância magnética,
para fins de planejamento terapêutico, embora não sejam partes do protocolo.
O estadiamento do câncer do colo uterino é clínico. Ele foi modificado pela FIGO em
janeiro de 2009, como exposto na Tabela 1, a seguir 5 . O estadiamento TNM é o da
sétima edição, de 2009 da UICC e não teve alteração.
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TNM:
T: Tumor primário:
TX Tumor primário não pode ser avaliado.
TO Não há evidência de tumor primário.
Tis Carcinoma in situ (carcinoma pré-invasivo).
T1 Tumor limitado ao colo. A extensão ao corpo deve ser desprezada.
T1a Carcinoma invasivo, diagnosticado somente pela microscopia. Todas
as lesões visíveis macroscopicamente – mesmo com invasão
superficial – são T1b.
T1a1 Invasão estromal de até 3 mm e com 7 mm ou menos de extensão
horizontal.
T1a2 Invasão estromal com mais de 3 mm até 5 mm em profundidade e
com extensão horizontal de 7 mm ou menos.*
T1b Lesão clinicamente visível, limitada ao colo, ou lesão microscópica
maior que T1a2.
T1b1 Lesão clinicamente visível com 4 cm ou menos em sua maior
dimensão.
T1b2 Lesão clinicamente visível com mais de 4 cm em sua maior dimensão.
T2 Tumor que invade além do útero, mas não atinge a parede pélvica ou
o terço inferior da vagina.
T2a Sem invasão do paramétrio.
T2b Com invasão do paramétrio.
T3 Tumor que se estende à parede pélvica compromete o terço inferior da
vagina, ou causa hidronefrose ou exclusão renal.
T3a Tumor compromete o terço inferior da vagina, sem extensão à parede
pélvica.
T3b Tumor estende até a parede pélvica ou causa hidronefrose ou
exclusão renal.
T4 Tumor invade a mucosa da bexiga e/ou reto e/ou estende além da
pelve verdadeira.
T4a Tumor invade a mucosa vesical ou retal, ou estende além da pelve
verdadeira.**
N: Linfonodos regionais:
NX Linfonodo regional não pode ser avaliado.
N0 Ausência de metástase em linfonodo regional.
N1 Metástase em linfonodos regionais.
M Metástase à distância:
M0 Ausência de metástase à distância.
M1 Metástase à distância.
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Estádio: Descrição:
0 Carcinoma in situ (carcinoma pré-invasor)
TisN0M0
I Tumor estritamente confinado ao colo do útero. A extensão
T1 ao corpo é desconsiderada.
Ia Lesão invasora pré-clínica. Somente será diagnosticada
T1aN0M0 por microscopia. A lesão tem sempre menos de 5 mm de
invasão em profundidade e menos de 7 mm de extensão.
Ia1 Invasão máxima de 3 mm em profundidade e 7 mm de
T1a1N0M0 extensão.
Ia2 Invasão máxima de 5 mm em profundidade e 7 mm de
T1a2N0M0 extensão.***
Ib Lesão invasora clínica ou pré-clínica maior que no estádio
T1bN0M0 Ia.
Ib1 Tumor maior que o estádio Ia até 4 cm na maior extensão.
T1b1N0M0
Ib2 Tumor com mais de 4 cm na maior extensão.
T1b2N0M0
II Tumor ultrapassa os limites do colo uterino, podendo
T2 invadir a vagina sem atingir o seu terço inferior e/ou
acometendo um ou ambos os paramétrios, sem atingir a
parede pélvica e sem invadir os ureteres.
IIa Há comprometimento da vagina, mas não do paramério.
T2aN0M0
IIa1 Tumor igual ou menor que 4 cm na maior extensão e
T2a1N0M0 envolve menos que dois terços superiores da vagina.
IIa2 Tumor com mais de 4 cm na maior extensão e envolve
T2a2N0M0 menos que dois terços superiores da vagina.
IIb Há comprometimento do paramétrio.
T2bN0M0
III Tumor invade a vagina até o seu terço inferior ou invade os
T3 paramétrios até a parede pélvica. ****
IIIa Tumor invade a vagina em seu terço inferior, pode invadir
T3aN0M0 paramétrios, mas sem extensão á parede pélvica.
IIIb Tumor invade o paramétrio até a parede pélvica ou
T1/T2/T3aN1M0 hidronefrose ou rim não funcionante.
T3bqqN1M0
IV Tumor estende além da pelve verdadeira ou invade a
mucosa da bexiga e/ou do reto. *****
IVa Tumor invade a mucosa da bexiga e/ou do reto.
T4qqNM0
IVb Metástases à distância, além dos órgãos pélvicos.
qqTqqNM1
* A profundiade da invasão não deve ser maior do que 5 mm, medida a partir da base
do epitélio, superficial ou glandular, do qual se origina. A profundidade da invasão é
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Tratamento
O tratamento da Neoplasia Intraepitelial Cervical – NIC – é exposto no Manual de
Patologia do Trato Genital Inferior.
A cirurgia deve ser radical, podendo ser realizada por via abdominal (cirurgia de
Wertheim-Meigs) ou por via vaginal (cirurgia de Schauta-Amreich). Na utilização da
via vaginal a linfadenectomia poderá ser realizada por videolaparoscopia.
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Ainda neste estádio, sendo desejada a preservação da fertilidade, pode ser indicada a
traquelectomia radical com linfadenectomia pélvica (B).
A pesquisa de linfonodo sentinela tem sido feita ainda em fase experimental, sem estar
integrada às normas assistenciais.
Prognóstico
O prognóstico do câncer de colo uterino tratado é bom, especialmente nos estádios
muito iniciais.
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- Estádio IIIa - 39,7%;
- Estádio IIIb - 41,5%;
- Estádio IVa - 22,0% e
- Estádio IVb - 9,3%.
Recorrências
As recorrências locais, em casos tratados primariamente por cirurgia, têm indicação de
radioquimioterapia (B).
Casos especiais
1. Câncer na gestação
Não havendo inconveniente para esperar a viabilidade fetal, atingida esta a paciente é
submetida à operação cesariana e, na sequência, a cirurgia ou radioterapia, dependendo
da indicação oncológica.
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A situação ocorre, embora seja condenável, às vezes por falha nos exames prévios, às
vezes por situação clínica que oculta o tumor e raramente por situações emergenciais.
Os exames disponíveis para avaliar lesões do colo uterino não deveriam deixar escapar
nenhum caso de câncer insuspeitado.
No caso de o tumor ser descoberto no exame histopatológico e for inicial, sem invasão
do espaço linfovascular, a paciente deve ser considerada como tratada e submetida a
revisões médicas periódicas.
O médico responsável por seus atos deve esclarecer toda situação clínica da paciente
antes de executar cirurgia sobre o útero. Não se explica e muito menos se justifica o
achado surpresa de câncer de colo ou de endométrio em peça de histerectomia indicada
por patologia benigna. Assim como não deve o médico não treinado para cirurgia do
câncer se apresentar para executá-la.
O câncer do colo restante pós histerectomia subtotal que, dizia o Professor João Gomes,
mais comumente é um câncer restante no colo, tem como tratamento preferencial a
traquelectomia radical com linfadenectomia videolaparoscópica.
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Seguimento
A partir dos cinco anos as consultas de revisão, se tudo estiver bem, passam a anuais.
Os sinais de alerta sobre recidiva são o sangramento via vaginal, urinária ou retal,
a dor pélvica ou abdominal, o edema de membros inferiores, especialmente quando
unilateral, e a secreção vaginal anormal.
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49
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FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
CÂNCER DO ENDOMÉTRIO
Introdução
O carcinoma endometrial compromete a cada ano duas mulheres em 100.000 abaixo
de 40 anos e 40 a 50 mulheres em 100.000 entre a sexta e oitava décadas da vida e
espera-se um aumento progressivo da sua incidência devido à obesidade e aumento da
longevidade principalmente na América do Norte e Europa Ocidental1.
Tipos histológicos
O tipo histológico mais comum é o adenocarcinoma endometrióide, que corresponde
entre 75% a 80% dos casos, e tem como variante mais comum a diferenciação escamosa.
Esse tumor está relacionado ao hiperestrogenismo e a lesão precursora é a hiperplasia
atípica.
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Quando a atipia nuclear estiver inapropriada para definir o grau arquitetural, o grau de
diferenciação é aumentado de G1 para G2 e de G2 para G3. O adenocarcinoma com
componente escamoso é graduado pelo componente glandular.
Fatores de risco
O fator de risco considerado pela maioria dos autores como mais importante é a
obesidade, mas constituem também fatores de risco o diabetes mellitus, todos estados
relacionados com ação estrogênica aumentada e/ou persistente por longo tempo como
menarca precoce, menopausa tardia, baixa taxa de natalidade ou nuliparidade, tumores
ovarianos produtores de hormônios, anovulação, uso de terapia estrogênica e, mais
recentemente uso de tamoxifeno.
Diagnóstico
O principal sintoma é o sangramento uterino anormal. Outros comemorativos
relacionados à doença são: sensação de peso em baixo ventre; dor pélvica; menorragia;
sangramento intermenstrual; e presença de piometra, hematometra e de células
glandulares atípicas no exame colpocitológico. Em fase mais tardia ocorre dor em baixo
ventre, secreção com odor fétido, alterações urinárias ou intestinais e emagrecimento.
Essa avaliação pode ser realizada através de biópsia endometrial cega, ou com auxílio
da histeroscopia, ou pela obtenção de amostra do tecido endometrial pela curetagem
uterina.
A biópsia endometrial por aspiração (a mais usada é a Pipelle) tem sido muito utilizada
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porque é ambulatorial e causa pouco desconforto para a paciente, mas tem limitações
devido à pequena área endometrial avaliada e a sensibilidade diagnóstica ser muito
variável.
O exame citopatológico cervical não deve ser considerado como método diagnóstico
das neoplasias endometriais.
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Hiperplasia endometrial
A hiperplasia e o adenocarcinoma do endométrio são duas doenças histologicamente
diferentes. Porém quando ocorre atipia celular a hiperplasia passa a ser considerada a
alteração precursora imediata do adenocarcinoma do endométrio e muitos autores a
consideram como uma verdadeira neoplasia intraepitelial.
O pico de incidência da hiperplasia sem atipia está em torno dos 50 anos e com atipia
aos 60 anos de idade.
Estadiamento
O início é pelo exame físico geral, palpação das cadeias linfáticas supraclaviculares e
inguinais, exame vaginal e toque retal, eventualmente efetuado sobanalgesia.
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Esses exames não devem ser utilizados na rotina do estadiamento e nem do seguimento
considerando-se a necessidade de estudos adicionais do método e ao seu alto custo.
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Fatores prognósticos
Os tumores não endometrióides são responsáveis por mais de 50% das mortes e
recorrências entre os carcinomas endometriais 9, 11,14.
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Tratamento
1. Hiperplasias sem atipias – O tratamento da hiperplasia do endométrio simples ou
complexa sem atipia é com progesterona ou progestágenos sintéticos, pois a resposta
é muito boa.
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Como aumenta a morbidade, a RT não deve ser indicada para pacientes no estádio I G1,
com invasão inicial do miométrio e menores de 60 anos de idade.
1. Estádio I e II oculto.
c) Estádios IaG3, IbG1, G2, G3, II oculto e tipos serosopapilífero e células claras –
Cirurgia e radioterapia: teleterapia na pelve e braquiterapia de cúpula vaginal.
2. Estádio II
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indicada nos casos de invasão cervical extensa, seguida de cirurgia a ser realizada entre
quatro e seis semanas após o término da radioterapia. A cirurgia, neste caso será a
HT+SOB, CO e biópsias de linfonodos para-aórticos e do omento.
3. Estádio III
- A cirurgia será opção se todo o tumor for ressecável. No momento cirúrgico deve-se
biopsiar linfonodos aórticos e omento. Após a cirurgia realizar RT adjuvante.
- Quimioterapia ou hormonioterapia:
Quimioterapia – Doxorubicina (60mg/m2);
Doxorubicina + Cisplatina (50mg/m2);
Doxorubicina + Cisplatina (50mg/m2) + Paclitaxel (170mg/m2).
Hormonioterapia – Acetato de medroxiprogesterona;
Acetato de megestrol;
Tamoxifeno.
A QT e a HT são os principais tratamentos das metástases extrapélvicas.
O papel adjuvante da quimioterapia não está estabelecido.
61
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a) Estágio IVa – Tumor invadindo bexiga e/ou mucosa retal: radioterapia exclusiva ou
quimioterapia ou hormonioterapia.
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progestágenos.
Condições especiais:
1. Diagnóstico após histerectomia – É mais frequente após cirurgias vaginais por
prolapso e o maior problema costuma ser a não remoção dos anexos. A conduta nesses
casos é reoperar para estadiamento cirúrgico e remoção dos anexos. O tratamento
adjuvante poderá ser indicado de acordo com o protocolo exposto.
3. Mulheres jovens – Esses tumores são incomuns nessa faixa etária. Quando ocorrem
estão associados ao hiperestrogenismo, obesidade, síndrome dos ovários policísticos,
tumores produtores de estrógenos ou mutações genéticas. Como existe dificuldade
diagnóstica diferencial entre a hiperplasia atípica e o carcinoma endometrióide bem
diferenciado, o diagnóstico histológico deve ser muito cuidadoso.
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Seguimento
Na literatura não existem evidências de que o seguimento rotineiro de pacientes
assintomáticas com exames de imagem é melhor do que solicitá-los apenas na paciente
sintomática com orientação pelo sintoma.
1. Exame clínico ginecológico e toque retal de quatro em quatro meses durante dois
anos e semestralmente até completar cinco anos;
65
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Referências Bibliográficas
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67
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
68
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Introdução
Os sarcomas do corpo do útero são formas raras de neoplasia, compreendendo cerca
de 4% de todas as neoplasias uterinas e menos de 1% de todas as neoplasias malignas
ginecológicas. A taxa de incidência é de 1,7/100 mil mulheres nos Estados Unidos a
cada ano. A doença afeta principalmente mulheres dos 40 aos 60 anos de idade1.
A sobrevida total das pacientes em dois anos é menor que 50%, mesmo quando
diagnosticado em estádios iniciais. A raridade destes tumores, associada a sua
diversidade histológica, dificulta o seu manejo e a definição do melhor tratamento2.
Fatores de risco
Os fatores de risco reconhecidos para os sarcomas são semelhantes aos dos
adenocarcinomas: obesidade, idade e nuliparidade3. Outro fator documentado em
10% a 25% dos sarcomas uterinos é o antecedente de radioterapia pélvica, geralmente
realizada entre cinco a 25 anos antes do diagnóstico da doença4.
Diagnóstico
Frequentemente os sarcomas uterinos são achados de histerectomia, geralmente
realizada por outros motivos, sem suspeita da existência da neoplasia previamente a
cirurgia. Entretanto, os sarcomas podem manifestar com sintomas inespecíficos, como
69
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
A apresentação clínica dos sarcomas do estroma endometrial pode ser bizarra e variável
como pólipos intracavitários, com ou sem invasão miometrial, presença de necrose e
formação de áreas císticas 6 (D).
Na maioria das vezes esses procedimentos são realizados após exame de ultrassonografia
pélvica e excepcionalmente após histerossonografia.
Tipos histológicos
4. Adenossarcoma:
70
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Esse conceito sobre a via de patogênese é importante, pois pode ter repercussões
no tratamento, sendo sugerido tratá-los como carcinomas endometriais, e não como
sarcomas 5 (A).
Sua aparência geralmente é de tumor grande e único com extensas áreas de necrose.
O mais aceito é que, na grande maioria dos casos, ele surja como leiomiossarcoma,
embora existam raros relatos de evolução a partir do leiomioma7.
Os critérios histológicos para diagnóstico incluem extensa necrose, atipia celular e alto
índice mitótico. É importante reconhecer as múltiplas variantes dos leiomiomas e os
tumores de músculo liso de potencial maligno incerto, que podem ser confundidos com
leiomiossarcomas e causar problemas no diagnóstico diferencial. São reconhecidos
71
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Os adenossarcomas são neoplasias raras, têm baixo potencial maligno e 70% deles
ocorrem na pós-menopausa. Seu aspecto é polipóide com pequenos cistos no seu interior
e a maioria dos casos se apresenta no estádio I ao diagnóstico. Elementos heterólogos
são encontrados em 20% dos casos no componente sarcomatoso (rabdomioblastos,
cartilagem, etc).
Outros tipos de sarcomas descritos são formas raras e descritos como casos isolados.
Em pacientes jovens o rabdomiossarcoma embrionário é o tipo mais comum, podendo
se apresentar como lesão polipóide. Os demais tipos já relatados, também incomuns,
como angiossarcoma, lipossarcoma, variantes do rabdomiossarcoma, sarcoma alveolar
de partes moles, osteossarcoma e outros tipos geralmente ocorrem em pacientes idosas,
o comportamento tumoral é agressivo e devem ser diferenciados principalmente dos
TMMM com componentes heterólogos 7.
72
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Estadiamento
Até o ano de 2009 o estadiamento dos sarcomas uterinos seguia a mesma classificação
utilizada para os adenocarcinomas do endométrio.
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Estádio Definição
Leiomiossarcoma e Sarcoma do estroma endometrial
I Tumor limitado ao útero.
Ia <5cm.
Ib >5cm.
II Tumor estende à pelve.
IIa Envolvimento de anexos.
IIb Tumor e estende para outros tecidos pélvicos.
III Tumor invade tecido abdominal (não faz apenas
protusão ao abdômen).
IIIa Sítio único.
IIIb Mais de um sítio.
IIIc Metástases para linfonodos pélvicos, para-aórticos ou
ambos.
IV
IVa Tumor invade bexiga, reto ou ambos.
IVb Metástases à distância.
Adenossarcoma
I Tumor limitado ao útero.
Ia Tumor limitado ao endométrio/endocérvice sem invasão
miometrial.
Ib Invasão de metade da espessura do miométrio ou
Ic menos.
Invasão de mais da metade da espessura do miométrio.
II Tumor estende à pelve.
IIa Envolvimento de anexos.
IIb Tumor se estende para tecidos pélvicos.
III Tumor invade tecido abdominal (não faz apenas
protusão ao abdômen).
IIIa Sítio único.
IIIb Mais de um sítio.
IIIc Metástases para linfonodos pélvicos, para-aórticos ou
ambos.
IV
IVa Tumor invade bexiga, reto ou ambos.
IVb Metástases à distância.
Carcinossarcomas
Estadiamento como o do adenocarcinoma de endométrio.
Uma vez definido o estádio clinicopatológico ele será definitivo e não deverá ser
modificado, mesmo se houver recidiva da doença ou surgimento de metástases.
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Outros exames podem ser realizados tais como biópsias na vagina e no colo do útero
quando há lesões suspeitas.
Tratamento
O tratamento dos sarcomas uterinos primários é cirúrgico, uma vez que apenas a excisão
cirúrgica completa garante a possibilidade curativa. A radioterapia, hormonioterapia e
quimioterapia, ou qualquer associação delas ainda são controversos.
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A ressecção tumoral completa, em pacientes com doença extensa extrauterina tem sido
recomendada, pois tal procedimento impacta favoravelmente na sobrevida e é a melhor
opção, uma vez que as terapias adjuvantes são pouco eficazes 22 (A) 23 (B).
Tratamento adjuvante
O papel da radioterapia adjuvante em doença não metastática é controverso. Não há
estudos prospectivos randomizados definindo o papel da radioterapia nos sarcomas
uterinos, sendo a maioria dos dados disponíveis, retrospectivos.
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Em pacientes com doença localmente avançada, a terapia adjuvante será determinada pelo
tipo histológico da doença. Nos casos de carcinossarcomas, sarcomas indiferenciados
e leiomiossarcomas, a quimioterapia adjuvante é mandatória, desde que não existam
contraindicações à realização da mesma. Diversos esquemas de quimioterapia são
propostos, porém a ifosfamida é o principal quimioterápico, apresentando 32,2%
resposta nos carcinossarcomas e 17,2% de resposta parcial nos leiomiossarcomas4(D).
O estudo que está sendo conduzido pelo GOG (GOG161), que compara resultados em
pacientes com carcinossarcoma localmente avançado, mostrou benefícios na associação
de ifosfamida com paclitaxel, porém apresenta maior toxicidade 26 (B).
Outro estudo fase III conduzido pelo GOG (GOG150), comparando radioterapia pélvica
e quimioterapia adjuvante (cisplatina mais ifosfamida) em pacientes com doença
localmente avançada, mostrou maior efetividade no grupo que recebeu quimioterapia
27
(A).
Embora não haja terapia padrão para pacientes com doença metastática, diversos
esquemas de quimioterapia são propostos, e no caso do sarcoma do estroma endometrial
(sarcoma do estroma de baixo grau) pode-se propor a hormonioterapia 12 (D).
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Hormonioterapia:
- Acetato de megestrol;
- Acetato de medroxiprogesterona;
- Tamoxifen;
- Análogos do GnRH;
- Inibidores da aromatase.
Do mesmo modo que ocorre com a doença metastática não há tratamento padrão para
as recidivas. O tratamento das recidivas dependerá de uma série de fatores como, tipo
histológico, local e tratamentos prévios realizados. No caso de metástase isolada, deve-
se, sempre que possível, realizar a exerese com margem de segurança.
Prognóstico
Os principais fatores determinantes do prognóstico em pacientes com sarcoma uterino
são: tipo histológico, grau histológico e estádio da doença.
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Seguimento
Todas as pacientes devem ser submetidas a exame físico completo a cada três meses nos
dois primeiros anos após o tratamento, e após, a cada seis meses. Exames de imagem de
tórax, abdome e pelve devem ser realizados a cada três meses nos dois primeiros anos
e após, anualmente.
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Introdução
O adenocarcinoma de tuba uterina é o câncer mais raro do trato genital, com frequência
menor que 1% dentre todas as neoplasias ginecológicas1.
A maioria dos casos descritos é encontro casual durante laparotomia realizada para
abordagem de massa pélvica.
A salpingite crônica tem sido implicada como possível fator causal para o carcinoma
tubário.
Esta neoplasia maligna está muito correlacionada com o carcinoma ovariano, havendo
estudos que demonstraram a associação do câncer tubário nas pacientes em programas
de rastreamento para mulheres de alto risco para câncer genital, relacionadas com
alterações gênicas2.
Fatores de risco
O conhecimento sobre carcinoma tubário é precário. Pouco é sabido sobre riscos,
mas são aventados os processos inflamatórios crônicos, a endometriose, alto status
socioeconômico, além da infertilidade e nuliparidade3.
Diagnóstico
Mais da metade das pacientes apresenta massa pélvica ou abdominal, antes da
cirurgia.
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Carcinoma in situ
Esta alteração pré-maligna tem sido relatada e constitui achado de exame histopatológico
de tubas uterinas retiradas em cirurgia por algum outro motivo.
Estadiamento
A FIGO realizou o estadiamento do carcinoma de tuba uterino similar ao de ovário. O
estadiamento TNM está na sétima edição da UICC, de 2009, e não teve alterações. A
correspondência entre os dois estadiamentos está na tabela 1 que segue.
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TNM:
T: Tumor primário:
TX Tumor primário não pode ser avaliado.
TO Não há evidência de tumor primário.
Tis Carcinoma in situ (carcinoma pré-invasivo).
T1 Tumor confinado a tuba uterina.
T1a Tumor limitado a uma tuba, sem penetrar a superfície serosa.
T1b Tumor limitado a ambas as tubas, sem penetrar a superfície serosa.
T1c Tumor limitado a uma ou a ambas as tubas, com extensão para
serosa tubária ou invasão desta, ou com células malignas em líquido
T1b ascítico ou em lavados peritoneais.
T2 Tumor que envolve uma ou ambas as tubas, com extensão pélvica.
T2a Extensão e/ou metástase para o útero e/ou ovário(s).
T2b Extensão a outras estruturas pélvicas.
T2c Extensão pélvica (2a ou 2b) com células malignas em líquido ascítico
ou em lavados peritoneais.
T3 Tumor envolve uma ou ambas as tubas, com implantes peritoneais
fora da pélvis e/ou linfonodos regionais positivos.
T3a Metástase peritoneal microscópica fora da pelve.
T3b Metástase peritoneal macroscópica fora da pelve com 2 cm ou menos
em sua maior dimensão.
T3c Metástase peritoneal com mais de 2 cm em sua maior dimensão e/ou
linfonodo regional positivo.
N: Linfonodos regionais:
NX Linfonodo regional não pode ser avaliado.
N0 Ausência de metástase em linfonodo regional.
N1 Metástase em linfonodos regionais.
M Metástase à distância:
M0 Ausência de metástase à distância.
M1 Metástase à distância.
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Estádio: Descrição:
0 Carcinoma in situ (carcinoma pré-invasor)
TisN0M0
I Tumor limitado à tuba uterina.
T1N0M0
Ia Tumor limitado a uma tuba uterina, com extensão para a
T1aN0M0 submucosa ou muscular, mas não penetra na superfície
serosa. Sem ascite.
Ib Tumor limitado a ambas as tubas uterinas, com extensão
T1bN0M0 para a submucosa ou muscular, mas não penetra na
superfície serosa. Sem ascite.
Ic Tumor no estádio Ia ou Ib, mas com extensão para a
T1cN0M0 serosa ou com ascite contendo células malignas, ou com
lavado peritoneal positivo para células malignas.
II Tumor envolve uma ou ambas as tubas uterinas, com
T2N0M0 extensão pélvica.
IIa Extensão ou metástase para o útero ou ovário.
T2aN0M0
IIb Extensão a outros tecidos pélvicos.
T2bN0M0
IIc Tumor no estádio IIa ou IIb com ascite contendo células
T2cN0M0 malignas, ou com lavado peritoneal positivo para células
malignas.
III Tumor envolve uma ou ambas as tubas uterinas, com
T3N0M0 implantes peritoneais fora da pelve ou linfonodos
retroperitoneias ou inguinais positivos.
Metástase na superfície hepática é estádio III.
Tumor parece limitado à pelve verdadeira, mas há
comprovação histológica de extensão maligna ao intestino
delgado ou omento.
IIIa Tumor macroscopicamente limitado à pelve verdadeira,
T3aN0M0 com linfonodos negativos, mas com comprovação
histológica de implantes microscópicos na superfície
peritoneal.
IIIb Tumor envolvendo uma ou ambas as tubas uterinas, com
T3bN0M0 histologia confirmando implantes em superfície peritoneal,
nenhum excedendo 2 cm de diâmetro e linfonodos
negativos.
IIIc Implantes peritoneais maiores que 2 cm de diâmetro ou
T3cN0M0 linfonodos retroperitoneais ou inguinais positivos.
qqTN1M0
IV Tumor envolvendo uma ou ambas as tubas uterinas com
qqTqqNM1 metástase à distância.
Se houver derrame pleural é necessário comprovação de
células malignas para incluir no estádio IV.
Metástase no parênquima hepático é estádio IV.
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Tratamento
Como o diagnóstico raramente é feito preoperatoriamente, o cirurgião deverá estar
preparado para realizar a terapêutica definitiva no momento da laparotomia.
O carcinoma in situ é achado de estudo da tuba retirada por algum outro motivo. A
paciente é considerada tratada.
Mesmo que a doença pareça ser unilateral a neoplasia poderá ser bilateral.
Prognóstico
A portadora do carcinoma de tuba uterina tem prognóstico similar ao das pacientes que
têm carcinoma do ovário.
A sobrevida tem sido menor que a das pacientes tratadas por câncer de ovário. Em
estudo de base de dados a sobrevida de cinco anos foi:
- Estádio I – 95%;
- Estádio II – 75%;
- Estádio III – 69% e
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- Estádio IV – 45%. Porém, somente 39% das pacientes são tratadas em estádios I e
II6.
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FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
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CÂNCER DE OVÁRIO
Introdução
O câncer de ovário é o mais letal dos tumores ginecológicos. Estima-se 3.837
novos casos em 2009, enquanto o número de mortes foi de 2.583 em 2007, ou seja,
aproximadamente 67% dos casos resultam em mortes pela doença1. É provável que
o total de casos seja maior, pois um considerável número de pacientes tem a morte
atribuída às complicações da doença avançada e o diagnóstico da causa primária não
é sempre relatado.
O câncer de ovário pode ser classificado em três grupos de tumores com incidência,
fatores de risco e quadros clínicos distintos:
1. Os tumores epiteliais, que representam cerca de 90% dos casos, ocorrem em dois
terços das vezes em mulheres acima dos 50 anos, têm evolução rápida e o diagnóstico
é tardio, na quase totalidade dos casos;
3. Os tumores de cordões sexuais e estroma com cerca de 5% dos casos. Neste grupo o
mais frequente é o tumor da célula da granulosa, que tem como principal característica
o comportamento incerto quanto ao prognóstico e recidivas tardias. Tem taxas de cura
ao redor de 90%.
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câncer de mama. Estas mutações são mais frequentes em algumas etnias como as judias
Ashkenazi. Na população brasileira a frequência é pequena.
Mais recentemente diferentes estudos têm demonstrado que pelo menos uma parte dos
carcinomas serosos de alto grau atribuídos aos ovários, provavelmente são originários
das tubas uterinas. O acometimento dos ovários e do peritônio se faz secundariamente
2
. Os tumores relacionados às mutações do BRCA1 e BRCA2 são os que apresentam
os maiores indícios de origem tubárica 3.
O marcador tumoral CA 125 costuma estar muito elevado nos casos avançados de
carcinoma seroso (acima de 1000 U/ml), porém se estiver baixo ou negativo não
exclui câncer de ovário. Algumas outras doenças ginecológicas como a endometriose,
leiomiomas e processos inflamatórios pélvicos podem elevar moderadamente o
marcador CA 125.
Para avaliar a extensão da doença nos casos avançados, o melhor método de imagem é
a tomografia computadorizada de abdome e pelve, que mostra com clareza a quantidade
de doença, a distribuição na cavidade abdomino-pélvica, o estado de áreas críticas para
a cirurgia e pode predizer a operabilidade.
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Estima-se que uma em cada três mulheres terá uma massa anexial ao longo da sua vida.
Na maioria das vezes decorrente de situações funcionais ou benignas. A incidência de
câncer de ovário na população geral situa-se em torno de uma em cada 70 mulheres.
Diferenciar o câncer das demais massas anexiais benignas é uma tarefa de fundamental
importância.
1. Idade da paciente. Massas anexiais são comuns no menacme, mas não devem estar
presentes em mulheres pré-púberes e na pós-menopausadas; nos extremos da vida,
devem ser sempre investigadas.
2. Cistos simples. Massas totalmente císticas, de paredes finas, sem septos ou vegetações,
com conteúdo líquido ou hemático são benignas e comuns no menacme. Cistos simples
de até 10 cm de diâmetro podem ser acompanhados clinicamente.
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8. Tumores mucinosos. Tumores volumosos com conteúdo espesso e pouca ascite são
frequentemente tumores mucinosos. Os tumores mucinosos podem ser primários ou
secundários do estômago, apêndice cecal ou cólon. A tomografia computadorizada é
importante no diagnóstico diferencial. Em mulheres jovens, a endoscopia digestiva e a
colonoscopia são procedimentos valiosos.
Devem ser retiradas para diagnóstico anatomopatológico. A via de acesso pode ser
laparoscópica ou laparotômica. Se a escolha for pela via laparotômica a incisão
deve ser vertical. Tanto a via laparoscópica como a laparotômica deve contemplar o
completo inventário da pelve e cavidade abdominal. A exerese da massa deve ser feita
de forma a evitar o rompimento e disseminação de células neoplásicas e o diagnóstico
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O seguimento destas pacientes deve ser monitorado por tomografia e marcador tumoral
a cada três meses.
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Na maioria das vezes, os disgerminomas são restritos a um ovário (estádio IA). Nestes
casos a quimioterapia pode ser omitida. Nos tumores avançados o tratamento com o
esquema BEP é o padrão. Antes do advento da poliquimioterapia, a radioterapia era
bastante indicada no tratamento dos disgerminomas com respostas excelentes, porém
com perda da fertilidade. Atualmente, entretanto, o resultado da quimioterapia supera
o da radioterapia.
Prognóstico
O câncer de ovário representa cerca de 5% dos tumores malignos ginecológicos,
entretanto é o que tem a maior mortalidade. Aproximadamente 75% dos casos são
diagnosticados em estádios avançados. A sobrevida de cinco anos nos estádios
iniciais aproxima-se dos 90% e cai drasticamente para cerca de 25% nos estádios
avançados12.
Seguimento
Considerando que a grande maioria das pacientes com carcinoma de ovário terá
recidiva ou persistência da doença apesar dos tratamentos cirúrgicos e quimioterápicos,
o seguimento destas pacientes não tem como ser padronizado. O seguimento inclui
exame físico regular; tomografia computadorizada do abdome, pelve e tórax; e dosagem
do CA 125 sérico.
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FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
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99
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FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Introdução
A mola hidatiforme (MH). Está incluída num grupo mais amplo conhecido genericamente
como DTGs e que compreende, além da MH, as formas com comportamento maligno
como a neoplasia trofoblástica gestacional, o coriocarcinoma e o tumor trofoblástico
de leito placentário, entre outras menos frequentes. São reconhecidos dois tipos de
MH: completa (MHC) e parcial ou incompleta (MHP). Entre elas, há diferenças quanto
aos aspectos morfológicos (macroscópicos), histopatologia e cariótipo 3. Quanto
à histopatologia As Doenças Trofoblásticas Gestacionais (DTGs) compreendem
um amplo espectro de condições que se originam dos tecidos de revestimento das
vilosidades coriais (trofoblasto), apresentam crescimento anárquico do ponto de
vista histopatológico e são suscetíveis a exibir alterações degenerativas no estroma1.
Caracteristicamente, apresentam a fração beta das gonadotrofinas coriônicas humanas
(β-hCG) como marcador biológico 2.
A idade materna avançada é o fator de risco mais bem estabelecido para a DTG, sendo
que mulheres com idade superior a 40 anos apresentam chances cinco a dez vezes
maiores de desenvolverem mola completa, o que não se evidencia na mola parcial 5.
História pregressa de abortamento espontâneo e de infertilidade relaciona-se com risco
aumentado para ambas as gestações molares: completa e incompleta. Embora a maioria
das gestações molares seja esporádica, existe uma afecção com padrão de herança
autossômica recessiva, a Síndrome Familiar Recorrente da Mola Hidatiforme 6.
101
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Mola hidatiforme
A mola hidatiforma (MH) é uma complicação da gravidez com potencial evolução para
doença de comportamento maligno, sendo a Doença Trofoblástica Gestacional, a mais
frequente 8.
Classificação
As gestações molares são classificadas em parcial ou completa com base em
características clínicas, macroscópicas, histológicas e citogenéticas (quadro 1).
O diagnóstico diferencial entre mola parcial e mola completa é importante para o
prognóstico e pode definir condutas diferentes 6, 9-11.
102
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Diagnóstico
O diagnóstico da mola hidatiforme pode ser suspeitado pelo quadro clínico e
confirmado pela propedêutica complementar, mas pode ser um achado ocasional do
exame anátomo-patológico de materiais colhidos após curetagem em pacientes com
diagnóstico equivocado de aborto espontâneo ou gestação anembrionada 6.
103
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- Volume uterino maior que o esperado para a idade gestacional em cerca de um terço
dos casos (o aumento pode ser intermitente devido ao acúmulo e posterior eliminação
de sangue na cavidade uterina).
- Hipertireoidismo com suas manifestações clínicas (muito raro atualmente).
- Hiperêmese - um dos sintomas mais frequentes
- Hipertensão induzida pela gravidez - quando de ocorrência precoce (antes da 20ª
semana) associada a sangramento genital é sinal clássico da prenhez molar. Também é
pouco observada.
- Cistos teca-luteínicos – evidenciados na propedêutica ecográfica, podem ser uni ou
bilaterais e resultam da estimulação do hCG sobre a teca dos ovários
104
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Quando existe suspeita de mola hidatiforme o uso de drogas uterotônicas deve ser
evitado uma vez que contrações uterinas antes do esvaziamento aumentam o risco de
evolução para doença persistente e de embolização trofoblástica para vasos pulmonares.
Para o esvaziamento, é recomendada a aspiração, devendo ser evitada a curetagem no
início do procedimento, pois é elevado o risco de perfuração uterina 17. Além disso,
no caso de molas de grande volume, o tempo longo da curetagem aumenta a perda
sanguínea 8. O uso de ocitocina intravenosa, quando necessário, só deve ser instituído
após o término da aspiração e pode ser continuado no pós-peratório 17. Pacientes Rh-
negativas devem receber imunoglobulina anti-Rh após a aspiração 13.
Após esvaziamento uterino, cerca de 18% a 28% das pacientes com mola completa
desenvolvem NTG persistente, enquanto na mola parcial esse risco é de apenas 2% a
4%. Os seguintes fatores são relatados como preditores para persistência de NTG pós-
molar 6: Nível de hCG sérico maior que 100.000UI/l; Presença de cistos teca-luteínicos;
Aumento significativo do volume uterino, com os sinais de marcada proliferação
trofoblástica.
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Após a completa remissão documentada da mola hidatiforme por seis meses 17, para
mulheres que desejam engravidar, a contracepção e a monitorização do hCG podem
ser descontinuadas. Pacientes que tiveram mola hidatiforme completa ou incompleta
tem um risco 10 vezes maior (1-2% de incidência) de uma segunda gestação molar em
gravidez subsequente. Assim, todas as gestações subsequentes deveriam ter avaliação
ecográfica precoce 13.
Como cerca de 80% dos casos terão regressão espontânea dos valores de hCG e
não apresentarão sequelas malignas da mola, após a aspiração molar, não se indica
a quimioterapia nesta fase. Entretanto, se os valores de hCG se elevam ou mantém
um plateau por várias semanas, avaliação imediata e tratamento da doença pós-molar
estão indicados (ver abaixo). O diagnóstico de sequela maligna é feito pela persistência
ou elevação dos níves de gonadotrofian coriônica ou diagnóstico histológico de
coriocarcinoma. Independe da comprovação clínica ou radiológica de metástases.
Nova curetagem não está, em geral, recomendada porque frequentemente não leva à
remissão ou influencia no tratamento e pode levar a complicações 8,13, mas em certas
circunstâncias esta segunda intervenção pode ser benéfica19. Há riscos associados
a esta segunda intervenção, dos quais o mais importante é a perfuração uterina e
hemorragia. Para a indicação do procedimento, alguns critérios devem ser verificados:
paciente com sintomas (sangramento) e manutenção dos níveis de gonadotrofina
coriônica; volume uterino aumentado ou achado ultrassonográfico de material molar
intracavitário, mas sem imagens sugestivas de mola invasora. A segunda curetagem
deve ser contraindicada se houver metástases, elevação persistente dos níveis de hCG
e diagnóstico de coriocarcinoma, situações em que o tratamento pela quimioterapia é
prioritário.
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forma de gravidez prévia, normal ou anormal. Ocorre em 50% das vezes após mola
hidatiforme (principalmente a completa), 25% após aborto, 22% após gravidez normal
e 3% consequentes à gravidez ectópica5. A estratégia principal de tratamento é a
quimioterapia13.
1. Plateau de hCG em quatro dosagens – variações de + 10%, registrados por 3 semanas
ou mais (dias 1, 7, 14 e 21).
2. Níveis de hCG crescente (elevação superior a 10%) em três valores registrados por
2 semanas ou mais (dias, 1, 7 e 14).
3. Persistência de hCG detectável por mais de seis meses após evacuação molar.
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Estadiamento FIGO:
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Alternativas:
c) MTX (30mg/m2 ou 1mg/kg - IM) em dias alternados e ácido folínico (0.1mg/kg) via
endovenosa a cada 24h;
Cerca de 10% a 20 % das pacientes classificadas como de baixo risco não serão
curadas com a monoquimioterapia. Se surgem metástases ou a quimioterapia com
agente único falha, a paciente deve ser tratada com regimes de poliquimioterapia É
preciso identificar precocemente estes casos para mudança no esquema de tratamento.
O critério empregado é a falta de redução nos níveis de gonadotrofinas após dois ciclos
ou persistência dos sintomas. Neste caso é necessário o reestadiamento e mudança do
tratamento.
Para estas pacientes, a terapia inicial inclui quimioterapia com múltiplas drogas. O
regime mais difundido é o EMA/CO 15,21, que tem 80% a 95% de taxa de remissão
e até 84% de sobrevida livre de doença em cinco anos 15,22. Este regime é bastante
tóxico e os efeitos colaterais imediatos incluem alopécia, mucosite, mielossupressão e
neuropatia periférica induzida pela vincristina. Um pequeno risco de desenvolvimento
de tumor secundário está associado ao etoposídeo, podendo ser leucemia (RR 17),
câncer de cólon (RR 4,6) e câncer de mama (RR 5,8).
109
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O ciclo menstrual geralmente normaliza em dois a seis meses, mas mulheres próximas
ao climatério podem não voltar a menstruar. Para pacientes de alto risco, resistentes ao
tratamento clínico inicial, outros regimes (ex: cisplatina e ectoposídeo, alternado com
EMA) podem ser empregados, assim como a histerectomia em casos selecionados 9,10,
15,16
. Revisão sistemática recentemente publicada pela The Cochrane Library avaliou a
eficácia dos vários regimes de quimioterapia combinados na NTG de alto risco, mas
não foi possível determinar o melhor regime devido às limitações metodológicas dos
trabalhos incluídos 24.
Situações especiais
110
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O período de tempo seguro para seguimento pós-NTG ainda não está claro na literatura
e, por isso, os diversos serviços individualizam suas condutas. O risco de recidiva
geral é de cerca de 3% e ocorre, geralmente, durante o primeiro ano de seguimento.
Em relação à fertilidade, nenhum risco foi atribuído ao metotrexato ou EMA, sendo
que 86% das pacientes apresentam gravidezes bem sucedidas após o tratamento. As
pacientes devem ser aconselhadas a não engravidar por pelo menos doze meses após o
tratamento, não só para prevenir os potenciais efeitos teratogênicos dos medicamentos,
mas também para evitar fatores de confusão com recidiva de doença 15, 16.
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podem ser causados por moléstias malignas, níveis de β-hCG devem ser avaliados para
facilitar o diagnóstico precoce e tratamento de DTG.
Mulheres com NTG de baixo risco devem ser tratadas com agente quimioterápico
único.
Mulheres com NTG de alto risco devem ser tratadas com quimioterapia combinada.
Estas incluem quimioterapia com metotrexato, actinomicina-D e clorambucil ou
ciclofosfamida associados ao etoposídeo com ou sem cisplatina. O melhor regime de
tratamento ainda não foi definido.
Determinações seriadas de β-hCG devem realizadas com ensaios com alta sensibilidade
capazes de detectar valores <5mUI/ml. Idealmente, níveis séricos de hCG devem ser
obtidos com 48 horas após esvaziamento uterino, a cada 1-2 semanas enquanto estiver
elevado, e então, a cada 1-2 meses por mais 6-12 meses.
Sangramento anormal por mais de seis semanas seguindo qualquer gravidez deve ser
avaliado com teste de hCG para excluir nova gravidez ou DTG.
113
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Complicações graves não são incomuns em mulheres com úteros de volumes maiores
que o correspondente a 16 semanas de gestação, assim elas deve ser conduzidas por
profissionais experientes em prevenção e manejo das complicações de NTG.
Pacientes para as quais a terapia inicial para NTG não metastática ou de baixo risco
falhou e aquelas com NTG de alto risco devem ser tratadas com equipe multidisciplinar
e em serviços com serviços com suporte adequado.
FATORES / Escores 0 1 2 4
Idade (anos) - - 39 - + 39
Prenhez anterior meses Molar Aborto Termo -
Intervalo gravidez -4 4a6 7a +12
ȕ-hCG (UI/ml) - 103 103 a 104 104 a 105 + 105
Sistema ABO - O ou A B ou AB -
Diâmetro tumor - 3 cm 3 a 5 cm + 5 cm -
Sítios de metástases Pulmão Baço ou rim TGI e fígado Cérebro
Número de metástases - 1a3 4a8 +8
Quimioterapia Prévia - - Droga única 2 ou + drogas
114
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FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
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116
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
CUIDADOS PALIATIVOS
Introdução
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define cuidados paliativos como uma
abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e de suas famílias, enfrentando
problemas associados com doenças que ameaçam a vida, através da prevenção e alívio
do sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da
dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais 1.
Ainda pela definição da OMS, os cuidados paliativos devem ser destinados a pacientes
que não respondem mais a tratamentos com intenção curativa 1.
Por isso os cuidados paliativos utilizam uma abordagem multidisciplinar para atender
as necessidades dos pacientes, onde se inclui a oferta de um sistema de suporte para
ajudar as famílias a lidar com o processo de doença e luto.
117
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Mas, para que os resultados sejam satisfatórios é necessário que sejam conhecidos,
alem do paciente, a sua família, seus amigos e seus relacionamentos. Dessa forma serão
entendidas suas necessidades físicas, psíquicas e espirituais. O ideal é que a equipe
multidisciplinar possa dispor também de um religioso 4.
No início dos cuidados com a paciente os efeitos colaterais da terapêutica devem ser
prevenidos; na vigência da terapêutica os sintomas devem ser tratados; na progressão
da doença os novos sintomas que aparecerem serão abordados, levando em conta o
prognóstico e o desejo expresso pela paciente e sua família5.
Quando o paciente apresenta um quadro novo ele pode se dever à progressão do câncer,
às complicações dele advindas, aos efeitos colaterais da terapia ou ser um problema
não ligado à neoplasia maligna.
Nem todos os sintomas agudos devem ser investigados em detalhe, bem como muitos
nem serão tratados, mas sim contornados. Isso se torna mais consistente nos casos em
que não esperamos uma recuperação ou uma vida útil adequada para a paciente.
118
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
119
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
A atitude, usual em nosso meio, de colocar cubas com soluções fenólicas sob o leito
do doente parecem ter efeito puramente psicológico, não aliviando o desconforto das
pacientes.
A anemia sintomática decorrente da perda sanguínea poderá ser paliada com transfusões
sanguíneas.
120
FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
óssea podem causar dor, assim como o processo inflamatório associado à lesão tumoral.
Os analgésicos opióides são o componente fundamental para o tratamento da dor
associada ao câncer. Seu uso está muito bem estabelecido e didaticamente orientado
pela publicação da escada analgésica da Organização Mundial da Saúde 7.
A analgesia epidural pode ser particularmente útil em pacientes com dor regional
pélvica com a vantagem de não ocasionar os efeitos colaterais da terapia sistêmica.
Várias terapias eficazes estão disponíveis para ambas as condições. Além de ansiolíticos
e antidepressivos, o aconselhamento psicológico de apoio, aconselhamento espiritual,
e suporte familiar adequado podem ajudar a combater os sentimentos de depressão e
ansiedade.
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1.3. Fístulas
Em decorrência do odor constante, as pacientes com fístula podem, muitas vezes, optar
por evitar encontros sociais e familiares, ficando reclusas em seu lar. A vida sexual, se
existente, fica extremamente comprometida.
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O alívio sintomático do edema e desconforto da perna pode ser obtido pelo uso de meias
de compressão graduada, elevação das extremidades, e administração de diuréticos.
O uso de diuréticos deve ser feito com bastante parcimônia, pois são pouco efetivos
no edema discrásico e nos casos de compressão extrínseca dos vasos pélvicos. Nessas
circunstâncias os diuréticos podem produzir a sensação desagradável de boca seca,
hipotensão postural e, em casos mais graves, desidratação e distúrbios eletrolíticos.
A trombose venosa profunda (TVP) pode causar edema secundário. Para TVP em
desenvolvimento por qualquer outra razão, o tratamento anticoagulante é padrão de
conduta a menos que clinicamente contraindicado.
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Na paciente com câncer em estágio avançado, a dispnéia tem muitas causas potenciais
que precisam ser consideradas e investigadas. As causas potenciais de dispnéia incluem
anemia, derrame pleural, infecção, insuficiência cardíaca, linfangite ou propagação
metastática do câncer.
A linfangite neoplásica é um quadro grave que faz parte da chamada “crise visceral”.
Ela cursa com hipóxia e dispnéia severa. O uso de oxigênio não costuma causar alívio
dos sintomas, sendo necessário o uso de narcóticos para amenizar o sofrimento da
paciente. Na presença de linfangite, deve-se avaliar a a administração de tratamento
quimioterápico antineoplásico, com intenção paliativa.
124
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confusão mental e convulsões. A uremia não tratada será fatal após um curto período
de coma urêmico.
A morte pode ser adiada se a obstrução ureteral é aliviada por uma nefrostomia
percutânea ou cateteres ureterais (duplo “J”). Procedimentos dialíticos estão indicados
apenas em ocasiões raras e excepcionais.
As causas metabólicas de náuseas e vômitos podem ser aliviadas, sempre que possível,
pela correção do desequilíbrio metabólico. A hipercalcemia é uma manifestação
paraneoplásica rara do câncer ginecológico metastático, mas quando presente pode ser
a causa de náuseas e vômitos. Hidratação vigorosa, diuréticos, corticosteróides, cálcio
e bisfosfonatos devem ser considerados.
O alívio sintomático imediato das náuseas pode ser obtido com o uso de fenotiazinas,
anti-histamínicos, corticóides, ou antagonistas 5HT-3. Náuseas e vômitos causados por
125
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1.8.2. Diarréia
Ocasionalmente a diarréia continua por um longo prazo, como efeito adverso, após
o sucesso do tratamento do câncer cervical. Nesse caso a diarréia pode ser resultante
da inflamação crônica da mucosa do íleo terminal (onde a reabsorção de ácidos
biliares pode ser prejudicada) pela radioterapia pélvica. Nesse caso o quadro ocorre
especialmente quando os pacientes experimentam exacerbação com a ingestão de
alimentos gordurosos. As modificações na dieta podem ser particularmente úteis nessas
situações, principalmente se correlacionadas com a adição de glutamina à dieta.
A maioria dos casos será neoplasia maligna ovariana recorrente, que raramente é
curável, mas pode ocorrer também com neoplasia do corpo uterino e da tuba uterina,
que é raridade. A quimioterapia de segunda, terceira, quarta linha ou mais, muitas
vezes é administrada de forma paliativa, tanto para diminuir os sintomas e como para
prolongar a vida, mas com remotas chances de cura. Quando as opções quimioterápicas
estão esgotadas ou os efeitos adversos não valem o pequeno potencial de benefícios,
outros meios de amenizar os sintomas decorrentes da progressão da neoplasia do ovário
são necessários.
126
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- Obstrução intestinal,
- Ascite neoplásica volumosa,
- Anorexia e caquexia neoplásicas.
Muitas vezes, uma pequena incisão no local do estoma é tudo o que é necessário para
identificar o cólon proximal dilatado e elevá-lo através da parede abdominal anterior.
O estoma começa a funcionar imediatamente, e os pacientes podem comer e voltar ao
seu estado funcional basal de forma bastante breve10.
A cecostomia com a colocação de sondas pode ser usada para aliviar o intestino grosso
na obstrução do cólon. No entanto, os sítios de cecostomia são propensos a obstrução
recorrente por fezes sólidas. Por isso, a colocação de sondas é mais adequada em
pacientes com expectativa de vida extremamente curta11.
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FEBRASGO - Manual de Orientação Ginecologia Oncológica
Os diuréticos são de eficácia limitada. O alívio é obtido mais facilmente com a realização
de paracenteses repetidas. A colocação de um cateter semipermanente para drenagem,
livra a paciente do desconforto e do risco de punções repetidas. O impacto metabólico é
a depleção da albumina, que agrava a condição geral e o estado nutricional. No entanto,
a melhora imediata, mesmo que temporária no conforto do paciente geralmente tem
precedência sobre as alterações em longo prazo do estado nutricional do paciente que
tem uma doença incurável.
3. Outras situações
Suporte nutricional parenteral pode ser adequado como medida de curto prazo, mas não
há evidências de que possa resolver a caquexia instalada. A necessidade da intervenção
médica constante, no domicílio (Home Care) ou sobinternação, tornam essa medida um
procedimento inadequado em longo prazo.
128
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As dietas líquidas mais simples e em pequenas quantidades costumam ser mais bem
toleradas. Alimentos ricos em gorduras devem ser evitados. Antieméticos podem auxiliar.
Não há indicação para alimentação parenteral e nem para complexos programas de
apoio nutricional. Nos casos agudos em que a paciente fica impedida temporariamente
de se alimentar, pode ser considerada a alimentação por sonda gástrica.
3.3. Fadiga
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De forma ideal esse procedimento deve ter sido discutido com o paciente durante o
curso de sua doença. Caso não se tenha discutido esses aspectos, e na impossibilidade de
fazê-lo, a opção da sedação terminal deve ser discutida com a família e adequadamente
130
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Não se trata de eutanásia. O objetivo primordial não é produzir a morte, e sim o alívio
de sintomas estressantes que não pode ser conseguido por meio de outras medidas
medicamentosas ou não medicamentosas. Nessa situação se aceita o denominado
“duplo-efeito”, ou seja, a administração de uma medicação para aliviar o sofrimento,
mesmo sabendo-se que paralelamente ela possa abreviar a vida.
A sedação terminal não deve ser feita com opióides. Embora os opióides possam
produzir sonolência e narcose, eles mantêm a atividade cerebral e seus efeitos
psicotomiméticos podem levar a paciente a uma situação de pesadelos e desconforto.
Idealmente a sedação é feita com psicotrópicos, sendo os mais utilizados a infusão
contínua de fenobarbital, ou a administração regular de haloperidol.
Evitar, aplacar ou eliminar os sintomas não se refere apenas ao sofrimento físico, mas
a todas as dimensões do sofrer, incluindo aspectos emocionais, sociais e espirituais.
Na visão holística do ser humano, o sofrimento não orgânico contribui de forma
marcante e significativa na manifestação do somático, devendo merecer o mesmo grau
de atenção.
131
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Para isso, o médico precisa entender e reconhecer suas próprias emoções e ansiedades em
relação àquela paciente. Isso inclui as sensações de culpa e de raiva pelo insucesso.
O terceiro aspecto é a família que, muitas vezes, quer evitar que o paciente se inteire
do seu estado de saúde. Porém a conversa franca é necessária e deve contar com a
presença de um familiar.
Futilidade
O assunto é controverso. A realização de tratamentos que não trazem benefício nenhum
ao paciente deve ter um limite.
A maior dúvida que existe é relativa ao número de intervenções que seria razoável
fazer para um determinado paciente. Isso se torna patente no caso de câncer ovariano,
que tem várias linhas de quimioterapia. Quantas linhas devem ser tentadas para uma
determinada paciente na procura de eficácia?
132
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O JAMA publicou uma sequência de ações nessa consideração, que está transcrito a
seguir e pode ser o embasamento da conduta.
133
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