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CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
VITÓRIA-ES
2016
RICARDO NOGUEIRA DE CASTRO
VITÓRIA-ES
2016
RICARDO NOGUEIRA DE CASTRO
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Msc. Bruno Corveto Bragança
Universidade Federal do Espírito Santo
______________________________________
Prof. Msc. Pagoto Calvi
Instituto Federal do Espírito Santo
Dedico a minha mãe e a minha tia;
Vivos: minhas desculpas por qualquer erro ou
omissão;
Aos que já se foram: minhas homenagens e
saudades.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus colegas, meus professores, minha família e parentes por terem ajudado na
construção desse trabalho. Agradeço ao Prof. Dr. Orientador Cherlio Scandian pela paciência,
dedicação, orientação, pela competência e amizade. Aos amigos Me. Bruno Corveto
Bragança, Me. Diego Pagoto Calvi pela grande ajuda. E aos componentes da banca
examinadora, pelas importantes observações apresentadas.
A existência do homem tem o seu centro na
cabeça, ou seja, na razão, sob cuja inspiração
ele constrói o mundo da realidade.
Georg Wilhelm Friedrich Hegel
RESUMO
This work describes the behavior of Inconel coated with Tungsten Carbide (WC) and a thin
film of Diamond-like Carbon (DLC) regarding erosion by solid particle impingement using
gas jet in room temperature, according to standard method test ASTM G76, realized in 54
samples. The samples are made of 3 types of material mentioned, identified by the letters W,
E and K. For each type, 18 samples were supplied, of which half was tested at an impact angle
of 90 ° and another half was tested at a 45 ° angle. Therefore, the 9 samples of each type of
material destined for each angle of impact were separated into 3 groups according to the
duration time of the test. Initially, they performed the 90º impact angle tests with a particle
rate of 4 g.min-1 in 27 samples, 9 for each type of sample of which one third for each of the
duration time (1, 4 and 10 minutes). Due to the low mass loss of the samples, it was decided
to increase the flow to 34 g.min-1 and change the test duration times to 4, 8 and 10 minutes.
In this way, they performed another 54 tests, 27 at a 90º impact angle in the previously tested
samples, and another 27 at a 45º impact angle in the untested samples. All tests were
performed at particle impact velocity equal to 30 m.s-1 (verified by the two disc method) and
with alumina of 50 μm of size grains. The tests were carried out in the gas blast erosion
device available at the TRICORRMAT Laboratory of the UFES (Universidade Federal do
Espírito Santo). Before the tests, the device tested 5 samples of 1020 steel at 90º impact angle
to validate. The tests allowed the confirmation, along with the present literature, the typically
ductile behavior of the DLC coating in the face of erosive wear. The results showed a great
variation of the erosion rate as a function of the duration of the test.
Figura 1 – Desenho esquemático das forças atuando na partícula durante uma colisão com
uma superfície horizontal. ........................................................................................................17
Figura 2 – Possíveis mecanismos de erosão. a) abrasão em ângulo de impacto baixo, b) fadiga
da superfície durante baixa velocidade, alto ângulo de impacto, c) fratura frágil ou múltipla
deformação plástica durante velocidade média, alto ângulo de impacto, d) fusão em alta
velocidade de impacto, e) Erosão com efeitos secundários, f) degradação da rede cristalina por
impacto dos átomos. .................................................................................................................18
Figura 3 – Seções transversais nos locais de impacto formados por partículas duras sobre um
metal dúctil, mostrando típicas formas. A direção do impacto foi da esquerda para a direita.
(a) Microsulcamento formado por partícula esférica. (b) corte tipo I, formado por partícula
angulosa, rotacionando para frente durante o impacto. (c) corte tipo II, formado por partícula
angulosa, rotacionando para trás durante o impacto. ...............................................................19
Figura 4 – Geometria de uma fratura por cone Hertiziano formada por uma esfera, carregada
por um ângulo normal à superfície. .........................................................................................20
Figura 5 – Diagrama mostrando a formação de trinca em material frágil devido a endentação
pontual. A carga normal aumentando de (a) para (c), e o alívio de carga de (d) para (f). ........21
Figura 6 – Ilustração do contato entre uma partícula abrasiva sobre carga normal e uma
superfície plana. (a) Se Ha é maior 1,2 vezes que Hs, a partícula causará endentação, (b) se Há
é menor 1,2 vezes que Hs, vai ocorrer escoamento plástico na partícula. ...............................23
Figura 7 – Gráfico da taxa de erosão em função da dureza da partícula com ângulo de impacto
de 90°: (a) velocidade da partícula 25 m/s e (b) velocidade da partícula 45 m/s. ..............23-24
Figura 8 – Dependência da taxa de erosão em relação à dureza das partículas, tendo como
superfície de ataque um aço endurecido C60H, ensaiado com partículas de vários materiais
suspensas em gás. .....................................................................................................................24
Figura 9 – Diferença da taxa de erosão do aço inoxidável AISI 316 devido a esferas de vidro e
a partículas angulosas (vidro moído), suspensas em água. ......................................................25
Figura 10 – Taxas de desgaste do cobre sobre condições de abrasão de dois e três corpos e na
erosão, devido às partículas de carbonetos de silício de diferentes tamanhos. ........................26
Figura 11 – Efeito do tamanho da partícula na taxa de erosão do aço inoxidável AISI 304 SS
em temperatura de 923 K. ........................................................................................................27
Figura 12 – Representação da taxa de erosão em função do tamanho da partícula. ................27
Figura 13 – Valores de erosão em regime de trabalho versus velocidade de impacto de dois
tamanhos de partículas esféricas de vidro. ...............................................................................28
Figura 14 – Taxa de erosão relativa em função do ângulo de incidência para uma chapa de
Níquel 200 erodida por partículas de óxido de alumínio com tamanhos de 23 e 130 μm. ......29
Figura 15 – Ângulo de incidência de uma partícula causando erosão na
superfície. .................................................................................................................................31
Figura 16 – Comparação do alumínio 1100-0 e alumina, erodido por carbeto de silício
(127μm) a 152 m.s-
1 ...............................................................................................................................32
Figura 17 – Efeito do ângulo na taxa de erosão de Cermets Wc-Co. ......................................32
Figura 18 – Influência do ângulo de impacto, para alta energia de impacto (28 m.s -1), em
diversos materiais. ....................................................................................................................33
Figura 19 – Perda de material do revestimento de DLC. .........................................................35
Figura 20 – Gráfico da taxa de erosão do revestimento DLC. .................................................35
Figura 21 – Desenho esquemático do erosímetro. ...................................................................37
Figura 22 – Perdas de massa das amostras após os ensaios na condição I. .............................42
Figura 23 – Perdas de massa das amostras após os ensaios na condição II. ............................43
Figura 24 – Perdas de massa das amostras após os ensaios na condição III. ...........................44
Figura 25 – Perdas de massa das amostras W(s) na condição I. ..............................................46
Figura 26 – Perdas de massa das amostras W(s) na condição II. .............................................46
Figura 27 – Perdas de massa das amostras W(s) na condição III. ...........................................47
Figura 28 – Médias das taxa de erosão das amostras W(s) nas condições II e III. ..................47
Figura 29 – Taxa de erosão das amostras W(s) na condição I e II. ..........................................48
Figura 30 – Perdas de massa das amostras E(s) na condição I. ...............................................48
Figura 31 – Perdas de massa das amostras E(s) na condição II. ..............................................49
Figura 32 – Perdas de massa das amostras E(s) na condição III. .............................................49
Figura 33 – Médias das taxa de erosão das amostras E(s) nas condições II e III. ...................50
Figura 34 – Taxa de erosão das amostras E(s) na condição I e II. ...........................................50
Figura 35 – Perdas de massa das amostras K(s) na condição I. ...............................................51
Figura 36 – Perdas de massa das amostras K(s) na condição II. .............................................51
Figura 37 – Perdas de massa das amostras K(s) na condição III. ............................................51
Figura 38 – Taxa de erosão das amostras K(s) na condição I e II. ...........................................52
Figura 39 – Médias das taxa de erosão das amostras K(s) nas condições II e III. ...................53
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................... 15
2.1 TRIBOLOGIA ................................................................................................................. 15
2.2 DESGASTES EROSIVOS .............................................................................................. 16
2.2.1 MECANISMOS DE DESGASTE ............................................................................... 17
2.2.2 PARAMETROS QUE INFLUENCIAM O DESGASTE EROSIVO ...................... 22
2.3 DIAMOND-LIKE CARBON ......................................................................................... 33
3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 37
3.1 EROSÍMETRO A JATO DE AR ................................................................................... 37
3.2 MATERIAIS .................................................................................................................... 38
3.2.1 ABRASIVO ................................................................................................................... 38
3.2.2 AMOSTRAS ................................................................................................................. 38
3.3 MÉTODOS ....................................................................................................................... 38
3.3.1 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS .................................................................. 38
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 42
4.1 RESULTADOS ................................................................................................................ 42
4.2 DISCUSSÕES ..................................................................................................................45
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 53
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 54
13
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 TRIBOLOGIA
ser desejável ou indesejável. Como exemplo, no carro, a aumento do atrito entre a roda e a
pista garante uma maior estabilidade e um melhor desempenho do sistema de frenagem. Ao
contrário, na transmissão do motor, o atrito nas engrenagens e nas correias consome parte da
potência, diminuindo seu rendimento.
Para reduzir o atrito e a interação entre as superfícies em movimento relativo, a
lubrificação costuma ser a primeira alternativa visada. Essa consiste em introduzir, entre as
superfícies deslizantes, uma camada de material com menor resistência ao cisalhamento. Em
alguns sistemas, o lubrificante pode prevenir completamente o contato entres as asperezas das
superfícies devido à pressão hidrodinâmica do filme fluido. Denominado lubrificação
hidrodinâmica, nela a pressão do filme causa apenas pequenas deformações elásticas nas
superfícies. Já na lubrificação elastohidrodinâmica, algum contato entre as asperezas pode
acontece, e as pressões locais são tão altas e o filme é tão fino que ocorrem grandes
deformações elásticas. Por fim, na lubrificação limite, as superfícies são separadas por um
filme de moléculas adsorvido, apesar de haver contato entre as asperezas e a formação de
junções, e a superfície apresenta deformações plásticas.
Contudo, é inevitável o desgaste, definido, conforme a Norma DIN 50.320, como a
perda progressiva de matéria da superfície de um corpo sólido, causada por ação mecânica,
isto é, por contato e movimento relativo de um contra corpo no estado sólido, líquido ou
gasoso. O desgaste envolve um sistema tribológico constituído de: corpo, o material que terá
sua superfície desgastada preferencialmente; contra corpo, o material que causará o desgaste;
meio interfacial e meio circunvizinho. Podendo ser divido: em desgaste por deslizamento,
fretting e desgaste por partículas duras. Este último é dividido em desgaste abrasivo e erosão.
A erosão por partículas duras ocorre quando essas são arrastadas pelo escoamento de
um fluido e impactam uma superfície. O desgaste erosivo encontra-se em processos nas
indústrias de mineração, de siderurgia, de petróleo e gás, entre outras. Portanto, empresas
capixabas desses setores têm mostrado interesse em investigar soluções que eliminem ou
amenizem os danos causados pela erosão, que corresponde a 8% do desgaste nas indústrias
(EYRE,1976). Downson (1998) afirma que cerca de 10% das falhas de desgaste têm como
causa a erosão.
um fluido, que pode ser constituído de um ou vários componentes. Dessa forma, Sundararajan
(1983), especifica que desgaste erosivo por partículas duras é definido como a remoção de
material ocasionado pelo impacto repetitivo de partículas que se movem com velocidades
superiores a 5 m/s, constituindo um importante mecanismo de desgaste, observado em várias
condições ambientais. Portanto, a erosão por partículas duras difere de outros tipos de
erosões, como da pelo impacto de líquidos, por cavitação, por lama, entre outros (ROY,2006).
Diferindo também da abrasão devido, principalmente, à origem das forças
envolvidas, pois enquanto o abrasivo é pressionado contra a superfície, na erosão, a partícula
dura, a principal força envolvida é devido à desaceleração da partícula ao colidir com a
superfície. Outras forças envolvidas são: a força de gravidade; forças de contato exercidas por
partículas vizinhas; a força de reação e as forças de arraste. A figura 1 mostra as forças
mencionadas que agem sobre a partícula no momento da colisão contra uma superfície,
danificando-a e removendo material.
Figura 1 Desenho esquemático das forças atuando na partícula durante uma colisão com uma superfície
horizontal. Fonte: Adaptado de Hutchings, 1992.
impacto, ângulo do impacto, intensidade do fluxo, entre outros), das propriedades do material
da superfície (dureza, tenacidade a fratura, etc.) e de parâmetros do meio ambiente
(temperatura, umidade, entre outros). Além do mais, dependendo da combinação desses
parâmetros a erosão pode envolver fraturas dúcteis ou fratura frágeis, do qual define os
mecanismos que serão discutidos adiante.
Figura 2 – Possíveis mecanismos de erosão. a) abrasão em ângulo de impacto baixo, b) fadiga da superfície
durante baixa velocidade, alto ângulo de impacto, c) fratura frágil ou múltipla deformação plástica durante
velocidade média, alto ângulo de impacto, d) fusão em alta velocidade de impacto, e) Erosão com efeitos
secundários, f) degradação da rede cristalina por impacto dos átomos. Fonte: Adaptado Stachowiak, (2001, p.
510).
Figura 3 – Seções transversais nos locais de impacto formados por partículas duras sobre um metal dúctil,
mostrando típicas formas. A direção do impacto foi da esquerda para a direita. (a) Microsulcamento formado por
partícula esférica. (b) corte tipo I, formado por partícula angulosa, rotacionando para frente durante o impacto.
(c) corte tipo II, formado por partícula angulosa, rotacionando para trás durante o impacto. Fonte: Adaptado
(HUTCHINGS, 1992).
limite de deformação plástica. No segundo (b), o microcorte tipo I, a partícula angular rola em
direção ao movimento, penetrando na superfície e formando uma ondulação que ficará
exposta para remoção nos impactos subsequentes. No último caso (c), o microcorte tipo II, o
sentido rotação da partícula ocorre em direção contrária a da translação, levando a remoção de
material semelhante a uma usinagem.
A partir disso, Hutchings propôs duas expressões para a massa de material da
superfície removida na erosão. A primeira para ângulos rasos:
K ∙ ρ∙ U n
E= ∙ f (θ) (I)
H
Onde, ‘E’ é a massa de material removido por massa de partículas que impactam a
superfície; ‘K’ é uma constante (coeficiente de desgaste); ‘ρ’ é a densidade do material
desgastado; ‘U’ é a velocidade de impacto; ‘n’ é o expoente de velocidade e varia entre 2,0 e
2,5 sendo também uma função do ângulo de impacto ‘θ’; ‘H’ é a dureza do material
desgastado.
A segunda, para ângulos retos:
1
K I ∙ ρ ∙ σ 2 ∙ U3
E= 3 (II)
2 2
ε ∙H
c
Onde, ‘E’ é a massa de material removido por massa de partículas que impactam a
superfície; ‘KI’ é uma constante conhecida como coeficiente de desgaste; ‘ρ’ é a densidade do
material desgastado; ‘σ’ é a densidade das partículas erosivas esféricas; ‘U’ é a velocidade de
impacto; ‘εc’ é a deformação plástica crítica, entendida como uma medida de ductilidade sob a
erosão; ‘H’ é a dureza do material desgastado.
Figura 4 – Geometria de uma fratura por cone Hertiziano formada por uma esfera, carregada por um ângulo
normal à superfície. Fonte: (HUTCHINGS, 1992).
Já quando a partícula é angular e dura, como ocorre na maioria dos casos, a trinca
ocorre por fratura elastoplástica. A figura 5 ilustra esse fenômeno:
21
Figura 5 – Diagrama mostrando a formação de trinca em material frágil devido a endentação pontual. A carga
normal aumentando de (a) para (c), e o alívio de carga de (d) para (f). Fonte: Adaptado Hutchings (1992, p. 151).
E
erosão, :
ρ
3
E r ∙ U ∙ σ 0,6
0,7 2
= 1,3 0,25 (III)
ρ Kc ∙ H
E
Onde é o volume removido por unidade de massa do abrasivo, ‘E’ a erosão, ‘ρ’ a
ρ
densidade do material, ‘Kc’ a tenacidade à fratura do material a ser desgastado, ‘r’ o raio da
partícula e ‘σ’ a densidade da partícula.
A equação III demonstra que a propriedade do material mais determinante na
resistência à erosão por fratura frágil é a tenacidade à fratura, junto com a dureza
(HUTCHINGS, 1992). Além disso, este prevê a dependência do raio da partícula, ao contrário
do modelo de erosão por deformação plástica (ASTM G76, 2002).
Figura 6 – Ilustração do contato entre uma partícula abrasiva sobre carga normal e uma superfície plana. (a) Se
Ha é maior 1,2 vezes que Hs, a partícula causará endentação, (b) se Ha é menor 1,2 vezes que Hs, vai ocorrer
escoamento plástico na partícula. Fonte: (HUTCHINGS, 1992).
Figura 7 – Gráfico da taxa de erosão em função da dureza da partícula com ângulo de impacto de 90°: (a)
velocidade da partícula 25 m.s-1 e (b) velocidade da partícula 45 m.s-1. Fonte: Adaptado Suresh Badu, Bikramjit
Basu e Sudararajan, 2011, p. 907.
Figura 8 – Dependência da taxa de erosão em relação à dureza das partículas, tendo como superfície de ataque
um aço endurecido C60H, ensaiado com partículas de vários materiais suspensas em gás. Fonte Adapatado
(HUTCHINGS, 1987). Nota: Em seu trabalho Hutchings não explica a definição de erosão relativa a qual foi
utilizada para a construção do gráfico.
25
Mesmo para um material específico, as formas geométricas das partículas não são
semelhantes. Contudo, é possível reconhecer um aspecto quantitativo relativo à forma das
partículas de um erodente: a esfericidade ou angularidade. A figura 9 ilustra a influência desse
parâmetro no desgaste erosivo proporcionado por partículas mais angulosas (vidro moído) e
por partículas muito menos angulosas (esferas de vidro) em uma chapa de aço inoxidável
AISI 316, demonstrando que partículas angulosas tendem a gerar maiores desgastes que
menos angulosas.
Figura 9 – Diferença da taxa de erosão do aço inoxidável AISI 316 devido a esferas de vidro e a partículas
angulosas (vidro moído), suspensas em água. Fonte Adapatado (HUTCHINGS, 1987).
4∙ π∙ A
F= (IV)
P2
26
Portanto, Misra e Finnie (1981) realizaram ensaios em cobre com carbeto de silício
(SiC), de diversos tamanhos, no desgaste abrasivo por deslizamento, rolamento e no desgaste
erosivo. A figura 10 resume os resultados obtidos da taxa de desgaste em função do tamanho
da partícula de desgaste.
Figura 10 – Taxas de desgaste do cobre sobre condições de abrasão de dois e três corpos e na erosão, devido às
partículas de carbonetos de silício de diferentes tamanhos. Fonte: Adaptado (MISRA e FINNIE, 1981).
923K, ângulo de impacto de 30º e velocidade de 65 m/s (1989, apud ROY, 2006, p. 105),
ilustrado na figura 11.
Figura 11 – Efeito do tamanho da partícula na taxa de erosão do aço inoxidável AISI 304 SS em temperatura de
923 K. Fonte: Adaptado Roy (2006).
Figura 12 – Representação da taxa de erosão em função do tamanho da partícula. Fonte: Adaptado Zum Gahr,
1987, p. 535.
Ambos possuem resultados semelhantes, que mostram uma queda brusca na taxa de
erosão conforme diminui o tamanho das partículas de desgastes. A esse efeito, Hutchings
(1992), denomina size effects. Ele também observa que acima de 100 μm, o tamanho da
28
Figura 13 – Valores de erosão em regime de trabalho versus velocidade de impacto de dois tamanhos de
partículas esféricas de vidro. Fonte: Adaptado Hutchings, 1981, p. 276.
Nota: A unidade que foi utilizada para avaliar a erosão neste gráfico não foi explicitada no trabalho original.
29
Kosel et al (1978) apresentaram um trabalho onde o size effect não pode ser
observado de maneira generalizada. Ao ensaiar chapas de Níquel 200 de 1,5 mm de espessura
por partículas de alumina, com tamanho de 23 e 130 μm e ângulos de ataque entre 0 e 90º, o
resultado obtido, figura 14, apresenta valores semelhantes de taxas de erosão nos ângulos de
incidência próximos de 0 ao ângulo de maior desgaste. No intervalo restante, a diferença de
taxas de erosão entre os ensaios aumenta conforme aumenta o ângulo de impacto.
Figura 14 – Taxa de erosão relativa em função do ângulo de incidência para uma chapa de Níquel 200 erodida
por partículas de óxido de alumínio com tamanhos de 23 e 130 μm. Fonte: Adaptado (KOSEL, 1978).
Nota: a taxa de erosão relativa é a razão entre a taxa de erosão no ângulo de incidência do ensaio e a taxa de
erosão no ângulo de incidência de máximo desgaste.
Portanto, tanto Finnie (1978), quanto Hutchings (1992), afirmam ser difícil
relacionar a mudança do tamanho das partículas com as variações ocorridas no desgaste de
uma superfície, principalmente quando não se analisa outros parâmetros envolvidos.
30
E=E0 ∙U n (V)
Onde ‘E’ é massa desgastada (negativa, uma vez que o desgaste envolve perda de
massa); ‘E0’ é uma constante; ‘U’ é velocidade de impacto e ‘n’ é expoente da velocidade.
Segundo o modelo de Hutchings (1992) para materiais dúcteis, onde toda energia
cinética é convertida em deformação plástica, o valor do expoente “n” é igual a 2. Contudo, os
resultados experimentais de ensaios, em condições de impacto oblíquo, encontram um
expoente médio da velocidade é 2,4. Já nos ensaios em ângulo de impacto a 90º realizados por
Sundararajan e Shewmon (1983), indicam um valor médio de 2,55. Em maiores velocidade de
impacto “n” parece estabilizar-se entre 2 e 3. Para cerâmicas estes valor média é de 3 e acima
de 5 para polímeros, respectivamente (ROY, 2006).
Preece (1977) confirma que o valor de n varia de 2 a 3,5 para materiais metálicos,
podendo chegar a 6,5 para materiais frágeis. Porém, Segundo Bahadur (apud SILVA, 2013, p.
13), as propriedades das partículas, tais como a dureza, o tamanho da partícula, sua forma ou
composição, influenciam drasticamente no valor do expoente n. Sundararajan e Roy (1997)
afirmam também que o expoente da velocidade é influenciado por outros fatores como o
ângulo de impacto, tamanho da partícula, etc.
Figura 15 – Ângulo de incidência de uma partícula causando erosão na superfície. Fonte Adaptado Stachowiak,
2001, p. 511.
Figura 16 – Comparação do alumínio 1100-0 e alumina, erodido por carbeto de silício (127μm) a 152 m.s-1.
Fonte: Adaptado (FINNIE, 1995).
Além disso, Wellman (1995) indica que os dois micromecanismos podem ocorrer em
conjunto, conforme ilustra na figura 17 o resultado dos ensaios de erosão em ligas revestidas
de Wc-Co, materiais cermets (carbetos cerâmicos em matrizes metálicas). Aparentemente, a
taxa máxima de erosão ocorreu numa faixa de ângulo de impacto que favorece ambos os
micromecanismos, dúcteis e frágeis.
Figura 17 – Efeito do ângulo na taxa de erosão de Cermets Wc-Co. Fonte: Adaptado (WELLMAN, 1995).
33
Figura 18 - Influência do ângulo de impacto, para alta energia de impacto (28 m.s-1), em diversos materiais.
Fonte: Adaptado (WHEELER, 2005).
Revestimentos DLC hidrogenados com uma mistura de sp2 e sp3 são denotadas a-C:H
(carbono hidrogenado amorfo). Se o teor de sp 3 é aumentado e o teor de hidrogênio é
diminuído, é possível obter também a estrutura ta-C:H (tetraedral carbono hidrogenado
amorfo). O último tipo é o DLC com máximo teor de sp 3 e mínimo teor de hidrogênio,
tornando-o mais duro que o a-C:H. Esse tipo de revestimento DLC pode crescer com técnica
de deposição envolvendo íons de alta energia, como os catodos filtrados de evaporação por
arco. O tipo de revestimento DLC chamado a-C:H possui teor de hidrogênio de 20 à 40%
(JELLESEN, 2009). O termo “DLC” é comumente usado para designar o tipo hidrogenado (a-
C:H), enquanto o “taC” para o não hidrogenado. Ambos são materiais metaestáveis.
Figura 20 – Gráfico da taxa de erosão do revestimento DLC. Fonte: Adaptado (Martínez-Arriero, 2017).
3 METODOLOGIA
2. Controle do ar;
3. Alimentação de partículas;
5. Câmara de ensaio;
3.2 MATERIAIS
3.2.1 ABRASIVO
3.2 AMOSTRAS
3.3 MÉTODOS
Calibração:
1) As cinco amostras de aço foram limpas, nessa sequência: com água e detergente e
secadas com algodão; com álcool na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e
secadas em temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a
evaporação; acetona na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e secadas
novamente em temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a
evaporação. Ao final, foram pesadas na balança de precisão Sartorius CP225D.
Condição I:
1) As amostras foram limpas, nessa sequência: com água e detergente e secadas com
algodão; com álcool na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e secadas em
temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a evaporação;
acetona na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e secadas novamente em
temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a evaporação. Ao
final, foram pesadas na balança de precisão Sartorius CP225D.
Condição II:
1) As amostras foram limpas, nessa sequência: com água e detergente e secadas com
algodão; com álcool na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e secadas em
temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a evaporação;
acetona na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e secadas novamente em
temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a evaporação. Ao
41
Condição III:
1) As amostras foram limpas, nessa sequência: com água e detergente e secadas com
algodão; com álcool na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e secadas em
temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a evaporação;
acetona na lavadora ultrassônica durante cinco minutos e secadas novamente em
temperatura um pouco acima da temperatura ambiente para facilitar a evaporação. Ao
final, foram pesadas na balança de precisão Sartorius CP225D.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 RESULTADOS
Calibração
A Norma ASTM G76 estabelece de taxa média de erosão para o aço carbono 1020 de
2,74.10-3.mm³.g-1 e um desvio intra laboratorial de 0,468 .10-3.mm³.g-1 e um desvio inter
laboratorial de 0,807.10-3.mm³.g-1. Os valores de massas das amostras de aço carbono 1020
estão resumidas na tabela 5, que validam o equipamento para os ensaios normatizados.
Condição I
0.01400
0.01200
Perda de massa (g)
0.01000
0.00800
W
0.00600 E
K
0.00400
0.00200
0.00000
1 1 1 4 4 4 10 10 10
Tempo (min)
44
Tabela 6 - Massas das amostras antes e depois da realização dos ensaios na condição I
MASSA (g)
AMOSTRA TEMPO (min)
ANTERIOR POSTERIOR
W21 1 48.65532 48.65464
W22 1 52.68082 52.68030
W23 1 51.87665 51.87612
W24 4 52.51503 52.51413
W25 4 52.33840 52.33792
W26 4 52.42006 52.41920
W19 10 52.61766 52.61568
W18 10 51.64715 51.64521
W20 10 52.53024 52.52871
E23 1 47.92315 47.92225
E24 1 50.57683 50.57627
E25 1 51.21590 51.21529
E26 4 51.16701 51.16666
E27 4 51.55503 51.55450
E28 4 48.89260 48.89223
E09 10 52.18942 52.18805
E10 10 51.41367 51.41284
E11 10 50.14656 50.14546
K10 1 51.39580 51.39526
K11 1 52.57908 52.57827
K12 1 53.25080 53.25072
K16 4 47.17776 47.17728
K17 4 53.67436 53.67412
K18 4 51.70080 51.70046
Condição II
Os valores (médias) das massas das amostras, medidos na balança de precisão, estão
organizados na tabela 7 e na figura 23:
45
0.01400
0.01200
0.00800
W
0.00600
E
0.00400 K
0.00200
0.00000
4 4 4 8 8 8 10 10 10
Tempo (min)
Tabela 7 - Massas das amostras antes e depois da realização dos ensaios na condição II
MASSA (g)
AMOSTRA TEMPO (min)
ANTERIOR POSTERIOR
W19 4 52.61325 52.60804
W18 4 51.64200 51.63767
W20 4 52.52560 52.52158
W24 8 52.51218 52.50372
W25 8 52.33632 52.32728
W26 8 52.41773 52.40943
W21 10 48.65327 48.63942
W22 10 52.67952 52.66680
W23 10 51.87504 51.86417
E09 4 52.18805 52.18759
E10 4 51.41296 51.41240
E11 4 50.14594 50.14592
E25 8 51.21527 51.21490
E26 8 51.16649 51.16595
E27 8 51.55472 51.55447
E23 10 47.92164 47.92122
E24 10 50.57671 50.57628
E28 10 49.89166 49.89109
K25 4 51.10875 51.10874
K26 4 52.72121 52.72080
K27 4 46.33306 46.33290
K10 8 51.39606 51.39590
K11 8 52.57858 52.57818
K12 8 53.25115 53.25079
K16 10 47.17646 47.17582
K17 10 53.67371 53.67335
Condição III
46
Os valores (médias) das massas das amostras, medidos na balança de precisão, estão
organizados na tabela 8 e na figura 24:
0.01400
0.01200
Perda de massa (g)
0.01000
0.00800
0.00600 W
E
0.00400
K
0.00200
0.00000
4 4 4 8 8 8 10 10 10
Tempo (min)
Tabela 8 - Massas das amostras antes e depois da realização dos ensaios na condição III
MASSA (g)
AMOSTRA TEMPO (min)
ANTERIOR POSTERIOR
W15 4 52.47272 52.468346
W16 4 52.247526 52.243828
W17 4 52.220366 52.216676
W12 8 52.231362 52.224392
W13 8 51.709692 51.702676
W14 8 48.527564 48.520758
W09 10 52.391668 52.381274
W10 10 51.688872 51.680654
W11 10 52.397076 52.388968
E13 4 48.26626 48.26501
E15 4 50.59855 50.59750
E16 4 50.95469 50.95338
E17 8 50.93733 50.93629
E18 8 52.55173 52.55125
E19 8 46.75678 46.75566
E20 10 51.26388 51.26353
E21 10 51.09790 51.09759
E22 10 49.75276 49.75158
K22 4 50.75027 50.750082
K23 4 48.2398 48.239288
K24 4 49.49062 49.490366
K19 8 51.422912 51.422772
K20 8 51.347802 51.347406
K21 8 53.04039 53.03988
K13 10 50.69185 50.69166
47
4.2 DISCUSSÕES
Amostras W(s)
0.00250
0.00200
Perda de massa (g)
0.00150
0.00100
0.00050
0.00000
1 4 10
Tempo (min)
0.02000
0.01500
Perda de massa (g)
0.01000
0.00500
0.00000
4 8 10
Tempo (min)
0.02000
0.01800
0.01600
0.01400
Perda de massa (g)
0.01200
0.01000
0.00800
0.00600
0.00400
0.00200
0.00000
4 8 10
Tempo (min)
90° 45°
4.00E-05
3.50E-05
3.00E-05
Taxa de erosão (g/g)
2.50E-05
2.00E-05
1.50E-05
1.00E-05
5.00E-06
0.00E+00
W 4min W 8min W 10min
Amostras e tempo
Figura 28 – Médias das taxa de erosão das amostras W(s) nas condições II e III.
4 g/min 34 g/min
W18 W19 W20 W21 W22 W23 W24 W25 W26
1.00E-05
Taxa de erosão (g/g)
1.00E-04
1.00E-03
Amostras
Amostras E(s)
Nas amostras E(s), os resultados apresentaram bastante dispersão, porém menores que
os do W(s) e próximo do E(s), figuras 30, 31 e 32:
0.00160
0.00140
Perda de massa (g)
0.00120
0.00100
0.00080
0.00060
0.00040
0.00020
0.00000
1 4 10
Tempo (min)
0.01200
0.01000
Perda de massa (g)
0.00800
0.00600
0.00400
0.00200
0.00000
4 8 10
Tempo (min)
0.01200
0.01000
Perda de massa (g)
0.00800
0.00600
0.00400
0.00200
0.00000
4 8 10
Tempo (min)
90° 45°
Taxa de erosão (g/g) 1.00000E-05
8.00000E-06
6.00000E-06
4.00000E-06
2.00000E-06
0.00000E+00
E 4min E 8min E 10min
Amostras e tempo
Figura 33 – Médias das taxa de erosão das amostras E(s) nas condições II e III.
Em relação à taxa de partículas, os resultados (figura 34) revela que as taxas são muito
maiores na condição de taxa de 4 g.min-1, o que pode revelar que em todos os tempos de
ensaio, encontrava-se no período de incubação.
4 g/min 34 g/min
2.50000E-04
Taxa de erosão (g/g)
2.00000E-04
1.50000E-04
1.00000E-04
5.00000E-05
0.00000E+00
E09 E10 E11 E23 E24 E25 E26 E27 E28
Amostras
Amostras K(s)
0.00090
0.00080
0.00070
Perda de massa (g) 0.00060
0.00050
0.00040
0.00030
0.00020
0.00010
0.00000
1 4 10
Tempo (min)
0.00080
0.00070
Perda de massa (g)
0.00060
0.00050
0.00040
0.00030
0.00020
0.00010
0.00000
4 8 10
Tempo (min)
0.00080
0.00070
0.00060
Perda de massa (g)
0.00050
0.00040
0.00030
0.00020
0.00010
0.00000
4 8 10
Tempo (min)
4 g/min 34 g/min
2.50000E-04
Taxa de erosão (g/g)
2.00000E-04
1.50000E-04
1.00000E-04
5.00000E-05
0.00000E+00
K10 K11 K12 K16 K17 K18 K25 K26 K27
Amostras
90° 45°
2.50000E-06
Taxa de erosão (g/g)
2.00000E-06
1.50000E-06
1.00000E-06
5.00000E-07
0.00000E+00
K 4min K 8min K 10min
Amostras e tempo
Figura 39 – Médias das taxa de erosão das amostras K(s) nas condições II e III.
55
5 CONCLUSÕES
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS