E FILHAS
DE UM
PEREGRINO
Rumo a uma teologia das migrações
1. INTRODUÇÃO
2. O FENÔMENO
MIGRATÓRIO COMO
“SINAL DOS TEMPOS”
4. A TRADIÇÃO APOSTÓLICA,
PADRES DA IGREJA E
IMIGRAÇÃO
5. AS MIGRAÇÕES, UM
DESAFIO ECLESIAL: O
MAGISTÉRIO DA IGREJA
6. ALGUMAS
RECOMENDAÇÕES PARA
SEGUIR O CAMINHO
Jesus vai descobrindo na sua vida que a única lei que tem
sentido é a lei do Amor (Jn 13,34). O Amor que nos permite passar
por cima de nossos medos, das inseguranças humanos e que se
abre gratuitamente aos outros. Um amor que recebemos gratui-
tamente de Deus e que, por sua vez, nos convida a doá-lo aos
outros. “Recebestes de graça, de graça daí” (Mt 10,8). Jesus realiza
sua missão como migrante, como peregrino em terra estranha,
incompreendido pelos seus, sempre em caminho, sem casa nem
sustento próprio. No caminho vai atualizando e fazendo presente
o Reino. É no caminho onde tem a oportunidade de se encontrar
com o desvalido, com a viúva, com o leproso, com a pecador, com
o cobrador de impostos, com os pescadores, com os escribas e
com os que são excluídos pela sociedade. Um convite que rece-
beu a primeira Igreja, desde suas origens e que a dinamizou para
se por em caminho, para se fazer peregrina, migrante, levando a
boa nova, a lei do Amor, a todos os cantos do mundo.
Um elemento central da missão de Jesus e, portanto, da
Igreja é a hospitalidade41, uma hospitalidade que se vive de ma-
neira especial a través do ministério da reconciliação, de fazer
pontes em um mundo despedaçado, rompendo os limites do le-
gal-ilegal, do puro-impuro e da inclusão-exclusão. É a partir do
mesmo olhar misericordioso de Deus onde a Lei, o que é legal, o
que é puro adquirem seu mais profundo sentido e ocupam seu
lugar como meios e não como fins (Mc 2,23-3,6; Lc 6,1-22; Mt 12,
1-14). “Para Jesus, a misericórdia de Deus não pode ser contida
dentro dos muros e mentes limitadas, e desafia as pessoas a re-
conhecer uma lei maior embasada na incalculável misericórdia de
Deus antes do que em noções restritivas sobre o digno e o indig-
no”42. O ministério da reconciliação43 parte do olhar misericordio-
so e amoroso de Deus. Continuando com o trecho dos Exercícios
de Santo Inácio, a Trinidade olhou o mundo e disse “Façamos a
redenção do gênero humano” EE [107]
Dia após dia, milhões de pessoas vivem um calvário li-
dando com os limites do puro-impuro, da exclusão e inclusão.
Lembro que faz tempo, em um pequeno povoado do interior da
Índia, passeava com algumas crianças que moravam num centro
7. RECAPITULANDO
Deus de misericórdia,
pedimo-Vos por todos os homens, mulheres e crianças,
que morreram depois de ter deixado as suas terras
à procura duma vida melhor.
Embora muitos dos seus túmulos não tenham nome,
9. QUESTÕES PARA A
REFLEXÃO
Que respostas você daria a cada uma destas perguntas desde sua
própria vida e experiencia pessoal?
23. Para elaborar este tópico, me apoiei numa reflexão anterior de ARES, Al-
berto (2016). «Cuándo te vimos forastero e te acogimos: Transitando una te-
ología de las migraciones ». Revista Corintios XIII (157), Madrid, págs. 69-83.
24. Duas interessantes reflexões sobre identidade desde la teología das migra-
ções pueden ser encontradas em CASTILLO, Jorge (2013). «Teología de la migra-
ción: movilidad humana y transformaciones teológicas». Theologica Xaveriana,
63 (176), págs. 367-401; Pham, Hung (2015). «“Am I my Brother’s Keeper?” Se-
arching for a spirituality for immigrants». The Way, Vol. 54. núm. 3, págs. 31-43.
25. BUDDE, M. L. (2006). «“Who is My Mother?” Family, Nation, Discipleship,
and Debates on Immigration». Journal of Scriptural Reading, págs. 67-76.
26. Em alguns idiomas, como o inglês, estes termos adquirem um sentido mais
plástico: fatherland, motherland, homeland security, securing our backyard.
27. GROODY, Daniel G. (2013). «The Church on the Move: Mission in an Age
of Migration». Mission Studies 30, pág. 41.
28. PAPA FRANCISCO (2016). El Video del Papa Francisco. Red Mundial de
Oración del Papa.