Ao longo da história, desde seu início, o cooperativismo tem sido reconhecido como
uma das formas tradicionais de organização de pessoas com as mesmas
necessidades e desejos em determinadas áreas da comercialização de produtos e serviços. O cooperativismo pode ser compreendido como uma doutrina, uma filosofia, um sistema, um movimento ou simplesmente uma determinada disposição que considera as cooperativas como forma ideal de organização das atividades sócio econômicas da humanidade. As cooperativas constituem-se participativamente, por meio de tomada de decisão, partindo do princípio de que a união dos produtores nessas organizações, os fortalecem tanto quanto a sua representatividade para a participação em conselhos, comitês, comissões, como no seu poder de barganha com os setores público e privado. No entanto, muitas delas passaram a atuar sem a participação dos seus cooperados nas decisões, as quais se apoiavam apenas nas opiniões de sua administração superior. Outras restringiram suas ações à aquisição de insumos e à comercialização dos produtos dos sócios cooperados.
No Brasil, o movimento Cooperativista surgiu no século XIX, estimulado por
funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários, para atender suas necessidades comuns. Iniciou na área urbana, com a criação da 1ª Cooperativa de Consumo, em Limeira (São Paulo) em 1.891, expandindo-se para os Estados de Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Em 1.902 surgem às cooperativas de crédito no Rio Grande do Sul, por iniciativa do padre suíço Theodor Amstadt e a partir de 1906 nascem e se desenvolvem as cooperativas no meio rural, idealizadas por produtores agropecuários. Estas se propagaram por vários estados junto às comunidades de imigrantes alemães, holandeses, italianos, poloneses e japoneses. Os problemas de comunicação, a nova cultura, a carência de estradas e escolas e a discriminação racial, criaram entre eles laços de coesão, resultando no nascimento de sociedades culturais e agrícolas e assim fundaram suas próprias escolas, igrejas e outras atividades de caráter cooperativo. Mesmo com um grande movimento de difusão da doutrina e filosofia cooperativista, muitos elementos se apresentavam como entraves para um maior desenvolvimento do sistema, bem como a ausência de pessoas com conhecimento em associativismo, a falta de material didático apropriado, a imensidão territorial e trabalho escravo. Mais precisamente, foi a partir de 1960 que 2
o cooperativismo brasileiro teve seu real desenvolvimento, chegando no ano de
2001 com mais de 5.000 cooperativas de diversos ramos e 4.500.000 cooperados. Atualmente, o cooperativismo brasileiro encontra-se em pleno desenvolvimento, principalmente na criação de cooperativas dos ramos de trabalho, saúde e crédito.
As cooperativas são classificado por ramos de atividades, onde as mesmas
visam identificar e agrupar áreas e interesses comuns, o que possibilita a sua organização estratégica política e favorece uma economia de escala. As cooperativas brasileiras se classificam pelos seguintes os ramos: 1. Agropecuário: entendido como seguimento com maior número de cooperativas, onde é desenvolvido qualquer tipo de cultura ou criação rural; 2. Consumo: cooperativas de abastecimento, com a atividade principal de adquirir grande quantidade de bens e repassar aos associados {alimentos, eletrodomésticos, saúde (podem ser cooperativas odontológicas, de médicos, educacionais) e habitacionais}; 3. Infra- estrutura: Este tipo de cooperativa se limita a prestar serviços diretamente a seu quadro social (cooperativas de eletrificação rural, cooperativas de telefonia etc); 4. Trabalho: prestação de serviços a terceiros a partir de mão-de-obra especializada ou braçal (taxistas, engenheiros ...); 5. Produção: Os próprios cooperados são seu quadro social, funcional, técnico, diretivo. Um exemplo são as cooperativas de produção de vestuário; 6. Turismo e Lazer: desenvolvem atividades voltadas ao turismo e lazer. Exemplo: Cooperativa de Guias Turísticos; e o Ramo de crédito: cooperativas que reúnem poupanças de seus cooperados para benefícios destes, realizando assim diversos movimentos bancários.
O sistema cooperativista tem se preocupado em criar formas de organização
do movimento cooperativista que, além de proporcionar a participação dos cooperados, favoreça também a representatividade de seus interesses diminuindo o individualismo, promovendo assim o bem estar e a ajuda mútua na organização desse sistema. As cooperativas agropecuárias passam por uma reestruturação e buscam a especialização de suas atividades através da maior agregação de valor aos cooperados pela agro-industrialização.
Cooperativismo e relações para o desenvolvimento do quadro social.
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Um dos objetivos do cooperativismo por meio da cooperativa, além de ser
viável economicamente para seus associados, visa também o seu desenvolvimento, de suas famílias e da comunidade, propiciando de certa forma melhoria de vida. Sendo o cooperativismo um movimento mundial ele se estrutura dentro dos chamados princípios cooperativistas, que são: 1º Adesão livre e Voluntária; 2º Controle Democrático de Membros; 3º Participação Econômica de Membros; 4º Autonomia e Independência; 5º Educação, Formação e Informação; 6º Intercooperação; e 7º Preocupação com a Comunidade. Como valores do movimento, são apresentados: 1. Ajuda mútua; 2. Solidariedade; 3. Democracia e a 4. Participação. É a partir dessas demandas doutrinárias que a cooperativa, através da Organização do Quadro Social deve fomentar um processo sistemático, dinâmico e permanente de comunicação e integração entre os associados e a cooperativa, para que atividades individuais e coletivas sejam viabilizadas e ainda democratizar o poder dos órgãos de administração da cooperativa, assegurando a efetiva participação dos associados nas decisões de ordem política, econômica e social.