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POVO MUITO SÁBIO

Quando abordamos a Cultura e a Magia dos Ciganos, logo vem a lembrança de um Povo
muito sábio, que utiliza a magia do universo e a sua própria com maestria e
precisão,impressionando as pessoas que recorrem pedindo ajuda.

Nas Tsaras, as Ciganas socorrem muita gente sofrida, e usam como bálsamo a Arte da
Magia Cigana, dos Mestres Ciganos Espirituais, que aliadas, às Forças da Natureza,
alentam os necessitados, fazendo sobreviver, mesmo na mudança dos tempos, a Força do
Povo Cigano Cultural e Espiritual, devido a sua grande beleza e utilidade.

Mas falar somente isto é pouco. O Povo Cigano (Diáspora e Espiritual) tem suas próprias
diretrizes de vida, a Cultura ensinada pelos nossos ancestrais, é seguida sem desvirtuações
pela Raça.

A Hierarquia dos Clãs é passada de pai para filho, garantindo assim a existência original de
nosso povo.

A Cultura do Povo das Estradas, tão cheia de segredos e ritos estranhos, hoje, na busca de
entendimento e crescimento espiritual, passa a ser divulgada a olhos não ciganos (porém
ciganos de alma) com amor.

Nós, ciganos nos valemos da sabedoria dos mistérios das artes, de nossa forte estrutura, de
nossa intuição, observação e psicologia, para receber estes irmãos com um ensinamento
puro sobre a nossa cultura e nossa vida.

Para que se dê este aprendizado, somente vivenciando o que é ser cigano, para saber, todas
as nuances em totalidade, porém sem excessos e enfeites.

Viver entre ciganos, viver como cigano, é demonstrar forte preocupação com a
Espiritualidade, porque para nós, dentro de nossa liturgia impar, vivendo como ciganos, é
que vamos aprender quem são os Mestres da Magia Cigana, como se trabalha
espiritualmente com dedicação, responsabilidade, tratando com procedimentos distintos a
Vida Cigana Espiritual.

Os grandes Mestres Ciganos Espirituais são espíritos ciganos que viveram entre nós em
outros tempos, que ainda em sua vida terrena, já eram grandes paranormais, e buscavam
através do entendimento com o mundo espiritual atenuar as dores, e trazer alento aos
necessitados, são eles os Grandes Mestres da Magia. Que nos trazem ensinamentos
armazenados durante toda a existência do espírito.

Os Mestres tem permissão para volitar desde as zonas umbralinas até as mais sublimadas
camadas espirituais, trabalhando incessantemente em seu domínio como ajudando em
qualquer outro que seja preciso.
Os doze Mestres Espirituais tem sua organização astral, e cada um tem um domínio, que
ajudam a cuidar e elucidar como também resolver os problemas nos mais diversos setores.

Os Mestres Ciganos de Luz, são:


Cigana Sulamita, Cigana Carmem, Cigana Madalena, Cigana Esmeralda, Cigano Juan,
Cigano Artêmio, Cigano Wladimir (o Rei dos Ciganos), Cigano Manolo, Cigano Sandro,
Cigana Natasha, Cigana Yasmim e Cigano Ramiro.

Para tanto amigos, para realmente conhecer esta Diáspora e Espiritualidade Cigana,
aprender sobre a Cultura e Magia, se preparar dignamente para o trabalho astral, é preciso
ser com verdade, um Cigano de Alma, e isto só acontece, quando vivemos, nem que por
pouco tempo, entre ciganos e, sobretudo verdadeiramente como ciganos.

O Povo Cigano revela hoje ao mundo gadjê, muitos segredos que enriquecem a
espiritualidade e o estudo da cultura. Recebendo-os com amor em nossa Kumpania. Os
Ciganos de Alma ao estarem, de posse destas informações, e as tratando com
responsabilidade e seriedade, serão agraciados astralmente e conseguirão despertar
naturalmente seus portais psíquicos e intuitivos.

Conseguirão trabalhar dentro de uma Linhagem Cigana Espiritual, séria, digna e benéfica.

CIGANA SARITA

“...Ela conheceu muito de Deus, mesmo não sabendo o que é fé, no entanto, ela amou!

Um dia em Andaluzia, havia um cigano; o nome dele era Omar, tinha seus músculos muito
fortes, seu rosto marcado por uma certa dureza, mas ninguém sabia fazer sinos como aquele
cigano.

Ele trabalhava o bronze, de tal forma, que era capaz de extrair sonoridades de sinos muito
pequenos ou gigantescos e vinha, de longe, o clero, para encomendar sinos para Omar, o
sineiro cigano.

Omar vivia com seu bando radicado em Andaluzia e tinha todos eles amigos gratos, porque
o dinheiro que ele recebia do clero, e ele cobrava regiamente, como eles cobravam suas
missas, seus batizados.

Ele repartia com todos os ciganos, não deixando faltar nada, e era amado por todos.

Mas desde que o sol nascia até o anoitecer, o barulho insistente dele trabalhando o bronze
era ouvido e respeitado, mas havia uma jovenzinha cigana, que ele tinha por ela um
especial carinho, seu nome era Sarita.
Ela sempre estava por ali a rondar Omar e falava para ele:

Porque você faz sinos?


Porque dizem que os sinos chamam as pessoas para Deus, para mim, sino é sino, é um
instrumento que emite som. Mas eu prefiro o banjo..

E Sarita ria, dizendo:


Eu prefiro o bandônion

É? Tem muita gente aqui que não gosta de barulho, mas não reclama, porque você ajuda a
todos nós.

Sarita, você é esperta demais, ele suportam meu barulho porque são preguiçosos e não
querem trabalhar, porque eu trabalho sem cessar. Ele falava

E Sarita olhava Omar e desde quando ela era pequena o rosto dele era o mesmo, não
mudava, parecia passar o tempo, seus cabelos ainda eram negros.

Omar não envelhece diazia a sua mãe. Ele trabalha e trabalha com alegria.

E ela continuava a perguntar, pois ela tinha uma curiosidade enorme:

Omar o que que os padres fazem com os sinos?

Chamam as pessoas para as missas....

E o que eles fazem nas missas?

Dizem que rezam, rezam para Deus.

Só isso?!

Não! Eles também batem os sinos quando as pessoas morrem.

Quando as pessoas morrem?!

É! E quando fazem festas dos santos também batem os sinos.

Ué! Então eles batem os sinos para tudo? Eles compram tantos sinos, veio um padre aqui e
comprou seis sinos do mesmo tamanho, você ficou trabalhando tanto tempo; um sino só
não chegava?

Aquele padre queria um carrilhão, foi o que eu fiz, seis sinos que tocam de uma vez só!
Ai! Mas que barulhão Omar! Será que Deus só escuta quando bate o sino?

Não! Deus escuta àqueles que choram, Deus escuta àqueles que sabem sorrir, Deus escuta
àqueles que dançam, Deus escuta àqueles que trabalham, não é preciso bater o sino para
que Deus nos escute, guarde isso Sarita com você.
Você não podia fazer um sino para mim?

Vou fazer um sino bem pequenino e vou colocar nele dois corações: o meu e o seu ele
falou.

Ela ficou toda feliz!..

Ele parou com todas as encomendas e não se ouviu no bando aquele barulhão infernal, que
na verdade, era celestial, e foi fazer naquele dia o sino para sua pequena Sarita.

Quando eu vou tocar o sino, Omar? Falou Sarita.

Quando você quiser! Toque quando você quiser! Se você quiser falar com Deus, toque o
sino, se você estiver alegre, toque o sino, se você estiver triste, toque o sino.

Ah! Eu queria muito... muito... ver o seu carrilhão tocar numa igreja.

Quando eu for ao centro de Andaluzia, vou te levar a uma igreja para você ver de longe
onde ficam os sinos que eu faço.

E assim ele fez: levando Sarita pela mão, comprou para as jovens gitanas muitas águas de
cheiro e mostrou para ela a igreja.

Esperaram chegar as dezoito horas, chegariam um pouco tarde no bando, lá no


acampamento, mas ela teve a alegria de ouvir o sino tocar.

Que barulho! Disse ela.

As pessoas iam chegando, carruagens iam parando e todos olhavam para ela e para aquele
homem, vestido apenas com uma minúscula jaqueta de couro.
Omar, olha o rosto dessas pessoas, olha que cara feia eles têm, as mulheres são bonitas, mas
olham com a cara tão feia!

Será que Deus vai gostar?!.. falou ela.

Sarita, não sei, de Deus entendo pouco, de sinos entendo muito, não sei! Pode, às vezes,
atrás de uma cara feia, ter uma grande dor e pode, às vezes, atrás de um sorriso, ter um mar
de pranto, são coisas da vida e você é muito pequena para entender de viver. Vamos voltar?

E ela, com a sua saia rodada, foi saltitante pelas ruas, dando rodas, sendo olhada pelas
pessoas do povo, porque na igreja só podiam entrar luxuosamente vestidos. Ela pegou a
carroça e foi cheia de felicidade contar as coisas que tinha visto. Era uma gitana Andaluz.

Para baixo e para cima ela andava com o sino na mão, olhando para o céu pensando:
“Onde será que Deus se esconde?! Como será a face de Deus? O que será que tem dentro
das igejas? Porque Deus só escuta, quando é chamado com os sinos?...”E ela batia o seu
sininho todo o dia e olhava para fora de sua barraca dizendo:
Será que Deus me escutou?...

Um dia Omar começou o seu trabalho e já eram duas horas da tarde, o sol já tinha se posto
a pino e já estava dobrando no firmamento e Sarita não chegou e ele foi até a tenda e
perguntou:

Cadê Sarita?

Queima em febre, não sei o que fazer! Disse a mãe dela.

Tem que fazer alguma coisa1.. falou ele

Já dei todas as nossas ervas, a febre não cessa e não é só a febre, ela delira e já não tem
mais, no seu corpo que definha, qualquer líquido. Ela toma e vomita.

Ele colocou-a numa manta e falou:


Vou procurar um doutor.
Chegou no centro onde os doutores atendiam, bem surtido com uma sacola de couro com
moedas de ouro e pediu a um doutor que olhasse a pequena Sarita.

O que ela tem? Disse o médico.


Febre!
E explicou as reações orgânicas da menina, os problemas de vômitos intestinais.

Vocês vão ter a peste onde vocês moram. Ela está com cólera, vai durar pouco tempo; seu
corpo é muito jovem para agüentar, disse ele.

Mas não é possível doutor!

Vá! Vá! E leve a menina, leve-a, não queremos saber de nenhum cigano no centro da
cidade, já vou comunicar às autoridades para que vocês fiquem de quarentena, até morrer o
último dos ciganos.

Ele voltou com Sarita. Velou três sois e três noites e ela morreu...

Arranjara um local, porque eram obrigados a pôr fogo no corpo dos ciganos que morriam,
mas ele arranjou um lugar, enterrou aquele corpinho e enquanto eles carregavam Sarita ele
ia à frente batendo o sininho que ele fez.
Como nos campanários, com dois pedaços de bronze e um suporte, um lugar para
dependurar o sino.

Ficou dois dias plantando flores, qualquer flor que encontrasse, ele levava para aquele lugar
e enfeitava de flores e quando o vento batia... o vento que não tem preconceito, o vento que
não escolhe por onde passar e passa sem medo em qualquer lugar, que não vê raça, que não
vê guerra nem paz, o vento de Deus, batia o sininho que cimbalava:
“adeus Sarita! Adeus Sarita!”

Mais cinco pessoas da mesma família de Sarita partiram, mas, como se esperava, não houve
um grande surto de cólera, porque Omar, além de ser um grande sineiro, era um homem
observador, experiente e vivido e isolou as pessoas e tratou aqueles que estavam com cólera
e seu corpo forte como bronze não se contaminou e o vento tocava o sininho:

Adeus Sarita! Adeus Sarita!

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