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O uso de estruturas de aço para edifícios de múltiplos pavimentos no Brasil

Histórico

Nos últimos 10 anos, devido à busca cada vez maior pela industrialização da construção, o uso de estruturas de aço ou
híbridas e mistas de aço e concreto para execução de edifícios de múltiplos pavimentos ganhou maior relevância
comparando-se às tradicionais estruturas de concreto armado.

A construção de edifícios com estrutura em aço não é algo inovador, sendo utilizado na Europa e Estados unidos desde
meados do século XIX, como por exemplos marcantes o Empire State Building (1931) em NY, o Edifício John Hancock
Center (1969) em Chicago e o Sears Towers (1974) também em Chicago. (Com fotos).

No Brasil, os primeiros edifícios surgiram na segunda metade do século XX, como por exemplo o Edifício Garagem
América (1957) em SP, os edifícios da Esplanada dos Ministérios (1958) em Brasília e o Edifício Avenida Central (1961),
no RJ. (Aqui é bom colocar as fotos no slide).

Evolução

A utilização de estruturas metálicas se deu devido ao “boom” do mercado imobiliário entre os anos de 2007 e 2013, e
com isso, as construtoras e incorporadoras buscaram experimentar essa nova tecnologia, visando potenciais ganhos
financeiros e de prazo.

Devido à maior utilização deste material, foram elaboradas instruções normativas para incorporação de estruturas
híbridas e mistas de aço e concreto, tendo a NBR 8800:2008 como a mais famosa e entre outras que serão citadas a
seguir. Além disso, também surgiu o CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço, que fornece cursos de formação
na área de estruturas metálicas e sua utilização na construção.

Hoje temos diversos produtos de aço que são utilizados na construção civil, seja com função estrutural (como
vergalhões e perfis para estruturas), seja não estruturais (como tubulações). A indústria de aço brasileira tem como seu
principal cliente a construção civil, que correspondeu a 39,1% do consumo desse insumo em 2014 (INSTITUTO AÇO
BRASIL, 2016).

Esquema representativo da cadeia produtiva das estruturas de aço


Normas referentes às estruturas metálicas para construção

Processo executivo
A execução consistirá na fixação das peças entre si e com a infraestrutura (fundações). Dessa forma, todos os elementos
como estacas, vigas de baldrame ou mesmo sapatas deverão já ter sido devidamente locados, executados e prontos
para servir de suporte.

Nas ligações, serão utilizados solda ou parafusos.

Para vigas e pilares metálicos, não será necessário realizar cimbramento por longos períodos, mas estabilizar as peças
até que fiquem adequadamente ligadas e em suas posições definitivas. Equipamentos de içamento como gruas serão
usados nessa tarefa. Utiliza-se mão de obra especializada.

Para estruturas pequenas, como alguns tipos de mezaninos ou pérgolas, empresas de serralheria de pequeno porte
podem vir a trabalhar com as peças sem utilizar equipamentos para içar, mas irão demandar mais mão de obra para
estabilização.
Ainda, é importante destacar que estruturas de aço requerem cuidados especiais em relação à proteção contra incêndio
e proteção contra corrosão. Para a proteção contra incêndio, no Brasil é utilizada proteção passiva à base de
argamassas. Para a proteção contra a corrosão, a principal solução é a utilização de tinta com característica
anticorrosiva ou a galvanização de componentes específicos. Além disso, o uso de revestimento de concreto também
aparece com frequência, combinando sua função estrutural com a função de proteção contra incêndio e corrosão.

Processo de montagem do reticulado de aço de um edifício

Vantagens

 Devido ao módulo de elasticidade do aço, a estrutura metálica pode ser projetada com seções mais esbeltas,
melhorando o uso do espaço na edificação e reduzindo a carga sobre fundações, podendo gerar economia na
construção.
 Os perfis metálicos são produzidos em indústria, o que garante maior controle, confiabilidade e padrão nas
propriedades de cada seção. Isso se reflete em dimensionamentos com menor majoração devido à incerteza da
estrutura, se compararmos às peças em concreto armado.
 O padrão de acabamento é mais uniforme, permitindo inclusive aplicações comerciais com estrutura aparente,
sem prejuízo na estética. Como exemplo, pode-se citar treliças de telhados em lojas, estacionamentos,
supermercados, etc.
 Canteiro de obras mais enxuto, com menor movimentação de materiais e construção mais limpa.
 Há impacto ambiental na produção de perfis metálicos, como qualquer indústria. Entretanto, peças metálicas
em aço possuem cadeia consolidada de reciclagem.
 Em relação às estruturas em concreto armado (incluindo algumas pré-fabricadas), permitem maiores vãos
livres, o que dá maior liberdade de uso do espaço.

Desvantagens

 Por possuir seções mais esbeltas, deve-se ter maior preocupação com a flambagem de peças comprimidas.
 Maior vulnerabilidade em episódios de ventos fortes. Não é difícil observar estruturas metálicas contorcidas
após estes eventos climáticos.
 O comportamento ao fogo exige maiores cuidados, em função da dilatação térmica e perda da capacidade
resistente. Em condições normais, seções de concreto armado estão mais protegidas, inclusive pelo fato de o
cobrimento não ser inflamável. O PPCI (Plano de prevenção e proteção contra incêndios) deve contemplar a
condição de estrutura metálica, bem como o projeto arquitetônico pode prever a proteção de vigas e pilares
metálicos por meio de materiais incombustível, pintura intumescente, etc.
 Não há a cultura em nosso país de construir edifícios residenciais multifamiliares ou algumas formas de prédios
comerciais utilizando estruturas metálicas. Isso pode gerar preconceito pelos usuários na adoção desse tipo de
solução.
 O ruído gerado ou as vibrações, como em mezaninos, pode ser incômodo ao usuário de edificações.
 Vulnerabilidade à corrosão, principalmente sem a manutenção de sistemas protetivos, tais como pinturas.
 Por requerer mão de obra treinada e especializada, é comum falhas executivas na concepção estrutural de
elementos, podendo ocorrer danos à edificação.
Considerações finais

O uso de estruturas de aço, em especial quando associadas a elementos de concreto formando arranjos híbridos e
mistos, é uma alternativa para a execução de edifícios de múltiplos pavimentos que vêm ganhando espaço no país nos
últimos anos.

Atualmente, o mercado brasileiro não apresenta entraves em termos de viabilidade técnica à adoção desse partido
estrutural – o país apresenta uma cadeia produtiva organizada, arcabouço normativo bem estabelecido, soluções
tecnológicas e procedimentos construtivos que permitem a execução de edifícios com bons índices de produtividade.
Deve-se, portanto, cada vez mais considerar a possibilidade da adoção desse partido estrutural em projetos de edifícios,
estudando caso a caso a viabilidade econômico-financeira de tal solução.

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