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86 Diana Farjalla Correia Lima Musealizacao/Patrimonializacio no espaco eletronico Museu Virtual: integragio dos aspectos material/tangivel ¢ imateriaV/intangivel Musealization/Patrimonialization on electronic site Virtual Museum: integration of tangible and intangible aspects Diana Farjalla Correia Lima’ Resumo Pesquisa dos termos ¢ conceitos da Museologia, Linguagem de Especialidade, investigando e analisando no ciberespago a representagio “museus autodenominados virtuais”, conforme titulagio dada pela investigagao. Realizada entre 2007-2009, atualizada em 2017 quando, entio, foi confirmada a existéncia de trés modelos antes elaborados ¢ segundo os resultados alcangados faz cerca de 10 anos, Configurados em Categorias técnico-conceituais apresentam perfil conforme as seguintes denominagdes e caracteristicas: Categorias A, B, eC, respectivamente: Museu Virtual Original Digital, representado por Museu e Colegio sem correspondentes no mundo real (sem edificagaio € sem colegao no modo tradicional de objetos de museu); -- Museu Virtual Conversio Digital, o Museu e a Colegio tém correspondentes no mundo real (existem 0 edificio e 08 objetos de colecao, bens materiais); -- Museu Virtual Composi¢ao Mista, é 0 Museu sem correspondente no mundo real, mas no ciberespago tem reunida uma Colegdo de imagens digitais de objetos da vida real. Em 2017, o elenco de museus representativos da materialidade ¢ da imaterialidade aumentou em cerca de 20%, indicando que os modelos determinados pela pesquisa vieram para permanecer no ciberespago ¢ em cariter de acesso global. Também por estar em franco desenvolvimento permitiu constatar que no campo da Museologia ha aceite e reconhecimento para os trés novos formatos gerados pelas TICs. Palavras-chave: Muscologia. Musealizagao/Patrimonializagio. Museu autodenominado virtual. Linguagem de Especialidade. Patriménio cultural material/imaterial. Abstract The research is about the terms and concepts of Museology. Specialty Language, by the terms of investigation and analysis of the representation of virtual museums on the cyberspace, based on the titularization given by the investigation. Carried out between the years of 2007 and 2009, revised in 2017, when it was confirmed the existence of three types previously elaborated according to the results achieved 10 years before. Technical concepts were set up into categories. They present a profile according to denomination and features such as: categories A, B and C as well: Virtual Original Digital Museum, representing by museum and ‘Muse6loga (MEN). Doutora em Cigneia da Informagio (IBICT/UFR3). Professora do curso de graduagio em. Museologia (UNIRIO) e do Programa de Pés-Graduagao em Museologia e Patrimonio (UNIRIO/MAST). E- ‘mail: diana@mls.com.br Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 87 Diana Farjalla Correia Lima collection without corresponding to real world (without a building or collection in the traditional form as objects of museum); Virtual Digital Conversion Museum, the museum and the collection have real world correspondent (there is a building, the objects of the collections, good stuffs); Virtual Museum of Mixed Composition, it is the museum without correspondent in the real world, but which has a collection of digital images of real objects in the cyber space. In 2017, a group of museums which represented materiality and immateriality has increased 20%, indicating that the types determinated by the research are going to remain on the cyber space in the terms of global access. These three new formats generated by the ITCs are under development, accepted and recognized by Museology field. Keywords: Museology. Musealizatiow’Patrimonialization, Virtual museum. Specialty language. Tangible/Intangible cultural heritage. 1. Tema da Pesquisa No segundo semestre de 2017, durante desenvolvimento da pesquisa atual apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolégico, CNPa, versando sobre Patriménio Cultural Imaterial/Intangivel com o titulo “Patrimonializagaio ¢ Musealizagao- Bem Cultural Imaterial: da sombra ao valor nacional e mundial”, tratando da “interdependéncia que existe entre 0 patriménio cultural material e o patriménio material cultural ¢ natural”, conforme afirmativa da United Nations Educational, Scientific, and Cultural Organization, UNESCO, Organizagio das Nagdes Unidas para a Educagio, a Ciéneia ¢ a Cultura, no documento intemacional Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage, Convengio para a Salvaguarda do Patrim6nio Cultural Imaterial 2003, (UNESCO, p.1), que estabeleceu a categoria Patriménio Cultural Intangivel/Imaterial, veio 4 nossa mente a conexdo com outa investigacao que haviamos realizado, concluida no fim 2009, também no contexto da Musealizagao/Patrimonializagio ¢ focalizando terminologia, melhor dizendo, a Linguagem de Especialidade, ou Linguagem profissional do campo museolégico. A Musealizagio/Patrimonializagio -- assunto que vimos investigando e inclusive nomeia nosso Grupo de Pesquisa, CNPq, “Campo da Museologia, perspectivas teéricas priticas, musealizagao e patrimonializagao” (dgp.capq.br/dgp/espelhogrupo/12315851568368 19) ~ € processo especifico do campo do conhecimento da Museologia. Trata-se de forma cultural que se caracteriza como “um predicado diferencial (distinto)” (LIMA, 2013-2015, 1.385), um atributo de valor, uma significagdo propria do dominio e que o distingue dos demais, Representa um “juizo” ¢ uma “atitude” do campo. Refletem nos seus contetidos “critérios e procedimentos especializados” (p.388) envolvendo sentidos de valores, Memiéria e Informagii, v. 3, n. 2, p. 86-105, jul./dez. 2019 88 Diana Farjalla Correia Lima ponderagdes que estabelecem “posturas conceituais e priticas” (p.382) e constroem a imagem de competéncia profissional socialmente legitimada, Na ocasifio a que nos reportamos, entre 2007 ¢ 2009, tratiramos de investigar no campo da Museologia o que se discutia entender como Museu Virtual. E no final de 2017, em paralelo ao nosso estudo atual, pelo motivo que dissemos, decidimos rever 0 ambiente da nossa antiga pesquisa. Verificamos o que poderia ter ocorrido ao longo do tempo. O resultado encontrado apenas indicou uma mudanga e exclusivamente ligada ao quadro quantitative. Houve um aumento de cerea de 20% no niimero total de “museus autodenominados virtuais”, conforme a pesquisa estabeleceu titular. Isto ocorreu em virtude do aparecimento de novas instituigdes no panorama, Quanto ao aspecto qualitativo, caracteristiea metodolégica que presidiu a pesquisa, referente as tipologias e definigdes que criamos identificando, caracterizando tais museus, os resultados permaneceram iguais aos obtidos antes, ¢ neste artigo © assunto esta exemplificado no tOpico 4. Resultados da Pesquisa. O fato permite afirmar que o cendrio determinado pela nossa investigacao, em 2009, conseguiu representar adequadamente uma situagao existente. Distinguiu um modelo que havia no campo da ‘Museologia que se aplica na sua pritica para a designacdo Museu Virtual Mas, vamos relatar como se deu a pesquisa com abordagem voltada ao formato que tinulamos Museus Autodenominados Virtuais. Institucionalizada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO, espago de nossa atividade docente, a investigagio associou em contexto informacional comunicacional principalmente os campos da Museologia e da Ciéncia da Informagao no Ambito dos novos aspectos descortinados para os Museus pelas Tecnologias de Informagio e Comunicacao, TICs, na rede mundial de computadores. A abordagem destacou a Linguagem de Especialidade, portanto, tratou da linguagem profissional da Museologia, uma construgio dotada de expressdes especificas de um campo do conhecimento que de modo dinimico inelui ressignificagdes. Ilustra os problemas, as questdes, as teorias, os paradigmas e atividades do dominio. E ainda compreende expressar “a produgao cientifica [..]. Prové a linguagem documentéria para temas do campo. Essencial no processo infocomunicacional intemo/externo [...]. Constitui Patriménio do campo museolégico”. (LIMA, 2008, p.183) A. pesquisa voltada a nommalizago terminolégica buscou a harmonia na intercomunicacao dos agentes, pois havia dubiedade com relago aos termos e conceitos: ora ‘o1uso de diferentes termos para um mesmo conceito, ora mais de um conceito para um mesmo Memiéria e Informagii, v. 3, n. 2, p. 86-105, jul./dez. 2019 89 Diana Farjalla Correia Lima termo. Por conseguinte, desenvolvemos subprojetos, 0 mesmo que planos de trabalho, destinando um para cada bolsista de Iniciagao Cientifiea UNIRIO (IC). Eo subprojeto “Termos e Conceitos da Museologia: Terminologia e Significagdes/Nogoes Utilizadas em Diferentes Contextos de Feigio Museologica (Museus Virtuais) teve a participacao de Pedro de Barros Mendes na condi¢ao de aluno IC. Naquele momento, a literatura era eseassa e as interpretagSes soavam dissonantes sobre os conceitos e agdes dos Museus situados no ambiente internet, ji que nio encontrivamos pesquisas que tratassem 0 assunto sob o dngulo de anilise de um modelo que estava sendo apresentado no campo, do seu reconhecimento e, portanto, da sua aceitagao como tal. Embora o assunto ‘museus virtuais’ fosse objeto de olhares desde a metade dos anos de 1990, ainda em 2007 quando iniciamos a investigacdo, efetivamente, havia dificuldades para o que se deveria entender segundo a perspectiva tedrica e pritica como um Museu Virtual. A situagao ilustrava a condicao exposta por estudiosos do tema, E citamos como exemplo 0 professor Wemer Schweibenz que atuava no Departamento de Ciéneia da Informago, Universidade de Saarland, Alemanha, que em 2004 (p.3) apontava © museu * @ hd “cerca de dez anos”. virtual, localizado na internet, em processo de “sob construc: Inclusive comentando que se tratava de um “tempo curto” com relagio ao periodo longo e tradicional da existéncia dos museus de “tijolo e argamassa”. Coneluiu sua afirmativa ressalvando que o “Museu Virtual” carecia de “uma definigdo [...] amplamente aceita e até ‘mesmo um termo reconhecido para designé-lo”, considerando que 0 quadro de indefiniga0 no qual eram aplicadas designagdes variadas para um mesmo formato, diversidade terminoldgica, estava ligado ao miiltiplo “conhecimento dos profissionais e pesquisadores que trabalham neste campo". A postura também condizia com o pensamento exposto 4 época por outras fontes em cuja discussées havia 0 Museu que conhecemos tradicionalmente dotado de colegies de objetos, situado em um espago fisico e edificado, logo, identificado a um territério do chamado mundo real ¢ com acesso para visitag3o presencial a bens culturais exibidos no plano da representago material/tangivel, ? Wemer Schweibenz: “Virtual museums on the Intemet have been “under construction” for some ten years now. This is a short time compared to the long tradition of “brick and mortar” museums, Hence the virtual museum still lacks a generally accepted definition [..] and even an established term to designate it [...] depending on the backgrounds of the practitioners and researchers working in this field Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 90 Diana Farjalla Correia Lima E um outro tipo de Museu que em oposic2o afirmavam existir somente em um site, uma ambientagdo eletrénica sediada no ciberespago (cyberspace), mundo virtual, imaterial, deste modo, sem correspondente para ocupar um espago territorial no mundo fisico e da mesma maneira uma colegdo tangivel, apresentando-se como “desterritorializado” (LEVY, 1996). A afirmativa confirma a seguinte interpretacio dada: “Destertitorializado, existe apenas em processo, na meméria do computador ou nos aparatos da realidade virtual” (SCHEINER, 1998, Anexo I, n/p). No primeiro exemplo, incluiam-se os mnseus do mundo real replicados no espago cibernético, na rede (nef), com seus sites oferecendo uma segunda modalidade de acessé-los, ‘ou seja, pela internet. Outro exemplo, 0 dos museus desterritorializados, leva a pensar em determinados -museus e seus assuntos de enfoque, entre os quais vale lembrar o aparecimento dos museus de ‘webart que se fizeram apresentar desde a primeira hora, sendo possivel aventar que isto possa advir de a caracteristica desta linguagem artistica permitir a criacdo no computador. Assim, prescinde de suportes e instrumentos tradicionais. Pode explorar para a arte os recursos oferecidos pelas novas teenologias. Um outro ponto observado relativo as dificuldades para definigio da tipologia dizia respeito, também, a imimeras designagdes para nomear 0 Museu considerado virtual e com variagdes nos conteiidos explicativos, embora tratassem do mesmo objeto de abordagem, Assim, encontramos ao longo da pesquisa diversidade terminolégica como, por exemplo, as seguintes nomeagdes dadas: Cibermuseu, 0 museu no ciberespago; Webmuseu, 0 museu na XZ, 2004, web; “museu on-line, museu elettdnico, hipermuseu, museu digital” (SCHWEIBE p.3)’, todas tratando do museu virtual. E a partir do quadro de indefinigdes acerca da interpretagio da tipologia, da nomenclatura aplicada, em sintese, coube-nos indagar: 0 que é um Museu Virtual? EntZo, tragamos o desenho para a pesquisa levar-nos 4 uma representagio dada aos museus virtuais no campo da Museologia a fim de, assim, poder interpreti-lo e defini-lo de modo adequado. 2. Bases Conceituais da Pesquisa A. pesquisa alicergou seu fundamento tedrico nos conhecimentos da Museologia; Ciéneia da Informacio; Linguistica; Cigacia da Computagio; Filosofia; Sociologia entre 3 Wemer Schweiben2: “on-line museum, electronic museum, hypermuseum, digital museum”. Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 a1 Diana Farjalla Correia Lima ‘outros. E nos seus autores, por exemplo: André Desvallées; Carlos Almeida Santos; Diana Farjalla Correia Lima; Enilde Faulstich; Manoel Soares Sarmento; Nicholas Negroponte; ‘Maria Tereza Cabré; Pierre Lévy; Tereza Scheiner; Werner Schweibenz; William Gibson, Tomamos também por base entidades ligadas ao tema e destacamos: Canadian Heritage Information Network, CHIN, Rede de Informagao do Patriménio Canadense; Conseil de l'Europe, Conselho da Europa; International Committee for Documentation, CIDOC, Comité Intemacional para Documentagio (do ICOM); International Council of Museums, ICOM, Conselho Internacional de Museus; International Council on Monuments and Sites, ICOMOS, Conselho Internacional de Monumentos e Sitios; Instituto do Pattiménio Historico e Artistico Nacional, IPHAN*; Museum Documentation Association, MDA, Associagao de Documentagdo em Museus (Estados Unidos da América); Organizagio dos Estados Americanos, OEA; UNESCO. © conjunto compée no censrio investigado o grupo de organizagdes consideradas no contexto museolégico-patrimonial como érgaos competentes com corpos de especialistas, que socialmente legitimados elaboram diretrizes e desenvolvem priticas de referéncia para aplicagiio em planos nacional ¢ internacional. Estio representados na pesquisa, sobretudo, nos seus “Documentos patrimoniais” produzidos que so compostos por: Textos normativos: Convengdes, Recomendagdes, Declaracdes, Cartas, Compromissos, Normas e similares representando a producao intemacional e/on nacional que, em especial, destaca 0 conjunto relative as hormas/procedimentos para tratamento do tema patriménio, [Museu = Patriménio Musealizado] quer seja indicando a interpretagao conceitual como 0 exercicio pritico (LIMA, 2006, p. 5, @ 2010, p.5)’, Em se tratando da interpretagdo para os museus acatamos para a aplicagio no tipo a ser estudado a definigo dada pelas instituigdes legitimadoras que os apontam como: “instituigdes permanentes, sem fins lucrativos”, que servem 4 “sociedade” e ao “seu desenvolvimento”, estio “abertas ao ptiblico”, e “adquirem, preservam, pesquisam, comunicam ¢ expdem, para fins de estudo, educaco e lazer, os testemunhos materiais ¢ imateriais dos povos seus ambientes”, de acordo com o Estatuto do ICOM (ICOM BR, 2009, p.44). A configuragiio torna os Museus “responsaveis pelo patrimOnio natural e cultural, *0 Instituto Brasileito de Museus, IBRAM, foi criado em 2009, quando, entdo, ocupou a posig2o do IPHAN no papel politico-administrativo de entidade responsivel pelas questdes ligadas aos museus no Brasil. Por este motivo nio figura na pesquisa que terminou ex 2009, °° A definigio para Documentos Patrimoniais foi elaborada no ano de 2005 em outra pesquisa que desenvolvemos, finalizada em 2006, por isso, constot do relatdrio final neste ano. Em 2010 foi disseminada em ‘um artigo publicado nos Anais ENANCIB, Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 Diana Farjalla Correia Lima material e imaterial”, segundo o ICOM no seu Cédigo de Etica para Museus, item Principio (ICOM BR, 2009, p.15). Em razio de estamos tratando do Museu, instituigio que pelo processo de ‘Musealizagdo aleanga o efeito da Patrimonializagao, cuja expresso patriménio musealizado ilustra a condigao obtida, e por estar localizado na rede internacional de computadores, contexto digital, agregamos ao estudo a nogdo de Patriménio Digital que, de acordo com a Carta para Preservagao do Patriménio Digital, Charter on the Preservation of Digital Heritage, 2003, UNESCO: [..] consiste em recursos tnicos do conhecimento ou expresso humana. Envolve recursos cultural, educacional, cientifico e administrativo, bem como a informacdo técnica, legal, médica e outros tipos de informagio, criados digitalmente. ou convertidos de sua forma analégica original a forma digital, Quando os recursos so “criados em modo digital”, no existe outro formato além do objeto digital (grifo do autor, aspas; grifo nosso, sublinhado, tradugao nossa)®, © mesmo documento arrola o elenco do material digital: “textos, bases de dados, imagens estiticas e com movimento, dudios, grificos, software e paginas web, entre ampla e crescente gama de formatos” A pesquisa lastreada pela Convengao citada compreenden no contexto do produto digital as duas versdes que apresenta: na primeira forma sio as produgdes_criadas digitalmente, ou seja, 0 produto é o original e deriva do processo de “criagdo” da tecnologia digital. Na segunda, os produtos que sto convertidos ou reproduzides digitalmente, isto é, so resultados ‘copiados’ pelo recurso digital. Ainda, inclnimos na investigagio outros indicadores conceituais relacionados ao formato virtual para determinar sua especificidade. Entre os quais 0 local eletrOnico no qual est situado o museu virtual, 0 ciberespago que, segundo Pierre Lévy (1999, p.92), é um “espago de comunicacio aberto pela intereonexio mundial dos computadores e da meméria dos computadores”. Eselarece que “especifiea nfo apenas a infra-estrutura material da communicagio digital, mas também o © UNESCO: “consists of unique resources of human knowledge and expression. It embraces cultural, ‘educational, scientific and administrative resources, as well as technical, legal, medical and other kinds of ‘information created digitally, or converted into digital form from existing analogue resources. Where resources are “born digital”, there is no other format but the digital object, Digital materials include texts, databases, still and moving images, audio, graphics, software and web pages, among a wide and growing range of formats. They are frequently ephemeral, and require purposeful production, maintenance and management to be retained, Many of these resources have lasting value and significance, and therefore constitute a heritage that should be protected and preserved for current and furure generations. This ever-growing heritage may exist in any language, in any part of the world, and in any area of human knowledge or expression” (grifo do autor), Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 Diana Farjalla Correia Lima universo oceinico de informagio que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam € alimentam esse univers eletrénicos [...] que trausmitem informacio proveniente de fontes digitais ou destinadas & digitalizacao” (p.92). Nosso grifo chama atengao para as duas formas de eriagao e reprodugao (p.17). E comporta “conjunto dos sistemas de comunicagao no contexto digital que comentamos ha pouco. Ontra definigéo integrada e trabalhada pela nossa pesquisa representa na rede internacional de computadores 0 acesso ao conjuntos de colegdes, produtos e servigos do formato virtual de um museu. Estamos falando de world wide web, 0 mesmo que www ou W3, que integra “colegio de textos, documentos e arquivos multimidia distribuidos globalmente e outros servigos ligados em rede, de modo a criar imensa biblioteca eletrdnica a partir da qual informagdes podem ser recuperadas rapidamente...” A web também diz respeito “a aplicagio da tecnologia hipertexto ¢ uma interface gréfica com Internet para recuperar informagio contida em documentos especialmente formatados que podem residir no mesmo computador ou serem distribuidos entre varios computadores ao redor do mundo” (COLUMBIA, 2004)’, E as paginas web que permitem “ligagdes com outros documentos na rede” (INTERNAUTIS) constituem 0s documentos hipermidia que combinam hipertexto e multimidia expostos no site, que & espago no qual podem ser acessados pelo seu enderego (htip:/www) 0 Museu e seus contetidos. E, para distin¢lo no quadro da pesquisa, designamos © objeto de nossa investigagzio 0 Museu apresentado segundo a autodenominagio Virtual, compreendendo que esta indicagao consigna um elemento tipoldgico, e no qual haveriamos que cousiderar os fundamentos tedricos e a pritica exigidos pelo campo. Determinamos, entao, o universo a pesquisar: os museus autodenominados virtuais 3. Objetivos e Metodologia Tragados para a Pesquisa © objetivo geral foi concebido buscando identificar e analisar no campo da Museologia o entendimento atribuido conceitual e operacionalmente ao Museu Virtual em um quadro de autodenominagio apresentado pela instituigao, a vocalizago do campo, visando * Columbia Eletronic Encyclopedia: “collection of globally distributed text and multimedia documents and files ‘and other network services linked in such a way as to create an immense electronic library from which information can be retrieved quickly by intuitive searches, The Web represents the application of hypertext technology and a graphical interface to the Internet to retrieve information that is contained in specially ‘formatted documents that may reside in the same computer or be distributed across many computers around the world” Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 94. Diana Farjalla Correia Lima por meio da harmonizagdo de vocibulos e interpretagdes — normalizagdo terminolégica — construir e determinar um modelo representativo do termo e conceito do formato em questio. Em se tratando dos objetivos especificos tratamos de identificar e analisar: a) Site de museu autodenominado virtual no ciberespago; b) Significagdes dadas ao Museu em questo na produgio bibliogréfica da Museologia, de outros campos relacionados ¢ de entidades que tratam do tema; ©) Fontes de terminologia para subsidios Linguagem Documentiria pela ligacio da oferta de fontes As necessidades informacionais da demanda interna e externa nos Museus. Sob a perspectiva da metodologia a investigagio se formalizou como um estudo de caso. O feitio em que se alicerga & a natureza qualitativa, embora tenha aplicado dados ‘quantitativos para avaliagao numérica da presenga dos Museus na rede. A base bibliografico- documental foi expressivamente apresentada em suporte eletronico, embora havendo presenga reduzida de material impresso (livros). A coleta de dados foi realizada principalmente em fontes primirias, sendo também considerado neste conjunto o elenco de site de museus. Os idiomas das fontes em ordem de quantidade foram: inglés, francés, espanhol ¢ portugués. Fontes a destacar: documentos patrimoniais, vocabulirios controlados (tesauros, listas de termos), dicionérios técnicos, artigos cientificos A. pesquisa estabeleceu critérios para determinar a modalidade de Museu a ser investigado. Na primeira posi¢ao e que traga a linha a ser seguida para a avaliaglo esto dois indicadores 1) A definigo de Museu, conforme o Estatuto do Conselho Internacional de Museus, ICOM, que apresentamos (tépico 2. Bases conceituais da pesquisa): 2) E em cada site de Museu a condigao essencial, isto é, 0 termo padrio para qualificagio: a autodenominago Virtual. Sendo que o carter virtual podia aparecer em duas circunstaneias que, deste modo, poderia representé-lo como tal: 2A) Virtual associado ao nome do Museu, isto é, o seu Titulo; 2B) Virtual nomeado em qualquer parte do site. 3) 0 terceiro indicador/eritério esté relacionado ao que podemos chamar de identidade. ‘No caso em pauta tomamos como parimetro o endereco remoto com 0 recurso a internet que leva a porta de entrada para o site, E consideramos a localizacao geogrifica, representagao por meio de letras dos paises, Brasil ¢ exterior. Memiéria e Informagii, v. 3, n. 2, p. 86-105, jul./dez. 2019 Diana Farjalla Correia Lima Também incluimos um meio de contato direto para atendimento e troca de correspondéncia entre a instituigéo ¢ o usuario do site’. Verificamos os enderegos. Ainda, houve contato com os museus quando se fez necessitio. 3A) Localizador de Recursos Universal, Universal Resource Identifier, URL. Nosso pais identificado pelas letras “br” é um exemplo. O recurso serviu para que confirmassemos onde estava situado o museu; 3B) Endereco postal eletrénico, e-mail, do museu, Nomeado e acessado em ‘Contato’, E, finalmente, tendo 0 concurso dos fundamentos tedricos ¢ dos critérios a pesquisa sobre os museus autodenominados virtuais foi sendo consolidada. 4. Resultados da Pesquisa A partir do que relatamos ¢ ao longo do desenvolvimento do processo de coleta, anilise, interpretagdo dos museus autodenominados virtuais apresentados e investigados no espago internet, os dados apontaram trés condigdes vigentes para estabelecer um contexto técnico-conceitual no campo museoligico. Surgiu, por conseguinte, em raziio da pesquisa outra situagdo além das duas que estavam sendo debatidas em postura de oposigdo, conforme exposto nos t6picos anteriores, ¢ ne nos levaram a explicitar 0 cenério que se mostrou. E encaminharam para a construgio de trés conjuntos tipolégicos que nomeamos de Grupos Interpretativos (LIMA, 2009, p.2460-2462) em razdo da identificagdo das diferencas de forma e de contetido observados na sua constituigio e pritica. © primeiro conjunto, Museu Virtual: Grupo Interpretative 1, n0 qual 0 Museu e Colecdo existem em contexto museolégico somente no meio virtual, deste modo, ndo ha correspondentes no meio fisico, material (mundo real). Pois o Museu embora atue segundo a definigdo dada a instituigao, no entanto nao se ajusta ao aspecto de uma edificagdo material e que se visita com circuito expositivo de objetos e, da mesma maneira, 0 conjunto oral coletado (colegio) nio tem representagiio como objeto musealizado segundo a feigio da materialidade, Sua existéncia ocorre e é privativa do ciberespago, o site, e a caracteristica & 0 acesso unicamente pela rede internacional de computadores. Representa 0 cariter desterritorializado, sua feigdo ¢ da imaterialidade (intangivel). ‘o periodo em que foi zealizada a pesquisa, entre anos 2007-2009, a comunicagao por redes socials entre ‘usuétios da internet © museus ndo tinha a expresso que alcangou nos dias atuais. O meio usado para 0 atendimento, troca de correspondéncia entre a instituigao ¢ 0 usuario, era feiro pela indicagto “contato”, E boje ‘em dia ainda permanece o uso via e-mail, Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 96 Diana Farjalla Correia Lima Segundo conjunto, Museu Virtual: Grupo Interpretativo 2, em que Museu e Colegio so construgGes oriundas do mundo fisico, Existem assim ocupam tanto um territério “real’, material, quanto também esto representados no espago web (site), intangivel, deste modo, correspondéncia entre ambos. Apresentam-se na concepgdio da sua constituigao primeira efetivamente segundo a face da materialidade do patrimSnio musealizado (tangivel), enquanto no ciberespago séo produtos copiados (réplicas).. © tereeiro conjunto, Museu Virtual: Grupo Interpretativo 3, situagio na qual embora nao haja correspondéncia do Museu no mundo fisico, porém, a Colegio material convertida digitalmente decorre de correspondéneia no mundo real, Trata-se do Museu criado pelo processo digital e que s6 existe no ciberespago, mas a Coleco exibida pelo Museu Virtual resulta da coleta e do arranjo organizado integrando (replicando) objetos, imagens, textos que procedem da vida real © tratam do seu tema. Expressa a associagdo da imaterialidade (intangivel) e materialidade (tangivel). Os conjuntos sao representacées cuja configuracdo expressa atributos que referenciam © significado emprestado ao termo virtual nos Museus. Sinalizaram para estabelecer duas linhas que permitem caracterizé-los, 0 mesmo ocorrendo com suas colegdes. A primeira trata das criagdes de origem digital (imaterial/intangivel), ou seja, sem correspondéneia no mundo fisico; a segunda esta relacionada aos produtos de digitalizados que so cépias resultantes de elementos existentes no mundo real, isto &, correspondem ao mundo fisico (material/tangivel). De posse dos elementos analisados que registram ocorréncias segundo perspectiva de um formato autonomeado, aplicado e existente no campo da Museologia, 0 que Ihe expoe a0 reconhecimento, tornou-se possivel complementar a explicitagiio do panorama, ¢ levou-nos relacionando os Grupos Interpretativos a “construir trés modalidades diferenciadas de Museus Virtuais elaborando, em razao disto, trés categorias conceituais calcadas nas diferentes formas de composigiio dos atributos que os museus apresentam na sua constituigio modeladora” (LIMA, 2009, p.2463). Assim, as Categorias (A, B, C) estio correlacionadas aos Grupos que no nosso processo de reflexio Ihe antecederam, permitindo que fossem elaboradas para conformarem- se em trés modelos ilustrando os museus autodenominados virtuais, que identificamos e analisamos na rede E tomando por referéneia nosso artigo: “O que se pode designar como Museu Virtual segundo os museus que assim se apresentam”, que no evento Décimo Encontro Nacional de Pesquisa em Ciéncia da informacao, ENANCIB, 2009, integrou 0 elenco das comunicagdes Memiéria e Informagii, v. 3, n. 2, p. 86-105, jul./dez. 2019 7 Diana Farjalla Correia Lima orais do GT 9 - Museu, Patriménio e Informagio, e foi disseminado nos Anais, transerevemos © que a investigagao aleangou, determinou conceituar e nomear como formatos virtuais encontrados no ciberespago e segundo a autodenominagao: [As Categorias A, B, ¢ C receberam designagdes que refletem 0 formato de elaboracao, de apresentaco dos museus. Por conseguinte: - Categoria A - referente ao Museu e a Coleedo sem correspondentes no mundo fisico foi nomeada Musew Virtual Original Digital; -- Categoria B - indicando o Museu e a Colecdo com correspondentes no mundo fisico, foi denominada Museu Virtual Converséo Digital; -- Categoria C — representando 0 Museu sem correspondente no mundo fisico © a Coleg convertida digitalmente, foi designada Museu Virtual Composi¢ao Mista (LIMA, 2009, p.2463, grifo do autor). Vetificamos que a situagao aleangada pelos resultados obtidos, por conseguinte, diz respeito a condigio em um quadro diverso daquele que era afirmado de acordo com a literatura, discussio do assunto nos anos 90, e tratava o museu virtual abordando-o limitado exclusivamente em dois polos, ou interpretagdes. ‘Temos assim uma representaco — diagrama A-- que ilustra o entendimento dado antes da pesquisa, ¢ outra ~ diagrama D~ exibindo outra situagao verifieada pela pesquisa e com entendimento diferente com relagdo a Museus que se apresentam autodenominados virtuais, refletindo com trés Categorias A. B, ¢ C o que existe no ciberespago, Antes da pesquisa — diagrama A: Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 98 Diana Farjalla Correia Lima MUSEU VIRTUAL _ diagrama A - Antesda pesquisa S6 duas situagdes apontadas = Museu + Colegio $6 existe no ciberespaco (cesteritoraizade) museu na web versus = 2 Museu Virtual: Museu + Colegio cn 0 nto, =] Depois da pesquisa — diagrama D: MUSEU VIRTUAL _— diagrama D- Depoisda Pesquisa Resultados Agora trés formatos = —_trés Categorias Conceituais =o Museu Virtual ~ Categorias smuseu na web 1 CRON, come museu sletrinico seen museu dig 2 CONVERSAO DIGITAL rmuseu on-line 3 COMPOSICAO MSTA Os trés formatos digitais, o mesmo que Categorias, em 2009 como 2017 permanecem iguais. Lembramos este ponto porque, no inicio do texto atual (tépico 1. Tema da Pesquisa), Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 99 Diana Farjalla Correia Lima comentamos que no final do ano de 2017, embora desenvolvendo outra pesquisa, haviamos retornado ao assunto Museu Virtual, e neste proceso de (re)leitura encontramos uma mudanga, mas eselarecemos que foi somente de teor quantitative. No final da pesquisa, 2009, © total de museus autodenominados vistuais que trabalhamos havia alcangado 0 nimero de “setenta e nove (79) [...], sendo quarenta ¢ um (41) brasileiros ¢ trinta © oito (38) de outros paises — os enderegos eletronicos permitiram a identificagdo deste quesito” (LIMA, 2009, p.2463). Em 2017, houve um aumento de cerca de 20% nos dois segmentos, Brasil e exterior, o que pemmite aferir que ha interesse na apresentagao sob o formato virtual seja pela criagao digital ou pela transformagao feita pelo processo digital de algo existente no mundo dito real. E cabe comentar que no desenrolar da investigago (2007-2009) encontramos um niimero maior de museus (sites), contudo nao foram considerados pois nao atendiam aos indicadores e conceitos estabelecidos pela metodologia delineada, Como exemplo do que ‘ocorreu, entio, citamos algumas situagSes encontradas de ‘museus’ com 0 titulo de “museu virtual’: 1) sites de comércio apresentando objetos organizados em colegio de diferentes classes; 2) reunitio de objetos de museus conhecidos (as imagens) figurando como colegio privada, que poderiamos nomear de “o meu museu’ (0 museu que 0 ‘autor’ gostaria de ter); 3) © fato de um museu estar em reformulagio sem prazo indieado para acessi-lo e poder confirmé-lo na selegdo naquele momento; 4) ou quando o museu que antes estava sediado na rede no mais aparecia e no havia qualquer explicagdo pela sua auséncia por longo tempo (desaparecimento...) Reiteramos a afirmativa de que nfo houve alteragio nos dados qualitativos. As trés Categorias A, B. e C, respectivamente: Museu Virtual Original Digital; Museu Virtual Conversao Digital; ¢ Museu Virtual Composigao Mista continuam as mesmas apés cerca de 10 anos (2007) quando comecamos a estudar 0 assunto, E para finalizar o tépico damos um exemplo de cada Categoria determinada pela pesquisa em lista de 2007- 2009. Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 100 Diana Farjalla Correia Lima Museu Virtual Original Digital -- Categoria A Museu e Colegio sem correspondentes no mundo dito real. Apresenta-se fora do entendimento para o que se reconhece como um museu tradicional, edificado com circuito museogrifico visitivel para exibigio de colegdes de bens materiais. Acervo de historias de vida (intangivel) e comunieaao por meio plataformas digitais. © acesso a todo seu conjunto informacioual é pela internet. (imaterialidade/intangibilidade). EXEMPLO: Museu da Pessoa --- criado em 1991 http://www museudapessoa.net/pthome Nota: A indicagdo da autodenominacio Virtual esti exposta no sire. ‘Museu da Pessoa é um museu virtual e colaborativo” [...] (2009) ara além do acervo, o Museu da Pessoa, um dos primeiros museus virtuais do mundo” [...] (2017), Museu Virtual Conversio Digital --- Categoria B Museu e Colegio. com —correspondentes. © no mundo real (materialidade/tangibilidade), EXEMPLO: Museu do Calgado de Franca -- criado em 2001, Franca, Sao Paulo, Desde 2007 a instituigio esta sob a gestiio da Universidade de Franca, UNIFRAN, http://www museuvirtualdocalcado.com.br/incIntemas.php?page=institucional/ind ex.php&menu=institucional php Nota: A indicagdo da autodenominagio Virtual esta exposta no site e no enderego eletrénico acima mencionado. Memiéria e Informagii, v. 3, n. 2, p. 86-105, jul./dez. 2019 101 Diana Farjalla Correia Lima Museu_Virtual Composi¢fio Mista --- Categoria C Musen sem correspondente no mundo real (imaterialidadelintangibilidade) e Colegio (objetos—materialidade/tangibilidade) convertida —digitalmente EXEMPLO: ‘Museu Virtual Valentino Garavani --- criado em 2011 www.valentinogaravanimuseum.cony Nota: A autodenominagio Virtual esté presente no nome do Museu, 4. Consideracdes Finals A identificagio e andlise desenvolvidas no decorrer da pesquisa que abordou no eiberespago em contexto da Musealizagio/Patrimonializagao 0s museus autodenominados Museus Virtuais, permitiram a elaborago de trés modelos téenico-conceituais, elenco de Categorias das diferentes formas de apresentagao existentes. Tal situagdo estudada leva-nos a conelusio de que o uso desta designagio — virtual -- pelas instituigdes de cariter museolégieo, quando efetivamente enquadradas de acordo com a definigdo de Museu conforme o campo da Museologia, tratam de representagdes que assim se identificam, reconhecem as suas modalidades museolégicas especificas e usufiuem das possibilidades que os tempos de novas TICs oferecem. Apés uma dezena de anos dos resultados obtidos pela investigagio realizada no periodo 2007-2009 e ao constatar, em 2017, 0 surgimento de novos museus no quadro das trés Categorias A, B, e C: Museu Virtual Original Digital; Museu Virtual Conversto Digital; ¢ Museu Virtual Composigao Mista; cremos nao ser mais possivel afirmar, como constatamos na literatura que haviamos cousultado, que os museus virtuais existem so em um formato (exclusive no ciberespago) ou ainda somente duas formas (no ciberespago ou no mundo real replicado no ciberespaco) Tal postura de rigida oposigio indica desconhecimento da existéncia de um tereeiro modelo/Categoria C que foi identificado pela nossa pesquisa. Modalidade virtual que vem dizer de uma nova configuragio que assume posigdo de uma modelagem conjugando os dois modos de aplicagio do recurso digital encontrados na apresentagaio dos formatos Categorias A eB. Meméria e Informagiio, v. 3, n. 2, p. 86-108, jul./dez. 2019 102 Diana Farjalla Correia Lima As trés Categorias técnico-conceituais coexistentes no mesmo espaco tecnolégico, em veiculo de comunicagdo em rede © em escala global, faz-nos refletir que 0 perfil destes ‘Museus que unem materialidade/tangibilidade e imaterialidade/intangibilidade veio para permanecer e se multiplicar no meio de novas proposigdes da informagao e comunicagdo. E expressam pela permanéncia e crescimento numérico o pensamento do proprio dominio do conhecimento que os acata ¢ referenda nas suas trés versies. Referéncias CABRE, Maria Teresa, La terminologia: representacién y comunicacién. Barcelona: Institut Universitari de Lingitistica Aplicada: Universitat Pompeu Fabra, 1999. CHIN, Canadian heritage information network. Disponivel em: . Acesso em: 12 out. 2018 COLUMBIA Eletronie Encyclopedia - world wide web. Columbia Electronic Eneyelopedia. Disponivel em: , Acesso em: 12 out. 2018. CONSEIL DE L'EUROPE. 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