Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o
íntimo subliminar-se da alma pelo contacto com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o
apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a acção contínua de cada um sobre si
mesmo e sobre o mundo que construimos. O Criador começa e a criatura acaba a criação de si
própria. Quem quer, pois, que trabalhe, está em oração, e Constrói Obra.
O Grau de Companheiro, ensina-nos o Rito Escocês Antigo e Aceito, é o Grau dedicado à
exaltação do Trabalho. De pouca relevância o tipo de trabalho, ministra também lições nesse
sentido, o Ritual. Imprescindível, entretanto, nos dias tumultuados de nossa actualidade,
quando valores invertidos atropelam sem ressentimentos a Ética, que o trabalho seja prestado
com respaldo nos melhores princípios da dignidade, que o acto de trabalhar seja praticado
com a alegria do crescimento espiritual.
O Companheiro exalta o trabalho, impõe acção aos instrumentos colocados à sua disposição,
como o maço e o cinzel, a régua, o compasso e o esquadro, o prumo e o nível, a alavanca,
aprendendo a manejá-los com habilidade e dedicação, buscando a abundância.
Não encarar o trabalho como um castigo, é um sábio ensinamento e um grande e bom desafio.
o Grande Arquitecto teve a sabedoria de incutir em filósofos a essência magnífica do trabalho
e daí nasceram apologias e exaltações ao acto de trabalhar, desmistificou-se a supremacia do
conhecimento sobre a acção e descobriu-se que o homem, se podia pensar, conhecer, melhor
estaria se colocasse em prática os seus pensamentos e conhecimentos.
É pela acção do trabalho que obras magnificas acontecem. É pelo trabalho que a inércia
desaparece, o Universo se transforma e que tudo está em constante e permanente movimento.
O Maçon é um trabalhador por excelência. Por perfeita e justa razão, recebe ele o apelido de
Obreiro e o seu local de trabalho, Oficina. Junto dos Companheiros, essa qualidade de
trabalhador enaltece-se ainda mais, passando a ser a essência filosófica do Grau. Deixando de
usar apenas a força mais bruta, arduamente aplicada na aprendizagem do alto da Coluna do
Norte, e utlizando mais a inteligência, o Companheiro estará mais livre nos seus passos em
busca dos seus caminhos.
Nas etapas da sua jornada, trabalhando com afinco e sempre em conjunto com seus Irmãos, na
mais pura essência da fraternidade, certamente terá confrontos com dificuldades e obstáculos
para vencer os degraus da escada que o levará às portas da Câmara do Meio. Mas o empenho na
construção do Templo, com o uso adequado das ferramentas do Grau e a aplicação de princípios
teóricos e filosóficos que passará a dominar com mais propriedade, servirá para aprender e
compreender os sentidos dos emblemas, das alegorias e dos símbolos que a Maçonaria lhe
proporciona e para entender o que é realmente necessário para alcançar o Grau de Mestre.
O Grau de Companheiro possui uma característica bastante forte de participação, de acção e
criação em grupo, possibilitando o exercício da fraternidade com plenitude e ampliando a visão
espiritual sobre a vida material.
E se o trabalho é uma característica primordial da Maçonaria, mais ainda o é no Grau de
Companheiro, que a ele se dedica, como se dedica às ciências, à filosofia e às artes, ouvindo
sempre, falando quando necessário e trabalhando bem e muito, dentro dos melhores princípios
maçónicos.
Trabalhar, principalmente para o Companheiro, é dedicar-se à construção do seu Templo
Interior, num processo contínuo, no qual o sentido de “vencer as paixões e submeter as nossas
vontades” mais se acentua e se faz presente.
E seu templo social será erguido, sempre na vertical, como quem tem o pé no chão, e a cabeça,
o espírito, perto do Grande Arquitecto. E nessa obra, serão observados os ensinamentos da
Maçonaria, com o edifício amparado em pedras cúbicas cinzeladas para suportar uma sólida
estrutura; com cálculos feitos no projecto com o melhor uso da geometria e das demais ciências;
apoiados no melhor manuseio do compasso, do esquadro e da régua.
E assim é o trabalho maçónico, o trabalho exaltado no Grau de Companheiro. De tal sorte que,
se praticado com perseverança e entusiasmo, sepultará intolerâncias, ressentimentos, mágoas e
medos, bem como outros sentimentos que não são e não devem ser próprios das virtudes
perseguidas pelo Maçon e, em contraponto, ressaltará virtudes fortemente necessárias ao
aprimoramento da humanidade, papel fundamental do verdadeiro Maçon.
O vosso Companheiro
Jlcananao