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ü u a v j E i j ü i i 5 . y s . li
Redação
Caixa Postal, 320
20001-970 - Rio de Janeiro, RJ P í i Ü j í M V f s t M -SíT-TílS
Tels.: (21) 2544-0304 e 2524-0382
Telegráfico - BATISTAS
Eletrônico - editora@juerp.org.br
Site - www.juerp.org.br
Isafas, Profeta Maior
Direção Geral Denúncia contra um culto hipócri
Almir dos Santos Gonçalves Júnior
ta e dissociado da prática da justiça, is
Conselho Editorial to é, do socorro aos mais pobres; de
Carrie Lemos Gonçalves, Celso Aloísio Santos
Barbosa, Ebenézer S. Ferreira, Gilton M. Vieira, núncia contra autoridades e suas le
Ivone Boechat de Oliveira, João Reinaldo Purin,
Lael d’Almeida, Lídia de Oliveira Lopes, gislações que atendem seus próprios
Marcílio Oliveira Filho, Margarida Lenios Gonçalves, interesses e exploram os socialmente
Pedro Moura, Roberto A. Souza,
Silvino C.F. Netto e Tiago Nunes Lima mais humildes, em vez de promover
Coordenação Editorial justiça; profecia da vinda do Messias
Solange Cardoso A. d’Almeida e o estabelecimento de seu reino de
(R P/16897)
paz, alegria, justiça e humildade. Estes
Redação
Ciem ir Fernandes Silva são alguns dos temas do profeta Isaí-
Produção Editorial
as, radicalmente relevantes para o nos
Arte Sette Marketing e Editorial Ltda. so tempo, cujo livro será estudado no
Produção Gráfica próximo trimestre aqui no currículo da
Willy Assis Produção Gráfica
revista COMPROMISSO. Aprovei
Distribuição te esta oportunidade de conhecer e no
EBD1” Marketing e Consultoria Editorial Ltda.
Cx Postal 28.506 - Cep.: 21832-970 vamente estudar este maravilhoso li
Tels.: (21) 2104-0044
Fax: 0800.216768 vro, considerado uma espécie de evan
E-mail: distribuidora@ebd-1.com.br gelho do Antigo Testamento.
pedidos@ebd-1.com.br
O autor de tais estudos é o Pa
Nossa missão: “Viabilizar a cooperação tor Zaqueu Moreira de Oliveira, de
| >‘W4§^ j entre as igrejas batistas no cumprimento
dc sua missão como comunidade local”
Recife, PE.
DIVISÃO DE
SUMÁRIO CRESCIMENTO CRISTÃO
DCC 1 - Planejamento do trimestre .53
DCC 2 - 0 “Jesus” das religiões
não-cristãs..........................56
DCC 3 - 0 “Jesus” da cristandade ...59
DCC 4 - 0 “Jesus” das igrejas-espetá..
culo.................................. 62
DCC 5 - 0 Jesus das Escrituras
Sagradas........................... 65
DCC 6 - Igrejas: denominacionais
ou independentes?........... 68
DCC 7 - “Busca estratégica de
Deus” ............................... 71
DCC 8 - Espiritualidade para além
das palavras...................... 74
DCC 9 - Santidade é justiça............ 77
DCC 10 - Piedade e justiça social
ESCOLA h o je................................ 80
DCC 11 - Missões: Meu compro
BÍBLICA DOMINICAL
misso com Deus............. 83
Introdução aos estudos da EB D .......... 11 DCC 12-M issões: Compromisso
da igreja......................... 86
EBD 1 - Deus é único e eterno..........14 DCC 13 - Missões: Compromisso
com a sociedade............. 89
EBD 2 - Deus é criador..................... 17
EBD 3 - Deus é onipotente................ 20 2005
EBD 4 - Deus é onipresente e Missões em um mundo
onisciente.............................23 sem fronteiras
EBD 5 - Deus é santo.........................26 VARIEDADES
EBD 6 - Deus é amor..........................29 1. Espaço dos leitores - Cartas
e mensagens......................................4
EBD 7 - Deus é salvador....................32
2. Ênfase do ano - Evangelho para
EBD 8 - Deus é perdoador.................35 todas as pessoas, apesar clas
fronteiras............................................ 8
EBD 9 - Deus é galardoador...............38
3. Hino do trimestre - “Ouvindo
EBD 10 - Deus é paciente.................. 41 de Jesus” ..........................................10
4. Louvor e liturgia -Adoração e
EBD 11 - Deus é justo........................44 louvor por meio da música.............92
EBD 12 - Deus é consolador..............47 5. Ler, ouvir e compartilhar -
Metade do ano, metade da
EBD 13 - Deus é vida eterna..............50 década... e as leituras?................... 95
ESPAÇO DOS LEITORES
Cart«]« e m@nsaa««ns
IDOLATRIA?
Por que alguns dos nossos livros e revistas da EB D contêm santos de barro e ce
râmica? Por que prestigiar o clero e o Vaticano e, por conseguinte, a idolatria e Sa
tanás com ilustrações de santos? Por que trazer na capa do Livro do Trimestre da
EBD (Os Profetas Maiores II) obras de Aleijadinho? Na revista COMPROMIS
SO (3T04) tem como capa obras renascentistas [sic] que, apesar de terem um méri
to cultural, prestigiam apenas a igreja católica, mostrando um Cristo de cabelo com
prido (2T04), quando o correto seria não termos qualquer imagem de Cristo, mas tê-
lo apenas em espírito.
Também já vi fotos de bispos e pessoas ligadas ao clero como fonte de ilustra
ção da nossa literatura (1T04). Mesmo sendo pessoas boas que contribuíram com
a melhoria da humanidade, por que não prestigiar então missionários ou paisagens
feitas por Deus em vez de gravuras da Capela Sistina?
A Bíblia não apenas fala em adorar imagens, mas não fazer, e eu entendo aqui
“não publicar ou prestigiar”. Vocês, como formadores de opinião, têm uma grande
responsabilidade nesta parte que entendo ter passado desapercebido.
Há pouco tempo, uma irmã da nossa igreja trouxe folhetos (vindos dos EUA -
batistas?) com uma gravura de Cristo encravado e sangrando, bem parecido com
aquela figura católica do “sagrado coração de Jesus”.
Temo que isto seja desvio de doutrina e, como batista que sou, muito apreciaria
ver modificações das capas dos livros e revistas para situações que realmente edi
ficam e nada nos fazem lembrar idolatria e o catolicismo paganista.
Sugestões para capas: mostrar crianças cantando ou adultos, mostrar igrejas que
crescem, pastores e missionários que realizaram bons trabalhos. Paisagens natu
rais, pássaros, enfim, mostrar este mundo maravilhoso e este firmamento que ma
nifestam a glória de Deus.
Agradeço a Deus pelo esforço dos irmãos e demais colaboradores da JUERP pe
lo trabalho missionário e eclesiástico que os irmãos exercem para o povo de Deus
do movimento batista brasileiro e outras denominações evangélicas.
Gosto da revista COMPROMISSO no seu aspecto informativo, mas acho que
a igreja precisa, também, de um material que contemple o aspecto formativo.
Reconheço quanto é difícil escrever uma lição, com base em dez capítulos do
livro de Ezequiel, para uma aula de aproximadamente 40 minutos. Isto é uma ta
refa muito difícil, mas Deus tem colocado no coração da maioria dos irmãos uma
dose generosa de paciência e amor pela JUERP e seus colaboradores.
VOCABULÁRIO SIMPLES
Daniel Silva
Membro da Igreja Batista do Parque São Basílio,
Rio de Janeiro, RJ, por e-mail.
3Qtrimestre de 2005 - 5
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA EBD
A doutrina de
DEUS >
oi com muita oração e disposição que pode ser tudo menos o Deus da
F que avaliei o convite para escreBíblia, foram provocadas guerras,
muita gente foi torturada e m orta,
ver estas lições e me lancei à tarefa de
escrevê-las. Isto pelo fato da tremendae o reino de Deus foi envergonhado
responsabilidade que é escrever sobre profundamente.
Deus sem a interferência dos concei Hoje a realidade não é muito di
tos e preconceitos que influenciam a ferente. O secularismo influencia a
nossa percepção da realidade. fé, criando um cristianism o de su
O homem, em todas as épocas da perficialidade, um cristianismo ma
história, apresentou a pessoa divina terialista, comercial, mercantil, no
cunhada com as conceituações de sua qual Deus precisa ser forjado com
própria cultura ou invenções cultu a cara dos promotores de tal siste
rais. Por exemplo, qnp.Israelma enganoso.
p.nfrnn na terra^rometida o Deus que Assim, como muitos morreram vi
se revelara como Senhor passou a tcr timados pelas distorções da fé, os ma
ca racte.rísticas daiudi^indadas; cana-.
nipuladores da experiência religiosa
néias deyidaA interferênciahurfiana. ou vendedores da fé se enriqueceram
ficando dfiscaracterizari&jm^ua-esr- com seus comércios da imagem de
sênciajCom islo^o culto em israel so= Deus. Entretanto não deixaram de ser
freu profwTdã&-dislorções. Se os res julgados por seus atos, pois o Deus,
ponsáveis pelo culto trocavam o co perfeitamente justo, não deixa passar
nhecimento de Deus pelas seduções por inocente o culpado.
das religiões pagãs, bem como pelos Daí, o desafio que tive e tenho ao
subornos que recebiam ou pelo sen escrever este conjunto de lições. Não
so de onipotência funcional, o povo, é algo fácil escrever sobre Deus com
que possuía uma tendência declarada a isenção necessária dos fatores ge
para a desobediência, seguia as orien rais, quer subjetivos, quer objetivos
tações distorcidas dos seus líderes, e que ficam à volta tentando influen
todos caíam em desgraça. ciar nossa conceituação. Entretanto,
O mesmo aconteceu na Idade há um senso de prazer inenarrável
Média quando, em nome de um deus quando, pelo menos, se tenta fazer
1 2 - Compromisso
isso. É assim que me sinto ao fazer Estou convicto de que o maior
vir à lume estas lições. Sinto-me res propósito desta seqüência de lições
ponsável por escrevê-las em vários está em harmonia com o anseio de
aspectos. Dentre eles cito a minha Deus, que é o de ser conhecido como
devoção e fascínio por Deus que me é, dentro da mediada ou da capaci
rece toda a reverência, todo respeito. dade de conhecimento que nós mor
Junta-se a isto o senso de responsa tais podemos ter sobre ele. Entendo
bilidade que passo a ter em relação à que o cnnjTecimgnl-n Hq á an-
vida de cada leitor. Creio firmemen íê sjje tudo, experiencial. Deus de
te que um ensino distorcido pode fa seja ser conhecido pela igreja e pe
zer com que vidas venham a se per lo mundo. Para isso, pessoas que o
der. Creio também que ensinos bem conhecem experimentalmente e que
ministrados ocasionam crescimento se aprofundam em tal conhecimen
e ganhos espirituais indizíveis. Este to são de extrema relevância para a
último tem sido a minha meta. proclam ação da realidade divina.
Quem conhece o Deus vivo prega
com vida a abundante vida disponi
PROPÓSITOS DOS ESTUDOS bilizada por ele.
A cada dia mais me convenço de
Diante do que foi escrito até aqui, que Deus deseja ser Deus na igreja.
fica claro que o estudo da doutrina Os deuses humanos, ou melhor, os
de Deus é de extrema relevância em que tentam ocupar o lugar de Deus,
qualquer época e em todos os luga na igreja, deixam o verdadeiro Deus
res. Em meio à incredulidade dos he do lado de fora. Só que Deus é per
breus, profetas foram vocacionados feitamente amor. Ele continua a ba
para mostrar a relevância da verda ter à porta daquelas igrejas onde lí
deira fé, causando momentos de avi- deres usurparam o seu lugar. Deus
vamento em Israel. Na Idade Média, bate à porta para que os fiéis que
outro momento da história acima ci foram silenciados ouçam a sua voz,
tado como exemplo, Deus levantou tomem a coragem da fé para abrir a
vozes que tiveram eco na Reforma porta e provem da verdadeira comu
Protestante do século XVI, onde im nhão “eu com ele e ele comigo”.
perou o forte apelo para a volta ao cris Assim sendo, o segundo objeti
tianismo original que durante séculos vo desta seqüência tem a ver com o
sofreu distorções a partir daqueles que despertamento espiritual, com o agu
com astúcia enganam firaudulosamen- çamento da percepção espiritual pa
te. O mesmo Deus tem levantado pes ra ouvir o pulsar divino à porta, pa
soas nestes tempos pós-modemos, que ra abri-la, a fim de que ele entre e fa
é o nosso tempo, para apresentar a re ça morada na igreja. Soma-se a is
alidade da sua divindade, seus atribu to o desejo de ver a igreja motiva
tos, sem as marcas da interferência hu da pela ação divina a agir de modo
mana. Diante disso, os estudos a se proclamador das realidades espiritu
guir se cercam de extrema relevância, ais que vive.
daí o senso de responsabilidade ao es E natural que o conhecimento ex-
crever sobre este tema. peri^nçifll dfí Dmis produZ-0 cresci-
3-Qtrimestre de 2005 - 1 3
msntoiambêm na4uuensãp intel.ec- tamento sobre Deus, destacando o
luaL. Se o homem como um todo é desenvolvimento de cada conceito
imerso no universo do conhecimen dentro dessa parte da Bíblia, bem
to de Deus, sua vida ganha muita re como as novas dimensões dadas a
levância no mundo, e Deus vai sendo eles por Jesus.
proclamado pelas palavras carregadas Alguns livros foram importantes
de sabedoria e por vidas que atraem para a feitura de cada lição. Não
outras para o universo da verdadeira estarei fazendo citações bibliográficas
e transcendente fé. Estas dimensões, no corpo das lições, pois preciso
agora mencionadas, formam também aproveitar ao máximo o pequeno
os objetivos das lições. espaço de cada estudo. Das obras
que consultei e indico para leitura
com plem entar destaco: Teologia
ORIENTAÇÕES GERAIS Sistem ática, de Charles Hodge
dentre outras conhecidas. Teologia do
1. Os textos bíblicos básicos para Antigo Testamento, de A. R. Crabtree,
cada estudo devem ser lidos na ínte Teologia do Antigo Testamento, de R.
gra, preferencialmente mais de uma L. Smi-th, Dicionário Internacional
vez. Devido ao espaço limitado para de Teologia do Antigo Testamento,
cada lição, os textos não serão traba de R. L. Harris, Dicionário In
lhados com profundidade exegética. ternacional de Teologia do No
0 ideal é que cada igreja faça estudos vo Testamento, de C. Brown são
prévios em grupos, sempre que possí também obras literárias de fun
vel, para o amadurecimento de cada li damental importância. Acrescento o
ção bem como para sua ampliação. livro escrito por G. Fohrer História
2. Na medida do possível, é tam da Religião de Israel, o livro A Fé
bém importante a leitura de alguma em Israel da autoria de H. H. Row-
literatura complementar. Ainda, ley, e Deus no Antigo Testamento que
nesta introdução geral, farei algu é uma coletânea de textos organizados
mas sugestões de livros que podem por G. Gerstenberger. Uma leitura
ser lidos e que, por certo, ampliarão devocional, porém indispensável, é
os horizontes limitados pelo espaço o primeiro volume dos sermões de
imposto a cada lição. Martyn Loyd-Jones que falam sobre a
3. Praticam ente todas as lições pessoa de Deus. São sermões bíblicos
têm perguntas introdutórias. Elas com profundos ensinos teológicos,
devem ser respondidas previamen doutrinários e que enchem a alma do
te e, ao final do estudo, devem ser desejo de conhecer mais de Deus.
checadas com o fim de serem confir Minha oração é que o Deus vivo,
madas, negadas ou ampliadas. santo e justo abençoe a sua vida pela
leitura destes estudos, com a mesma
ou maior intensidade com que aben
CONCLUSÃO çoou a minha vida na produção dos
mesmos. Amém.
O método que usei em cada li
ção parte da visão do Antigo Tes- David Baêta Motta
1 4 - Compromisso
éunko
3 de julho
D q u s e eteru»
Texto bíblico Texto áureo
Êxodo 15; Salmo 86; Provérbios 8 Salmo 86.12
3Qtrimestre de 2005 - 15
existo”, isto é, nada me faz existir; sou O Deus de Israel era reconhecido
auto-existente e. ao mesmcLtempo. sou como único Deus. Por exemplo, Deu-
ã fôrçà^êpropulsãQ detudo o que exis- teronômio 6.4 diz: “Ouve, ó Israel;
te. Mais ainda, nesta tremenda revela o Senhor nosso Deus é o único Se
ção está atrelada a idéia de vida presen nhor”. Em Êxodo 15.11, Moisés per
te. O verbo SER significa ESTAR, co gunta: “Quem entre os deuses é como
mo citado anteriormente. Ora, “estar” tu, ó Senhor?” O Salmo 86.8 asseve
significa uma presença viva, ativa e efi ra: “Entre os deuses nenhum há seme
caz. Isto é o que Deus prometera a Isra lhante a ti, Senhor, nem há obras co
el. O Deus vivo e eterno estaria presen mo as tuas”. Qual o significado dessas
te no meio do seu povo todos os dias. declarações afirmativas e proclamado-
Isto é o que Jesus também nos prome ras da unicidade divina?
teu ao dizer que estaria conosco todos Consideremos o contexto religioso
os dias, até a consumação dos séculos. do Antigo Testamento. Israel viveu em
Quão grandes eram e são as promessas meio a povos que adoravam deuses di
atreladas à revelação de Deus como vi versos. O estudo das religiões antigas
vo e eterno. revela que o politeísmo era comum na
Dos textos básicos para este es quele tempo em que os fenômenos da
tudo, destacam os alguns versículos natureza eram explicados do ponto de
que apontam para a síntese acima ex vista religioso. A chuva, o sol, o mar
posta. Êxodo 15.18 afirma que “o Se e tudo o mais tinham deuses específi
nhor reinará eterna c perpetuamen cos que os governavam. Rituais diver
te”. No Salmo 86.12 Davi declara seu sos e mágicos eram usados para evo
reconhecimento pelo nome e poder re car a boa vontade dos deuses a fim de
velados: “Louvar-te-ei, Senhor Deus promover, por exemplo, a fertilidade
meu, com todo o meu coração, e glo da terra, objetivando um bom plantio
rificarei o teu nome para sempre”. e uma farta colheita. Cada parte da na
Provérbios 8.35 afirma que “o que me tureza era governada por um deus. Foi
achar achará a vida e alcançará fa neste ambiente de diversidade que Is
vor do Senhor”. Estes, entre outros rael forjou o conceito da unicidade di
textos, têm com base a vida e a eterni vina. Ao contrário de um deus para ca
dade de Deus. da parte da natureza, o Deus de Israel
reúne em si todas as partes. O Salmo
24.1 afirma que “do Senhor é a terra
UNICIDADE EM MEIO e a sua plenitude; o mundo e aque
À DIVERSIDADE les que nele habitam”. Ele é o criador
de todas a coisas. Ele mesmo as susten
Tendo como pressupostos básicos ta e governa. Tudo ele fez com sabe
e vitais a vida auto-existente de Deus, doria e perfeição, pois ele é a própria
sua presença ativa e eficaz, vários outros sabedoria: “O Senhor me criou como
conceitos destes primeiros foram evoca a primeira das suas obras, o princí
dos nos tempos bíblicos, dentre eles o pio dos seus feitos mais antigos. Des
da “unicidade”. de a eternidade fui constituída, des
16 - Compromisso
de o princípio, antes de existir a ter são do ser divino e ter recebido um ex
ra” (Pv 8.22,23). celente nome. Quanto a este último ca
Foi mediante uma viva experiência racterístico, a pergunta básica é: Que no
moldada pela fé que Israel construiu o me Jesus herdou? Tente responder an
conceito da unicidade de Deus. Um tex tes de continuar.
to recordativo, registrado em Isaías 64.4, Paulo afirma, escrevendo aos Fili-
dá sustentação definitiva ao princípio que penses (2.9-11), que Jesus foi exaltado e
estamos estudando. Fazendo um retros recebeu um nome excelente. Diante de
pecto histórico, desde a eleição de Israel le todos se ajoelharão e confessarão que
até o tempo do exílio babilónico, o pro Jesus é Senhor. Atente para isso: Senhor;
feta assim se expressou: “Porque desde este é o nome excelente que Jesus rece
a antigüidade não se ouviu, nem com beu. A palavra gregaj>ara Senhor é tra-
ouvidos se percebeu, nem com os olhos duzida do hebraico, onde “Senhor” sig
se viu um Deus além de ti, que opera a nifica EU SOU. Isto quer dizer que Jesus
favor daquele que por ele espera”. é o EU SOU da revelação no Sinai. As
Portanto, a unicidade de Deus é sim, Jesus é a encarnação do Deus vivo,
fator distintivo que aponta para a sua único e eterno, o qual veio trazer vida,
singularidade e marca a sua diferença singularidade e eternidade positiva.
em relação às religiões daquela época.
CONCLUSÃO
JESUS - O DEUS ÚNICO
E ETERNO Grande é o nosso privilégio por per
tencermos a Deus. Neste tempo de di
O Novo Testamento deve ser o fil versidade não devemos impedir a ação
tro para o estudo do Antigo Testamento. de Deus na igreja com os nossos con
Este era o entendimento de João quan ceitos, invenções e preconceitos. Deve
do escreveu a respeito de Jesus como o mos dar espaço para que o Deus único e
Verbo de Deus. Atesta ele que Jesus era eterno seja verdadeiramente o Deus úni
o próprio Deus; era o Verbo que se fez co e eterno da igreja. Que sejam nossas
carne e habitou entre os homens. João as palavras pronunciadas por Moisés aos
enfatiza que a vida estava em Jesus, por pés do Sinai, quando o Senhor disse que
tanto, era ele o Deus vivo. Ele fora o não iria no meio do povo. Moisés vol
princípio ativo de toda a criação, pois ta-se para Deus e diz: “Se a tua presen
“todas as coisas foram feitas por in ça não for conosco, não nos faças su
termédio dele, e sem ele nada do que bir daqui... acaso não é por andares
foi feito se fez” (Jo 1.1-14). tu conosco e separados seremos, eu e
Nesta mesma direção encontramos o teu povo, de todo o povo que há so
o sublime texto de Hebreus 1.1-4 onde bre a face da terra?” (Ex 33.15,16) Co
são feitas declarações sobre a divinda mo Deus anseia por igrejas que dcem es
de de Jesus, das quais destacamos ser paço para que ele seja verdadeiramente
ele herdeiro de todas as coisas, agente Deus; por igrejas que queiram ser genui
do processo de criação, a exata expres namente igrejas de Deus.
3Qtrimestre de 2005 - 1 7
10 de julho Deus 5 é i m
18 - Compromisso
A ênfase primeira recai sobre o Deus (v. 1-10) nos remete a relatos da criação,
salvador devido aos seus atos no livra principalmente aos de Gênesis 1 e 2. To
mento e condução de Israel. Quando fala do o Salmo reflete a idéia de Deus como
mos em ênfase, afirmamos que os concei sujeito da criação. Assim, não nos ocu
tos de Deus criador e salvador não eram paremos aqui com a criação, mas com o
excludentes ou totalmente separados. Criador adorado neste grande Salmo.
Tomando como ponto de partida o fa Ligando este a outros relatos, o que
to de Moisés ter sido o escritor do Pen- podemos concluir? O versículo 7 faz alu
tateuco, por que gastou tão pouco espa são direta ao poder da “palavra” de Deus:
ço para falar em Deus como criador (Gn “à tua repreensão fugiram, à voz do
1 e 2), usando a maior parte para falar de teu trovão se apressaram”. O primor
Deus como salvador? Mais uma vez rea dial para Israel era a pessoa de Deus co
firmamos que a questão recai sobre a ên mo sujeito ativo da criação e a sua pala
fase. A salvação era o assunto do momen vra como tendo grande poder e que agen
to, por assim dizer. Moisés sabia que Is ciou e ordenou todas as coisas. Gênesis 1
rael não desconhecia a criação como ato faz várias menções à expressão “e disse
divino, mas conhecer Deus como salva Deus” (v. 3 ,6 ,9 etc.). O Salmo 148.5 fa
dor era um fato novo e que merecia maior la do poder da palavra criadora de Deus:
ênfase. Também precisamos considerar a “Louvem o nome do Senhor, pois man
lógica dos conceitos: a salvação acontece dou, e logo foram criados”.
dentro da história, e a história teve o seu À criação pela “palavra” soma-se
começo através de um ato criador. Portan também a criação pelo “fazer”, ou se
to, era lógico que Israel, que não era alie ja, Deus não somente ordena e as coi
nado no mundo, passasse a conhecer a fa sas acontecem; ele põe “mãos à mas
ce salvadora do Deus criador. Ou seja, a sa”. Em Gênesis 1.26 lemos: “façamos
criação engloba a salvação e ambas vêm o homem à nossa imagem, conforme
de um único Deus. Acrescentamos aqui a nossa semelhança”. Isto significava
um dado que julgamos ser importante. muito para a fé em Israel. Seu Deus não
Houve uma época em que os dois atribu é um Deus alienado, distante, um Deus
tos (criador e salvador) receberam a mes que somente dá ordens à distância. Ele
ma ênfase por razões contextuais. Isto é está envolvido com o processo criador.
visto a partir de Isaías 40, onde o atributo Ele manda e faz. Um outro fato que me
criador (recriar um novo Israel) é evoca rece relevância na fé bíblica é a cria
do para justificar a saída de Israel do cati ção como produto da vontade de Deus.
veiro na Babilônia e para o reconduzir aos “Digno és, Senhor, de receber glória,
caminhos do plano da salvação. e honra, e poder; porque tu criaste to
das as coisas, e por tua vontade são e
foram criadas” (Ap 4.11).
RECONHECENDO O DEUS Portanto, ao louvar o Deus criador
CRIADOR (SI 104.1-10) reconhece-se o poder da sua palavra
bem como a perfeição da sua vontade.
O Salmo 104 é um cântico de adora Quanto a este último aspecto, veja o que
ção ao Deus criador. Sua primeira parte diz Gênesis 1.3la: “E viu Deus tudo
3Qtrimestre de 2005 - 19
quanto tinha feito, e eis que era mui nhor. Senhor, Deus meu, tu és mag-
to bom”. A criação é produto da vonta nificentíssimo, estás vestido de gló
de de Deus. Se tudo o que Deus fez era ria e de majestade... A glória do Se
muito bom, depreende-se que sua von nhor seja para sempre! Alegre-se o
tade é sempre boa; ela é boa, agradável Senhor em suas obrasí... Cantarei ao
e perfeita. Isto precisa ser obedecido e Senhor enquanto eu viver; cantarei
louvado pela igreja. louvores ao meu Deus enquanto exis
tir” (v. 1,31,33).
EVIDÊNCIAS DA FÉ NO DEUS
CRIADOR (SI 104.11-35) CONCLUSÃO
20 - Compromisso
€ 3>ONIPOTENTE
Texto bíblico Texto áureo
2Samuel 22 2Samuel 22.31
3Qtrimestre de 2005 - 21
mediante a fé reflexiva, ganharam no a qual se desenvolveu, alcançando pata
vos e singulares contornos. Este é o ca mares elevados de sublimidade.
so da onipotência divina.
=#> Quando os patriarcas (Abraão, Isa-
que e Jacó) peregrinaram na terra de Ca- O DEUS ONIPOTENTE
naã, tiveram contatos com a religiosida
de dos povos que ali habitavam. Obser A fé no Deus onipotente também se
varam que em suas adorações havia uma desenvolveu como resultado de obser
multiplicidade de deuses, com poderes vações e reflexões sobre a pessoa de
escalonados, e no pico de organização Deus propriamente dita e teve conse
encontrava-se um deus conhecido como qüências fenomenais para Israel. Por
“el”. Este era soberano em relação aos exemplo, enquanto os deuses das ou
outros deuses. Entretanto, como resulta tras nações lutavam entre si para se
do de sua observação, os patriarcas con manter no poder, de acordo com re
cluíram que aquele deus nunca se mani latos descobertos por arqueólogos, o
festara como o Ser divino que a eles, os Deus de Israel não tem concorrente.
patriarcas, mostrara poder. Daí atribuí Todo o poder está reunido nele. Diz o
ram ao Deus que lhes aparecera e fala salmista: “Porque o Senhor é Deus
ra de modo audível o poder suposto no grande, e Rei grande acima de to
nome da divindade maior dos cananeus. dos os deuses” (SI 95.3). Em seu cul
Observe que eles não copiaram um mo to, Israel celebrava a onipotência do
delo de culto ou assumiram o deus cana- seu Deus, declarando que “todos os
neu como deles. Da mesma forma que, ydeuses dos povos são coisas vãs; mas
séculos mais tarde, Paulo, ao chegar em Senhor fez os céus” (SI 96.5). A so
Atenas, deparando com um altar dedica berania de Deus, seu poder, que vai
do ao “deus desconhecido”, proclamou além das fronteiras de Israel, também
o Deus verdadeiro, os patriarcas assumi era celebrado no culto: “Pois tu, Se
ram que o verdadeiro “el” era aquele com nhor, és o Altíssimo em toda a terra;
quem eles se relacionavam pessoalmente. muito mais elevado que todos os deu
Ao nome “el” acrescentaram outras ex ses” (SI 97.9).
pressões (epítetos), das quais destacamos Algumas outras conclusões pode
“Shaddai”, que significa “Todo-Podero- mos agora mencionar como decorrên
so”. Assim, o título El-Shaddai veio a sig cia da fé no Deus Onipotente. Primei
nificar o Deus Todo-Poderoso. O mes ro, o fato de ser o Todo-Poderoso dá-lhe
mo aconteceu com o termo Yahweh (Se o direito de exercer a sua vontade com
nhor - EU SOU), o qual já era conheci total liberdade. Isto significa dizer que
do entre outros povos, mas que, para Is Deus em si mesmo decide e faz o que
rael, a partir da revelação no Sinai, pas decide. Ele é totalmp.^tp livra Hp
sou a ter um singular significado, englo . jy.Õ£s que poderiam impedi-lo de exer
bando, inclusive, o sentido de El-Shaddai cer o seu querer. Junto a isto, o senso
(ler Êxodo 6.1-8). de onipotência torna Deus independen
Nestes breves exemplos, vemos o te de qualquer outro poder existente ou
início de uma fé na onipotência divina, que se acredita existir. Ele não luta por
22 - Compromisso
poder; ele é o próprio poder. Mais ain Como os discípulos de Cristo deve
da, seu poder é imensurável e por isso é riam agir diante do Todo-poderoso? Es
infinito. Nada foge às possibilidades do perava-se que fossem de todo submissos
seu poder, pois para o Deus Todo-Pode- e que lançassem mão do poder disponí
roso não há “impossíveis”. vel (para todo aquele que crê). Entretan
Quando Moisés apresentou a Israel to, houve momentos de oscilação neles
o mandamento de não ter outros deuses como acontece também conosco. Num
diante do Senhor (Ex 20.3), uma das vá desses momentos houve uma acirrada
rias conclusões é que diante da onipo- disputa entre eles devido ao fascínio do
tência-singuiar do.Deus que agia^con- poder (Ler Mc 10.35-45; Lc 22.24ss).
cxetamcntfi.a favor,da.seu povo. seria Jesus, com a sabedoria profunda, acal
um ultraje, ao seu poder, qualquer pes ma-lhes os ânimos e faz uma observa
soa (jo seu povo assumir para si outro ção que deve ser normativa também pa
deus qualquçr. ra nós: “Não será assim entre vós, mas
O que o povo de Deus deveria fa todo aquele que quiser entre vós fa-
zer era se submeter à onipotência divi zer-se grande seja vosso serviçal” (Mt
na, pois dela dependia a sua existência. 20.26). Ao dizer “não será assim en
Esse relacionamento existencial é que tre vós”, Jesus ensinou a eles e ensina a
conduziria Israel a ir mais e mais às pro nós que o verdadeiro servo não luta por
fundezas do Todo-Podcroso. poder. Ao contrário, submete-se ao To
do-poderoso, e quanto mais se subme
te, mais poder recebe. O povo do Todo-
ENTRE VÓS NÃO SERÁ ASSIM poderoso Deus precisa ser diferente, ou
melhor, sempre será diferente.
Não é apenas no Antigo Testamen
to que se fala do Deus Todo-poderoso.
Há textos no Novo Testamento que tam CONCLUSÃO
bém invocam c reconhecem este atribu
to divino (2Co 6.18; Ap 1.8; e outros) e A singularidade do Todo-Poderoso
o aplicam a Jesus. Por exemplo, os dis deveria ser relevante para a igreja. Num
cípulos de Cristo ficaram pasmados, ate tempo em que igrejas, denominações e
morizados e maravilhados, quando a na outros ramos do cristianismo se dividem
tureza que parecia indomável se acal devido à luta por posição e poder, num
mou diante da voz de poder de Jesus tempo onde há uma indústria crescente
(Mc 4.41; Mt 8.27; Lc 8.25). de “mal-estar” para justificar individua-
O Novo Testamento revela Jesus lismos e isolacionismos religiosos, num
como a encarnação do Deus Todo-po tempo como este, os cristãos de verdade,
deroso. Após a ressurreição, Jesus dis ou seja, aqueles que não se deixaram en
se aos discípulos que nele estava reu venenar pela sedução do poder, devem
nido todo o poder nos céus e na terra orar incessantemente, a fim de que os
(Mt 28.18). Em ICoríntios 1.24, Paulo homens se abram para o poder que sa
classifica a Cristo como poder e sabe tisfaz a alma, aquele poder que emana
doria de Deus. do Deus que é onipotente. Amém.
3Qtrimestre de 2005 - 23
4ggp> MUS é
24de]u"’° K 1 1 presente
ONI sciente
Texto bíblico Texto áureo
Salmo 139 Salmo 139.14
24 - Compromisso
profundo abismo, no cumc do Carme- que possa limitar o conhecimento de
lo, ou no fundo do mar. Entretanto, do Deus tanto de si mesmo quanto de tu
Deus de perto e de longe, do Deus que do o que existe. Exemplos disto são da
enche todas as coisas, do Deus que es dos no salmo em estudo. Deus sonda e
tá presente em todos os lugares não há conhece a nossa vida. Ele esquadrinha
como se esconder. É exatamente isto o nosso andar, conhece todos os nos
que Israel celebrava nos cultos quan sos pensamentos antes mesmo de serem
do relevava e colocava fé naquilo que pronunciados (v. 1-5). Na plenitude do
chamamos de onipresença divina. O ser seu saber, afirma o salmista que Deus
humano não pode fugir do Espírito di acompanhou e conhece todo o processo
vino. O seol (as profundezas onde ha de nossa formação física, psíquica e es
bitam os mortos), as alturas, as asas da piritual. Extasiado com o conhecimento
alva, as extremidades do mar, as tre divino, o salmista exclama: “Eu te lou
vas, nada pode ocultar o ser humano varei, porque de um modo tão admi
da presença transcendente de Deus (SI rável e maravilhoso fui formado; ma
139.7-11). Era uma reflexão tão profun ravilhosas são as tuas obras, e a mi
da e sublime que conduziu o salmista nha alma o sabe muito bem” (v. 14).
exclamar: “Tal conhecimento é mara Israel não especulava quanto ao co
vilhoso demais para mim; elevado é, nhecimento de Deus. Por exemplo, não
não o posso atingir” (v. 6). havia conflito entre onisciência e von
Onipresença aponta, portanto, para tade de Deus. Podemos perguntar sobre
o fato de Deus ser ilimitado espacial e determinado acontecimento, principal
fisicamente. É um indicativo de sua so mente quando é algo desagradável: se
berania quanto a estas dimensões cita Deus sabia que tal coisa iria acontecer,
das. Significa que Deus é “Todo-presen- por que, então, permitiu? Israel acredi
te”. Ele pode agir de modo diferencia tava que onisciência e vontade nunca se
do em lugares díspares ao mesmo tem chocariam na perspectiva divina, A von
po. Nada pode limitá-lo. tade de Deus é soberana e não definiti
Assim, Israel deveria reverenciar vamente determinativa. Tanto é que de
o Deus Todo-presente não somente no algum modo, que não é dado ao ser hu
templo em Jerusalém , mas em qual mano o direito de saber como acontece,
quer lugar, pois em todo e qualquer lu o Deus soberano pode deixar de fazer
gar Deus está presente. Também, onde o que,a sua vontade determinara. Eze-
estivesse ou aonde fosse, Israel deveria quiel informa que.Deus deixaria de des
temer a presença divina, pois suas atitu truir a cidade, se achasse alguém que se
des atrairiam bênção ou castigo de acor pusesse “na brecha perante mim por
do com as circunstâncias. esta terra, para que eu não a destru
ísse” (Ez 22.30,31). Deus em seu ple
no conhecimento sabia o que iria acon
O DEUS DE ISRAEL tecer. Mesmo assim, abriu espaço pa
É ONISCIENTE ra que sua vontade fosse mudada, ca
so achasse alguém verdadeiramente fiel
Israel também acreditava que Deus que movesse seu coração e vontade. Is
conhecia todas as coisas. Nada existe to é um mistério profundo demais para
3Qtrimestre de 2005 - 25
a mente humana. Diante de algo desta de Cristo. Ele não podia exercer a oni
dimensão, façamos nossas as palavras presença, circunstancialmente, cm fun
do salmista: “Tal conhecimento é ma ção das limitações impostas pela forma
ravilhoso demais para mim; elevado humana. Entretanto, não raro encontra
é, não o posso atingir” (v. 6). mos expressões sobre ele, as quais afir
Importante aqui é relacionar a onis- mavam seu conhecimento dos pensa
ciência e vontade de Deus com a obe mentos das pessoas (Mt 9.4; 12.25). Isto
diência humana. Diante da perfeição da mostra a sua onisciência. Também diz
vontade Deus, um Deus cujos caminhos que onde estiverem dois ou três reunidos
e pensamentos são mais elevados que em seu nome aí ele estará no meio deles
os caminhos e pensamentos humanos (Mt 18.20). Em Apocalipse achamos em
(Is 5.8,9), o ser humano deve respon vários momentos a afirmativa “conheço
der com uma contínua atitude de obedi as tuas obras”. Este conhecimento, den
ência. Tal atitude resolveria toda e qual tre outras possíveis interpretações, é o
quer dificuldade quanto ao entendimen perfeito entendimento que Deus tem das
to dos atos de Deus c do próprio Deus, motivações das pessoas. Em seu pleno
até mesmo aqueles obscuros à mente hu conhecimento, Deus sabe se estamos fa
mana. Obedecer é assumir uma atitude zendo algo por motivações certas (glori
de submissão ao Deus que trabalha a fa ficar o seu nome) ou por motivações er
vor dos que nele esperam. radas (satisfação do nosso ego). Assim,
junto a outras passagens neotestamen-
tárias, vemos que os temas “onipresen
ONIPRESENÇA E ONISCIÊNCIA ça e onisciência” estão presentes tam
NO NOVO TESTAMENTO bém nesta parte da Bíblia.
26 - Compromisso
DEUSa
Texto bíblico Texto áureo
Levítico 11; Salmos 77 e 78 Levítico 11.44,45
Considero o tema Deus santo como tão de alimentos puros. Os animais lim
um dos mais fascinantes da Bíblia. Ho pos ou puros, segundo a classificação le-
je nos ocuparemos dele, objetivando o vítica, eram separados para o bem, isto
seu entendimento e a sua aplicação pa é, serviam como alimento e como ofe
ra a igreja que vive os desafios dos dias renda a Deus, ao passo que os animais
atuais. O que os hebreus expressavam impuros eram separados negativamente,
ao atribuírem a Deus o conceito de san ou seja, eram rejeitados, eram um tipo
tidade? Que efeito causava isto na vida de anátema, ou consagrados para a des
do povo eleito? O que fazer hoje diante truição. A classificação em puro e im
do apelo à santidade? Leia os textos bí puro não era meramente uma separação
blicos básicos para esta lição, os quais formal. Mais do que isto, tinha uma re
remeterão a outros textos bíblicos tam presentação espiritual e moral, pois os
bém de muita importância na aborda animais puros representavam ou simbo
gem do nosso assunto. lizavam a vida do ofertante israelita. Ob
serve que os versículos finais de Lcvíti-
co 11 (v. 43-47) relacionam tudo o que
SANTIDADE: CONSIDERAÇÕES foi antes estipulado com a natureza san
PRELIMINARES ta de Deus. A obediência às regras mo
rais e cerimoniais de santidade, em seu
Os textos bíblicos fundamentais pa sentido amplo, habilitava o povo à co
ra este estudo apresentam uma visão que munhão com o Deus santo.
aponta para a santidade de Deus como Se Levítico 11 destaca a santidade,
referencial de conduta a ser seguido. Em tendo ressaltado os cuidados físicos, o
síntese, Levítico 11 descreve o cuidado Salino 78 fala do interior, isto é, fala da
que se deve ter com o corpo pela inges alma. Destaca a disposição interior para
32 trimestre de 2005 - 27
a obediência ou desobediência, segundo para qualquer pessoa que dele se apro
exemplos da história de Israel, sumaria ximasse. Exemplo disso é que o que é
da no referido salmo. Obediência e de considerado santo não somente se dis
sobediência são disposições interiores tingue do que é imundo, mas se opõe
que, obviamente, tanto podem agradar tenazmente a ele. Acrescentamos tam
como podem ferir a santidade de Deus. bém que, neste contexto, não estamos
Os versículos 40 e 41 declaram que a nos referindo somente a pessoas; inclu
desobediência voluntária é um atenta ímos também objetos e lugares que tam
do contra o Deus santo. bém tinham o sinal temporário ou per
Já no Salmo 77 ressalta a angústia manente de santidade.
espiritual do ser humano. Retrata a vi Cremos que já é possível se chegar
vência de uma espécie de crise espiritual pelo menos a uma conclusão: santida
e existencial de angústia. Entretanto, há de fala de natureza, de essência, de ca
uma progressão maravilhosa neste Sal ráter. O Deus de Israel é santo. Samuel
mo, progressão esta que vai da angús registra que: “Não há santo como é o
tia ou desespero à certeza da fé. O tra Senhor; porque não há outro fora de
jeto é sublinhado pela visão da santida ti” (1 Sm 2.2). Estes e outros textos de
de de Deus (v. 13) que ensina ao homem monstram que, quando o hebreu fala
que a vida santificada é fundamental pa va do Deus santo, expressava algo mais
ra que se possa empreender uma cami do que um atributo. Acreditamos firme
nhada vitoriosa. mente que a Bíblia fala da essência de
Deus ou, indo mais além, cremos que
fala da natureza divina. Talvez a santi
DEUS É PERFEITAMENTE dade divina seja um atributo por exce
SANTO lência, muito embora defendemos que
ela aponta para a própria constituição
Das considerações feitas acima, con divina, de onde procedem todos os ou
cluímos que o conceito de santidade era tros atributos. Santidade, quando apli
fundamental para o povo de Israel cm to cada a Deus, aponta para a perfeição do
dos os níveis de vida, conceito este que seu caráter, para a perfeição e inviola
passou às páginas do Novo Testamento. bilidade de sua pessoa. Por ser santo
Concluímos também que o padrão estabe em sua natureza, Deus é separado na
lecido para a santidade era o ser Divino. turalmente de tudo aquilo que é impu
Quando se conceitua santidade divina ro. Tudo o que é profano, impuro ou
como “separação”, precisa-se ter em men imundo não combina com a sua nature
te pelo menos duas perguntas: (1) Separa za. Aproximar-se dele com atitudes ou
do de quê? (2) Separado para quê? coisas não santificadas é um atentado
Alguns princípios estão presentes no contra a sua santidade. Para se relacio
conceito de santidade. Por exemplo, o nar com ele, o ser humano precisa ser
que é santo sempre deve ser tomado co santo, e como a sua natureza é macula
mo inviolável Isto atrai um outro prin da pelo pecado, Deus lhe impõe regras
cípio que era o do estabelecimento de e limites para que possa travar um re
limites tanto para o santificado quanto lacionamento íntimo.
28 - Compromisso
UM CHAMADO sua praticidade foi descrita por Paulo,
À SANTIDADE segundo lemos em Romanos 12.1,2.
Todo aquele que aceita o chamamen
O salmista apresenta um questiona to vital à santidade deve apresentar-se
mento: “Quem subirá ao monte do Se a Deus, não se conformar a este mun
nhor, ou quem estará no seu lugar san do e permitir a ação renovadora de sua
to?” (SI 24.3). Mantendo o mesmo sen mente feita pelo Espírito Santo. Isto
tido, o Salmo 15.1 apresenta a mesma exige uma leitura obediente da Pala
preocupação. Em Hebreus temos uma vra de Deus, assumir os compromissos
afirmativa contundente: “Segui a paz com ele e ser abençoado com o cum
com todos e a santificação, sem a qual primento das promessas do Deus santo
ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). e fiel àquilo que promete. Realmente
Levítico repetidam ente apela a uma somos chamados à santidade, pois só
vida padronizada na santidade divina pode estar diante de Deus, que é san
ao dizer “Sede santos como o Senhor to, aquele que foi santificado segundo
vosso Deus é santo” (Lv 19.2). Enten os olhos do Deus santo.
demos haver na Bíblia um chamado à
santidade que vai além de uma exigên
cia simplesmente formal. Em Hebreus CONCLUSÃO
12.14 vemos que o chamado à santida
de extrapola ao formal e vai ao vital. Sem dúvida vivemos num tempo
Só pode ver Deus quem permite que de confusão. Um tempo em que pesso
ele exerça em sua vida uma ação san- as inventam padrões de santidade sem
tificadora. que Deus esteja presente, criando um
Jesus, em sua passagem por este cristianismo maculado pelas invencio-
mundo, provou-nos ser possível uma nices humanas.
vida centrada na santidade divina. Ele, Caso você deseje ter uma vida san
Jesus, foi tentado em tudo e não come ta, seja obediente à pura Palavra de
teu uma falha sequer (Hb 4.15). Assim, Deus e ore apresentando-se a ele. As
ele pode socorrer àqueles que falham em coisas começarão a mudar se houver
sua jornada santa (Hb 2.17,18). sinceridade em seu coração, pois é im
Leia os salmos acima citados e ha possível apresentar-se a Deus com sin
verá de concluir que, em suma, eles fa ceridade e ele não atender. Quando vo
lam de santidade em seu sentido com cê começar a ter desprazer com o pe
pleto, ou seja, partindo do interior pa cado, sentir-se insatisfeito com o ní
ra o exterior. Isto significa que tanto vel de vida espiritual que tem levado,
no Antigo quanto no Novo Testamento quando começar a sentir mais sede de
há, pelo menos, duas atitudes que são Deus e maior vontade de servi-lo e cul
vitais para uma vida santa: obediên tuá-lo, saiba que Deus está santifican
cia e auto-apresentação. O processo de do a sua vida. O Deus de Israel, o Deus
santificação não é uma simples confor que veio a nós, em Jesus, é santo e de
mação a regras estabelecidas previa seja ardentemente santificar nossa vi
mente. A essência desta doutrina e da da. Amém.
3Qtrimestre de 2005 - 29
7 de agosto
No estudo anterior, estudamos so mos nos ater a alguns momentos da his
bre a santidade de Deus. Devido à per tória de vida do profeta Oséias, conhe
feição da sua natureza santa, há um dis cido como o profeta do amor incondi
tanciamento de tudo cuja natureza se cional.
ja impura. Assim, concluímos que há Resumindo, relembremos que ele
um distanciamento entre a natureza de se casou com uma mulher com incli
Deus e a natureza do ser humano. A nações para a prostituição, a qual, em
pergunta básica é: o que faz a inter determinado momento, deixou a famí
mediação para a aproximação do Deus lia e foi viver com os amantes, train
santo com homens e mulheres pecado do o voto de fidelidade matrimonial.
res, impuros e, com isto, afastados da Oséias poderia legalmente divorciar-
presença de Deus? A resposta é sim se de Gômer, entretanto procurou o ca
ples, profunda e eternam ente m ara minho da reconciliação. Ele lutou pela
vilhosa. O que cobre o abismo entre restauração de sua família, tendo co
o Deus santo e o homem pecador é o mo base um amor incondicional que,
amor do Senhor. Deus é amor, perfei por fim, prevaleceu (Oséias 1-3). Seu
tamente amor. Este é o assunto do pre amor fez com que uma esposa avilta
sente estudo. da pelos seus próprios pecados fosse
restaurada.
A história deste profeta nos dá al
DEUS E AMOR guns referenciais sobre o amor divi
no nas páginas do Antigo Testamento.
Os textos bíblicos indicados nos re Destaco dois aspectos importantes. O
metem primeiramente à necessidade de primeiro deles é o amor como autodo-
caracterizar Deus como sendo amor. Pa ação. Vemos de modo mais específico
ra ficar mais fácil o entendimento, va o amor de Deus na relação com o povo
30 - Compromisso
eleito. Basta lermos um pouco da histó CONHECENDO O
ria de Israel e depararemos com Deus se DEUS QUE É AMOR
autodoando àquele povo que elege co
mo seu. Oséias, como vimos, encarna o espí
Quando João fala do amor divi rito do Deus que é amor. O profeta so
no, dá destaque a este aspecto de doa fre com o seu drama familiar, entretan
ção de si. Leia agora João 15.13; Uoão to não abre mão do seu amor. Impulsio
4.9,13,14. Certamente, João tinha em nado pela nobreza desse sentimento, ele
mente momentos específicos da histó vence a vergonha, vai além do que é le
ria do seu povo na relação com Deus. gal (o direito ao divórcio), pois o amor
João sabia que Deus sempre desejou se lhe dá certeza da vitória final.
doar a Israel, tendo em mente a felici O amor de Deus é conhecido por
dade nacional e o cumprimento da mis meio dos seus atos demonstráveis. Sem
são messiânica. entrar em pormenores, uma palavmJie-
Um segundo característico é o amor braica quç recebe várias traduções (he-
como iniciativa. João fala que “nisto sedjLd u m a das mais. fortes expressões do
está o amor, não em que nós tenha amoiidivino. E o amor fiel, persistente,
mos amado a Deus, mas em que ele benigno, gracioso. Consideremos que o
nos amou a nós, e enviou seu Filho amor divino é um só, mas tem várias fa
para propiciação pelos nossos peca cetas. Esta que estamos tratando apon
dos.” (U o 4.10). Isto mostra a inicia ta para o amor persistente de Deus para
tiva divina em nos amar independente com Israel, formalizado na aliança fei
mente de o amarmos primeiro. Quem ta no Sinai no tempo de Moisés, pouco
tomou a iniciativa de chamar Abrão depois da libertação da opressão egíp
e fazer-lhe uma promessa? Quem to cia. O amor fiel e persistente de Oséias
mou a iniciativa de renovar a promes mantendo-se firme em seus propósitos,
sa a Isaque e Jacó? Quem tomou a ini a despeito da traição de sua esposa, re
ciativa de retirar os filhos de Israel da presenta o amor fiel e permanente do Se
opressão egípcia? Quem sempre tomou nhor por Israel, apesar de todos os er
a iniciativa de perdoar os muitos peca ros cometidos por este. Este amor é al
dos de Israel ao longo de sua história? go que surpreende, que atrai e que res
Quem tomou a iniciativa de libertar os taura, conforme afirma o profeta Jere
judeus do cativeiro na Babilônia? En mias: “o Senhor me apareceu, dizen
fim, “iniciativa” é uma das caracterís do: Porquanto com amor eterno te
ticas áureas do amor divino. No Novo amei, por isso com benignidade te
Testamento vemos a mesma coisa. Em atraí” (31.3).
João 3.16 lemos sobre a doação divina Duas outras palavras são aqui desta
do seu unigénito Filho como iniciativa cáveis. Primeiro, o conceito de que Deus
para a nossa salvação. Assim, João re é amor é obtido da história da relação
leva, de modo categórico, o amor como de Deus com Israel. Em segundo lugar,
iniciativa ao declarar que “nós o ama amor não é uma das características de
mos porque ele nos amou primeiro” Deus que se descreve mas, ao contrário,
(1 Jo 4.19). é sua atividade vista em manifestações
3Qtrimestre de 2005 - 31
concretas e inequívocas de sua boa, per porque, qual ele é, somos nós tam
feita e agradável vontade. bém neste mundo” (lJo 4.17).
O amor de Deus pode ser conheci Como conseqüência do amor a Deus
do. Ele é disponível para todos. A exi vem o amor na relação interpessoal. É im
gência reside na obediência aos seus possível amarmos a Deus e não amarmos
mandamentos. Israel deveria voluntá ao próximo, visto que “aquele que não
ria e prazerosamente obedecer ao Se ama não conhece a Deus; porque Deus
nhor. Assim, o amor divino seria experi é amor” (1Jo 4.8). João continua a afirmar
mentalmente conhecido: “Ouve, Israel, que a prática do amor é demonstrativo cla
o SENHOR nosso Deus é o único SE ro de que Deus está em nós (1Jo 4.12. Ver
NHOR. Amarás, pois, o SENHOR teu também o versículo 16). Da mesma for
Deus de todo o teu coração, e de to ma como Jesus viveu neste mundo sendo
da a tua alma, e de todas as tuas for obediente ao amor do Pai, guardando os
ças” (Dt 6.4,5). seus mandamentos e sendo vitorioso em
todas as coisas, o mesmo se dará com os
discípulos, caso sigam as pisadas do Mes
COMUNHÃO tre do amor (Jo 15.9-15).
POR MEIO DO AMOR
32 - Compromisso
14 de agosto D E U S â S & I V Ä C lC j /'
O Deus, que é amor, também é re ciativa de Deus. Em todas as suas ma
conhecido e proclamado como o Deus nifestações e sentidos, Deus ininterrup
Salvador. Quando Adão e Eva pecaram tamente esteve na dianteira do processo.
e perderam a qualidade de vida perfeita Por exemplo, o Salmo 3.8 declara que a
e livre, tornando-se escravos do peca salvação vem do Senhor. Vários textos
do e herdeiros da morte, Deus mostrou afirmam a mesma coisa. Assim, Deus é
amor profundo por aqueles filhos deso tido como o agente desencadeador de
bedientes (eles e nós), c pelo seu gran todo o processo salvífico.
de amor construiu um plano de resgate. Antes de prosseguir, responda: O
Note que o projeto de salvação é resul que é salvação? Muitos falam em salva
tante do amor de Deus. Paulo afirma em ção como sendo libertação, justificação,
Efésios 2.4,5: “Mas Deus, que é riquís santificação, glorificação etc. Entretan
simo em misericórdia, pelo seu muito to, se pensarmos bem, todas estas coi
amor com que nos amou, estando nós sas são conseqüências. Em última aná
ainda mortos em nossas ofensas, nos lise, salvaçãa^ign iflça^iatervÊIlçãü’, ou
vivificou juntamente com Cristo (pe “socorro”. Pense neste exemplo: quan
la graça sois salvos)”. Aleluia! O Deus, do os filhos de Israel estavam encurra
que é amor, é o nosso Deus Salvador. lados junto ao Mar Vermelho, o fato do
Senhor fazer com que as águas do mar
formassem duas paredes, e os hebreus
SALVAÇÃO - INICIATIVA passassem entre elas, foi uma interven
DE DEUS ção que causou livramento. Em primeiro
plano vê-se o socorro ou intervenção, e
A história bíblica da salvação ates em seguida o livramento. Portanto, en
ta que ela (a salvação) sempre foi ini tendemos que salvação compreende to-
3° trimestre de 2005 - 33
das as intervenções divinas em socor o plano de salvação. Hebreus, como to
ro e para o bem-estar do seu povo. Na da a Bíblia, fala da fragilidade dos agen
terceira parte desta lição, destacarei al tes usados por Deus nos tempos passa
gumas dentre as muitas conseqüências dos e da necessidade de um agente su
da salvação. premo, para que a salvação fosse mani
Esclarecemos acima que a salvação festada a todas as pessoas, necessidade
é sempre iniciativa de Deus. O primei esta concretizada em Jesus.
ro contato dos filhos de Israel foi com Deus fez uma derradeira e suficien
o Deus Salvador. O Senhor saiu em so te intervenção na história, num tempo
corro do seu povo e com mão forte e por ele mesmo planejado, o qual Pau
braço estendido agiu poderosamente lo chama de plenitude dos tempos (G1
na libertação daqueles hebreus escra 4.4). Neste tempo o Senhor se esva
vizados no Egito. Durante toda a his zia de sua glória espiritual e, na forma
tória de Israel, a salvação esteve sem de homem-servo, entra no tempo his
pre em relevo. Quando o povo deso tórico, ou seja, intervém na história da
bedecia, Deus, mediante o seu “muito humanidade para conceder o socorro
amor”, levantava juizes, livrava o povo que dc nenhuma outra forma podería
de nações opressoras, alimentava em mos alcançar.
tempos de necessidade, enfim, a ima Ele é tentado em tudo, mas não pe
gem do Deus salvador era muito forte ca, sofre, identifica-se com os humanos,
em Israel. Até mesmo quando não pare toma sobre si todos os nossos pecados
cia haver mais esperança, Deus prome e, em nosso lugar, morre numa cruz,
tia que haveria um remanescente fiel, vai ao lugar de corrupção (At 2.27-31),
por meio do qual o projeto da salvação é ressurreto pelo poder da ressurreição
seria levado adiante: “Também Isaías (Fp 3.10), e é restaurado à posição ini
clama acerca de Israel: Ainda que o cial (Fp 2.5-11). O mistério da salva
número dos filhos de Israel seja co ção (Rm 8.18-30) passa a ser entendi
mo a areia do mar, o remanescente é do como uma intervenção suprema, a
que será salvo. Porque ele completa única capaz de dar a concreta salvação
rá a obra e abrevia-la-á em justiça; a todos os que têm esperança. Segun
porque o Senhor fará breve a obra do Efésios 2.1-10, esta salvação é fru
sobre a terra” (Rm 9.27,28). to do incomum amor divino, amor este
reconhecido como graça salvadora ple
na (Rm 9.6-33).
JE S U S -A SUPREMA
MANIFESTAÇÃO DA SALVAÇÃO
HERDEIROS DA SALVAÇÃO
Recordemos duas lições já mencio
nadas. A primeira enfatiza a salvação co Romanos 8.24 afirma que é pela es
mo iniciativa de Deus e a segunda real perança que somos salvos. Romanos
ça a salvação como intervenção e socor 9.25-33 fala da universalidade da sal
ro. Segundo o autor de Hebreus, Deus vação quando Paulo evoca textos dos
usou vários agentes para levar adiante profetas Oséias e Isaías. Pessoas per
34 - Compromisso
guntam como os que viveram no tem mercadores da fé. Ao contrário, a nos
po do Antigo Testamento foram salvos. sa vitória não é algo superficial. Ela foi
Eles foram salvos pela esperança e por alcançada e doada a nós por um preço
depositarem fé nas intervenções salva que ninguém teria condições de pagar.
doras do Senhor na história de Israel, e Somos supervitoriosos devido à vitó
isto era extensivo tanto para Israel como ria de Cristo contra o império das tre
para o estrangeiro que passasse a crer vas e a morte.
no Deus de Israel. No tempo do Novo De Romanos 9 e Efésios 2 destaca
Testamento, Jesus, expressando o gran mos algumas outras heranças. Somos
de amor do Pai, estendeu a salvação pa filhos da aliança eterna. Recordemos
ra todos os povos. Efésios 2 declara que que, no Antigo Testamento, salvação,
Jesus foi o fator que ocasionou a que promessa, aliança e esperança andavam
bra da parede de separação entre judeus juntas. Isto acontece também conosco.
e gentios. Em Cristo não há mais sepa Somos herdeiros de uma promessa in
ração. Nele há um só povo formado por falível, formalizada por uma aliança su
todo aquele que nele crê e que se torna ficiente que nos dá a certeza da espe
herdeiro da salvação. Neste momento, rança da vida eterna (Rm 9.6-33). Te
em que escrevo, louvo a Deus por fazer mos uma relação interpessoal cristã ba
parte deste povo. Aleluia! Sou herdei seada no amor de Deus. Somos conci
ro da salvação. dadãos dos santos e família de Deus (Ef
Preciso falar, como prometi aci 2.19). Convido o leitor a descobrir e
ma, sobre algumas conseqüências da elencar outras bênçãos agregadas à vi
intervenção salvadora de Deus. De da dos herdeiros da salvação. Tudo is
acordo com Romanos 8.17, somos fi so se resume na nova vida que se inicia
lhos e herdeiros de Deus e co-herdei- aqui e há de se consumar no céu onde
ros com Cristo. Devido a esta sublime o nosso Deus Salvador nos aguarda pa
intervenção divina, nenhuma condena ra estarmos juntos por toda a eternida
ção há pesando sobre nós, pois Jesus as de. Mais uma vez e com santa emoção
assumiu por nós (Rm 8.1). Temos um exclamo: Louvado seja o nosso Deus-
novo padrão de vida que aponta para a Salvador.
restauração final daquela qualidade de
vida perdida com Adão e Eva. A par
tir da experiência salvadora, passamos CONCLUSÃO
a andar em Espírito, vencendo a incli
nação para a carne (Rm 8.1-13). Mais Como escrevi este estudo louvando
ainda, o Espírito testifica, e não nos dei ao Deus que, pelo seu muito amor, tor
xa esquecer que somos filhos de Deus nou-se o Salvador, desejamos concluí-
(Rm 8.16), e que algo glorioso nos es lo com um hino: “Salvação Jesus me dá,
tá reservado pela graça salvadora do com amor me guiará, para o céu me le
nosso amorável Deus (Rm 8.18). Ro vará, tu não queres a Cristo seguir? Cris
manos 8.37 afirma que “somos mais to Jesus, meu Salvador, vela por mim,
do que vencedores” . Ele não fala de vela por ti, Cristo Jesus, meu Salvador,
um triunfalismo barato pregado pelos tudo que é bom fará por ti”. Amém.
32 trimestre de 2005 - 35
DEUS é
21 de agosto
p s r d a a d a p
36 - Compromisso
No Antigo Testamento desenvolveu- que todos pecaram e destituídos estão
se o correto pensar de que só Deus tem o da glória de Deus” (Rm 3.23). Este ver
poder de perdoar pecado. Isto não foi um sículo precede a declaração do apóstolo
aprendizado fácil, uma vez que era ten que coloca o perdão junto ao ato reden
dência do ser humano (e ainda o é) trans tor de Cristo que, em sua paixão e res
ferir para o ritual (ofertas e sacrifícios) o surreição, gratuitamente nos justificou
poder de perdoar. Em muitos momentos, e nos remiu dos nossos pecados: “Sen
Israel olhava o sistema sacrifical como do justificados gratuitamente pela sua
sendo algo penitencial. Mas a diferença graça, pela redenção que há em Cris
entre o alívio circunstancial e a necessi to Jesus” (Rm 3.24). João, tendo em
dade de paz permanente fez a diferença. mente o modelo de sacrifícios no Anti
No Salmo 51 encontramos a dimensão go Testamento e o sacrifício de Jesus, é
correta do perdão. Nos versículos 1-4 o eloqüente ao afirmar que é o sangue de
salmista entende que todo pecado fere Jesus que nos purifica de todo o pecado
a santidade divina. Nos versículos 5-15 (1 Jo 1.7). O escritor aos Hebreus (9.11 -
há o reconhecimento das relações corta 15) dá-nos relevante orientação sobre a
das entre o ser humano e Deus e há uma supremacia do sacrifício de Cristo no
série de rogos por uma ação restaurado perdão dos pecados da humanidade, em
ra da parte de Deus. A seguir, nos versí detrimento de um sistema provisório de
culos 16 e 17 Davi faz a distinção entre sacrifícios que foi estabelecido no tem
ato meramente penitencial, por meio do po do Antigo Testamento.
oferecimento de sacrifícios, e o reconhe Ora, se o sistema de sacrifícios do
cimento de que os sacrifícios são meios tempo do Antigo Testamento com toda
externos de testemunhar algo maior, que a característica de transitoriedade pro
é a restauração espiritual entre ser huma duziu o correto pensar de Deus como
no e Deus, quando aquele entende que perdoador, quanto mais o sangue ima
somente este último tem o poder de per culado de Jesus. O sacrifício de Cris
doar pecado. to está atrelado ao amorável ato salva
Desta forma, creio que dá para en dor de Deus que, sabendo que o salá
tendermos que o ser humano feliz é rio do pecado é a morte e que estaría
aquele que consegue chegar ao enten mos eternamente desamparados, pro
dimento de que somente Deus é perdo- moveu-nos a singular oportunidade
ador: “Bem-aventurado aquele cuja de reflexão e entrega de vida ao único
transgressão é perdoada, e cujo pe Deus perdoador.
cado é coberto”. O Deus das páginas
do Antigo Testamento é o Deus per-
doador. EFEITOS DO PERDÃO DIVINO
3S trimestre de 2005 - 37
monstrar seus sentimentos. Sendo as (v. 11). Mesmo tentado a cometer pe
sim, não temos um modelo tipo bula cados voluntários, mesmo sabendo que
farmacêutica para padronizar as ações continua livre para escolher, o homem
do perdão de Deus. Mesmo assim, pre prefere Deus às velhas obras da carne
cisamos de alguns referenciais que au e se sente cada vez mais livre em Cris
xiliem no entendimento do perdão ati to para optar por ele (v. 12-23). Ro
vo e, para isto, devemos trabalhar no manos 7 apresenta um conflito, com o
campo do sentir, ou seja, há sentimen qual defrontamos também, que é entre
tos diversos que nos tomam quando o certo e o errado, o ser e o não ser, o
perdoados por Deus. Por exemplo, so fazer e o não fazer. Paulo o denomina
mos envolvidos por uma paz singular. conflito do espírito com a carne. Nu
Paulo diz que, “sendo justificados pe ma hora de crise comum a todos nós,
la fé, temos paz com Deus, por nosso o perdão faz a diferença, pois junto aos
Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Paz outros referenciais, acima citados, ele
não significa ausência de conflitos ou funciona como um agente de inibição
tribulações, mas é a tranqüilidade não para a volta ao pecado. Por isso, Pau
explicada pelo conhecimento humano lo começa Romanos 8 dizendo que não
quando estamos em meio às maiores há nenhuma condenação para os que
turbulências. Paulo chama isto da paz estão em Cristo, para aqueles que pe
que excede a todo o entendimento hu la força do perdão não cederam à ten
mano (Fp 4.7). Paz é um estado de har tação do pecado.
monia com Deus produzido pela certe
za de_que os nossos pecados foram per
doados e que temos a garantia da vida CONCLUSÃO
eterna. É a tranqüilidade de saber que
os nossos pecados não fazem mais se Na introdução a este estudo, fizemos
paração entre Deus e nós. Lembre que uma pergunta sobre o conceito de peca
Jesus tomou sobre si as nossas iniqtii- do em relação ao termo “esquecimento”
dades; o castigo que nos traz a paz es diante do texto de Jeremias 31.34. Vou
tava sobre ele (Is 53.5). ilustrar minha explicação. Quando me
Outro efeito que a Bíblia nos apre nino, eu corria muito pelas ruas do meu
senta é a libertação. E o que nos diz bairro e não raras vezes caía e chegava
Paulo em Romanos 6. Todo aquele que em casa com cortes profundos no corpo.
vive em pecado é escravo do pecado, Hoje olho as cicatrizes, lembro das que
mas quem é perdoado por Deus não es das, mas não sinto dor. Note isso: lem
tá mais sob o jugo do pecado. Nele há bro das quedas, mas não sinto dor. Por
um senso de liberdade humanamente quê? Porque está cicatrizado. O agente
inexplicável. Paulo chama isto de “no causador da dor já está curado, isto é,
vidade de vida” (Rm 6.4). O homem não tem mais efeito sobre mim. Quan
só se dá conta da liberdade verdadeira do aquilo que causa mal-estar no rela
quando se encontra com Deus. Ele ava cionamento entre o ser humano e Deus
lia todos os modelos sutis de escravi está curado, não há mais dor, e isto não
dão em que estava envolvido e se sente vem de nós; é proveniente de Deus, o
morto para o pecado e vivo para Deus Deus perdoador.
38 - Compromisso
28 de agosto
DEUS é
galardoador
Texto bíblico Texto áureo
1Coríntios 3; Hebreus 11; Apocalipse 7.21,22 Apocalipse 21.7
3Qtrimestre de 2005 - 39
Jó tem um dilema que quase o le espirituais pelo tempo de vida cristã, pro
vou ao limiar da incredulidade: por que vavam sua camalidade por meio das con
um homem que faz o bem é recompen tendas, invejas e dissensões (v. 2), bem co
sado com um mal súbito? Seu concei mo pelo fato de se gloriarem em líderes
to de recompensa era ligado à vida pre humanos (v. 9,10). Paulo aproveita esta si
sente. A pessoa boa recebe o bem, e a tuação para fazer uma exortação. Afirma
pessoa má recebe o mal. Quando Deus que o.galardão está atrelado ao trabalho e
resolveu este dilema, Jó foi de novo re não ao resultado. A recompensa auejvem
compensado, e “então morreu Jó ve de Deus é concedida em função da moti
lho e farto de dias” (42.17). vação c não dos resultados. O que planta
Duas palavras importantes. Primei e o que rega são um, e cada um receberá
ro o conceito de recompensa no “aqui 0 seu galardão devido ao trabalho desen
e agora” evoluiu para o conceito de re volvido. O Senhor não galardoará os seus
compensa futura. Nisto os profetas fo filhos pela quantidade de trabalho apre
ram importantes ao interpretar situações sentado, mas pela motivação com que de
que não tinham respostas terreais. Em senvolveram a missão. Isto c afirmado cm
segundo lugar, Deus sempre foi o agente 1Coríntios 3.10-15. Há pessoas que fazem
galardoador. Independentemente da vi a obra do Senhor relaxadamente. Outros a
são presente ou futura da vida, Deus gra desenvolvem com um amor inspirador. Os
ciosamente honra os que têm fé. primeiros edificam uma construção com
Todos os exemplos dados em He madeira, feno e palha, ao passo que os ou
breus 11 assinalam a graça galardoado- tros edificam com ouro, prata e pedras pre
ra do Senhor. Abel, por ser justo, alcan ciosas. Todos .passaram pelo teste do fo
çou testemunho divino, o mesmo acon go. Quem teve a motivação correta verá a
tecendo com Enoque. Moisés resolveu sua obra intacta e receberá galardão. En
deixar os tesouros do Egito, pois tinha tretanto, quem teve motivação errada ve
em vista a recompensa (v. 26). Nestes e rá sua obra destruída e só por um ato da
nos demais casos Deus é graciosamente graça de Deus é que seiá salvo. Em tudo
reconhecido como galardoador. isto vemos a perfeita justiça de Deus em
galardoar. A junção de galardão e justiça é
declarada em Apocalipse: “E, eis que ce
A RECOMPENSA QUE do venho, e o meu galardão está comi
VEM DE DEUS (ICo 3.1-8) go, para dar a cada um segundo a sua
obra” (22.12). Portanto, o galardão em
O versículo 8 de ICoríntios 3 diz: seu aspecto positivo é uma recompensa
“Ora, o que planta e o que rega são justa que é do Deus justo (“meu galar
um, mas cada um receberá o seu ga dão”), e que será distribuída por ele.
lardão segundo o seu trabalho”. Preci
samos ver o que culminou com esta afir
mativa do apóstolo Paulo. Note que Paulo O GALARDÃO
está falando sobre a imaturidade dos co- EA CULPA (Ap 21.1-8)
ríntios cristãos. Eles são chamados de car
nais, ou seja, pessoas movidas pelos im Dissemos, no parágrafo acima, que
pulsos humanos. Eles, que deveriam ser há um aspecto negativo do galardão.
40 - Compromisso
Ora, se entendemos galardão como re rença entre os que têm mais ou menos
compensa e aceitamos a idéia que sa galardão. O texto fala de vestes brancas
lário também é recompensa, não nos é e palmas nas mãos. Diz também de um
difícil entender que o galardão do pe retumbante louvor que leva todos os se
cado é a morte. Esta é, segundo enten res celestiais à adoração (v. 9-12). Veste
demos, a dimensão negativa do galar branca é símbolo de purificação, ou me
dão ou, de outra forma, este é o galar lhor, de ausência de contaminação. Os
dão negativo. glorificados optaram por levar uma vi
Apocalipse 21.1-8 destaca os dois da santa, sem a qual ninguém verá o Se
aspectos. O que tem as palavras fiéis e nhor (Hb 12.14). Isto nos permite fazer
verdadeiras, o Alfa e o Ômega, aquele uma inferência. Se Jesus, no tempo de
que dá gratuitamente a água viva, este vida na terra, foi tentado em tudo e não
Deus perfeitamente justo há de galardo pecou, se a meta da vida cristã é a iden
ar positivamente aqueles que creram ne tificação com Cristo, creio que galardão
le e, mediante a correta motivação, rea não significa ter algum ganho na vida
lizaram a missão que lhes fora confiada. eterna com Deus. Creio que a recompen
Com o mesmo senso de justiça, ele fará sa dos salvos será a identificação com
distinção entre esses cristãos e aqueles Jesus. Se Jesus é o padrão de santidade,
que com motivações carnais fizeram sua e uma vez que santidade é o oposto de
obra. Os que amaram o pecado também contaminação, aqueles que foram apro
terão galardão. Quem são estes? Apoca vados na “escola da santificação” rece
lipse 21.8 os chama de indecisos, incré berão a recompensa por porfiarem pela
dulos poluídos por crenças que ferem a identificação com o Senhor Jesus.
santidade de Deus. Acrescenta-se a es
ta relação os homicidas, os que amam a
feitiçaria e os que se desviam da verda CONCLUSÃO
de, amando a mentira em todas as suas
dimensões. O galardão destes e de to Deus é galardoador. Para nós, huma
dos os que negam a fé é o lago que arde nos, que vivemos sob a influência do pe
com fogo e enxofre, que é a morte eter cado e diante do perigo da contamina
na. Reafirmo que, aqueles que tiveram ção, o constante saber e sentir da pre
os pecados perdoados e a culpa cance sença do Senhor é fator de renúncia em
lada, seu galardão é estar no céu eterna função da identificação com ele.
mente com o Senhor. Ao dizer a Abraão que seria grandís
simo o seu galardão, Deus fez com que
mergulhasse na sua transcendência, ca
A RECOMPENSA DOS minhasse com ele e tivesse como meta
SALVOS (Ap 7.9-17) a sua perfeição. Ter a presença do Se
nhor e poder se identificar com ele, pe
A última frase do parágrafo ante la comunhão profunda, foi o galardão
rior é confirmada no texto de Apocalip de Abraão. Dar a garantia da sua pre
se 7.9-17, que fala da visão dos márti sença, renovar suas promessas e enchê-
res glorificados. A Bíblia não nos afirma lo de inspiração foi obra do Deus ga
como será o galardão e o que fará dife lardoador.
3o trimestre de 2005 - 41
4 de setembro
42 - Compromisso
vo que contemplara as maravilhas do COM O DEVEMOS ESPERAR
Senhor, que com mão forte e braço es POR DEUS (2Pe 3.10-18)
tendido o tirou do Egito, não parava de
murmurar ao primeiro sinal de insatis Diferente dos falsos mestres, ho
fação. Israel chegou a forjar para si um mens incrédulos que, para satisfazer
bezerro de ouro em plena afronta ao as suas teorias, distorciam as promes
Senhor, tornando-se alvo do desprazer sas do Senhor, o cristão deve estar aten
divino. Moisés intercede pela longani to à inesperada vinda do Senhor: “Virá,
midade de Deus. Deus, que é pacien pois, como ladrão o dia do Senhor”
te, afirma que não vai deserdar o povo (v. 10). A expectativa deve envolver a
e, como prova disto, restaura a aliança santificação, a piedade (v. 11), e uma
quebrada e promete fazer coisas maio ação dinâmica: “aguardando e dese
res ainda (Ex 33.10). Deus é longâni- jando ardentemente a vinda do dia
mo. Ele sabe que a nossa formação es de Deus” (v. 12), isto é, estar em har
piritual não acontece como algo mági monia com o ideal de Deus de conver
co. A educação religiosa é processual. são do maior número possível de pes
Para se conhecer a realidade espiritual, soas. Assim, é ordenado ao cristão que
é preciso muita comunhão com Deus, participe da longanimidade divina: “e
o que leva o cristão a passar por um tende por salvação a longanimida
longo e permanente processo de que de de nosso Senhor” (v. 15), apressan
brantamento. Como tenho dito, não é do a vida do Senhor mediante a procla
algo que acontece da noite para o dia, mação do evangelho. Junta-se ao fato
daí a necessidade da paciência huma do cristão ser exortado ao cuidado de
na e do entendimento da paciência do si o ter atitudes, a fim de ser achado em
Deus que espera. O Senhor acredita na paz, imaculado e irrepreensível quando
mudança do ser humano. Daí a sua lon Cristo se manifestar em sua derradeira
ganimidade. vinda (v. 14).
O texto de 2Pedro 3.1-9 fala dos fal O crescimento na graça e no conhe
sos mestres que argumentavam de for cimento do Senhor Jesus (v. 18) é im
ma errada sobre a segunda vinda de Je prescindível para aquele que espera pelo
sus. Diziam eles que nada mudou des Senhor. As pressões e tentações aconte
de os dias da criação e que não have cerão. Insubordinados mestres com en
ria julgamento (v. 4). Contradizendo- sinos atraentes e sutis tentarão fazer com
os, Pedro afirma que o dia do juízo ain que venhamos a cair da fé (v. 17). Mas
da não aconteceu porque Deus é longâ- aquele que está firme no Senhor não se
nimo. Ele está dando tempo para que deixa iludir, pois está atento às orienta
todos se arrependam, pois é seu dese ções preventivas que são dadas.
jo que ninguém se perca. Pedro afir
ma que Deus é fiel àquilo que prome
teu fazer mas, antes de tudo, é fiel ao A FIRM EZA NA ESPERA PELO
seu amor. Por amar o pecador, dá opor DIA DO SENHOR (IC o 15.50-58)
tunidades para que se converta. Ele é o
Deus que espera, o Deus das misericór Pedro falou de pessoas que detur
dias que se renovam. pavam o ensino paulino, induzindo ou
3Qtrimestre de 2005 - 43
tros ao erro mas, acima de tudo, fazen to maior deve ser a nossa intensidade na
do distorções que levariam a si mesmos obra do Senhor.
à destruição. Em momento algum Pau O cristão tem duas certezas em espe
lo falou contrário à vinda de Cristo ou cial. A primeira é a certeza de que, quan
deixou margem para falsas suposições. do Cristo se manifestar, num momento,
Paulo vivia uma grande e positiva ansie num piscar de olhos, os fiéis serão trans
dade pela volta do Senhor. Em lTessalo- formados (ICo 15.51,52). O que é cor
nicenses 5.1-11 ele ensina sobre a vigi ruptível receberá a incorruptibilidade, e
lância, diante da repentina volta do Se o que é mortal será revestido da imorta
nhor, o qual surpreenderá a muitos, se lidade (v. 53), e estará eternamente com
jam cristãos ou não. Quando as pessoas o Senhor. A segunda ccrteza é a de que
disserem que há segurança e paz, quan agora, em vida, a morte não mais tem
do estiverem distraídas com as coisas da domínio sobre ele. Na certeza da fé pode
vida (lT s 5.3), o Senhor se manifesta declarar: “Onde está, ó morte, a tua vi
rá para emitir juízo e justiça. Os filhos tória? Onde está, ó morte, o teu agui
da luz, chamados por Paulo de “nós que lhão?... Mas graças a Deus que nos dá
somos do dia” (lTs 5.8), revestem-se da a vitória por nosso Senhor Jesus Cris
couraça da fé e do amor, tomam o capa to” (v. 55-57).
cete da salvação e esperam a manifesta
ção do Senhor.
Com esta visão límpida da vinda do CONCLUSÃO
Senhor, Paulo entende que, em sua lon
ganimidade, Deus quer o firme trabalho Infelizmente muitos não estão dan
cristão a fim de que muitos se salvem: do a devida atenção à volta de Jesus. Por
“Portanto, meus amados irmãos, sede isso há, entre nós, muitos enfermos na
firmes e constantes, sempre abundan fé. A igreja precisa dar atenção à volta
tes na obra do Senhor, sabendo que o de Jesus, ao contrário de ficar pregando
vosso trabalho não é vão no Senhor” um triunfalismo falso e uma prosperida
(ICo 15.58). Diante dos falsos ensinos, de insípida voltados para o tempo pre
diz Paulo a todos nós: sejam firmes, não sente. Igreja, esteja alerta, pois quando
esmoreçam em sua fé, não se deixem se estiverem pregando paz e prosperidade
duzir por quem têm o salário do pecado sem conteúdo de fé, o Senhor se mani
assegurado. Firmeza exige constância, festará. Prepare-se, pois, num piscar de
isto é, não se deixar abalar por quais olhos, os céus se abrirão, e o Senhor se
quer circunstâncias. Os que são segu manifestará em glória. Só os que acre
ros e inabaláveis não são estáticos. Ao ditaram na longanimidade do Senhor,
contrário, são abundantes na obra do Se que aceitaram o Salvador Jesus, que se
nhor. Os ímpios são abundantes na obra lançaram incansavelmente na tarefa de
do diabo. Eles desperdiçam energia em comunicar o evangelho salvador, só os
fazendo o mal a si mesmos e aos ou que forem firmes, constantes e abundan
tros. Os cristãos devem ser muito mais tes, somente estes passarão pela porta
abundantes do que o ímpio. Ora, se eles estreita, e estaremos eternamente com
são intensos em sua obra maligna, mui o Senhor.
44 - Compromisso
11 de setembro
DEUS
Texto bíblico Texto áureo
Salmo 76; Romanos 1 e 2 Romanos 1.17
A justiça divina é tema normativo na tem em especial duas vertentes entre ou
Bíblia Sagrada. A partir de sua nature tras possíveis. A primeira aponta para a
za imaculada, Deus sempre desejou que excelência moral de Deus. Por exemplo,
os seres humanos tivessem uma relação quando o salmista declara que o Senhor
interpessoal sadia, em que deveria pre é justo (119.137), dá ênfase à perfeição
valecer o respeito mútuo a partir do re moral do Senhor. Ju stiç ai sinônimo de
conhecimento do direito de cada um. A reiidão. Deus é reto, perfeitamente re
Bíblia é a carta magna de toda a huma to. Os exemplos do nosso mundo são
nidade. Os preceitos retos, invariáveis e insuficientes para expressar a sublimi
santos estão nela para dar sentido à vida. dade da retidão divina. Um profissional
Como você conceitua justiça e de que pode fazer com que uma determinada
forma aplica tal conceito a Deus e a so superfície pareça reta a olho nu. Entre
ciedade? Junto a isto, responda: como a tanto, por melhor que seja o trabalho do
igreja tem encarado esta questão, ou se profissional, colocando aquela superfí
ja, ela tem se preocupado em cultivar a cie aplainada diante de um equipamen
justiça interna e externamente? to que possa aumentar em muito o grau
de visibilidade, certamente algumas on
dulações aparecerão. Com Deus é di
O DEUS JUSTO (SI 76) ferente. Ninguém jamais verá alguma
“ondulação” (marca, mácula, erro etc.)
Nas páginas do Antigo Testamento, no caráter dele. Se os termos excelên
o termo justiça, ao ser aplicado a Deus, cia e perfeição podem nos dizer algu-
3Qtrimestre de 2005 - 45
ma coisa que vai além do natural, então vência cristã maculam o ideal divino da
tais termos são aplicados ao Deus justo comunhão. A igreja precisa urgentemen
com pertinência. te rever suas atitudes. Precisa reler sobre
A segunda vertente, que é conseqüên a justiça divina e sobre os ideais do Se
cia desta primeira, aponta para ajçtidão nhor na relação interpessoal cristã. Se a
.de conduta. O salmista afirma que “Por igreja não se repensar em regime de ur
que o Senhor é justo, e ama a justiça; gência, urgentíssima, sua relevância no
o seu rosto está voltado para os retos” mundo tenderá a se extinguir.
(SI 11.7). O Salmo 76 fala da majesta O Deus justo requer obediência ir
de e glória do Senhor, ao mesmo tempo restrita e moralidade excelente. Roma
em que celebra a sua justiça em livrar nos 1.16,17 afirma que o evangelho re
Jerusalém de uma ação planejada pelos vela a justiça de Deus, a qual é aquies
imperialistas e opressores assírios. (O cida de fé em fé. Ao mesmo tempo afir
império assírio foi um dos mais violen ma que o evangelho é o poder de Deus
tos e injustos da história da humanida para a salvação. O evangelho é o úni
de e dominou o mundo conhecido de en co poder capaz de causar transforma
tão por cerca de 500 anos, vindo a ruir ção moral no indivíduo. Nada pode fa
,no ano 614 a.C.). O salmista entendeu zer o que o evangelho faz. O cristão ver
que o Deus da excelência moral só po dadeiro é aquele que, pela obediência ir
de ter uma conduta também excelente. É restrita ao Senhor, se lança à tarefa de
o mesmo que dizer que o Senhor é reto cultivar uma moralidade que prima pe
em si e correto em suas atitudes. Acres la excelência. É bom que se diga que a
centamos também o fato de o Senhor ter excelência divina é a meta. E impossí
o seu rosto voltado para os que amam a vel que o ser humano chegue à perfei
justiça. Isto aponta para o ideal divino ção do Todo-Poderoso. Entretanto, fi
de retidão na relação que os seres huma tando os olhos em Jesus, como Paulo
nos desejam manter com ele e da retidão orienta os filipenses, “naquela medida
ou justiça na relação interpessoal. Por da perfeição a que já chegamos, nela
tanto, de acordo com a Bíblia, Deus é prossigamos” (3.16).
perfeitamente reto em si, e perfeitamen A obediência da fé (Rm 1.5), à qual
te correto em tudo o que faz. fomos chamados, não é uma obediên
cia cega. Ao contrário, é uma obediên
cia que vem por meio da comunhão com
O DEUS JUSTO REQUER Deus, o que conduz a pessoa a exami
OBEDIÊNCIA IRRESTRITA E nar as Escrituras, ver e rever suas atitu
MORALIDADE EXCELENTE des, analisar todas as coisas e reter aque
(Rm 1.5; 26-2.16) las que edificam. Os que desprezam o
conhecimento existencial de Deus an
Deus sempre desejou que as pessoas, dam nos caminhos da depravação mo
fossem retas em suas atitudes. As injus ral e são entregues pelo Senhor à dis
tiças que são cometidas em igrejas que posição mental reprovável deles (Rm
se levantam contra seus líderes espiri 1.26,28). Não há desculpas para eles
tuais, atitudes pecaminosas, outras que (Rm 2.1). Os injustos declarados bem
norteiam e ferem o princípio da convi como aqueles que encobrem suas injus-
46 - Compromisso
tiças, julgando os atos errados dos ou Paulo afirma que Deus não cometerá
tros, todos eles receberão o prêmio da nenhum ato que deixe qualquer sombra
injustiça. Os que perseveraram em fa de injustiça. Sua ira, seus juízos e puni
zer o bem, isto é, os que primaram por ções são corretos, conforme temos estu
se identificarem com a justiça divina re dado. Assim, pessoas que negam o co
ceberão o prêmio da justiça. Obediência nhecimento da verdade e mudam a gló
e moralidade excelente são inalienáveis ria do Deus incorruptível em semelhan
na verdadeira vida de fé. ça da imagem de homens, aves, animais
e quaisquer outras coisas, que são cor
ruptíveis, tornam-se indesculpáveis e
O DEUS JUSTO REQUER haverão de provar de sua própria injus
HONRADEZ E FIDELIDADE tiça (v. 21-26).
(Rm 1.18-25) Desta forma, aqueles que, sob a ca
pa do cristianismo, praticam atos de in
A injustiça, ou seja, pensamentos justiça receberão o galardão da injusti
e ações que contrariam a retidão divi ça, ao passo que os que com fidelidade
na, muitas vezes chega à igreja de mo honraram o justo Senhor, estes terão o
do sutil e sedutor. É alarmante o núme prêmio da retidão.
ro de grupos que dizem ser igrejas e que
não trabalham a transformação moral do
indivíduo nem da sociedade. Tal qual CONCLUSÃO
acontecia entre os romanos (1.18-27),
nossa sociedade tem perdido sistemati Como temos visto, Deus é_cet o
camente os seus referenciais de morali no caráter e correto nas atitudes. Em
dade e retidão. Pior que isto, igrejas que Deuteronômio há a seguinte declaração:
deveriam ser coluna e esteio da verda “Ele é a rocha; suas obras são perfeitas,
de, agora, movidas pelo mercantilismo porque todos os seus caminhos são
da fé, deixam-se seduzir pelos, muitas justos; Deus é fiel e sem iniqüidade;
vezes, sutis padrões moralmente frou justo e reto é ele” (Dt 32.4). Seu senso
xos da sociedade, e criam um tipo tam de justiça vai muito além daquilo que
bém frouxo de fé, onde impera o “va o entendimento humano consegue
le tudo”. São igrejas que, idênticas ao alcançar. Ejenunca pratica-atos-defustiça-^
mundo corrompido, “trocaram a ver isolados do_sen amnr_mcandicinnal.
dade de Deus pela mentira, e adora Sua justiça é disciplinadora|. retríhutiva
ram e serviram à criatura antes que e restauradora. Exceto àqueles que
ao Criador” (v. 25). Padrões injustos pecam de modo irreversível, ou seja,
dc pensamento e comportamento não os indesculpáveis do texto bíblico
são aceitáveis no universo da verdadei estudado, sempre que a justiça divina
ra fé. Quem assim age fere a justiça di se m anifestar como castigo, a meta
vina e se torna alvo da sua justa retri ,será a restauração, pois a retribuição
buição: “Pois do céu é revelada a ira e a disciplina visam exatamente isto.
de Deus contra toda a impiedade e in A final de contas, o Deus Santo e
justiça dos homens que detêm a ver Salvador ama a quem castiga e castiga
dade em injustiça” (v. 18). a quem ama.
3Qtrimestre de 2005 - 47
18 de setembro
Deus é
CONSOLADO a
Texto bíblico Texto áureo
João 14-16 João 14.26
A cada dia mais, somos convenci demais rígido e cruel. Quem pensa as
dos de que a fé em Deus além de con sim não conhece o Deus da Bíblia, ou
duzir a pessoa à cura espiritual, também tem uma visão equivocada dele. Desde
a conduz nas dimensões mental e físi Gênesis vemos um Deus sempre pron
ca. Deus se preocupa com o ser humano to a perdoar. Um Deus que, em função
nos aspectos espiritual, mental e físico. do seu muito amor, deixa-se misteriosa
Em tempo de lutas e perturbações, pre mente mover pela oração do justo (Ez
cisamos de consolo espiritual e mental. 22.30; Ex 3.3.12-17), compadece-se dos
O Deus verdadeiro e justo, em todos os filhos que erram e consola os abatidos
seus caminhos, é o Deus que amoravel- de alma. O profeta Isaías conclama com
mente toma-nos nos braços e nos conso vigor a terra a celebrar o Deus consola
la nos tempos de aflição. Você tem sen dor, dizendo: “Cantai, ó céus, e exulta,
tido o consolo divino? Antes de se lan ó terra, e vós, montes, estalai de júbi
çar ao estudo desta lição, você pode re lo, porque o Senhor consolou o seu po
cordar e compartilhar alguma experiên vo, e se compadeceu dos seus aflitos”
cia significativa que teve ou está tendo (Is 49.13). O salmista declara que a lem
com o Deus consolador? brança dos justos juízos faz com que se
sinta consolado: “Lembro-me dos teus
juízos antigos, ó Senhor, e assim me
O DEUS QUE HABITA E consolo” (SI 119.52).
ESTÁ EM NÓS (Jo 14.15-19) No Novo Testamento, em especial
no texto desta lição, encontramos Jesus
Há pessoas que ainda nutrem o pen fazendo a seguinte promessa: “E eu
sar que o Deus das Escrituras, princi rogarei ao Pai, e ele vos dará outro
palmente no Antigo Testamento, era por Consolador, para que fique convosco
48 - Compromisso
para sempre”. Ao usar a palavra “ou para o céu, para preparar lugar para os
tro”, quer dizer “alguém além de mim, seus, mas que não os deixaria sem a pre
mas como eu”, isto é, “outro do mes sença do Consolador que viria da parte
mo tipo”. Jesus desenvolveu o ministé do Pai, ato contínuo à sua ascensão. Os
rio do consolo. Aos cansados e sobre discípulos não ficariam órfãos (v. 18).
carregados, ele convida dizendo: “Vin O Senhor os conforta e consola dizen
de a mim, todos os que estais cansa do-lhes que teriam uma viva experiên
dos e oprimidos, e eu vos aliviarei” cia de fé, por meio da qual adquiririam
(Mt 11.28). O Consolador a ser envia a plena certeza de que o Deus vivo es
do por Deus iria substituir Jesus que es taria diariamente ao lado deles (v. 19).
tava prestes a encerrar o ministério sal Ao mesmo tempo, Jesus reafirma que a
vador encarnado na forma humana. O missão de conforto e consolo é restriti
Consolador estaria conosco para sem va. Isto é, ela será recebida por aqueles
pre, encorajando, dando forças, socor que amam a Deus e guardam a sua Pa
rendo, convencendo etc. Uma vez que lavra. A estes, Jesus, na forma do Espí
a palavra grega para Consolador apon rito Consolador, se manifestará (v. 21).
ta para alguém “chamado ou designado” Na certeza confortadora de que em es
para estar “ao lado de”, este outro Con pírito, ou na pessoa do Espírito Santo
solador não é ninguém mais, ninguém (v. 17), Jesus estaria com eles, residia
menos que o Deus que habita e está em na experiência de que as palavras de Je
nós. Esta conclusão vem pela fé. E uma sus estariam sendo confirmadas em su
promessa feita aos cristãos. Isto porque as vidas. Isto pelo fato do Espírito San
o Consolador por vir é “O Espírito de to “que o Pai enviará em meu nome,
verdade que o mundo não pode rece esse vos ensinará todas as coisas, e vos
ber, porque não o vê nem o conhece; fará lembrar de tudo quanto vos te
mas vós o conheceis, porque habita nho dito” (v. 26).
convosco, e está em vós” (v. 17). Ale Os discípulos estavam sendo cons
luia! O Consolador habita em nós e es cientizados de que a paixão de Cristo
tará conosco para sempre. não seria a frustração da esperança, mas
o caminho da inequívoca, surpreenden
te e retumbante vitória sobre o pecado
O DEUS QUE CONSOLA e a morte. Atentemos para o fato de ter
E CONFORTA (Jo 14.25-27) mos hoje a história completa da paixão
e da vitória de Cristo, mas os discípulos
Os discípulos estavam entristeci estavam vivendo a história que hoje te
dos, pois tinham acabado de ouvir uma mos completo conhecimento. Para eles
palavra de Jesus sobre traição, separa que estavam vivendo um momento som
ção e negação (Jo 13). De modo con brio e de iminente perda, para eles que
solador, conhecendo-lhes o ânimo, Je- precisavam de uma palavra de consolo
sus lhes diz: “Não se turbe o vosso co e conforto, para eles que não deveriam
ração” (Jo 14.1). Como vimos no item se perder no emaranhado de idéias sem
;interior, Jesus informa a eles que iria sentido que poderiam surgir, Jesus dei
32 trimestre de 2005 - 49
xa algo que os consolaria e organizaria ças para desprezar a afronta, suportar a
suas mentes nas dimensões física e es cruz e se tornar vencedor. Esta alegria
piritual: “Deixo-vos a paz, a minha paz é inexplicável ao homem natural. Só o
vos dou: não vo-la dou como o mun espiritual é que a conhece e a tem. A
do a dá. Não se turbe o vosso coração, dor do parto é grande, mas a alegria de
nem se atemorize” (v. 27). dar à luz suplanta a dor e dá ânimo à
mãe (v. 21). Jesus termina dizendo que
“a vossa alegria ninguém vo-la tira
O DEUS QUE TRAZ ALEGRI A rá” (v. 22).
E PAZ (Jo 16.22,33) O segundo sentimento a que Jesus
faz menção é a paz. Em Filipenses 4.7,
Jesus sempre foi realista em seus Paulo fala da paz que excede todo o en
ensinos. Diferente daqueles que fanta tendimento. Jesus acalma os discípulos,
siam a vocação para o serviço cristão, dizendo da ação do Espírito Santo so
Jesus coloca os discípulos frente a fren bre eles, a fim de que tivessem paz. Este
te com os dissabores do ministério cris sentimento os abrandaria, os livraria das
tão (Jo 16.1,2). Os discípulos não deve confusões mentais e os deixaria em con
riam se escandalizar, isto é, tropeçar ou dições de refletir sobre as dimensões so
perder a coragem diante dos sofrimen brenaturais da fé e vida cristã. Em suma,
tos. No versículo 33 é dito que no mun o Consolador daria a eles alegria e paz
do teriam aflições. Seriam perseguidos, em meio às maiores adversidades.
expulsos das sinagogas e poderiam per
der a vida. Creio que isto era apavoran
te para os doze. Entretanto, Jesus lhes CONCLUSÃO
renova a promessa do Consolador. Es
te iria ensinar aos discípulos a como Jesus termina estas orientações so
enfrentar as adversidades. Ao mesmo bre o Deus Consolador com uma palavra
tempo, Jesus lhes informa sobre dois de estímulo e um exemplo de vida. Ele
sentimentos que iriam ter em meio às orienta os seus a terem bom ânimo. Isto
aflições. Primeiro declara que teriam é, ensina-lhes a que mantenham o foco.
alegria. Alegria, neste caso, é mais que Jesus estava a dizer-lhes: não se deixem
um sentimento passageiro; é um estado administrar pela fúria das adversidades.
de alma permanente. Por mais parado Mantenham-se em pé, firmes, não esmo
xal que pudesse ser, o Espírito Conso reçam, pois eu venci o mundo.
lador concederia uma alegria inexpli Vem-me à mente uma parte da estrofe
cável a eles em meio às maiores prova de um hino que diz: “Quando opresso eu
ções, perseguições e tentações. Jesus, me sinto sob um peso esmagador, é Jesus
segundo o escritor aos Hebreus, foi o o amigo que eu quero ter”. Sim, ele é o
exemplo deste paradoxo da alegria. Ha nosso amigo, o nosso maior amigo, Deus
via nele uma alegria muito grande ao Consolador em quem podemos confiar.
pensar em todos que iriam crer no seu Nele, somente nele, reside a nossa fonte
sacrifício. Nesta alegria ele reuniu for de manutenção do bom ânimo.
50 - Compromisso
25 de setembro
VIDA
Texto bíblico Texto áureo
Mateus 25; Apocalipse 22 Apocalipse 22.14
Na lição inicial deste trimestre, estu terra. Era muito difícil para Israel bem
damos o conceito de “Deus vivo e eter como para os povos da época pensarem
no”. Nesta última lição, estudaremos o em algo além da vida aqui na terra, devi
tema “Deus é vida eterna”. Como tem do à visão concreta da vida. Tanto é que,
sido feito, começaremos conceituando por não saberem lidar com a sobrenatu-
vida eterna no Antigo Testamento, de ralidade da vida, o primeiro conceito de
pois iremos ao Novo Testamento para lugar dos mortos (sheol) era indistinto,
ver o desenvolvimento do conceito em ou seja, todos os que morrem vão pa
estudo, à luz dos ensinos escatológicos ra lá, e isto era algo em que os hebreus
de Jesus. Inicialmente tente responder às não concentravam atenção. Outro exem
seguintes perguntas: Como se entendia o plo disto é que Deus, mesmo sendo eter
conceito de vida eterna no Antigo Testa no, era conhecido por seus atos concre
mento? Que implicações há em tal con tos. Conceitos de vida de Deus, o Deus
ceito segundo os ensinos de Jesus? presente, o Deus que age eram mais re
levantes porque eram manifestos, toca
dos e sentidos. A história da relação en
DEUS É VIDA ETERNA tre Israel e Deus se dá num mundo cheio
de ações concretas. A eternidade era um
Encontramos no Antigo Testamento mistério que ia muito além da capacida
tuna teologia em desenvolvimento. No de de entendimento do povo.
locante à vida futura, há dois momen- No segundo momento, começa a
los em especial. O primeiro está atrelado ser delineada a concepção de uma vida
>io desenvolvimento do reino de Deus na organizada após a morte, e os profetas
3Qtrimestre de 2005 - 51
foram de grande relevância reinterpre- são histórica, já estava bem estabeleci
tando a ação de Deus da história. Havia do, e dois modos de pensar eram bási
promessas que não se cumpriam na vi cos nesta escatologia: julgamento divi
da presente, bem como palavras de bên no e universalidade do governo de Deus.
çãos ou castigo que também não se cum O conceito de Deus nacional, cultivado
priam. Isto trazia certo grau de questio durante séculos por Israel, dá lugar, na
namento para Israel. Daí, os profetas, nova interpretação profética, ao concei
iluminados por Deus, fizeram re-estu- to de um Deus soberano sobre todas as
dos sobre ações e intervenções divinas nações. Jesus, em seu sermão profético-
e viram que a história, como eles co escatológico (Mt 24 e 25), fala do po
nheciam, não era suficiente para con der divino de emitir juízo sobre todos os
ter algo tão grande (ver “céus novos e povos: “Quando, pois vier o Filho do
nova terra” em Isaías 65.17). Somen homem na sua glória, e todos os an
te a eternidade poderia conter a pleni jos com ele, então se assentará no tro
tude das palavras divinas. Com isto, to no da sua glória; e diante dele serão
ma forma definitiva o conceito do Deus reunidas todas as nações”. Como Se
Eterno que dá vida eterna. Portanto, em nhor da história e como Senhor da vi
última análise, Deus ê vida eterna oor- da, depois da história, pode julgar to
que é eterno. dos os povos de todas as épocas. Ele é
o Deus que julga.
52 - Compromisso
Diante do conhecimento prévio dos que, diante de ensinos anteriores, ele
judeus sobre lugar de honra, lugar de de tem em mente a motivação correta pa
sonra e sobre o conceito de separação, ra se fazer boas obras. O que Jesus es
Jesus fala sobre o julgamento que oca tá a dizer é que boas obras não causam
sionará a instalação de um novo estado bom caráter, mas bom caráter sempre
de coisas: “e ele separará uns dos ou dá origem a boas obras. O julgamento
tros, como o pastor separa as ovelhas sábio e justo do Deus sábio, oniscien
dos cabritos; e porá as ovelhas à sua te e justo parte das motivações interio
direita, mas os cabritos à esquerda” res para os feitos exteriores.
(v. 32b,33). Em seu discurso, Jesus reafirma a
esperança da vida eterna para os que ti
veram o caráter mudado pela ação di
A ESPERANÇA DA VIDA nâmica do Espírito Santo, e a existên
ETERNA E A EXISTÊNCIA DA cia da morte eterna para os incrédulos,
MORTE ETERNA (Mt 25.34-45) ou seja, aqueles que não permitiram que
o Espírito Santo transformasse sua vida
A palavra de ordem no sermão esca- à imagem e semelhança do caráter di
lológico de Jesus é “vigilância”. Isto é vino. A estes últimos estão reservadas
ilustrado nas parábolas da figueira (Mt as trevas exteriores: “E irão eles para
24.32-44), do bom e do mau servo (v. o castigo eterno, mas os justos para a
I >-51), das dez virgens (Mt 25.1-13) e vida eterna” (v. 46).
dos talentos (v. 14-30). Acrescente-se
também que, em suas palavras exorta-
t ivas sobre o juízo final, Jesus faz men- CONCLUSÃO
i, no de boas obras (alimentar os famin
tos e sedentos, hospitalidade, vestir o Deus é vida eterna e, por ser as
despido e visitar os enfermos). Isto foi sim, todo aquele que nele crer tem a vi
r niida é conflitante para pessoas que da eterna. Meu desejo é que, após estes
adiam que Jesus está enfatizando as estudos, tenha havido um verdadeiro
boas obras como um fim em si mes processo de transformação e confirma
mas, Entretanto, se tomarmos os en- ção de fé na vida do leitor. De uma for
»iu>s de Jesus dentro de um contex ma ou de outra, todas as lições estuda
to maior, veremos que tudo o que fa das apontam para o passado (o que Deus
ia la/, sentido. Por exemplo, no Ser fez), para o presente (o que Deus está fa
mão do Monte (Mt 5-7) Jesus salien- zendo) e para o futuro (o que Deus fa
in essencialmente o caráter do discí rá). Assim, com base nos relatos teste
pulo cristão. Isto é enfatizado em to- munhais das Sagradas Escrituras, per
du.N os seus ensinos. O caráter modifj- mitamos que o “Deus que É” seja tudo
Bido faz com que as obras seiam relç- em nós. Consintamos que ele molde o
latilc.s, c obras relevantes apontam pa- nosso caráter à imagem e semelhança
fliiiáter aperfeiçoado. Aplicando isto do seu, santificando e justificando nos
§p ir\|o em estudo que fala sobre jul- sa vida. Somente desta forma estaremos
yaniriito, quando Jesus discursa e en- eternamente com o Deus que é vida pre
síím sobre boas e más obras, claro é sente e eterna. Amém.
3Qtrimestre de 2005 - 53