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INSTITUTOS REFENTE À PENA NO BRASIL

1. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – SURSIS (art. 77 a 82 do


CP)

1.1. Conceito e natureza: a doutrina brasileira não traz um conceito seguro,


porém, achamos alguns conceitos. Vejamos:

“suspensão condicional da pena é o ato pelo qual o juiz, condenando o


delinquente primário, não perigoso, à pena detentiva de curta duração,
suspende a execução da mesma, ficando o sentenciado em liberdade sob
determinadas condições” (Aníbal Bruno).

Ademais, Bitencourt afirma que o conceito correto seria suspensão condicional da


execução da pena e não suspensão da pena em si, já que esta é aplicada. Nessa linha, a
natureza jurídica, em que pese algumas discussões, é de direito público subjetivo,
inclusive de acordo com o STJ (6ª Turma, HC 158.842).

1.2. Requisitos para aplicação do sursis (art. 77 do CP):

A pena poderá ser suspensa de 2 a 4 anos, se o agente recebeu condenação que


não ultrapasse os 2 anos. Nessas hipóteses, se somarem os próximos requisitos, o agente
poderá receber a suspensão da pena.

Não reincidência em crime doloso;

Obs.: súmula 499 do STF: Não obsta à concessão do "sursis" condenação anterior
à pena de multa.

As circunstancias judiciais do art. 59 do CP indicarem a medida;

Não seja cabível ou recomendável as penas restritivas do direito – art; 44 do CP.

1.3. Espécies e requisitos:

a) sursis simples (art. 77 c/c 78, §1º do CP):


Atendidos os requisitos do art. 77, o agente fica submetido a período de prova de
2 a 4 anos.

No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art.


46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).

b) sursis especial (art. 77 c/c 78, §2º do CP):

Aplicado quando o agente repara o dano do delito, salvo a impossibilidade de fazê-


lo e se o agente tem as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. O beneficiado deverá,
ainda, se submeter às seguintes medidas:

a) proibição de frequentar determinados lugares;

b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;

c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e


justificar suas atividades.

c) sursis etário (77, §2º 1ª parte do CP):

Condenado maior de 70 anos independentemente de sua condição física.

A pena a ser suspensa não pode ser superior a 4 anos e o prazo de prova é de 4 a
6 anos.

d) sursis humanitário (77, §2º 2ª parte do CP):

Condenado que, por razoes de saúde, não pode ficar preso, independentemente de
sua idade. É utilizado para situações em que o condenado necessita de tratamento
impossível de ser realizado no regime prisional.

Assim como no sursis etário a pena a ser suspensa não pode ser superior a 4 anos
e o prazo de prova é de 4 a 6 anos.

Obs.: art. 16 da Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/98: “Art. 16. Nos crimes
previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.” Por se tratar de lei
especifica não há qualquer impedimento na aplicação do artigo 16 aos casos da Lei de
Crimes Ambientais.

1.4. Revogação:

a) Obrigatória (art. 81 do CP):

Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;

II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem


motivo justificado, a reparação do dano;

III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código.

I – trata-se de efeito automático, independentemente de manifestação do juiz;

II – a primeira parte, quanto à multa está tacitamente revogada pela Lei 9.268/96;
ademais, não reparando o dano, a revogação é obrigatória;

III – descumprir as obrigações de prestação de serviço à comunidade ou limitação


do fim de semana.

b) Facultativa (art. 81, §1º do CP):

§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer


outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo
ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.

I – pelo descumprimento de qualquer outra condição imposta previstas no


art. 78, §2º e 79 do CP;

II – quando o beneficiário é condenado, de maneira irrecorrível, por crime


culposo ou contravenção penal (art. 81, §1º do CP).

Obs.: já que o magistrado não tem o dever de revogar, o que ele pode fazer?

- pode revogar;
- advertir o réu;

- prorrogar o período de prova;

- enrijecer as medidas já impostas.

1.5. Extinção (art. 82 do CP):

Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação,


considera-se extinta a pena privativa de liberdade.

Cumpridas as obrigações impostas durante o período de prova, insta salientar que


a pena fica extinta.

ATENÇÃO: não confundir sursis, suspensão condicional da pena com o suspro,


suspensão condicional do processo.

Sursis – suspensão da pena Suspro – suspensão do processo


Aplicado após o processo Aplicado antes do processo
Aplicado em casos de condenações que Aplicado em casos de crimes cuja pena
não superem 2 anos mínima não ultrapasse 1 ano
Fixado com base na pena concreta Fixado com base na pena abstrata
Aplicado em casos da Lei Maria da Penha Não se aplica aos casos da Lei Maria da
e da Justiça Militar Penha e da Justiça Militar
Previsto no Código Penal Previsto na Lei dos Juizados Especiais
criminais

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença
do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo,
submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:

I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II - proibição de freqüentar determinados lugares;

III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem


autorização do Juiz;

IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente,


para informar e justificar suas atividades.

§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica


subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do
acusado.

§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o


beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo
justificado, a reparação do dano.

§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser


processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer
outra condição imposta.

§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a


punibilidade.

§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do


processo.

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o


processo prosseguirá em seus ulteriores termos.

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