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1.

12 Ligação em estrela dos enrolamentos de um transformador trifásico

Para ligar um enrolamento trifásico em estrela, reunem-se, num ponto neutro comum, ou os
inícios, deixando livres os fins, ou os seus três fins, deixando livres os inícios (Fig. 1.15(a)).

Seguindo um dos três circuitos formados pela estrela, por exemplo, o circuito (A  X ) -
(Y  B) , percorremos o enrolamento A, desde o seu início A até ao seu fim X e, o enrolamento
B, desde o seu fim Y até ao seu início B, ou seja, percorremos o enrolamento B em sentido
oposto ao do enrolamento A.
Neste caso, os valores instantâneos das f.e.m. compostas serão:

e AB  e A  e B (1.10)

eBC  eB  eC (1.11)

eCA  eC  e A (1.12)

Fig.1.15 Diagramas vectoriais da f.e.m. quando se efectua a ligação em estrela de um


enrolamento trifásico.
Substituindo as expressões das f.e.m. das fases nas expressões 1.10, 1.11 e 1.12, obtemos:
2
e AB  e A  eB  Em1sent  Em3 sen3t  Em5 sen5t  Em7 sen7  Em1sen(t  )
3
4 2 
 Em3 sen3t  Em5 sen(5t  )  Em7 sen(7t  )  3 Em1 sen(t  ) 
3 3 6

 3 Em5 sen(5t   )  3 E m7 sen(7t   )  ... (1.13)


6 6
para
 2  2
e BC  e B  eC  3 Em1sen(t   )  3 Em5 sen(5t   ) 3
6 3 6 3
Em7 sen(7t  2
  )  ... (1.14)
6 3
e para

1
 4  4
eCA  eC  e A  3 Em1 sen(t   )  3 Em5 sen(5t   ) 3
6 3 6 3
 4 )  ...
Em7 sen(7t   (1.15)
6 3
Das equações 1.13, 1.14 e 1.15 resulta que, para uma ligação em estrela:

a) As harmónicas de ordem múltipla de três desaparecem na tensão composta. Isto


explica-se pelo facto de, em cada um dos dois circuitos que formam a estrela, as
harmónicas serem opostas;

b) As harmónicas de ordem 3h+1 da tensão composta, incluindo o termo fundamental,


constituem sistemas trifásicos, directos e simétricos, com fase inicial  = +30º;

c) A amplitude de qualquer harmónica de ordem 3h-1 da tensão composta é 3 vezes


maior que a amplitude da correspondente harmónica da tensão simples, isto é:

E mkc  3 E mks (1.16)

Em que k representa a ordem da harmónica e é igual a 3h  1.


Os valores eficazes das f.e.m. simples e compostas, são dados por:

1 2
Es  ( E m1  E m2 3  E m2 5  E m2 7  ...) (1.17)
2

3 2
Ec  ( E m1  E m2 5  E m2 7  ...) (1.18)
2
Concluindo,

1  k c25  k c27  ...


Ec  E s 3 (1.19)
1  k c23  k c25  k c27  ...

em que

E mk E k
k en   (1.20)
E m1 E1

Uma vez que, nas ligações em estrela, a corrente em cada fase do enrolamento é igual à corrente
na linha correspondente, teremos:

Ic  Is

1.13 Ligação em triângulo dos enrolamentos de um transformador trifásico


Na ligação em triângulo, o início do enrolamento da fase seguinte é unido ao fim do
enrolamento da fase precedente. A ligação dos enrolamentos é apresentadas nas Figuras 1.16
(a, b).

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Admitindo que i AX , i BY e iCZ são os valores instantâneos das correntes nos enrolamentos A,
B e C; i A, iB, e iC os valores instantâneos das correntes nas linhas ligadas aos inícios dos mesmos
enrolamentos A, B e C. Para o esquema representado na Fig.1.16(b), teremos:

i A  i AX  i BY (1.22)

i B  i BY  iCZ (1.23)

iC  iCZ  i AX (1.24)

Fig. 1.16 Esquema de ligação em triângulo de um enrolamento trifásico e respectivo diagrama


das correntes.

O diagrama fasorial correspondente ao termo fundamental, está representado na Fig. 1.16(c).

Vemos que o fasor da corrente composta está em avanço de 30º relativamente ao fasor da
corrente simples, sendo:

I c1  3I s1 (1.25)

Em relação a terceira harmónica e seus múltiplos, o triângulo representa um circuito fechado,


no qual estas harmónicas circulam no mesmo sentido, ou do início de cada enrolamento para o
seu fim, ou no sentido oposto. O valor eficaz das harmónicas de ordem múltipla de três é:

E3 s  E32  E92  ... (1.26)

Pode-se medir a f.e.m. dada na Eq. 1.26 se abrirmos um qualquer nó no triângulo, por exemplo,
o nó B-Z (Fig. 1.17) e aí colocarmos um voltímetro.

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Fig. 1.17 Harmónicas de terceira ordem da f.e.m. e da corrente numa ligação em triângulo.

Actuando no circuito fechado do triângulo, a f.e.m. E3 cria uma corrente I 3 , que podemos
medir se substituirmos o voltímetro por um amperímetro. Nas tensões compostas, a f.e.m. E3
não aparece, pois é inteiramente utilizada para compensar a queda de tensão devida à corrente
I3 .

1.14 Ligação em zigue-zague dos enrolamentos de um transformador


trifásico
A ligação em zigue-zague é obtida pela divisão de cada enrolamento de fase, no lado de baixa
tensão, em duas partes, geralmente iguais, colocadas em colunas diferentes (Fig.1.18(a)). A
ligação das duas partes faz-se de modo que as f.e.m. se subtraiam geometricamente. Para o
conseguir, liga-se o fim de cada meio enrolamento de fase ao fim da outra metade no mesmo
enrolamento. Se os enrolamentos de fase estão divididos em duas partes iguais, a f.e.m.
resultante do enrolamento de fase é 3 vezes maior que a f.e.m. de cada uma das suas metades
(Fig. 1.18(b)). Esta ligação é utilizada em transformadores para a alimentação de
rectificadores.

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Fig. 1.18 Ligação em zigue-zague.

1.15 Esquemas e grupos de ligação


Ao falarmos de transformadores, devemos prever a possibilidade de ligação em paralelo, para
a qual somente os terminais equipotenciais podem ser ligados entre si. Por este motivo, a
indicação do tipo de ligação dos enrolamentos do transformador não é suficiente. É necessário
o ângulo de desfasamento entre as tensões compostas do primário e do secundário. Deste modo,
determinamos o grupo ao qual pertence o transformador. Mostraremos que este ângulo depende
de:
a) sentido de bobinagem do enrolamento;
b) modo de designação dos terminais dos enrolamentos;
c) tipo de ligação dos enrolamentos dos transformadores trifásicos.
Considerando a influência dos dois primeiros factores, tomemos como exemplo um
transformador monofásico. Vamos admitir que o enrolamento superior do transformador
indicado na Fig.1.19, é o primário e que o enrolamento inferior é o secundário. Suponhamos
que os dois enrolamentos estão bobinados no mesmo sentido e que os terminais superiores são
o início dos enrolamentos, designados pelas letras A e a, e que os terminais inferiores X e x são
os fins dos enrolamentos.
Dado que os dois enrolamentos do transformador estão na mesma coluna e são atravessados
pelo mesmo fluxo principal, as f.e.m. induzidas nos enrolamentos têm os mesmos sentidos em
relação aos terminais dos enrolamentos.

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Fig. 1.19 Ângulo de desfasamento dos fasores de f.e.m. em função do sentido do enrolamento
e das designações dos terminais.

Verificando-se isto, as tensões U 1 e U 2 , nos terminais do enrolamento primário e no


enrolamento secundário reduzido ao primário, estão em fase e são representados por dois
fasores OA e Oa , iguais em grandeza e dirigidos no mesmo sentido (Fig. 1.19 (a)).
Se os enrolamentos primário e secundário estão bobinados em sentidos diferentes, mas os seus
terminais conservam a mesma designação dos terminais da Fig.1.19(a), as tensões U 1 e U 2
têm sentidos diferentes em relação aos terminais dos enrolamentos primário e secundário, por
exemplo, de X para A no enrolamento primário e de a para x no enrolamento secundário, como
se pode ver na Fig.1.19(c). As tensões U 1 e U 2 devem ser representadas pelos fasores OA
e Oa dirigidos em sentidos opostos (Fig.1.19 (d).

Considerando o fasor OA da tensão primária como fasor de referência, podemos dizer que o
fasor Oa da tensão secundária de um transformador monofásico ou está em fase com OA , ou
em oposição de fase. No primeiro caso o ângulo entre os dois fasores é de 0º e no segundo caso
de 180º.

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Fig.1.20 Designação horária de um grupo de ligação.
No lugar de exprimirmos a desfasagem entre os fasores em graus, utilizemos o método horário
de designação de ângulos. Para isso o fasor OA , da tensão composta primário, é feito coincidir
com o ponteiro dos minutos e colocado na posição 12 do mostrador, e o fasor Oa , da tensão
composta secundária, como sendo o ponteiro das horas. Se os fasores OA e Oa estão em fase,
tal como na Fig.1.19(b) devemos colocar os ponteiros no mesmo valor 12 (Fig.1.20). O ângulo
de desfasamento entre os dois ponteiros é igual a zero ou, o que é o mesmo, 360º = 30ºx12.
O ângulo de 30º representa o ângulo entre duas divisões sucessivas do mostrador e é adoptado
como unidade de desfasamento horário. O valor 12 determina o grupo ao qual pertence o
transformador considerado. O valor 12 determina o grupo de ligação do transformador.

Se os fasores OA e Oa estão em oposição devemos colocar o ponteiro das horas em 6 do


mostrador, o que corresponde a um ângulo de 6x30º = 180º. Neste caso o grupo de ligação do
transformador é determinado pelo número 6.

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