Molecular
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T1. Apresentação
T2: Células procarióticas e eucarióticas. Visualização das células - microscopia
BCM: Estudo das estruturas e funções das células, até ao nível molecular, que concorrem para a manter viva.
CÉLULA
Unidade morfo-funcional dos seres vivos.
Estrutura/Compartimento natural, contendo uma solução aquosa complexa, rodeada por uma membrana capaz de manter
gradientes químicos com o exterior. Além de realizar trocas de metabolitos com o meio ambiente, dotada de maleabilidade,
excitabilidade e capacidade de se auto-replica
Composição base das células
Biomoléculas:
Açúcares complexos, ác. nucleicos e proteínas e seus monómeros.
Lípidos
PROCARIONTES / EUCARIONTES
As células, estruturalmente, dividem-se em duas classes:
EUCARIOTAS, com núcleo individualizado por membrana nuclear essencialmente lipídica e com bastantes
organelos. O material genético encontra-se no interior do núcleo.
PROCARIOTAS, caracterizados pela ausência de núcleo individualizado, não são ricas em organelos (a maioria
são vacúolos aquosos) o material genético encontra-se disperso no citoplasma
(nucleóide) ou nos ribossomas (sintetizando as suas próprias proteínas). Têm larga membrana celular e parede
celular, importante pois a ausência de organelos faz com que processos como produção de energia ocorram neste
local e possuem estruturas externas a parede celular, com função essencialmente de mobilidade.
As células PROCARIOTAS podem adquirir 3 arranjos celulares:
Coccus, com forma arredondada, como o streptococcus ou o staphilococcus.
Bacillus, forma alongada, tipo bastão, como por exemplo o streptobacilus.
Espirilo, forma de bastonete ondulado.
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BACTÉRIAS
Em termos químicos, o método de Gram permite distinguir as bactérias pelo tipo de parede celular que possuem,
com o uso de corantes:
1) Corar as bactérias com roxo de metilo/violeta de cristal.
2) Juntar soluto de Lugol, que com o corante anterior forma um complexo corado.
3) Juntar etanol/acetona, que remove o violeta de cristal das Gramnegativas, pois estas não têm poros, ao
contrário das Grampositivas, onde o corante permanece.
4) Juntar safranina/fucsina básica, que cora de vermelho as Gramnegativas.
A membrana celular dos procariotas é semelhante para Gram positivos e negativos: bicamada fosfolipídica com
proteínas e glícidos integrados, estas últimas em maiores concentrações do que no nosso organismo. Assim, o que
distingue estas bactérias é a sua parede celular, cujas funções são: determinar a forma da bactéria, protegê-la
contra a lise osmótica e de substâncias e aumentar a patogenicidade da bactéria.
Constituição química da parede celular: MUREÍNA ou PEPTIDOGLICANOS (únicos nas bactérias). Os
peptidoglicanos são heteropolímeros constituídos por cadeias lineares com N-acetilglicosamina e ácido N-
acetilmurâmico alternados entre si. A ligação entre os monómeros são ß1,4 e as cadeias são unidas entre si por
aminoácidos D em cadeia, por vezes intercalados com DAP (ácido diaminopimélico), que por vezes aparece em
algumas bactérias. TUDO ISTO CONFERE RIGIDEZ À PAREDE.
Gram (-): tem apenas uma membrana de peptidoglicanos, uma membrana externa com polissacarídeos O e
lípidos A, que são antigénios, e é atravessada por proteínas porosas que ligam os peptidoglicanos à membrana.
Contêm também um ESPAÇO PERIPLASMÁTICO, com enzimas, sacarídeos e proteínas. Membrana interna
Mucopéptido Membrana externa
Gram (+): neste caso, a parede é 90% feita de peptidoglicanos, com ácidos teicoicos ou lipoteicoicos, que
ligam a membrana celular à parede. Membrana interna Mucopéptido
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A penicilina atua essencialmente sobre as Gram (+), pois estas têm mais quantidade de peptidoglicanos e, ao
contrário das Gram (-), não têm ß-lactamases (espaço periplasmático). Também por ter maior [peptidoglicanos],
as Gram (+) são mais sensíveis à lisozima, enzima que degrada as ligações ß1,4.
O DNA bacterial é haploíde, não contém histonas, é circular e contém um único cromossoma. A divisão das
bactérias dá-se por DIVISÃO BINÁRIA.
As bactérias podem ter cápsula, uma estrutura de natureza polissacarídea, presente embora não seja
necessária ao crescimento celular. Contém água, evitando a desidratação e propriedades antifagocíticas,
aumentando a virulência das bactérias.
O DNA bacterial é haploíde, não contém histonas, é circular e contém um único cromossoma. A divisão das
bactérias dá-se por DIVISÃO BINÁRIA.
Variações
Procariontes com estruturação: Cianófita
Procariontes sem parede: Micoplasma
Estruturas de mobilidade:
Fímbrias, projeções proteicas finas e curtas, originárias da membrana, com funções de adesão e fixação a
superfícies.
Pili, maiores do que as fímbrias, têm função reprodutiva, estabelecem conexão entre duas células permitindo a
passagem de material genético.
Flagelos, constituídos por flagelina, ao contrário dos flagelos humanos, têm várias localizações e conferem
mobilidade à célula.
VÍRUS
Agentes infeciosos (parasitas obrigatórios) específicos, cujo conteúdo genético é de apenas um tipo, ou DNA
(cadeia dupla, mais estável) ou RNA (mais suscetível a mutações). Necessitam do hospedeiro para replicar o
genoma. Têm forma e constituição específica que lhes permite chegar à célula hospedeira e invadi-la
VIRIÃO.
Todos possuem um invólucro proteico que protege o genoma, o nucleocapsídeo, que é constituído por monómeros
de capsómeros (a sua mutação origina novos tipos de vírus). Além do nucleocapsídeo, alguns vírus podem ter
invólucro, porção da membrana celular do hospedeiro com proteínas virais.
Consoante a forma do nucleocapsídeo, os vírus podem ser:
De simetria ecosaédrica, como os adenovírus, onde o genoma é rodeado por 20 faces triangulares.
De simetria helicoidal, em forma de hélice, como é o caso do vírus da gripe.
De simetria complexa, como é o caso dos bacteriófagos.
Os vírus podem ter 2 ciclos de vida distintos:
1) Ciclo de vida LÍTICO, em que ocorrem os seguintes acontecimentos: o vírus adere à parede celular, com ajuda
da lisozima, que degrada a parede celular, faz entrar o seu DNA na bactéria; na fase eclipse, o metabolismo da
célula é afectado e o genoma viral começa a expressar-se, sob forma de proteínas; ocorre a produção de novo
genoma viral, a montagem de todas as partes do vírus e a lise da hospedeira libertação dos novos vírus.
2) Ciclo de vida LISOGÉNICO, em que o vírus faz entrar na célula o seu genoma, que vai incorporar o genoma da
hospedeira. Esta multiplica-se, bem como o genoma viral nela contido. A partir do momento em que esta se
expressa, a célula passa para um ciclo de vida lítico.
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Proteínas anormais que têm acção infectante nas células. Ex: a PrPsc leva à alteração da PrPc, causando assim a
BCE, doença das vacas loucas.
As técnicas de combate às bactérias e vírus passam por ataques aos seus componentes específicos:
Ataque de componentes específicos da parede celular (com as beta-lactamases ou lisozimas)
Inibição da síntese proteica ao nível dos ribossomas (eritromicina, estreptomicina)
Interferir no metabolismo do ácido fólico que as bactérias sintetizam (com sulfanamidas, que levam a produzir
o composto errado)
Prejudicar a síntese da parede celular (penicilina e fosfomicina)
Técnicas de BCM
1. Microscopia
2. Citoquímica
3. Imunocitoquímica
4. Hibridação in situ
5. Autorradiografia
6. Fracionamento subcelular por centrifugação diferencial
7. Cultura de células
8. Electroforese
9. Western, Northern e Southern Blotting
10. PCR e sequenciação de DNA
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1. Microscopia
O aparecimento da BCM como ciência deve-se ao uso do microscópio, quando em 1838 Schleiden e Schwann
propuseram a teoria celular.
Existem vários tipos de microscopia, sendo que todos eles se baseiam num único objetivo diminuir o limite
de resolução, a capacidade de distinguir dois pontos como separados.
Microscopia de luz
Limite de resolução:
Legenda da fórmula de Abbe:
L.R. – limite de resolução
K – Constante (0,61)
λ – Comprimento de onda da luz utilizada pelo microscópio
A.N. – Abertura numérica = nsena
Os vários campos desta fórmula podem ser trabalhados para melhorar o LR: diminuir o comprimento de onda (λ)
e aumentar a abertura numérica. Por ex, o uso de óleo de imersão tem como objetivo diminuir o índice de
refração entre a objetiva e a lamela.
A microscopia baseia-se nas propriedades físicas da célula para formar uma imagem:
Microscopia de campo claro, o mais simples, a luz passa diretamente pela célula, e distinguem-se os
componentes pela capacidade diferente que têm em absorver a luz (também podem ocorrer diferenciação por
organelos corados).
Microscopia de contraste de fase e de interferência de Nomarski, ambos se baseiam em diferentes
intensidades de luz que passam pelas células, distinguindo os componentes pelas suas densidades.
Microscopia de fluorescência, usada para detetar moléculas na célula, consiste em coloca marcadores
fluorescentes (como o GFP) que se excitam a certos comprimentos de onda, emitindo assim outros específicos,
permitindo localizar, por exemplo, proteínas.
Microscopia confocal, junção da microscopia de fluorescência com um detetor dessa fluorescência, que
permite focar apenas a imagem pretendida e obtê-las a 2D.
Microscopia eletrónica de transmissão, ultrapassa a barreira do comprimento de onda (λ), pois o seu valor é
menor nos eletrões do que em qualquer tipo de luz utilizada nos outros microscópios. O material tem de ser fixo
na lâmina e ―corado‖ metais pesados, passando por ele um feixe de eletrões, que quando encontra os metais é
refletido, não contribuindo para formar a imagem.
Microscopia eletrónica de varrimento (scanning), também ultrapassa a barreira do comprimento de onda, dá-
nos uma imagem 3D, visto que o feixe de eletrões passa/ ―varre‖ a lâmina com o material, é refletido para a
amostra e apenas os eletrões que por ela passam vão constituir a imagem.
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Microscopia de luz: campo claro
Sombreamento metálico
Microscopia confocal M. de fluorescência para visualização de fluorocromo
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2. Citoquímica – localizar moléculas particulares
Para identificar compostos químicos nas células/organelos. Técnica de coloração que resulta de reações químicas
Reagente de Feulgen, usa o reagente de Schiff para corar ácidos nucleicos (cora a desoxirribose do DNA).
PAS, corante de glicoproteínas.
Método de Gomori, reação enzimática da fosfatase ÁCIDA com o glicerofosfato, permitindo identificar os
lisossomas, onde esta enzima predomina.
3. Imunocitoquímica
Permite a localização de antigénios na célula, com recurso a anticorpos (policlonais, que reconhecem várias
sequências aminoacídicas do antigénio ou monoclonais, que só reconhecem uma sequência).
A localização vê-se através do marcador (fluorescente ou de reação enzimática) que está ligado ao ATC.
Pode ser: direta, com a utilização de apenas um anticorpo; indireta, com a utilização de um ATC secundário, o que
permite amplificação do sinal (existência de mais anticorpos secundários a reconhecerem o primário).
4. Hibridação in situ - Deteção de segmentos de ADN ou ARN com sondas complementares. Técnica que permite localizar
sequências específicas de DNA/RNA, usando a complementaridade de bases DNA-DNA, RNA-RNA e DNA-RNA.
Introduzem-se cadeias de DNA/RNA que complementam a cadeia a localizar, marca-se essa cadeia, que tem o
nome de SONDA, com radioisótopos ou substâncias não radioativas (biotina, digoxigenina, etc.)
Permite localizar sequências específicas, que codificam por vezes proteínas únicas de uma célula.
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Aula Teórica 3 – Moléculas da Vida Substâncias de reserva
As células são compostas por:
Água (~70% massa celular)
Iões Inorgânicos (Na+, K+ , Mg2+, Ca2+, HPO42- , Cl- , HCO3- ) (≤1% massa celular)
Biomoléculas: Carboidratos, ác. Nucleicos, proteínas e lípidos.
GLÍCIDOS (Carboidratos)
Incluem açúcares simples (Monossacarídeos) e Polissacarídeos
Os Monossacarídeos apresentam a estrutura (CH2O)n.
Monossacarídeos
A Glucose (C6H12O6 ) é especialmente importante uma vez que constitui a principal fonte de energia na célula. Açúcares
com 5 ou mais C podem ciclizar. Podem existir na forma alfa ou beta, dependendo da configuração do C1.
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Polissacarídeos
Os Monossacarídeos podem estabelecer ligações glicosídicas através de desidratação formando polissacarídeos.
O conjunto dos glícidos da parte externa da membrana constitui o GLICOCÁLICE. A sua função é proteger a
célula e marcar interações entre as mesmas, como acontece nos leucócitos quando se ligam ao epitélio nas
respostas inflamatórias. Neste caso, as selectinas reconhecem oligossacarídeos específicos. Nos intestinos
impede a junção das vilosidades, aumentando a área de absorção.
In paraffin sections of liver stained with hematoxylin and eosin, accumulations of glycogen in hepatocytes do not stand
out. However, when stained with using the periodic acid-Schiff (PAS) technique, glycogen stains bright pink in color.
The images represent PAS-stained sections of liver from two mice:
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Left panel: from a mouse that fasted overnight and thus had very low levels glycogen in liver.
Right panel: from mouse that stuffed himself on mouse chow two hours prior to fixing the liver, and thus had
high levels of hepatic glycogen. These accumulations are seen as pink areas of PAS-positive material
throughout the section.
Fig 1. Transmission electron micrograph showing starch granules inside two chloroplasts in a
mesophyll cell of an Arabidopsis leaf. The bar represents 0.5 μm. Courtesy of Sue Bunnewell,
John Innes Centre.
A Celulose é o principal componente estrutural da parede celular das plantas. As ligações
β(1→4) permitem que as unidades de glucose se disponham lado a lado formando fibras com
elevada resistência mecânica.
Glicoproteínas
Nucleosídeo: conjunto da base azotada associada ao açúcar. O ADN contém o açúcar 2’-desoxirribose; o ARN tem
ribose.
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Nucleotídeo: apresenta também um grupo fosfato ligado ao C5 do açúcar
Os nucleotídeos estabelecem entre si ligações fosfodiéster entre o grupo fosfato a 5’ de um nucleotídeo e o hidroxilo
a 3’ de outro. O ADN é uma molécula de cadeia dupla. As bases complementares estabelecem pontes de hidrogénio
entre si: C≡G e A=T.
As cadeias polinucleotídicas são antiparalelas e são sempre sintetizadas na direção 5’-3’
PROTEÍNAS
As proteínas são polímeros de AA (20 diferentes). Um AA consiste num C α ligado a um grupo carboxílico (COO−), um
grupo amino (NH3+), um átomo de H e um grupo lateral variado.
Proteínas da membrana biológica: podem ter várias funções e serem glicosiladas.
São intrínsecas (atravessam a membrana) ou extrínsecas (superficiais, como a espectrina dos eritrócitos). As
intrínsecas são ricas em aminoácidos hidrofóbicos e podem ser divididas em:
Multipass, o caso da banda 3 (nas hemácias, alfahélice), porina (nas Gra-, beta-pregueada) e
bacteriorrodopsina (nas bactérias, têm grupo retinol ativado pela luz, 7 alfa-hélices).
Singlepass, o caso da glicoforina, nas hemácias, com 131 aminoácidos.
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Estrutura dos aminoácidos
Ligação Peptídica
Os AA unem-se por ligações peptídicas, formando cadeias polipeptídicas. Uma extremidade da cadeia termina com o
grupo amino (N-terminus) e a outra com grupo carboxílico (C-terminus)
Sequência aminoacídica da insulina: a primeira sequência polipeptídica identificada- Frederick Sanger, 1953
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ESTRUTURA TERCIÁRIA: resulta do enrolamento (folding) da cadeia polipeptídica. Dá origem à formação de domínios,
unidades básicas da estrutura terciária.
ESTRUTURA QUATERNÁRIA: interação entre vários polipéptideos. Ex: Hemoglobina: 4 cadeias polipeptídicas.
Proteoglicanos
Proteínas glicosiladas com os polissacarídeos glucosaminoglicanos (GAGs). Constituintes importantes da matriz
extracelular.
Funções Lípidos:
Fonte energia
Constituinte das membranas biológicas
Sinalização celular: (hormonas esteroides e mensageiros secundários)
ÁCIDOS GORDOS- lípidos mais simples, constituídos por uma cadeia hidrocarbonada, com um grupo carboxílico
numa extremidade. Podem ser insaturados se contêm ligações duplas entre os átomos de C ou saturados se os átomos
de C são rodados pelo número máximo de H.
TRIGLICERÍDEOS- forma de armazenamento dos AG; 3 AG ligados a uma molécula de glicerol; são insolúveis e
acumulam-se em gotículas lipídicas
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FOSFOLÍPIDOS- principal componente das membranas biológicas: 2 AG unidos a um grupo polar = moléculas
anfipáticas. Consiste numa molécula de glicerol ligada a 2 AG e um grupo fosfato (que se pode ligar a outro grupo
polar). O grupo polar define o nome do composto, sendo os mais comuns:
Fosfatidilcolina e esfingomielina, predominantes da parte externa da bicamada.
Fosfatidilserina e fosfatidiletanolamina, predominantes na parte interna da bicamada, conferindo-lhe carga
negativa, juntamente com o fosfatidilinositol.
As suas caudas (AG) apolares e a cabeça é polar, sendo esta a parte que está voltada para o meio aquoso. A
molécula denomina-se de anfipática e forma uma bicamada lipídica, impermeável a moléculas hidrossolúveis.
Possuem 3 tipos de movimentos: flip-flop, de troca entre folhetos, mais raro, rotação e flexão, das caudas, e
difusão lateral, o que contribui para a fluidez da membrana.
GLICOLÍPIDOS- contém 2 cadeias hidrocarbonadas ligadas a um grupo polar que contém CHO. São também
anfipáticos. São 2% da membrana, e estão presentes no folheto externo (fruto da glicosilação no complexo de
Golgi), com a parte glicídica virada para a matriz extracelular. Os diferentes glícidos contidos nestas moléculas
determinam o tipo sanguíneo.
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COLESTEROL- formado por 4 anéis hidrocarbonados muito hidrofóbicos em vez de cadeias lineares, mas o
hidroxilo num dos anéis confere um carácter também hidrofílico. Portanto, é também uma molécula anfipática.
Existe apenas nas membranas de células animais, em iguais concentrações dos fosfolípidos. É um lípido rígido,
constituído por anéis de ciclopentanoferantreno (comum a todos os esteroides), a parte apolar da molécula, e por
um grupo hidroxilo no final da cadeia, a parte polar -molécula anfipática. Faz diminuir ainda mais a permeabilidade
a moléculas hidrossolúveis e evita transições de fase da membrana face a variações de temperatura.
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Membranas: Composição química fundamental
Lípidos:
Fosfoglicerídeos/fosfolípidos
Esfingolípidos
Colesterol
Glicolípidos
Proteínas: Integrais / Periféricas
O conjunto destes lípidos não está permanentemente definido quer quimicamente quer espacialmente. Na verdade,
existem na membrana locais chamados de rafts lipídicos, zonas com maiores concentrações de colesterol,
esfingomielina e glicolípidos, que se podem mover e associar-se a certas proteínas, ativando-as.
A fluidez da membrana é influenciada por vários fatores:
Comprimento dos ácidos gordos dos fosfolípidos, quanto maior, mais fluida é a membrana.
Saturação dos ácidos gordos dos fosfolípidos, quanto mais insaturados, mais fluidez.
Movimentos dos fosfolípidos e proteínas, quantos mais forem, mais fluidez.
Presença de colesterol, a baixa temperatura impede o empacotamento dos fosfolípidos (o congelamento da
membrana), a alta temperatura interfere com o movimento dos fosfolípidos, impedindo que a membrana se desfaça.
Temperatura, quanto maior for, maior é a fluidez da membrana.
Fosfoglicerídeos/fosfolípidos:
Ác. Fosfatídico, Fosfatidilglicerol, Fosfatidiletanolamina, Fosfatidilserina, Fosfatidilcolina, Fosfatidilinositol
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Alguns Lípidos das membranas - % do teor total de lípidos
Fosfoglicerídeos:
Flexibilidade/Rigidez
Polaridade
Assimetria
Difusibilidade…
Lípidos: Esfingolípidos
Lípidos: Colesterol
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Biocel AT 5 - Transporte de materiais na superfície celular
Singer-Nicholson 1971
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Permeabilidade das moléculas
Notar que mais importante do que a dimensão, importa a carga elétrica da molécula a transportar!
DIFUSÃO FACILITADA
Não carece de energia
É feita a favor de gradientes
Não carece de dissolução nos fosfolípidos
Usa proteínas transmembranares transportadoras/facilitadoras
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Difusão facilitada:
Transportadores/facilitadores (carriers)
Uniportadores -1
Simportadores -2
Antiportadores -3
1 2 3
O enterócito possui o simportador SGLT1, além do uniportador GLUT2 para difusão facilitada da glicose recém-
captada.
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3- DIFUSÃO FACILITADA: Antiportador
AE1, Cl-/HCO3- antiportador, exemplo antiportador da célula parietal do estômago
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Aula 6 – Fundamentos de Biologia Molecular - Análise e deteção de ácidos nucleicos e proteínas
6. Centrifugação
Separação dos constituintes celulares pelas suas densidades, após rutura da membrana plasmática. Dois tipos:
Centrifugação diferencial, usando uma ultracentrifuga e obtendo-se 2 fases: o pellet, a fase mais densa, e o
sobrenadante, a fase menos densa. Tem a desvantagem de ser necessário fazer várias centrifugações para separar
componentes de baixa densidade.
Permite separar frações enriquecidas em organelos depois de homogeneizar os tecidos através de
sucessivas centrifugações: Estudo da função dos diferentes organelos
Centrifugação por gradientes de densidade, em que se usa, por ex, uma solução de sacarose com diferentes
densidades no tubo da centrífuga, colocando-se no topo a solução a centrifugar. Em cada solução de sacarose vão
sedimentar os organelos com densidade igual a essa solução.
Conforme a densidade dos organelos, a sua ordem de sedimentação é:
Núcleos Mitocôndrias,cloroplastos,lisossomas e peroxissomas RER e membrana Ribossomas
7. Cultura de Células
Técnica que permite estudar o crescimento e diferenciação celular, a manipulação genética para estudo dos genes,
as funções dos organelos celulares, através do crescimento de células e sua manutenção em meios de cultura,
estando assim disponíveis. As células são primeiro isoladas (tratadas com colagenase e tripsina na presença de
EDTA, um agente protetor de DNA) e depois colocadas num meio nutritivo (com sais, glucose, aminoácidos, etc.),
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num suporte sólido (a maioria das células não vive em meio líquido) revestido muitas vezes com colagénio ou laminina
(componentes da matriz extracelular).
Isolamento de células - Dispersar o tecido numa suspensão celular; tratamento dos tecidos com enzimas
proteolíticas como colagenase e tripsina
Crescimento celular - Normalmente existe a necessidade de um suporte sólido (como frascos de cultura celular),
muitas vezes revestido com componentes específicos da matriz extracelular (exº colagénio ou laminina)
Culturas Primárias/Secundárias
Culturas primárias: com células obtidas a partir do tecido original;
Culturas secundárias: com células obtidas de uma cultura primária.
As células podem ser sub-cultivadas durante semanas ou meses, mas existe um número finito de divisões celulares
A replicação das células em cultura apresenta um limite máximo, chamado limite de senescência celular, o nº de
divisões máximo que uma célula pode sofrer.
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- A transformação celular consiste em aumentar o tempo de vida das células adicionando o gene que codifica a
telomerase (impedindo assim o encurtamento dos genes) ou oncogenes virais que promovem o cancro, cujas células
são as únicas onde esta transformação celular ocorre naturalmente. Forma-se uma LINHA CELULAR, um conjunto
de células imortais suscetíveis de sofrer transformações.
Esta cultura de células permite a produção de hibridomas (fusão de linfócitos T com mielomas) e,
consequentemente, de anticorpos monoclonais.
8. Eletroforese
Técnica de separação de proteínas/ ácidos nucleicos com a aplicação de um campo elétrico. A mais usada é a PAGE-
em gel de poliacrilamida, que pode ser dividida:
- NATIVA, as moléculas são separadas pela sua massa, carga e forma;
- DESNATURANTE, as moléculas sofrem um processo de desnaturação com detergentes como o SDS
(dodealssulfato de sódio) que quebra ligações H e confere carga negativa à molécula e o DTT (ditiotreitol), que
quebra pontes dissulfureto. Assim, a molécula é apenas separada pelo seu peso molecular.
A poliacrilamida é um gel que possui poros, cujo tamanho varia com a % de acrilamida usada no gel:
+ acrilamida - poros mais pequenos, melhor separação de pequenas moléculas;
-acrilamida - poros maiores, melhor separação de grandes moléculas.
As moléculas desnaturadas (com carga negativa) são colocadas nos poços do gel, no polo negativo, migrando para o
polo positivo, podendo depois visualizar esta migração corando o gel com nitrato de prata ou azul de Comassie.
A eletroforese pode também ser de 2 tipos:
- Contínua, existe apenas o gel de separação (agarose ou poliacrilamida) e usa-se sempre o mesmo tampão.
- Descontínua, usa-se 2 géis: gel de empacotamento, colocado imediatamente depois dos poços, e que possuindo
poros maiores vai permitir a livre passagem de todas as moléculas, deixando-as no mesmo ponto de partida; gel de
separação, agarose ou poliacrilamida.
Relativamente ao DNA, o grupo fosfato concede-lhe carga negativa, migrando assim sempre de acordo com a sua
massa molecular, e no caso da separação de DNA, é mais frequente o uso de agarose, e a observação é feita com
recurso a brometo de etídio, nitrato de prata ou azul de metileno, sendo o primeiro cancerígeno pois tem a
capacidade de se intercalar entre as bases azotadas (emite cor laranja quando submetido a ultravioleta).
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ELETROFORESE EM GEL for dummies
Uma técnica utilizada para separar fragmentos de DNA e outras macromoléculas por tamanho e carga.
A eletroforese em gel é uma técnica usada para separar fragmentos de DNA de acordo com seu tamanho.
As amostras de DNA são carregadas nos poços (cavidades) localizados numa das extremidades de um gel, e
uma corrente elétrica é aplicada para fazê-las avançar pelo gel.
Os fragmentos DNA estão carregados negativamente, então movem-se na direção do elétrodo positivo. Já
que todos os fragmentos de DNA têm a mesma quantidade de carga por massa, os fragmentos menores
atravessam o gel mais rapidamente do que os maiores.
Quando um gel é pigmentado com um corante que se liga ao DNA, os fragmentos de DNA podem ser vistos
como bandas, cada uma representando um grupo de fragmentos de DNA de mesmo tamanho.
Introdução
Suponha que tenha acabado de fazer uma reação de PCR, criando várias cópias de uma região de interesse do
DNA. Ou talvez tenha feito uma clonagem de DNA, tentando "colar" um gene em um plasmídeo de DNA circular.
Agora, quer verificar se seu PCR funcionou, ou se seu plasmídeo contém o gene certo. Que técnica pode usar
para visualizar (observar diretamente) os fragmentos de DNA?
A Eletroforese em gel é uma técnica usada para separar fragmentos de DNA (ou outras macromoléculas, como
o RNA e proteínas) com base no tamanho e carga. A eletroforese envolve a passagem de uma corrente através
de um gel contendo as moléculas de interesse. Em função de seu tamanho e carga, as moléculas vão se mover
através do gel em diferentes direções ou em diferentes velocidades, o que permite que sejam separadas umas
das outras. Todas as moléculas de DNA têm a mesma quantidade de carga por massa. Por essa razão, a
eletroforese em gel de fragmentos de DNA faz a separação baseada apenas no tamanho. Através do uso da
eletroforese, podemos ver quantos diferentes fragmentos de DNA estão presentes em uma amostra, e o quão
grandes eles são em relação aos outros. Podemos também determinar o tamanho absoluto de um pedaço de DNA
examinando-o ao lado de um DNA "padrão", composto de fragmentos de DNA de tamanhos conhecidos.
O que é um gel? Géis para separação de DNA são muitas vezes feitos de um polissacarídeo chamado agarose,
que vem na forma de flocos secos em pó. Quando a agarose é aquecida em um tampão (água com alguns sais) e
deixada para esfriar, forma um gel sólido ligeiramente mole. No nível molecular, o gel é uma matriz de moléculas
de agarose que são mantidas unidas por ligações de hidrogênio e formam micro poros. Numa extremidade, o gel
tem cavidades semelhantes a bolsos chamadas poços, onde as amostras de DNA serão colocadas:
Antes das amostras de DNA serem adicionadas, o gel deve ser colocado em uma caixa de gel. Uma extremidade
da caixa é ligada a um elétrodo positivo, enquanto a outra extremidade é ligada a um elétrodo negativo. O corpo
principal da caixa, onde o gel é colocado, é preenchido com uma solução tampão contendo sal que pode conduzir
corrente. Embora você não seja capaz de ver na imagem acima (graças a minhas incríveis habilidades artísticas),
o tampão preenche a caixa de gel até o nível em que ele mal chega a cobrir o gel.
A extremidade do gel com os poços está voltada para o elétrodo negativo. A extremidade sem poços (para a
qual os fragmentos de DNA vão migrar) está voltada para o elétrodo positivo.
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comprimentos conhecidos. As escadas de DNA comerciais vêm em diferentes intervalos de tamanho, então
podemos escolher uma que tenha boa "cobertura" para a faixa de tamanho esperada de nossos fragmentos.
A seguir, a caixa é ligada e a corrente começa a fluir através do gel. As moléculas de DNA têm carga negativa
devido aos grupos fosfato em seus esqueletos de açúcar-fosfato, assim elas começam a se mover através da
matriz de gel, para o polo positivo.
As amostras de DNA são carregadas nos poços na extremidade do elétrodo negativo do gel. A energia é ligada
e os fragmentos de DNA migram através do gel (para o elétrodo positivo).
Após a corrida do gel, os fragmentos são separados por tamanho. Os fragmentos maiores estão perto da
extremidade superior do gel (elétrodo negativo, onde eles começaram), e os fragmentos menores estão próximos
da extremidade inferior (elétrodo positivo).
Qual fragmento de DNA vai ganhar a "corrida" para o polo positivo? Pedaços curtos de DNA vão viajar através
dos poros da matriz de gel mais rapidamente que os mais longos. Após o gel ter corrido por algum tempo, os
pedaços mais curtos de DNA vão estar mais próximos do polo positivo do gel, enquanto os mais longos vão
permanecer próximos aos poços. Pedaços muitos curtos de DNA podem correr diretamente para a extremidade
do gel se forem deixados por períodos suficientemente longos.
Visualização dos fragmentos de DNA: Uma vez que os fragmentos tenham sido separados, podemos examinar
o gel e ver quais tamanhos de faixas são encontrados. Quando um gel é pigmentado com um corante que se liga
ao DNA e depois colocado sob luz UV, os fragmentos de DNA brilham, o que nos permite visualizar o DNA
presente em diferentes locais ao longo da extensão do gel.
O bp ao lado de cada número na escada indica quantos pares de base tem o comprimento do fragmento de DNA.
Uma "linha" bem definida de DNA em um gel é chamada de banda. Cada banda contém um grande número de
fragmentos de DNA do mesmo tamanho e todos os que viajaram, como um grupo, para a mesma posição. Um
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fragmento único de DNA (ou até mesmo um pequeno grupo de fragmentos de DNA) não seria visível por si só
em um gel. Ao comparar as bandas em uma amostra à escada de DNA, podemos determinar os tamanhos
aproximados. Por exemplo, a banda brilhante no gel acima tem, aproximadamente, o tamanho de 700 pares de
bases (bp).
A PCR é uma técnica rotineira de laboratório usada para fazer milhões de cópias de uma região específica do
DNA. Essa região do DNA pode ser qualquer objeto de interesse do pesquisador. Por exemplo, pode haver um
gene cuja função o pesquisador queira compreender ou um marcador genético usado pelos cientistas forenses
para correlacionar o DNA da cena do crime com os suspeitos. Tipicamente, o objetivo da PCR é fabricar
quantidade suficiente da região de interesse do DNA, de modo que essa possa ser analisada e utilizada de
alguma outra maneira. Por exemplo, DNA amplificado por PCR pode ser enviado para sequenciamento, visualizado
por eletroforese em gel, ou clonado em plasmídeo para futuros experimentos. É usada em muitas áreas da
biologia e medicina, incluindo pesquisa em biologia molecular, diagnósticos e mesmo alguns ramos da ecologia.
Taq polimerase
Assim como a replicação de DNA em um organismo, a PCR requer uma enzima DNA polimerase que faça novas
fitas de DNA usando as existentes como moldes. A DNA polimerase tipicamente usada na PCR é chamada
de Taq polimerase, em homenagem à bactéria resistente ao calor da qual ela foi isolada (Thermus aquaticus).
T. aquaticus vive em fontes termais e de água quente. Sua DNA polimerase é bastante estável ao calor e é mais
ativa a 70º (temperatura em que as DNA polimerases humanas ou de E. coli seriam disfuncionais). Essa
estabilidade ao calor torna a Taq polimerase ideal para PCRs. Como veremos, a alta temperatura é usada
repetidamente na PCR para desnaturar o DNA molde, isto é, separar as fitas.
Primers de PCR
Como outras DNA polimerases, a Taq polimerase consegue fabricar DNA somente quando lhe é dado um primer,
uma sequência curta de nucleotídeos que fornece um ponto de partida para a síntese de DNA. Em uma reação
de PCR, o pesquisador determina a região do DNA que será copiada, ou amplificada, pelos primers que ela ou ele
escolher. Os primers são pedaços curtos de DNA de fita simples, geralmente por volta de 202020 aminoácidos
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de comprimento. Dois primers são usados para cada reação de PCR, e eles são projetados de modo que englobem
a região de interesse (região que deve ser copiada). Isto é, são dadas sequências que os farão se ligar a fitas
opostas do DNA molde, bem nas extremidades da região a ser copiada. Os primers ligam-se ao molde por
pareamento de bases complementares.
Quando os primers são ligados ao molde, podem ser estendidos pela polimerase, e a região que está entre eles
será copiada.
As etapas da PCR: Os principais ingredientes de uma reação PCR são a Taq polimerase, primers, DNA molde e
nucleotídeos (blocos que compõem o DNA). Os ingredientes são reunidos em um tubo, juntamente com cofatores
de que a enzima precisa, e passam por repetidos ciclos de aquecimento e resfriamento que permitem que o DNA
seja sintetizado. As etapas básicas são:
1. Desnaturação (96 °): Aquece fortemente a reação para separar, ou desnaturar, as fitas de DNA. Isso
proporciona um molde de fita simples para a próxima etapa.
2. Annealing (65°): Arrefece a reação para que os primers possam ligar-se às suas sequências complementares
no DNA molde de fita simples.
3. Extensão (72 °): Eleva a temperatura da reação para que a Taq polimerase estenda os primers, sintetizando
novas fitas de DNA.
Este ciclo se repete 25 - 35 vezes em uma reação típica de PCR, que geralmente ocorre em 22 - 44 horas,
dependendo do comprimento da região de DNA a ser copiada. Se a reação for eficiente, a região de interesse
pode gerar de uma ou poucas cópias até bilhões. Isso porque não é apenas o DNA original que é utilizado como
molde a cada vez. Ao invés, o novo DNA feito em uma rodada pode servir de molde na próxima rodada de síntese
de DNA. Há muitas cópias dos primers e muitas moléculas de Taq polimerase flutuando pela reação, então o
número de moléculas de DNA pode aproximadamente dobrar a cada rodada do ciclo.
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Coluna esquerda: Escada de DNA com bandas de 100, 200, 300, 400, 500 pb.
Coluna direita: resultado da reação PCR, uma banda em 400pb.
Uma banda de DNA contém muitas e muitas cópias da região de interesse do DNA, não apenas uma ou algumas
cópias. Como o DNA é microscópico, muitas cópias têm de estar presentes antes que possamos vê-las a olho nu.
Isso é uma grande parte do porquê de a PCR ser uma ferramenta importante: ela produz cópias suficientes de
uma sequência de DNA de modo que possamos ver ou manipular aquela região de DNA.
Aplicações da PCR: Através da PCR, uma sequência de DNA pode ser amplificada milhões ou bilhões de vezes,
produzindo cópias suficientes de DNA para serem analisadas por outras técnicas. Por exemplo, o DNA pode ser
visualizado por eletroforese em gel, enviado para sequenciamento, ou digerido por enzimas de restrição
e clonado em um plasmídeo. A PCR é usada em muitos laboratórios de pesquisa e também tem aplicações práticas
em ciências forenses, testes genéticos e diagnósticos. Por exemplo, a PCR é utilizada para amplificar genes
associados a desordens genéticas a partir do DNA de pacientes (ou do DNA fetal, nos casos de teste pré-natal).
A PCR também pode ser utilizada para testar se há DNA bacteriano ou viral no corpo de um paciente: se o
patógeno estiver presente, pode ser possível amplificar regiões de seu DNA a partir de uma amostra de sangue
ou tecido.
Marcador do alelo 1: primers que atuam na região de repetição amplificam um fragmento de DNA de 200 pb
Marcador do alelo 2: primers que atuam na região de repetição amplificam um fragmento de DNA de 300 pb
Faz uma PCR nas quatro amostras de DNA e visualiza os resultados por eletroforese em gel, como abaixo:
O CYBRgreen é uma molécula que emite fluorescência apenas quando se intercala na cadeia dupla de DNA. A
quantidade de fluorescência é assim proporcional à quantidade de DNA. Na imagem à direita, a linha a azul é
detetada mais cedo a fluorescência (precisa de menos ciclos para ser detectada).
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10.Sequenciação DNA- Método de Sanger
A sequenciação de DNA é feita atualmente pelo método de Sanger: também com a utilização de primers, consiste
em adicionar em excesso didesoxirribonucleotidos marcados, que quando incorporados na cadeia de DNA fazem
parar a sua formação. A junção das sucessivas paragens e respetiva análise por eletroforese ou autorradiografia
permite saber qual a sequência de adição dos nucleotídos.
9. Bloting
Técnica que permite a transferência de moléculas previamente separadas por eletroforese para membranas de
alta afinidade (como a nitrocelulose), com o objetivo de detetar proteínas/RNA/DNA específicas, quer com
corantes ou por imunocitoquímica.
9.1. Southern-blotting
Separação e identificação de DNA, após:
Digestão com enzimas de restrição, endonucleases específicas que cortam sequências de DNA em locais
predefinidos, originando sequências chamadas de PALINDROMAS, obtidos normalmente a partir de bactérias.
Eletroforese.
Transferência do DNA para a membrana de alta afinidade.
Desnaturação reversível do DNA, onde as cadeias duplas são separadas.
Hibridização, onde as cadeias previamente desnaturadas se complementam com sondas marcadas que estão
inseridas nas membranas.
Deteção dos locais hibridizados por raio-x.
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Southern genómico
Hibridação- sondas
Sondas: Complementar à cadeia de ácido nucleico de interesse.
Desnaturação: Processo que permite separar 2 cadeias de DNA geralmente a 95ºC
Hibridação: Processo que permite que duas cadeias de DNA complementares possam voltar a formar uma dupla
hélice. Reações similares podem ocorrer com qualquer cadeia de ácidos nucleicos complementares (DNA/DNA;
RNA/RNA; DNA/RNA)
Marcação de sondas
Nucleótidos modificados:
Radioactivamente (com radioisótopos)
Com grupos químicos (como digoxigenina, biotina)
Com grupos fluorescentes (como fluoresceína-FITC, rodamina)
9. Northern-blotting
Identificação de RNA, que sofre um processo semelhante ao DNA, embora sem digestão prévia e desnaturação.
(apenas possui cadeia simples).
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Análise de proteínas – Electroforese PAGE
Eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE) - migração de proteínas através de um gel de poliacrilamida quando
sujeitas a um campo elétrico. Podem ser:
Nativas –Depende da Massa/Carga/Estrutura
Desnaturantes – ultrapassam a Massa Carga Estrutura - SDS-PAGE
Para visualização das proteínas após SDS-PAGE, os géis de acrilamida são normalmente corados com nitrato de
prata ou azul de Coomassie
9. Western-blotting
Separação de PROTEÍNAS, após eletroforese desnaturante, passagem das mesmas para a membrana, por
condução elétrica e seu reconhecimento por anticorpos fluorescentes/radioativos. TRANSFERÊNCIA das
proteínas, sob ação de corrente elétrica e após separação por PAGE, para uma membrana de alta afinidade
(normalmente nitrocelulose) As proteínas na membrana podem ser posteriormente coradas (por ex, com Ponceau
S) ou detetadas com ATC específicos
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Aula 7 – Tecnologia DNA recombinante. Transgénese
A tecnologia do DNA recombinante deu aos cientistas a possibilidade de isolar o DNA, separá-lo e manipulá-lo,
bem como fazer a sua sequenciação ou amplificar certas porções. Uma técnica de DNA recombinante que envolve
a utilização de plasmídeos e enzimas de restrição tem como função síntese de moléculas de DNA recombinado:
- Plasmídeos, são moléculas de DNA circular que se replicam independentemente do DNA cromossómico, nas
bactérias.
- Enzimas de restrição, ou endonucleases de restrição, são enzimas que quebram o DNA em locais específicos.
Enzimas de restrição
As enzimas de restrição- enzimas que cortam o ADN em sequências específicas, foram inicialmente identificadas
em bactérias, onde constituem uma defesa contra a entrada de ADN estranho
Acão de uma enzima de restrição que, neste caso, corta em G│AATTC - EcoRI recognizes the sequence GAATTC.
Existem imensas.
O MÉTODO:
1) As enzimas de restrição são usadas no DNA humano, para obter os fragmentos de restrição, que são as
porções que queremos ver inseridas nos plasmídeos e depois recombinados. A mesma enzima atua sobre o
lasmídeo para lhe retirar a mesma sequência, deixando livre o espaço para recombinação com a porção do DNA
humano.
2) A ligação entre o fragmento de restrição e o plasmídeo é catalisada pela DNA ligase, resultando numa nova
molécula recombinada.
3) Dado que o plasmídeo possui origem de replicação, tem um gene que confere resistência a um dado antibiótico
(ex: ampicilina), ele é colocado num meio com esse antibiótico, garantindo então que só o plasmídeo recombinado
sobrevive e multiplica. Posteriormente faz-se a extração do DNA pretendido.
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Mapas de restrição
The order of restriction fragments can also be determined, and maps of restriction sites generated.
Detailed restriction maps of viral DNA molecules have been produced.
Recombinant DNA
Purified DNA fragments can be obtained through molecular cloning.
In molecular cloning a DNA fragment of interest is inserted into a DNA molecule (a vector) that is capable of independent
replication in a host cell.
The result is a recombinant molecule or molecular clone.
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Transformação
Biblioteca genómica
A elevada síntese e clonagem através do DNA recombinante permite-nos elaborar uma biblioteca genómica. No
entanto, cada genoma de cada espécie possui milhares de milhões de pares de bases, sendo então mais prático
fazer uma biblioteca de DNA complementar. Este DNA obtém-se através da transcriptase reversa a partir do
RNA, o que reduz os pares de bases pois o cDNA apenas contem as bases necessárias a formação de um produto
funcional (proteína/RNA).
Se cada fragmento de ADN a clonar tiver ~20 Kb de comprimento…
Para um genoma humano de 3,2 mil milhões de pb, teremos uma Biblioteca Genómica de …150 000 clones !!!!
Alternativa: Bibliotecas de ADN complementar (ADNc).
RNA can also be cloned.
RNA is copied using reverse transcriptase. The resulting DNA (cDNA) is ligated to a vector DNA. This allows
mRNA to be isolated as a molecular clone, and allows exploration of the noncoding sequences in eukaryotic genes
(introns).
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A construção de uma planta transgénica
Embora este processo seja mais complexo, também é possível transformar o genoma de uma planta, um ser
eucariota.
Ex: o plasmídeo Ti faz parte da Agrobacterium tumefaciens, uma bactéria que se liga às folhas das plantas,
transmitindo assim esse plasmídeo. Assim, se queremos induzir alterações genómicas na planta, basta inserir no
plasmídeo Ti o DNA que queremos ver manifestado, porque depois ele será incorporado no DNA da planta. Estas
alterações servem, por exemplo, para tornar uma planta mais resistente a um certo herbicida.
Desvantagens:
Tóxicos para outros organismos;
Podem não ter o mesmo sabor
Possíveis danos ao meio ambiente
Possível agravamento de alergias
Desequilíbrios ecológicos
Poucos estudos
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Ratinho transgénico
Engenharia genómica usando o Sistema CRISPR/Cas “do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic
Repeats”
Small Interfering RNA (siRNA)- outra forma de interferir com a expressão de genes
Os ácidos nucleicos anti-sense são RNAs ou DNAs de cadeia simples complementares ao mRNA de um gene de
interesse. Hibridizam com o mRNA e impedem a sua tradução em proteínas.
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Aula 8 - Genómica e proteomica
A abordagem experimental da biologia celular e molecular tem mudado.
Tradicionalmente: estudar um ou poucos genes ou proteínas de cada vez. Os projetos de sequenciação dos genomas
mudaram este paradigma: surgiram abordagens experimentais de grande escala.
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Análise da Expressão Genética
DNA chip array
Permite analisar, em simultâneo, a expressão diferencial de milhares de genes em populações celulares diferentes.
Doenças poligénicas, p.e. esquizofrenia, Alzheimer
Cancro (disfunções genéticas e epigenéticas)
0,2-10% dos 10000-20000 mRNA são diferencialmente expressos entre tecidos normais e cancerígenos
Hybridization Based Gene Expression Quantification
DNA microarray analysis can reveal differences in gene expression in fibroblasts under different experimental
conditions.
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RNA-Seq
Transcriptome profiling using NGS
RNA-seq-revelaas sequencias dos transcritos de uma célula e não apenas a sua presença como o microarray.
Também revela a abundância dos mRNAs.
Electroforese bidimensional: 1º Focagem isoelétrica (para igual todas as proteínas para carga negativa); 2º SDS-
PAGE (separá-las pelo tamanho/peso molecular)
A eletroforese bidimensional consegue separar milhares de proteínas diferentes. A sua identificação pode ser
feita por espectrofotometria de massa
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Aula 9 – Estrutura e função do ADN – Genes e Genoma
Estrutura dos genes eucariotas
Sequências não codificantes
Cromossomas e cromatina
Genomas completos de bactérias, leveduras, várias espécies de plantas e animais já se encontram sequenciados. A
maioria dos eucariotas posui genomas maiores e mais complexos que os procariotas
Mas…o tamanho do genoma nem sempre está relacionado com a complexidade do organismo: os mamíferos possuem
genoma menor que algumas plantas ou anfíbios
Maioria dos genomas dos eucariotas contém grande quantidade de DNA não codificante
Principal responsável pelas diferenças nos tamanhos dos genomas dos eucariotas.
Onde se localizam as sequências não codificantes?
Gene: segmento de DNA que é expresso de modo a originar um produto funcional, pode ser uma proteína ou RNA.
A maior parte dos genes eucariotas também contém uma grande quantidade de DNA não codificante
Intrões: sequências não codificantes
Exões: sequências codificantes
A totalidade do gene é transcrita em RNA e só depois os intrões são removidos por splicing, de forma a que apenas
os exões sejam incluídos no mRNA
Para que servem os intrões? Regulação da expressão génica. Permitem que os exões de um determinado gene
possam ser unidos em diferentes combinações, através de splicing alternativo: várias proteínas codificadas pelo
mesmo gene
A informação crítica necessária para a “produção” de um ser humano encontra-se num estado alarmante de
desordem/caos: “sótão desarrumado onde ao longos dos anos se foi acumulando de tudo e nunca se descartou nada”
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Dois tipos principais de sequencias repetitivas:
1) Repetições em tandem (Tandem repeats) - Repetições adjacentes de um padrão de dois ou mais nucleotídeos.
Formam uma banda com densidade diferente (sequências ricas em AT são menos densas que sequências ricas em
GC) da maioria do DNA quando separado por centrifugação em gradiente de CsCl – DNA satélite
2) DNA repetitivo disperso (Interspersed repetitive DNA) - Cada unidade tem entre 5-300 pb, dependendo das
espécies. Repetem-se entre 100 000 e 1 000 000 de vezes. Apresentam geralmente localização na
heterocromatina. Ex: DNA telomérico e DNA centromérico
Mecanismos de transposição
DNA transposão: Cut and Paste
Retrotansposão: Copy and Paste
Transposição de SINEs e LINEs induzem mutações que se encontram associadas com várias doenças como a
hemofilia, fibrose cística, distrofia muscular e cancro
Algumas das mutações resultantes do movimento destes elementos podem ser benéficas e contribuir para a
evolução das espécies
A presença de múltiplas cópias dos mesmos genes também contribui para a grande dimensão do genoma.
Família de genes
Genes relacionados que podem ser transcritos em diferentes tecidos ou em diferentes fases do desenvolvimento
Exe: α and β subunits of hemoglobin are encoded by gene families; different members of these families are
expressed in embryonic, fetal, and adult tissues
Duplicação de genes
As famílias de genes terão tido origem na duplicação de um gene ancestral, seguida de mutação e divergência
Evolução de proteínas otimizadas para diferentes funções
Ex: fetal globins have a higher affinity for O2 than do adult globins
As famílias de genes terão tido origem na duplicação de um gene ancestral, seguida de mutação e divergência
Algumas mutações resultam na perda de função
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Pseudogenes: Cópias de genes não funcionais que contribuem para a dimensão do genoma, existem cerca de 11000
pseudogenes no genoma humano
Organização do genoma
O DNA de uma célula eucariota estendido terá cerca de 2 m mas tem de estar contido no núcleo que tem um
diâmetro de 5 a 10 micrómetros
Equivalente a enrolar 40 km de arame fino dentro de uma bola de ténis
Compactação do DNA tem de ser muito eficiente!
Nos eucariotas, está dividido em cromossomas que são compostos por cadeias longas e lineares de DNA
No humano, existem 24 cromossomas diferentes: 22 autossómicos + 2 sexuais
A maioria das nossas células (diplóides) contém duas cópias de cada cromossoma (cromossomas homólogos, excepto
os sexuais)
No total, o cariótipo humano possui 46 cromossomas – 46,XX ou 46,XY
Cromossomas e cromatina
Nos cromossomas, o DNA encontra-se associado a proteínas, essencialmente histonas – cromatina!
As histonas são pequenas proteínas que contêm uma percentagem elevada de aminoácidos básicos (arginina e lisina)
que facilitam a sua ligação à molécula de DNA que apresenta carga negativa
Nos cromossomas, o DNA encontra-se associado a proteínas, essencialmente histonas – cromatina!
A cromatina pode apresentar diferentes graus de compactação:
Compactação da cromatina
O primeiro nível de compactação de DNA é o seu enrolamento em nucleossomas: octâmero formado por: 2 x H2A
+ 2 x H2B + 2 x H3 +2 x H4
em torno do qual se enrolam 147 pb de DNA
Nucleossoma é estabilizado pela ligação da Histona H1 (+20 pb), originando o cromatossoma
Cromatina – fibra 10 nm: A formação de cromatossomas unidos por segmentos de DNA origina fibras de
cromatina de 10 nm (compacta 6x o comprimento da molécula de DNA)
Cromatina – fibra 30 nm: A fibra de 10 nm enrola sobre ela própria e torna-se mais compactada formando
fibras de cromatina de 30 nm (H1 é importante para este nível de compactação) – compacta 50x
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Cromatina – Interfase: Na interfase, a maioria da cromatina (eucromatina) encontra-se na forma de fibras de
30 nm (às vezes 60 a 130nm) – pode ocorrer replicação e transcrição. A heterocromatina (cerca de 10% na
interfase) encontra-se num nível bastante elevado de compactação fazendo lembrar a cromatina nas células em
mitose - transcripcionalmente inactiva
Metafase – Cromossomos
Origem de replicação - Local onde se inicia a produção de um novo cromossoma
Centrómeros - Locais onde os cromossomas são puxados de forma a serem separados – Região especializada
que assegura a distribuição correta dos cromossomas pelas células-filhas durante a mitose;
local de ligação para as proteínas que formam os cinetocoros. No humano, 1-5 Mb de sequências repetitivas em
tandem (171 pb ricas em A/T), constituem 5% do genoma
A cromatina nos centrómeros apresenta uma estrutura particular. Nos nucleossomas, histona H3 é substituída
pela variante CENP-A, que é indispensável para a ligação das proteínas do cinetocoro a esta região
Telómeros - Extremidades dos cromossomas: Sequências das extremidades dos cromossomas; importantes para
a replicação de DNA linear. Sequências repetitivas semelhantes entre os eucariotas, repetidas centenas de
milhares de vezes e terminam com DNA em cadeia simples em 3’ (forma um loop e é protegida por ligação à
shelterina)
Resumo
Eucromatina- 30nm ou 60-130 nm
Heterocromatina- muito condensada-contém sequencias repetitivas de DNA, tais como as presentes
nos centrómeros e telómeros, e genes não activos
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Aula biocel 10 – Replicação e reparação de ADN
Replicação: processo anterior à mitose, pelo qual as moléculas de ADN de uma célula são copiadas (duplicadas),
permitindo que, na conclusão da divisão celular, as novas células tenham moléculas de ADN iguais às da célula
original. A replicação do ADN é conservadora ou semi-conservadora? Experiências de Meselson e Stahl
A replicação do DNA de uma célula é um processo através do qual uma cadeia (em hélice dupla) de DNA serve de
molde ao fabrico de outra ―nova‖ mas totalmente igual.
É um processo semiconservativo dado que metade da cadeia original é conservado na nova cadeia.
A replicação começa nas Origens de Replicação com a ligação de um complexo ORC e a abertura da cadeia, e
ocorre nos dois sentidos (bidirecional). As origens de replicação são sequências conhecidas. Nos humanos há várias.
A zona criada chama-se “forquilha de replicação”.
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Evidência das 2 forquilhas de replicação
Origem de Replicação
-na E. Coli (única)
-nos fungos (centenas)
-nos seres humanos (dezenas de milhares) – quanto mais complexo o animal, mais origens de replicação.
A outra fita nova, que se desloca de 5'3' é feita de modo descontínuo, em fragmentos, chamada fita lenta. Os
pequenos fragmentos são chamados de fragmentos de Okazaki. A fita líder pode ser ampliada a partir de um
único primer, enquanto a fita tardia precisa de um novo primer para cada um dos curtos fragmentos de Okazaki.
Finalmente, há um pequeno trabalho de limpeza a fazer se queremos que o DNA não contenha nenhum RNA ou
lacunas. Os primers de RNA são removidos e substituídos por DNA através da DNA polimerase. Os cortes que
permanecem depois dos primers são substituídos e fechados pela DNA ligase.
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- REPARAÇÃO DO ADN –
Por ser sujeito a várias reações químicas, o DNA é suscetível de sofrer várias alterações, o que pode ter
implicações graves, já que codifica a formação de proteínas importantes no funcionamento das células. Estas
alterações são frequentemente conhecidas como MUTAÇÕES. Globalmente: cerca de 100,000 ações
potencialmente mutagénicas sobre cada célula… por dia!!
1. Erros de replicação
Erros na Selecção das bases: 1: mil
Erros na verificação de complementaridade (Proof-reading) : 1: 1 milhão
Erros na remoção de nucleotídeos (Mismatch excision repair) logo após a polimerização: 1:1 bilião.
2. Alteração espontânea de ligações químicas no ADN
Depurinação e Desaminação (formação de aductos por dimerização)
3. Agentes físicos: radiação UV e radiação ionizante ou Agentes químicos: genotóxicos ambientais ou industriais
(aflatoxina, asbesto, cloreto de vinilo, benzeno, benzopireno…) e produtos laterais do metabolismo (ROS). Estes
podem criar dímeros de pirimidinas (ex: anel de ciclobutano criado pelas radiações UV), alquilação, etc.
Se as mutações que ocorrem forem compatíveis com a vida e não corrigíveis, ocorre uma doença. Se a mutação não
for compatível causa a morte.
NOTA:
As reparações são normalmente promovidas pela proteína P53, guardiã do genoma, e cujo mau funcionamento
resulta na maioria das mutações visíveis no organismo.
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Aula biocel 11 - Transcrição e processamento do RNA
A transcrição é o primeiro passo para a expressão de um gene, e consiste num processo em que uma cadeia de
RNA é sintetizada a partir de uma cadeia de DNA complementar, pelas RNA polimerases. Após a transcrição, nos
eucariotas, o RNA produzido passa por um processo de amadurecimento, migra para o citoplasma, sendo finalmente
traduzido em proteínas. Sempre na direção 5’3’.
Gene: Sequência de DNA que contém a informação necessária para a síntese de uma cadeia polipeptídica ou um
RNA funcional (rRNA ou Trna).
Por sua vez, também as RNA polimerases, enzimas que catalisam o processo de transcrição (catalizam reacções
fosfodiéster), podem ser de 3 tipos:
RNA polimerase I (poli I), transcrição do rRNA 5,8S, 18S, 28S.
RNA polimerase II (poli II), transcrição do mRNA e do snRNA e snoRNA. (small nuclear RNA)
RNA polimerase III (poli III), transcrição no tRNA e do rRNA 5S.
Diferenças entre a RNA polimerase e a DNA polimerase: a RNA não necessita de primers, utiliza
ribonucleotídeos e possui proof-reading menos eficiente.
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O CICLO DE TRANSCRIÇÃO geral apresenta 3 fases:
1. INICIAÇÃO, a ligação da RNA polimerase à cadeia de DNA (até 50 nucleotídeos iniciais). A RNA poli liga-se a
uma sequência de DNA chamada promotor. Cada gene tem seu próprio promotor. Para reconhecer e colocar-se
corretamente no promotor, a RNA polimerase II necessita de várias proteínas acessórias (fatores de transcrição).
Uma vez ligada, a RNA poli separa as fitas de DNA e cria cerca de 50 primeiros nucleotídeos. Após isso, liga-se a
fatores de elongação, que continuam o processo.
2. ELONGAÇÃO, a adição de novos ribonucleótidos. Um filamento de DNA, a fita molde, age como molde para a
RNA polimerase. Conforme ela "lê" esse molde uma base por vez, a polimerase constrói uma molécula de RNA feita
de nucleotídeos complementares, formando uma cadeia que cresce de 5´para 3´. O transcrito de RNA carrega a
mesma informação que o filamento não-molde (codificador) de DNA, mas contém a base Uracilo (U) em vez de
tiamina (T)
3. TERMINAÇÃO, saída da RNA polimerase (quando a fita de RNA é libertada). A RNA poli transcreve até
encontrar sinais para parar. O processo de término da transcrição é chamado terminação e isso acontece uma vez
que a poli transcreve uma sequência de DNA conhecida como terminador.
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3) Splicing, a remoção dos intrões. Ocorre no núcleo, e faz a remoção dos intrões e junções dos exões que restam,
tornando a cadeia de RNA mais curta e fácil de passar para o citoplasma. Os intrões são reconhecidos por
possuírem adeninas irregulares e sequências muito específicas. A remoção dá-se pelos spliceossomas, segmentos
de RNA conhecidos por SnRNAs (U1, U2, U6) e alguns péptidos. No final do splicing, o spliceossoma promove a
interação de várias proteínas com o local previamente ocupado pelo intrão removido, criando um Complexo de
junção de exões (EJC).
O splicing pode ser também alternativo, com genes semelhantes a originarem proteínas diferentes, pela remoção
alternativa de exões (silencio), permitindo mRNA diferentes. Para o splicing ocorrer, é necessário: um local de
corte a 5’, um local de corte a 3’ e um brunch point para fazer um loop no intrão e o remover.
Além disso, pode ocorrer RNA editing, ou seja, alteração de algumas bases (ou desaminação de adenina para
inosina, ou de citosina para uracilo). Alteração de sequências nucleotídicas (single base) dos transcritos de RNA
assim que estes são sintetizados Pode causar frameshifts, alterando a mensagem codificada pelo RNA – alteração
das reading frames. Nos mamíferos existem dois tipos principais de RNA editing
- Desaminação de adenina para produzir inosina (A-para-I)
- Desaminação de citosina para produzir uracilo (C-para-U)
Apenas os RNAs corretamente processados são exportados do núcleo! A mRNA apenas passa para o citoplasma,
se se verificarem os seguintes requisitos:
Proteina que reconhece a CAP 5’
Complexos de junção de exões
Poliproteinas
Pode também verificar-se o Non-sense mediated mRNA: Quanto atinge o citoplasma, é traduzido e verificado por
uma primeira proteína. Se não passar, é degradado.
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Aula biocel 12 – Síntese e direcionamento de proteínas
A síntese proteica (SP) ocorre pelo processo de tradução do mRNA, que envolve o tRNA, os ribossomas e os
aminoácidos livres. É denominado de tradução pois as letras que codificam os ácidos nucleicos são traduzidas em
20 aminoácidos. Dá-se no sentido do terminal carboxilo. A SP a partir de mRNA baseia-se num código GENÉTICO.
Aqui, uma sequência de 3 nucleótidos específicos tripleto/codão codifica um aminoácido (AA)
Características do código genético:
A tradução é sequencial, a cada 3 nucleótidos forma-se uma ligação entre 2 AA.
Não é universal (varia dentro de cada espécie, no nosso caso, varia entre nuclear e mitocondrial).
É degenerado, ou seja, um aminoácido pode ser codificado por vários codões.
Existem 64 (43) codões e 20 aminoácidos possíveis.
Existem codões especiais, como o de iniciação (AUG), que codifica sempre metionina, e codões STOP, que definem
o fim da cadeia peptídica UGA, UAG, UAA.
1) Iniciação: inicia-se sempre pelo codão de iniciação AUG, que traduz apenas metionina – esta liga-se ao local P (é
a única que se liga ao local P, todas as outras se ligam ao local A). Ocorre a junção das 2 subunidades (complexo
de iniciação 80S) e dá-se início à SP. Os complexos de iniciação incluem fatores de iniciação e GTP. O facto de a
metionina ser sempre o primeiro aminoácido não quer dizer que se mantenha (quando a proteína estiver traduzida,
pode sofrer alterações). Os fatores de iniciação ligam-se à cadeira de mRNA, e a subunidade 40S liga-se a estes,
realizando um “scan” do mRNA na direção 5’3’, até encontrar o tal codão de iniciação UAG. Mas como podem existir
várias zonas UAG, o processo definiu que apenas se inicia no UAG que estiver inserido numa sequência pré-definida,
designada de Kozak, ou ACCAUGG. Por vezes, existem locais internos no mRNA independentes da leitura inicial do
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40S (associadas a particularidades fisiológicas como stress, entre outros, no qual a iniciação pode começar em
vez do “padrão”).
2) Elongação: ocorre a ligação do tRNA ao local A, com intervenção de fatores de alongamento (eEF, que se ligam
externamente ao ribossoma). Ocorre a ligação peptídica do AA que está no local P (metionina) ao do local A,
catalizada pela transferase de peptidil. Ocorrendo esta ligação, a metionina passa para o local E (exit) e liberta-
se do ribossoma, e este processo mantém-se continuamente na direção 5’3’, até o aparecimento do codão STOP
(UGA, UAG, UAA). Ou seja, o tRNA passa para o local E (libertando-se), podendo outro tRNA ligar-se à zona A, e
assim sucessivamente.
3) Finalização: quando um codão STOP entra no local A, não existe um anticodão complementar, pelo que se liga a
ele um fator de libertação (ou eRF1, que tem uma estrutura similar ao tRNA). Este vai alterar a atividade da
transferase do peptidil, terminando a formação do peptídeo, e libertando-o do ribossoma, assim como o tRNA.
A SP pode ser inibida a vários níveis, no entanto, existem formas de travá-la nos procariontes, tendo o uso de
inibidores da SP efeito antimicrobiano aparentemente sem lesão a eucariontes:
As proteínas só ficam funcionais quando são dobradas (folding ou conformação tridimensional), através de vários
processos, como acetilação, metilação, proteólise (perderem parte da cadeia como a pró-insulina se tornar
insulina), glicosilação (adição de açúcares quer seja no RER ou no Complexo de Golgi, ou seja, tipo N se for ligação
ao N da asparagina, tipo O se for ligação ao Oxigénio da serina/treonina), lipidadas (adição de lípidos, GPI como
exemplo de âncoras, que ligam algumas proteínas à membrana biológica).
As chaperones ou HeatShock proteins, HsP (proteínas que as dobram) são os responsáveis pelo processo. Outras
enzimas são faladas na aula do reticulo endoplasmático.
Existem por vezes alterações no FOLDING, que podem levar a patologias. Caso das doenças degenerativas de
acúmulo de resíduos, como Alzheimer, Huntington, ELA, etc.
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Aula biocel 13 – regulação expressão génica
A regulação da expressão génica é diferente para procariotas e eucariotas.
2) PROTEÍNAS REGULADORAS
Além da regulação por sequências nucleotídicas, também ocorre regulação por ligação de proteínas a regiões
reguladoras. Estes fatores são constituídos por dois domínios: um de ligação ao DNA, e outro de ativação regulado
por ligação a mediadores ou outras proteínas.
A estrutura da cromatina também influencia a transcrição. Esta pode ser remodelada por modificações nas
histonas, e possuem caudas N-terminal cujos AA podem sofrer modificações:
Por acetilação, acrescentado um grupo acetil, que neutraliza a carga positiva da Lisina, relaxando a estrutura da
cromatina (descondensa, dispersa), logo aumenta a transcrição; facilita acesso ao DNA; associada a proteínas
ativadoras ou repressoras.
Por metilação da Lisina e Arginina. A metilação dos AA faz repressão da transcrição pois interferem com a
ligação de fatores transcritivos e recrutam repressores que se ligam ao DNA metilado.
*Herança Epigenética – transfere aos descendentes. Transmissões que não se encontram na cadeira original de
DNA. Na transmissão da informação às células filhas, há metilação de alguns C5 das citosinas, e por tal o gene
fica silenciado.
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*Imprinting genómico – depende do progenitor que lhe deu origem, num fica silenciado e o outro é expresso. Na
maioria dos imprintings, a metilação reprime a expressão de genes, com exceção do IGF-2, onde o inibido é mais
expresso.
Non-Coding RNA, modificam a cromatina, levam à sua condensação, transformando-a em heterocromatina.
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Aula Biocel – Organização E Transporte Nuclear
O núcleo é a característica principal que distingue os procariotas dos eucariotas. É aqui que o material genético
é guardado, tendo este organelo também outras funções:
Replicação do genoma (DNA)
Transcrição e processamento do RNA (e respetivo controle)
O núcleo tem uma localização geralmente central, com forma arredondada e nele distinguem-se:
1) Cromatina – o material genético
2) Invólucro nuclear
3) Corpos nucleares
- Nucléolo (rRNA)
- Grânulos intercromatínicos/Speckle (Spliceossomas, proteínas p splicing mRNA)
- Grânulos pericromatínicos (mRNA que não sofreu splicing)
- Corpos de Cajal (snRNA)
CROMATINA
EUCROMATINA, a cromatina nuclear descondensada e dispersa no núcleo (matriz nuclear) e que pode ser
transcrita; transcricionalmente ativa. Aparece de forma mais clara em ME.
HETEROCROMATINA, a cromatina nuclear condensada e não transcrita. Tem duas localizações: perinuclear (na
membrana do núcleo) ou perinucleolar (à volta do nucéolo), bem como cariossomos dispersos. Pode ser constitutiva,
com sequências de DNA que nunca serão transcritas, ou facultativa, com sequências que são transcritas,
dependendo da célula.
Em termos de material genético, o núcleo possui DNA e RNA, que se individualizam em zonas específicas. O
método do EDTA permite contrastar estes dois ácidos nucleicos. O EDTA vai retirar o acetato de uranilo do DNA,
restando apenas aquele que está presente no RNA, que depois é corado de cor escura com a adição de citrato de
chumbo. Assim, a zona escura corresponde ao RNA, e a zona clara ao DNA (cromatina).
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NUCLÉOLO
Local da transcrição e processamento do RNA ribossomal e da montagem dos ribossomas.
Por ele passam também outros tipos de RNA, durante o seu processamento.
Contém as regiões cromossómicas que têm os genes que codificam o rRNA 5,8S, 18S e 28 S, transcritos pela
RNA polimerase I.
Além destes rRNA’s, existe outro, o 5S. No entanto, este é transcrito no citosol, pela RNA polimerase III.
O tamanho e número dos nucléolos varia ao longo do ciclo celular.
Composição morfológica do nucléolo (não possui membrana):
Centro fibrilar, parte mais clara, contém os genes que codificam os rRNAs e que são transcritos na interface
com o Componente fibrilar denso.
Componente fibrilar denso, formado por fibrilas, a parte escura, o local de processamento do rRNA.
Componente granular, local do processamento dos rRNA’s e de montagem das subunidades dos ribossomas.
Existem sub-compartimentos no núcleo fundamentais para o processamento dos RNAs
INVÓLUCRO NUCLEAR
Limite do núcleo – 2 Membranas nucleares
Poros de grandes dimensões (complexo poro
nuclear)
Lamina nuclear (complexo proteico dentro
do núcleo)
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Constitui a barreira entre o citoplasma e o conteúdo nuclear e a sua constituição é semelhante à de qualquer
membrana biológica.
É um conjunto de 2 membranas, em que a mais exterior pode ligar-se diretamente ao RER, e que regula a passagem
de moléculas pela existência de complexos de poros nucleares. Nestes poros ocorrem cerca de 1000 translocações
por segundo, e tem 60 a 80 mil kDA, cerca de 16 vezes maior que os ribossomas. Rodeando interiormente existe
uma lâmina nuclear fibrosa. A membrana externa, ligada ao RER, possui ribossomas, ao contrário da membrana
interna, que possui apenas proteínas específicas do núcleo, como as que se ligam à lâmina nuclear (emerina e recetor
de lamina B).
A lâmina nuclear fibrosa tem uma função estrutural, sendo constituída essencialmente por filamentos
intermédios, as laminas, que se ligam a proteínas da membrana nuclear interna, e à cromatina. Dão estabilidade à
estrutura do núcleo, por isso patologias que a afetem podem por ex ocasionar Porfiria /envelhecimento acelerado.
Os complexos de poros nucleares são canais complexos de passagem de moléculas como o RNA e as proteínas.
Estruturalmente são definidos como 8 canais que rodeiam um anel central, com uma estrutura em forma de cesto
invertido voltado para o interior do núcleo.
Como entram no núcleo? As proteínas apresentam na sua sequência primária um “sinal” NLS (nucleal localization
signal), e por isso deve ser endereçada ao núcleo (sinal rico em lisina e arginina, de carga positiva), que é
reconhecido pelas importinas (receptor do citoplasma), que as leva até ao interior do núcleo. Este processo de
transporte foi descoberto em 1984 e é mediado pela proteína RAN associada a GDP. Assim:
A importina liga-se à proteína com sequência-sinal NLS. Este complexo interage com as proteínas do poro nuclear,
entrando para o interior do núcleo.
No núcleo, associa-se ao Ran.GTP, que faz a proteína dissociar-se da importina.
O complexo importina.RanGTP é enviado ao citoplasma através do poro nuclear, e o Ran.GTP é hidrolisado a Ran.GDP
pela Ran-GAP, dissociando-se da importina (podendo voltar a ser utilizada para transportar proteínas com
sequencia NLS).
O Ran.GDP regressa ao núcleo através do NTF2, e é convertido em Ran.GTP pela Ran-REF.
O ciclo Ran.GDP e Ran.GTP cria então um ciclo de entrada e saída das moléculas.
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Ex 1: O NFKB, se estiver associado a proteínas, não se desloca ao núcleo e não é expresso, visto que a ligação à
proteína “mascara” o NLS. Ao desconectar o NFKB da proteína, este é movido ao núcleo e promove a transcrição.
Exemplo 2: o NLS pode apresentar resíduos fosforilados, que não o deixam reconhecer. Ao desfosforilar, passa a
ser reconhecido e passa ao núcleo.
Most RNAs are exported from the nucleus to the cytoplasm for use in protein synthesis. RNAs are transported
as ribonucleoprotein complexes (RNPs).
Many small RNAs (snRNAs and snoRNAs) function within the nucleus.
snRNAs are transported to the cytoplasm by an exportin (Crm1), where they associate with proteins to form
snRNPs and return to the nucleus. It is an active, energy-dependent process requiring the transport receptors
to interact with the nuclear pore complex.
Transport of snRNAsbetween nucleus and cytoplasm
Assim: A snRNA é enviada ao citoplasma através da exportina Crm1, é associada a outras proteínas para formar o
snRNPs e é direcionada de volta ao núcleo através da snurportina.
Quanto ao mRNA, não há transporte mediado por importinas, nem depende de Ran.
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Aula Biocel 15 - Ciclo celular
O ciclo celular constitui uma série de processos que se dão na célula e que lhe permitem produzir descendência.
Uma célula origina 2 novas células, com o seu genoma. O ciclo constitui uma das características fundamentais das
células indiferenciadas. Os processos acontecem de forma coordenada e são: crescimento celular (contínuo ao
longo do ciclo), replicação do DNA, distribuição do material genético pelas células filhas, divisão celular.
O ciclo (24h, nos humanos) divide-se então em 2 fases distintas:
1) Interfase (23h)
2) Mitose (1h)
1) INTERFASE
Representa 95% do tempo do ciclo celular, e é a fase em que ocorre essencialmente crescimento celular e
replicação do DNA (que se encontra disperso e descondensado). A interfase divide-se igualmente, mas em 3 fases:
Fase G0, o estado normal das células diferenciadas. Estas permanecem neste estado até sofrerem um estímulo
que as faça avançar para mitose consequente.
Fase G1 (intervalo GAP) entre a mitose e a replicação do DNA, onde existe atividade metabólica e a célula
cresce. O DNA é diploide e dura cerca de 11h.
Fase S (de síntese), onde ocorre a replicação do DNA, dura à volta de 8h.
Fase G2 (2º GAP), intervalo entre a replicação e a mitose, onde continua o crescimento celular e há muita
síntese proteica, preparando a mitose, dura cerca de 4h.
2) MITOSE
A mitose (divisão nuclear) é a parte do ciclo em que os cromossomas duplicados na replicação são distribuídos
pelas células filhas (2) e ocorre a divisão celular citocinese. Garante a passagem bem-sucedida do património
genético, e divide-se em 4 fases distintas:
Profase, onde os cromossomas condensam, cada um constituído por 2 cromatídeos (replicação), unidos pelo
centrómero, ao qual se juntam proteínas (microtúbulos), originando o cinetocoro. Começa lentamente a formar-se
o FUSO MITÓTICO, a partir dos centríolos (que migrando para os pólos, separadamente). No fim da profase
ocorre a dissolução do invólucro nuclear. Na prometafase, os microtúbulos do fuso ligam-se então ao centrómero,
orientando os cromatídeos para pólos opostos.
Metafase, os cromossomas encontram-se alinhados na célula, com os centrómeros dispostos na placa equatorial,
ocorre afastamento dos braços dos cromatídeos. É a fase mais breve e onde termina a formação do fuso mitótico.
Anafase, os cromatídeos-irmãos ascendem em sentidos opostos (separam-se), puxados pelos microtúbulos do
cinetocoro. No final ocorre a despolimerização dos microtúbulos astrais e polares.
Telofase, ou nucleocinese, ocorre a reorganização do invólucro nuclear nas 2 células filhas, descondensam-se
os cromatídeos e dá-se a despolimerização dos microtúbulos do cinetocoro.
Citocinese, estrangulamento do citoplasma e divisão celular. Nas células animais existe o anel de constrição,
filamentos de actina e miosina II que vão contraindo ate dividir o citoplasma. Nas células vegetais existe o sulco
de segmentação, uma nova parede celular constituída por vesículas do complexo de Golgi fundidas.
1) Checkpoint G1 determina se as células passam ou não para a fase S, mesmo que já não exista o estímulo inicial
que levou à divisão. É regulado por fatores de crescimento extracelulares. Assim, perto do final de G1 há uma S-
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ciclina que se associa ao CDK – essencial para passar para G2. Após isso, a ciclina é destruída
(não pode voltar atrás). Excetuando-se problemas inesperados, como dano no DNA ou erros
de replicação, uma célula que passa pelo ponto G1, continuará pelo resto do
caminho através do ciclo celular e produzirá duas células filhas.
Ex: a ciclina D é produzida como resposta a um fator de crescimento (que
numa 1ª fase provoca a fosforilação da tirosina) e mantém-se apenas enquanto
ele existir, pois degrada-se rapidamente. O complexo CDK4,6/ciclina D
fosforila a proteína Rb, do retinoblastoma, levando-o a desligar-se do E2F-1,
permitindo que este estimule a replicação do DNA passagem de G1 a S. A
associação de CDK à ciclina faz ultrapassar a fase de G1. A E2F é um fator de
transcrição. Se ficar livre do Rb, exerce a sua função de passagem para a fase de replicação:
deteção de Rb fosforilado.
Como ativar a entrada em replicação: Os fatores de crescimento (hormonas) são variados e
controlam o ciclo celular em G1. Atuam ligando-se a recetores na membrana celular, ativando vias
de sinalização no interior da célula.
2) Checkpoint G2, determina se as células passam para mitose, o que apenas acontece se o
DNA duplicado não estiver danificado. Se os mecanismos detetam problemas com o DNA, o
ciclo celular é interrompido e a célula tenta completar a replicação ou reparar o DNA
danificado. Se o dano é irreparável, a célula pode sofrer apoptose.
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Em geral, os níveis de Cdk permanecem constantes por todo o ciclo, mas a atividade das Cdk e as proteínas-alvo
mudam à medida que os níveis das várias ciclinas aumentam e diminuem. Além de precisar de uma ciclina, as Cdks
também devem ser fosforiladas num local específico para serem ativadas, e também podem ser reguladas
negativamente pela fosforilação de outros locais.
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filhas entrem na fase G1. Se o APC/C recebe os sinais certos durante a metáfase, inicia também uma cadeia de
eventos que destrói a coesina, a cola que mantém as cromátides juntas. O APC/C primeiro adiciona ubiquitina a
securina. A securina normalmente liga-se a uma separase, inativando-a. Quando a securina é destruída, a separase
torna-se ativa. A separase corta a coesina que mantém as cromátides juntas, permitindo que se separem.
De todo o genoma humano, p53 é o gene mutado com maior frequência em cancros.
Aspetos gerais das rotas de transporte celular: O transporte de todas as proteínas de uma célula eucariótica
começa no citosol (exceto umas poucas proteínas feitas nas mitocôndrias e cloroplastos). Assim que uma
proteína é produzida, ela segue passo a passo pela "árvore decisória" da entrega. A cada passo, a proteína é
verificada para marcadores moleculares, para ver se ela precisa ser redirecionada para um caminho ou destino
diferente.
Todas as proteínas começam sua síntese no citosol. Muitas ficam ali para sempre, mas algumas são transportadas
para outros destinos celulares. Algumas são completamente sintetizadas no citosol. Elas podem ser importadas
para o interior da mitocôndria, peroxissomo, cloroplasto e núcleo, após o transporte. Outras proteínas são
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importadas para o interior do retículo endoplasmático. Daí, a maioria vai até o Complexo de Golgi por transporte
vesicular. Do Complexo de Golgi (ainda por transporte vesicular), as proteínas podem alcançar o exterior celular
(por secreção), membrana plasmática, lisossomo, ou outras partes do sistema de endomenbranas.
O primeiro ponto principal da ramificação é logo no início do transporte. Neste ponto, a proteína pode
permanecer no citosol pelo resto do processo, ou ser enviada para o interior do retículo endoplasmático (RE),
pelo transporte^22squared.
As proteínas são entregues no RE pelo transporte se elas tiverem uma sequência de aminoácidos
chamada de peptídeo sinal. Em geral as proteínas destinadas às organelos do sistema de
endomembranas (como o RE, aparelho de Golgi e lisossomo) ou ao exterior da célula, entram no RE nesta
etapa.
As proteínas não sinalizadas com peptídeo permanecem no citosol pelo restante do transporte. Se elas
não tiverem outros "rótulos de endereçamento," ficarão de forma permanente no citosol. Mas se elas
tiverem o rótulo correto, elas serão encaminhadas para a mitocôndria, cloroplastos, peroxissomos ou
núcleo pelo transporte.
O peptídeo-sinal que envia a proteína para o interior do retículo endoplasmático durante a tradução é
constituído por uma série de aminoácidos hidrofóbicos ("que temem a água”), geralmente encontrados próximo
ao início (N-terminal) da proteína. Quando essa sequência sai do ribossomo, é reconhecida por um complexo
proteico chamado de partícula reconhecedora de sinal (PRS), que leva o ribossomo
para o RE. Ali o ribossomo entrega a sua cadeia de aminoácidos no lúmen (interior) do
RE, conforme produzida.
A imagem à direita mostra o transporte de uma proteína membranar a partir do RE
rugoso, através do Golgi, até a membrana plasmática. A proteína é inicialmente
modificada pela adição de cadeias de carboidratos ramificadas no RE rugoso; depois,
estas são reduzidas e substituídas por outras cadeias de carboidratos no complexo
de Golgi. A proteína, com seu conjunto final de cadeias de carboidratos é então
transportada para a membrana plasmática em uma vesícula de transporte. A vesícula
se funde com a membrana plasmática, seus lipídios e carga de proteína se tornam
parte da membrana plasmática.
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Aula 17 - Retículo endoplasmático e complexo de Golgi
A existência de material genético nas células tem como fim a obtenção de proteínas com as mais variadas funções.
Organelo: rede de membranas com túbulos e cisternas interligados e que se estendem pelo citosol a partir da
membrana nuclear externa, representando 50% do conteúdo membranar celular. Há 3 tipos:
1) RUGOSO (com ribossomas) – síntese proteica e reserva Ca2+
2) LISO (sem ribossomas) – síntese lipídica e reserva Ca2+
3) De TRANSIÇÃO ou de saída (últimas cisternas antes de envio para o C. Golgi).
A síntese proteica em eucariotas pode ser de dois tipos – ou em ribossomas LIVRES, ou em ribossomas associados
ao RER (retículo rugoso). Inicia-se sempre nos ribossomas LIVRES.
LIVRES: para o núcleo, citosol, cloroplastos, mitocôndrias, peroxissomas (proteínas maiores)
RIBOSSOMAS ligados ao RER: para membranas, Golgi, endossomas (proteínas mais pequenas, porque o
sinal é clivado…)
EUCARIONTES: As proteínas iniciam a tradução nos ribossomas livres no citosol. Os ribossomas são direcionados
para o RER por uma sequência sinal existente no terminal-N (amino) do polipéptido nascente.
Esta SEQUÊNCIA SINAL é constituída por 15 a 40 aa, e possui uma região com 7 a 12 resíduos hidrofóbicos
precedidos de aminoácidos básicos (arginina, Lisina). A sequência é introduzida no translocão canal (em eucariotas
é o complexo SEC61) na membrana do RER, sendo seguida de toda a cadeia polipeptídica. No final, a sequência sinal
é clivada pela enzima sinal peptidase, e a proteína fica no lúmen do RER (exceto as que têm como destino as
membranas). O endereçamento proteico para o RE tem a particularidade de translocação e tradução poder ocorrer
em simultâneo (translocação co tradução).
A SRP liga-se à sequência sinal da Proteína. A membrana do RE tem um recetor (recetor de SRP), que se liga à
sequência sinal e mantém a tradução a ocorrer. O TRANSLOCÃO (sec61) abre em duas direções após reconhecer
a SRP/sequencia sinal:
1-Forma um canal através da membrana do RE de modo a que porções hidrofílicas das P atravessem a membrana;
2-Abre lateralmente de modo a que porções hidrofóbicas (domínios transmembranares) se insiram na membrana.
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Em LEVEDURAS verifica-se mais frequentemente a Translocação Pós-tradução: independentes de SRP.
As proteínas sintetizadas em ribossomas livres são reconhecidas pelo complexo Sec62/63 que se encontra
associado ao translocão (Sec61), e requerem chaperones HSP70 no citosol, que mantém a sua estrutura linear e
chaperones Bip no lúmen (que puxam a P para o lúmen), cuja ligação à proteína mantém a sua forma correta de
modo a entrarem no RER. As proteínas com destino membranar são integradas na membrana do RER (têm a
sequência sinal a meio da cadeia), seguindo depois a via secretora das proteínas.
Exportação de proteínas/lípidos do RE
Após PROCESSAMENTO, as proteínas são enviadas para o C. Golgi em vesículas que partem da região de saída
(Eres) e fundem o compartimento intermediário RE-Golgi (Ergic) e seguem para o C.Golgi – marcados por sinais de
exportação. A topologia de proteínas e lípidos é conservada ao longo da via de secreção.
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COMPLEXO DE GOLGI
Organelo responsável pelo processamento e endereçamento das proteínas sintetizadas no RE para os endossomas,
lisossomas, membranas plasmáticas ou secreção. Responsável pela síntese da maioria dos glicolípidos e
esfingomielina, assim como o processamento das Proteínas vindas do RE. Nas células vegetais, é o local onde são
sintetizados polissacarídeos da parede celular. Divide-se:
1) Zona cis, onde as proteínas chegam (podem ser marcadas com ósmio), usualmente voltada para o núcleo.
2) Zona média, onde se dão as modificações proteicas.
3) Zona trans, onde se dão as modificações proteicas, usualmente afastada do núcleo (podem ser marcadas
enzimaticamente por pirofofatase da tiamina)
Exportação de proteínas
Algumas proteínas são residentes do RER, e quando são enviadas para o C.Golgi, são novamente reencaminhadas
para o RER, porque possuem uma sequência específica, a KDEL (lis-asp-gli-leu). A KDEL tem 4 aa de sequência no
N-terminal das PTN, e reagem com recetores do complexo de Golgi. No C. Golgi (o pH é mais baixo), há maior
afinidade de ligação KDEL com o recetor. Se se liga ao recetor, há transporte deste para o RER. Quando chega ao
RER, uma vez que este tem pH mais alto, perde-se a afinidade e elas dissociam-se. Este processo evita que as
proteínas do RER sejam depletadas.
As proteínas no Golgi podem ser enviadas para o meio extracelular, por exocitose. Pode ser:
Constitutiva, que não sofre regulação e expulsa proteínas sem destino específico
Regulada, em que as subs estão em vesículas e são libertadas mediante reconhecimento de um estímulo
(hormonas endócrinas, neurotransmissores ou enzimas digestivas das células pancreáticas).
O processo contrário é a endocitose, e consiste na captação de moléculas extracelulares em vesículas formadas
por invaginações membranares. Pode ser uma fagocitose, onde a célula forma pseudópodes captando seres
infeciosos (forma-se o fagossoma) ou uma pinocitose, que permite a captura de fluidos extracelulares.
Em células polarizadas (exemplo: células epiteliais) a membrana plasmática divide-se em domínio apical e domínio
basolateral, existem sequências que as marcam ou as vesículas que as transportam.
Antes de deixarem a face trans do Golgi, essas proteínas devem ser devidamente acondicionadas e transportadas
para o domínio correto.
Ex: Insulina. É traduzida no RER, em pré-Pro-Insulina. Vai para o C.Golgi, que a transforma em Pró-Insulina e a
envia em vesículas. Nas vesículas ela é clivada em Insulina. Ou seja, no C: Golgi existe PRÓ-insulina, a Insulina final
é processada nas vesículas.
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AULA 18- Mecanismos de transporte vesicular. Lisossomas
Tipo de revestimentos proteicos das vesículas:
COP II – transportam vesículas do RE para a face cis do complexo de Golgi
COP I – sentido inverso: do C.Golgi para o RE e intra-Golgi
Clatrina – para a face trans do complexo de Golgi para as membranas plasmáticas, endossomas e lisossomas
Existem proteínas que regulam a montagem e perda do revestimento das vesiculas (GTPases). Assim:
Proteínas ARF1 – COPI e clatrina nas membranas do complexo de Golgi
Proteínas Sar1 – COPII na membrana do RE
Exemplo: a Sar1 fica ativa quando ligada ao GTP. Liga-se a recetores que sugerem o revestimento de COPII.
O tipo de revestimento regulado pelas proteínas já dá alguma especificidade à vesicula, mas não é suficiente. Aqui
entram as proteínas Rab, que regulam mais ainda a especificidade do transporte das vesículas (também são
GTPases). A Rab ajuda na direccionalidade Rab-GTP associa-se a fatores de ancoragem das membranas-alvo, e
assim ligam a vesícula a essa membrana.
Nesta fase, entram as proteínas designadas SNARES. As snares regulam o processo de fusão das vesículas com a
membrana-alvo. Existem dois tipos de snares:
V-snares – de vesícula
T-snares – de target, membrana-alvo
Ambas têm domínios transmembranares e facilitam a fusão da vesícula à membrana-alvo, para a vesicula ser
esvaziada.
LISOSSOMAS
Organelos só com uma membrana, com morfologias muito díspares dependendo do material que possuem, e contêm
uma série de enzimas de pH ácido (50), graças à sua bomba de protões, capazes de degradar várias moléculas:
nucleases, protéases, glicosidases, lípases, fosfatases, sulfatases, fosfolipases, etc. Consiste no sistema digestivo
da célula. Uma vez que apenas atuam, em meio ácido, isto fornece uma proteção à célula e caso de rutura do
lisossoma (como o citosol tem pH 7,2, as enzimas perdem função). Patologias em genes que codificam essas enzimas
(ou regulação da sua membrana) originam doenças lisossomais de acúmulo, significando acúmulo tóxico no interior
da célula. Podem ser:
Primários, apenas possuem conteúdo hidrolítico, ainda não se fundiram com nenhum agente, tendo por isso
aspeto homogéneo;
Secundários, quando ocorre a fusão de um lisossoma com produtos a ser degradados.
Ex. de fusão com fagossoma (macrófagos por fagocitose) fagolisossoma, ou a fusão de um lisossoma com um
organelo celular autolisossoma (reciclagem de componentes celulares).
A sua origem tem 2 teorias: ou provêm de cisternas imóveis, ocorrendo a sua maturação entre elas, ou provêm de
cisternas móveis, e são enviadas das diferentes zonas do Golgi, com as respetivas enzimas.
Como os lisossomas não são degradados? As suas proteínas são muito glicosiladas, que lhes confere uma proteção
anti-lise. Por isso se compreende em microscopia, a aréola branca que as recobre (glícidos).
Como saber que aquela vesícula deve ir para lisossoma? As proteínas recebem um tipo de glicosilação diferente
no RE, que as “marca” para serem enviadas para o lisossoma. São então proteínas que possuem uma manose-6-P,
que se ligam a recetores de manose-6-P presentes no trans-Golgi. Assim, esta associação da manose-6-P com os
receptores, induz um recrutamento do revestimento clatrina e fundem-se com os endossomas, ficando no interior,
e os recetores reciclados.
NOTA: nas células vegetais, não existe muita evidência de existência de lisossomas, sendo o seu papel digestivo
substituído pelos vacúolos.
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AULA 19 - Degradação proteica
O “Turnover” (ciclo de vida) das proteínas. O teor proteico nas células depende dos níveis de síntese e degradação
de proteínas. Nem todas possuem o mesmo tempo de semivida - importante na regulação das células.
Um proteoma funcional requere uma constante remodelação e reparação/eliminação de proteínas danificadas!
Cerca de 30 % das proteínas recém sintetizadas são rapidamente degradadas devido a erros (na formação de
complexos, conformação, etc…)
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Importância fisiológica a autofagia:
1–1.5% das proteínas celulares são degradadas por hora via autofagia
Atuam como maquinaria de controlo de qualidade de componentes citoplasmáticos – crucial para várias células
diferenciadas, como os neurónios I
Tipos de autofagia:
• Microautofagia - pequenas porções de citoplasma são envolvidas pela membrana dos lisossomas ou endossomas
tardios para degradação
• Autofagia mediada por chaperones (CMA) - Proteínas que possuem sequência pentapeptídica KFERQ são
reconhecidas pela Hsc70 e co-chaperones, são translocadas para o lúmen do lisossoma após ligação à Lamp-2A na
membrana lisossomal. Cerca de 30% das proteínas citosólicas apresentam a sequência sinal KFERQ. Lys Hsc -70 –
forma lisossomal da Hsp70, estabiliza o multímero Lamp-2-A.
• Macroautofagia - A privação de nutrientes é reconhecida como um dos melhores estímulos para a ocorrência
de macroautofagia. Damaged organelles and Protein aggregates (starvation).
Formação do autofagossoma:
Na presença de nutrientes o complexo mTORC1 inibe autofagia por supressão do complexo ULK1.
Na privação de nutrientes: Ativação do complexo ULK1 que transloca para um determinado domínio
do RE. No RE, ULK1 regula o complexo PI3K que origina formação de PI3P. PI3P recruta DFCP1 e
promove formação do omegassoma, de onde se originam os autofagossomas Necessária a ação do
complexo Atg12-Atg5-Atg16L1 e ligação de LC3 ao PE da membrana para a ocorrência da
maturação/elongação e dissociação do autofagossoma. O L53 é lipidado. Formação do fagossomo e
depois do autofagossomo.
Ubiquitinação e autofagia
Monoubiquitinação – localização, atividade, interação
K63 poliUb – sinalização de degradação por autofagia
K48 poliUB – Degradação proteossoma
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As chaperones/enzimas do RE são essenciais.
Calnexina/calreticulina no controlo de qualidade de glicoproteínas:
A calreticulina e a calnexina ligam aos oligossacarídeos de cadeia nascente ajudando no folding correcto, ou de
proteínas com folding incorrecto tentando corrigir o erro São (em conjunto com BiP) dos primeiros intervenientes
no controlo de qualidade Se os processos de aquisição da estrutura terciária/quaternária falharem, a proteína é
enviada para o citoplasma onde é degradada pelo proteassoma - ERAD (“ERassociated degradation”)
Modificações nos N-oligossacarídeos são utilizadas para controlar a qualidade do folding – ERAD
Papel da chaperone BiP no lúmen do RE Quando há acumulação de proteínas mal enroladas no lúmen do RE – stresse
do RE – a BiP desencadeia a ativação da UPR com o objetivo de repor a homeostasia proteica pela expansão do RE,
inibição da síntese de proteínas e aumento da expressão de chaperones. As Bip, ao estarem desconectadas dos
sensores na membrana, ativam-nos. Atenuam assim a produção de mais proteínas, enquanto as que estão no lúmen
estiverem a ser processadas.
Resumo:
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AULA 20 – Plastos
Tipos de plastos (organelos):
Cloroplastos, contém clorofila e realizam a fotossíntese.
Cromoplastos, contêm pigmentos como carotenóides.
Leucoplastos, não têm pigmentos mas armazenam energia não fotossintética.
Amiloplastos, que armazena amido.
Elaioplastos, que armazena lípido (exemplo: oleaginosas).
Todos têm genoma semelhante e derivam de protoplastos que amadurecem, podendo uns originar os outros. No
amadurecimento, caso exista luz, surgem os cloroplastos, caso contrário, os etioplastos. O ADN presente nos
plastos é próprio, circular, mas pode derivar também do núcleo. O inverso não se verifica (proteínas no citoplasma
provém apenas do núcleo).
1) Fase clara
Nesta fase as reações são dependentes da luz e ocorrem NA MEMBRANA dos tilacóides.
FOTOSSISTEMAS: dois dos 5 complexos proteicos presentes na membrana dos tilacóides, onde a luz é absorvida.
O I (700), maioritariamente nas lamelas e periferia do grana e o II (680) nos tilacoides empilhados onde ocorre
a fotólise da água, geram NADPH e ATP, que vão ser utilizados para criação de reservas de glicose.
CENTRO DE REACÇÃO CLOROFILINO: onde 2 moléculas de clorofila transferem os é excitados para a cadeia
transportadora. Clorofila: pigmento fotossintético que faz parte do centro de reação. Recebe energia dos eletrões
(é) excitados, que vem dos complexos de antena, conjunto de pigmentos moleculares que absorvem a luz.
Complexo de antena: recebe os raios UV e transmite para a zona central do complexo clorofilino.
Nos fotossistemas a luz é absorvida pelos pigmentos fotossintéticos e usada para quebrar uma molécula de água,
originando 2H e 2é excitados e O2. Os é serão levados em reações red-ox até ao centro de reação clorofilino.
Daí são levados por transportadores de é (plastiquinona) até ao 3º complexo, o citocromo bf, e esse transporte
faz com que os H anteriores sejam bombeados para o lúmen dos tilacóides, gerando gradiente protónico.
Finalmente, os é são aceites na NADP REDUTASE formando o NADPH e o gradiente protónico gerado faz
funcionar a ATP sintase (F0F1), levando à produção de ATP para o estroma do cloroplasto.
NOTA: Quando os é do fotossistema I são usados pelo citocromo bf para gerar energia, produzindo gradiente que faz
funcionar a ATPsintase, chama-se transporte cíclico de eletrões, sendo os eletrões depois enviados novamente o
fotossistema I (pela plastocianina). Quando acontece o processo normal, chama-se transporte acíclico de eletrões.
2) Fase escura
Aqui, o ATP e o NADPH gerados na fase clara são usados juntamente com o dióxido de carbono para produção de
glicose C6H12O6. Este processo é efetuado pela RuBisCo (uma carboxilase). Forma-se Gliceraldeído-3-P, o
percursor de todas as moléculas restantes.
INIBIÇÃO DA FOTOSSÍNTESE: Atrazina e Glifosato, como exemplos.
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AULA 21 - Mitocôndrias e Peroxissomas
MITOCÔNDRIA
Organelo com funções estruturais energéticas, contém genoma próprio
(circular e com várias cópias) com poucos intrões, e a maioria das suas
proteínas são importadas de ribossomas livres. O ADN mitocondrial
permite a estes organelos produzirem as suas próprias P, não mais que
5% das totais. Estruturalmente:
1) Membrana externa
2) Membrana interna
3) Espaço intermembranar
4) Cristas mitocondriais (cells com maior necessidades contêm + cristas)
5) Matriz mitocondrial
1) Membrana externa - Permeável a pequenas moléculas e iões devido a porinas. 40% constituída por lípidos
(sintetizados no RE). Permite a translocação de P, e dos substratos do ciclo do ácido cítrico (piruvato).
2) Membrana interna - Contém mais proteínas (80%), não tem poros e é muito seletiva; Contém muitos complexos
enzimáticos e sistemas de transporte transmembranar. Apenas 20% é constituída por lípidos, sendo mais rica em
transportadores de é, a F0F1ATPase e CARDIOLIPINA, lípido que lhe confere impermeabilidade. A área é
aumentada por cristas, e tudo isto reflete a sua função, produção de ATP. Contém os transportadores de é (que
ao funcionarem criam um gradiente de H+ no espaço intermembranar mantido pelas bombas de H, que não se dissipa
graças à impermeabilidade). Esse gradiente faz funcionar a ATPsintase, gerando ATP - fosforilação oxidativa.
3) Espaço intermembranar - Como a m. exterior é livremente permeável a moléculas pequenas, as concentrações
de moléculas pequenas no espaço intermembranar são as mesmas que o citosol. No entanto, as P grandes devem
ter uma sequência específica de sinalização para serem transportadas através da membrana externa, ou seja, a
composição de proteínas deste espaço é diferente da composição proteica do citosol.
4) Cristas mitocondriais - Prolongamentos da membrana interna através da matriz, aumentando a sua área. Podem
ser lamelares (fígado), vesiculares (suprarrenal) ou outra estrutura mais particular (ex: tecido adiposo castanho).
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3) Ou possuem uma segunda sequência de endereçamento que só é descoberta após clivagem da pré-
sequência na matriz, que as direciona para o translocão Oxa1. Da Oxa1 são transportadas de volta para
o espaço intermembranar ou inseridas na membrana interna (se hidrofóbica).
Proteínas produzidas na matriz e com destino final a membrana interna também são translocadas pela OXA1.
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PEROXISSOMAS
Pequenos organelos esféricos envolvidos POR UMA MEMBRANA, sem genoma próprio. Tal como a mitocôndria,
replicam-se por divisão e recebe proteínas de ribossomas livres.
O conteúdo é essencialmente enzimático, cerca de 50 enzimas diferentes, com várias funções.
A função principal é obter, através de reações de oxidação, H 2O2, um tipo de ROS, que sendo prejudicial é
degradado pela catalase (reage com DAB), convertendo-se em H2O e O2, e também para oxidar outras moléculas,
como os AG de cadeia longa (acima de 26C) ß-oxidação (transformam-nos em cadeia média).
Em animais, tem também a função de síntese de lisina, colesterol e dolicol, bem como de plasmalogenos
(fosfolípidos com ligação éter), componentes membranares importantes no coração e cérebro.
Os plasmalogenos, em plantas, convertem AG em CHO (glioxalato, variante do ácido cítrico, muitas vezes
designando-se glioxissomas).
Pode ter tido origem num organelo ancestral onde ocorria o metabolismo de O 2.
PATOLOGIAS PEROXISSOMAIS:
A maioria das patologias peroxissomais causam disfunção neurológica severa devido a malformações no SNC,
anormalidades na mielina e degeneração neuronal.
1) Único défice enzimático
2) Biogénese dos peroxissomas
São peroxissomas maiores e em menor quantidade que os sãos (visto por fluorescência). Normais muitas das
vezes surge como pontilhado, se patológico mais difuso.
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AULA 22 – Citoesqueleto
Rede de fibras proteicas no citoplasma que dá suporte físico à célula, com funções variadas: determinar a forma
celular e é responsável pelos movimentos celulares, quer a nível da célula quer organelos.
É uma rede não rígida e muito dinâmica, o que permite a constante reorganização celular quando necessário. É
constituída por 3 tipos de filamentos, ligados entre si por uma série de proteínas:
1) Microfilamentos (Filamentos de actina de 7 a 9nm)
2) Microtúbulos (25nm de tubulina α e β)
3) Filamentos intermédios (variadas proteínas, conforme a sua função)
1) MICROFILAMENTOS
Relacionados com a membrana celular, na periferia da célula, determina a forma e fornece suporte mecânico e
de movimento. A actina constitui a maior proteína do citoesqueleto. O seu monómero é a actina G, proteína globular
polar com estrutura terciária, que polimeriza formando filamentos de actina F, polares, com 7 nm de diâmetro:
Extremidade +, sofre polimerização rápida;
Extremidade -, sofre polimerização lenta.
Esta polimerização requer ligação e respetiva hidrólise do ATP, com o auxílio do magnésio. Cada actina G se liga
a outras duas, criando trímeros, que vão formando os filamentos (numa estrutura de pseudohélice). 20% das
proteínas das células musculares são actina (nas restantes células varia entre 5 a 10%).
Os agregados de 3 actinas G, vão formando filamentos F, através de ligação ao ATP e juntam à cadeia, na
extremidade +, 5 a 10 vezes mais rápido que na extremidade -, onde o ATP já foi hidrolisado a ADP e onde ocorre
a despolimerização, pois a actina ligada a ADP tem ligação mais fraca (permitindo assim sucessivas polimerizações
ou despolimerizações). Este carácter dinâmico da actina tem o nome de TREADMILLING.
Estes mecanismos são regulados por várias proteínas (Actin binding proteins, ABP).
Existem drogas capazes de bloquear o treadmilling da actina:
Citocalasinas, ligam à extremidade +, impedindo a elongação e seguimento de processos como a mitose.
Faloidinas, ligam aos filamentos, impedindo a dissociação (e logo impedindo a despolimerização).
Além destas drogas, existem proteínas que se ligam à actina, regulando a sua polimerização:
Forminas, facilitam a polimerização partindo da extremidade + e permitindo cadeias não ramificadas;
Arp 2/3, igual às forminas, mas permitindo cadeias ramificadas;
Profilina, permite a reciclagem da aG para ADP, para a actina poder voltar a entrar no filamento. Estimula a
troca de ATP por ADP;
Tropomiosina, estabiliza a actina;
Cofilina, liga à extremidade – da actina, acelerando a despolimerização; pode criar vários fragmentos.
CAP, ligam-se à extremidade + (Z) impedindo a polimerização ou – (tropomedulina) impedindo a
despolimerização.
2) MICROTÚBULOS
Tubos com aproximadamente 25 nm, com carácter dinâmico, e funções estruturais e de movimentação (cílios,
flagelos, movimento de organelos ou dos cromossomas na mitose.)
É essencialmente constituído por dímeros de tubulina α e ß, que polimerizam em 13 protofilamentos paralelos que
se unem formando um tubo polar, tal como a actina, sofrendo polimerização e despolimerização
TREADMILLING. Este processo é semelhante ao da actina, utilizando GTP em vez de ATP. O GTP liga-se à
tubulina na extremidade +, dependendo fortemente da concentração de ambos.
Existem proteínas associadas aos microtúbulos:
Polimerases, polimerização;
Despolimerases, estimulam a dissociação;
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CLASP, impedem o efeito de catástrofe - impedem o movimento de rápida despolimerização que ocorre no
défice agudo de GTP e tubulina (chamado de instabilidade dinâmica, que o permite atuar rapidamente, ora
construindo ora despolimerizando).
Em INTERFASE, os microtúbulos têm origem na zona pericentriolar. Junto aos centrossomas (zona -), e orientam-
se para a periferia da célula (+).
Na MITOSE, criam os cinetocoros (que atravessam os centrossomas), os astrais (que ligam os centríolos à parede
citoplasmática) e os polares (que ligam centrossomas diretamente sem passar pelos cinetocoros dos cromossomas).
Existem proteínas motoras que se deslocam ao longo dos microtúbulos p/transporte de subs, gastando ATP:
Cinesinas, responsável pelo transporte na direção da extremidade +.
Dineínas, responsáveis pelo transporte da direção da extremidade – dos microtúbulos.
Os cílios e flagelos são prolongamentos da célula que contêm microtúbulos e que conferem movimento à célula.
Existem drogas capazes de parar este carácter dinâmico dos microtúbulos:
Colquicina e colcemida, impedem a polimerização dos microtúbulos, não ocorrendo mitose.
Taxol, estabiliza o carácter dinâmico dos microtúbulos.
Vinblastina.
Paclitaxel (Taxol).
Nocodazol.
3) FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS:
O 2º maior constituinte do citoesqueleto, formam redes de 10 nm de diâmetro, de carácter mais estável.
Associam-se em dímeros, e a organização é apolar (os protofilamentos dispõe-se em alternância de fase),
antiparalela em tetrâmeros.
São compostos por várias proteínas, consoante as células, que se dividem essencialmente em 4 grupos:
1) Queratinas, ácidas ou básicas, e existem nas células epiteliais, unhas e cabelos. Tem função de ancorar o núcleo
à membrana celular e podem ligar-se às caderinas das junções celulares.
2) Vimentinas, existem nos fibroblastos e células musculares (desminas), ancorando o núcleo à membrana.
3) Neurofilamentos, abundantes nos axónios, conferem-lhes segurança.
4) Laminas nucleares, rodeiam internamente o invólucro nuclear e, sofrendo fosforilação, quebram-se.
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Aula 23 - Matriz extracelular e interações da superfície celular
As células animais possuem matriz extracelular, que preenche os espaços entre as células. A constituição base são
Proteínas fibrosas embebidas num gel de polissacarídeos, com proteínas de adesão celular.
2) MALHA DE PROTEOGLICANOS
Embebidas em géis de polissacarídeos designados glicosaminoglicanos (GAGs) – unidades repetitivas de
dissacarídeos N-acetilglucosamina ou N-acetilgalactosamina ligado a um açúcar acídico (ácido glucurónico ou
idurónico). Ligam iões com carga + e aprisionam moléculas de H2O formando um gel hidratado. Ligam-se a P
formando os proteoglicanos.
3) PROTEÍNAS DE ADESÃO
FIBRONECTINA
Responsáveis pela ligação dos componentes da matriz entre si e à superfície das células. Principal proteína de
adesão dos tecidos conjuntivos (Integrin). Glicoproteína dimérica – 2 polipéptidos com cerca de 2500 aa
Possui locais de ligação para o colagénio e proteoglicanos, formando cross-links com estes componentes
Tem também local de ligação para integrinas (ligação às células)
LÂMINA BASAL, matriz especializada, que as liga ao tecido conectivo. Dividida em Lúcida (mais interna rica em
laminina) e densa (mais externa rica em colagénio IV). • Fina (40-120 nm) • Resistente e
flexível • Várias localizações (sob a barreira epitelial, reveste células musculares e
adiposas, entre camadas celulares nos glomérulos renais). • Várias funções: Elo de ligação
entre as células e o tecido conjuntivo. Determinam características celulares (ex.
polaridade). Determinam a organização proteica na membrana. Constituição:
Proteínas estruturais/de adesão:
Laminina - Principal componente. Proteína heterotriméica, grande e flexível,
fundamental para a organização da lamina. Apresentam vários locais de ligação a 1
perlecano 1 nidogénio> 2recetores celulares (corresponde à zona da lamina lúcida).
Colagénio tipo IV – 2º mais abundante. Confere força de tensão. Hélice tripla com locais
de ligação para o perlecano e nidogénio (corresponde à zona da lamina densa).
Nidogénio
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Polissacarídeos: Glicosaminoglicanos (GAGs) e Proteoglicanos (ex: perlecano)
Cílios móveis
Projeções citoplasmáticas, digitiformes, mais compridas que as microvilosidades
No epitélio da traqueia com a função de limpar a árvore brônquica
Nas trompas de Falópio para arrastar o óvulo fecundado em direção ao útero
Constituídos por microtúbulos organizados em axonema (9periféricos + 2centrais), em que a extremidade (-)
encontra-se ancorada num centríolo designado corpo basal. Os braços de dineína do microtúbulo A projeta-se em
direção ao microtúbulo B do dupleto seguinte - responsáveis pelo deslizamento dos microtúbulos uns sobre os
outros (movimento xicote). A Discinesia ciliar primária (Sd Kartagener) - defeitos na estrutura ciliar que afeta a
mobilidade. Ausência das dineínas. O portador pode apresentar tosse crónica e infeções respiratórias
recorrentes, se for mulher pode ser infértil.
Flagelos
Estruturalmente similar aos cílios (9p + 2s), mas muito mais longos e em menor número.
O tipo de movimento é diferente do dos cílios – tipo sinusoidal
Nos espermatozoides o centríolo mais distal (corpo basal) ancora o axonema
Nota: Flagelos bacterianos não são cílios: Não têm microtúbulos; são externos à membrana celular (não
recobertos por membrana); fazem rodar um filamento proteico constituído por flagelina
Estereocílios
Apesar do nome, não são estruturalmente relacionados com os cílios
Microvilosidades modificadas na dimensão e forma, possuindo um citoesqueleto constituído por um feixe de
microfilamentos de actina
No Homem, existem no epidídimo e canal deferente (canais excretores genitais masculinos) e no ouvido interno
- ADESÃO CELULAR -
A organização de diferentes tecidos e órgãos é determinada por interações ao nível da superfície das células
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INTEGRINAS - P transmembranares (heterodímeros), que apresentam duas subunidades, uma α e uma β
As principais P da superfície celular responsáveis pela ligação das células à matriz extracelular
Existem 18 genes diferentes para as cadeias a, e 8 para as cadeias b - Existem 24 diferentes integrinas
Ligam-se a pequenas seq de aa presentes em diversos componentes da matriz, como o colagénio, a fibronectina,
a laminina e os proteoglicanos
A afinidade para ligar depende do estado conformacional: estão completamente ativas quando extendidas e
ligadas tanto ao citoesqueleto como à matriz
1) Int. heterofílicas - Fracas e transitórias: entre células sistema imunitário, por ex)
SELECTINAS -medeiam interações transitórias entre leucócitos e endotélio
Extravasamento dos leucócitos promovido pela ligação de integrinas ao ICAM
2) Int. homofílicas - Fortes e estáveis: envolvidas na organização e disposição das células nos tecidos)
CADERINAS - Principais P responsáveis pelas junções estáveis (homofílicas) entre as células nos tecidos. O
nome deriva da dependência por Ca2+ – a Ausência faz com que as adesões se desprendam
Formam ligações homofílicas específicas e não aleatórias, o que permite reconhecimento seletivo entre células
• Clássicas (ligam a filamentos de actina)
• Não -clássicas (desmossomais, ligam a filamentos intermediários)
A adesão entre caderinas é fraca: a força total é aumentada pela localização de várias moléculas de caderina
adjacentes, semelhante a velcro! Depende não só do tipo como também da quantidade de caderina expressa
1) JUNÇÕES DE ADERÊNCIA
Permitem a ligação entre o citoesqueleto de duas células adjacentes através de caderinas
• Desmossoma circular (adherens junction) - Caderinas clássicas como a E-caderina; Proteínas de ligação
aos microfilamentos de actina: α e β catenina.
• Desmossoma pontual (desmosome) - Caderinas não clássicas como a desmogleina e desmocolina. P para
ligação aos filamentos intermediários: Placofilina, placoglobina e desmoplaquina - O Pênfigo, Doença
autoimune – apresenta auto-ATC contra desmogleína - Afeta a adesão entre queratinócitos - Bolhas
generalizadas nas mucosas - Perda grave de fluidos (perda impermeabilização). Em microscopia, vistas
como uma placa mais densa.
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RESUMO DAS INTERAÇÕES
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Aula 24 Sinalização celular
Todas as células respondem a estímulos do meio que as envolve, quer sejam eles de origem químico-nutricional,
quer sejam enviados de outras células. Esses estímulos provocam na célula uma série de alterações, através da via
de sinalização celular, em células animais superiores:
1) Ligação de uma molécula sinalizadora ao recetor celular.
2) Ativação de uma série de proteínas sinalizadoras intracelulares.
3) Distribuição do sinal para locais apropriados da célula.
4) Nesses locais encontra-se a proteínas alvo, que pode influenciar: metabolismo, expressão génica, citoesqueleto
(forma e movimento celular)
As moléculas sinalizadoras podem ter várias naturezas: proteica, esteroides, óxido nítrico, CO; e são segregadas
pelas células sinalizadoras: exocitose, difusão passiva, ligação à membrana da célula sinalizadora.
TIPOS DE SINALIZAÇÃO:
Sinalização dependente de contacto, em que há contacto direto entre as 2 células, pois a molécula sinalizadora
e o recetor estão ligados às membranas das respetivas células. Importante na resposta imune p ex.
Sinalização autócrina, em que a célula alvo é a própria célula produtora da molécula sinalizadora (ex: resposta
imunitária dos linfócitos T)
Sinalização endócrina, em que as hormonas (molécula sinalizadora) são levadas pela corrente sanguínea até à
célula alvo (ex: estrogénio).
Sinalização parácrina, em que as moléculas sinalizadoras afetam apenas localmente as células vizinhas da célula
emissora (ex: neurotransmissores).
Ex. 1) Libertação de neurotransmissores pela célula nervosa na sinapse.
Ex 2) As células nervosas libertam os neurotransmissores para o sangue, ativando a NO.sintase, que produz NO a partir
de arginina. O NO difunde-se rapidamente pelas células musculares vizinhas, ligando-se à guanilil-ciclase. Esta enzima
activa-se, desfosforilando GTP em cGMP, que induz o relaxamento muscular - vasodilatação.
1) Recetores iónicos
Envolvidos na sinalização sináptica entre células eletricamente excitáveis. O que acontece nos neurotransmissores:
são libertados pela célula nervosa e, sendo hidrofílicos, ligam-se a proteínas-canais iónicos, provocando uma
mudança conformacional nestas, que resulta numa mudança na passagem de iões.
Ex: Via do AMP cíclico (cAMP), a subunidade α ativada migra em direção à adenilato-ciclase que fica ativada e
produz cAMP a partir de ATP. A forma inativa da PKA é um tetrâmero constituído por 2 subunidades catalíticas
(C) e 2 subunidades reguladoras (R) O cAMP liga-se às subunidades reguladoras levando à sua dissociação das
catalíticas, que ficam livres e enzimaticamente activas, aptas para fosforilar resíduos de serina nas proteínas alvo
(atividade cínase)
A PKA ativa é translocada do citoplasma para o núcleo. No núcleo, a PKA fosforila o FT CREB (CRE Binding protein)
que, por sua vez, recruta coactivadores e promove a transcrição de genes alvo (cAMP-inducible genes), que contêm
uma sequência reguladora CRE (cAMP regulatory element)
Diferentes células respondem de forma diferente ao aumento de cAMP O mesmo tipo de células responde,
normalmente, da mesma forma mesmo que ativado por sinais extracelulares diferentes. Ex: 4 hormonas diferentes
ativam a adenilato-ciclase nos adipócitos, e todas elas estimulam a degradação de triglicerídeos a AG.
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ERK’s, que vão atuar sobre outras cinases e fatores de transcrição, como as cinases das MAP’s (proteínas
associadas a microtúbulos).
Ligação da SOS à Grb2 e Ras-GDP, ativando-a
Ligação da proteína Grb2 (com domínio SH2)
Ras-GTP interatua com proteínas efetoras como a Raf (serina/treonina cinase)
Raf vai fosforilar a MEK que é também uma cinase
A MEK activa ERKs por fosforilação
As ERKs fosforilam uma variedade de alvos incluindo outras proteínas cinase e fatores de transcrição
ERK ativada pode migrar para o núcleo onde vai fosforilar fatores de transcrição que regulam a transcrição de
vários genes alvo
A especificidade da sinalização da via MAPK é conseguida, em parte, pela organização dos vários componentes da
cascata em complexos associados a proteínas scaffold, tais como a KSR.
RAS-RAJ-MEK-ERK
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AULA 25 Meiose e Fertilização
Meiose, gâmetas e fertilização
MEIOSE
A meiose é um ciclo celular especializado que reduz o número de cromossomas das células filhas para metade
formação de gâmetas HAPLÓIDES para a reprodução sexuada
Tem início após a replicação do material genético (fase SG2) e nas plantas e animais multicelulares é exclusiva
de células germinativas chave da reprodução sexuada.
Divide-se em duas fases principais: meiose I e meiose II.
1) Meiose I - Fase em que ocorre o emparelhamento dos cromossomas homólogos, divididos em 2 células filhas.
Divide-se em 4 fases:
A. Profase I, fase em que ocorrem as recombinações entre os cromossomas homólogos, e divide-se em 5 partes:
Léptoteno, onde os cromossomas se encontram em novelos finos e pontuados (cromómeros), e a cadeia
linear invade o cromossoma homólogo.
Zigóteno, ocorre emparelhamento, formando-se o complexo sinaptonémico, estrutura proteica que se
forma ao longo dos homólogos emparelhados. Forma-se também o nódulo de recombinação, complexo
enzimático com as enzimas necessárias ao crossing-over.
Paquíteno, onde se completa o crossing-over, estando os homólogos ligados pelos pontos de quiasma.
Diplóteno, onde o complexo sinaptonémico desaparece, e os homólogos mantêm-se unidos pelos pontos
de quiasma, importante para o alinhamento na metáfase.
Diacinese, fase de transição para a metáfase, onde os cromossomas estão mais condensados.
B. Metáfase I, formação do fuso meiótico e alinhamento dos pontos de quiasma na placa equatorial, com os
centrómeros dos cromossomas homólogos para lados opostos. Os microtúbulos prendem-se às cromatídeas irmãs.
C. Anafase I, quebra dos pontos de quiasma e separação dos homólogos.
D. Telofase I, os cromossomas homólogos são divididos em 2 pronúcleos.
2) Meiose II, idêntica a uma mitose normal, originando 4 células com material genético haplóide.
GÂMETAS
Da meiose resultam células haplóides, os gâmetas (são então células diferenciadas, sendo estes gâmetas
denominados de primordiais antes da meiose). Surgem de células germinativas que migram para as gónadas
embrionárias, onde aumentam o seu nº por mitose. Sofrem meiose, reduzindo o seu material genético e sofrem
maturação GAMETOGÉNESE.
As gónadas diferenciam-se por presença ou não do cromossoma Y. Estando presente, expressa o gene Sry que
diferencia as gónadas em testículos. Não estando presente, transformam-se em ovários. A gametogénese pode
ter dois nomes, consoante o tipo de gâmeta produzido:
I. Espermatogénese
Processo de formação do gâmeta masculino espermatozóide. Ocorre nos testículos, mais precisamente nos
túbulos seminíferos, de fora para dentro, em direção ao lúmen. Estes túbulos seminíferos são rodeados por lâmina
basal. Fases do processo:
Formação das espermatogónias por amadurecimento das células germinativas primordiais nos testículos.
Mitoses sucessivas multiplicam o nº de espermatogónias.
Estas células dão entrada na meiose I. durante este processo têm o nome de espermatócitos primários.
No final da meiose I, os espermatócitos passam a ser secundáriosentrada na puberdade.
Final do processo de meiose, com formação das espermátides.
Estas espermátides sofrem maturação, o processo
ESPERMIOGÉNESE, com a libertação final de espermatozóides no lúmen do túbulo seminífero. Neste processo
dá-se a redução do tamanho do núcleo e condensação total dos cromossomas, reorganização do citoplasma,
condensação do complexo de Golgi na parte apical do núcleo acrossoma (que tem as enzimas necessárias para
penetrar o óvulo) e forma-se o flagelo, com uma parte intermédia, ladeada de mitocôndrias que fornecem ATP
para o seu movimento.
II. Oogénese
Formação dos gâmetas femininos – óvulos, que ocorre nos ovários.
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As células germinativas primordiais entram nos ovários, onde se designam oogónias, envolvidas em folículos
primordiais.
As oogónias sofrem mitoses sucessivas nos ovários.
Entram em meiose – ovócito primário – e, no momento do nascimento da menina, param o processo no diplóteno
da profase I, enquanto o ovário cresce.
Na puberdade, iniciam-se os ciclos menstruais e o ovócito primário, sob estímulo hormonal, prossegue a meiose
I – ovócito secundário – formando-se o primeiro glóbulo polar (a 2ª célula resultante de uma meiose I).
O ovócito II segue para meiose II, onde pára em metáfase, só concluindo o processo se for fecundado.
Tal como na mitose, o MPF regula a meiose, induzindo a condensação cromossómica, quebra do invólucro nuclear e
formação do fuso mitótico. A alta concentração de MPF na metáfase II é a explicação para a célula se manter
nesse estado. A concentração de MPF mantém-se elevada pela existência de CSF, que tem uma subunidade MOS,
uma cinase de serina e treonina, cuja ação resulta na ativação da ERK-MAP, que ativa a Rsk, que mantém a MPF
inibindo a degradação da ciclina B.
FERTILIZAÇÃO
Processo através do qual surge um novo ser diplóide, por fusão dos gâmetas femininos e masculinos, que se dá no
1º terço das Trompas de Falópio. Ocorre em 4 fases:
1) Contacto e reconhecimento entre os gâmetas, para o que é necessário a capacitação do espermatozóide
(aumento do pH citosólico e hiperpolarização membranar), processos que aumentam a mobilidade do mesmo e
possibilitam a reacção acrossómica. O 1º contacto envolve a reação acrossómica, em que através das enzimas do
acrossoma (ativadas pelas proteínas ZP3 do ovócito) que digerem a zona pelúcida, o espermatozóide atravessa-a,
fundindo-se com a membrana do óvulo.
2) Regulação da entrada do espermatozóide no óvulo, para impedir que mais espermatozóides entrem na célula,
dá-se uma reação cortical. A concentração de cálcio aumenta quando o espermatozóide entra, sendo libertado para
o exterior sob exocitose, onde inativa as proteínas ZP da zona pelúcida, alterando-a e impedindo a entrada de
outros gâmetas masculinos. O cálcio leva também à conclusão da meiose II, pois inativa a Rsk, induzindo a
degradação da ciclina B da MPF.
3) Fusão do material genético, após isto, o zigoto contém 2 núcleos haplóides, os pronúcleos, que entram em fase
S da mitose, replicando-se e aproximando-se. Quando se encontram, a célula avança para a sua 1ª mitose.
4) Ativação do metabolismo do ovo e início do seu desenvolvimento
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AULA 26 Diferenciação e envelhecimento celular
Diferenciação celular: células estaminais
A diferenciação celular é o processo pelo qual as células com igual genoma originam células com funções
diferentes e que explica a evolução dos organismos multicelulares. Ocorre pelo facto de existirem nas células
diferentes tipos de RNA e proteínas, expressos por genes que sofrem splicing alternativo.
É um processo gradual, que ocorre ao longo de várias gerações de células, até a diferenciação total. Todas as
células indiferenciadas têm um destino pré-definido e, quando diferenciadas, a sua proliferação diminui, havendo
mesmo algumas que não sofrem mais nenhuma divisão. Ex: espermatozóide.
Morfogenos – substância difusível transportadora de informação, que determina o local e modo como ocorre a
diferenciação.
Divisão assimétrica de morfogenos, ocorre em moscas e batráquios e origina um desenvolvimento em mosaico,
em que os morfogenos estão irregularmente distribuídos (distribuídos apenas por uma célula).
Divisão simétrica de morfogenos, em que as células irmãs se tornam diferenciadas por influência posteriores
à mitose. Ocorre nos mamíferos, com divisões iniciais equitativas. Neles o excesso ou perda de células não altera
a ―pré-definição‖ das mesmas.
No fundo, os morfogenos são substâncias necessárias à ativação/repressão de genes estruturais que afetam
morfologicamente o organismo, num estado embrionário. Existem 3 regiões no embrião que contêm genes que
codificam morfogenos necessários à definição dos eixos antero-posterior ou rostrocaudal e dorsoventral, que são
necessárias ao desenvolvimento embrionário, permitindo o desenvolvimento de outras estruturas na região
(braços, pernas,etc.).
Proteínas bicoides, activam uma série de genes na região rostrocaudal.
Recetores Toll, ajudam no desenvolvimento da região dorsoventral, são recetores que reconhecem bactérias e
ativam o sistema imunitário inato.
Familia Hedgehog, existem em diferentes concentrações nas várias partes do embrião e garantem a sua
evolução. Ex: crescimento da árvore traqueobrônquica, em que as Hedgehog inibem a F6F10, obrigando a uma
divisão dos brônquios em dois ramos.
Células estaminais
São células que quando se dividem originam quer células que se vão diferenciar quer células que se mantém
indiferenciadas, o que permite a constante renovação celular ao longo da vida
Totipotentes células estaminais embrionárias
Multipotentes células estaminais adultas
Estas células estaminais podem diferenciar-se em vários tipos de células:
Musculares, neste processo, respondendo a sinais externos, retiram-se os factores de crescimento, parando a
multiplicação dos MIOBLASTOS, e também as CDK. Com isto, deixa de haver fosforilação da myoD e myf-5,
activando a miogenina que induz à diferenciação.
Sanguíneas, aqui uma célula estaminal pluripotente pode originar vários componentes sanguíneos, dependendo
dos genes transcritos.
Crista neural, células da região embrionária do tubo ventral podem originar osso, cartilagem ou neurónios.
O uso de células estaminais pode ter vários benefícios na terapia humana, nomeadamente na regeneração de
tecidos ou tratamento de doenças degenerativas. As células estaminais com maior ―eficácia‖ em tratamentos são
as totipotentes (embrionárias), e através da sua cultura, poderíamos obter um determinado tipo de células
diferenciadas e transferi-las para o doente a tratar. No entanto, essa clonagem terapêutica implica o uso e
destruição de embriões humanos, bem como a sua clonagem, o que tem inúmeras implicações éticas.
Genoma igual Células diferentes: Quando acontece? Porque acontece? Como acontece?
1. Sinalização Celular parácrina
2. Morfogeno
Substância difusível transportadora de informação, que determina o local e o modo como uma célula indiferenciada
adquirirá uma diferenciação particular.
3. Desenvolvimento inicial
Desenvolvimento em mosaico – - anfíbios - assimétrico – células criam-se diferentes
o Ovo de Xenopus laevis e Drosophila melanogaster. Notar as assimetrias na localização de
morfogenos
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Desenvolvimento regulativo – mamíferos - simétrico – criam-se células iguais; influência do ambiente
o Nos mamíferos, as divisões iniciais são simétricas… mas é necessário tomar uma primeira decisão,
de re-metilação. Após as divisões iniciais… Fenómenos celulares indutivos: Gradientes de
morfogenos
o Exemplo de fenómenos indutivos e de gradientes de morfogenos: O crescimento da árvore
traqueo-brônquica (O FGF10 é inibido pela Shh, e cada inibição cria uma ramificação nessa zona)
… A re-metilação não é total e há células desmetiladas na vida adulta… Células estaminais (stem, tronculares)
(desmetiladas)
Vários graus de potencialidade: totipotentes (até mórula), pluripotentes (em vários tecidos mas não todos),
multipotentes (folículo piloso/cell derme). Exemplo: nas células cardíacas não existem células estaminais (na pele
existem).
Envelhecimento celular
O envelhecimento celular é a perda funcional e alterações graduais no fenótipo de uma célula, e foi descoberto
ao nível da investigação dos fibroblastos.
Estas investigações, feitas por Hayflick e Moorehead, permitiram verificar que, ao fim de 50/60 replicações,
os fibroblastos deixavam de ser replicar, morrendo. Este fenómeno tem o nome de SENESCÊNCIA REPLICATIVA
ou limite de Hayflick. O nº de replicações depende não só da ―idade‖ como também do potencial máximo de vida
que cada espécie possui. Esta senescência replicativa é a maior causa do envelhecimento celular.
O fenómeno de senescência replicativa está associado ao encurtamento dos telómeros, as extremidades das
cadeias de DNA. Visto que estas extremidades não conseguem ser replicadas, são cortadas, na ausência da
telomerase. A senescência replicativa representa o fim das divisões e evita a perda de material genético.
A beta-galactosidase é um marcador de envelhecimento celular, sendo detectada em grandes concentrações nas
células senescentes. A lipofuscina também é um marcador, acumulando-se em grandes concentrações na célula
senescente, pois esta não consegue degradá-la. É constituída por fosfolípidos e proteínas, dá à célula um tom
acastanhado e provém de organelos celulares mal digeridos.
Além do papel dos telómeros, os radicais livres de oxigénio também têm influência no envelhecimento celular,
provocando alterações ao nível de:
DNA, onde interferem com as bases azotadas, fazendo surgir mutações que afectam a síntese de proteínas.
Lípidos, essencialmente na membrana, onde a tornam menos fluida, abrindo brechas e deixando-a mais
permeável a todo o tipo de substâncias.
O combate a estes radicais livres de oxigénio pode ser feitos com mecanismos antioxidantes:
Enzimas, a dismutase do anião superóxido, que emparelha com o radical livre, e a catalase e a peroxidase, que
transformam o peróxido (formado pelos radicais e pela dismutase) em água.
Vitaminas, a vitamina C, que cede eletrões para emparelhar com o que está livre no radical, a vitamina E, que é
lipossolúvel e se liga à membrana, impedindo a sua oxidação em cadeia pelos radicais livres.
Aumento da probabilidade de morrer, com o aumento da idade cronológica (Comfort, 1979). Involução/declínio
funcional do organismo com o aumento da idade cronológica.
Causa: perda de células e/ou acumulação de erros moleculares.
Envelhecimento celular em Células NÃO DIFERENCIADAS (in vitro)
o Limite de Hayflick (1961): senescência replicativa; fenótipo senescente diferente;
o Marcadores de senescência celular: SA β-galactosidase
o Alteração da expressão génica: ARF ->p53 -> p21 / p16 -> CDKs -> pRB -> E2F
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CAUSAS DA SENESCÊNCIA, REPLICATIVA (limite de Hayflick): Encurtamento de telómeros;
Causas da senescência, mediada por stress:
Lesão do ADN;
Stress celular - H2O2, etanol, TGF-β, meios de cultura, UV, Cu, Fe (?)
Oncogenes RAS
As células senescentes acumulam. Ex: Derme envelhecida com células positivas para a beta-galactosidase.
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AULA 27 Cancro
Conjunto de doenças provocadas pela proliferação descontrolada de células anómalas com capacidade de invadir
os tecidos vizinhos
Proliferação/Diferenciação /sobrevivência - Processos celulares devem ser cuidadosamente regulados nos
organismos multicelulares de forma a satisfazer as necessidades do organismo como um todo. Nas células tumorais
esta regulação perde-se! Não respondem de forma apropriada aos sinais que controlam o correto
comportamento/funcionamento das células Crescem e dividem-se de forma descontrolada - podendo invadir
tecidos vizinhos e espalhar-se pelo organismo interferindo com a função dos vários tecidos/órgãos.
Tipos de cancro
Cancro pode ter origem na proliferação descontrolada de qualquer um dos diferentes tipos de células que existem
no organismo Existem mais de 100 tipos de cancro!
Carcinomas: neoplasias de células epiteliais, constituem aproximadamente 90% dos cancros humanos
Sarcomas: tumores sólidos com origem em células do tecido conjuntivo (osso, cartilagem) ou tecido
muscular; raros nos humanos
Leucemias e linfomas: têm origem nas células hematopoiéticas e células do sistema imunitário,
respetivamente; constituem cerca de 8% das neoplasias humanas
Carcinogénese
Processo de formação de um tumor. Os tumores têm origem numa única célula! Demonstrado pela análise da
inativação do cromossoma X Tecidos das fêmeas são mosaicos de células nas quais o cromossoma X inativado varia
(X1 ou X2) Os tumores derivam de uma única célula e por isso todas as células do tumor apresentam o mesmo
cromossoma X inativado – tumor clonality. Não implica que a célula que origina o tumor apresente à partida todas
as características de uma célula tumoral
Desenvolvimento do cancro ocorre em várias etapas e envolve a mutação e seleção de células que vão adquirindo
maior capacidade proliferativa, de sobrevivência, invasiva e de migração
Iniciação – mutação numa célula leva à sua proliferação anómala – formação de um grupo de células clones
Progressão – dá-se assim que ocorrem mutações adicionais nas células tumorais (estas células apresentam
instabilidade genética e por isso maior probabilidade de sofrer mutações); algumas destas mutações
podem conferir vantagem seletiva às células que se multiplicam mais rapidamente, uma vez que estas
passam a ser dominantes no tumor. Este processo de mutação/seleção repete-se várias vezes, aumentando
a malignidade do tumor: células proliferam mais e estão mais alteradas
Exemplo: carcinoma do cólon Desenvolvimento do cancro
1- Proliferação aumentada das células epiteliais que revestem o cólon
2- 2- Formação de um adenoma ou pólipo a partir de uma das células pertencentes à população de célula
proliferativas
3- Crescimento dos adenomas através de ciclos sucessivos de seleção clonal (para além do aumento de
tamanho, adquirem maior potencial proliferativo)
4- 4- A progressão dos adenomas (benignos) para carcinomas (malignos) dá-se assim que as células tumorais
adquirem capacidades invasivas e atravessam a lamina basal para invadir o tecido conjuntivo subjacente
5- As células tumorais continuam a proliferar e migram através do tecido conjuntivo atingindo os vasos
sanguíneos e linfáticos, sendo então capazes de metastizar outros locais do organismo
5-
Propriedades das células tumorais
Autossuficiência em sinais de crescimento - Células tumorais estimulam a sua própria proliferação –
estimulação autócrina do crescimento – independentes da estimulação por fatores de crescimento
produzidos por células não tumorais
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Insensibilidade a sinais de inibição da proliferação - Inibição dependente de contacto deixa de existir
nas células tumorais em cultura
Capacidade de invasão dos tecidos e metástase - Células tumorais são menos aderentes que células
normais Exemplo: perda de E-caderina (principal molécula de adesão das células epiteliais) encontra-se
frequentemente envolvida no desenvolvimento de carcinomas Células tumorais segregam proteases,
capazes de digerir as proteínas da matriz extracelular Ex: secreção de proteases que digerem o colagénio
é determinante para a capacidade dos carcinomas atravessarem a lâmina basal e invadirem o tecido
conjuntivo subjacente. Maior capacidade de invasão e metastização.
Potencial de replicação ilimitado - Células tumorais não entram em senescência uma vez que expressam a
enzima telomerase e por isso conseguem dividir-se um número ilimitado de vezes sem ocorrer
encurtamento dos seus telómeros
Capacidade de indução de angiogénese - Células tumorais segregam fatores de crescimento capazes de
induzir a formação de novos vasos sanguíneos, que são cruciais para fornecer oxigénio e nutrientes ao
tumor de forma a este conseguir continuar a crescer para além de um determinado tamanho Os fatores
de crescimento (ex. VEGF) segregam pelas células tumorais induzem a proliferação de células endoteliais
das paredes dos capilares existentes na proximidade, de forma a formarem-se novos capilares
Evasão à apoptose - Células tumorais são resistentes à apoptose e por isso exibem maior longevidade. A
evasão à morte celular após a ocorrência de danos irreversíveis no DNA contribui para a resistência destes
tumores a tratamentos que funcionam por indução de danos no DNA
CAUSAS DO CANCRO
Carcinogéneos – substâncias/compostos capazes de provocar cancro, a maioria através da indução de mutações
no DNA
Radiação UV – cancro da pele
Benzo(α)pireno e dimetil-nitrosamina do fumo de tabaco – cancro do pulmão
aflatoxina – carcinogéneo hepático produzido por alguns fungos que contaminam alimentos mal
acondicionados
Oncogenes
Genes com capacidade de induzir a formação de tumores
Primeira evidência da existência de oncogenes celulares nos tumores humanos não induzidos por vírus:
Experiências de transferência génica (Weinberg e Cooper, 1981)
Têm origem em proto-oncogenes que sofrem modificações que levam à alteração da sua expressão, estrutura ou
função
Na sua maioria, codificam para proteinas envolvidas em vias de sinalização que controlam a proliferação celular
Primeiro oncogene humano identificado foi o gene homólogo do oncogene vírico rasH existente no vírus do
sarcoma de Harvey
Três membros da família ras no humano: rasH, rasK e rasN
Envolvidos em 25% dos casos de cancro humanos (50% dos casos de carcinoma do cólon e 25% dos casos de
cancro do pulmão)
Oncogene ras Os genes ras codificam proteínas de ligação a GDP/GTP cruciais para a transmissão intracelular
de sinais mitogénicos após ativação de receptores de fatores de crescimento
Mutações que originam oncogenes ras resultam na produção de proteínas Ras que se mantêm constitutivamente
ativas (ligadas a GTP) Ras/ GTP Proliferação celular descontrolada
Oncogene c-myc Ativação de oncogene por translocação cromossómica [t(8;14)] – c-myc – existente nos
linfomas de Burkitt
Expressão descontrolada do oncogene c-myc → sobreprodução de um fator de transcrição que leva à indução da
proliferação celular
Genes supressores tumorais Genes que codificam P que regulam negativamente a proliferação celular ou
sobrevivência Inativação de genes supressores tumorais é outro tipo de alteração genética capaz de
desencadear o desenvolvimento de tumores
Como foram identificados? Experiências de hibridização de células somáticas (Henry Harris 1969). Conclusão:
célula normal possui genes capazes de inibir ou suprimir o desenvolvimento tumoral. P53, Rb, etc.
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Ex: Mutação no gene supressor tumoral BRCA1: ~ 50% a 65% das mulheres com esta mutação irão desenvolver
cancro da mama até aos 70 anos 35% a 46% desenvolverão cancro do ovário até aos 70 anos Mutação no gene
supressor tumoral BRCA2: ~ 40% to 57% das mulheres com esta mutação irão desenvolver cancro da mama até
aos 70 anos 13% to 23% desenvolverão cancro do ovário até aos 70 anos
Tratamento
Maioria dos fármacos usualmente utilizados para o tratamento de cancro causam danos no DNA ou inibem a
replicação de DNA
São tóxicos quer para as células tumorais como para as células normais (principalmente as que se dividem com
frequência) – responsável pelos efeitos secundários e baixa eficiência dos tratamentos
Possível Alternativa → utilizar fármacos anti-angiogénicos que não vão atuar diretamente nas células tumorais,
mas vão evitar a formação de novos vasos (bloqueio da proliferação das células endoteliais) e por isso impedir a
chegada de oxigénio e nutrientes ao tumor de forma a limitar o seu crescimento
Inibidores da angiogénese - Moléculas inibidoras do recetor do VEGF (vascular endothelial growth factor)
Terapias direcionadas para os oncogenes - Oncogenes não são exclusivos das células tumorais (proto-oncogenes
desempenham funções importantes nas células normais), por isso devem ser usadas com cuidado
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AULA 28 Apoptose
A apoptose é a morte celular programada e é importante na medida em que regula a proliferação das células,
mantendo constante o seu nº em cada tecido, evitando doenças como Parkinson.
É um processo discreto, ocorre em células isoladas e é lento devido a reações interiores de degradação. Um
exemplo é a morte durante o processo embrionário das células interdigitais. Outros exemplos: morte de células
infetadas com vírus, células mutadas, células em nº excessivo ou desnecessárias, como os gâmetas femininos.
Distingue-se da necrose pois esta é agressiva, afetando também as células vizinhas (visível fenotipicamente), e
é acompanhada de lise celular associado a processos inflamatórios.
É regulada por 2 tipos de moléculas:
Caspases, são proteínas que contêm cisteína, e que quebram os seus substratos em locais que sucedem o ácido
aspártico. São as últimas efectoras da apoptose, ativando as DNAases, que quebram o DNA, as laminas nucleares
e as proteínas do citoesqueleto. As caspases efectoras são ativadas pelas caspases iniciadoras, e são inibidas pelas
IAP,’s.
Família bcl-2, uma família de proteínas que tem função dupla: inibir a caspase e a apoptose, ou ativar a caspase,
induzindo a apoptose. Tem papel importante na mitocôndria, onde induz a libertação do citocromo c, que forma
com a caspase-9 o apoptossoma, que ativa as caspases efectoras.
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