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Os Sábios
do Talmud
O Rabi Shimon bar (filho de) Iochai foi um dos mais impor-
tantes tanaítas do período posterior a Adriano (meados do século II
e.c.). Por 13 anos estudou com o Rabi Akiva120 e chegou a ser um
de seus mais ilustres alunos. Ele e o Rabi Meir foram os únicos dis-
cípulos, entre milhares, a quem o Rabi Akiva ordenou pessoalmente
como rabinos.121 Enquanto o Rabi Akiva esperava sua execução por
ter ensinado Torá, desafiando assim a proibição de Roma, o Rabi
Shimon se atreveu a visitá-lo na prisão para fazer-lhe perguntas a
respeito da lei da Torá.122 Após a morte de seu grande mestre como
mártir, o Rabi Shimon e outros quatro foram ordenados pelo Rabi
Iehudá ben Bava.123
Veemente opositor do governo de Roma e da perseguição, o
Rabi Shimon se viu, finalmente, forçado a ocultar-se com seu filho
em uma caverna próxima a Guedêra durante cerca de treze anos.
Ali sobreviveram alimentando-se de água e de uma alfarrobeira que
encontraram milagrosamente perto daquele lugar. Seus corpos co-
briram-se de chagas e quando conseguiram libertar-se (avisados por
um sinal sobrenatural de que não havia mais o que temer), foram até
uma vertente de água termal em Tiberíades para curar-se.124
O Rabi Shimon fundou então uma academia em Merón125 e,
em seus últimos anos, foi com o Rabi Elazar ben Iosse a Roma para
persuadir o imperador a abolir os decretos imperiais, que proibiam
o cumprimento de três preceitos judaicos de grande importância, no
que teve êxito.126
Homem de grande devoção, cultura e sabedoria, sempre com-
bateu a arrogância, o embuste e a usura, propugnando e defendendo
apaixonadamente a harmonia interior e o cumprimento de todos os
preceitos da Torá.
O Talmud lhe atribui muitos milagres e poderes místicos: o
mundo do misticismo acredita que durante seu ocultamento na
caverna tenha se consagrado aos estudos esotéricos. No tradicional
aniversário de sua morte, a festividade menor de Lag Baômer, mui-
tos judeus visitam sua tumba em Merón, para relembrá-lo e rezar.
Notas
120. Midrash Rabá Levítico 21, 7.
121. T. J. San’hedrin 1, 3 (19a).
122. T. B. Pessachim 112a.
123. T. B. San’hedrin 14a.
124. T. J. Sheviít 9, 1 (38d); T. B. Shabat 33b-34a;
Midrash Rabá, Gênesis 79, 6.
125. Midrash Tanchumá, Pecudê 7.
126. T. B. Meilá 17b.
O Rabi Shimon diz:
Se três homens comeram à mesa
e não falaram nela da Torá,
é como se tivessem comido de sacrifícios aos mortos,
pois foi dito: “Porque todas as mesas (deles)
estão cheias de vômitos e imundície,
e sem o Onipresente (Deus)”39.
Notas
39. Isaías 28:8.
40. Ezequiel 41:22.
41. T. B. Taanít 5b.
42. T. B. Berachot 55a.
43. T. B. Berachot 54b.
44. Êxodo 23:25.
44a. Por exemplo, o Baal Haturim.
45. Gênesis 1:11.
46. Midrash Rabá, Gênesis 10, 6.
47. Isaías 40:8.
48. Zohar 2, 152b e 153b-154a.
49. Midrash Rabá, Gênesis 68, 10, Êxodo 45, 6; Midrash Tehilim 90.
49a. Avot 4, 3.