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Medicina Tradicional Chinesa

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) também


conhecida como medicina chinesa (em chinês:
Zhõngyí xué, ou Zhõngao xué), é a denominação
usualmente dada ao conjunto de práticas de
Medicina Tradicional em uso na China,
desenvolvidas ao longo dos milhares de anos da
sua história.

A Medicina Chinesa originou-se ao longo do Rio


Amarelo, tendo formado a sua estrutura
académica há muito tempo. Ao longo dos séculos, passou por muitas
inovações em diferentes dinastias, tendo formado muitos médicos
famosos e diferentes escolas. É considerada uma das mais antigas
formas de Medicina Oriental, termo que engloba também as outras
medicinas da Ásia, tais como os sistemas médicos tradicionais do
Japão, Coreia, do Tibete, da Mongólia e da Índia.

A Medicina Chinesa (MTC) fundamenta-se numa


estrutura teórica sistemática e abrangente, de
natureza filosófica. Tendo como base o
reconhecimento das leis fundamentais que
governam o funcionamento do organismo humano,
e sua interacção com o ambiente segundo os ciclos
da natureza, procura aplicar esta abordagem tanto
ao tratamento das doenças quanto á manutenção
da saúde através de diversos métodos.

Inscrições em ossos e carapaças de tartarugas


das dinastias Yin e Shang, há 3.000 anos
evidenciam registos medicinais, sanitários e uma dezena de doenças.
Segundo registos da dinastia Zhou existiam métodos de diagnósticos
tais como: a observação facial, a audição da voz, questionamento
sobre eventuais sintomas, tomada dos pulsos para observação dos
Zang-fu (órgãos e vísceras), assim como indicações para tratamentos
terapêuticos como a acupunctura ou cirurgias. Já por essas épocas
incluía nos seus princípios o estudo do Yin-Yang, a teoria dos cinco
elementos e do sistema de circulação da energia pelos Meridianos do
corpo humano, princípios esses que foram refinados através dos
séculos seguintes. Nas dinastias Qin e Han haviam sido publicadas
obras como “Cânone da Medicina Interna do Imperador Amarelo”
(Huangdineijing) considerada actualmente como a obra de referência
da medicina chinesa.
Existem muitas obras médicas clássicas famosas que nos
chegaram do passado: “Cânone sobre Doenças Complicadas”, “Sobre
diversas doenças e a febre Tifóide”, “Sobre a Patologia de Distintas
Doenças”, etc. O “código das Fontes Medicinas do Agricultor Divino” é
a mais famosa e antiga obra sobre fármacos na China. Uma delas
destaca-se pela sua importância o “Compêndio das Fontes
Medicinais”, em 30 volumes escrita por Li Shizhen, da dinastia Ming, é
a mais importante na história da China, e obra de referência a nível
mundial na área da fitoterapia.

A acupunctura conhece reformas


importantes na dinastia Song (960 a.C –
1279 a.C) impulsionadas principalmente
pelo médico Wang Weiyi que publicou
“Acupunctura e os pontos do Corpo
Humano”. Moldando duas estátuas em
bronze do corpo humano a fim de ensinar
aos seus alunos as técnicas da
acupunctura, acelerando assim o seu
desenvolvimento. No século XX, Mao Tze
Tung, oficializou o ensino da Medicina
Chinesa a nível universitário e a sua
divulgação por toda a china, criando-se
muitas universidades e hospitais para a
prática da medicina chinesa, considerada na altura um recurso valioso
e acessível para a saúde publica.

Actualmente são oito os principais métodos de tratamento da


Medicina Tradicional Chinesa:

1. Fitoterapia chinesa (fármacos)


2. Acupunctura
3. Tuina ou Tui Ná (massagem e osteopatia chinesa)
4. Dietoterapia (terapia alimentar chinesa)
5. Auriculoterapia (tratamento pela orelha)
6. Moxabustão
7. Ventosaterapia
8. Práticas físicas (exercícios integrados de respiração e circulação
de energia, e meditação como: Chi Kung, o Tai Chi Chuan e
algumas artes marciais) consideradas métodos profiláticos para
a manutenção da saúde ou formas de intervenção para
recuperá-la.

O Diagnóstico na Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é a herança


deixada pelos antigos médicos chineses, que através dos tempos
foram melhorando a anamnése, ultrapassando algumas dificuldades e
legando o seu saber ás gerações vindouras. O diagnóstico da
Medicina Chinesa, embora aparentemente simples, é muito eficaz – as
observações a serem feitas incluem observar, ouvir, cheirar, perguntar
e tocar, destacam-se no diagnóstico a observação da língua e o
exame do pulso, prática esta que demoram alguns anos a ser
completamente dominado pelo especialista em MTC mas que
fornecem informações preciosas e exactas sobre a condição de saúde
do paciente.

A Medicina Chinesa, que se


conhece bastante mal no Ocidente,
salvo o aspecto muito limitado da
Acupunctura, merece um lugar muito
particular dentro do leque amplo e
diverso das medicinas alternativas.
Vejamos porquê: É a única medicina
que tem uma existência contínua,
quanto aos seus fundamentos desde
há mais de 2000 anos, é reconhecida
pelo estado Chinês em igualdade com
a prática da Medicina Moderna. É
reconhecida pela OMS da ONU características que não reparte com
nenhum outro sistema médico ao permitir-se estar dentro das
concepções filosóficas e energéticas que lhe deram sustentação
através dos tempos e integrar os métodos de validação da ciência
Moderna.

Algumas Medicinas Orientais tais como a medicina Tibetana ou


Ayurvédica, têm uma origem muito antiga, e o seu interesse é
indiscutível mas são praticadas em pequena escala quase nunca em
meio hospitalar e são raras as validações internas nos países de
origem. Pelo contrário a MTC, ainda que sendo tão antiga e tradicional
como elas, evoluiu para se adaptar ás necessidades do mundo
moderno. É praticada em hospitais especializados ou mistos que
contam paralelamente com todos os serviços que se pode encontrar
num hospital Europeu. Existem unidades de investigação científica
que permitem experimentá-la e validá-la. Assim, por exemplo, nas
Universidades Estatais de Medicina Chinesa, ensinam-se aos futuros
médicos teorias e métodos fundamentais dos textos milenares,
paralelamente as técnicas de investigação ou de cuidados clínicos
procedente á medicina moderna. Esta abordagem prática do ensino
médico, é um dos aspectos que contribuem no interesse, a
originalidade do carácter perene da Medicina Chinesa.

Por outro lado, a Medicina Chinesa tem um campo de aplicação


muito amplo, porque pratica-se há muitos séculos no maior país do
mundo em termo demográfico. Isto confere-lhe uma experiência única,
primeiro, empírica e depois científica. Finalmente, a Medicina Chinesa
é um sistema completo e não uma simples técnica médica de
aplicações limitadas, pois o campo da Medicina Chinesa é
extremamente amplo: da farmacopeia á acupunctura, da dietética á
cirurgia popular, das massagens á ginecologia, da medicina interna
aos métodos de reanimação. De facto encontram-se praticamente as
mesmas especialidades que na Medicina Ocidental, não obstante,
numa compartimentação menos restrita e limitante devido á sua
abordagem mais global da enfermidade e das suas causas. Isto
permite afirmar que a Medicina Chinesa, como a Medicina Ocidental,
possui uma experiência de um estatuto oficial, e ao mesmo tempo,
uma abordagem mais humanista e mais global do ser humano, da
saúde e da enfermidade.

Acupunctura Chinesa
A Acupunctura é uma parte importante
do grande tesouro da Medicina Tradicional
Chinesa. Tem uma história que remonta há
mais de dois mil anos. Durante um tempo
longo de prática, os médicos das diversas
dinastias chinesas desenvolveram e
aperfeiçoaram esta especialidade, que
abrange várias teorias básicas, tais como o
Yin e o Yang, os cinco Movimentos, os
Zang-fu (órgãos e vísceras), Qi-Xue
(energia e sangue) assim como vários
métodos de manipulação de agulhas e
experiências clínicas importantes do
tratamento segundo os sintomas e sinais, fazendo com que a
Acupunctura seja uma terapia muito eficaz na China.

Esta terapia apresenta bons resultados diante de muitas


enfermidades e possui vantagens acentuadas sobre outras, os
instrumentos utilizados são simples, económicos e de fácil domínio,
seguros e sem efeitos colaterais.
É por essa razão que a Acupunctura tem um papel importante na
área da saúde do Povo Chinês, assim como, tem obtido o respeito e
confiança de outros países. Em Dezembro de 1979, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) da ONU tomou a decisão de indicar o
tratamento com a acupunctura numa série de 43 doenças.

A palavra acupunctura deriva do latim (acus) agulha e punctura


(punção). É um método terapêutico, que consiste na punção com
pequenas e sólidas agulhas, em pontos específicos do corpo para
melhorar a saúde, diminuir a dor ou modificar o estado geral do
paciente.

No Ocidente a acupunctura já era conhecida pelos Portugueses por


volta de 1650, no século XIX, cerca de 140 autores já haviam escrito
sobre o assunto em livros franceses e alemães, mas só em 1930
começou em França a sua utilização concreta.

No período inicial do tratamento pela Acupunctura, os antepassados


chineses curavam as enfermidades com agulhas de pedra
denominadas Bian, Chan e Zhen.

Na época neolítica, além de agulhas de pedra artificialmente


polidas, usavam-se também agulhas polidas de osso e de bambu
como instrumentos para a acupunctura. Mais tarde com o
desenvolvimento do cozimento de utensílios de barro, também foram
utilizadas agulhas de barro, método utilizado em algumas regiões da
China até á actualidade.

Com o advento da metalúrgica apareceram sucessivamente,


agulhas de diferentes metais, por exemplo, as
agulhas de ferro, prata e de ligas metálicas,
hoje em dia as agulhas são se aço inoxidável
muito finas e de fácil manejo. A metalúrgica
não só proporcionou a base do material para a
fabricação de agulhas metálicas, como
proporcionou a possibilidade de fabricar
instrumentos para a Acupunctura para diferentes usos. Á medida que
foi aumentando e acumulando experiências no tratamento
acupunctural, foram surgindo novas
exigências no tocante ás formas de agulhas.

As “nove agulhas” da antiguidade eram


fabricadas em nove formas distintas,
segundo os diferentes usos, constituindo um
símbolo do desenvolvimento das técnicas e
teoria da Acupunctura. Em 1968, encontraram na tumba familiar de Liu
Sheng e Jing de Zhongshan, da dinastia Han do Oeste (sec. II a.C),
nove agulhas para Acupunctura, quatro em ouro e cinco em prata, foi
a primeira vez que se descobriu agulhas de metal usadas nos tempos
antigos.

As funções terapêuticas da Acupunctura resultam do estímulo de


pontos especiais (pontos de acupunctura) e canais de energia, os
pontos de acupunctura podem causar certas reacções em outras
regiões ou em algum órgão, de forma a obter resultados medicinais.
Segundo a teoria da Medicina Tradicional Chinesa, os pontos podem
transmitir a função e as mudanças dos órgãos do interior do corpo
para a superfície e, ao mesmo tempo, comunicar os factores
exógenos da superfície até ao interior.

No princípio os pontos não possuíam locais determinados, nem


nomes próprios, tão pouco eram os pontos actualmente conhecidos. A
descoberta dos pontos tem muito a ver com o desenvolvimento do
tratamento pela Acupunctura. Pouco a pouco, a localização e a função
de cada ponto foram sendo definidas. Para facilitar a memorização
das suas indicações, os pontos foram denominados segundo as
características da região anatómica onde se encontra e a sua função
em particular.

Por outro lado, através de constantes práticas clínicas, constatou-se


que uma pessoa ao padecer de certa enfermidade, aparecem em
determinadas áreas da pele ou em alguns pontos que se encontram
em regiões diferentes, fenómenos anormais, tais como dor, distensão
ou calor. Isto conduziu ao conhecimento do princípio da relação entre
os pontos e as enfermidades e, por conseguinte, foi possível chegar
ao diagnóstico por observação dos pontos de Acupunctura.

Na antiguidade, ao aplicarem o tratamento acupunctural, observou-


se que sob determinado estimulo, as sensações de dor,
intumescimento, distensão e peso no paciente estendia-se ao longo
de uma determinada direcção. Posteriormente notaram, que
determinados pontos que se encontravam em diferentes áreas do
corpo tinham as mesmas funções ou funções parecidas.

Sobre essa base de conhecimento,


agruparam-se os pontos com funções similares
ou relações intimas, chegando-se assim á “linha”
e dela as concepções dos “canais e colaterais”.
Com base na manipulação das agulhas mais de
20 tipos de combinações foram elaboradas e
desenvolvidas e a ordenação de registos dos canais de Acupunctura e
seus pontos assim como pontos extras foram documentados pelos
médicos famosos dessas épocas.

Do estabelecimento da Dinastia Qing até á guerra do ópio (1644-


1840) os doutores de medicina consideraram a medicina herbária
como sendo superior á Acupunctura sendo esta durante muitas
décadas negligenciada. No século XVIII, Wu Qian e os seus
colaboradores por ordem imperial compilaram um livro exaustivo sobre
Medicina Chinesa, contendo um capitulo de acupunctura com
ilustrações, sendo imediatamente seguido de outro médico Li
Xuechuán que enfatizava no seu livro a selecção de pontos de
Acupunctura de acordo com a diferenciação de síndromes, sendo
listados sistematicamente 361 pontos nos catorze canais de energia.
Para além destes livros, havia muitas publicações, mas sem grande
expressão.

Em 1822, as autoridades da Dinastia Qing declararam uma ordem


para abolir permanentemente a Acupunctura do departamento da
Faculdade de Medicina Imperial porque “A Acupunctura e a
Moxibustão não são satisfatórias para serem aplicadas ao Imperador”.

Após a guerra do ópio em 1840, a China entrou em uma sociedade


semifeudal e semicolonial. Com a revolução de 1911 e o fim da
dinastia Qing o governo pró-ocidente instituído então, depreciou
completamente a Medicina Tradicional Chinesa proibindo-a e tomando
uma série de medidas para restringir o seu desenvolvimento incluindo
a acupunctura.

Devido á grande necessidade de cuidados médicos do povo chinês,


a acupunctura dessiminou-se entre as pessoas do povo. Muitos
acupunctores fizeram esforços inflexíveis para proteger e desenvolver
este grande legado médico, fundando associações de Acupunctura
editando livros e promovendo cursos por correspondência para
ensinar tal arte.

A Acupunctura ganhou nova vida assim como a Medicina Chinesa


quando em Outubro de 1944 o presidente Mão fez um discurso
apelando a reintegração da Medicina Tradicional Chinesa na área da
saúde da nova China. Desde a fundação da Republica Popular da
China, foi acelerada a propagação da Acupunctura e dos cuidados
médicos tradicionais por todo país.

Nos anos 50 do século XX, a


China ajudou a antiga União
Soviética e outros países da Europa Oriental a formar acupunctores.
Desde 1975 a pedido da Organização Mundial de Saúde, foram
criados cursos de formação de Acupunctura Internacional em Beijing,
Shangai e Nanjing para formar acupunctores de outros países. Mais
de 120 países enviaram aí profissionais, para se especializarem.
Actualmente o intercâmbio de organizações académicas ocidentais
com a associação médica chinesa é vasta e alargada a muitos países.

Auriculoterapia
A auriculoterapia é um sistema independente da acupunctura e
especialidade dentro da Medicina Chinesa. A aplicação actual da
auriculoterapia não se restringe apenas ao tratamento das
enfermidades através dos pontos auriculares, este sistema tem-se
desenvolvido em relação ao diagnóstico em muitas patologias. Através
da auriculoterapia podem ser tratadas cerca de 200 enfermidades,
entre as quais estão: enfermidades de carácter funcional,
enfermidades de carácter neurótico e psicótico: cefaleias, neurastenia,
insónia e dor, etc. A auriculoterapia é provavelmente um dos mais
antigos métodos terapêuticos praticados na china. Este microsistema
já era referido nos textos antigos como o Huang Ti Nei Jing, onde se
relata a estreita relação do pavilhão auricular com o resto do corpo.

Em 1973, antropólogos chineses, encontraram nas escavações


realizadas na província de Hu Nan, um livro antigo do período Han,
escrito em duas partes intituladas “Os onze canais dos braços e das
pernas na moxibustão e os onze canais Yin e Yang na moxibustão”.
Segundo os especialistas esta obra deve ser a mais antiga sobre os
canais no tratamento com moxibustão, na 2ª parte do livro menciona-
se “Os membros, os olhos, a face e a garganta, todas reúnem-se,
através de vasos e canais, na orelha”. Outros livros antigos da
Dinastia Tang e Ming, também mencionam o uso de pontos na orelha
para o tratamento de diversas enfermidades.

Mais recentemente em 1947, o Dr. P. Nogier (francês), publicou


alguns trabalhos nos quais expõe a relação existente entre o pavilhão
auricular e o resto do organismo, descrevendo inclusivamente, as
experiências realizadas com clientes e os óptimos resultados obtidos.
Ao que se sabe, ele partiu da observação dos povos do mediterrâneo,
que tinham por hábito o uso de pequenas cauterizações na orelha
para o tratamento de várias moléstias, conseguindo descobrir uma
série de pontos curativos. Ao estudar esses pontos estabeleceu uma
ligação entre a posição destes no pavilhão auricular e aquela ocupada
pelo feto pouco antes do nascimento. Estes trabalhos do Dr. Nogier
foram publicados em jornais de Xangai levando os chineses a
acelerarem as investigações sobre esta área, criando vários centros
de investigação por toda a China.

Desde a década de 80 do século XX até á


actualidade foram feitos progressos enormes na
auriculoterapia quando em 1982 foi fundado na
China o Grupo Nacional de Trabalho em
Auriculoterapia.

Em Outubro de 1989, celebrou-se em Pequim


(Beijing) o primeiro congresso Internacional de
Auriculoterapia, o qual marcou uma nova etapa
no desenvolvimento tanto na China como no
Mundo da Auriculoterapia.

Neste momento, a Auriculoterapia constitui uma especialidade


Universitária, motivo de estudo tanto de médicos formados em
Medicina Chinesa como Ocidental. Muitas têm sido as publicações
que têm saído sobre a auriculoterapia aumentando cada vez mais o
acumular de conhecimentos. O grupo de investigações sobre
auriculoterapia da província de Yun Nan, editou um livro intitulado
tratado de Auriculoterapia Chinesa. Uma editora de Shangai publicou
os livros “O tratamento com auriculoterapia” e “selecção de
auriculoterapia”. Na província da Nan Jing publicou-se o livro
“Aplicação clínica da Auriculoterapia”. O hospital de Medicina
Tradicional da província de Guang Zhou editou o livro “Experiência
Clínica da Auriculoterapia”. Na província de Tian Jing também se
publicou o livro com o título “Experiências sobre o uso e diagnostico
dos pontos Auriculares”. Em Pequim (Beijing), editou-se o livro
“Manual sobre Aplicação Diagnostica e Terapêutica dos Pontos
Auriculares”. Na província de Au Hui, o livro “Tratado Aclaratório sobre
Auriculo-punctura”. Em 1991 a professora Huang Li Chun editou em
Beijing um dos tratados mais importantes de auriculoterapia
publicados na China, com o título “Tratado sobre o Diagnóstico e
Tratamento através dos Pontos Auriculares”. Estes títulos de livros são
uma pálida amostra do vertiginoso desenvolvimento que tem
alcançado a auriculoterapia nos últimos 30 anos dentro da China.

A auriculoterapia tem constituído a sua própria teoria, por ter na


actualidade, métodos independentes para o diagnóstico e tratamento
das enfermidades. Os pontos auriculares funcionam como uma
memória do histórico patológico das pessoas, por isso o diagnóstico
através destes, fornece-nos o desenvolvimento cronológico das
enfermidades e a preparação para processos patológicos que ainda
não se manifestaram clinicamente. O diagnóstico da auriculoterapia
tem valor hoje semiológico muito próximo do diagnóstico através do
pulso e da observação da língua na MTC.

O pavilhão auricular é considerado uma parte muito importante do


corpo humano, por constituir um microsistema, capaz de funcionar
como um receptor de sinais de alta especificidade, podendo reflectir
todas as mudanças fisiológicas dos órgãos e vísceras, dos quatro
membros, do tronco, dos tecidos, etc. Quando produz-se uma
desarmonia em qualquer parte do corpo humano, este é reflectido na
orelha com reacções de carácter e localidades diferentes, específicos
a cada enfermidade em particular, e deixando relações muito estreitas
entre os locais reactivos e as partes do organismo implicadas na
patologia. As reacções podem ser de diferentes tipos, entre as mais
comuns são: mudanças na resistência eléctrica das zonas reactivas
específicas, mudanças de coloração, descamações, mudanças
morfológicas nessas áreas, eczemas, etc. Todas estas reacções
podem aparecer no pavilhão auricular, antes que a enfermidade se
manifeste e também, desaparecer depois da cura da enfermidade.

O método de tratamento em auriculoterapia tem tido muito


desenvolvimento durante estes últimos anos, desde as tradicionais
agulhas de acupunctura de dimensões relativamente pequenas e
muito finas, ás agulhas intra-dérmicas, á utilização do laser, passando
pelas esferas magnéticas e moxabustão até á prática mais utilizada na
China que é a colocação de pequenas sementes com adesivo
demonstraram resultados excelentes, e são utilizados em
conformidade com a necessidade do paciente, pois cada organismo
reage de uma forma determinada ao estímulo, cada pessoa é um
universo único, todo o tratamento pela auriculoterapia tem como
objecto promover o equilíbrio do paciente e assim o seu bem-estar. A
auriculoterapia é especialmente indicada quando se necessita que o
paciente leve o tratamento para casa, podendo o paciente pressionar
as esferas ou semente colocadas nos pontos auriculares, estimulando
por pressão e efectivando continuamente o tratamento.

Chi Kung
O Chi Kung (Qi Gong) é uma
disciplina da Medicina Tradicional
Chinesa, e tal como esta evoluiu
através dos tempos. O Chi Kung (Qi
Gong) é uma técnica milenar Chinesa
de treino interior, objectivando o
equilíbrio do indivíduo como um todo: físico, mental e espiritual. Ele
resulta de milhares de anos de experiência dos chineses no uso da
energia (Qi) para tratar doenças, promover a saúde e longevidade,
expandir a mente, alcançar diferentes níveis de consciência e
desenvolver a espiritualidade. No entanto, para se obter os benefícios
que esta prática proporciona, é necessário vários treinos regulares,
disciplina e aplicação prática da sua filosofia no dia-a-dia.

A maioria dos praticantes de Chi Kung, ao final de algum tempo de


prática, começam a sentir os seus efeitos, é sem dúvida uma técnica
destinada a todos que procuram a saúde e o equilíbrio segundo o Tao
e pode ser praticado por pessoas de qualquer faixa etária. O Chi Kung
beneficia o metabolismo e previne a maioria das chamadas doenças
da meia-idade, tais como o endurecimento das artérias e articulações.
Quando é praticado por um certo tempo e regularmente, beneficia
especialmente o sistema nervoso central, o praticante ao aprender a
controlar a mente, tem maior capacidade de projectar imagens
positivas (concentração e contemplação) que trazem paz e
tranquilidade a todo o ser, revigorando e estimulando o cérebro,
desenvolvendo assim mais capacidade de concentração.

Derivado de técnicas milenares conhecidas como Dao (Tao) Yin, o


Chi Kung, como é conhecido nos nossos dias, remonta á época da
Dinastia Han (206-220 d.C.) altura em que começou a ser
sistematizado. O termo Chi Kung, é um nome relativamente recente,
data do início do século XX, sendo esse o nome utilizado actualmente
para se referir a múltiplos exercícios destinados a desenvolver a força
(física, energética, mental ou espiritual) ou para fins terapêuticos,
mediante a utilização da Energia Vital – Chi ou Qi.

Apesar de ainda ser uma prática


vista com cepticismo por muitos
membros da comunidade médica no
Ocidente, a Organização Mundial da
Saúde (OMS), incluiu-a dentro da
Medicina Tradicional Chinesa. Diversos
estudos científicos sobre a eficiência
das práticas de Chi Kung e os seus
princípios estão a ser realizados
actualmente um pouco por todo o mundo, especialmente na China, no
hospital da Cruz Vermelha de Beijing e outros, estão a ser conduzidos
experiências em áreas como o cancro e hipertensão, etc.

Algumas formas de Chi Kung são utilizadas não apenas como uma
forma terapêutica de melhorar a saúde do praticante, mas também
como um instrumento para tratar da saúde de outras pessoas. A forma
mais comum utiliza a imposição das mãos e a intenção terapêutica de
canalizar ou transmitir a energia (chi) ao paciente, estudos
demonstram que o REIKI (terapia Japonesa de canalização ou
transmissão de energia) tem como base o Chi Kung, pois o seu
fundador, o Mestre Usui era praticante de Chi Kung.

Existem diferentes tipos de escolas de ensino do Chi Kung, mas


todas as escolas existentes actualmente são derivadas das cinco
principais escolas tendo cada uma delas, objectivos e propósitos
concretos tais como:

- Escola Marcial (Wu Jia) objectiva o fortalecimento do corpo e da


mente e o desenvolvimento de habilidades marciais;

- Escola Taoista (Tao Jia): tem como principal objectivo o


desenvolvimento espiritual, através do controle da respiração e da
visualização;

- Escola Budista (Fo Jia): objectiva principalmente o


desenvolvimento espiritual através da meditação;

- Escola Confucionista (Ru Jia): o seu objectivo principal é o


desenvolvimento mental / intelectual.

Entre os sistemas de Chi Kung mais conhecidos actualmente


podem ser destacadas as seguintes práticas:
    - As oito peças de brocado;
    - A palma dos 5 elementos (ou movimentos)
    - O jogo dos cinco animais;
    - Permanecer quieto como uma árvore;
    - Renovação dos músculos e tendões.

O Chi Kung também está associado


a diversas artes marciais chinesas tais
como: o Tai Chi Chuan. Neste
contexto, além de ser uma forma de
aprimorar a saúde do praticante, o Chi
Kung também pode ser empregue
como método de defesa ou de ataque.

Nos hospitais de Medicina


Tradicional Chinesa, na China, o Chi
Kung é uma prática terapêutica de rotina sendo utilizada
complementarmente com outros especialidades de Medicina Chinesa
ou Ocidental, também é disciplina obrigatória nos Cursos
Universitários de MTC.

Dietética Chinesa
A cozinha chinesa e a Medicina
Chinesa sempre estiveram muito
relacionadas através dos tempos.

Cor, aroma e sabor não são os


únicos princípios a serem seguidos na
cozinha chinesa, os chineses têm uma
crença tradicional no valor medicinal
dos alimentos e que os alimentos e os
remédios têm a mesma origem.

O intelectual Yi Yin da dinastia Shang (sec. XVI ao XI aC.) elaborou


uma teoria a que chamou da “harmonia dos alimentos” em que ele
relacionou os cinco sabores: doce, azedo, amargo, picante e salgado
ás necessidades nutricionais dos cinco principais sistemas de órgãos
do corpo (coração, fígado, Baço/Pâncreas, Pulmões e Rins) e enfatiza
o seu papel na manutenção da boa saúde. Na realidade, muitas
plantas utilizadas na cozinha chinesa tais como alho-pôrro, gengibre
fresco, alho, botões secos de margaridas, cogumelos, têm
propriedades de prevenção e alívio de várias doenças.

Os alimentos, na concepção da MTC, constituem um dos factores


mais importantes na conservação e na manutenção da saúde, a
filosofia chinesa, baseada nas leis do Universo, da Natureza, das
concepções da vida e da morte, da física, das ciências puras e
biológicas, levam-nos até um conhecimento maior.

A partir da teoria da dualidade dinâmica do Yin e do Yang, do


principio dos cinco movimentos, a Medicina Tradicional Chinesa
reflecte a integração do ser humano no meio ambiente e desta
integração são os alimentos, tanto celestes (ar-oxigénio) quanto
terrestres (alimento), que sofrem intensas alterações sazonais,
topográficas, geográficas e climáticas. Estas duas formas de energia,
a celeste e a terrestre, inerentes ao alimento quando ingerido, vão
fazer parte do nosso corpo nutrindo, fortalecendo, reparando,
harmonizando as nossas funções energéticas e fisiológicas, ou
mesmo podendo trazer alterações do funcionamento dos tecidos.

A Medicina Tradicional Chinesa concede uma importância relevante


ao alimento na constituição da forma física e do psíquico, a parte Yin á
qual a energia Yang vai fixar-se, para promover toda a nossa dinâmica
da mente e do corpo.

Adequar a alimentação e saber dos seus efeitos sobre o nosso


corpo, é saber a maneira de se intervir nos casos do vazio ou
plenitude dos órgãos e das vísceras, através desse conhecimento a
MTC elaborou todo um procedimento para repor os gastos energéticos
e da matéria, proporcionar a vitalidade e a longevidade celular, evitar
os processos degenerativos, o envelhecimento precoce e
principalmente o aparecimento de doenças graves.

Segundo a MTC alimentar-se bem não significa, necessariamente,


comer do melhor, do mais caro, do importado, mas sim alimentar-se
com os produtos que contenham a energia necessária para o corpo
em determinado momento, energia essa que pode estar na vagem do
feijão verde, no fígado da vaca, na casca de um fruto, etc.

De acordo com os dietistas chineses, a boa saúde depende da


ingestão do Qi em grãos que nutre o Qi do estômago. Comer e beber
indiscriminadamente danificam o baço e o estômago e altera o
metabolismo predispondo a pessoa á doença. Por exemplo: o
consumo de alimentos gordurosos causa humidade-calor, lesão
gástrica, azia e acúmulo de flegma no peito, que por sua vez causa
outras doenças tais como carbúnculo e abcessos.

Um excesso de alimento picante estimula o acúmulo de calor no


trato gastrointestinal, causando perturbações estomacais e
hemorróidas. O alimento excessivamente azedo danifica o órgão que
lhe é correspondente mas também o baço, assim como o alimento
excessivamente amargo, o fígado, e os alimentos excessivamente
salgados o coração.

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas danifica o Qi e o


sangue, causa alcoolismo, gangrena e doenças mental.

Segundo a dietética chinesa, os alimentos também possuem


diferentes acções de acordo com os seus sabores. Por exemplo: os
alimentos de natureza fresca ou fria incluem peras, laranjas, melancia,
melão amargo, beringela, lentilhas verdes, coalho de feijão e bambu.

Os alimentos de natureza húmida são repolho, alho-porro, abóbora,


gengibre fresco, vinagre e pimentão. Os alimentos suavemente
mornos são a carne de frango e bovino, enquanto os alimentos
quentes incluem vinho, carne de carneiro e de cão. Incluídos nos
alimentos doces estão o milho, batatas-doces, ervilhas, jujuba,
longana, trapa e feijão-verde. Os alimentos picantes são aipo, cebola
e alho. As azeitonas são consideradas como azedas e as algas
marinhas, salgadas. Sendo assim, para manter a saúde de uma
pessoa, devem-se escolher os alimentos apropriados baseado na
condição física individual.

A Medicina Chinesa ao ter entendido a interacção dos alimentos


com o corpo e as influências que as energias celeste e terrestre
exercem sobre ele, elaborou os procedimentos para as pessoas
usufruírem da melhor maneira o que a natureza oferece sem prejuízos
para estas, e de maneira a que a natureza possa servir ao ser humano
eternamente.

Fitoterapia Chinesa
A área da
fitoterapia
chinesa é
frequentemente
mal
compreendida
no Ocidente
devido á
escassez de
material
bibliográfico que trate o assunto com a profundidade necessária, tendo
esta uma estrutura complexa não é raro depararmo-nos com erros
básicos devido a uma má interpretação das suas regras gerais.

Uma fórmula fitoterápica chinesa poderá englobar seis ou mais


plantas e cada uma delas com objectivos bem definidos, que vai
desde impedir efeitos colaterais indesejados a encaminhar os agentes
principais ao local da doença. Fitoterapia literalmente quer dizer,
terapia através das plantas, é conhecida na china há cerca de três mil
anos, época em que os livros eram escritos em pergaminhos, casco
de tartaruga e seda. Mas a informação contida nesses registos mais
antigos não fazem referência ás plantas, mas registam os nomes de
doenças, orações e outros métodos para as curar.

Em 1973 a descoberta de 14 livros médicos clássicos em Chang-


She, província de Hunan, trouxe alguns dados sobre o início da
medicina herbária chinesa. Estas fontes mencionam 52 doenças 283
prescrições e 247 de plantas incluindo: alcaçus, scutellaria,
atractylodes, cnidium e muitas outras ainda utilizadas actualmente.
Muitos outros livros médicos clássicos, foram escritos antes da época
de Cristo mas parece que só Shan Hai Ching sobreviveu. Escrito em
duas partes, Shan Ching data de cerca de 250 a.C. e Hai Ching de
120 a.C. Ambos descrevem 250 plantas e animais, dos quais apenas
68 são usadas como medicinais 47 de origem animal e 21 de origem
vegetal incluindo a canela, angélica, gambir, platycodon, peônia,
jujuba etc.

De acordo com a lenda, após experimentar várias plantas, Shen


Nung, o fundador da Medicina Herbária chinesa, escreveu o livro
“Shen Nung Pen Tsao Ching”. O livro sobrevive numa cópia feita por
Tao Hung – Ching por volta de 500 anos d.C. e relaciona 365 ervas.

Duzentos anos depois, Su Ching compilou “Hsin Hsiu Pen Tsao”,


baseado no original Shen Nung Pen Tsao. Contendo 850 substâncias
medicinais em 27 volumes, este livro, popularmente conhecido como
Tang Pen Tsao, representa a farmacopeia mais antiga oficial no
mundo. Em 739 d.C., Chen Chang-Chi da Dinastia Tang suplementou
posteriormente o texto, chamando-o de Pen Tsao Shih. Durante a
Dinastia Sung, Liu Han por ordem do Imperador, reviu as obras Hsin
Hsiu Pen Tsao e Pen Tsao Shih, resultando dessa revisão a
publicação do livro Kai Pao Pen Tsao em 973 d.C. que relacionava
984 ervas. Em 1057 coube a vez a Chang Yu-Shi rever Kai Pão Pen
Tsao intitulando o seu trabalho de Chia Yu Pu Chu Pen Tsao contendo
1084 variedades de ervas. No ano 1098 d.C. um novo livro contendo
1744 tipos de ervas e ilustrações botânicas foi escrito por Tang Shen-
Wei com o título “Chin Shih Cheng Lei Chi Pen Tsao”. Durante a
Dinastia Ching, 71 autores publicaram 460 volumes sobre esta matéria
sendo os mais peculiares Pen Tsao Kang um Shihi do autor Xhao
Hsueh-ming, que mostrou-se tanto complicado como tedioso, sendo
preferido pelos médicos chineses na época um outro livro, Pen Tsao
Pei Yao de Wang Ang.

O governo chinês publicou um dicionário de drogas herbais


chinesas abrangendo 5767 tipos de substâncias medicinais, ainda que
na realidade na prática clínica só são usadas regularmente cerca de
300 ervas. É curioso que muitas das fórmulas utilizadas ainda hoje
são as mesmas da Dinastia Han com pequenas alterações. Estas
fórmulas magistrais encontradas nos livros em diversos idiomas são
utilizadas e estudadas em quase todos os países. No Japão, desde
1950 que o Ministro da Saúde Japonês reconhece 148 dessas
fórmulas como de utilidade pública.
Para se fazer uma fórmula fitoterápica
chinesa, é preciso conhecer-se as
capacidades energéticas, curativas e
sinérgicas das ervas, ou seja, a interacção de
uma planta com as outras. Na formulação
Chinesa existe uma erva Imperador, que vai
determinar a acção da fórmula, as ervas
Ministros, que ajudam a pontencializar a acção
do Imperador, as ervas Assistentes que são
necessárias para o bem-estar da pessoa e
cuidam do estômago para que este receba a
fórmula, e por fim as ervas Mensageiras que
levam as ervas para o local necessário.

Ao contrário da Medicina Ocidental a Medicina Chinesa – é uma


ciência fundada sobre a experiência empírica acumulada, divide os
medicamentos de acordo com as suas propriedades e acções.

Propriedades das plantas (medicamentos)

As plantas podem ser classificadas:

- segundo as suas propriedades térmicas: quentes, mornas, frescas


e frias, podendo ainda falar-se de uma quinta propriedade, a neutra.

- segundo os cinco sabores: azedo (ácido), amargo, doce, picante e


salgado, teoria elaborada por Chou Li em 770-476 a.C.

- segundo as quatro direcções: ascendente, descendente, circulante


(flutuante) e submersão. Sistema de classificação geralmente
atribuído a Li Tung 1180-1251 d.C.

As ervas com propriedades mornas ou quentes são Yang em


natureza. Elas dispersam o vento e o frio interno, aquecem o Baço e o
Estômago, reabastecem o Yang, também possuem acções
estimulantes e fortalecedoras, ervas dessa natureza incluem o
acônito, gengibre seco, canela e tratam várias doenças do frio.

As drogas com propriedades frescas ou frias tais como: coptis,


scutellaria, gypsum e gardénia são Yin em natureza. Elas removem o
calor, aliviam a inflamação patogénica, acalmam os nervos devido à
sua acção inibitória, servindo também como antibióticos, sedativos e
antiflogisticos para doenças febris.
Devido á variação na constituição corpórea, a circulação do Qi
(energia), sangue e meridianos, assim como as manifestações
externas da doença, as ervas com a mesma classificação com
frequência diferem nos seus efeitos terapêuticos. Cada um dos 5
sabores, determinados a partir de experiências a longo prazo, tem as
suas próprias funções específicas. Geralmente as plantas de sabor
picante exercem efeitos de dispersão e promoção; as de sabor doce
de tonificação e regulação; as de sabor amargo efeitos fortalecedores
e purgantes; as de sabor azedo efeitos adstringentes e as de sabor
salgado efeitos suavizantes e purgantes. As ervas picantes como
gengibre fresco, perilla e menta dispersam os patógenos externos.

As ervas doces são tónicas e lenitivas; o ginseng nutre o Qi e o


alcaçus alivia a dor. As ervas amargas tais como coptis e melão
amargo têm a acção de secar a humidade e são purgantes. As ervas
azedas amolecem, fortificam e humedecem. As algas marinhas tratam
flegma estagnado e escrófula. Ervas suaves, sem sabor, tais como
Hoelen e Akebia, são diuréticas.

Ascendência, descendência, circulação e submersão representam


outras quatro qualidades adicionais usadas para classificar as plantas
(ervas). Ascendentes e circulantes referem-se a drogas que têm um
efeito para cima e para fora, usadas para activar o Yang, induzir á
transpiração e dispersar o frio e o vento. Em contraste, drogas
descendentes e de submersão, possuem um efeito para baixo e para
dentro – elas tranquilizam, causam contracção, aliviam tosse,
interrompem a êmese e promovem a diurese e purgação. Como uma
das teorias fundamentais na Medicina Herbária Chinesa, as quatro
direcções relacionam-se aos diferentes estados de doença no
organismo humano. Assim as plantas mornas, quentes, picantes e
doces são classificadas como ascendentes e circulantes por natureza,
enquanto as frias, frescas, azedas, amargas e salgadas têm acções
descendentes e de submersão. As ervas suaves e leves tais como
flores e folhas normalmente possuem qualidades ascendentes e
circulantes enquanto as ervas túrbidas e pesadas tais como sementes
e frutos possuem efeitos descendentes e de submersão.

O especialista em fitoterapia chinesa


pode mudar as características de uma
droga processando-a ou formulando-a
de maneira que se ajuste ás
necessidades da doença. As ervas
cozidas numa solução salgada ou
vinagre torna-se descendente ou de
submersão. As ervas cozidas em vinho
ou com gengibre tornam-se ascendentes e circulantes nas suas
características. Na Medicina Chinesa, a acção farmacológica da
combinação de mais de duas ervas é chamada de “os sete efeitos das
drogas”. Após séculos de uso empírico de remédios herbários, os
médicos chineses descobriram que os efeitos de ervas isoladas
mudam de acordo com o ambiente herbário. Algumas combinações
intensificam uma acção enquanto que outros tornam-se tóxicas ou
reduzem a efectividade.

Esses efeitos farmacológicos de uma combinação herbária são


difíceis de analisar porque a fórmula pode consistir de qualquer parte
de quatro a doze ervas individuais que interagem entre si, ocorrendo
três tipos de interacções.

- Entre as ervas individuais.

- Entre os constituintes das ervas individuais.

- Entre os constituintes de ervas diferentes.

Os efeitos farmacológicos das combinações herbárias sobre o


organismo humano provaram-se muitos complexos. Isto demonstra
que a fitoterapia chinesa na sua complexidade provou a sua eficiência
no decorrer dos séculos, assim como na actualidade.

Moxabustão
A moxabustão é uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional
Chinesa. Baseia-se nos mesmos princípios e conhecimentos dos
meridianos de energia utilizados na acupunctura, sendo amplamente
utilizada em outros sistemas de Medicina Oriental tradicionais como:
Japão, Coreia, Vietname, Tibete e Mongólia. Esta prática, pela
documentação antiga existente, parece ser anterior á acupunctura.

Originou-se no norte da china, moxabustão – Jiú


(pinyin) significa literalmente, “longo tempo de
aplicação do fogo”, sendo considerada uma
espécie de acupunctura térmica, feita pela
combustão da erva Artemísia sinensis e Artemísia
vulgaris. A cauterização, da qual deriva a moxa, foi
um desenvolvimento que se seguiu ao uso do
fogo. Considerou-se que o aquecimento e a
sensação de bem-estar que o fogo propiciava á
vida nas cavernas frias e húmidas, assim como as
curas furtivas que ocasionalmente aconteciam do
toque de um carvão acesso ou pedaço de lenha em brasa, foram os
primórdios da cauterização.

A cauterização como método de curar doenças usava originalmente


ramos e outros materiais combustíveis comuns. O uso de plantas
como principal substância de combustão, data do último período
Chou. O livro de Mencios (290 a.C.) refere-se a esta planta (artemísia)
“para uma doença de sete anos, procure moxa (artemísia) de três
anos de idade)”. Isto sugere que o seu uso já era difundido naquele
tempo. Antigamente, praticava-se geralmente o método de
cauterização directa, aplicando-se o material combustível
directamente sobre a pele. As instruções são encontradas no tratado
Tradicional de Zuo (581 a.C.) “acima ou abaixo dos vitais, a
cauterização directa não pode ser usada”. Num outro livro “O livro dos
segredos de Bian Que”, é mencionado fazer-se moxa para as pessoas
dormirem. O clássico de Medicina da Dinastia Han Oriental “Discussão
das doenças causadas pelo frio”, também refere as doenças para o
qual a cauterização directa é permitida ou proibida.

Naquele tempo, o tamanho da mecha ou cone de moxa era grande


e para cada tratamento um grande número de moxa era usado. Mais
tarde, nas Dinastias Tang e Song, eram prescritos mais de 100 cones
de moxa. Durante as Dinastias Jin e Tang, foi desenvolvido um
método de cauterização indirecta, no clássico “Receitas dos mil
ducados” vários métodos são discutidos, incluindo colocar a moxa sob
um folhado de outros materiais, tais como alho, feijão-soja, cera de
abelha, sal ou gengibre, e então queimá-la, no mesmo livro, é descrito
um método para tratar doenças auriculares através do qual um tubo
de bambu vazio é colocado no orelha e a moxa queimada na outra
ponta. Este método era denominado de cauterização com tubo ou
cilindro e foi o percursor da técnica moderna do “cilindro aquecido”.

Outro método, inventado na Dinastia Ming (1368-1332 d.C.) era


utilizar um ramo de árvore de pêssego ou de amora, que era
mergulhado em óleo de gergelim para ser acesso e apagado, então o
bastão aquecido era embrulhado com papel macio e era passado
como um ferro sobre determinada área da pele. Num desenvolvimento
posterior, o pó de moxa seca triturada e outras ervas eram enroladas
juntas em bastão com forma de charuto, para ser seguro em uma
ponta e ser queimada na outra extremidade a uma pequena distância
da pele. Este método ainda é bastante praticado actualmente. Na
Dinastia Song (960-1279 d.C.) existem referências em livros médicos
sobre cauterização natural ou espontânea, por meio do uso de ervas
conhecidas pelas suas propriedades irritantes (ex: Rhus
toxicodendron, emplastro de mostarda etc.), que eram friccionadas
sobre a pele, produzindo lesão tipo bolha.

O efeito da moxa é semelhante á


acupunctura, que age estimulando os
pontos da acupunctura para fortalecer a
circulação do Qi (energia) e do sangue,
sendo que a moxa estimula com o calor. No
capítulo 75 do Ling Shu está escrito
“quando o sangue nos vasos torna-se
estagnante ou fica bloqueado, deve ser
tratado somente pelo fogo”. Esta e outras passagens descritos nos
livros antigos, ilustram bem as funções da moxa.

Num texto antigo da Dinastia Tang “receitas dos mil ducados”


afirma “a pessoa que aplica diariamente ao ponto Zusanli (E-36)
estará livre de uma centena de doenças”, e assim o faziam as
pessoas nessas épocas principalmente se tinham de viajar para outras
localidades, para assim se protegerem das “energia perversas” dessas
localidades a que não estavam acostumadas.

O calor da moxabustão é
extremamente penetrante, tornando-se
eficaz quando há menos circulação,
condições frias e húmidas, além da
deficiência do Yang. Quando aplicada
aos pontos de acupunctura específicos
com deficiências do Yang, o corpo
absorve o calor recuperando mais
rapidamente o Qi (energia) do Yang do
corpo e o “fogo ministrial” fonte de todo
o calor e energia do corpo. As folhas
frescas da planta Artemísia são
colhidas na primavera e expostas ao
sol para secarem, em seguida são trituradas, examinadas e filtradas
para remoção de areia ou talos mais grosseiros, posteriormente, posto
de novo ao sol, repetindo-se este processo até se obter a consistência
desejada que é um pó fino, macio e claro.

A moxa a usar
directamente sobre a
pele (método directo)
deve ser extremamente
fina, para que possa ser amassada e moldada com as mãos em
minúsculos cones, firmes e que não se devem desfazer, para o uso
indirecto (não encostar na pele) não é necessário ser tão fina, esta é
enrolada fortemente em papel especial de cerca de 15 cm de
comprimento, pode ser adicionado pó de outras plantas, formando-se
então os bastões ou “charutos” que servirão uma vez acessos numa
extremidade para aquecer os pontos ou áreas do corpo.

Uma técnica muito utilizada na china


actual é a moxa acesa, que serve para
aquecer áreas maiores do corpo e por tempo
mais prolongado, a moxa é colocada num
instrumento próprio tubelar ou outros
formatos com fundo de rede, ficando a
secção de combustão da moxa afastada da
pele o calor é directamente transmitido a esta. A moxabustão como
em todas as terapias que se utilizam instrumentos, dever-se-á ter
alguns cuidados e precauções que qualquer profissional conhece
perfeitamente, algumas dessas precauções são: não aplicar moxa em
síndromes de calor com deficiência do Yin (ex: menopausa ou febre
alta); não produzir cicatrizes com moxa; não usar moxa na região
lombosacra em mulheres grávidas, e seguir sempre os princípios
básicos de diagnóstico da MTC.

Como Curiosidade

A palavra moxabustão parece ser um termo que deriva do


português antigo Mechia e do Japonês Mogussa. Devemos recordar
que os Jesuítas e os portugueses tiveram influência em várias partes
do Oriente, China, Japão, Malásia, Índia e concretamente em várias
partes da China e Japão, onde resultou que a palavra mechia foi
usada no lugar de Jiu, já que esta técnica lembra uma mecha a
queimar, e no Japão quando um francês estava a aprender a técnica
ele ao perguntar ao Japonês do que se tratava, este respondeu que
era mogussa uma erva usada pelos Japoneses no lugar da Artemísia
vulgaris. O Francês não entendia o Japonês, tentou dar-lhe um nome
em francês, bustion, daí o termo ter-se propagado como Moxabustão
que é a soma de mochia + bustion. Actualmente o Japão é o maior
produtor de Moxa.

O Tui Ná (Massagem e Osteopatia Chinesa)


O Tuiná, é uma especialidade médica
dentro da MTC, que usa as mãos como
instrumento para tratar doenças, é uma das
mais antigas formas de medicina chinesa. Isto
pode ser comprovado na história médica de
uma das mais antigas nações do mundo,
porque, o costume de esfregar, comprimir,
amassar ou bater com as mãos em seus
corpos ou os de seus companheiros, a fim de
se livrarem do frio, ou do desconforto ocasionado pela fadiga,
distensão abdominal e vários outros ferimentos, é um instinto inato do
ser humano. Nos tempos primitivos, quando ainda não existia nenhum
instrumento médico, os chineses antigos não podiam fazer nada além
de usar o método espontâneo de auto-esfregamento, auto-
amassamento ou auto-batimento no corpo. De facto, isto é, ainda que
somente baseado na razão, a origem do Tuiná.

Os chineses da antiguidade eram sábios; eles desenvolveram e


resumiram continuamente as suas experiências e práticas acumuladas
ao longo do tempo, no que, gradualmente, se tornou no que hoje é
chamado de Terapia Manual.

Na China, o Tuiná remonta ao


reinado do Imperador Huangdi, durante
o qual era chamado de Anwu. Nas
épocas da primavera e outono, e dos
estados combatentes (há dois mil
anos), o Tuiná, que era então chamado
Anmo, desenvolveu-se tornando-se
basicamente num método medicinal. Por exemplo, Bian Que, um
excelente médico que vivia naquele tempo, usou certa vez uma
terapia global, incluindo Anmo, para síncope, num paciente com
efeitos curativos miraculosos.

Durante as Dinastias Qin e Han, nos tempos dos três Reinos (205
a.C. – 280 d.C.), os conhecimentos acumulados e os métodos criados
nos tempos anteriores, contribuíram para a publicação do livro sobre
Anmo, intitulado Huang Di Qi Bo Na Mó Jing Shi Juan – “Clássicos
sobre massagem do Imperador Amarelo e de Qi Bo”. Este parece ter
sido um dos primeiros livros da história da Medicina Tradicional
Chinesa. Este livro perdeu-se. Felizmente, podemos ainda ter uma
visão geral de um outro grande trabalho, chamado Huang Di Nei Jing,
escrito na mesma época, que é o clássico mais antigo da Medicina,
preservado até hoje na China. Esse livro possui muitos capítulos, com
bastante conteúdo, que aborda quase todos os aspectos da terapia
Anmo, tais como a origem, manipulações, aplicações clínicas,
sintomas princípios terapêuticos e ensinamentos. Nesse livro, mais de
dez manobras tais como: Tui, Na, Mo, Qiao e Che, estão descritas,
sintomas incluindo doenças agudas e crónicas e, referências para
várias áreas clínicas. Mais tarde, o excepcional médico Zhang
Zhongjing, sumariou e editou, pela primeira vez, o método Gaomo no
seu livro Jin Kui Yao Lue – “Tratado sobre doenças febris e mistas”.
Este método prescreve que um unguento, preparado com ervas
medicinais, deveria ser espalhado em certas partes do corpo do
paciente, em pontos seleccionados e pertencentes a canais, e então
aplicar a terapia Anmo (com unguento e manipulações). Isto melhorou,
não somente os meios terapêuticos, mas também ampliou a faixa de
aplicação da massagem. Um outro médico famoso do tempo dos Três
Reinos, também usou este método para tratar doenças febris e
remover a patogenia superficial da pele.

No período dos Jins Ocidentais, Jins Orientais e das Dinastia do


Norte e Dinastia do Sul, (265 - 589 dC.), a técnica Gaomo, teve
grande desenvolvimento. Por exemplo, no seu livro Mai Jin – “O pulso
Clássico”, Wang Shehue, apresentou um método de tratar a dor
devido à atralgia -síndrome tratada com o unguento Fenggao,
(unguento do vento). Ge Hong elaborou sistematicamente, as
prescrições, remédios, indicações e operações de Gaomo e o
processo de fazer o unguento para Gaomo, pela primeira vez, no seu
livro Zhou Hou Bei Ji Fang – “Manual de Prescrições para
Emergências”, apresentando oito fórmulas medicinais e incluindo nas
indicações, doenças de vários departamentos, tais como: doenças
internas e externas, doenças ginecológicas e doenças dos órgãos dos
cinco sentidos. Também menciona no -Tratado Interno de Bao Puzi-, a
publicação de dez volumes clássicos sobre Massagem e Exercício
Físico e Respiratório (perdido). Tao Hongjing, famoso cientista
médico, Taoísta e alquimista das Dinastias do Norte e do Sul, também
escreveu um volume especial, Yang Xing Yan Mig Lu – “Exercícios
Físicos, Respiratórios e Massagem”, incluídos no livro “Registro sobre
a Preservação da Saúde e Prolongamento da Vida”, que possui um
conteúdo muito rico, com muitas informações sobre uma série de
práticas de exercício físico e respiratório, tais como: compressas
quentes para os olhos, pressionar os olhos, endireitar as orelhas, criar
cabelos, massagem facial, banhos secos,
etc. Isto ajudou a criar a técnica de auto--
massagem com a finalidade de preservação
da saúde e auto-tratamento de doenças.

As Dinastias Sui e Tang (581 - 907 a.C.)


foram uma época florescente para a terapia
Anmo. No Gabinete dos Médicos Imperiais da Dinastia Sui, um médico
massagista foi encarregado do tratamento médico diário e das
questões de ensino. Uma especialidade de massagem foi criada no
Gabinete dos Médicos Imperiais da Dinastia Tang, e os massagistas
foram classificados como médicos massagistas (massagistas com
doutorado). Estes médicos massagistas ensinavam aos estudantes de
massagem a "dominar o exercício físico e respiratório para tratar
doenças e corrigir lesões". O tratamento da massagem tornou-se
popular como nunca até então. O livro Zhu Bing Yuan Hou Lun –
“Tratado Geral sobre as Causas e Sintomas das Doenças” -, escrito
por Chao Yuanfang, da Dinastia Sui, incluía, na última parte de cada
volume do livro, o exercício físico e respiratório e a massagem. Um
famoso livro, Tang Liu Dian – “Seis Clássicos da Dinastia Tang” - , um
dos vários clássicos médicos escritos neste período, relata que a
terapia Anmo podia tratar doenças causadas por oito factores
patogénicos: vento, frio, calor, humidade, fome, excesso de alimento,
fadiga e ociosidade, o que ampliava grandemente a faixa de aplicação
da massagem. Outro exemplo é o livro Wai Tai Mi Yao – “Segredos
Médicos de um Oficial” -, de Wang Tao, que apresentava uma porção
de experiências de tratamento com a terapia Gaomo e registava
grande número de prescrições de unguento com as suas fontes
mencionadas. Estes factos históricos apresentam uma forte evidência
de que, no tempo das Dinastias Sui e Tang, a massagem como um
ramo da Medicina Tradicional Chinesa para a prática clínica, alcançou
um bom desenvolvimento na sua teoria básica, na técnica de
diagnóstico e no tratamento. Acredita-se que a forma embrionária da
massagem moderna chinesa tomou forma exactamente naquele
período. Graças ao rápido desenvolvimento da política na China, da
sua economia, cultura e transporte e da excelente situação de
intercâmbio cultural com países estrangeiros, durante aquele período,
a massagem também foi introduzida na Coreia, Japão, Índia, etc.

Nas Dinastias Song, Jin e Yuan, não havia departamento de Anmo


nas instituições médicas do governo, contudo, o título de médico
massagista permaneceu intacto. Os assuntos de tratamento de
massagem passaram para a jurisdição do departamento de
carbúnculo, e do departamento de ferimentos de guerra, do Gabinete
dos Médicos Imperiais da Dinastia Yuan. Nessa época, o
departamento de pediatria foi aberto, com os médicos a ser
encarregues de aplicar a terapia Anmo nas crianças. Devido ao facto
de a terapia de massagem deste período ser utilizada, principalmente,
para o tratamento de lesões ósseas e doenças infantis, a massagem
foi depois dividida em massagem de fixação de ossos e massagem
para tratar doenças infantis. Este período colocou muita ênfase na
análise das manipulações de massagem. Por exemplo, o livro Sheng
Ji Long Lu – “Colecção Geral para o Santo Alívio” -, escrito na Dinastia
Song, destaca: An (pressão), ou Mó (fricção), são manobras
empregues sozinhas e algumas vezes combinadas, sendo assim
chamadas de Anmo (pressão e fricção).

Anmo teve o seu segundo desenvolvimento na Dinastia Ming. A


Anmo foi incluída, novamente, nos treze departamentos da Medicina
Tradicional Chinesa, no Instituto dos Médicos Imperiais do governo.
Em 1601, apareceu o primeiro tratado sobre o Tuiná Infantil, chamado
Xiao Er An Mo Jing – “Cânon de Massagem para Crianças” -. Logo
após, o Xiao Er Tui Na Fang Mai Huo Ying Mi ZiZhi Quan Shu –
“Clássico Completo dos Princípios Secretos da Massagem para Trazer
Crianças de Volta à Vida” -, e Xiao Er Tui Na Mi Jue – “Fórmula Eficaz
de Massagem para Crianças” -, entre outros trabalhos sobre o Tuiná
Infantil, foram publicados de forma sucessiva. Ao mesmo tempo, o
Tuiná Infantil havia tomado forma como um ramo académico e foram
estabelecidos um sistema independente de diagnóstico de massagem,
manipulações, pontos de aplicação e tratamento. Além do mais, o
termo Tuiná (Tui Na), utilizado actualmente para se referir a esse ramo
académico, foi desenvolvido neste período como substituto da ANMO.

Na Dinastia Qing, não havia departamento de Tuiná no Instituto de


Médicos Imperiais mas, devido ao seu notável efeito terapêutico, foi
usado e expandido tão amplamente como antes, entre o povo e
mesmo junto ao governo. O Tuiná Infantil teve um desenvolvimento
maior nesse período, notadamente no início e no meio da Dinastia
Qing. Neste período, apareceu um grande número de médicos
famosos em Tuiná Infantil e de livros clássicos que vieram a
influenciar as gerações posteriores, como o livro Xiao Er Tui Na
Guang Yi “Elucidações da Massagem para Crianças” -, de Xiong
Yigxiong, Vou Ke Tui Na Shu “Segredos de Massagem da Pediatria” -,
de Luo Rulong, Bao Chi Tui Na – “A Massagem para o Cuidado das
Crianças” -, de Zia Yunj, e Li Zheng. Além disso, os massagistas da
Dinastia Qing fizeram realizações notáveis ao tratar lesões com o
Tuiná. Isto pode ser visto no livro Yi Zong Jin Jian – “O Espelho
Dourado da Medicina” -, que considerava as seguintes manipulações
como os oito métodos para tratar lesões: Mô (apalpar), Jie (religar),
Chuai (segurar), Ti Tui (levantar), Na (pressionar), An (comprimir) e
Mó (fricção). Desta forma, a escola médica de traumatologia do Tuiná
foi formada basicamente nesse período.

Antes da fundação da República Popular da China, houve um


período durante o qual não foi dada a devida importância ao Tuiná
terapêutico, mas ele continuava a ser utilizado por causa dos seus
efeitos curativos. Além disso, muitos massagistas do povo deram o
seu melhor para a pesquisa e para resgatar e melhorar as práticas do
Tuiná, de forma que várias escolas académicas de Tuiná, tais como:
Yi Zhi Chan, Gun Fa Tui Na, Nei Gong Tui Na, Dian Xue Tui Na e Xiao
Er Tui Na, foram anexadas, formando um elo entre o passado e o
futuro.

Depois da fundação da República Popular da China, em 1949, o


governo defendeu a MTC com grande empenho e começou a olhar o
Tuiná com uma nova prespectiva. Em 1956, a primeira classe de
treino em Tuiná foi estabelecida na Cidade de Shanghai. Em 1958, foi
instalada a primeira clínica de Tuiná em Shanghai e a Escola
Secundária Técnica de Tuiná de Shanghai. Além disso, os
massagistas do povo, por toda a China, foram designados para
trabalhar nos departamentos clínicos hospitalares de Tuiná, que eram
estabelecidos um após o outro. Em 1960, estava formado,
basicamente, um contingente de profissionais do Tuiná na China. Em
1974, a primeira secção de Tuiná apareceu no Departamento de
Acupunctura, Tuiná e Traumatologia da Academia de Shanghai de
MTC. Mas tarde, a mesma coisa aconteceu subsequentemente nas
universidades de MTC de Beijing, Nanjing, Fujian e Anhui. Isto
forneceu condições para o desenvolvimento de excelentes médicos.

Em 1987, o intercâmbio académico


de Tuiná, nacional e internacional, foi
muito incrementado. O número e
qualidade de monografias e teses
escritas sobre o Tuiná, nos últimos
anos, alcançou recordes históricos, e
pesquisas científicas sobre a prática
clínica do Tuiná também foram um
sucesso. Por exemplo, os efeitos
curativos do Tuiná em tratar a espondilopatia cervical, prolapso de
disco intervertebral lombar, diarreia infantil, doenças coronárias e
colecistite, foram iniciativas pioneiras no mundo. Assim como as
pesquisas sobre as informações mecânicas das manipulações do
Tuiná, feitas pelos pesquisadores da província de Shandong e
província de Shanghai, do ponto de vista da biomecânica, também
tem feito grande progresso.

Actualmente, a terapia Tuiná floresce na China, está a tomar parte


activa em vários campos da medicina, tais como: o serviço médico, a
reabilitação e preservação da saúde. É uma terapia segura, eficaz,
sem risco e livre de efeitos colaterais e será aceite sem dúvida, cada
vez mais, pelas pessoas de todo o mundo e contribuirá grandemente
para a saúde e prolongamento da vida de todos.
Ventosaterapia
A utilização das ventosas no
tratamento de doenças não é uma
exclusividade da Medicina Chinesa,
existem informações do seu uso desde
o antigo Egipto, ela também é
mencionada nos escrito de Hipócrates
e praticada pelo povo Grego no século IV a.C., possivelmente
conhecida e utilizada por outras nações antigas.

O antigo instrumento utilizado para fazer ventosas


era a cabaça, conhecida naquela época como
“curubitula” que em latim significa ventosa. Nas
regiões primitivas do mundo, a ventosa tem registos
históricos que datam de centenas a milhares de
anos. Nas suas formas mais primitivas, era utilizada
pelos índios americanos que cortavam a parte
superior do chifre dos búfalos, com cerca de 10 cm
de comprimento, provocando o vácuo por sucção
oral na ponta do chifre, sendo de seguida
tamponado. O uso de ventosas no Ocidente antigo era um elemento
terapêutico corriqueiro e de grande valor panaceico. Pois por falta de
outros recursos médicos, a ventosaterapia era utilizada praticamente
na cura de todas as doenças. Abordado por essas épocas como um
instrumento curativo mágico, pelo contacto intimo com o interior do
corpo através do sangue. Ela era respeitada também pela sua
actuação no elemento energético gerado pela respiração. Teoria que
se aproximava dos conceitos de Medicina Oriental.

Paracelso também descreveu aplicações de ventosas no primeiro


século d.c., advertindo que a aplicação de ventosas é benéfica tanto
para doenças crónicas como para as agudas, incluindo ataques de
febre, e mencionou outras advertências na utilização das ventosas.

Na Europa, assim como na Ásia existiam vários métodos


modificados de sangria e escarificação, na Europa a “veneseção” ou
sangria das veias era uma prática popular, enquanto na Ásia o
sangramento das dilatações capilares (telangiectasias) na periferia da
pele junto com ventosas era o método mais utilizado.

O uso das sanguessugas como


terapêutica foi comum na idade média no
ocidente. Em Portugal os “barbeiro-
sangradores” eram geralmente, os técnicos
encarregados de aplicar sanguessugas, por concessão de uma
licença cedida pelo cirurgião-mor. Naquela época, em Lisboa, foram
publicados vários livros sobre o assunto, e os salões de barbear eram
o local de venda das sanguessugas.

O uso de ventosas no Oriente foi desenvolvido com base na


acupunctura, a aplicação de ventosas foi originalmente, conhecida
como Método Chifre. Os chifres dos animais eram aquecidos, criando-
se um vácuo quando eram colocados sobre a pele. O propósito era
tratar doenças e retirar o pus. No fim do período Neolítico, o
desenvolvimento da agropecuária facilitou o desenvolvimento do
Método Chifre (ventosa).

O que distingue estas habilidades primitivas dos


chineses, das outras áreas do mundo, é a extensão
do seu subsequente desenvolvimento, dentro da
estrutura da tradicional fisiologia e patologia. O
Método Chifre foi posteriormente substituído por
outros métodos de sucção posteriormente
desenvolvidos, em que se obtinha o efeito de
ventosa utilizando-se cúpulas de bambu, metal e
posteriormente vidro. A sucção é obtida
actualmente, colocando-se uma substância cadente na ventosa antes
de coloca-la sobre a pele, aquecendo-a com água quente, ou com o
bombeamento do ar para fora desta uma vez posicionada na pele.

A ventosa segundo a MTC tem a propriedade de limpar o sangue


das toxinas acumuladas no organismo produzida pelos alimentos e
outras fontes poluentes. A estagnação do sangue estagnado, escuro e
sujo, nos músculos das costas ou das articulações é considerado
pelas Medicinas Orientais como um dos elementos causadores de
doenças. A ventosa é usada para o alívio de dores musculares,
melhorar o sistema circulatório e até mesmo, para redução de celulite
e gordura localizada, lombalgias, dor abdominal, hipertensão arterial e
muitas outras patologias.

As ventosas podem ser utilizadas em associação com outras


terapias reforçando a efectividade destas. Várias ventosas podem ser
utilizadas para tratar desordens sobre uma área mais ampla, por
exemplo, ao longo de um estiramento muscular ou dispostas em
fileiras horizontais e verticais sobre um órgão doente tendo-se o
cuidado de não se deixar as ventosas muito próximas umas das
outras.
Pode-se utilizar a ventosa para
produzir o “efeito massagem” que
consiste em mover as ventosas sobre
superfícies grandes e lisas do corpo,
tais como as costas e as coxas, nestes
casos são utilizadas ventosas de boca
média a grande, e em primeiro lugar
deve-se lubrificar a zona do corpo que se vai massajar. Esta
massagem tem o efeito de remover a pele ressacada pela abertura
dos poros e pela transpiração. Mecanicamente, aumenta o fluxo da
linfa, reduzindo o edema, mantém a flexibilidade dos músculos, retira
as adesões e as fibroses e mobiliza o funcionamento dos órgãos,
descongestiona os bloqueios de energia, activa a circulação e o
funcionamento geral do corpo.

A aplicação de ventosas é contra-indicada para casos de febre-alta,


convulsões ou cólicas, alergias na pele ou inflamações ulceradas,
áreas onde o músculo é fino ou a pele não é plana por causa dos
ângulos e depressões ósseas, no abdómen e região lombar em
gestantes. Algumas outras considerações a ter no uso das ventosas é
que estas devem ser deixadas no local somente até haver congestão
local (geralmente 5 a 15 minutos). Se forem mantidas por muito tempo
pode-se formar uma bolha, se esta for grande deve ser furada para
drenar o líquido, e seguidamente deve ser coberta para evitar
infecção.

A aplicação das ventosas deixa frequentemente uma marca púrpura


na pele aonde esta foi sugada, isto é normal e vai desaparecer sem
tratamento especial. Se a marca for muito profunda, as ventosas não
devem ser colocadas de novo nesse local enquanto subsistir a marca.

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