Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O TEATRO VICENTINO
AUTO DA BARCA DO
INFERNO, GIL VICENTE
Soluções
O TEATRO VICENTINO | Soluções
M15
Compreensão Pág. 13
Laboratório da língua Pág. 21
F / V/ F / V / V/ F / V / F
1. É uma metáfora.
Compreensão Pág. 14 2. É um eufemismo.
3. A palavra “Fidalgo” é uma palavra composta por aglu-
1465: Data provável do nascimento de Gil Vicente.
tinação.
1509: Concepção e representação de Auto da Índia.
1517: Concepção e representação de Auto da Barca do
Inferno. Compreensão / Expressão Págs. 26-27
1537: Data provável do falecimento de Gil Vicente.
1562: Publicação de Copilaçam de Todalas Obras de Gil 1. O Onzeneiro desprezava, na sua prática profissional, o
Vicente. Bem, não sendo sensível às necessidades dos seus
CEFLP1516 © Porto Editora
No sentido de cumprirem os seus deveres de cristãos, os 1. Certamente, o propósito de Gil Vicente foi colocar em
portugueses passaram a vigiar-se uns aos outros, de cena, simultaneamente, duas personagens ligadas à
modo a controlarem e, se necessário, denunciarem e administração da justiça. Em boa verdade, são faces
reprimirem comportamentos heréticos. Esta situação de uma mesma moeda, pelo que o seu julgamento, em
(horrível, de facto) obrigava a que todos fossem pessoas cena, ganha com o facto de aparecerem ambas num
mesmo espaço, dialogando entre si e com o Diabo ou
vigilantes e vigiadas, como se toda a gente fosse
com o Anjo (e até com o Parvo).
potencialmente suspeita e, em simultâneo, potencialmente
denunciante. 2. Os símbolos cénicos transportados pelo Corregedor e
pelo Procurador, embora diferentes, têm em ambos os
casos a ver com o mundo da justiça terrena. Por um
Compreensão / Expressão Págs. 54-55 lado, temos “os feitos” (processos judiciais), trazidos
pelo Corregedor; por outro, temos “os livros”, trazidos
1. Só aparentemente (por exemplo, o Diabo utiliza o pelo Procurador, que são o símbolo da erudição e das
adjectivo “santo” para caracterizar a personagem, mas leis que regulam a administração da justiça.
chama-lhe, logo de seguida, “Descorregedor”). De 3. O Procurador não acreditou que a morte poderia
facto, o Diabo mantém uma atitude de alguma aparecer tão rapidamente (“Não cuidei que era extremo,
superioridade, consequência do facto de conhecer as / nem de morte minha dor.” – ll. 23, 24).
culpas de cada pecador, o que aliás não hesita em 4. Ao contrário do Procurador, o Corregedor confessou-se,
referir concretamente. mas em vão, pois fê-lo sem sinceridade, mentindo por
2. As acusações feitas pelo Diabo são várias: o Corregedor, omissão (“tudo quanto roubei / encobri ao confessor…”).
em vida, aceitou roubos e subornos; extorquiu haveres 5.
aos lavradores ignorantes; foi culpado e cúmplice de 5.1. A Alcoviteira, apesar de avisada, não desistia das
corrupção. suas práticas ilegais e indecorosas.
3. A palavra (inventada) “Descorregedor” surge no Auto
como o contrário de “Corregedor”. Se este deveria ser Laboratório da língua Pág. 59
o nome do homem (Juiz) que assegurava a Justiça e o
Bem, o seu contrário representará naturalmente uma 1. Oração coordenada adversativa: “mas tudo quanto
personagem que fez o oposto do que se lhe pedia e roubei / encobri ao confessor”.
exigia. “Descorregedor” será, pois, em traços 2. Hoje, a expressão “ir à toa” significa ir sem rumo
resumidos, aquele que pratica a injustiça e o Mal. definido, sem plano.
4. Apesar de não ser o Corregedor o culpado directo da 3. “lo”: complemento directo.
situação reportada pelo Diabo, subsiste a atitude de 4. Futuro do indicativo.
cumplicidade da personagem, que preferiu não 4.1. “levamo-lo à toa / e vai nesta barcada.”
denunciar a esposa. Esta situação, já de si reprovável, 5.
agrava-se por se tratar de um favorecimento deliberado 5.1. Trata-se de uma acção em curso, isto é, uma acção
de um familiar muito próximo do Corregedor. sendo realizada.
5. O uso de palavras, expressões e frases em latim justifica-
se por essa ser uma linguagem característica do mundo Compreensão / Expressão Pág. 62
do Direito e dos Tribunais. Por outro lado, é um modo de
o Corregedor manifestar uma certa superioridade 1. O Enforcado está convencido de que a morte por
sociocultural, decorrente do seu estatuto profissional. enforcamento, no seguimento de uma decisão da
justiça terrena, é um passaporte para o céu. Assim lho
5.1. O uso recorrente e até excessivo do latim (muitas
explicou Garcia Moniz, decerto um funcionário estatal
vezes em versão pouco rigorosa) concorre para
de considerável importância.
a obtenção de um certo cómico de linguagem. Essa
2. O Enforcado confessa que, estando em vias de ser
situação é sobretudo visível nas falas do Diabo,
executado, não apreciou grandemente a pregação de
que usa o latim para acusar o Corregedor ou para
Garcia Moniz defendendo a bondade e a santidade da
lhe responder às observações de modo trocista.
forca.
3. É natural que o Enforcado surgisse em cena com uma
Laboratório da língua Pág. 55 corda ao pescoço.
2. A frase significa que Garcia Moniz, em seu discurso de b) Exemplo de frase do tipo interrogativo: “Que cousa
consolação, utilizou muitas e cuidadas palavras, talvez é essa?” (l. 23)
até fora do entendimento de um receptor menos c) Exemplo de frase do tipo exclamativo: “Quem
instruído. Eventualmente, poderá até ter recorrido a morre por Jesus Cristo / não vai em tal barca como
vocábulos e expressões do latim. essa!” (ll. 25, 26)
2.1. Trata-se de uma hipérbole. d) Exemplo de frase do tipo imperativo: “Entrai cá!”
(l. 23)
Compreensão / Expressão Pág. 63 3.
3.1. “O Anjo disse aos Cavaleiros que eles eram livres
1. O primeiro país a abolir a pena de morte foi Portugal. de todo o mal, que eram mártires da Santa Igreja e
2. A pena de morte veio a ser restabelecida em Portugal, que quem morria em tal peleja [numa peleja
no ano de 1916, para “caso de guerra com país daquelas] merecia paz eternal.”
estrangeiro, em tanto quanto a aplicação dessa pena
seja indispensável, e apenas no teatro de guerra”.
Compreensão / Expressão Págs. 67-68
3. Por “código de humanidade”, Miguel Torga entende
um “código que garanta a cada cidadão o direito a 1. A palavra “Paraíso”, no texto, representa o nome do
morrer a sua própria morte”, isto é, um código que Café (“Café Paraíso”) e significa, por outro lado,
exclua a pena de morte. o Éden (de onde foram expulsos, segundo a Bíblia,
Adão e Eva, e para onde irão um dia os que
Compreensão / Expressão Págs. 64-65 merecerem o Céu).
2. Modernamente, aquele espaço é um Banco – um lugar
1. onde se poderá conseguir uma certa forma de “céu”
1.1. Os Cavaleiros referem-se aos humanos (ainda) (ter dinheiro) ou de inferno (não ter dinheiro; ter
vivos. dívidas).
2. O Diabo fica espantado e até indignado (“Cavaleiros,
3. Num tempo feliz, associado pelo autor à infância, tudo
vós passais / e nom perguntais onde is?” – ll. 15, 16;
parecia mais simples, mais delicado e mais simpático.
“Que cousa é esta? / Eu nom posso entender isto!” –
A vida, então, ao contrário da televisão daquele
ll. 23, 24).
tempo, era “a cores”.
3. Os Cavaleiros menosprezam o Diabo, assumindo uma 3.1. Com o crescimento, vieram as desilusões, as
atitude de superioridade moral (“Vós, Satanás, dificuldades, o envelhecimento e a morte das
presumis? / Atentai com quem falais!” – ll. 17, 18; “E pessoas queridas, o progresso virado para o mate-
vós que nos demandais? / Siquer conheceis-nos bem: / rialismo. A vida é hoje, para Daniel Abrunheiro,
morremos nas partes de Além, / e não queirais saber
menos rica e menos interessante, isto é, mais triste
mais.” – ll. 19-22).
(uma vida a “a preto e branco”).
4.
4. Para o autor, o melhor tempo é indiscutivelmente o
4.1. Para o representante do Inferno (e do Mal), o
passado.
Diabo, é muito difícil perceber a convicção e a
serenidade dos que, como os Cavaleiros, fazem o 5. Para Daniel Abrunheiro, “o inferno” é a perda de um
Bem e, por isso, confiam tranquilamente no seu tempo bom, puro, cheio de ilusão, de esperança e de
direito à barca da Glória. humanidade – o tempo da infância.
5. O Anjo recebe os Cavaleiros com gratidão, alegria e
felicidade, como se depreende do discurso do arrais da Revisão Págs. 70-71
embarcação divina e do destino final dos cruzados:
“Ó Cavaleiros de deus, / a vós estou esperando / que Judeu / Fidalgo (+ Pajem) / Frade (+ Moça) / Cavaleiros /
morrestes pelejando / por Cristo, Senhor dos Céus! / Corregedor / Sapateiro / Procurador
Sois livres de todo mal, / Mártires da Santa Igreja, /
Entrevista a Gil Vicente
Que quem morre em tal peleja / Merece paz eternal.” –
ll. 30-37; “E assim embarcam.” – l. 38. 1. O Teatro distingue-se daquilo a que chamamos texto
5.1. Para o Anjo, os Cavaleiros são personagens raras dramático?
e altamente meritórias. Representam o mais alto 2. Que códigos utiliza, afinal, o Teatro?
exemplo de Fé, visto que, à luz das ideias da 3. Quantos Autos constituem a “trilogia das Barcas”?
Igreja daquele tempo, deram a vida por Cristo.
4. Gil Vicente, o senhor sofreu com a Inquisição?
5. Quem concebia e escrevia, de facto, os principais
CEFLP1516 © Porto Editora
Soluções
A ÉPICA CAMONIANA | Soluções
M16
1.
1. Camões quer cantar a gloriosa história do povo
1.1.
português (seus heróis, seus governantes, seus
a) “Navegavam no largo Oceano / quando os deuses
artistas, etc.).
do Olimpo se juntaram.”
2. b) “Os outros deuses sentaram-se / como a razão e a
2.1. Agora, Camões pretende escrever poesia épica.
ordem concertavam.”
CEFLP1516 © Porto Editora
3. Camões pede inspiração às Tágides (ninfas do Tejo). c) “Deveis saber da viagem dos portugueses / se do
4. O exemplo recomendado ao Rei é aquele que os grande valor desta gente não perdeis o
próprios versos de Os Lusíadas cantam – o dos feitos pensamento.”
levados a cabo pelos heróis. Mas, em boa verdade, a d) “A intenção de Baco não é justa / porque resulta da
própria obra de Camões é um exemplo de amor pátrio. sua inveja.”
A ÉPICA CAMONIANA | Soluções
M16
1.2.
Compreensão / Expressão Págs. 102-103
a) oração subordinada condicional: “se do grande
valor desta gente não perdeis o pensamento.” 1. Já haviam decorrido cinco dias (“Já cinco Sóis eram
b) oração subordinada comparativa: como a razão e a passados”).
ordem concertavam.” 2. De início, o Adamastor assemelha-se, nas palavras do
narrador, a uma nuvem (“Uma nuvem que os ares
c) oração subordinada temporal: “quando os deuses
escurece / Sobre nossas cabeças aparece”).
do Olimpo se juntaram.”
3. O aparecimento desta nuvem provoca, sobretudo,
d) oração subordinada causal: “porque resulta da sua
espanto, preocupação e medo (“Tão temerosa vinha e
inveja.”
carregada, / Que pôs nos corações um grande medo”).
4. De acordo com o narrador, a figura é caracterizada
Pré-leitura Pág. 93 como robusta, poderosa, medonha. O Adamastor tem
uma cor terrena (acastanhada), barba suja, olhos
1. encovados, cabelos crespos, dentes amarelos, pernas e
1.1. Resposta livre. braços enormes, voz grossa e horrenda.
2. e 2.1. Ver página 97 (texto “Mário e o Mestre”). 5. O Adamastor indigna-se com o atrevimento dos
portugueses que ousaram invadir um reino proibido (à
Compreensão / Expressão Págs. 95-96 sua guarda), que esconde os segredos da natureza e do
mar. Estes segredos estavam vedados aos humanos.
1. Inês estava feliz porque amava Pedro e era corres- 6.
pondida. A sua vida era simples, despreocupada e 6.1. O Adamastor anuncia que, no futuro, durante a
cheia de alegria, quer na presença de seu amado, quer aventura das viagens marítimas e dos desco-
mesmo na sua ausência, porque até aí as lembranças brimentos, haverá naufrágios, sofrimento e
de Inês eram sempre boas. morte.
2. D. Afonso IV decide intervir porque está atento ao 7. O Adamastor apaixonou-se pela bela Tétis, depois de
“murmurar do povo” e preocupado com o príncipe um dia a ver sair, nua, das águas do mar. Não sendo
herdeiro que “casar-se não queria”. correspondido, tentou tomá-la pela força. Foi Dóris, a
3. Inês lembra ao Rei que é uma frágil donzela e que não mãe de Tétis, que serviu de intermediária na procura
de uma solução para este problema. Quando,
tem culpa de amar D. Pedro. Igualmente recorda o
ingenuamente, o Adamastor acreditou que Tétis
facto de ter filhos pequenos que, no caso D. Afonso IV
estava disposta a ser sua, correu para ela – mas os
a mandar matar, ficarão órfãos de mãe.
Deuses castigaram-no e ele foi transformado num
4. Inês propõe, para si própria, como alternativa à morte, imenso rochedo (um “remoto cabo”). Para cúmulo, o
o exílio (“Põe-me em perpétuo e mísero desterro, / Na gigante é obrigado, sem se poder mover, a ver
Cítia fria, ou lá na Líbia ardente”). Mas pretende ficar frequentemente a doce Tétis banhando-se à sua
com os seus filhos e criá-los (“Ali co amor intrínseco volta.
(…) / criarei / Estas relíquias suas que aqui viste / Que 8. Sim, Gama levou a sério os avisos do Adamastor (“Eu,
refrigério sejam da mãe triste.”). levantando as mãos ao santo coro / Dos Anjos (…) / A
5. Camões compara esta morte a uma flor que é Deus pedi que removesse os duros / Casos, que
arrancada da terra (e, portanto, morta) precocemente: Adamastor contou futuros”).
“Assi como a bonina que, cortada / Antes do tempo 9. O narrador (Vasco da Gama) é participante. Note-se o
foi”. uso da primeira pessoa, por exemplo, quando Gama se
6. a) “cândida”, “bela”, “branca”, “viva”, “doce”. dirige ao Adamastor [estância 49]: “Mas ia por diante
b) “murchada”, “morta”, “pálida”, “secas”. o monstro horrendo / Dizendo nossos fados, quando
alçado / Lhe disse eu: - Quem és tu?”
7. Assim que “tomou do Reino governança”, D. Pedro
vingou-se, tendo perseguido e castigado os responsáveis
pela morte de Inês. Laboratório da língua Pág. 103
2.
Laboratório da língua Pág. 96
2.1. “Um grande brado será dado por Gama.”
1. “Tirar Inês ao mundo determina” 2.2. Sujeito da primeira oração (forma activa): Gama
2. Predicado da primeira oração (forma activa): dará
CEFLP1516 © Porto Editora
um grande brado
2.1. “Queria perdoar-lhe o Rei benigno / e o Povo não Complemento directo da primeira oração (forma
deixou.” activa): um grande brado
2.2. Oração coordenada copulativa: “e o Povo não Sujeito da segunda oração (forma passiva): Um
deixou.” grande brado
A ÉPICA CAMONIANA | Soluções
M16
Subordinação
1. Oração subordinada causal: “porque o objectivo foi
cumprido” [Oração subordinante ou principal: “Os
portugueses festejaram”]
Oração subordinada condicional: “Se os portugueses
seguirem o exemplo dos antigos” [Oração subordinante
ou principal: “o futuro do país será radioso”]
Oração subordinada temporal: “quando a armada
chegou a Calecute” [Oração subordinante ou principal:
“A viagem de Gama terminou”]
Oração subordinada final: “para obter ajuda divina”
[Oração subordinante ou principal: “O Capitão rezou”]
CEFLP1516 © Porto Editora
Coordenação
1.1. Oração coordenada copulativa: “e Marte respeitava-os”
Oração coordenada adversativa: “mas Júpiter apoiou
a filha”
Oração coordenada disjuntiva: “ou ignorá-los”