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desde que levados em conta os direitos das autoras e dos autores.

Thiago Agenor dos Santos de Lima (Organizador)

O trabalho social com famílias no CREAS e as contribuições do serviço social, psicologia e


direito. São Carlos: Pedro & João Editores, 2019. 65p.

ISBN 978-85-7993-736-1

1. Trabalho social. 2. Trabalho com famílias. 3. CREAS de Andradina. 4. Autores. I. Título.


CDD – 150

Capa: Andersen Bianchi


Editores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito

Conselho Científico da Pedro & João Editores:


Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/ Brasil); Hélio Márcio Pajeú (UFPE/Brasil);
Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil); Valdemir
Miotello (UFSCar/Brasil).

Pedro & João Editores:


www.pedroejoaoeditores.com.br
13568-878 - São Carlos – SP
2019
ABERTURA
A presente publicação tem a finalidade de apresentar práticas profissionais desenvolvidas no âmbito
dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), trata-se de equipamentos públicos
de proteção especial da política de assistência social instituídos com o Sistema Único da Assistência
Social (SUAS).
“É de extrema importância promover um espaço para que a família possa refletir sobre sua
história, seu presente momento e a situação de violência, que, muitas vezes, é a única maneira
encontrada para se relacionar.
Assim, é essencial desenvolver a autonomia, o protagonismo e o empoderamento através de
uma nova relação, na qual os papéis sociais são repensados e reconstruídos por meio de novos
projetos de vida.”
De acordo com a CF/88, todos os brasileiros têm direito à Proteção Social Básica, portanto, o
Governo Federal, Estadual e Municipal, procuram consolidar uma ampla rede de proteção e promoção
social. Até porque vai muito além dos benefícios de cestas básicas, transferência de renda, bem como, o
direito a vários serviços socioassistenciais.
Nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), as famílias encontram serviços
diversos como cursos, atividades culturais, esportivas e recreativas. Portanto os CRAS e CREAS são
casas de portas abertas para as famílias que buscam assistência e orientação para exercerem seus
direitos sociais básicos.
O governo municipal tem apoiado a nova forma de organização das ações de Assistência
Social, e isso vem contribuindo para bons resultados e apesar de toda a dificuldade em conciliar
prioridades estão tentando romper a lógica de cada secretaria atuar separadamente. Na Assistência,
essa integração tem um impacto positivo imediato, sendo que a intersetorialidade não exige nenhuma
novidade, somente um planejamento diferente com estratégia de gestão buscando soluções integradas
para responder aos complexos fatores que podem tornar uma pessoa ou família vulnerável. Sabe-se
que é o grande desafio das políticas públicas e principalmente da Assistência Social, pois precisamos
dessa intersetorialidade, afinal, o nosso público é o da saúde, educação e precisamos, sempre que
necessário, ter parceria com essas áreas.
“Parabéns a todos os trabalhadores da Assistência pois a Assistência é um processo social. Não é
a preparação para a vida, é a própria vida”

Sandra Regina da Silva Pereira


Secretária Municipal de Assistência e Promoção Social
EXPEDIENTE

Tamiko Inoue
Prefeitura Municipal de Andradina

Sandra Regina da Silva Pereira


Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social

Thiago Agenor
Diretoria de Proteção Social Especial

Guilherme Rangel Cochi Inácio


Centro de Referência Especializado de Assistência Social

Supervisão
Thiago Agenor dos Santos de Lima

Elaboração e colaboração técnica


Angélica Yuriko Yamada
Ana Paula Barbosa de Oliveira
Camila Silvano Antunes
Joice Ellen Camilo da Silva Pereira
Ligia Cristina de Moraes
Luciana C. de Souza Cruz Piovesan
Marina Maria Ribeiro
Nathália Fernandes Capucho
Natalia Tartalioni G. Leal
Viviane Lima Lourenço
Thiago Agenor dos Santos de Lima

Andradina/SP, 24 de julho de 2019.

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APRESENTAÇÃO

E
sta construção do conhecimento sobre “O trabalho social com famílias e as contribui-
ções do serviço social, psicologia e direito no CREAS”, em tempos de retrocesso dos
direitos sociais e de violentas investidas contra o Sistema Único de Assistência Social
– SUAS, traz duas marcas importantes de resistência: 1) trazer como ponto de partida a
realidade concreta da cidade de Andradina/SP e 2) buscar, a partir do cotidiano vivenciado
pelos trabalhadores do CREAS junto a esta realidade, a construção do conhecimento mul-
tidisciplinar sobre o trabalho social a ser desenvolvido.
Os textos produzidos pelos trabalhadores-autores trazem estas marcas, e expressam
a complexa teia de questões que envolvemos serviços de proteção social, como é o caso
do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS – que recebeu o
atributo de “proteção social de média complexidade” pela política de assistência social.
Sem dúvida, este atributo se concretiza na prática cotidiana dos trabalhadores do SUAS
que atuam neste serviço, revelando que o CREAS implica em múltiplas escalas: de despro-
teção social (individual, familiar, social, mundo privado, espaço público), de trabalho social
(psicossocial, sociojurídico, multi e transdisciplinar) e de abrangência territorial (local, re-
gional).Estas múltiplas escalas se apresentam nos três textos produzidos pelos trabalha-
dores assistentes sociais, psicólogos e advogados:
“O profissional ao se deparar no seu cotidiano com a imediaticidade recorrente e ca-
racterística iniciais como situações de violências, negligências, abandonos entre outros, é
preciso uma ultrapassagem das aparências dos fatos” (Assistentes Sociais).
“Dito de outro modo, o campo social ainda é um campo novo, porém, temos visto as
inúmeras contribuições da ciência psicológica para com o rompimento das expressões de
desigualdades vivenciadas pelos sujeitos”. (Psicólogos)
“Assim, pode-se dizer que, até o momento, não há regulamentação da atuação do advo-
gado no SUAS, e nem enquanto integrante da equipe de referência do CREAS. Urge, dessa
forma, que a Ordem dos Advogados do Brasil se mobilize a respeito e se atualize frente às
vicissitudes sociais que influenciam na atuação profissional e função social do advogado
que vão além da atuação convencional.” (Advogados)
As múltiplas escalas que marcam a atuação do CREAS trazem à tona a complexa sobrepo-
sição de desproteções sociais implicadas e, ao mesmo tempo, os desafios para as respostas
de proteção social deste serviço. Por isso, o depoimento da usuária do CREAS de Andradina,
e citado no texto de abertura, expressa o sentido que este serviço representa em sua realidade
cotidiana: “CREAS é um lugar que a gente pode contar”.
Nada melhor do que uma definição tão concreta e afirmativa revelada por quem usa o
serviço, demonstrando que apesar de todas as dificuldades e desafios enfrentados no coti-
diano de atuação dos trabalhadores do CREAS de Andradina, a proteção social se mantém
como perspectiva e resposta.

Dirce Koga
Assistente social, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados da PUCSP

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PREFÁCIO DA ÁREA DO SERVIÇO SOCIAL

D
esde a gênese do Serviço Social no Brasil, as ações desenvolvidas pelos assistentes sociais ocorrem em programas, projetos e
serviços executados nas políticas públicas e sociais. A assistência social, em conjunto com a saúde, é política identificadas como
campo de trabalho dos assistentes sociais desde a década de 1930 do século passado.
O assistente social tem sido chamado a atuar com as consequências das expressões da “questão social”, cuja concreticidade se revela na com-
plexa trama dos fenômenos sociais, decorrentes das relações desiguais estabelecidas e constitutivas da sociedade capitalista. Atuando majoritaria-
mente com os trabalhadores, principalmente aqueles que se encontram nas funções com baixa remuneração ou mesmo excluídos do mercado de
trabalho, o assistente social é convocado a responder de forma analítica, política, ética e interventiva às necessidades apresentadas, identificando
as contradições constitutivas da sociedade capitalista, e, ao mesmo tempo, reconhecendo o usuário na sua condição de classe, de trabalhador.
Um dos desafios postos na Política de Assistência Social é a construção de ações cuja finalidade é contribuir para instituir nesta
política um sistema de proteção social, que abarque todos a quem dela necessitar. Este desafio se consolida a partir da CF de 1988
do século passado, quando vislumbra a necessidade de se construir a assistência social como política pública de direitos. Ainda
nesta lógica, a proteção social se estabelecerá a partir da aproximação dos trabalhadores do SUAS à população usuária, conhecendo
sua condição de vida e relações de pertencimento nos territórios onde vivem. Não é sem motivações históricas e políticas que a PAS
elege a família como elemento central do matriciamento, consolidando uma concepção de proteção social, “[...] como possibilidade
de reconhecimento público da legitimidade das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu protagonismo”. (PNAS,
2004) O ordenamento determinado nesta política apresenta algumas características que a particularizam. Uma dela é a complexidade
das demandas vivenciadas pelos trabalhadores, reconhecidos como população usuária, que configurará a assistência social como
uma política transversal, que será efetivada por meio de ações intersetoriais.
Neste sentido, a política de assistência social, apresenta objetivos que não serão alcançados sem uma ação articulada com as de-
mais políticas, especialmente as constitutivas da seguridade social, acrescentando a educação e moradia. Outra característica refere-se
à descentralização político-administrativa tanto no planejamento como na execução da política, determinando a primazia do Estado no
investimento nesta política e, enfatizando as ações locais e a participação da população usuária nas instâncias de controle social. Outra
característica é a provisão de serviços vinculados a proteção básica e proteção especial, mapeando e confirmando a complexidade das
demandas de trabalho apresentadas pelos usuários nesta política.
Ainda está em curso nesta política um descompasso entre o que se estabelece como ordenamento e o que se efetiva na gestão dos
programas, projetos e serviços sócioassistenciais. Este descompasso se concretiza na focalização e individualização dos serviços; na
descaracterização do usuário, identificado como beneficiário destituído de sua condição de classe; a redução dos direitos sociais a bene-
fícios, portanto, passíveis de critérios de acesso que excluem e se distanciam da proteção social e, pode indicar que a gestão do trabalho
desenvolvido será direcionada a “gestão da pobreza” e a individualização dos problemas sociais.
Estas características e descompassos impactam diretamente no trabalho do assistente social, que tradicionalmente vem criando estraté-
gias para identificação das condições objetivas de vida desta população, e, estabelecendo ações de democratização de acesso aos direitos
humanos e sociais. Por estes caminhos os assistentes sociais planejam as ações executadas no CREAS.
O trabalho apresentado pelos assistentes sociais no CREAS em Andradina parte da sistematização das ações em curso, onde se evidenciam as
concepções norteadoras do trabalho; o exercício profissional; as demandas e os desafios enfrentados cotidianamente.
É nítido que a violência se constitui como o fenômeno social desencadeador do trabalho. Ao mesmo tempo, também, há por parte dos
assistentes sociais, uma clara preocupação em entender, de forma analítica e política, que a violência é multicausal, e, se constitui nesta
sociabilidade, não sendo, portanto, uma prerrogativa do sujeito usuário, ou ainda, não pode ser identificada de forma individualizada.
A organização do trabalho por meio da construção de ações e atividades também requer do assistente social a construção da análise da
sociabilidade burguesa, identificando os fenômenos sociais como decorrentes da relação desigual e subordinada entre as classes sociais.
Nesta estrutura histórica é nítida a ausência e a precariedade do acesso aos direitos, especialmente aqueles que responderão às necessi-
dades de subsistência: comer, morar, ter saúde, educação, trabalho e lazer.
A sistematização das ações indica a fragilidade do acesso aos direitos e o quanto isto impacta nas condições objetivas de vida dos traba-
lhadores. Outro aspecto importante é a clara identificação da necessidade de ampliação do investimento público na gestão dos programas,
projetos e serviços, de modo a garantir a qualidade e efetividades das ações desta política.
O trabalho direcionado ao público prioritário também merece destaque, pois é revelador do processo de pauperização da população e das pre-
cárias condições de vida desta população. Isto faz com que o assistente social tenha que expressar, por meio do exercício profissional cotidiano, o
modo como analisa a realidade social, planeja e executa as ações cotidianas, estabelece o direcionamento ético e político constitutivos das ações,
projeta os resultados do trabalho em meio a complexificação das condições de vida dos usuários e das condições de trabalho do profissional.
Sistematizar o trabalho possibilita ao assistente social identificar demandas e (re) construir cotidianamente competências, de modo a
qualificar as ações realizadas, colocando no horizonte das ações, os desafios a serem superados.
Outono ensolarado em Londrina, 2019.

Mabel Mascarenhas Torres,


Assistente Social, doutora em Serviço Social, professora associada do
Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina.
Vice coordenadora da RETAS – Rede de Estudos sobre o trabalho do assistente social
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PREFÁCIO DA ÁREA DE PSICOLOGIA

O
prefácio de um livro é sua apresentação, daí sua importância para a obra, para os autores e, principalmente aos leitores, que terão uma
visão da obra a partir de um olhar, do prefaciador. Mas, não há como deixar de abordar, a importância para quem escreve o prefácio:
uma honra e um grande desafio!
Este livro representa os desafios do SUAS (Sistema Único de Assistência Social): a ciência e cada especificidade profissional traduzida e
esmiuçada na práxis, que, por sua vez desafia o saber constituído até então que clama por avançar. Esta obra avança!
Com o objetivo principal de alcançar o usuário do serviço do CREAS, o trabalho multiprofissional do dia a dia traduz a ciência, a legislação,
a organização institucional e a formação de cada profissional, para inúmeras demandas. Porém, a iniciativa deste livro inverte esta ordem: traz
para a ciência os desafios do trabalho multiprofissional com esta população específica atendida pelo CREAS; e assim, o ciclo ciência - práxis
pode constituir um ciclo virtuoso.
O trabalho multiprofissional tem como característica provocar cada profissional envolvido, pois o saber de cada profissão é convidado a somar
à outra, em igualdade e respeito. Porém, nem tudo é harmonia, há também incompreensões mútuas, desafios diários de construção de trabalho
ainda considerado novo. A presente obra chama atenção por desvelar o caminho percorrido pelo CREAS do Município de Andradina /SP, sua
estruturação, consolidação e efetividade.
No Capítulo I, “A Política de Assistência Social e a oferta de Proteção Social de média complexidade: O município de Andradina em movimento”,
onde Lima apresenta seu olhar atento aos usuários do serviço do CREAS sem perder o foco da política da Assistência Social e sua consolidação no
Município de Andradina. A especificidade do atendimento ao usuário do CREAS é delineada, sustentada nas normativas e entendimento destas para
cada serviço preconizado pelo SUAS, em especial o do CREAS, entremeando a história local com as normativas nacionais.
No Capítulo II, Antunes, Lima, Lourenço, Moraes & Oliveira, apresentam “As Contribuições do/a Assistente Social para os serviços socio-
assistenciais do CREAS de Andradina”. Propõem apresentar a sistematização do trabalho profissional dos/das assistentes sociais lotados
na unidade do CREAS de Andradina, cuja preocupação é como arcabouço teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo utilizado
no cotidiano institucional. Tratam a temática densa e complexa, sob os alicerces da profissão do Assistente Social, percorrendo a história
profissional e a política de assistência em nosso país, em particular, com foco no SUAS/CREAS. Voltam o olhar para o usuário do CREAS,
objetivando alinhavar o significado do acesso ao direito para usuários da proteção social especial de média complexidade. Assim, os autores
delineiam normativas, técnicas e metodologias voltadas a este público visando a promoção de direitos, a preservação e fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários e função protetiva das famílias, e ainda, evitando-se a revitimização, culpabilização e processos de morali-
zação. Os autores debruçam-se ainda exaustivamente para a sistematização da prática do Assistente Social no CREAS.
No Capítulo III, Capucho, Leal, Piovesan e Ribeiro expõem “As Contribuições da Psicologia para os serviços socioassistenciais do CREAS de
Andradina”. Têm como objetivo principal, descrever as principais contribuições da profissão do psicólogo no campo da proteção social especial de
média complexidade. É a partir do resgate histórico do CREAS de Andradina que as autoras apresentam a inserção da psicologia como profissão
que compõe as equipes de atendimento no CREAS, trazendo à luz, considerações teóricas, focos de atendimento e prática profissional. O percurso
traçado pelas autoras viaja em cada tipo de serviço oferecido aos usuários e leva o leitor a se envolver com as peculiaridades de cada demanda, mé-
todos, técnicas e organização do trabalho. Discorrem sobre as competências e atribuições da psicologia nos serviços socioassistenciais do CREAS
de Andradina, esmiuçando cada demanda e suas especificidades: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado para crianças e adolescente e
suas Famílias (PAEFI); Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a pessoas adultas e suas famílias; Cumprimento de Medida Socioeducativa
em Meio Aberto; e Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias.
No Capítulo IV, Pereira delineia “As Contribuições do Direito para os serviços socioassistenciais do CREAS de Andradina”. Apresenta o exercício
da advocacia, do ponto de vista constitucional, como sendo indispensável ao funcionamento do poder judiciário. No entanto, a autora, analisando
normativas e legislação, constata que não há no momento regulamentação da atuação do advogado no SUAS. Discorre ainda sobre o histórico da
obrigatoriedade do advogado no CREAS e de sua atuação no SUAS e composição da equipe técnica do CREAS, lembrando que a parceria multiprofis-
sional do advogado com os Assistentes Sociais e Psicólogos proporciona interação da assistência social com as demais políticas públicas setoriais.
Como psicóloga, gostaria ainda de discorrer sobre o percurso da Psicologia no SUAS, já que o Sistema Único de Assistência Social inaugurou para a psi-
cologia uma frente de trabalho única e institucionalizada, que até então não se havia estruturado. O compromisso social da psicologia se materializa no SUAS,
trazendo à práxis da psicologia de forma contextualizada com as normativas e teorias da psicologia, associada ao contexto multiprofissional.
Hoje a psicologia é a segunda profissão de nível superior no SUAS, atrás apenas do Serviço Social, e ainda, a psicologia no SUAS é a segunda ativi-
dade de inserção profissional dos psicólogos, atrás apenas da tradicional área clínica. Desta forma o campo social mostra a sua força para atuação do
psicólogo e demanda de criação e transformação para uma prática da psicologia ancorada em conceitos teóricos e pragmática ética associada.
Finalizando, analisa-se que a presente obra apresenta o caminho histórico de construção do CREAS de Andradina, o qual se confunde com
a edificação e implementação do SUAS no Brasil. Nitidamente é uma construção de um trabalho ancorado em bases teóricas/técnicas sólidas e
objetivos institucionais elencados desde a Constituição cidadã de 1988.
Parabéns aos autores e ao Município pela iniciativa!
Araçatuba/SP, Junho de 2019.

Cássia Regina de Souza Preto


Psicóloga do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Araçatuba/SP.
Mestranda em Psicologia e Saúde pela FAMERPQ/SP.
Psicóloga formada pela UEL/ PR.
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SUMÁRIO

CAPÍTULO I

A Política de Assistência Social e a oferta de Proteção Social de média


complexidade: O município de Andradina em movimento

Thiago Agenor

[...] CREAS é um lugar que a gente pode contar. (Depoimento de usuária)1.

Iniciamos o presente capítulo com uma pequena parte do depoimento de uma usuária atendida pelo CREAS na cidade de Andradina, interior
de São Paulo. No trecho escolhido, observamos uma significativa expressão do CREAS em sua vida, bem como, a referência provocada pela
existência deste equipamento na vida da população usuária dos serviços ofertados. A expressão “pode contar” é fruto de um campo de prote-
ção social construído na política de assistência social2, principalmente após a instalação do SUAS – Sistema Único de Assistência Social, com
a promulgação da PNAS/2004 e as inúmeras legislações, normativas e orientações técnicas posteriormente publicadas, ao mesmo tempo que
alargaram-se o rol de proteção social afiançada pela assistência social, foi capaz de definir uma identidade para a assistência social brasileira,
que sempre foi um campo para filantropia, caridade, solidariedade para a classe trabalhadora pobre.
Nesse sentido, a expressão cunhada pela usuária protagoniza o eixo estruturador da política de assistência social que é a “proteção social”,
pois de acordo com Sposati:

Proteção social - o sentido de proteção (protectione do latim) supõe antes de mais nada tomar a defesa de algo, impedir sua destruição, sua alteração. Nesse sentido a
ideia de proteção contém um caráter preservacionista – não da precariedade, mas da vida – supõe apoio, guarda, socorro e amparo. Este sentido preservacionista é que exige
tanto as noções de segurança social como de direitos sociais. (2009, p. 21)

Ao concordarmos com tal afirmação, passamos a compreender a direção do campo objeto da assistência social, como sendo a responsabi-
lidade do Estado brasileiro, vem assumindo na oferta de seguranças sociais (rendimento, acolhida e convívio)3 a serem afianças pelos serviços,
programas, projetos e benefícios na operacionalidades das proteções sociais básica e especial (média e alta complexidade). O desafio colocado
nos últimos tempos é de que maneira a operacionalidade das seguranças sociais são traduzidas em ações pelas unidades socioassistenciais,
bem como, compreender como os profissionais inseridos nesses processos reconhecem a defesa da política de assistência social enquanto di-
reito, não mais como favor, sobretudo, materializar os seus saberes na oferta da proteção social básica e especial (média e alta complexidade).
A compreensão é de que o sistema através de proteção básica e especial disciplinou o campo de atendimento aos indivíduos e as suas famí-
lias, incluindo uma classificação entre os fatores de vulnerabilidade e risco social. Tal classificação não foi operada apenas como uma divisão,
mas a compreensão de que no campo da assistência social é preciso conhecimentos diferentes para a operacionalidade das ações, princi-
palmente nos CRAS – Centro de Referência de Assistência Social e nos CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
Tais equipamentos têm objetivos complementares (por essa razão, também são diversos), para tanto, ofertam serviços, programas, projetos

1. Depoimento de uma usuária do CREAS, gravado pela equipe de comunicação da Prefeitura Municipal de Andradina em parceria com a equipe técnica, em dezembro de
2018, objetivando a avaliação do equipamento socioassistencial a partir das percepções dos usuários. Tal procedimento ocorreu após convite pela equipe as famílias
atendidas pelo CREAS e lavrado termo de consentimento. Todo o documentário pode ser acessado no site da prefeitura, acessando: www.andradina.sp.gov.br
2. Sposati (p. 28) nos ensina que: “A assistência social, por seu turno, foi delineada, pela CF/88, como uma política de benefícios e de serviços. Um mix que não s apresenta
na previdência ou na saúde. Essa dupla dimensão exige capacidade gerencial inédita, no âmbito dessa assistência social pública inaugurada pela CF/88 e também coloca
em questão as duas alternativas de proteção social, a monetária e a de cuidados por meio de serviços sociais, no âmbito de uma só política social”. Diante do exposto,
afirmo que no trabalho social do CREAS os profissionais colocam em movimento o acesso aos benefícios e serviços, visando afiançar as seguranças sociais instituídas
pela PNAS/2004, sendo assim, ao ser atendido, os sujeitos e suas famílias devem acessar os direitos socioassistenciais perante a unidade. Nesse mesmo sentido, de-
vemos reconhecer que não cabe a assistência social, em nenhuma de suas unidades ser “um balcão de encaminhamentos”, isto por sua vez, não implica a necessidade
de trabalho em rede.
3. A segurança de rendimentos não é uma compensação do valor do salário mínimo inadequado, mas a garantia de que todos tenham uma forma monetária de garantir
sua sobrevivência, independentemente de suas limitações para o trabalho ou do desemprego. É o caso de pessoas com deficiência, idosos, desempregados, famílias
numerosas, famílias desprovidas das condições básicas para sua reprodução social em padrão digno e cidadão. Por segurança da acolhida, entende-se como uma das
seguranças primordiais da política de assistência social. Ela opera com a provisão de necessidades humanas que começa com os direitos à alimentação, ao vestuário
e ao abrigo, próprios à vida humana em sociedade. A conquista da autonomia na provisão dessas necessidades básicas é a orientação desta segurança da assistência
social. É possível, todavia, que alguns indivíduos não conquistem por toda a sua vida, ou por um período dela, a autonomia destas provisões básicas, por exemplo, pela
idade – uma criança ou um idoso –, por alguma deficiência ou por uma restrição momentânea ou contínua da saúde física ou mental. Outra situação que pode demandar
acolhida, nos tempos atuais, é a necessidade de separação da família ou da parentela por múltiplas situações, como violência familiar ou social, drogadição, alcoolismo,
desemprego prolongado e criminalidade. Podem ocorrer também situações de desastre ou acidentes naturais, além da profunda destituição e abandono que demandam
tal provisão. A segurança da vivência familiar ou a segurança do convívio é uma das necessidades a ser preenchida pela política de assistência social. Isto supõe a não
aceitação de situações de reclusão, de situações de perda das relações. É próprio da natureza humana o comportamento gregário. É na relação que o ser cria sua iden-
tidade e reconhece a sua subjetividade. A dimensão societária da vida desenvolve potencialidades, subjetividades coletivas, construções culturais, políticas e, sobretudo,
os processos civilizatórios. As barreiras relacionais criadas por questões individuais, grupais, sociais por discriminação ou múltiplas inaceitações ou intolerâncias estão
no campo do convívio humano. A dimensão multicultural, intergeracional, interterritoriais, intersubjetivas, entre outras, devem ser ressaltadas na perspectiva do direito ao
convívio. (BRASIL/MDS/PNAS, 2004, p. 31-32). (GRIFOS MEUS).

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e benefícios, bem como, são unidades que organizam, referenciam e são portas de entradas para as unidades territorialmente localizadas4.
Tendo em vista a atender os novos parâmetros para a organização do SUAS o município de Andradina passou inicialmente a implantar o
CRAS5 e frente ao processo de municipalização das medidas socioeducativas entre os períodos de 2007 e 2008, que anteriormente era efetu-
ado pelo Estado conveniado com uma unidade assistencial, passa a requisitar da gestão local uma atenção melhor para os adolescentes em
cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto e suas famílias. No processo de municipalização6 os estagiários de Serviço Social
do 3º. Ano passaram a ser denominados como “educadores” e supervisionados por uma profissão realizavam os atendimentos individuais e
grupais aos adolescentes e suas famílias7.
Entretanto a situação necessariamente precisava de uma profissionalização, e em âmbito nacional existia uma mobilização perante as novas
configurações para o atendimento a proteção social especializada, frente às diversas situações de violações de direitos e seus riscos pessoais
e sociais:

O conceito de risco é utilizado em diversas áreas do conhecimento e tem aplicação distinta no âmbito de diversas políticas públicas, tais como, saúde, meio ambiente,
segurança etc. Via de regra, a operacionalização do conceito visa identificar a probabilidade ou a iminência de um evento acontecer e, consequentemente, está arti-
culado com a disposição ou capacidade de antecipar-se para preveni-lo, ou de organizar-se para minorar seus efeitos, quando não é possível evitar sua ocorrência.
Sendo assim, a aplicação do conceito de risco está necessariamente associada à pré-definição de um evento (ou de um certo conjunto de eventos), tendo em vista a
peculiaridade de cada área. A adoção desta perspectiva não exclui, obviamente, a necessidade de compreensão das dimensões culturais ou subjetivas por meio da qual os
indivíduos e a sociedade reconhecem, avaliam e valoram os riscos. [...]Para a Assistência Social, portanto, a operacionalização do conceito risco exige a definição do conjunto
de eventos em relação aos quais lhe compete diretamente desenvolver esforços de prevenção ou de enfrentamento para redução de seus agravos. [...] Em relação a tais
eventos é necessário desenvolver estudos que permitam algum tipo de mensuração e monitoramento da sua incidência ou da probabilidade de sua ocorrência. [...] Desta
maneira, com base na PNAS é possível definir que, no âmbito de atuação da Assistência Social, constituem situações de riscos a incidência, ou a probabilidade de ocorrência,
dos seguintes eventos que devem ser prevenidos ou enfrentados: (BRASIL/MDS, 2014, p. 11). (GRIFOS MEUS)

Nesse sentido, não são todas as situações de risco que são objeto da atenção pela assistência social, isto é, especificadamente são situa-
ções de violações de direitos tais como:

• situações de violência intrafamiliar; negligência; maus tratos; violência, abuso ou exploração sexual; trabalho infantil; discriminação por gênero, etnia ou qualquer outra condição
ou identidade; • situações que denotam a fragilização ou rompimento de vínculos familiares ou comunitários, tais como: vivência em situação de rua; afastamento de crianças e
adolescentes do convívio familiar em decorrência de medidas protetivas; atos infracionais de adolescentes com consequente aplicação de medidas socioeducativas; privação do con-
vívio familiar ou comunitário de idosos, crianças ou pessoas com deficiência em instituições de acolhimento; qualquer outra privação do convívio comunitário vivenciada por pessoas
dependentes (crianças, idosos, pessoas com deficiência), ainda que residindo com a própria família.(BRASIL/MDS, 2014, p.11).

Um marco no campo da proteção especializada ocorreu à implantação do programa sentinela em dezembro de 2001, através da portaria
nº. 878/2001, e sua implantação iniciada em 2002, soba responsabilidade da extinta SEAS – Secretaria de Estado de Assistência Social, do
Ministério da Previdência e Assistência Social, cujo objetivo estava em atender crianças e adolescentes vitimados pela violência, enfatizando o
abuso e a exploração sexual, em centros especializados, porém apenas alguns municípios do país receberam a possibilidade de implantação do
referido programa, no qual a partir de 2006 foi incorporado ao CREAS, trazendo uma expansão para muitos municípios brasileiros, requisitando
uma tipificada ação com rumos ao trabalho social.
O município de Andradina, em junho de 2008, foi contemplado com o repasse do Piso Fixo de Média Complexidade para a implantação do
Centro de Referência Especializado de Assistência Social- CREAS, para atendimento de indivíduos e famílias que sofreram violações de direi-
tos8, onde os vínculos familiares não foram rompidos, sendo assim, a gestão local estabeleceu prioridades para a instalação do equipamento
na centralidade dos atendimentos e acompanhamentos.
O CREAS surgiu com o intuito de atender as demandas propostas pelo Ministério do Desenvolvimento Social – MDS em consonância com

4. Esse é um desafio posto no trabalho social das unidades dos CRAS e CREAS, tendo em vista, a não existência de fluxos e protocolos nos diversos municípios do país para
a realização de ações de referenciamento. Em uma observação empírica, observo inúmeras ações repetidas no âmbito das unidades. É preciso que os gestores incluam
em suas responsabilidades a organização de ações que estabeleçam as unidades de CRAS e CREAS como unidades de portas de entradas e saídas. Algumas experiências
exitosas compartilham com tal perspectiva, porém isso é apenas de decisão dos gestores/trabalhadores municipais. É necessário (e urgente) o compartilhamento de
decisão em nível nacional.
5. Ao longo dos anos foram implantadas três unidades de CRAS, denominados CRAS 1, CRAS2 e CRAS 3, subdivididos a partir de uma lógica territorial de bairros. Obser-
va-se que a divisão central ocorre pela linha férrea de trem, que perpassa pela cidade e simbolicamente marca a separação.
6. Importante ressaltar que o processo de municipalização ocorreu gradativamente, passando desde os códigos de menores ao estatuto da criança e adolescente por debates, emba-
tes e mobilizações dos movimentos sociais em prol a proteção de crianças e adolescentes. A contradição, gerada e mobilizada por conflitos é sempre necessária a ordem vigente.
7. Hoje reconhece-se tal prática é incorreta perante as legislações e normativas no campo do estágio e a partir de articulações juntamente com o Ministério Público e Poder
Judiciário ficou garantido uma equipe mínima formada por assistente social e psicólogo para a realização do trabalho social.
8. Para o desenvolvimento do trabalho profissional, as violações de direitos são tidas como expressões e manifestações da questão social, oriundas do processo de produ-
ção e reprodução do capitalismo. Por isto “[...] Cabe ressaltar que a própria natureza da “questão social”, cujas expressões e desdobramentos possuem aparência difusa
e polimórfica, traz para o Serviço Social (e para as demais profissões que com suas sequelas trabalham) segundo Netto, inúmeras dificuldades em reconhecê-las como
fazendo parte de uma totalidade. Cada caso parece ser um caso, que exige uma conduta e uma postura diferenciadas, geralmente devendo ser pautadas sobre modelos
preestabelecidos. São exatamente estes modelos que unidos a critérios, normas e protocolos de procedimentos parecem conferir homogeneidade a ação profissional”.
(ORTIZ, 2010, p. 131).
11
o Sistema Único da Assistência Social - SUAS, ofertando os seguintes serviços: Serviço de proteção e atendimento especializado à família e
indivíduos (PAEFI), Serviço especializado em abordagem social, Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida so-
cioeducativa de Liberdade Assistida e Prestação de Serviço à Comunidade, Serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência,
idosos e suas famílias e Serviço especializado para pessoas em situação de rua.
A atuação do CREAS compreende a oferta de serviço de apoio, orientação e acompanhamento à família com um ou mais de seus membros
em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação
e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de
condições que as vulnerabilizam e/ou as submetam à situação de risco pessoal e social.
A abrangência da Proteção Social Especial tem por base o território, de acordo com sua complexidade, respeitada a diversidade nacional,
estadual e local, diante disso no ano de 2017 iniciou-se na unidade CREAS - Andradina um processo de reordenamento institucional, passando
a ter a existência dos seguintes serviços socioassistenciais:
a) Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a crianças e adolescentes e suas Famílias (PAEFI): Serviço de apoio, orientação e
acompanhamento sistematizado e especializado de crianças, adolescentes e suas respectivas famílias com um ou mais de seus membros em
situação de ameaça ou violação de direitos. (BRASIL/MDS, 2009).
b) Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a pessoas adultas e suas Famílias (PAEFI): Serviço de apoio, orientação e acompanha-
mento sistematizado e especializado de pessoas adultas e suas respectivas famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça
ou violação de direitos. (BRASIL/MDS, 2009).
c) Serviço Especializado em Abordagem Social:9 Serviço ofertado, de forma continuada e programada, com a finalidade de assegurar trabalho
social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes,
situação de rua, dentre outras. Deverão ser consideradas praças, entroncamento de estradas, fronteiras, espaços públicos onde se realizam
atividades laborais, locais de intensa circulação de pessoas e existência de comércio, terminais de ônibus, trens, metrô e outros. (BRASIL/
MDS, 2009).
d) Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de
Serviços à Comunidade (PSC): O serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em
cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. Deve contribuir para o acesso a direito e para a resigni-
ficação de valores na vida pessoal e social dos adolescentes e jovens. Este Serviço também prevê através de uma articulação com a “Fundação
Casa” o atendimento das famílias dos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa que estão em cumprimento de internação10.
(BRASIL/MDS, 2009).
e) Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias11: Serviço para a oferta de atendimento especia-
lizado a famílias com pessoas com deficiência e idosos, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direitos, tais como: exploração
da imagem, isolamento, confinamento, atitudes discriminatórias e preconceituosas no seio da família, falta de cuidados adequados por parte do
cuidador, alto grau de estresse do cuidador, desvalorização da potencialidade/capacidade da pessoa, dentre outras que agravam a dependência
e comprometem o desenvolvimento da autonomia. (BRASIL/MDS, 2009).

O processo de reordenamento do CREAS de Andradina possibilitou inúmeros avanços no qual destacam-se:


1) Criação de serviços especializados a partir da tipificação nacional dos serviços socioassistencias e a implementação da especialidade a
partir dos seguimentos criança e adolescente, jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência e mulheres.
2) A compreensão de que CREAS é uma unidade especializada e não um pronto-socorro assistencial. Particularmente se o SUAS é um espelho na
área de Saúde, tem-se necessariamente o CREAS é um AME-Ambulatório Médico de Especialidade, sobretudo, as famílias/indivíduos quando bus-
cam o trabalho na unidade pode contar com profissionais especialistas no campo das violências afetas a assistência social.Importante ressaltar que
no trabalho multiprofissional no âmbito do CREAS não se intercruzam, ao contrário, somam-se frente às diversificadas situações de violências que
necessitam de atendimentos especializados, ocorrendo à somatória dos conhecimentos, saberes, habilidades e competências das profissões como
assistentes sociais, psicólogos, advogados, educadores sociais e outros12.
3) A ampliação de demanda ocorreu a necessidade de instalação do denominado “plantão”, no qual um profissional de nível superior fica
responsável no dia por atender demandas esporádicas e emergencial, enquanto as equipes dos serviços socioassistenciais encontram-se
realizando planejamento, atendimentos/acompanhamentos, reuniões/oficinas, relatório e outras ações. Esse desenho ocorreu porque inúmeras
vezes no processo de trabalho, como por exemplo, na elaboração de um relatório/parecer as equipes sempre estavam sendo interrompidas pela
equipe da recepção indagando um usuário necessitava de atendimento, fragilizando esse processo.
Este novo reordenamento provocou nas equipes uma necessidade de novas respostas profissionais através de um trabalho multiprofissional,

9. Na data da finalização desta produção, o serviço estava sendo reordenado perante as demandas existentes no município.
10. Este redesenho foi elaborado a partir da existência de um número ampliado de adolescentes em cumprimento de MSE de internação, oriundo de um caldo cultural de
“gangs de bairros”, fizeram com que as equipes técnicas do CREAS e Fundação Casa elaborarem uma metodologia de trabalho social com famílias direcionado aos
sujeitos familiares desse segmento. Este trabalho poderá ser mais bem detalhado assim que for divulgado o livro da psicóloga Marina Ribeiro (Nina Ribeiro) que tive o
prazer de elaborar o seu posfácio.
11. Para a realidade de Andradina, o objetivo do serviço foi reformulado, pois nem sempre o grau de dependência é o fundamental perante a questão da violação de direitos.
12. Nesse sentido, destaca-se uma tendência da despecialização no âmbito das políticas sociais. “Onde todo mundo faz tudo”, e a impressão empírica tem revelado que tanto
os profissionais quanto as famílias/indivíduos ficam perdidos nesse processo.

12
buscado pelas especializações no campo da divisão social e técnica do trabalho, com uma proposta de articulação e complementaridade dos
saberes e fazeres frente às diversas situações de violações de direitos, desvendando a complexidade da realidade social em vista a proteção
social afiançada pelo estado.
Nesse sentido, as normativas e legislações das políticas sociais trazem e suas orientações inúmeras requisições para os profissionais, cujo
objetivo é atingir seus ideais, não se pode confundir com as competências profissionais previstas em suas leis/normativas.
O trabalho social no SUAS oferta orientação para os usuários possam ser inseridos os serviços das diversas políticas sociais, destaca-se
que devido os transmites burocráticos, caminhar por eles muitas das vezes ampliam os valores de direito, pois “na prática”, tal desconheci-
mento tende a fazer com que se percam nas tramas dessa complexa rede e desistam de acessar os serviços de que necessitam. (CORDEIRO,
THOMAZ, CARVALHO, 2018, p. 199).
Importante registrar que no trabalho social não deve ser construído na perspectiva pragmática (receituário, modelo e outros), porém as
indicações ética-política permitem uma postura crítica frente às situações complexas do cotidiano13.

Exceto se nós, [...] quisermos nos deter, na condição de profissionais que “programam” (ou concorrem para tal) a cotidianidade, nos umbrais da faticidade que põe a
pseudoconcreticidade, a única alternativa para um tratamento consequente dela é exercitar uma análise que, em si mesma, plasma uma crítica da vida cotidiana. Para tanto,
é irremediável o apelo a uma postura teórico-metodológica e a um sistema categorial – aqueles que peculiarizam a obra marxiana – que, definitivamente, são alheios à nossa
tradição formativa e operativa. É tempo de subverter esta tradição. (NETTO, 2011, p. 90).

Nesse sentido, o exemplo pode ser observado nos encaminhamentos do profissional ao usuário, onde muitas vezes, os sujeitos não conse-
guem atendimentos nas políticas sociais ao apresentar tal “ficha”, mas quando há um contato ou até acompanhamento em conjunto do profis-
sional, existem uma “agilidade” nos atendimentos e fortalecem também na autonomia em relação às diferentes pessoas, grupos e instituições.
(CORDEIRO, THOMAZ, CARVALHO, 2018).
O trabalho social consiste no resgate da historicidade da vida dos sujeitos. A construção da história através da oralidade permite ao usuário
contar os resignificados de momentos de sua vida, e ao profissional analisar quais são as desproteções sociais presentes na história para
construir reflexões e debates para que os sujeitos consigam romper com ciclos geracionais de violências e tenham condições de compreender
os fenômenos sociais, culturais, econômicos e políticos para que ocorresse tal feito, que pode ser analisado por meio de alguns pontos.
O primeiro, a direção é expressão mais visível de uma tentativa de “emancipação” dos usuários, pois permitem entender, compreender e
refletir sobe quais circunstancias marcam as condições de suas vidas, para além das amarras do individualismo, e sim, para o processo de
reprodução social do capital. Por isto, o resgate da história social dos sujeitos atendidos é para além dos registros evolutivos de datas e acon-
tecimentos.
O segundo ponto é que os trabalhadores devem recusar à chamada neutralidade no trabalho social, tão debatida no uso do pensamento (neo)
positivista, já na utilização de uma perspectiva teoria crítica, pois a prática social tem embasamento numa dada visão de mundo que fornece ao
trabalhador um horizonte, direções estratégias para a efetivação.
Nesse sentido, o trabalho social deve ser desenvolvido por uma equipe multiprofissional, com formação universitária e ensino médio, aptos
a imprimir direção ético-política, comprometido com a prática democrática e a cultura de direitos, garantindo qualidade e escala aos serviços
socioassistenciais. (RAICHELIS e NERY, 2014).
No trabalho multiprofissional não se pode ter uma hierarquização dos saberes e fazeres, nem uma divergência no campo da proteção aos
sujeitos usuários. Existem diferenças que se explicam pela capacidade da formação de cada área/saber, devido a própria divisão social e técnica
do trabalho, imprimindo as profissões suas regulamentações, contendo suas competências e atribuições, tão necessárias para a consolidação
do SUAS.
Na ocorrência do trabalho social é requisitado pela complexidade dos fenômenos a serem atendidos pela política exigindo um conjunto de
saberes e práticas, que no processo de trabalho no SUAS visam respostas profissionais especializadas coletivamente, no caso do CREAS, onde
o foco é um atendimento às famílias e indivíduos em situações de risco pessoal e social, por violações de direitos, tais procedimentos precisam
levar em consideração as demandas dos sujeitos usuários, o campo de seguranças sociais da assistência social, a oportunidade dos serviços
complementares no território e as condições dadas para o acesso e permanência.
Uma advertência a sinalizar, corresponde a respeito do trabalho social interdisciplinar, uma vez, estão imersos nas demandas cotidianas e
requisições institucionais, utilizando-se referenciais teóricos tradicionais, em geral, voltados para aspectos operativos institucionais, desfavore-
cendo a superação da identidade atribuída institucionalmente e o fortalecimento da identidade a se construir.
Portanto é no compromisso para o fortalecimento da direção dada pelo SUAS e a defesa intransigentes dos direitos sociais dos sujeitos
atendidos pelo CREAS que o presente estudo aponta para pensarmos práticas profissionais que superem o instituído e projetem posturas pro-
fissionais com capacidade para o rompimento de alguns dos círculos de violências aos quais convivem as famílias atendidas/acompanhadas
neste equipamento. Como bem nos ensina Fátima Grave Ortiz:

O que se espera do profissional, tanto por parte dos usuários, quanto das instituições empregadoras e demais profissionais, é que [...] mude a situação do demandante,

13. Alertamos que “A vida cotidiana é necessária à reprodução social dos indivíduos. Não existe vida social sem cotidianidade. Ela responde às diferentes exigências de manu-
tenção da vida do indivíduo, em sua dimensão singular: exigências da vida privada, do trabalho, do descanso e das atividades sociais sistemáticas de intercâmbio, como
as de lazer, as religiosas, entre outras. Por isso, ela é heterogênea, demandando respostas a diferentes atividades, e hierárquica, na medida em que impõe a priorização
de algumas, segundo as necessidades que atendem e sua valorização pelos indivíduos. (Série Preconceito do CFESS, 2016, p. 10).

13
ou do ponto de vista material ou espiritual. “Resolver” significa alterar as variáveis do ponto de vista imediato: conceder a cesta, informar o serviço, ouvir o desabafo. É como
Netto (1996, p. 93) afirma: “toda operação sua que não coroa com uma alteração de variáveis [...] é tomada como inconclusa, ainda que se valorizem seus passos prévios e
preparatórios”. Ou seja, “resolver” o problema significa manipular as variáveis empíricas do contexto, isto é, sua forma concreta de se expressar, pois superar sua essência
seria de fato incompatível com esta ordem societária. (ORTIZ, 2010, p. 131-132).

Por fim, o rompimento com amarras violadoras de direitos, através do trabalho social, apenas é possível quando os profissionais detêm um
rico arsenal instrumentalizador, tendo uma sólida formação e com claras convicções políticas, com princípios e valores claros e firmes, do que
depende de seu preparo teórico e político e as condições para assim realizarem-se. (GUERRA, 2014,).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Atualizada em 2008.


BRASIL, (2004). Ministério de desenvolvimento social e combate à fome. Política Nacional de Assistência Social (PNAS) - Brasília, secretaria
Nacional de Assistência Social.2004.
BRASIL. Diário Oficial da União. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Texto da Resolução CNAS nº 109, nov. 2009.
BRASIL. SUAS; SNAS; MDS. Orientações Técnicas da Vigilância Socioassistencial. Brasília: 2014.
CORDEIRO, Mariana Prioli, THOMAZ, Juliana e CARVALHO, Sthefânia. Proteção Social Especial: apresentação da Política e a efetivação do
trabalho em um Serviço de República Jovem. In: CORDEIRO, Mariana Prioli. SVARTMAN, Bernardo. SOUZA, Laura Vilela e. (Org.). Psicologia
na Assistência Social: um campo de saberes e práticas. São Paulo: Instituto de Psicologia, 2018.
GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do Serviço Social. – 10 ed. São Paulo: Cortez, 2014.
NETTO, José Paulo. Para a crítica da vida cotidiana. In: NETTO, José Paulo. CARVALHO, Maria do Carmo Brant (Org.). Cotidiano: conheci-
mento e crítica. São Paulo: Cortez, 2011.
Ortiz, Fátima Grave. O serviço social no Brasil: os fundamentos de sua imagem e da autoimagem de seus agentes. Rio de Janeiro: E-papers, 2010.
RAICHELIS, Raquel. NERY, Vânia. A inserção do Assistente Social e do psicólogo no SUAS. In: ROMAGNOLI, Roberta Carvalho. MOREIRA,
Maria Ignez Costa. (Org.). O Sistema Único de Assistência Social – SUAS: a articulação entre Psicologia e o Serviço Social no campo da Pro-
teção Social, seus desafios e perspectivas. Curitiba, Pr: CRV, 2014.
SPOSATI, Aldaíza. Modelo brasileiro de proteção social não contributiva: concepções fundantes. In: ______. Concepção e gestão da proteção social
não contributiva no Brasil. Brasília: MDS/Unesco, 2009.
SPOSATI, Aldaíza. Desafios do sistema de proteção social. In: STUCHI, Carolina Gabas. Paula, Renato Francisco dos Santos. PAZ, Rosângela
Dias Oliveira. Assistência Social e filantropia: cenários contemporâneos. São Paulo: Veras Editora, 2012.

14
CAPÍTULO II

AS CONTRIBUIÇÕES DO/A ASSISTENTE SOCIAL PARA OS


SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DO CREAS DE ANDRADINA

Ana Paula Barbosa de Oliveira, Assistente Social, CRESS/SP nº. 32 441


Camila Silvano Antunes, Assistente Social, CRESS/SP nº. 42455
Ligia Cristina de Moraes, Assistente Social, CRESS/SP nº. 46871
Viviane Lima Lourenço, Assistente Social, CRESS / SP nº. 43.707
Thiago Agenor, Assistente Social, CRESS/SP nº.41.968

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os agentes profissionais da assistência social deparam com inúmeros desafios, trazidos pelos SUAS, sinalizando novos rumos.
Ou seja, a qualificação especializada no trato com as diversas demandas dos usuários, mobilizados a partir de expertise profissional das áreas requi-
sitadas como equipes de referências no SUAS. No caso do CREAS, primeiramente, é preciso compreender os objetivos a serem alcançados por esse
equipamento e, podendo, só após destacar quais são os conhecimentos do Serviço Social, contribuir na realização do trabalho social com as famílias.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a sistematização do trabalho profissional dos/das assistentes sociais
lotados na unidade do CREAS – Centro de Referência de Assistência Social de Andradina – SP. O texto é dividido em duas partes. Na primeira,
fazemos um breve resgate ao significado do trabalho do/a assistente social no CREAS. Na segunda parte, buscamos articular algumas ideias
sobre as ações realizadas pelos profissionais no âmbito do trabalho profissional.
Na assistência social a principal mediação é a prestação de serviços dos diversos profissionais, o que por sua vez, requer um amplo conhecimento
e uma formação teórica, técnica, política, ética, embasados em suas competências e atribuições profissionais. (SPOSATI, 2006 e RAICHELIS, 2011).

2. O SIGNIFICADO SOCIAL NO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CREAS

Os homens fazem sua própria história, mas não a


fazem sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob
aquelas que se defrontam diretamente, legadas e
transmitidas pelo passado (Karl Marx, 2002).

O Serviço Social surgiu como uma profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho, no contexto social, econômico e político do
Brasil, inicialmente sob um arranjo sincrético e doutrinário, tendo sua prática relacionada diretamente no campo das políticas sociais, em uma
relação da Igreja, Burguesia e Estado.
A profissionalização do Serviço Social, através de uma prática inicialmente elaborada em prol da manutenção de um projeto conservador
“marcado pelo compromisso profissional com os projetos das classes dominantes em garantir o controle e a reprodução, material e ideológica,
da classe trabalhadora e perpetuando assim a ordem burguesa”. (SOUSA e OLIVEIRA, 2011, p. 123), proporcionou aos profissionais um per-
curso alienado, alienante e alienador, fazendo com que o profissional se tornasse um executor terminal de políticas sociais.
Após o processo de renovação no campo do Serviço Social, a profissão influenciada por inúmeros acontecimentos no contexto latino ame-
ricano, passa a realizar uma crítica inspirado em teoria social revolucionária, rebatendo no seu campo formativo e na prática profissional, em
vista a uma ruptura com o conservadorismo, de acordo com Agenor e Torres (2018, p. 19-20):

[...] deve situar-se o conservadorismo, compreendido como a expressão dos valores historicamente preservados pela tradição e os costumes, através do racismo, pre-
conceito e o seu horror ao comunismo. Esse conservadorismo encontra-se em crescimento, principalmente nas crises cíclicas do capitalismo. [...] a noção de pensamento
conservador numa primeira aproximação está associada ao verbo “conservar”, que expressa o ato ou o efeito de preservar algo, manter, seja no campo dos valores, das
ideias, das concepções de mundo; vincula o cotidiano e o imaginário dos sujeitos.

Nesse sentido, como vivemos e vivenciamos as expressões conservadoras na sociedade brasileira, a afirmação da identidade no trabalho
profissional dos/das assistentes sociais é necessário, no qual, a maneira que o profissional exerce a sua profissão, sua identidade vai sendo
construída, reconstruída sempre se modificando com a atual realidade. Podemos dizer que é um movimento contínuo de reflexão sobre a sua
própria prática profissional que às vezes é contraditória pelos desafios enfrentados no próprio ambiente em que se atua principalmente balizado
por um arcabouço teórico-jurídico construído democraticamente pelo conjunto da categoria, destacando-se: 1) Código de ética do Assistente
Social; 2) Lei de regulamentação da profissão; 3) Diretrizes curriculares para a Formação Profissional em Serviço Social; 4) Resoluções e publi-
cações do conjunto da categoria profissional (CFESS/CRESS, ABEPSS, ENESSO); 5) Referencial teórico-metodológico produzido pelo conjunto
dos/as assistentes sociais após movimento de renovação profissional.
Nos últimos anos o mercado de trabalho para os/as assistentes sociais ampliou-se exigindo um conhecimento a partir das dimensões: teó-
rico-metodológico, ético político e técnico-operativo, no caso em especifico o CREAS, tais dimensões permitem configurar-se para uma iden-
tidade profissional fortalecida e com capacidade para decifrar as violações de direitos relacionadas com as diversas “expressões da questão
social” que vivenciam os usuários em acompanhamento pelos serviços socioassistenciais.
O reconhecimento das expressões da “questão social”, como matéria do trabalho do/a assistente social tem permitido a compreensão da
ação profissional articulada com resultados, necessitando de um conhecimento especializado e sua explicitação a partir da qualificação (sa-
beres profissionais) para a concretização de respostas profissionais e respostas institucionais. Ao fazer a leitura das demandas/usuários, não

15
através de pulverização e fragmentação singulares dos indivíduos, mas sim “pela dimensão coletiva da “questão social”” (IAMAMOTO, 2012,
p. 49), tal passagem permite entender a responsabilidade pela situação das violações de direitos é fruto da sociedade de classes, politizando
a intervenção profissional.
Sendo assim, o desafio de decifrar a conjuntura atual através de uma leitura crítica Exige-se um profissional qualificado, que reforce e amplie
a sua competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade.
Na atuação dos profissionais com pessoas (trabalhadores) em situação de violação e direitos, observar que a presença da violência que poda
o direito ao trabalho, sendo característica recorrente a esse público atendido na Política de Assistência Social que segundo Pontes (1997), é
através do trabalho que forma valor de uso, enquanto trabalho útil é condição de existência do homem, sendo que o trabalho é uma necessidade
natural eterna que tem a função de mediatizar o intercambio orgânico entre o homem e a natureza.
Faz-se necessário, então, a compreensão da exclusão do ser social do direito ao trabalho, pois o indivíduo passa a ser incluído no exército industrial
de reserva, apenas como estratégia para regulação de mercado. É notório que tal exclusão que o reduz a mercadoria e não com a compreensão de
violência fruto das relações sociais, onde o violador viola através da relação de poder e domínio, sendo que os direitos fundamentais da pessoa humana
não são respeitados. A instrumentalidade posta na relação dos homens com o objeto de trabalho, no ato da produção é transporte para a relação com
outros homens e “cria domínio daquele que não produz sobre a produção e o respectivo produto”. (GUERRA, 1995, p. 150.)
Portanto, compreender a violência no mundo contemporâneo significa, antes de qualquer coisa, inseri-la no movimento de produção e repro-
dução do capitalismo, pois fora dessa dinâmica teremos apenas uma aproximação fenomênica sobre o tema, portanto não conseguiremos cap-
tar sua essência e totalidade. Logo, a falta de políticas sociais que garantam condições mínimas de sobrevivência ou até estrategicamente como
forma de combate à desigualdade social, não propicia essa garantia mínima, condição de sobrevivência, qualidade de vida e protagonismo
social. Por outro lado, a violência decorrente da falta de acesso ao trabalho não propicia o ser social a transformação que decorre do processo
ontológico, sendo o “homem” transformado através do contato intencional de transformar para atender suas necessidades. Tal processo busca
reconstruir histórica e ontologicamente o ser social e assim se dá de forma natural a reprodução da vida individual e social.
Analisando o público atendido no CREAS de Andradina é nítido que tais violações ocorrem, uma vez que a condição de trabalhador incluído
no mercado de trabalho, na grande maioria tem como vínculo empregatício informal ou está em condição de desemprego. Tais dados constata
a violência cruel para a existência humana no contexto de reprodução da vida, pois são impedidos de viver de forma digna sendo protegidos e
sujeitos livres saindo da condição de subalternidade, como também são impedidos de ser transformado através do processo ontológico.
Como o desemprego a instabilidade no mercado de trabalho e a perda de direitos sociais geram sofrimento e situações de vulnerabilidade que
colocam essas famílias em situações de risco pela exclusão e condições de subalternidade levando assim, às situações de violências, tanto a
física, a psicológica, a sexual, a negligência, quanto ao abandono.

Uma situação exemplo atendida pela equipe foi de uma família que vivendo em extrema vulnerabilidade econômica e social, quando uma das jovens engravida, é abandona-
da pela genitora que não possui emprego e opta por mudar de cidade em busca de mais oportunidades de trabalho deixando a jovem sozinha. Esta por sua vez após o parto faz
a entrega voluntaria da criança avaliando que não ter condições financeiras para suprir com as necessidades sociais. Portanto, com este exemplo, ficará claro a falta de acesso
à renda e também a falha do estado na proteção social que leva a violências e o abandono. (RETRATOS DE ATENDIMENTOS DA EQUIPE DO PAEFI DO CREAS DE ANDRADINA).

Tais violências não são nada mais o reflexo da banalização do ser social pelo poder do capital, que reduz o homem a objeto de extração de mais valia.
Nesse contexto de violência e banalização do ser humano o papel do Estado na proteção social é fundamental, pois não há possibilidade de
cuidado uma vez que a família desprotegida, não dispõe de recursos para efetivar o desenvolvimento e a devida proteção aos seus membros,
que consequentemente expõe a situações de violências decorrentes a violações de direitos.
Para tanto o desvelamento das relações sociais possibilita ações pautadas na perspectiva histórico crítica, onde o compromisso com a ampliação
dos direitos e a justiça social são norteadores para o trabalho.
Nessa direção, deve-se compreender as manifestações da “questão social” a partir do singular, o universal e a particularidade entendendo
como campo de mediações, compreendendo as determinações sociais que levam a situações de violência. Isso faz com que o profissional
consiga sair do campo da imediaticidade, característica peculiar do cotidiano, deixa de focar no fato apresentado e parte através da categoria
mediação vislumbrar através da capacidade teleológica, assumindo novos horizontes e propor alternativas transformadoras, imprimindo o
direcionamento ao trabalho, o enfrentamento crítico das determinações históricas de exploração e exclusão e assim propor ações que venha
a atender à necessidade real da demanda e não só a aparência dos fatos. E a pergunta aqui mais pertinente é no chão no cotidiano onde se
materializa a prática profissional, quais as respostas a serem apresentadas e/ou construídas? O desafio é responder tais requisições a partir de
estratégias coletivas, fortalecendo os/as trabalhadores para uma reflexão sob as expressões da “questão social”.
Tendo em vista a argumentação precedente, como todo profissional, o/a assistente social realiza sua prática através da rede de mediações,
que ontologicamente estrutura a trama social. Assim o saber profissional materializado no cotidiano permite dar respostas através do instru-
mental técnico operativo, e este utilizado de forma consciente do projeto ético político com ações críticas, sendo estas planejadas através de
uma direção social, fundamentada na emancipação humana, negando toda forma de exploração e violências ao ser social, traz com isso a
intencionalidade na utilização dos instrumentos e técnicas oferecendo ao profissional a possibilidade de propor e materializar alterações nessas
perversa realidade de violências na qual esse público está vivenciando.

2.2 ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NO TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO CREAS

A política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) nos traz como algumas de suas funções a garantia de proteção social para: 1) Preve-
nir/ reduzir situações de risco social e pessoal; 2) Proteger pessoas e famílias em situações de risco social e pessoal considerando a multidi-
mensionalidadeda pobreza; 3) Criar medidas e possibilidades de socialização e inclusão social; e também assegurar direitos socioassistenciais.
A proteção social no âmbito da Assistência social deve assegurar as seguintes seguranças:
16
• Segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia);
• Segurança de acolhida;
• Segurança de convívio e convivência familiar e comunitária.
Na gestão do SUAS a Proteção Social é organizada por níveis de proteção social tais como: Proteção Social Básica; Proteção social especial
de média complexidade e proteção social especial de alta complexidade. Estabelece também o que cada nível de proteção social irá trabalhar
com os usuários que necessitam acessar tais proteções.
A proteção social especial está organizada no âmbito do SUAS para ofertar serviços, programas e projetos de caráter especializado, destina-
do a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violações de direitos. Seu objetivo principal é contribuir para a prevenção
de agravamentos e potencialização de recursos para enfrentamento de situações que envolvam risco pessoal e social, todas as situações de
violências, bem como a fragilização e rompimento de vínculos familiares e comunitários ou sociais.
No âmbito da proteção social especial de média complexidade a oferta dos serviços especializados se dará através de acompanhamento
individualizado, continuado e articulado com a rede de serviços socioassistenciais, e também com os órgãos do sistema de garantia de direitos.
Para as famílias e indivíduos que necessitam deste atendimento especializado, e estão referenciados pela proteção social especial de média
complexidade, o serviço ofertado dentro dos equipamentos deve oferecer apoio, orientação e acompanhamento familiar direcionados para pro-
moção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; bem como para o fortalecimento da função protetiva
das famílias. Tais atendimentos devem se realizar de forma que as famílias sejam respeitadas enquanto sujeitos de direitos, devendo-se evitar
processos de moralização, culpabilização e revitimização dos seus membros.
Pretende-se desta forma que esses atendimentos ou acompanhamentos proporcione as famílias reflexões e ações que contribuam para
compreensão do ciclo de violência por elas vivenciadas, e que possibilitem construir novas formas de convivência familiar, comunitária e social;
efetivando então uma das seguranças garantidas pela Política Nacional de Assistência Social.
Para os usuários desta política pública a proteção social é a garantia de direitos ofertados pelo estado aos cidadãos que em diferentes ciclos
da vida passam por situações de fragilidades e riscos emergenciais. Desta forma, amplia-se a possibilidade dos cuidados ao sistema de pro-
teção social pública, onde temos o conceito do direito a prevenção, cuidado, atenção e provisão social.
Neste sentido, para materializar tais princípios, diretrizes e objetivos da Política de Assistência Social na proteção social especial; um dos
trabalhadores requisitados para tais funções é o assistente social, tendo como horizonte a defesa intransigente dos direitos sociais. A atuação
deste profissional é de extrema importância dentro da Proteção social Especial, uma vez que irá atuar no enfrentamento das várias expressões
da “questão Social” advindas da relação antagônica entre capital e trabalho, onde a prática profissional tem como princípios a ampliação e
consolidação da cidadania e a defesa do aprofundamento da democracia, o fim de todas as formas de violência, preconceito e discriminação,
com horizonte na emancipação humana; visando ainda a integridade física, mental e social dos usuários da política pública. Esses profissionais
possuem um enorme desafio: operar as políticas sociais com postura crítica, comprometida com seus usuários, lutando a favor da equidade,
da justiça social e da universalização de acesso a bens e serviços de acordo com os princípios contidos em seu código de ética profissional.
Portanto, no desenvolvimento do trabalho, exige-se um profissional qualificado e competente, que amplie a sua competência crítica; não só
executiva, mas que pensa, analisa, pesquisa, decifra a realidade e propõe alternativas perante as diversificadas demandas.
Em seu cotidiano este profissional também irá se deparar com o desafio do atendimento a demanda que lhes chegam para atendimento, pois nem
sempre a demanda vai se apresentar de maneira clara ou imediata, exigindo assim que o profissional faça a leitura da realidade, identifique a demanda
inicial que levou este individuo a procurar por atendimento, chegando assim a sua demanda real. Para se chegar a análise dessa demanda é necessário
que esse profissional estabeleça vínculos com os usuários e suas famílias, proporcionando a construção de uma relação de confiança entre ambos.

2.3 SISTEMATIZAÇÕES DA PRÁTICA DO/DA ASSISTENTE SOCIAL NO CREAS

No CREAS de Andradina SP, ao nos depararmos no cotidiano profissional, depara-se muitas das vezes com a falta de políticas públicas que
garantam a proteção social que tanto carece os sujeitos em acompanhamento, vítima de violações de direitos, apresentamos assim nossas
analises das desproteções vivenciadas pelas demandas atendidas no CREAS através da nossa atuação profissional.
É nítido na nossa atuação verificar que à medida que o Estado restringe sua atuação para proteção ou até solução de demandas apresentadas
por determinados segmentos (crianças, adolescentes, idosos, mulheres dentre outros) essas pessoas passam a ser submetidas a situações
de violências cíclicas e extremas.
De forma geral, nosso trabalho consiste em atendimentos individualizados e familiares, visitas domiciliares, elaboração de relatórios, estudo
socioeconômico, dentre outros, até porque são justamente no fazer cotidiano do exercício profissional que são encontradas as condições para
“fazer melhor”, ou ainda, para “saber fazer” com qualidade e competência. Isto quer dizer que não existem modelos para fazer bem as ações,
não há magia, artefatos ou amuletos de qualquer ordem, existe, sim construção através do próprio trabalho, desde que consciente elaborado e
intencionalmente utilizado. (SANTOS. BACKX. GUERRA, 2017).
No campo da assistência social, a realização dos estudos socioeconômicos vincula-se para acesso de serviços e benefícios da população
usuária, incluindo um parecer social, como um instrumento de viabilização de direitos. Neste mesmo sentido, se é no campo do CREAS que o
profissional depara-se com as diversas situações de direitos, a realização do estudo socioeconômico permite a compreensão das necessidades
trazidas pelos sujeitos, como expressões do processo de desigualdade e não pela culpabilização dos sujeitos envolvidos.
Na realização do estudo socioeconômico o profissional não deve pautar sua descrição na aparência física, capacidade mental, habilitações especifi-
cas, tipo de casa, tipo de emprego e entre outras questões da personalidade dos sujeitos, ao contrário toda a investigação social, descritas e em seguida
de análises devem adotar a direção aos direitos e a cidadania. Em síntese os estudos sociais “devem contemplar o conhecimento da situação em
que o sujeito demandante está implicado e de suas condições de vida. Devem reconstruir processos sociais geradores de tal situação tendo em
consideração o conjunto de relações e determinações sociais para permitir um conhecimento mais amplo e profundo e uma interpretação crítica
da situação”. (MIOTO, 2009, p. 488) (GRIFOS NOSSOS).
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Importante ressaltar que as realizações dos estudos socioeconômicos nos espaços de trabalho proporcionam aos profissionais a possibilida-
de de demonstrar os conhecimentos / especialidade da profissão. Ou seja, a realização dos estudos socioeconômicos permite a compreensão
da totalidade, não pela aparência, como seria se fosse realizado por outro trabalhador.
Em se tratando de atuar com demanda vítima de violação de direitos nossa atuação é permeada “por extremos”, uma vez que a violência tem relação
direta com a exploração e a dominação no qual o capitalismo submete o ser humano, e isso reflete em altos índices de violências como expressão
das desigualdades sociais, exemplos esses são crianças sendo desprotegidas por seus familiares por esses estarem submetidos a longas jornadas
de trabalho e seus filhos ficando sob cuidados de terceiros ou até iniciando precocemente no mercado de trabalho. Temos atualmente demandas de
crianças que foram abusadas sexualmente pela exposição desses fatores citados; outro exemplo são as crianças vítimas de negligência ou abandono,
ou até submetidas a maus tratos no ambiente familiar.
O abandono social é a característica peculiar e intergeracional destacamos como fator preponderante e que origina toda forma de violação, pois não
é possível proteger se não se encontra protegido. Outra situação que merece destaque são as crianças e adolescentes que estão expostas a situações
de exploração sexual também se encontra em atendimento, estas, são oriundas de famílias com frequentes episódios de violências físicos, psicológica,
envolvimento com drogas, desemprego ou subemprego, condições precárias de moradia e saúde, ou seja, todas as formas de desproteções sociais,
diante de tal realidade os indivíduos são revitimizadas novamente agora intergeracionalmente sendo desprotegidas.
Observamos situações limites e extremas como dito inicialmente, contudo, por parte da esfera pública, ainda há ausência do suporte e da
aplicabilidade das leis e faz-se necessário a não responsabilização das famílias sem uma análise cuidadosa e não simplista trazendo caracte-
rísticas conjunturais que fazem parte do seu percurso histórico e culminam sua vivência atual.
Entretanto, nossa pratica necessita ir para além de requisições institucionais, uma vez que somos chamadas a atuar de forma punitiva.
Contudo faz-se necessário ir além de requisições, nossa leitura não é rasa, temos capacidades de propor respostas que contribua para o for-
talecimento do subjetivo e do objetivo e assim a atuação se dará através de propostas de políticas públicas e não de práticas culpabilizadoras
da classe trabalhadora tão refém de um sistema desigual e violento.
Em síntese, as principais ações realizadas pelos profissionais do Serviço Social são:
• Acolhida dos usuários encaminhados por outros órgãos e/ou demanda espontânea;
• Escuta dos usuários e suas famílias para orientação e encaminhamentos para outros setores quando necessário;
• Visitas domiciliares, para entender a dinâmica familiar e condições habitacionais;
• Construção de plano individual e/ou familiar, para que por meio deste o usuário consiga voltar a ter autonomia;
• Articulação interinstitucional com os demais órgãos de garantia de direitos, isso porque muitas vezes a necessidade do usuário ultrapassa
a nossa competência como profissional e quanto equipamento;
• Elaboração de relatórios diários, registro de atendimentos e dos prontuários;
• Discussão de caso com equipe, coordenação e quando necessário com a rede de proteção social do município

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tarefa dos/das assistentes sociais no âmbito do CREAS, com vista ao PEPP é denunciar, resistir e lutar contra as violações de direitos vivi-
dos/vivenciados pelos sujeitos, incorporando conjuntamente com o direito político, civil e humanos visando à universalidade da proteção social.
A compreensão das violações de direitos, defendida no âmbito do CREAS não é meramente o reconhecimento das relações entre os sujeitos,
sobretudo, é decorrente das contradições decorrentes do modo capitalista de ser, organizar e se reproduzir perante seus ideais e projetos.
O trabalho profissional no campo do CREAS, por reconhecer este espaço como um campo sócio jurídico, os trabalhadores devem tomar cuidado
para que as ações não sejam voltadas para a criminalização da pobreza, a desqualificação e desmobilização das instâncias dos direitos mascaradas
como proteção. Nesta mesma lógica as requisições institucionais podem ocorrer na individualização, moralização e psicologização das violações de
direitos, responsabilizando os indivíduos, grupos, famílias, comunidade, e trabalhadores pelas situações vivenciadas no cotidiano do trabalho. O desafio
profissional é romper com as amarras do cotidiano, com uma crítica ao caldo conservador em vista a justiça social e uma sociedade igualitária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGENOR, Thiago. Torres, Mabel Mascarenhas. Conservadorismo e serviço social: a necessária afirmação do projeto ético-político profissional.
In: Milani, Gisele Dayane. Agenor, Thiago (org.). Caleidoscópio de saberes: reflexões coletivas em serviço social. 1.ed. - Curitiba: Editora Prismas, 2018.
BRASIL. Política Nacional de Assistência Social. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, novembro de 2004.
GUERRA, Yolanda. A instrumentalidade do Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1995.
IAMAMOTO, Marilda Villela. & CARVALHO, Raul. Relações sociais e serviço social no Brasil. 36. ed. São Paulo: Cortez/Celats, 2012.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 19. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. L. 2.
MIOTO, Regina Célia. Estudos socioeconômicos. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL – CFESS, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E
PESQUISA EM SERVIÇO SOCIAL – ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. p. 481-96
PONTES, Reinaldo Nobre. Mediação e Serviço Social. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
RAICHELIS, Raquel. O trabalho e os trabalhadores do suas: o enfrentamento necessário na assistência social. In: Brasil. Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. GESTÃO DO TRABALHO NO ÂMBITO DO SUAS: Uma contribuição Necessária. -- Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Assistência Social, 2011.
SPOSATI, Aldaíza. O primeiro ano do Sistema Único de Assistência Social. In: Revista Serviço Social e Sociedade nº. 87. São Paulo: Cortez, 2006.
SOUSA, Charles Toniolo de.; OLIVEIRA, Bruno. José da Cruz. Criminalização dos pobres no contexto da crise do capital: reflexões sobre os
seus rebatimentos no Serviço Social. In: FORTI, Valéria & BRITES, Cristina. Direitos Humanos e Serviço Social: polêmicas, debates e embates.
Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2011.

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CAPÍTULO III

AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA OS SERVIÇOS


SOCIOASSISTENCIAIS DO CREAS DE ANDRADINA

Luciana C. de Souza Cruz Piovesan– Psicóloga – CRP:6/102.061


Marina Maria Ribeiro – Psicóloga – CRP:06/5519
Nathália Fernandes Capucho – Psicóloga - CRP: 06/145.865
Natalia Tartalioni G. Leal – Psicóloga – CRP: 06/104.112

1. INTRODUÇÃO

O presente capítulo é fruto das experiências profissionais dos psicólogos inseridos nos serviços socioassistenciais do CREAS na cidade
de Andradina (interior do estado de SP), a noroeste do estado de São Paulo. O objetivo principal é descrever as principais contribuições da
profissão do psicólogo no campo da proteção social especial de média complexidade, através de estudos, indagações e construções coletivas
realizadas no cotidiano, marcado pelas inúmeras situações de violações de direitos, nos quais, somos requisitadas para elaboração de respos-
tas a partir de nossos conhecimento e valores éticos da profissão, em vistas as seguranças sociais, conforme Agenor (2017, p. 6):

Essas seguranças vão ao encontro das necessidades sociais da população que necessita da proteção social ofertada pelo Estado. A proteção social não é apenas em
benefício financeiro, mas a necessidade de um espaço de acolhida (a ser desenvolvidas em todas as unidades socioassistenciais), que possibilite uma escuta qualificada, que
levante as vulnerabilidades e os riscos e ainda que proteja os indivíduos e suas respectivas famílias sobre as suas condições peculiares.

Por esta razão, a inserção da psicologia no CREAS, deve (ser) estar relacionada (partir d) as funções/seguranças sociais assumidas para a política
de assistência social (a partir) desde a (da) institucionalização do SUAS e as normatizações que ocorreram na área, principalmente as indicações de
profissionalização dos trabalhadores a partir da NOB/SUAS/RH (2006), reconhecendo as diversas contribuições da psicologia para área.
No caso específico, temos observado que a especificidade da profissão (possui) oferece inúmeras contribuições para o trabalho social executado
pelo CREAS, porém, apesar de existir todo o aparato jurídico é apenas em julho de 2010 que o psicólogo é inserido na equipe mínima, por meio de
processo seletivo, juntamente com (Assistente Social) Advogado e Educador Social. Importante registrar, que neste período o CREAS iniciava a es-
truturação dos seus serviços. O assistente social (já estava inserido e) acumulava as funções de coordenação e técnica do serviço PAEFI e a equipe
mínima responsável por toda a demanda que era quantitativamente dividida, a atuação não se dava por competência profissional, todos faziam tudo!
Em 2011, o Juiz responsável pela Vara da Infância e Juventude, proíbe os estagiários de acompanharem adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa, os casos então são redistribuídos entre os profissionais que compunham a equipe mínima. Nossa atuação foi muito guiada pelo bom
senso, uma vez que o método principal nos foi tirado, o clínico, e nossa formação não nos preparou e ainda não prepara para a compreensão da
interrelação entre o funcionamento social e a produção do sofrimento psíquico. Dito de outro modo, o campo social ainda é um campo novo, porém,
temos visto as inúmeras contribuições da ciência psicológica para com o rompimento das expressões de desigualdades vivenciadas pelos sujeitos.
No ano de 2011 acontece o primeiro concurso de psicólogos para a Assistência Social por meio da Secretaria da Saúde o que foi gerador
de muitas contradições e ainda o é, pois profissionais com a mesma formação foram lotados na Secretaria de Saúde, com adicional de 80%
sobre o salário e 6 horas de trabalho, enquanto os que foram para a Assistência Social trabalhavam 8 horas, houve a conquista do adicional
para todos e quanto ao desnível de horas, a conquista se dá por meio de ação trabalhista.
O ano de 2013 é marcado pela diversificação dos serviços dentro do CREAS inicia-se a formação de equipes de serviços que eram previstos
na tipificação, conforme descreve Agenor (2017, p. 8):

Os serviços socioassistenciais são parte preponderante do SUAS, com direção para a garantia dos direitos junto a assistência social sobre a primazia do Estado. Na execução
desses serviços estão presentes diversos profissionais especializados, que organizam diversas atividades e ações, respondendo as situações de vulnerabilidades e riscos. Materializar
o SUAS é um desafio constante desses diferentes profissionais envolvidos junto a Assistência Social. Mas isso só será possível se a compreensão não partir apenas das “criatividades
nomenclaturais” que muitos gestores tendem a buscar para a assistência social. Um exemplo disso é quando em determinados espaços, esses gestores tendem a criar “Termino-
logias” para referenciar os serviços dos equipamentos do SUAS. Tais como “Frente dos Idosos”, Programa do Deficiente; Casa da Mulher vítima de violência. Não conseguem com-
preender que com o desenvolvimento do SUAS trazidos pela PNAS/2004 e as outras regulamentações posteriores, o CNAS, através de um amplo movimento com a sociedade civil,
grupos de pesquisas e estudos, profissionais, estudantes e outros segmentos, aprovam a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais.

Ora, esta situação também ocorreu na cidade de Andradina no âmbito do CREAS, no qual, o psicólogo foi então inserido em outras “frentes”
e que a partir de ampla mobilização foi materializado os serviços socioassistenciais com a seguinte configuração:
1) 2013: Serviço Especializado em atendimento aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto;
2) 2013 – PAEFI: Serviço Especializado para atendimento da Violência contra mulheres, crianças e adolescentes;
3) 2014 - Serviço Especializado para atendimento de Idosos e Pessoas com Deficiência;
4) 2018 - o PAEFI é desmembrado e é criado o segmento para acompanhamento de adultos.
Atualmente a unidade do CREAS passa a contar com cinco serviços socioassistenciais e a participação de quatro psicólogos, apresentamos
então uma sintetização das principais contribuições da profissão.

2. COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA NOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DO CREAS DE ANDRADINA

A atuação do psicólogo baseará o seu trabalho em princípios que colocam o respeito, a promoção da liberdade, da dignidade e da integridade

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do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos como fundamentais. Deve pautar sua ação
levando em conta três dimensões:
1. TEÓRICA: Utilizar conceitos e categorias da teoria que funcionem como uma lente para poder aprofundar os conhecimentos da realidade;
2. ÉTICO-POLÍTICA: Considerar aspectos éticos, princípios, visão de homem e de mundo que contribuem para a forma de atuar;
3. METODOLÓGICA: Possuir um conjunto de técnicas, de instrumentos, de estratégias que favoreçam a sua ação.
(Na) A articulação das dimensões acima caracteriza o trabalho da psicologia social realizado a partir das entrevistas, da observação, das
intervenções pontuais que objetivam ampliar a compreensão daquele indivíduo e do grupo familiar; o profissional vai construindo um perfil da
dinâmica familiar e do funcionamento do indivíduo o que lhe permite uma intervenção mais eficaz nos atendimentos individuais e/ou em grupos,
bem como uma contribuição fundamentada teoricamente nos estudos de caso.
A Escuta Qualificada, um dos instrumentos principais da psicologia concede ao indivíduo liberdade para se expressar sem que haja julgamen-
to, esse processo de escuta permite ao psicólogo acesso ao mundo subjetivo do indivíduo e à melhor compreensão de suas necessidades. O
papel do psicólogo então é:
• conhecer o indivíduo e/ou família, identificando demandas explícitas e implícitas, levando em conta seu contexto sociocultural;
• promover o fortalecimento de potenciais e autonomia;
• promover o fortalecimento da função protetiva da família;
• identificar fenômenos sociais que interferem na vida de indivíduos, famílias e grupos;
• identificar fragilidades e potencialidades do grupo familiar;
• considerar a heterogeneidade de riscos sociais e violações de direitos aos quais estão submetidos;
• participar das discussões de caso com participação de todos os profissionais implicados;
• viabilizar espaços criativos e geradores de alternativas individuais e coletivas, na perspectiva da superação das situações de violação,
fortalecimento de potencialidade e autonomia, tornando a família, seus membros e indivíduos, protagonistas de suas histórias
A atuação do Psicólogo deve estar comprometida com a transformação social em direção a uma ética voltada para a emancipação humana,
toma como foco as necessidades, objetivos e experiências dos indivíduos e famílias; implica em facilitar a construção de um vínculo de con-
fiança com a família e para tal há que respeitar as singularidades de cada caso e participar das atividades relacionadas ao atendimento direto
e aos grupos de famílias, deve compreender o sofrimento produzido pela relação direta com a violência física, psíquica nas comunidades, e a
forma como essa vivência reflete na organização pessoal e familiar.
Importante afirmar que o atendimento psicossocial realizado no CREAS também tem um efeito terapêutico na medida em que busca a com-
preensão do sofrimento de sujeitos e suas famílias nas situações de violação de direito e visa à promoção de mudança, autonomia, superação.
Entretanto na política de assistência social, o vínculo estabelecido entre o profissional e o público do CREAS deve ser construído a partir do
reconhecimento de uma história de vida, imersa em um contexto social, sem uma perspectiva individualizante. Para isto, várias atividades com-
binadas são importantes para provocar reflexões e novos pertencimentos sociais, que podem produzir esse efeito terapêutico.

2.1 SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO ESPECIALIZADO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTE E SUAS FAMÍLIAS (PAEFI)

Ainda há a ideia de um binômio (indivíduo/sociedade), uma dicotomia na psicologia entre sujeito e social, porém alguns estudiosos refutam
que “toda psicologia é social, pois se ocupa de um sujeito que é forjado na relação com o outro, com a sociedade e com a cultura”.
Porém toda formação psicológica é voltada para a singularidade do indivíduo, seu mundo subjetivo e assim, as práticas tradicionais foram
adaptadas para o trabalho realizado no CREAS, há de se romper com esse paradigma.
Dentro do contexto social tivemos que obter estratégias de construção de dispositivos alternativos ao setting clássico para que possa ser
realizado a escuta, com o propósito social, isso é, ter uma “visão complexa, capaz de articular a dimensão psíquica com o contexto social,
político e econômico” (KLAUTAU, 2017), porém ainda tendo a escuta com as técnicas de orientação psicanalítica.
Sendo assim, a psicanálise traz a escuta delicada para além da demanda manifesta, isso que, pode-se realizar a leitura para além do que é
somente dito, para que então possa encontrar outros instrumentos de referência de pertencimento.
A autora ainda relata que no 5º Congresso Internacional de psicanálise, Freud já apontou a necessidade de problematizar a atuação do
psicanalista com a população em situação de vulnerabilidade e enfatizou a necessidade de adequar a técnica às novas circunstâncias, porém
esse debate só começou recentemente, pela necessidade das políticas sociais desenvolver-se a partir também dos conhecimentos da ciência
psicológica, como ocorre no âmbito do CREAS/PAEFI.
Neste campo de intervenção, ocorre o trabalho da psicologia em conjunto com o/a Assistente Social, utilizando a acolhida do usuário/família,
e, construindo estratégias e intervenções a partir das habilidades específicas de cada área. Sem sombra de dúvidas este é o desafio posto nos
processos de trabalho multiprofissional, reconhecer a necessidade das profissões liberais no campo das políticas sociais e conseguir compre-
ender o campo/matéria e reconhecer o limite de cada área.
Uma advertência encontra-se nas Referências técnicas para a atuação do (a) psicólogo (a) no Centro de Referência Especializada da Assistência So-
cial (CREAS) que a ação dos psicólogos se confunde com as do assistente social, pois pelas orientações técnicas os papéis não estão bem definidos,
mas que a Psicologia tem muito a contribuir como foco a subjetividade e os processos psicossociais.
Sendo assim o papel do psicólogo na construção do PAEFI (Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos), dispõe de três
ações que dão sustentação ao trabalho. Sendo os pilares para a elaboração a efetivação de intervenções psicossociais são: 1) o acolhimento;
2) o fortalecimento do convívio familiar e comunitário; 3) promoção da autonomia.
Nesse sentido, o objetivo do trabalho psicológico visa olhar a capacidade dos indivíduos/família na elaboração da violência e no auxílio para
a reconstrução subjetiva e também social para a modificação do contexto atual apresentado.
Enquanto psicólogos, ainda estamos fadados aos poucos instrumentais específicos de auxílio à interlocução junto à família, porém uma

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estratégia será a elaboração de um Plano de Atendimento elaborado dentro da instituição, levando em conta da individualidade de cada sujeito
para poder haver sua real elaboração, faz com que norteie nosso espaço e auxilie no trabalho multiprofissional.
Um outro aspecto do trabalho é a atenção a crianças e adolescentes. Diferente da Ludoterapia, a intervenção com a criança ou adolescente
muda de enquadre, uma vez que a vinculação tem que ser feita com a família toda, e não somente com a criança ou adolescente, como na
situação clínica.
Porém a criança deve saber, ou devemos explanar, de uma forma que ela entenda, os motivos e necessidade de atendimento dentro do CRE-
AS/PAEFI, proporcionando através da escuta e a utilização de brinquedos e jogos a possibilidade de ampliar os aspectos do trabalho realizado
e uma escuta psicopedagógica.
As intervenções com as crianças não são de intuito psicoterapêutico, mas somente uma escuta qualificada da vivência dessa criança no
contexto familiar onde ela se encontra, tendo um entendimento pelo olhar dessa criança/adolescente da família, das relações e ainda, fazendo
uma breve avaliação, consegue-se identificar um sofrimento devido às violações sofridas, ou se há alguma sequela, podendo assim encaminhar
para um profissional especializado para que ele possa então fazer o tratamento necessário, no campo das políticas de saúde mental.
Mesmo assim, quando se trata de criança a abordagem deve ser lúdica, e aí a psicanálise, com embasamento na Melanie Klein, nos ajuda a
interpretar o que a criança/adolescente tem a nos contar, através do brincar.
O próprio CFP apontam nas Referências técnicas para a atuação do (a) psicólogo (a) no Centro de Referência Especializada da Assistência
Social (CREAS) que a ação dos psicólogos se confunde com as do assistente social, pois pelas orientações técnicas os papéis não estão bem
definidos, mas que a Psicologia tem muito a contribuir como foco a subjetividade e os processos psicossociais.

Os psicólogos que adentram a área social, acabam se perdendo no resgate da sua profissão. Isso porque os cursos profissionalizantes são todos
voltados para explicar a área social, perdendo aqui o caráter e a identidade do profissional da psicologia, há também a questão do dia a dia que aliena e
não nos permite refletir nossa prática. Devemos resgatar nossa identidade nos alimentando com cursos que vão além dos que nos falam sobre a área
social, isso porque eles nos farão criar a identidade dentro do aparato do SUAS, nos suspendendo da realidade e criando novas estratégias e novas
referências para a atuação, uma vez que essa área ainda é nova e está constantemente em mudança.

2.2 SERVIÇO DE PROTEÇÃO E ATENDIMENTO ESPECIALIZADO A PESSOAS ADULTAS E SUAS FAMÍLIAS

Primeiramente é preciso destacar que o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a pessoas adultas e suas famílias foi implantado
recentemente junto à unidade do CREAS, justificando a demanda pela necessidade de atender os indivíduos maiores de 18 anos de idade e que
vivenciam a situação de violação de direitos.
Esse serviço é descrito como um serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais dos seus membros em si-
tuação de ameaça e/ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e
o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de
condições que as vulnerabilizem e/ou as submetam as situações de risco pessoal e social.
No campo do debate teórico, compreende-se a violência doméstica como um padrão de comportamento que envolve atos violentos ou outro
tipo de abuso por parte de uma pessoa contra outra num contexto doméstico, como no caso de um casamento ou união de fato, ou contra
crianças ou idosos. Quando é perpetrada por um cônjuge ou parceiro numa relação íntima contra o outro cônjuge ou parceiro denomina-se
violência conjugal, podendo ocorrer tanto entre relações heterossexuais como homossexuais, ou ainda entre antigos parceiros ou cônjuges. A
violência doméstica pode assumir diversos tipos, incluindo abusos físicos, verbais, emocionais, econômicos, religiosos, reprodutivos e sexu-
ais. Estes abusos podem assumir desde formas sutis e coercivas até violação conjugal e abusos físicos violentos.
Um outro ponto, a violência doméstica ocorre quando o abusador(a) acredita que o seu abuso é aceitável, justificado ou improvável de ser
reportado e pode dar origem a ciclos de abuso intergeracionais, criando a imagem que o abuso é aceitável. Poucas pessoas nesse contexto
são capazes de se reconhecer no papel de abusadores ou vítimas, uma vez que a violência é considerada uma disputa familiar que simples-
mente se descontrolou. Em relações afetivas abusivas, pode ocorrer um ciclo abusivo durante o qual aumenta a tensão e é cometido um ato
violento, seguido por um período de reconciliação e calma. As vítimas podem ser encurraladas para situações de violência doméstica através
de isolamento, poder, controle, aceitação cultural, falta de recursos financeiros, medo, vergonha ou para proteger os filhos. Na sequência dos
abusos, as vítimas podem desenvolver incapacidades físicas, problemas de saúde crônicos, doenças mentais, incapacidade de voltar a criar
relações afetivas saudáveis e incapacidade financeira. As vítimas podem ainda desenvolver problemas psicológicos, como perturbação de
stress pós-traumático. As crianças que vivem em lares violentos demonstram frequentemente problemas psicológicos desde muito novas,
como agressividade latente, o que em idade adulta pode contribuir para perpetuar o ciclo de violência.
Em todo o mundo, a esmagadora maioria das vítimas de violência doméstica são mulheres, sendo também as mulheres as vítimas das for-
mas mais agressivas de violência. Em alguns países, a violência doméstica é muitas vezes vista como justificável, especialmente em casos de
ocorrência ou suspeita de infidelidade por parte da mulher, em que é legalmente permitida. A violência doméstica é um dos crimes que menos
é declarado em todo o mundo, tanto no caso das mulheres como dos homens. Devido ao estigma social associado à vitimização masculina, há
maior probabilidade de as vítimas masculinas serem negligenciadas pelos serviços de saúde. No Brasil a Lei Maria da Penha – Lei 11.340, de
07 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
O acima exposto sobre a violência doméstica assevera os prejuízos físicos, psicológicos e sociais ocasionados a todos os membros de uma família
que vive sob opressão. A intervenção do psicólogo se torna fundamental em todas as fases do atendimento ao grupo familiar, inclusive do agressor
para possibilitar a quebra do ciclo da violência. O olhar do psicólogo deve buscar o potencial existente no grupo familiar e na comunidade para
que os efeitos da violência possam ser minimizados e/ou até rompidos.
O acompanhamento psicossocial permite criar espaços para um acolhimento humanizado, onde a escuta qualificada se faz de suma im-

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portância para a construção de vínculo significativo o que permite ampliar a compreensão do indivíduo e do grupo familiar, da dialética entre a
objetividade e a subjetividade, de identificar os reflexos advindos da vivência violentadora, de criar espaços para a reflexão e intervir de forma
mais eficaz em busca de soluções.
A violência deixa marcas indeléveis, algumas mais profundas, nossa atuação precisa ir ao sentido de identificar e indicar formas de tornar os
prejuízos físico, psíquico e social menos danosos ao grupo familiar.

2.3 PSICÓLOGO E SUA ATUAÇÃO NO CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA EM MEIO ABERTO


- CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS - DE ANDRADINA/SP

Em 1990, foi instaurada a lei nº 8.069, Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, com a finalidade de garantir os direitos de crianças
e adolescentes, reafirmando e preconizando a necessidade da proteção integral desta categoria. Com critérios para a definição dos marcos
regulatórios com o objetivo de garantir, por parte do Estado, um tratamento humanizado às crianças e aos adolescentes que se encontram em
conflito com a lei, devido à autoria de um ou mais atos infracionais.
No ano de 2012, foi publicada a lei n° 12.594, que estabelece o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), com o intuito de
regulamentar o processo ético-legal da aplicação das medidas socioeducativas. Neste sistema, há a preocupação de proporcionar aos adoles-
centes e jovens os diversos serviços e ações socioassistenciais que oportunizem uma nova perspectiva de vida atual e futura, rompendo com
os ciclos de violência, pobreza, desigualdade social e outras situações.
A intenção do cumprimento das Medidas Socioeducativas (MSE) é, fundamentalmente, promover um conjunto de ações que proporcionem
aos adolescentes e jovens um processo de reflexão e de responsabilização, acerca de suas práticas infracionais cometidas, posteriormente
refletir sobre quais foram as suas motivações pessoais e sociais para cometê-las e, por fim, construir novas possibilidades de resignificações
que contribuam para o desenvolvimento e mudança de vida perante a si próprio e perante a sociedade.
O encaminhamento do (s) adolescente (s) para o CREAS é determinado pela autoridade competente, no caso do município de Andradina é
feito pelo poder judiciário através da 3° Vara da Infância e Juventude, após averiguação do ato e sentença proferida.
As atividades desenvolvidas pelo psicólogo, que compõem a equipe de execução das Medidas Socioeducativas (MSE) em Meio Aberto
transcorrem em acordo com o que é proposto pela legislação vigente, sempre prezando pela promoção da autonomia, responsabilização pelo
ato infracional cometido, resignificação do projeto de vida do adolescente e jovem, (re) estabelecimento do vínculo familiar, desenvolvimento e
reflexão sobre o importante papel desempenhado pela família no processo socioeducativo, foco nas especificidades do indivíduo nas fases de
vida, e por fim, a relevância de encaminhamento para possibilidade de prática laboral para o jovem.
No campo dos instrumentos e técnicas destacam: entrevista de acolhimento, avaliação psicológica, elaboração do projeto institucional,
realização de grupos para discutir temáticas importantes na etapa da adolescência, oficinas ligadas à formação profissional, atividades com a
comunidade com temáticas visando à inclusão social dos adolescentes que cumprem Medidas Socioeducativas (MSE) em Meio Aberto.
O acompanhamento ao adolescente é estabelecido de acordo com os prazos legais: no mínimo seis meses para a medida de Liberdade
Assistida e inferior a seis meses para a medida de Prestação de Serviços à Comunidade podendo ser prorrogado de acordo com a autoridade
judicial competente.

2.4 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL PARA PESSOAS


COM DEFICIÊNCIA, IDOSAS E SUAS FAMÍLIAS: PRÁTICAS PROFISSIONAIS E DESAFIOS COTIDIANOS

A importância de iniciar este tema com a explanação deste serviço é significativo, uma vez que é necessário compreender primordialmente a essên-
cia deste, para posteriormente adentrarmos em suas particularidades ou especificidades, assim dizendo. Desta forma, entendemos que o Serviço de
Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas famílias é inteiramente destinado para tal público com algum grau de dependên-
cia e suas famílias, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direitos e situações que comprometem o desenvolvimento da autonomia e
qualidade de vida. Porém, no município devido à cultura e os valores existentes a organização do serviço encontra-se em reordenamento.
Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, os principais objetivos baseiam-se então na promoção de atividades que
garantem a autonomia, a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, nesse sentido, visa à diminuição da exclusão social
tanto do dependente quanto do cuidador, da sobrecarga decorrente da situação de dependência/prestação de cuidados prolongados, bem como
a superação das violações de direitos que fragilizam o indivíduo e intensificam o grau de dependência da pessoa com deficiência ou idosa (o).
As ações devem possibilitar a ampliação da rede de pessoas com quem a família do dependente convive e compartilha cultura, troca vivên-
cias e experiências. A partir da identificação das necessidades, deverá ser viabilizado o acesso a benefícios, programas de transferência de
renda, serviços de políticas públicas setoriais, atividades culturais e de lazer, sempre priorizando o incentivo à autonomia da dupla “cuidador
e dependente”. Soma-se a isso o fato de que em meio ao acompanhamento realizado, sempre há a identificação de demandas do dependente
e/ou do cuidador e situações de violência e/ou violação de direitos para que nós então possamos acionar os mecanismos necessários para
resposta a tais condições, então neste ponto, iniciamos o olhar subjetivo do profissional da psicologia, com a parceria direta do assistente
social, na tentativa de contribuir para a ressignificação das situações violadoras, vulnerabilidades enfrentadas, descoberta de potencialidades
e alcance de novos rumos e possibilidades frente a novo paradigma onde a violência não mais, ou pelo menos temporariamente, não existirá.
Uma vez que este serviço de proteção social especial apresenta dois públicos distintos, mas que se assemelham na especificidade de
que, são de certa forma tidos como “especiais” -não somente ao que diz respeito pelo fato de serem acompanhados em si neste Centro
de Referência “Especializado”-, mas sim em relação às suas demandas ‘especiais’ e particularidades, desta forma, vale mencionar que
os princípios que orientam hoje o trabalho com tais populações partem particularmente e justamente da tentativa de quebra desse pa-

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radigma, o de tratá-los essencialmente como especiais, obviamente que não deixando de considerar a conquista prioritária das crianças
e idosos, mas que tal arquétipo seja superado, para tanto é necessário o contato, e não deve ser aquele de “salvação”, mas sim o de
pautar pela ideia de que nós profissionais vimos para escutá-los, tentar fazer da convivência com o meio em que estão inseridos, uma
convivência reflexiva sobre quais limitações que o mundo (e seus pertencentes) tem produzido para que tais pessoas não tenham direito
à vida digna (ANGELUCCI, 2018).
A fim de garantia da identidade de cada público atendido, é necessário neste momento separá-los e compreender suas trajetórias neste
Serviço.
Sabe-se que os idosos serão muito brevemente o público dominante da população brasileira, e infelizmente tal fato, o que inicialmente
seria de conquista à qualidade de vida e longevidade, hoje passa a ser uma preocupação frente às questões sociais dos idosos, o que traz
diversas implicações também de ordens subjetivas, e ao aplicar os conhecimentos teóricos e técnicos da Psicologia no âmbito da velhice
e do envelhecimento, o psicólogo precisa levar em conta a articulação entre a subjetividade, situações sociais, políticas, econômicas,
históricas e culturais para atuar de forma adequada, levando sempre em consideração a necessidade e importância da superação das
situações violadoras, ponderando neste âmbito a capacidade funcional, cognitiva e emocional, os recursos internos, as demandas e os
interesses dos idosos, valorizando suas vivencias pessoais e respeitando as diferenças individuais. Basicamente em suma o psicólogo
inserido neste contexto executa sua função na dualidade de articulação entre os processos de envelhecimento, políticas públicas volta-
das a estes indivíduos e ainda os mesmos inseridos em situações violadoras, o que de fato a intervenção deste último retoma todas as
pontuações apresentadas acima.
Há pouco tempo discorrer sobre a deficiência ainda era um tabu repleto de preconceitos e rejeições, no entanto atualmente diante do início da
implementação de políticas públicas destinadas a essa população, garantindo-lhes direitos básicos e inclusão a espaços onde possam assumir
suas cidadanias, entende-se a deficiência como “uma limitação, que alguns seres humanos adquirem não somente por herança biológica, mas
por adversidades sociais básicas não resolvidas, como acesso à educação, à saúde, à moradia, ao meio social em que convive, entre outros”
(GAIO, 2006). Por esta ótica, depreende-se que as pessoas com deficiência são mais vulneráveis a situações de risco, conforme enfatiza o
Programa Estadual de Prevenção e Combate a Violências contra Pessoas com Deficiência, enfatiza que ao lado da faixa etária, gênero e situação
socioeconômica, a deficiência está entre os diferentes fatores que podem aumentar a exposição da pessoa a atos de violência, sendo assim
é de suma importância que haja a constante reflexão de como a aceitação de tal condicionalidade foram enfrentadas pela família, quais os
mecanismos que estes utilizaram para a superação e quais para impulsionar ao oferecimento à qualidade de vida destes, a psicologia neste mo-
mento ganha espaço a tal análise e mais uma vez, o subjetivo entra em ação para que então consigamos identificar a falta de tais mecanismos,
a dificuldade dos familiares e cuidadores em proteger, compreender e garantir direitos, o que consequentemente culmina em vulnerabilidades
sociais e situações de risco, material substancial de intervenções neste serviço.
Na somatória dos dois públicos, concorda-se com Caldas (2002), pois “a família e os amigos são a primeira fonte de cuidado para com os idosos”,
arrisco a dizer que tal afirmação estende-se as pessoas com deficiência também, fator este que resulta inteiramente em recair primeiramente sobre a
família a total responsabilidade dos cuidados para com os dois públicos deste serviço, sendo que o papel da família é fundamental para que sintam-se
aparados, sendo que a perda desses laços frequentemente agrava a limitação da capacidade física, psicológica, piorando qualquer estado de saúde.
Então diante de tal explanação, incorpora-se o principal motivo do trabalho ofertado por este Serviço: as vulnerabilidades sociais e violações
de direitos contra pessoas com deficiência e idosos, que em sua grande maioria são perpetradas dentro do próprio domicílio dessas pessoas
(ou seja, pela sua família),a violência contra estes dois públicos é uma questão universal que pode ser percebida nas mais diversas classes
sociais, etnias e religiões, muitas vezes estas violências e maus tratos geralmente acontecem nos locais onde residem as vítimas, são mantidas
em sigilo, dificultando a investigação e punição dos culpados. Todavia, faz-se necessário avaliar de maneira crítica, mas sensata tais ações, que
a priori não haviam de ser justificáveis, porém acabam sendo de certa forma, isto é, é imprescindível apreender de que maneira tais familiares/
cuidadores informais encontram-se amparados e orientados nas atuais conjunturas societárias, para refletirem, buscarem e superarem as
situações de violências ocorridas em suas dinâmicas.
Ainda sobre o fato das violações de direitos acontecerem na maioria das vezes diretamente dentro do seio familiar, cabe ressaltar que este
responsável/cuidador frequentemente sofre constantes pressões físicas e psicológicas, aliadas ao despreparo e sobrecarga de trabalho, o que
acaba favorecendo a prática de tais atos contra o idoso e pessoa com deficiência.
Neste sentido o olhar psicológico é primordial, a relevância de se fazer presente uma observação minuciosa e coerente de que as violações ocorrem
dentro do seio familiar, e que quem deveria proteger e garantir direitos são justamente quem os violam, porém não deixando de considerar que a vin-
culação se não é devidamente satisfatória, é parte contribuinte para tais ações, e falando especificamente em pessoas idosas, onde a fragilização dos
vínculos é algo difícil de ser reconstituído, conseguimos explicar os porquês de tantas violações, ai está a importância da qualidade do relacionamento
entre ambos, pois o tratamento inadequado em muitos casos sugere uma vingança inconsciente por parte das pessoas do seu convívio, relativas às
vivências anteriores, embora também possam ocorrer devido a não adaptação à família após dedicar toda sua vida ao mundo do trabalho, ao conflito
de gerações, às divergências de comportamento, à dependência química e/ou alcoólica por parte do ancião, às limitações financeiras e à escassez de
relacionamentos sociais, dentre outras possibilidades.
A responsabilização familiar é uma realidade, tanto é que é exigido da família o suporte aos cuidados e responsabilidades, vale então
ressaltar neste ponto a ação professional diante desse âmbito familiar no enfrentamento de tal violência, uma vez que muitas famílias
encontram-se sobrecarregadas nas suas funções visto a ausência do Estado em ampará-las na responsabilização conjunta, portanto
é fundamental a sinalização de que deve ser compartilhado com a sociedade e o Estado tais papéis. A atuação, por assim dizer, do
Estado por meio das políticas sociais demanda a criação, desenvolvimento e implementação de políticas de serviços de apoio para os
indivíduos idosos e suas famílias, tais políticas também devem conciliar o trabalho com a responsabilidade familiar de cuidado (MOSER,
FERNANDES, MULLER, 2018).
Por fim, pessoas com deficiências, idosos e suas famílias não devem ser vistos e considerados apenas como estatísticas, mas deve de for-

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ma inadiável abranger mudanças sociais implicando na composição e na dinâmica dos grupos familiares e também do Estado, cujas políticas
públicas devem contemplar cada vez mais possibilidades para esses dois segmentos populacionais.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao chegar no final deste capítulo, a Psicologia foi absorvida pelo SUAS quando há a aprovação da Resolução de nº 17 de vinte de junho de
2011 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), que ratificou a resolução nº 269 de 2006, no qual aprovava a Norma Operacional
Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS), a atuação dos psicólogos como parte obrigatória integrante das equipes de serviços
socioassistenciais (COMPAS, 2016). Por isso que somente em 2011 o SUAS começou absorver tais profissionais, uma vez que em 2011 foi
legitimado a entrada do psicólogo, forçando a composição mínima para a equipe multidisciplinar
Desde a aprovação do psicólogo no SUAS não se tinha material teórico, normativas ou parâmetros de atuação como equipe multidisciplinar.
Com o passar dos anos os Sistemas de Conselhos foram tensionados pelos psicólogos que atuavam no SUAS, com isso iniciou-se ainda, de
forma insuficiente, a produção de materiais e guias orientadores, mas ainda há uma urgência na ampliação de referências teóricas, técnicas,
e metodológicas existentes, como menciona a Nota Técnica com Parâmetros para atuação das (os) profissionais de psicologia no âmbito do
sistema único de Assistência Social (SUAS) do COMPAS 2016
Vale ressaltar que conforme apontado por RODRIGUES (2016), somente em 15 de março de 2011 foi mudado as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o curso de psicologia, aprovado pela resolução CNE/CNS nº 5. Desde então a formação do psicólogo não adentrava à essa área
social, assim os psicólogos que adentraram ao SUAS não tinham noções básicas sobre o serviço de proteção socioassistencial.
Mesmo com a as orientações técnicas existentes, há ainda uma reduzida orientação tática, sendo assim poucas orientações para a execução
do trabalho. Mesmo o documento citado acima do COMPAS “transcreve as definições do código de ética do psicólogo e as diretrizes curricu-
lares para a formação em psicologia” (RODRIGUES 2016).
Ao final, ressaltamos que, acima de tudo o psicólogo inserido neste contexto dos serviços socioassistenciais do CREAS que é capaz de
vislumbrar os usuários deste segmento como sujeitos de direitos que são, reconhecendo-os enquanto cidadãos que têm na política pública de
assistência social ofertada por este município, especialmente através deste serviço que é o que nos cabe, a possibilidade de impactar positi-
vamente a vida dessas pessoas através de ações psicossociais qualificadas, interferir positivamente transformando tragédias anunciadas em
possibilidades de retomada de vidas, reconstrução de laços, relações, retorno de convívio e, especialmente, retomada de condições dignas de
sobrevivência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANGELUCCI, Biancha. A Violação de Direitos das Pessoas com Deficiência está na Vulnerabilidade das Interações Sociais. Revista Psi,
São Paulo, n° 191, 2018.
AGENOR, Thiago. Assistência Social Brasileira e os Serviços Socioassistenciais. In: II Congresso Internacional de Política Social e Serviço
Social: 2017, Londrina-Pr. Universidade Estadual de Londrina-UEL, ANAIS, 01-12 . Disponível em: www.uel.br/grupopesquisa/gepal/anais_
vsimposio.html
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília, DF: BRASIL, 1990.
BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social, Conselho Nacional de Assistência Social. Tipificação Nacional de Serviços Socioassisten-
ciais. Brasília, 2009.
BRASIL. Lei nº 12.594, de 18 de Janeiro de 2012. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Brasília, DF: BRASIL, 1990.
CALDAS, C. P., O idoso em processo demencial: o impacto na família. In: Antropologia, Saúde e Envelhecimento (M. C. S. Minayo & C.
Coimbra Jr.), 2002.
CENTRO DE REFERÊNCIA TÉCNICA EM PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS (CREPOP). Referências Técnicas para a Práticas de Psi-
cólogas (os) no Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS. Brasília: Conselho Federal de Psicologia (CFP), 2013.
GAIO, Roberta. Para além do corpo deficiente: histórias de vida. Jundiaí: Editora Fontoura, 2006.
KLAUTAU , Perla. O método psicanalítico e suas extensões: escutando jovens em situação de vulnerabilidade social. Rev. Latinoamericano.
Psicopatia. Fund., São Paulo, 20(1), 113-127, mar. 2017. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rlpf/v20n1/1415-4714-rlpf-20-1-0113.pdf.
MOSER, L.; FERNANDES, J. S. N.; MULLER, E. F. As mudanças nas famílias, a sobrecarga feminina no cuidado com os idosos e a deman-
da por políticas públicas. Disponível em www.enpess.com.br/br/portal/conteudo/trabalhos (Acesso em: 13. fev. 2019).

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CAPÍTULO IV

AS CONTRIBUIÇÕES DO DIREITO PARA OS SERVIÇOS


SOCIOASSISTENCIAIS DO CREAS DE ANDRADINA

Joice Ellen C. da Silva Pereira, advogada, OAB/SP 302.768

4.1 DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA

O advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. (BRASIL, 1988, s/d)

Trata-se da definição trazida pela Constituição Federal de 1988, em relação à advocacia (art. 133). Importa destacar tamanha é a importância
do advogado, uma vez que a advocacia é a única profissão inserida na Constituição Federal de 1988 e descrita como sendo indispensável ao
funcionamento de um dos três poderes de Estado: o Poder Judiciário.
A partir do Estatuto da Advocacia e a OAB (Lei n.º 8.906/94), a advocacia ingressou num novo tempo em que assegurou instrumentos para
o efetivo exercício profissional e garantia de acesso à Justiça, uma vez que é atribuição do advogado demandar os anseios do cidadão. Todavia,
o Estatuto da OAB limita-se a regular a atuação do profissional, não abrangendo a realidade fática e social que atualmente demanda a presença
deste profissional.
Em relação à formação, não basta apenas à formação no curso de Direito. Para que o bacharel em Direito seja inscrito na OAB, lhe é exigido,
dentre outros requisitos, a aprovação no Exame da Ordem e que preste devido compromisso perante o conselho da Ordem dos Advogados do
Brasil, qual seja:

Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Esta-
do Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da Justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.

Embora o compromisso prestado pelo advogado no momento solene em que recebe sua carteira funcional seja muitíssimo amplo e abran-
gente, quando se trata da regulamentação da profissão, o Estatuto da OAB trata de forma restritiva sua atuação.
Vejamos as disposições do Estatuto da Advocacia e da OAB quanto à atuação do advogado: “Art. 1º São atividades privativas de advocacia:
I - a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas”.
Note-se que, em se tratando da atuação do advogado no SUAS, mais especificamente no CREAS, a atuação desse profissional não se en-
caixa nas atividades privativas da advocacia descrita no Estatuto. Este profissional realiza atividades que transcende a atuação convencional da
advocacia (postulação em juízo, assessoria, consultoria e direção).
Assim, pode-se dizer que, até o momento, não há regulamentação da atuação do advogado no SUAS, e nem enquanto integrante da equipe
de referência do CREAS.
Urge, dessa forma, que a Ordem dos Advogados do Brasil se mobilize a respeito e se atualize frente às vicissitudes sociais que influenciam
na atuação profissional e função social do advogado que vão além da atuação convencional.
Outra consequência inescapável deve ser um posicionamento da OAB quanto à urgente necessidade de atualização do currículo dos cursos
de Direito, visando à inclusão de conteúdo na grade curricular referente à Política Pública de Assistência Social/SUAS, bem como o papel im-
prescindível do advogado na gestão do SUAS e/ou nas equipes de referências dos CREAS, bem como para a efetivação dessa política.

4.2 HISTÓRICO DA OBRIGATORIEDADE DO ADVOGADO NO CREAS

Importante destacar que somente em 1988 houve o reconhecimento da Assistência Social enquanto política pública. Desde então, o or-
denamento jurídico tem evoluído no sentido de tornar factível a implementação desta política. Rumo a esta implementação, em 2006, com a
aprovação da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS, é que o advogado passou a fazer parte da equipe de referência do
CREAS, mas somente a partir da Resolução n.º 17/2011 do CNAS é que o advogado passou OBRIGATORIAMENTE a compor as equipes de
referências da Proteção Social Especial de Média Complexidade.

Vejamos as principais evoluções normativas:


• 1988 – Constituição Federal
• 1993 – Lei n.º 8.742, de 07 de dezembro de 1993 – LOAS
• 1994 – Lei n.º 8.906/1994 – Estatuto da Advocacia e Ordem dos Advogados do Brasil.
• 2004 – PNAS
• 2004 - Resolução CNAS Nº 145/2004, que institui o Sistema Único da Assistência Social –SUAS
• 2006 – Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB/RH/SUAS)
aprovada pela Resolução nº 269/2006 do CNAS
• 2011 – Resolução CNAS n.º 17/2011 alterou a Norma Operacional Básica do SUAS de 2006
• 2012 – Lei nº 12.435, de 6 de Julho de 2011, que altera a Lei no 8.742, de 7 de
dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social
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4.3 DO ADVOGADO NO SUAS

Antes de falarmos especificamente do papel do advogado enquanto parte de uma equipe multiprofissional, importa destacar a importância
de sua inserção no SUAS.
Importa destacar que o SUAS (Sistema Único de Assistência Social) se organiza em dois tipos de proteção social: Proteção Social Básica e
Proteção Social Especial (de média e alta complexidade).
A PSE na qual o CREAS está inserida (média complexidade) destina-se a famílias e indivíduos que já estejam em situação de risco e que
tiveram seus direitos violados em razão de violências (em todas as suas formas), uso de drogas, abandono, maus tratos, abuso e exploração
sexual, negligência, situação de rua, dentre outras.
Após a NOB/SUAS/RH-2011, passaram a ser obrigatória a presença de advogado na PSE de média complexidade. A Resolução/CNAS nº 17,
de 20 de julho de 2011, e a NOB-RH SUAS de 2006, reconhecem outras categorias profissionais de nível superior para atender as especificida-
des dos serviços socioassistenciais e as funções essenciais de gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, além dos profissionais
da Psicologia e Serviço.

Compõem obrigatoriamente as equipes de referência:


I - da Proteção Social Básica: Assistente Social e Psicólogo, que atuam nos CRAS – Centro de Referência de Assistência Social (busca prevenir a ocorrência de situações
de risco);II - da Proteção Social Especial de Média Complexidade: Assistente Social, Psicólogo e Advogado que atuam nos CREAS – Centro de Proteção Social Especializada
(atende pessoas em situação de risco pessoal e social por violação de direitos).

Assim e que o trabalho do Advogado, atuando nos CREAS, em parceria com assistentes sociais e psicólogos e demais profissionais do
SUAS, proporciona a interação da assistência social com as demais políticas públicas setoriais (saúde, previdência, educação, Defensoria
Pública/OAB, segurança, habitação e outras), para acesso dos cidadãos aos seus direitos fundamentais.

4.4 DA EQUIPE TÉCNICA DO CREAS

Segundo a Lei Orgânica da Assistência Social, o CREAS é a unidade “destinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encon-
tram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção
social especial” (BRASIL, 1993, s/p.).
A fim de melhor compreender essas intervenções especializadas, o Caderno de Orientações Técnicas do CREAS (BRASIL,/MDS, 2011, p.
99), ao definir o perfil e principais atribuições dos Técnicos de Nível Superior do CREAS, exige desses profissionais o seguinte:

• Escolaridade mínima de nível superior, com formação em Serviço Social, Psicologia, Direito;• Conhecimento da legislação referente à política de Assistência Social,
direitos socioassistenciais e legislações relacionadas a segmentos específicos (crianças e adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, mulheres etc.);• Conhecimento da
rede socioassistencial, das políticas públicas e órgãos de defesa de direitos;• Conhecimentos teóricos, habilidades e domínio metodológico necessários ao desenvolvimento
de trabalho social com famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de direitos (atendimento individual, familiar e em grupo);• Conhecimentos
e desejável experiência de trabalho em equipe interdisciplinar, trabalho em rede e atendimento a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, por violação de
direitos;• Conhecimentos e habilidade para escuta qualificada das famílias/indivíduos.

As orientações técnicas trazem como principais atribuições:

• Acolhida, escuta qualificada, acompanhamento especializado e oferta de informações e orientações;• Elaboração, junto com as famílias/indivíduos, do Plano de acom-
panhamento Individual e/ou Familiar, considerando as especificidades e particularidades de cada um;• Realização de acompanhamento especializado, por meio de atendi-
mentos familiar, individuais e em grupo;• Realização de visitas domiciliares às famílias acompanhadas pelo CREAS, quando necessário;• Realização de encaminhamentos
monitorados para a rede socioassistencial, demais políticas públicas setoriais e órgãos de defesa de direito;• Trabalho em equipe interdisciplinar;

Destaque-se que o CREAS de Andradina-SP atualmente oferta cinco serviços com quatro equipes:
• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI (crianças e adolescentes);
• Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – PAEFI (violência doméstica e adultos);
• Serviço de Proteção Social a Adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços à
Comunidade;
• Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos e suas Famílias;
• Serviço Especializado de Abordagem Social;
A partir das especialidades dos serviços socioassistenciais, a orientação jurídica-social no CREAS de Andradina compreende:
1) Alimentação de registros e sistemas de informação sobre das ações desenvolvidas;
2) Participação nas atividades de planejamento, monitoramento e avaliação dos processos de trabalho;
3) Participação das atividades de capacitação e formação continuada da equipe do CREAS, reuniões de equipe, estudos de casos, e demais
atividades correlatas;
4) Participação de reuniões para avaliação das ações e resultados atingidos e para planejamento das ações a serem desenvolvidas; para a definição de
fluxos; instituição de rotina de atendimento e acompanhamento dos usuários; organização dos encaminhamentos, fluxos de informações e procedimentos.
Neste sentido, indubitavelmente, o exercício da advocacia carrega em si uma importante função social. O advogado é o defensor de que as
liberdades individuais e coletivas sejam respeitadas na sociedade, assim, destaco que a atuação do advogado do CREAS é não convencional.
Esta atuação ainda carece de regulamentação, vez que não abordada pelo Estatuto da OAB e nem pelo Código de Ética da OAB. Note-se que

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dentre todas as orientações técnicas do CREAS, a única indicação quanto às funções do advogado é apenas de realizar “orientação sóciojurí-
dica”, necessitando de empenho para ampliação do debate teórico-metodológico desse novo campo de atuação, pois trata-se, todavia, de uma
descrição muito reducionista, tendo em vista que o advogado atende os usuários dos serviços ofertados pelo equipamento, orientando e ainda
dando suporte para as equipes técnicas, respaldando e orientando os outros profissionais.
O advogado como profissional que compõe todas as equipes técnicas de cada serviço do CREAS tem o objetivo de enfrentamento das situações
de ameaça ou violação de direitos. Ele traz para a prática a aplicação do Direito no que tange as providências legais e encaminhamentos necessários
para a garantia de direitos dos usuários, no sentido de cessar a violação de direitos que vivenciam, a fim de que possam sair da atual situação de risco.
Embora não seja sua atribuição precípua, quando necessário para a garantia e defesa dos direitos do usuário, o advogado aciona os órgãos
do sistema de garantia de Direitos para a devida responsabilização do suposto agressor/violador.
Na prática cotidiana da nossa realidade local, os órgãos mais acionados são Conselho Tutelar, Ministério Público e Delegacia de Defesa da Mulher.
Em se tratando do fluxograma desenvolvido pelas equipes do CREAS de Andradina/SP, após o atendimento inicial do usuário (quando ele
procura espontaneamente o equipamento) ou quando recebemos encaminhamento do caso por outro órgão da Rede de Proteção, é agendado
um atendimento multiprofissional (psicólogo/assistente social/Advogado) com o usuário e/ou sua família.
A partir do esclarecimento da demanda, inicia-se o acompanhamento dessa família/indivíduo, seguido pela construção do PAF (plano de
atendimento familiar). Em seguida são realizados estudos sociais, psicológicos e pareceres jurídicos sobre o caso.
O advogado no CREAS esclarece o usuário quanto aos direitos violados, quanto aos que lhe são garantidos, quais as providências legais
cabíveis ao caso, quais os encaminhamentos necessários (OAB para ajuizamento de ações necessárias, Saúde para eventuais tratamentos,
Educação, DDM para registro da ocorrência etc).
Toda atuação é no sentido de retirar a vítima da situação de risco e violação em que se encontra, assim como assegurar sua proteção.
Grande parte da demanda atendida pelo CREAS de Andradina envolve situações de violência. Por esta razão, faz-se necessário que o advoga-
do social também tenha um olhar focado para a interrupção dos ciclos de violência existentes, sobretudo no que diz respeito à violência intrafa-
miliar. Por isso, há a necessidade da discussão sobre a importância do atendimento e orientação do agressor, além do atendimento da vítima.
O advogado do CREAS participa da interpretação da Medida Socioeducativa aplicada ao adolescente, informando a ele e sua família sobre a
natureza jurídica do ato infracional e das medidas socioeducativas (L.A. e PSC). O adolescente recebe orientações jurídicas pela advogada no
sentido de ter uma compreensão do procedimento de apuração do ato infracional e suas consequências, sua situação jurídica e procedimentos
técnicos e administrativos realizados até então, seu teor e prazo de duração, bem como quanto às consequências em caso de descumprimento
da medida socioeducativa imposta (internação sanção – art. 122, III e § 1.º do ECA).
A atuação do advogado no SUAS/CREAS trata-se de atuação não convencional. O profissional da advocacia no CREAS realiza orientação
jurídico-social a indivíduos e famílias em situação de risco pessoal ou social.
A advocacia social não tem função jurisdicional. Os usuários da política de Assistência Social não são “clientes” do advogado do CREAS,
não podendo este peticionar ou ajuizar eventuais ações judiciais em nome deles. As atribuições do advogado consistem em atendimento multi-
disciplinar, orientações sóciojurídicas, encaminhamentos necessários. Muitas vezes, este profissional realiza consulta e esclarece o andamento
de processos em andamento dos quais o usuário seja parte.
O advogado do CREAS, além de orientações jurídicas aos usuários, também oferece suporte à equipe técnica com esclarecimentos legais
das dúvidas suscitadas pelos demais profissionais.
Há, ainda, muitos momentos em que a atuação do advogado se dá em conjunto com demais profissionais, de forma multidisciplinar: estudo
de casos, elaboração e acompanhamento de PIAs e PAFs, escuta qualificada, reuniões de rede e acompanhamentos específicos.
Em se tratando de perfil do profissional de Direito para a atuação nessa área, exige-se, não apenas profundo conhecimento da Legislação sobre a
política de Assistência Social (que infelizmente não é objeto de estudo no curso de Direito), mas também perfil acolhedor, não revitimizador ou culpa-
bilizador dos usuários, até porque os profissionais do CREAS atenderão não apenas as vítimas de violações de direito, mas os agressores também.
Enquanto o olhar jurisdicional, sobretudo na persecução penal, atem-se ao “fato” praticado, o olhar sob as lentes do profissional do SUAS
atem-se sobre quais as circunstâncias que levaram o indivíduo à prática daquele ato, e o que faz-se necessário para minimizar os efeitos colate-
ral daquele fato e seu impacto violador. O advogado do CREAS orienta essa família sobre como cessar a situação de risco e violação de direitos
e a equipe multidisciplinar promove o atendimento social e psicológico dessa família, a fim de que tais violações não mais ocorram. Note-se
que a atuação do CREAS não é investigativa e nem tem a pretensão de produção de provas. Entretanto, urge ressaltar que se no processo de
proteção do usuário, a responsabilização do autor se fizer necessária, esta será uma consequência inescapável.
Apenas a título de ilustração, se o CREAS recebe uma demanda sobre suspeita de abuso sexual infantil, a equipe técnica tem o dever legal de
notificar o Conselho Tutelar (para aplicação das medidas de proteção), bem como de orientar e encaminhar o usuário/família para a Delegacia
de Defesa da Mulher(para registro da ocorrência e apuração). Paralelamente a eventual processo de responsabilização, esta família segue
acompanhada pelo equipamento para ser fortalecida a sair da situação de risco. Essa é a proteção social especial.
Por fim, enquanto advogada do CREAS, incansavelmente devo frisar que o exercício da advocacia carrega em si uma responsabilidade social, uma
responsabilidade que transcende o mero labor. Trata-se de um ministério, o exercício de um sacerdócio e uma importante função social. O advogado é
o garantidor de que as liberdades individuais e coletivas sejam respeitadas na sociedade. É o profissional que ergue a voz em favor dos que não podem
defender-se, é quem tem a oportunidade de ser defensor dos desamparados, quem ergue a voz por justiça e defesa de direitos.

BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
BRASIL. Lei n.º 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Brasília, 1993. Disponível em www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742compilado.htm
SARAIVA. VadeMecum Saraiva. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

27
POSFÁCIO

Aldaíza Sposati
Professora titular da PUC‑SP, São Paulo, Brasil. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Seguridade e Assistência Social — NEPSAS do Programa de Estudos Pós‑graduados em Serviço Social.
E‑mail: aldaiza@sposati.com.br

Um primeiro entendimento que aqui se faz de início, é quanto à natureza de um posfácio. É preciso entender que a concepção de posfácio se trata
de uma reflexão de alguém externo aos autores do conteúdo de um livro que é realizada após um livro pronto. Essa reflexão é de teor explicativo e de
advertência, isto é, se trata de um pensar do que se leu, mas que se manifesta, para além do conteúdo lido.
Portanto as considerações que aqui faço remetem ao conteúdo, mas ao mesmo tempo, prenuncia alguns elementos que alimentam novas reflexões.
É preciso de início, saudar a iniciativa de uma equipe em disseminar suas reflexões sobre a institucionalidade em que atuam como agentes
de Estado, isto é, uma unidade de serviço de atenção social pública. Uma característica a se destacar é que o pronunciamento desses trabalha-
dores se dá sob a mediação de sua formação profissional que antecede ao trabalho nesse serviço de atenção social.
Afirma o texto dos psicólogos: a Psicologia foi absorvida pelo SUAS quando há a aprovação da Resolução de nº 17 de vinte de junho de
2011 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), que ratificou a resolução nº 269 de 2006, no qual aprovava a Norma Operacional
Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOBRH/SUAS), a atuação dos psicólogos como parte obrigatória integrante das equipes de serviços
socioassistenciais. O alcance das diversas profissões no interior da dinâmica das atenções prestadas pelo SUAS foi de intenso debate e nele
a parceria assistente social- psicólogo é uma composição integrada no conceito de equipe básica do SUAS. A mesma resolução instituiu a
presença de advogado na ação interprofissional do CREAS.
De acordo com a regulação do SUAS, compõem obrigatoriamente as equipes de referência: da Proteção Social Básica: Assistente Social e
Psicólogo, que atuam nos CRAS – Centro de Referência de Assistência Social; da Proteção Social Especial de Média Complexidade: Assistente
Social, Psicólogo e Advogado que atuam nos CREAS – Centro de Proteção Social Especializada.
Esta observação nos abriu campo para destacar duas questões:
- até onde a formação na graduação prepara o profissional para atuar em um serviço de atenção social e;
– quais são os nexos e articulações estabelecidos a partir do trabalho multiprofissional em um serviço de atenção social.
Quanto à primeira questão foi significativa a manifestação dos quatro psicólogos ao afirmar: “... nossa atuação foi muito guiada pelo bom
senso...nossa formação não nos preparou, e ainda não prepara, para a compreensão da interrelação entre o funcionamento social e a produção
do sofrimento psíquico. Dito de outro modo, o campo social ainda é um campo novo, porém, temos visto as inúmeras contribuições da ciência
psicológica para com o rompimento das expressões de desigualdades vivenciadas pelos sujeitos.”
Percebe-se aqui, o quanto é ainda um novo campo de saber o do sofrimento daqueles que permanecem sobre desproteção social. A sociedade
parece expressar um sentimento preconceituoso sobre aqueles que vivem desproteções e tem fragilidades de várias ordens para superá-las sozinhos.
Para o pensamento neoliberal, e, portanto, individualista, demandar proteção social é símbolo de fraqueza do indivíduo, e a superação não
pode recair sob a responsabilidade e financiamento do Estado. Os agentes devem ser a família – derivando a ação no familismo - e a sociedade-
derivando a ação para organizações privadas da sociedade civil em geral de natureza religiosa. Mistura-se e nega-se assim, o passível direito
de proteção social distributiva subordinada à prática religiosa de compaixão e da caridade do indivíduo.
A formação de psicólogos ao trazer o significado e os sentimentos da noção de sofrimento da exclusão, da desproteção, do preconceito é
fundamental no sentido da prevalência da condição humana e cidadã dos usuários de serviços de atenção social.
Note-se, por exemplo, que dificilmente a cultura dos serviços ou de seus agentes/ profissionais usam da linguagem de gênero que distingue
o usuário pelos artigos o/a. Via de regra são considerados um conjunto homogêneo de “necessitados”. No mais das vezes referidos pelo quan-
titativo e esquecidos suas distinções qualitativas.
Nessa condição as mulheres, embora maioria dentre usuários, são quase sempre esquecidas de sua condição feminina nos serviços socio-
assistenciais, quase de imediato são no processo de atenção funcionalizadas na condição mãe, e não raro até chamadas por mãe, sem nome
próprio. Este é um hábito tradicional que retoma valores do patriarcado relativos à submissão da mulher a vida privada e não cidadã. Como ser
coerente com a busca de afirmação de direitos sociais se o trato prestado não é coerente com tal condição?
Os psicólogos afirmam que é preciso que a formação em psicologia avance embora indiquem que o CRP publicou uma cartilha sobre as
ações dos psicólogos nas atenções socioassistenciais prestadas. De fato, se trata de uma publicação bastante interessante que deve ser ana-
lisada por todos os profissionais.
Para aqueles formados em Direito há uma preocupação quanto ao acesso do usuário a seus direitos fundamentais e sociais, mas também, do seu
acesso à Justiça, sobretudo por meio da Defensoria Pública. Afirmam que “a atuação do advogado do CREAS é não convencional. Esta atuação ainda
carece de regulamentação, vez que não abordada pelo Estatuto da OAB e nem pelo Código de Ética da OAB”.
Consideram que “a atuação desse profissional não se encaixa nas atividades privativas da advocacia descrita no Estatuto”. Afirmam que
não há regulação da presença do advogado no SUAS, o que dirá em um dos serviços, ou no CREAS. “Urge, dessa forma, que a Ordem dos
Advogados do Brasil se mobilize a respeito e se atualize frente às vicissitudes sociais que influenciam na atuação profissional e função social
do advogado que vão além da atuação convencional.”
Consideram que pela regulação dos serviços jurídicos do CREAS há uma “única indicação quanto às funções do advogado que é apenas a de rea-
lizar’ orientação sóciojurídica’.” Apontam que é preciso ampliar o empenho na ampliação debate teórico-metodológico desse novo campo de atuação.
Consideram que a designação da regulação oficial é reducionista:” ... o advogado atende os usuários dos serviços ofertados pelo equipamento, orien-
tando e ainda dando suporte para as equipes técnicas, respaldando e orientando os outros profissionais”. Embora essa perspectiva de ampliação da

28
cobertura do profissional do direito é feita uma ressalva: “A advocacia social não tem função jurisdicional. Os usuários da política de Assistência Social
não são “clientes” do advogado do CREAS, não podendo este peticionar ou ajuizar eventuais ações judiciais em nome deles”.
No que se refere a formação de graduação em Direito manifestam que:
” é inescapável um posicionamento da OAB quanto à urgente necessidade de atualização do currículo dos cursos de Direito, visando à inclu-
são de conteúdo na grade curricular referente à Política Pública de Assistência Social/SUAS, bem como o papel imprescindível do advogado na
gestão do SUAS e/ou nas equipes de referências dos CREAS, bem como para a efetivação dessa política.”
Os profissionais com graduação em Serviço Social não se pronunciam sobre sua formação se adequada ou não para o trabalho em um CREAS.
A visão que transmitem sobre a profissão implica corretamente em ser um exercício pautado em um conjunto de atitudes críticas com o
serviço, as políticas sociais, ao Estado, ao projeto de sociedade, todavia não se colocam face a face com os usuários. Mas reafirmam que con-
sideram que a função do profissional é a de defesa irrestrita dos direitos sociais dos usuários. Não fica claro, porém como isto impacta a ação.
É afirmado que a ação do profissional implica em atendimentos individualizados e familiares, visitas domiciliares, elaboração de relatórios,
estudo socioeconômico. Caso essa seja afirmação algo quer conste da regulação do CREAS não é realizada nenhuma crítica a ela, como por
exemplo se ouviu dos representantes do direito.
Um dos artigos faz uma leitura interpretativa do que cabe ao CREAS: oferta serviço de apoio, orientação e acompanhamento à família, com um ou
mais de seus membros, em situação de ameaça ou violação de direitos; atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preser-
vação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais para o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de
condições que as vulnerabilizam e/ou as submetam à situação de risco pessoal e social. Percebe-se aqui um avanço relacional perante o usuários e
as expressões de suas desproteções os sociais. Todavia esse conteúdo não é reproduzido deforma unanime entre os três grupos de profissionais.
Note-se que na perspectiva de direitos, sua isonomia e universalidade, é descabida a função de estudo socioeconômico, sobretudo indivi-
dual. A centralidade da atenção, e não de atendimento, é a manifestação de desproteção social como uma das expressões da questão social. A
condição de sentir-se protegido não depende só do indivíduo e de sua capacidade financeira de consumo. Estar protegido, foi citado no texto,
é contar com, isto é depende das condições objetivas de onde vive a pessoa, a família, o conjunto de uma população. Como mora, onde mora
com o que conta onde vive seu cotidiano. A proteção social é relacional e não individual.
Não se percebe nas funções citadas do profissional no CREAS, por exemplo, a dimensão relacional da visita domiciliar. Ocorrer a visita para o
profissional saber como a família vive, é muito distante de fazer uma escuta no próprio espaço cotidiano da reprodução social da família. Suas
relações, seus acessos, as condições concretas sobre onde permanecem os filhos enquanto mulheres e homens da família trabalham. Com
que serviços podem contar no bairro. Qual a qualidade desses serviços. Como se sentem como usuários desses serviços?
É importante também analisarmos até onde os relatórios são instrumentos de defesa de direitos dos usuários. A defesa irrestrita dos direitos dos
usuários exige que se tenha presente o papel de defesa daquilo que se escreve e registra. Os registros não podem ser tomados como atos burocráticos
e administrativos, mas como espaço possível de defesa de direitos. A perspectiva é a de construir um modo de registro que traduza a escuta das
desproteções dos usuários como violação de seus direitos.
Expressei aqui duas preocupações que gostaria de retomar. Uma diz respeito à linguagem que se adota nos registros, ou mesmo nas relações
com os usuários. Outra pelas nomenclaturas que tradicionalmente utilizamos no âmbito da política de assistência social.
A superação da linguagem policial em nominar o elemento, isto ou aquilo, é um bom início. Ele/ela é um morador, um cidadão, tem uma
posição relacional familiar. Superar a linguagem indistinta no trato é fundamental. Por certo que, em momentos coletivos, há de se tomar de
categorias que assemelhem a condição de classe, de trabalhador, de faixa etária, etc.
Um dos pontos que tenho insistido em minhas manifestações diz respeito à linguagem que se usa referida ao profissional e não, ao usuário.
Considero que a defesa irrestrita dos direitos dos usuários implica em usarmos, profissionalmente, nos serviços sociais de uma linguagem não
hierarquizada que subordina o sujeito de direitos, o usuário, ao técnico que o atende.
Ao nominar atendimento, aquilo que se relaciona com o sujeito de direitos, estamos falando do profissional e não da relação entre os dois,
usuário-profissional. Entendo que o correto é nominarmos como atenção ao usuário. A concepção de atenção não é fugaz como a de atendi-
mento. Este revela uma atitude de quem atende, mas como atende e o que envolve esse atendimento, pode ser desde um risco no papel, um
alô no telefone, e mais nada. Não há compromisso com o resultado dessa ação.
O sentido de atenção por ser ativo nos convoca para pensar no que e como, será feito e o que resultará.
Entre profissionais do SUAS há ainda traços da linguagem expressos em linguagem do patrimonialismo. O usuário é um necessitado. É assim
que se decodifica o usuário de serviço sócio assistencial. É desmanchado in limine a condição de cidadão. Esse linguajar desperta pena, com
paixão, mas não a relação de igualdade de direitos sociais.
A presença de traços s de hierarquização na relação profissional-usuário ainda é um campo pouco trabalhado e aqui, dei algumas pinceladas
para estimular a que a equipe possa desvendar novas aproximações. Aliás o texto já contém um ponto bastante pertinente para reflexão. A
concepção de centro especializado pode levar ao entendimento que ali estão os diferentes, os não iguais e ser motivo de preconceito. Há de
fato alguns pensadores do campo, que consideram que deveria haver somente os CRAS e não CRAS e CREAS. Consideram que a diferença
trata de um modo de organização do Estado que pode contaminar a ação e ser classificatória da população usuária.
As reflexões que apresento neste Posfácio sem dúvida tem uma intencionalidade: encontrar pontos comuns que possam traçar elementos
para compor uma proposta multiprofissional de equipe.
Afinal, o todo não é soma das partes e, sim, uma nova construção de totalidade. Entendo que a equipe está preparada para um debate inter-
profissional que enxergue os pontos de unidade e, não, de distinção.

Parabéns!

29
ANEXOS
PROTOCOLOS, INSTRUMENTOS E
PROPOSTA METODOLÓGICA

30
CONCEPÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS

CENTRO
CRAS
POP

VULNERABILIDADE
SOCIAL

EXCLUSÃO CONCEPÇÕES RISCO PESSOAL


SOCIAL TEÓRICO-PRÁTICAS E SOCIAL

RUPTURA DE
VÍCULOS

SERVIÇOS
DE ALTA CREAS
COMPLEXIDADE

31
CREAS MEDIDA SOCIOEDUCATIVA:
PSC/LA

DEMANDA
PODER JUDICIÁRIO E FUNDAÇÃO CASA
APRESENTAÇÃO DO SERVIÇO

ACOLHIDA INICIAL
• INFORMAÇÕES SOBRE
O PROCESSO JUDICIAL
• DISPOSIÇÕES DO ECA
FASE INICIAL DE ELABORAÇÃO DO PLANO
INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO - PIA

ENTREGA DE MATERIAIS
ENVIO PRELIMINAR DO PIA PARA INFORMATIVOS
O PODER JUDICIÁRIO

ACOMPANHAMENTO
ATENDIMENTO
DE LIBERDADE ASSISTIDA - LA ATENDIMENTO AOS
FAMILIAR DOS ADOLESCENTES
E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO A EGRESSOS
INSTITUCIONALIZADOS
COMUNIDADE - PSC

• ATENDIMENTO INDIVIDUAL • ATENDIMENTO FAMILIAR • ATENDIMENTO


E FAMILIAR • VISITA DOMICILIAR • ORIENTAÇÃO SOCIOFAMILIAR
• VISITA DOMICILIAR
• ORIENTAÇÃO SOCIOFAMILIAR • ENCAMINHAMENTOS
• VISITA INSTITUCIONAL
• ORIENTAÇÃO SOCIOFAMILIAR • CADASTRAMENTO • REGISTRO DE ATENDIMENTO
• REUNIÃO DE PACTUAÇÃO DO PIA • ENCAMINHAMENTOS • ARTICULAÇÃO COM A REDE
COM AS POLITICAS SETORIAIS E • REGISTRO DE ATENDIMENTO SOCIOASSISTENCIAL E
SOCIOASSISTENCIAIS
• ARTICULAÇÃO COM A REDE INTERSETORIAL
• ENCAMINHAMENTOS
• ESTUDO DE CASO SOCIOASSISTENCIAL E • INTERLOCUÇÃO COM AS
• RELATÓRIO SOCIAL E PSICOLÓGICO INTERSETORIAL UNIDADES DA FUNDAÇÃO CASA
• RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO • REUNIÃO MENSAL COM FAMÍLIAS
MENSAL
• INTERLOCUÇÃO COM AS
• REGISTRO DE ATENDIMENTO
• PARTICIPAÇÃO EM AUDIÊNCIAS UNIDADES DA FUNDAÇÃO
• REUNIÃO MENSAL COM FAMÍLIAS • VIABILIZAR TRANSPORTE
• ARTICULAÇÃO ENTIDADES PARA AS UNIDADES DA
SOCIOASSISTENCIAS PARA FUNDAÇÃO CASA
CUMPRIMENTO DE PSC
• ACOMP. DESENVOVIMENTO
E FREQUÊNCIA DE PSC

AÇÕES COMPLEMENTARES

• AVALIAR O TRABALHO DESENVOLVIDO


• ELABORAR DIAGNÓSTICO TRIMESTRAL E ANUAL
• PLANEJAMENTO DO EVENTO DE MSE
• CONFECÇÃO DE RELÁTORIOS DESCRITIVO DAS REUNIÕES

32
CREAS PAEFI
SERVIÇO DE APOIO, ORIENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO A FAMÍLIAS COM UM OU
MAIS DE SEUS MEMBROS EM SITUAÇÃO DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS.

Acolhimento: Primeiro atendimento onde o caso é exposto à equipe e o usuário recebe orientações iniciais.

Plantão
Acompanhamento no serviço e na
Encaminhamentos para outros programas
Rede Socioassistencial.
e serviços da rede municipal

At. Individual: Atendimento Visitas domici- Articulação insti- Assessoria jurí- Referenciar a fa-
Atendimento rea- em Grupo: liares: Objetiva tucional Trabalho dica: Orientação mília na proteção
lizado pela equipe Atendimento vol- conhecer melhor de articulação de demandas social básica.
psicossocial com tado a crianças, o ambiente e a com os demais relacionadas a
as vítimas e seus adolescentes e dinâmica familiar serviços do questões legais.
familiares. familiares com das pessoas município.
objetivo de for- atendidas.
talecer vínculos
e proporcio-
nar ambiente
favorável ao
desenvolvimento
da autonomia,
autoestima, e
ressignificação
da situação de
violação viven-
ciada.

PSB/CRAS

Desligamento
Contra referenciar as famílias à PSB quando verificado a
superação da violação de direitos, a pedido da família ou
por não adesão ao acompanhamento.

Rede socioassistencial

33
CREAS
SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL PARA PESSOAS
COM DEFICIÊNCIA, IDOSAS E SUAS FAMÍLIAS

Acolhimento: Primeiro atendimento onde a situação é exposta à equipe e o usuário recebe orientações iniciais,
como também, sobre o que é o serviço e o CREAS.

Plantão
Acompanhamento no serviço
Encaminhamentos para outros programas
e na Rede Socioassistencial.
e serviços da rede municipal.

At. Individual: Atendi- Atendimento em Visitas domiciliares: Articulação institu- Assessoria jurídica:
mento realizado pela Grupo: Atendimento Objetiva conhecer cional Trabalho de Orientação de de-
equipe com idosos/ socioeducativo vol- melhor o ambiente e articulação com os mandas relacionadas
PCD/familiares/cui- tado aos cuidadores, a dinâmica familiar demais serviços do a questões legais.
dadores. em parceria com das pessoas aten- município.
CRAS com objetivo didas.
de fortalecimento de
vínculos familiares,
como também,
potencialização dos
cuidadores, preve-
nindo a sobrecarga e
desgaste de vínculos
provenientes da
relação de prestação/
demanda de cuida-
dos permanentes/
prolongados.

PSB/CRAS

Desligamento
Contra referenciar as famílias à PSB quando verificado a
superação da violação de direitos, a pedido da família ou
por não adesão ao acompanhamento.

Rede socioassistencial

34
FLUXO METODOLÓGICO DE ATENDIMENTO
INICIAL DO CREAS DE ANDRADINA

Recebimento de demanda inicial

Acolhida multiprofissional
• Assistente social
• Psicólogo
• Advogada

Não aceitou o Aceitou o


acompanhamento acompanhamento
• Preencher o termo • Prencher o termo

Elaboração dos estudos


Encaminhar relatório pela equipe e elaboração
informativo aos orgãos do PAF - Plano de Acom-
de direitos panhamento

Mulher vítima Pessoa com Criança e


Idoso
de violência deficiência adolescente

Delegacia de
Anexo de Ministério Conselho de Ministério Ministério Conselho
Defesa da
violência Público Idosos Público Público Tutelar
Mulher

35
INDICADORES DE TRABALHO SOCIAL NO CRAS E CREAS:
RELAÇÃO DE COMPLEMENTARIEDADE NÃO DE DISPUTA

CRAS

VULNERABILIDADE VULNERABILIDADE
ECONÔMICA RELACIONAL

CRAS

EMINÊNCIA DE RISCO – NOTIFICAÇÃO


DE VULNERABILIDADE E RISCO

CREAS

RISCO PESSOAL VIOLAÇÃO


E SOCIAL DE DIREITO

36
DESCRIÇÃO DE UMA PROPOSTA DA METODOLOGIA
PARA O TRABALHO SOCIAL DO CREAS (PROTOCOLO)
1) Acolhida Inicial: Atendimento em conjunto das áreas (Serviço Social, Direito e Psicologia). Destacar nesse atendimento o
trabalho do CREAS, o serviço, a equipe, a finalidade do atendimento e verificar se o usuário deseja receber os atendimentos,
caso o contrário, assinar o termo de recusa. Em seguida separa para os atendimentos individuais de cada equipe no mesmo
dia. Se o usuário não aceitar, deverão ser informados os órgãos competentes:

- Criança/Adolescente: Conselho Tutelar, Promotoria, Judiciário;


- Adulto: Anexo da Mulher, DDM,
- Idoso: Promotoria do Idoso, DDM,
- Pessoa com deficiente: Promotoria, DDM,

Lembretes:

1) Os anexos I e II deverão ser elaborados dentro do processo descrito acima, como também, dentro dos estudos;
2) Não encontrou o usuário/família para o início do trabalho, em 10 dias, tem que informar aos órgãos competentes,
destacando as atividades efetuadas para o início do trabalho (Justificativa);
3) Quando chegarem ofícios do MP e do Poder Judiciário com prazos inferiores a 30 dias, deveremos na coordenação
solicitar dilação dos prazos, principalmente em situações que não estão em acompanhamentos pelas equipes.

2) Prazo para elaborar dos estudos de cada área: (lembrando que nas pastas devem estar os estudos transformados em
relatórios, com cópia nas pastas) 30 dias;

3) Reunião de equipe multidisciplinar: em cinco dias, após a finalização dos estudos.

4) Elaboração do PAF (Planejamento das metas com a família): Cinco dias, após a reunião multidisciplinar;

5) Acompanhamento pelo mínimo estimado entre as equipes.

6) Monitoramento Mensal das ações;

7) Avaliação para o desligamento e encaminhamento para o CRAS de referência

37
  FICHA INICIAL DE ATENDIMENTO 14
Data do primeiro atendimento multidisciplinar: ____ / _____ / __________ Data de Saída: ____ / _____ / __________
Nome___________________________________________________________________D/N: _____ / ______ / _______
Endereço: ________________________________________________________________nº. _______ Bairro: _________

Desproteções do perfil PAEFI: (De açodo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais)

( ) - Violência física,;
( ) - Violência psicológica;
( ) - negligência;
( ) - Violência sexual: abuso;
( ) - Violência sexual: exploração sexual;
( ) - Afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida socioeducativa ou medida de proteção;
( ) - Tráfico de pessoas;
( ) - Situação de rua e mendicância;
( ) - Abandono;
( ) - Vivência de trabalho infantil;
( ) - Discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia;
( ) - Outras formas de violação de direitos decorrentes de discriminações/submissões a situações que provocam danos
e agravos a sua condição de vida e os impedem de usufruir autonomia e bem-estar; _________________________________

Data da realização do Cadastro-único: ______/ _______ / ___________


Datas de encaminhamentos o CRAS: ______/ _______ / ___________

Datas de realização dos relatórios:

Datas dos atendimentos individuais:

Datas das visitas domiciliares:

Composição Familiar: (Origem, extensa e de vivência):


Nome Data de nascimento Parentesco Endereço Telefone

14 Toda vez que a família iniciar o acompanhamento, será realizado uma ficha inicial novamente. O instrumental foi elaborado a partir do FORMULÁRIO DE REGISTRO
MENSAL DE ATENDIMENTOS DO CREAS DO MDS.
38
TERMO DE ACEITE

Eu, _________________________________________, nascido(a)

em _________, portador(a) do RG n.º _____________________, declaro que

aceito participar do atendimento e acompanhamento individual e/ou familiar pelo

Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), através do Serviço

__________________________________________________________.

_____________________, ____ de ______________ de 20___.

Equipe técnica Responsável:

Familiares

39
TERMO DE RECUSA

Eu, _________________________________________, nascido(a)

em _________, portador(a) do RG n.º _____________________, declaro que

me recuso a participar do atendimento e acompanhamento individual e/ou familiar

pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), através

do Serviço de ________________________________

Justifica, ainda, que _____________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________, ____ de ______________ de 20___.

Equipe técnica Responsável:

Familiares

40
  ROTEIRO BÁSICO PARA O ESTUDO SOCIOECONÔMICO 15
I - IDENTIFICAÇÃO:

1.1 Identificação do Estudo:

1.1 Objetivo do Estudo:


1.2 Serviço Socioassistencial responsável:
1.3 Requerido:
1.4 Data de Nascimento:
1.5 Documentos pessoais:
1.6 Endereço:
1.7 Telefone:
1.8 Dados do território:
1.9 Dados do procedimento judiciais (caso houver)
1.10 Demanda Inicial: (Descrever a procedência)

II – PROCEDIMENTOS-METODOLÓGICOS:

III - COMPOSIÇÃO FAMILIAR: (Destacar todos os dados da família, incluindo de origem, extensa, comunitária e do próprio requerente)

N° NOME COMPLETO (COMEÇAR A SEXO DATA DE IDADE PARENTESCO COM A ESCOLARI- TELEFONE
LISTA PELA PESSOA DE REFERÊNCIA NASCIMENTO PESSOA DE REFERÊNCIA DADE
1

IV - CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS:

V - CONDIÇÕES DE SAÚDE:

• Lembrando que quando for relatada situação de saúde, necessária articulação com os setores de saúde para comprovação de tal feito.
• Incluir qual a doença / unidade que concedeu o laudo / faz uso de medicamentos /

VI – SITUAÇÃO EDUCACIONAL:

VII – CONDIÇÕES HABITACIONAIS:

VIII – HISTÓRICO FAMILIAR/RELATÓRIO:

IX –PARECER SOCIAL:

Andradina/SP, 19 de Junho de 20___

_________________________________________
Nome e assinatura do profissional
Registro no CRESS

15 De acordo com a Lei de Regulamentação e o Parecer Jurídico do CFESS, os estudos socioeconômicos é uma atribuição do assistente social no exercício de seu trabalho profissional.

41
RELATÓRIO INFORMATIVO

I – IDENTIFICAÇÃO:
Nome do responsável:
Data de Nascimento:
RG:
CPF:
Endereço:
Telefone:

Nome da Criança:
Data de Nascimento:

Objetivo da demanda:

II – RELATÓRIO:
Anotar apenas uma informação. Requisitar informações.

Andradina/SP, ___ de ______ de 20___

________________________________
NOME DO TÉCNICO
FUNÇÃO/CARGO
NÚMERO DO REGISTRO

42
MODELO DE PLANEJAMENTO PARA A OFICINA FECHADA

I – IDENTIFICAÇÃO:
II - OBJETIVO GERAL:
III - OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
IV - Nº DE PARTICIPANTES PREVISTO:
VI – METODOLOGIA:
VII – RECURSOS:
VIII - CRONOGRAMA:
IX - AVALIAÇÃO:

Andradina/SP, ___ de ______ de 20___

________________________________
NOME DO TÉCNICO
FUNÇÃO/CARGO
NÚMERO DO REGISTRO

43
MODELO DE RELATÓRIO AVALIATIVO OFICINA FECHADA

I - IDENTIFICAÇÃO
TEMA:
DATA: HORÁRIO:
Nº DE CONVIDADOS: Nº DE PARTICIPANTES:
OBJETIVO:
TÉCNICOS RESPONSÁVEIS:

II - DESENVOLVIMENTO

III - AVALIAÇÃO

Andradina/SP, ___ de ______ de 20___

44
RELATÓRIO SOCIAL
I - IDENTIFICAÇÃO:

1.1 Identificação da Equipe do CREAS:

Serviço:
Técnica Responsável:
Endereço do CREAS:
Telefone do CREAS:
Data de entrada no serviço:

1.2 Identificação da família:

1.2.1 Responsável familiar:

Nome:
Data de Nascimento:
Filiação:
RG:
CPF:
CN:
Escolaridade:
Profissão:
Endereço:
Telefone:

1.2.2 Dados de outros membros familiares de origem:

Nome:
Data de Nascimento:
Filiação:
RG:
CPF:
CN:
Escolaridade:
Profissão:

1.2.3 Dados de outros membros familiares extensa:

Nome:
Data de Nascimento:
Filiação:
45
RG:
CPF:
CN:
Escolaridade:
Profissão:
Endereço:
Telefone:

II – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Descrever aqui quais foram as técnicas, instrumentos, métodos utilizados para elaboração do relatório.
Ex: Realização de visita domiciliar com o responsável familiar; Entrevista familiar com o responsável e o
adolescente; Encaminhamento para o CRAS afim de cadastramento no CAD/ÙNICO

III – RELATÓRIO:

Objetivo do relatório:
Síntese dos atendimentos:
Descrever as solicitações e os objetivos das mesmas.
Descrever como as informações serão utilizadas?

IV – PARECER SOCIAL:

Andradina/SP, ___ de ______ de 20___

________________________________
NOME DO TÉCNICO
FUNÇÃO/CARGO
NÚMERO DO REGISTRO

46
ITENS PARA UM RELATÓRIO TÉCNICO DE
ACOMPANHAMENTO (MULTIPROFISSIONAL)

I – IDENTIFICAÇÃO:

II- DESENVOLVIMENTO:

III - PARECER SOCIAL

IV – CONSIDERAÇÕES PSICOLÓGICAS:

V – PARECER JURÍDICO:

47
CARTA DE ORIENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
(destinado para as famílias com sujeitos idosos e pessoa com deficiência)

SRs. e SR(as). _________________________________________________________

Em relação à situação da (o)_____________________________________ e seus filhos,


_______________________________________________________, este Centro de Re-
ferência Especializado de Assistência Social – CREAS, através da equipe técnica, ora assina-
do abaixo, _________________________________________________________,pro-
moveu intervenções ao núcleo mencionado.
Para a presente orientação e recomendação, foram realizados atendimentos psicossociais,
atendimento e orientação social e reunião familiar, a fim de discussão acerca de possibilida-
des de articulações/ações.
Desta forma, é de extrema importância relatar que ao longo das intervenções realizadas, foi
refletido sobre possíveis ações, tais como:______________________________
____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________

As informações acima servem de orientação e recomendação, no qual, vem assinado abai-


xo pela equipe, bem como pela família/usuário do serviço.

CIENTES:

48
RELATÓRIO DE ATIVIDADES MENSAL
DO SERVIÇO SOCIOASSISTENCIAL

MÊS: ___________________________
SERVIÇO: _______________________

ANDRADINA/SP
MÊS/ANO

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

49
1. INDENTIFICAÇÃO

1.1 Identificação da Equipe:

NOME CARGO QUALIFICAÇÃO CARGA HORARIA R. DE TRABALHO

1.2 Identificação do Serviço:

SERVIÇO:

PÚBLICO-ALVO:

II- DADOS QUANTITATIVOS DO SERVIÇO E TRABALHALHO SOCIAL ESSENCIAL:

2.1 PAEFI:

PUBLICO ALVO CAPACIDADE DE ATENDIMENTO DEMANDA REPRIMIDA

ACOMPANHAMENTOS ATENDIDOS

Nº VIOLAÇÕES DE DIREITOS QUANTIDADE DE USUÁRIOS NO PERFIL

A Violência física, psicológica e negligência

B Violência psicológica

C Negligência

D Violência sexual: abuso ou exploração sexual

E Afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida socioeducativa ou medida de


proteção
F Tráfico de pessoas

G Situação de rua ou mendicância

H Abandono

I Violência de trabalho infantil

J Discriminação em decorrência da orientação sexual/raça ou etnia

K Outras formas de violação de direitos decorrentes de discriminação/submissões a situação


que provocam danos e agravos a suas condições de vida e os impedem de usufruir autono-
mia e bem-estar
L Descumprimento de condicionalidades do PBF e do PETI em decorrência de violação de
direitos

50
Nº INSTRUMENTOS E TECNICAS QUANTIDADE

01 Acolhida

02 Escuta: contato telefônico, A.D

03 Estudo social/psicológico e sócio jurídico

04 Diagnóstico socioeconômico

05 Monitoramento e avaliação do serviço / discussão de caso

06 Orientação e encaminhamento para rede de serviços locais

07 Construção de plano individual e/ou familiar de atendimento

08 Orientação sociofamiliar

09 Atendimento psicossocial

10 Orientação jurídico-social

11 Referência e contrareferência

12 Informação, comunicação e defesa de direitos

13 Apoio à família na sua função protetiva

14 Acesso à documentação pessoal

15 Mobilização, identificação da família extensa ou ampliada

16 Articulação de rede de serviços socioassistenciais

17 Articulação com os serviços de outros Políticas Públicas setoriais

18 Articulação interinstitucional com demais órgão do sistema de garantia de direitos

19 Mobilização para o exercício da cidadania

20 Trabalho interdisciplinar

21 Elaboração de relatórios e /ou prontuários

22 Estímulo ao convívio familiar,grupal e social

23 Mobilização e fortalecimento do convívio e de redes sociais de apoio

24 Visita domiciliar

25 Grupos/ reuniões /oficinas Socioeducativa

26 Produção de orientações técnicas e materiais informativos

27 Proteção social pró-ativa

28 Desenvolvimento de projetossociais

29 Encaminhamentos para o CRAS

30 Encaminhamento para o CCI

31 Encaminhamento para o CAPS ad

32 Encaminhamento para o CAPS I

51
III - DESENVOLVIMENTO DE TODAS AS AÇÕES:

3.1 Área do Serviço Social:

Aqui devem ser descritos: As principais ações desenvolvidas. A avaliação do


Serviço. O planejamento das ações para o próximo mês.

3.2 Área da Psicologia:

Aqui devem ser descritos: As principais ações desenvolvidas. A avaliação do


Serviço. O planejamento das ações para o próximo mês.

3.3 Área do Direito:

Aqui devem ser descritos: As principais ações desenvolvidas. A avaliação do


Serviço. O planejamento das ações para o próximo mês.

IV – DATA, NOME E ASSINATURAS:

Andradina/SP, ___ de ______ de 20___

52
PLANO DE ACOMPANHAMENTO FAMILIAR
PLANO DE ACOMPANHAMENTO FAMILIAR - PAF
DATA:____/____/____

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

NOME DO RESPONSÁVEL FAMILIAR: D.N:

NOME SOCIAL:

APELIDO:

RG: CPF:

ENDEREÇO: TELEFONE:

Nº: COMPLEMENTO: CEP:

MUNICÍPIO: ESTADO: CEP:

PONTO DE REFERÊNCIA:

Nos casos de famílias em Situação de Rua indicar endereço de referência.

53
2. COMPOSIÇÃO FAMILIAR

Nº NOME COMPLETO (COMEÇAR SEXO DATA DE IDADE PARENTES- ASSINALAR RAÇA / ASSINALE CASO SEJA NECESSÁRIO
A LISTA PELA PESSOA DE NASCIMENTO CO COM A EM CASO DE COR / PROVIDENCIAR DOCUMENTAÇÃO
REFERÊNCIA PESSOA DE PESSOA COM ETNIA CIVIL DA PESSOA
REFERÊNCIA DEFICIÊNCIA
1 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

2 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

3 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

4 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

5 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

6 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

7 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

8 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

9 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

10 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

11 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

12 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

13 ( )M ( )F ___/___/___ ( )CN ( )RG ( )CTPS ( )CPF ( ) TE

2.1 PERFIL ETÁRIO DO GRUPO FAMILIAR

FAIXAS ETÁRIAS QTD. DE PESSOAS QTS. DE PESSOAS QTD. DE PESSOAS


(ATUALIZAÇÃO) (ATUALIZAÇÃO)
Pessoas de 0 a 6 anos

Pessoas de 7 a 14 anos

Pessoas de 15 a 17 anos

Pessoas de 18 a 29 anos

Pessoas de 30 a 59 anos

Pessoas de 60 a 64 anos

Pessoas de 65 a 69 anos

Pessoas com 70 anos ou mais

Total de pessoas na família

ESPECIFICIDADES SOCIAIS, ÉTNICAS OU CULTURAIS DA FAMÍLIA


( ) Família/pessoa em situação de rua
( ) Família quilombola
( ) Família ribeirinha
( ) Família cigana
( ) Família indígena residente e, aldeia/reserva
Especifique o povo/etnia: ________________________________________________
( ) Família indígena não residente em aldeia/reserva
Especifique o povo/etnia: ________________________________________________
( ) Outras: _____________________________________________________________
54
2.2 Em todas as CN constam o nome do genitor? ( )SIM ( )NÃO

2.3 Caso os pais não vivam juntos, o genitor/avós prestam auxílio financeiro? ( )SIM ( )NÃO

2.4 Em caso de idosos, os filhos prestam auxílio material? ( )SIM ( )NÃO

3. PROCEDÊNCIA DA FAMÍLIA

3.1. A família/pessoa chegou ao serviço por meio de:


( ) Busca Ativa ( ) Vara da infância e da juventude

( ) Procura espontânea ( ) CRAS 1

( ) Saúde ( ) CRAS 2

( ) Educação ( ) CRAS 3

( ) Conselho Tutelar ( ) Outras Políticas Públicas. Qual?

( ) Delegacia ( ) Outros. Indique:

( ) Conselhos de Direitos

3.2. Com os seguintes documentos encaminhados:


( ) Relatório do caso ( ) Termo de aplicação de medidas

( ) Guia de Acolhimento ( ) Plano Individual de Atendimento (PIA)

( ) Outros. Quais?

3.3. Motivo da Procura/Encaminhamento:

4. CADASTRO ÚNICO 16

4.1. A família está cadastrada no CADASTRO ÚNICO?


( ) NÃO ( ) SIM
NIS:
Data da última atualização:

16 PARA IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA FAMÍLIA, UTILIZAR O FORMULÁRIO DO CADÚNICO E ANEXAR A CÓPIA DO FORMULÁRIO PREENCHIDO. *CASO A FAMÍLIA JÁ
ESTEJA CADASTRADA NO CADÚNICO, ANEXAR CÓPIA DO FORMULÁRIO PREENCHIDO.
55
5. PROGRAMAS SOCIAIS

5.1. Participa de PROGRAMAS SOCIAIS e TRANSFERÊNCIA DE RENDA?


( ) SIM ( ) NÃO

Em caso positivo. Quais?


( ) Bolsa Família R$
( ) Renda Cidadã R$
( ) Ação Jovem R$
( ) Municipal R$
( ) PETI R$
( ) BPC R$
( ) Outros. Qual? R$

5.2. Recebe algum outro benefício assistencial e/ou eventual (cesta básica, luz, aluguel, leite, entre outros?
( ) Não ( ) Sim. Quais?

6. REDE DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS

6.1. Utiliza serviços?


( ) Não ( ) Sim. Quais?

6. REDE DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS


Nº PRIMEIRO NOME (LISTE AS IDADE POSSUI CARTEIRA CONDIÇÃO DE POSSUI QUALIFI- CASO RENDA MENSAL(R$)
PESSOAS OBEDECENDO SEMPRE O DE TRABALHO? OCUPAÇÃO CAÇÃO PROFISSION- SIM, AQUI NÃO DE VEM SER CONSIDER-
MESMO N° DE ORDEM AL? QUAL? ADOS RECURSOS RECEBIDOS DE
PROGRAMAS SOCIAIS, TAIS COMO BPC
OU BOLSA FAMÍLIA
1 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
2 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
3 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
4 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
5 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
6 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
7 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
8 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
9 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
10 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
11 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
12 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
13 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO
14 ( )SIM ( )NÃO ( )SIM ( )NÃO

*Códigos da Condição de Ocupação:0- Não trabalha; 1- Trabalhador por conta própria(bico/autônomo); 2- Trabalhador temporário em área rural; 3- Empregado sem
carteira de trabalho assinada; 4- Empregado com carteira de trabalho assinada; 5- Trabalhador doméstico sem carteira de trabalho assinada; 6- Trabalhador doméstico com
carteira assinada; 7- Trabalhador não-remunerado; 8- Militar ou servidor público; 9- Empregador; 10- Estagiário; 11- Aprendiz (em condição legal)

56
Renda total da família: (Sem considerar a renda recebida de programas sociais)

R$__________ Atualizações: R$___________/R$_______________________

Renda familiar per capita (sem considerar a renda recebida de programas sociais)

R$___________ Atualizações: R$______________ /R$______________________

A família recebe dinheiro de algum Programa Social?

( )Não ( )Sim Atualizações ( )S ( )N / ( )N ( )S

Anote os valores recebidos pela família por meio de Programas Sociais

( ) Bolsa Família Valor:R$________ Atualizações: R$_______ R$_________

( ) BPC- Valor:R$________ Atualizações: R$_______ R$_________

( ) PETI- Valor:R$________ Atualizações: R$_______ R$_________

( ) Outros Valor:R$________ Atualizações: R$_______ R$________

Para famílias que recebem o BPC, indique o número de ordem da(s) pessoa(s) beneficiária(s):

N° de Ordem da(s) pessoa(s):___________________________________________________

Algum membro da família é aposentado ou pensionista?

( )Não ( )Sim. Se sim, indique o n° de ordem da(s) pessoa(s):_________________________

Qual a renda total da família, incluindo o valor recebido de Programas Sociais?

R$________________Atualizações: R$_____________/R$______________________

Qual a renda familiar per capita, incluindo o valor recebido de Programas Sociais?

R$______________Atualizações: R$_________________/R$________________________

57
ATENÇÃO! Fique atento para identificar famílias potencialmente elegíveis aos programas de transferência de renda e que
ainda não recebem o benefício ao qual têm direito. Observe sempre as regras específicas de cada Programa/Benefício.

8. CONDIÇÕES EDUCACIONAIS DA FAMÍLIA

Nº PRIMEIRO NOME (LISTE AS PESSOAS IDADE SABE LER E ESCREVER? FREQUENTA ESCOLA ESCOLARIDADE ( ÚLTIMA SÉRIE
OBEDECENDO SEMPRE O MESMO N° DE ORDEM) ATUALMENTE? CONCLUÍDA COM APROVAÇÃO)
( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

( )Sim ( )Não

CÓDIGOS DE ESCOLARIDADE

00- Nunca frequentou 13-3° ano E. Fund. 18-8° ano E. Fund. 30-Superior Incompleto
01-Creche 14-4° ano E. Fund. 19-9° ano E. Fund. 31-Superior Completo
02-Educação Infantil 15-5° ano E. Fund. 21-1°ano E. Médio 40-EJA-Ens. Fund.
11-1° ano E. Fund. 16-6° ano E. Fund. 22- 2° ano E. Médio 41-EJA-Ens. Médio
12-2° ano E. Fund. 17-7° ano E. Fund. 23- 3° ano E. Médio 99- Outros

IDENTIFICAÇÃO DE VULNERABILIDADE EDUCACIONAL

FAIXAS ETÁRIAS QTD. DE PESSOAS QTD. DE PESSOAS QTD. DE PESSOAS


(ATUALIZAÇÃO) (ATUALIZAÇÃO)
Qtd. De pessoas entre 0 e 3 anos que não estão frequentando educação infantil

Qtd. De pessoas entre 4 e 5 anos que não estão frequentando ensino infantil

Qtd. De pessoas entre 6 e 10 anos que não estão frequentando escola

Qtd. De pessoas entre 10 e 14 anos que não estão frequentando escola

Qtd. De pessoas entre 15 e 17 anos que não estão frequentando escola

Qtd. De pessoas entre 10 e 17 anos que não sabem ler e escrever

Qtd. De pessoas entre 18 e 59 anos que não sabem ler e escrever

Qtd. De pessoas com 60 anos ou mais que não sabem ler e escrever

58
ANOTAÇÕES SOBRE O DESCUMPRIMENTO DE CONDICIONALIDADE DE EDUCAÇÃO NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA
N° DE ORDEM DATA DA OCORRÊNCIA EFEITO* SOLICITADA SUSPENSÃO DO *CÓDIGOS PARA OS EFEITOS GERADOS POR DESCUMPRIMENTO
(MÊS/ANO) (CÓDIGO) EFEITO? DE CONDICIONALIDADES
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO
1. Advertência
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO
2. Bloqueio
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO
3. Suspensão
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO 4. Cancelamento
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO

___/___ ( ) SIM ( ) NÃO

___/___ ( ) SIM ( ) NÃO

9. CONDIÇÕES DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Caso haja presença de pessoa com deficiência na família, preencha o quadro abaixo:

N° DE ORDEM PRIMEIRO NOME *TIPO(S) DE NECESSITA DE CUIDADOS CON- QUEM É O RESPONSÁVEL PELO DEFICIENTE
DEFICIÊNCIA(S) STANTES DE OUTRA PESSOA
( ) SIM ( ) NÃO

( ) SIM ( ) NÃO

( ) SIM ( ) NÃO

( ) SIM ( ) NÃO

( ) SIM ( ) NÃO

*TIPOS DE DEFICIÊNCIA:
1-Cegueira; 2-Baixa Visão; 3-Surdez severa/profunda; 4-Surdez leve/moderada; 5- Deficiência Física; 6-Deficiência Mental ou Intelectual; 7- Síndrome
de Down; 8- Transtorno/doença mental.

A família possui algum integrante que, devido ao envelhecimento ou à doença, necessite de cuidados constantes de outra realizar ativi-
dades básicas, tais como, tomar banho, alimentar-se, ficar só em casa, locomover-se dentro de casa, etc.?( )não ( ) sim

Caso sim, registre n° de ordem e/ou nome(s) da(s) pessoa(s):_______________________________________________________


______________________________________________________________________________________________________

Quem é responsável pelo cuidado: ____________________________________________________________________________

A família declara, ou fornece indícios, de que vivencia situação de insegurança alimentar devido a insuficiência de alimentos.
( )não ( )sim (data da anotação: _____/_____/_____ )

Algum membro da família é portador de alguma doença grave? ( )não ( )sim


Caso sim, registre n° de ordem e/ou nome(s) da(s) pessoa(s): ______________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

Algum membro da família faz uso de remédios controlados (tarja preta) para transtornos mentais? ( )não ( )sim
Caso sim, registre n° de ordem e/ou nome(s) da(s) pessoa(s): ______________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

Algum membro da família faz uso abusivo de álcool? (data da anotação:___/___/___): ( )não ( )sim
59
Caso sim, registre n° de ordem e/ou nome(s) da(s) pessoa(s) _______________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

Algum membro da família faz uso abusivo de crack ou outras drogas (cocaína, maconha, etc)? (data da anotação: ____/____/____ )
( )não ( )sim Caso sim, registre n° de ordem e/ou nome(s) da(s) pessoa(s) e o(s) tipo(s) de substância(s): _______________
______________________________________________________________________________________________________

REGISTRE A PRESENÇA DE GESTANTE(S) NA FAMÍLIA:


N° DE ORDEM PRIMEIRO NOME QTOS MESES DE GESTAÇÃO JÁ INICIOU PRÉ-NATAL DATA DA ANOTAÇÃO

( ) SIM ( ) NÃO ____/____/____


( ) SIM ( ) NÃO ____/____/____
( ) SIM ( ) NÃO ____/____/____
( ) SIM ( ) NÃO ____/____/____
( ) SIM ( ) NÃO ____/____/____

ANOTAÇÕES SOBRE DESCUMPRIMENTO DE CONDICIONALIDADES DE SAÚDE NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

ANOTAÇÕES SOBRE O DESCUMPRIMENTO DE CONDICIONALIDADE DE SAÚDE NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

N° DE ORDEM DATA DA OCORRÊNCIA EFEITO* SOLICITADA SUSPENSÃO DO *CÓDIGOS PARA OS EFEITOS GERADOS POR
(MÊS/ANO) (CÓDIGO) EFEITO? DESCUMPRIMENTO DE CONDICIONALIDADES
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO
1. Advertência
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO
2. Bloqueio
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO
3. Suspensão
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO 4. Cancelamento
___/___ ( ) SIM ( ) NÃO

___/___ ( ) SIM ( ) NÃO

___/___ ( ) SIM ( ) NÃO

1. Existem ou existiram familiares em privação de liberdade? ( )Não ( ) Sim


Descrever as situações:

2. Existem adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas?


( ) Não ( ) Sim ( ) Meio Aberto ( )Meio Fechado
Descrever dados importantes:

3. Algum membro da família encontra-se em acolhimento institucional? ( ) Sim ( ) Não


Descrever dados importantes:

__________________________________________________________________________________________________
Responsável Familiar Responsável Familiar Técnicos Responsáveis

60
DIAGNÓSTICO FAMILIAR (PARTE II)
DATA:____/____/____

1. ESTRUTURA E DINÂMICA FAMILIAR

1.1Como são os relacionamentos entre os membros de sua família? (Histórico)

1.2 Quem a família considera como suporte familiar (vínculos comunitários e família ampliada), qual é esse contato?

61
2. CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS MEMBROS DA FAMÍLIA

2.1- Existe algum membro da família (quem) com alguma doença (qual) que interfira na dinâmica familiar? De que forma interfere?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

2.2- Existe algum membro da família (quem) que faz uso de abusivo de cigarro, bebida alcoólica, drogas, jogos etc.? De que
forma interfere na vida cotidiana (relações sociais, familiares, trabalho, escola)?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2.3- Existem dificuldades da família para realizar tratamento/acompanhamento de saúde? Quais?


_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2.4- Em caso de necessidade de medicação, como se dá o acesso? A medicação é concedida por órgãos públicos?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2.5- Existe algum membro da família que devido ao infância/ envelhecimento / doença mental / deficiência necessite de
cuidados constantes de outras pessoas? Como essa situação interfere na dinâmica da família?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2.6- Existe algum membro da família com algum tipo de deficiência? Indique qual tipo de deficiência e como interfere na dinâmica familiar.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
62
2.7- Existem pessoas gestantes na família? Faz acompanhamento médico? Como essa situação interfere na dinâmica familiar?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2.8- Relacione os equipamentos da saúde de referência da família. Quais as dificuldades encontradas no acesso à rede de
atendimento da saúde?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

3.DADOS RELATIVOS À EDUCAÇÃO

3.1- Como é a relação da família com a escola? Existe alguma dificuldade com relação à frequência, rendimento, abandono
(evasão escolar), expulsão (transferência compulsória) e outras?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

3.2- A família encontra dificuldade para realizar a inclusão de pessoas com deficiência e/ou adolescentes em medida socio-
educativa na rede regular de ensino? Especifique:

_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

4. SITUAÇÃO DE TRABALHO

4.1- Tem vinculação com o mercado de trabalho?


_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

4.2- Em caso de desemprego ou ausência de atividade remunerada:


_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
63
4.3-- Ao que a família atribui essa circunstância? E a mudança de situação.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

4.4-- A situação de trabalho e renda dos membros da família é suficiente para sua manutenção? Sim ou não? Por quê?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

4.5-- Alguém da família frequenta ou já frequentou algum curso profissionalizante? Tem interesse em fazer algum curso?
Identifique quem e em qual área.
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

5. DESPROTEÇÕES SOCIAIS

(*) Tipos de violações de direitos e/ou violência(s) identificada(s) segundo tipificação nacional dos serviços socioassistenciais:

Violência Física

Violência sexual, abuso e/ou exploração sexual

Violência psicológica

Negligência

Afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medida de proteção

Situação de rua e mendicância com manutenção dos vínculos familiares

Abandono

Discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia

Descumprimento de condicionalidades do Bolsa Família e PETI em decorrência de situações de risco pessoal e social

Cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por
adolescentes
Trabalho infantil

Outras formas de violação de direitos decorrentes de : discriminações, submissões, situações que provocam danos e agravos à
sua condição de vida e os impedem de usufruir autonomia e bem estar
Tráfico de pessoas

64
(GERAL):
Violação de direitos confirmada pela família
Violência doméstica trasnsgeracional. Qual?
Transtorno mental diagnosticado? Qual? Quem?
Doença crônica ou deficiência diagnosticada? Qual? Quem?
Uso frequente, abusivo ou dependência de substâncias psicoativas pelos responsáveis. Qual?
Família não incluída ou com dificuldade de vinculação à rede institucional.
Família procedente de outro serviço da Proteção Social Especial? Qual?
Histórico de acolhimento familiar ou institucional.
Histórico de separação conjugal conflituosa.
Histórico de violência de gênero entre os responsáveis.
Existência de conflitos familiares intensos.
Família monoparental.
Convivência de vários familiares na mesma unidade habitacional, terreno ou vizinhança.
Renda familiar insuficiente para garantir a subsistência.
Envolvimento de familiar com o crime.
Desaparecimento de algum membro da família.
Morte e/ou perda significativa recente.
Presença de cicatrizes e/ou sequelas decorrentes da violência física e/ou sexual sofrida
Situação de confinamento
Violência fatal
Violência patrimonial
Exploração financeira
Tentativa de suicídio e/ou ideação suicida
Autonegligência
Isolamento
Dano social e/ou financeiro por uso abusivo de álcool e outras drogas (SPA)

ESPECÍFICO CRIANÇA/ADOLESCENTE:
Violência física severa contra criança/adolescente

Negligência com bebê ou crinaça/adolescente com deficiência e/ou doença crônica

Indicadores de exploração sexual de criança/adolescente

Tentativa de suicídio ou ideação suicida pela criança/adolescente

Violação de direitos confirmada pela(o) criança/adolescente

Criança/adolescente com exacerbação da sexualidade

Criança/adolescente com exacerbação da agressividade

Uso (atual ou pregresso) de substâncias psicoativas pela criança/adolescente

Não observância de regras/limites pela criança/adolescente no ambiente familiar

65
Criança/adolescente circula, habitualmente, pelas ruas sem supervisão de adulto
Criança/adolescente pernoita fora de casa, sem a autorização dos responsáveis
Histórico de fugas de casa pela criança/adolescente
Não observância de regras/limites pela criança/adolescente no ambiente escolar
Criança/adolescente com número excessivo de faltas na escola
Evasão escolar da criança/adolescente
Gravidez na adolescência
Criança/adolescente sem situação de mendicância
Adolescente autor de ato infracional. Cumpre medida?
( )sim ( )não Qual? ( )LA ( )PSC
Responsável em situação de mendicância
Histórico de adoção
Disputa pela guarda da criança/adolescente
Família de prole numerosa (a partir de 3 filhos)
Família constituída por filhos de diferentes relacionamentos dos genitores
Envolvimento de responsável com a prostituição
Responsável cumprindo pena ou egresso do sistema prisional
Histórico de mudança ou alternância de guarda da criança/adolescente

ESPECÍFICO VIOLÊNCIA DE GÊNERO


Histórico de repetidas separações e reconciliações entre o casal

Relatos frequentes de ameaça de morte

Presença de arma de fogo em casa

Passividade de mulher diante da situação de violência vivida (esperança de mudança do companheiro agressor)

Não reconhecimento da situação vivida como violência

Ausência de reação/postura de proteção em relação à família

ESPECÍFICO PARA PESSOA IDOSA E PESSOA COM DEFICIÊNCIA


Renda da pessoa idosa/PCD é a única da família

A pessoa reside sozinha

Sobrecarga física e/ou emocional do cuidador

Relação conflituosa com pessoa referência de cuidados

Falta de apoio familiar, social e financeiro

Dificuldade de acesso à pessoa idosa ou PCD

Ausência de referência familiar e/ou de rede social significativa para os cuidados com a pessoa idosa ou PCD

Curatela
( )Ausência ( )Disputa

66
ESPECÍFICO PARA PESSOA LGBT
Falta de apoio familiar e social

Dificuldade de inclusão e/ou vinculação à rede de proteção social

Dificuldade de inserção no mercado de trabalho

Não aceitação da Identidade de Gênero e/ou Orientação Sexual

( )pelo usuário ( )pela família

Dificuldade em ter o Nome Social respeitado

Vínculo Familiar rompido ou extremamente fragilizado

CONSIDERAÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL

CONSIDERAÇÕES DA PSICOLOGIA

67
CONSIDERAÇÕES DO DIREITO

ANÁLISE TÉCNICA(PARTE III)


DATA:____/____/____

1. ESTRUTURA E DINÂMICA FAMILIAR

1.1 Com base nas informações obtidas, como o técnico caracteriza a família?
( ) Família Nuclear ( ) Família Reconstituída
( ) Família Unipessoal ( ) Família Homoafetiva
( ) Família Monoparental Feminina ( ) Família Ampliada ou extensa
( ) Família Monoparental Masculina ( ) Família Convivente

1.2 Com base nos dados de diagnóstico, sintetize as fragilidades identificadas na família:
( ) Ausência de definição de papéis de proteção, cuidado e responsabilidade entre os membros.
Especificar: ____________________________________________________________________________
( ) Famílias com baixa afetividade e comunicação entre outros membros.
( ) Fragilidade ou ausência de vínculos comunitários e baixa capacidade de sociabilidade
( ) Fragilidade de vínculos em função de dificuldades financeiras
( ) Interferência na dinâmica familiar decorrente do uso de álcool/droga.
Especificar: ____________________________________________________________________________
( ) Fragilidade de vínculos decorrente de Acolhimento/Institucionalização/Internação.
Especificar:____________________________________________________________________________
( ) Outros – Especificar:

68
1.3- A convivência familiar/comunitária coloca em risco a integridade física ou psíquica de algum membro da família? Por quê?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________

1.4- Como se dá a resolução dos problemas que surgem na família?


_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________

1.5- Quais as potencialidades identificadas na dinâmica familiar?


_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________

1.6- Com base nos dados já obtidos e nas consultas aos serviços utilizados pela família, quais as principais questões obser-
vadas pelo técnico, que interferem na dinâmica familiar e que necessitem de encaminhamentos e/ou intervenção?
_____________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. QUADRO SÍNTESE DAS POTENCIALIDADES DA FAMÍLIA

2.1- Situações observadas e/ou constatadas no núcleo familiar que se constituem potencialidades para a família:

Organização dos membros da família em função de algum objetivo coletivo.


Percepção do grupo familiar/indivíduo como pessoas com direitos e deveres.
Inserção e participação comunitária (vínculo de pertencimento).
Reconhecimento do grupo familiar/indivíduo com capaz de mudanças.
Reconhecimento de habilidades do grupo familiar/indivíduo para desenvolvimento de atividade produtiva.
Apoio da rede primária (parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho) ao grupo familiar.
Manutenção dos vínculos de solidariedade no auxílio mútuo dos membros da comunidade.
Criança e adolescente fora da escola.
Outras. Especifique:

69
EIXOS PRAZO DE AÇÃO OBJETIVO 1º MONITO- 2º. MONITO- 3º. MONITO- 4º. MONIT- 5º. MONIT- APONTA-
EXECUÇÃO DAS RAMENTO RAMENTO RAMENTO ORAMENTO ORAMENTO MENTOS
METAS (CURTO/ FINAIS
MÉDIO/LONGO)

SAÚDE

EDUCAÇÃO

TRABALHO

SOCIOCULTURAL/
LAZER E ESPORTE

SERVIÇOS
SOCIOASSISTENCIAIS

DOCUMENTAÇÃO

ORIENTAÇÃO JURÍDICA

HABITAÇÃO

CONVIVÊNCIA FAMILIAR E
COMUNITÁRIA

PROGRAMAS E BENEFICIOS
ASSISTENCIAIS

3. PLANO DE METAS (POR EIXOS)

Declaração: De acordo com o plano descrito acima, tomo ciência das metas e das atividades a serem desenvolvidas.

_______________________________________________
RESPONSÁVEL FAMILIAR OUTROS FAMILIARES

_______________________________________________
ASSINATURAS DOS PROFISSIONAIS

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