Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Relatividade e Eletromagnetismo
Embora a teoria eletromagnética baseada nas quatro equações formulada por Maxwell
(1864) seja anterior à Relatividade Restrita, é uma teoria relativística por excelência, sendo
inclusive uma das razões, se não a principal razão, do surgimento da Relatividade Restrita,
apresentada em 1905 por Albert Einstein com o sugestivo título "Sobre a Eletrodinâmica dos
Corpos em Movimento". Isso porque as equações do eletromagnetismo violam a relatividade
newtoniana, formalizada pelas transformações de Galileu, sendo covariantes por um outro
conjunto de transformações atualmente conhecidas como as transformações de Lorentz.
grandeza invariante. Desse modo, se num certo referencial inercial existe uma distribuição
Um pressuposto fundamental na teoria eletromagnética é que a carga elétrica seja uma
uniforme e rígida de uma carga elétrica numa região de volume tal que a sua densidade
seja
= , (7.1)
num outro referencial inercial ′ a densidade de carga será
= (7.2)
onde é o volume da mesma região vista por . Em termos do volume próprio ,
1
= , =
1 − /
(7.3)
1
= , =
1 − /
onde e ′ são as velocidades das distribuições rígidas de carga nos referenciais inerciais e
′, respectivamente. Considere esses referenciais em movimento relativo uniforme, com
velocidade , ao longo do eixo comum e, portanto, ligados pelas transformações de
Lorentz, equação (6.33),
= ( − ) = ( − " )
( )
= −
)
⟺ = ( −
" "
.
= =
= # = #
%
A componente temporal da quadri velocidade leva à transformação
= $1 − & , (7.4)
de modo que a relação entre os volumes fica
= = . (7.5)
%
(1 − % ) (1 − )
75
% %
Substituindo na densidade de carga, equação (7.2), resulta
% − 1 / 1 0
A lei de adição das velocidades, equação (5.82),
: .0 = .0 >. # = . #
:
elétrica. Como uma carga em repouso num determinado referencial é fonte do campo
esperar que o campo magnético dependa do movimento relativo entre o observador e a carga
fio condutor infinitamente longo alinhado ao longo do eixo e percorrido por uma corrente
Para compreender fisicamente como isso ocorre, considere um sistema simples, um
elétrica ?. Essa corrente é devida ao movimento dos elétrons de condução dos átomos
constituintes do fio, sendo que a densidade de carga elétrica permanece neutra devido às
76
condução fluem entre os átomos, percorrendo o fio condutor com uma velocidade média .
cargas positivas dos núcleos atômicos, que permanecem em repouso, enquanto os elétrons de
2?
intensidade
G= IJ (7.17)
H
circundando o fio condutor (IJ é o versor tangencial ao fio), a corrente elétrica dada por
? = K .% LM
= ( − ) D = −C@ + C@
para as cargas negativas, resultando uma densidade volumétrica de cargas não nula),
= B + D = C@ . (7.18)
Quanto às densidades de corrente,
.%B = −B = −C@
77
.%D = (.%D − D ) = ( D − D )
para as cargas positivas e
Q = K LM (7.22)
é a densidade linear de cargas. Para uma densidade uniforme de cargas no condutor com
secção transversal de área A,
Q = M = M C@ . (7.23)
A presença de campos elétrico e magnético no referencial ′ enquanto que no
referencial tem apenas o campo magnético mostra que campos elétrico e magnético
misturam-se numa transformação de Lorentz sendo, portanto, manifestações de um mesmo
fenômeno físico cuja fonte é a carga elétrica. No entanto, os campos elétrico e magnético, E e
B, respectivamente, são vetores de propriedades matemáticas diferentes, de modo que não
devem se misturar em simples combinações lineares. O campo elétrico E é um vetor polar
enquanto que o campo magnético B é um vetor axial (ou pseudovetor).
reflexão espacial S → −S. O vetor posição r é um vetor polar típico, assim como a
Vetores polares e vetores axiais têm propriedades de transformação diferentes numa
LS LS
velocidade, cuja transformação por reflexão é a mesma do vetor posição,
-= → −- = − . (7.24)
L L
Por outro lado, o momento angular é um vetor axial ou pseudovetor típico,
transformando-se como
U=S×W→ U (7.25)
numa reflexão espacial.
78
7.2 Campo eletromagnético
YG
No conjunto das quatro equações de Maxwell, duas são homogêneas,
HXN + Y = 0
, (7.26)
LZG = 0
YN 4[
e as outras duas são não homogêneas,
HXG − = ,
Y . (7.27)
LZN = 4[
Devido às identidades matemáticas LZ ∙ HX ≡ 0 e HX ∙ ^H_L ≡ 0, as equações
G = HX`
homogêneas permitem definir os campos magnético e elétrico como
Y` (7.28)
N = −^H_LI −
Y
onde A é uma função vetorial e φ uma função escalar, o potencial vetor magnético e o
potencial escalar elétrico, respectivamente. Nesse contexto, as equações homogêneas podem
ser consideradas como identidades matemáticas.
As equações dinâmicas são as não homogêneas, que podem ser obtidas de uma função
lagrangeana através da equação de Euler-Lagrange.
` → ` = ` + ^H_La
Os campos potenciais não são univocamente definidos, admitindo as transformações
(7.29)
Ya
I → I = I − Y
para uma função arbitrária a(, , , ), sem afetar os campos físicos E e B. São conhecidas
temporal M = I e espacial A,
M4 = (M, `) = (I, `) , (7.30)
as transformações de gauge resumindo-se a
M4 → M4 = M4 + Y4 a . (7.31)
Em termos das componentes do quadri-vetor M4 , o campo elétrico fica
P 8 = Y8 M + Y M8
e o campo magnético
R8 = (HX`)8 = Yb Mc − Yc Mb = d 8bc Y8 Mc
79
h4i = Y4 Mi − Yi M4 (7.32)
tal que
P 8 = h 8 e R8 = hbc , (7.33)
índices eZ.fg cíclicos no campo magnético.
4[ i
O par das equações de Maxwell não homogêneas fica
Y4 h4i = . , (7.34)
1 4[ i
que pode ser obtida a partir da função lagrangeana
Yℒ Yℒ
e a equação de Euler-Lagrange
Y4 =− =0 . (7.36)
YMi,4 YMi
Na equação de Euler-Lagrange usa-se a notação para as derivadas
Mi,4 = Y4 Mi
útil para manter as equações numa forma mais compacta.
O par das equações homogêneas pode ser obtido da identidade matemática
Y4 h il + Y i hl4 + Y l h4i ≡ 0 , (7.37)
ou, na versão mais compacta,
dm4il Y4 h il ≡ 0 . (7.38)
80
R8 = Yb Mc − Yc Mb ,
o
∂ = (∂ + ∂" )
operadores diferenciais,
<
∂" = (∂" + ∂ )
(7.41)
; ∂ = ∂
: ∂# = ∂#
resultam as transformações
P% = P%
2P/ = 7E/ − B0 9 (7.42)
R% = R%
para as componentes do campo elétrico e
simplicidade, pode-se supor que o movimento seja ao longo do eixo com velocidade
dos campos elétrico e magnético de uma carga elétrica em movimento uniforme. Por
constante .
Se ′ for o referencial de repouso da carga, o campo magnético deve ser nulo,
G = O , (7.44)
e o campo elétrico deve ser coulombiano,
H
P′ = # . (7.45)
H
Em componentes retangulares fica
P% = , P/ = , P0 =
H #/ H #/ H #/
e
R% = R/ = R0 = 0 .
A figura 7.1 ilustra a configuração das linhas de campo de um campo elétrico
coulombiano usando amostragem de 3 mil segmentos orientados na direção das linhas de
campo, para efeito de comparação com as configurações dos campos elétricos de cargas a
grandes velocidades (figura 7.2).
81
Figura 7.1
Representação de um campo
elétrico coulombiano com uma
amostra de 3 mil segmentos
proporcional a |N|.
orientados com distribuição
para a componente ,
E/ = 7P/ + R0 9 = P/ = = (7.49)
H #/ [ ( − ) + + ]#/
para a componente e
P0 = (P0 − R0 ) = P0 = = (7.50)
H #/ [ ( − ) + + ]#/
82
perpendicular à direção da velocidade. Mostra que embora o campo eletromagnético não
dependa da massa da partícula carregada, partículas carregadas devem ter massas não nulas,
caso contrário a carga fonte teria velocidade igual à da luz e as linhas de campo se
acumulariam sobre o plano transversal ao movimento onde o campo elétrico teria intensidade
infinita, sendo nula fora do plano transversal que acompanha a carga.
= 0,9 = 0,99
= 0,999 = 0,999999
R% = 0
componentes do campo elétrico,
-
ou, de uma forma geral,
G= ×N , (7.52)
83
componente % = . A figura 7.3 ilustra a configuração do campo magnético, em corte
como facilmente pode ser verificado para este caso, onde a velocidade tem apenas a
Figura 7.3
Configuração do campo
magnético de uma carga em
movimento uniforme, em corte
transversal à linha de
movimento, em amostragem de
2 mil pontos.
4π i
Y4 Y 4 Mi = . , (7.53)
uma equação de onda não homogênea tendo como fonte a densidade de corrente .4 . Em
termos dos campos ϕ e A,
Y
x − ∇ z { = 4π (7.54)
Y
e
Y
x − ∇z ` = 4π, . (7.55)
Y
Para uma carga fonte puntiforme, as densidades de carga e de corrente , são nulas
em todo o espaço exceto na posição 4 da carga no espaço-tempo. Deste modo, para
determinar o campo eletromagnético em todo o espaço devido a esta carga fonte, deve-se
resolver as equações homogêneas
Y
x − ∇ z { = 0 (7.56)
Y
e
84
Y
x − ∇z ` = 0 (7.57)
Y
impondo condições de contorno devido à presença da carga fonte em
4
(|) = (′, S} (′) . (7.58)
Devido às propriedades de propagação do campo eletromagnético, isotrópica e à
Y
x − ∇ z M4 = 0 (7.59)
Y
em coordenadas esféricas independente das coordenadas angulares, em razão da simetria
esférica, fica
1 Y YM4 Y M4
$
& − =0 (7.60)
Y Y Y
onde
~ = S − S} (′) (7.61)
define a posição relativa do ponto de observação em relação à carga fonte, com a distância
radial
= S − S} (′) = ( − ′) . (7.62)
Com a redefinição do campo escalar, = { a parte escalar da equação (7.60) fica
Y Y
− =0 , (7.63)
Y Y
uma equação de onda unidimensional cuja solução deve ser uma combinação linear do tipo
Se a carga fonte estiver em repouso,
M4 = ({, `) = ( , 0) , (7.64)
indicando que, de uma forma geral, o quadri-vetor M4 deve ser da forma
M4 = x , `z (7.65)
S − S} (′)
85
4 (′)
M4 = (7.66)
i i (′)
onde
4( )
4 = 4 − | = 7 ( − ′), S − S} (′)9 (7.67)
que deve satisfazer a condição
4 4 = ( − ) − S − S} ( ) = 0 (7.68)
ao tempo t,
4
Por questões de causalidade o campo físico deve ser o retardado,
M = , (7.70)
4
originado pela carga fonte na posição 4 = ( , S ( )) e velocidade 4 ( ) no tempo
passado ou retardado ′ = = − / < ,
~∙- ~∙-
= i i | = $ ( − ) − & = $ − & . (7.71)
4
O campo avançado
M = (7.72)
4
−
~∙-
para
{ = (7.73)
( − ~ ∙ -/)
-
e
` = (7.74)
( − ~ ∙ -/)
4 (| )[
4(
4 4 = 4 − 4
− | )] = 0 (7.75)
de cuja diferenciação
4 [L 4 − 4 L| ] = 0
Y| 4 4
resulta a diferencial
L| = L = L 4
Y 4
Y| 4
e a derivada
= Y4 | = (7.76)
Y 4
As derivadas de funções dependentes do tempo retardado devem se valer da regra de
LMi Y| L
derivação
LMi L i 1 i L
e
$ & = $ & = $
i − & ,
L| L| L|
4 LMi 1 1
Resulta
$ & = 4
i − # 4 i 7
− 9
L|
e
87
i 1 1
Y4 Mi = − + 4
i + # 4 i −
4
Com estas derivações, o tensor eletromagnético h4i = Y4 Mi − Yi M4 fica
1 1
h4i
= [ − (_ )]74 i − i 4 9 + 74
i − i 4
9 ,
#
1 1
(7.33). Assim,
(- ∙ ) 8
e
-∙ 8
7
,
8 9 = x , _ + z ,
resultam
[ − (_ )]78 − 8 9 = [ − (_)]7C8 − 8 9 ,
-∙
78
−
8 9 = 7C8 − 8 9 − _8 = 7 ∙ 97C 8 − 8 9 − (1 − ) 8
e
= 4 4 = (1 − ∙ )| .
O campo elétrico, em forma vetorial, fica
N¡ = − [(_ )] ( − ) + 7 ∙ 9( − ) − (1 − ) .
#
88
(_) = 7 ∙ 9(1 − ∙ ) − 7 ∙ 9
que pode ser posta na forma
¢
e resulta nas contribuições
¢
e
7 ∙ 9( − ) − (1 − ∙ )
cujos primeiros termos se cancelam, resultando
N¡ =
(1 − ∙ )#
× ( − ) ×
para escrever o campo elétrico como
−
N = + . (7.78)
(1
− ⋅ )
# (1 − ⋅ )#
O campo magnético tem as componentes
R8 = hbc
=− [ − (_)]7Cb c − Cc b 9 +
#
− 7 ∙ 97Cb c − Cc b 9 − 7Cb c − Cc b 9 ,
que podem ser identificados as componentes do produto vetorial
G = [ × N] . (7.79)
89
−
N = (7.80)
(1
− ⋅ C)#
Figura 7.4
Nesta ilustração, P é a posição
(x,y,z,t) do campo, Q′ é a
posição da carga fonte no
tempo retardado e Q é a
posição atual da carga, em
do eixo (horizontal).
movimento uniforme ao longo
grau em ,
, e pode ser rearranjada na forma de uma equação algébrica de segundo
90
(1 − ) − 2 ( − ) − ( − ) − ª = 0 (7.85)
cujas soluções são
( − ) + ( − ) + (1 − )[( − ) + ª ]
=
(1 − )
que pode ser simplificada para
( − ) + ( − ) + (1 − )ª
= (7.86)
(1 − )
e rearranjada como
( − ) + +
(1 − ) − ( − ) = (7.87)
Comparando com a equação (7.83),
( − ) + +
(1 − ∙ ) =
e
( − )@% + @/ + @0
N = . (7.88)
( ( − ) + + )#/
Este é exatamente o resultado obtido na secção (7.2.2) para o campo elétrico usando
as transformações de Lorentz.
constante sobre a mesma (veja capítulo 6) pode ser descrito, usando as coordenadas 4 do
O movimento hiperbólico de uma partícula, resultante da ação de uma força externa
91
e
(
,
) = _ («@CℎQ|, X«ℎQ|) , (7.91)
L 4 L 4
os pontos acima das coordenadas indicando derivadas em relação ao tempo próprio,
4 = = 4 e _4 = =
4 .
L| L|
Explicitando os campos elétrico e magnético em termos de parâmetros físicos usuais
1
relacionados por
= -/, = e ~ = , (7.92)
(1 − ²)
para
4 = (7 − } 9, 7S − S°9) ,
~ = S − S° 7} 9 . (7.93)
Os campos potenciais serão usados nos formatos
{} = (7.94)
− ~ ⋅ -/) }
-
e
`} = (7.95)
( − ~ ⋅ -/ ) }
7 − } 9 = 7S − S} 9 = (7.96)
}
com velocidade
7} 9 = (7.99)
³ + }
92
e aceleração
³
_7} 9 = (7.100)
7³ + } 9
#/
7 − } 9 = 7 − }9 + + = (7.101)
isto é,
7 − 2} + } 9 =
−2 } +
} + + =
e, usando a equação da trajetória (7.98),
= H − = +
Considere
e
∆= (H + ³ − ) − ( − )4 ³
.
= (H − ³ − ) + 4 ³
¶ = (H − ³ − ) + 4 ³
Então, para
, (7.103)
= ( H + ³ − ) − ( − )4 ³
a equação (7.102) fica
(H + ³ − ) ∓ ¶
} = .
2( − )
Definindo mais um parâmetro auxiliar,
93
· = H + ³ − (7.104)
· ∓ ¶
resulta
} = . (7.105)
2 − )
(
Veja que, usando a definição (7.104), o parâmetro ¶ fica
¶ = · − 4 ³ ( − ) . (7.106)
Para o movimento hiperbólico ao longo do eixo z, equações (7.98-7.100), o vetor
(7.93) fica
e, portanto,
~∙-
= x − z } . (7.108)
³ + }
Como
4 ³ ( − ) (· ∓ ¶)
³ + } = +
4 ( − ) 4 ( − )
e, da equação (7.106),
4 ³ (
− ) = · − ¶ , (7.109)
então, após alguns cálculos, pode-se obter
·
+ ¶ ∓ 2 ¶·
³ + } = ,
4 ( − )
ou seja,
(· ∓ ¶)
³ + } = . (7.110)
4 ( − )
Para o tempo retardado } = ,
= ( − ) ,
e, das equações (7.105) e (7.108),
~∙- } 4( − ) · ∓ ¶
− = − = − ¸ .
³ + } (· ∓ ¶ ) 2( − )
94
< ⇔ · < ¶ ,
de modo que
~ ∙ - ±¶( − )
− = .
(· ∓ ¶)
(· ∓ ¶)
Substituindo nas equações (7.94) e (7.95), resulta a componente escalar
M = =
− ~ ⋅ -/) ±¶( − )
e a componente espacial não nula
∓ ¶ + ·
M# = - ¹ = ±¶( − ) ,
( − ~ ⋅ )
}
·
que podem ser colocados nas formas
M = ± −
¶( − ) ( − )
·
e
M# = ± − ,
¶( − ) ( − )
dependentes apenas das coordenadas atuais do espaço-tempo.
1
Veja que, para
º= ln|
− | ,
2
· Yº
as componentes do potencial podem ser escritas como
M = ± +
¶( − ) Y
e
· Yº
M# = ± − .
¶( − )
Y
Podem ser simplificadas considerando a transformação de gauge
M4 → M4 − Y4 º ,
·
resultando as expressões finais
M = (7.111)
¶( − )
·
e
M# = (7.112)
¶( − )
95
· H + ³ −
onde
= , (7.113)
¶ (H + ³ − ) − 4 ³ ( − )
os sinais (±) absorvidos na carga.
Os campos elétrico e magnético podem ser obtidos calculando
YM YM8
P =h8 8
=Y M −Y M =− 8 −
8 8
(7.114)
Y Y
e
YMc YMb
R = −h
8 bc
= −Y M + Y M =
b c
−c
.
b
(7.115)
Y b Y c
A componente P% do campo elétrico fica
YM Y ·
P% = − = $ &
Y Y ¶ ( − )
onde
Y · 2 · 8 ³ ( − )
$ &= − =−
Y ¶ ¶ ¶ ¶#
e, portanto
8 ³
P% = . (7.116)
¶#
De forma similar,
8 ³
P/ = . (7.117)
¶#
Para a componente
YM YM#
P0 = − −
Y Y
as derivações são mais trabalhosas. Assim,
YM Y · · Y
= $ & +
Y Y ¶ ( − ) ¶Y ( − )
para
Y · 4 ³ ( + − + + ³ )
$ &=
Y ¶ ¶#
e
Y ( + )
=−
Y ( − ) ( − )
resultando
96
(
YM 4 ³ + − + + ³ ) · ( + )
= − .
Y ¶ # ( − ) ¶ ( − )
YM# Y ·
Para
=
Y Y ¶ ( − )
Y · · Y
= ( ) + ,
Y ¶ ( − ) ¶ Y ( − )
usando
Y · 4 #³ ( + − + + ³ )
$ &=−
Y ¶ ¶#
e
Y ( + )
=
Y ( − ) ( − )
resulta
YM 4 ³ ( + − + + ³ ) · ( + )
= − + .
Y ¶ # ( − ) ¶ ( − )
Somando as duas contribuições,
4 ³ ( + − + + ³ )
P0 = − . (7.118)
¶#
A equação (7.115) fornece as componentes do campo magnético,
YM# YM
<R% = R" = −
> Y Y
>
YM" YM#
R/ = R = − .
; Y Y
>
> R = R# = YM − YM
"
: 0 Y Y
Como a única componente espacial não nula do potencial vetor é M# , equação (7.112),
resultam
Y · 8 ³
R% = $ & = − (7.119)
Y ¶ ( − ) ¶#
e
Y · 8 ³
R/ = − $ & = . (7.120)
Y ¶ ( − ) ¶#
A componente z é nula,
R0 = 0 . (7.121)
97
O campo elétrico, em componentes cilíndricas não nulas (P¾ = 0), fica
8 ³
Pl =
¶#
(7.122)
4 ³ ( + − + + ³ )
P0 = −
¶#
8 ³ 8 ³
e o campo magnético,
G = − J + J
¶ # ¶#
(«@CIJ − X«IJ)
= −8 ³
¶#
ou, simplesmente,
G = 8 ³ IJ (7.123)
¶#
movimento hiperbólico no intervalo −15 ≤ ≤ 20, para a aceleração própria _/² = 0,5
A figura 7.5 ilustra a evolução temporal do campo elétrico de uma carga em
em unidades de À⁻¹, onde À é uma unidade arbitrária de distância. Em → −∞, a carga fonte
está praticamente à velocidade da luz e o campo elétrico está confinado no plano . O
movimento é desacelerado entre −∞ ≤ ≤ 0 e a frente plana do campo elétrico avança à
velocidade da luz. Em = 0 a carga reverte o movimento, acelerado entre 0 ≤ ≤ ∞,
iniciando o movimento de retorno para → +∞. A frente do campo elétrico continua
avançando à velocidade da luz, desvinculando-se da carga, configurando o campo de
aceleração. Outra parte do campo permanece solidária à carga fonte, acompanhando o seu
movimento, característica do campo de velocidade.
Nota técnica:
As configurações espaciais dos campos elétricos das figuras 7.1 a 7.3 e dos
quadros da figura 7.5 foram obtidas através de simulações baseadas no Método de
Monte Carlo e a técnica de rejeição de Neumann para obter as distribuições
98
dimensões 40À × 40À, onde À é uma unidade arbitrária de distância. As acelerações são
dadas em _/², cuja unidade é À⁻¹.
= −15 = −10 = −5
= 19 Evolução temporal = 0
= 15 = 10 = 5
hiperbólico no intervalo −15 ≤ ≤ 20, aceleração própria _/² = 0,5 em unidades de À⁻¹,
Figura 7.5: Evolução temporal do campo elétrico de uma carga em movimento
Exercícios
LW
1. Mostre que a equação de movimento baseada na força de Lorentz,
= N + - × G ,
L
é uma equação relativisticamente covariante.
99
2. O campo elétrico devido a um fio infinitamente longo e eletrizado com densidade
2Q
linear de carga λ é, em módulo,
P= ,
H
onde r é a distância radial ao longo do fio. Deduza, a partir desta informação, a lei de indução
do campo magnético devido a uma corrente I em um fio reto infinito (Vá a um outro
referencial, que se mova paralelamente ao fio).
3. Obtenha a trajetória de uma partícula com carga elétrica q após penetrar, com
velocidade v, uma região com campo magnético uniforme B, em trajetória perpendicular ao
campo.
4. Determine a trajetória, relativística, de uma partícula com carga elétrica q na
presença de um campo elétrico uniforme E, supondo a velocidade inicial nula.
5. Obtenha os campos elétrico e magnético de uma carga pontual em movimento
retilíneo uniforme, usando a expressão dos campos retardados. Compare com os campos
obtidos usando as transformações de Lorentz.
6. Obtenha os campos elétrico e magnético de uma carga pontual executando um
movimento hiperbólico.
Bibliografia
1. H. A. Lorentz, A. Einstein e H. Minkowski, Textos Fundamentais da Física Moderna, I
volume - O Princípio da Relatividade (3^{a.} edição), Editora da Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa (1958).
2. Richard A. Mould, Basic Relativity, Springer, NY, 1994.
3. C. Moller, The Theory of Relativity (second edition), Oxford University Press (1972).
4. L. Landau and E. L. Lifshitz, The Classical Theory of Fields, Pergamon Press, Oxford
(1976).
5. P. G. Bergmann, Introduction to the Theory of Relativity, Dover Publications, NY, (1976).
6. John David Jackson, Classical Electrodynamics (third edition), John Wiley & Sons (1999).
7. F. Rohrlich, Classical Charged Particles - Foundations of Their Theory, Addison-Wesley
(1964).
8. A. O. Barut, Electrodynamics and Classical Theory of Fields and Particles, Dover, NY
(1980).
100