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3
Saúde da Família
Saúde da Família
Autora: Yaisa França Formenton
Como citar este documento: FORMENTON, Yaisa França. Saúde da Família. Valinhos: 2015.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Atenção Primária à Saúde e a Estratégia Saúde da Família 05
Unidade 2: A Equipe na Estratégia de Saúde da Família 34
Unidade 3: Assistência Integral à Saúde do Adulto 63
Unidade 4: Saúde do Trabalhador 90
Unidade 5: Principais Agravos à Saúde do Adulto 114
Unidade 6: Saúde do Homem 143
Unidade 7: Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida 168
Unidade 8: Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida 197
2/227
Apresentação da Disciplina
4/227
Unidade 1
Atenção Primária à Saúde e a Estratégia Saúde da Família
Objetivos
5/227
Introdução
No Brasil a APS tem uma terminologia própria, sendo denominada pelo Ministério da Saúde
como Atenção Básica (AB), reflexo da necessidade de diferenciação desta proposta e dos
“cuidados primários de saúde”, interpretados como política de focalização à atenção primitiva
à saúde.
Link
PORTARIA Nº 2488, DE 24 DE OUTUBRO DE 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção
Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção
Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/
prt2488_21_10_2011.html>. Acesso em: 02 jul 2015.
Para o Ministério da Saúde, a Estratégia Saúde da Família (ESF) visa atender indivíduo e a família
de forma integral e contínua desenvolvendo ações de promoção, proteção e recuperação
da saúde mais próximas da vida cotidiana da população, imprimindo uma nova dinâmica de
atuação nas unidades básicas de saúde, com definição de responsabilidades entre serviços de
A “missão” a que se propõe a Saúde da Família não é pequena, uma vez que necessita inverter
toda uma lógica biomédica, centrada até então na consulta médica, agora direcionada a outras
práticas em saúde e ao trabalho interdisciplinar e intersetorial, ou seja, promover o diálogo
entre as famílias assistidas, os profissionais da saúde e os profissionais de áreas, como, por
exemplo, a educação, esporte e meio ambiente, sem as quais as práticas tradicionalmente
centradas na doença jamais se transformariam (COSTA, 2003).
23/227
Considerações Finais
24/227
Referências
27/227
Questão 2
2. Assinale a alternativa que preenche de forma adequada a lacuna na
afirmação abaixo:
28/227
Questão 3
3. Na Estratégia de Saúde da Família existe um grande desafio associado
ao fato de as equipes enfrentarem muitas dificuldades para lidar com
a demanda espontânea, e a atenção a elas quase sempre se conforma
no esquema queixa conduta, mais uma vez restringindo o cuidado.
Neste contexto, assinale a alternativa que melhor apresenta como é este
cuidado:
a) Não é oferecido, uma vez que demandas espontâneas devem ser tratadas em outros
ambientes.
b) O cuidado é limitado a ouvir o paciente e agendar consulta quando possível.
c) Este cuidado é ainda orientado aos problemas e centrado na lógica de produção de
procedimento.
d) Este problema não existe, a afirmação está incorreta.
e) O modelo de cuidado não prevê atendimento a demandas espontâneas.
29/227
Questão 4
4. A ausência de responsabilidade coletiva do trabalho e o baixo grau de
interação entre as categorias, onde os membros das equipes de saúde da
família mantêm representações sobre hierarquia entre profissionais de
nível superior e nível médio e entre médico, dentista e enfermeiro, po-
dem ser considerados:
a) Situação de limitação enfrentada em vários locais com relação ao trabalho de equipe.
b) Limitação enfrentada somente em unidades afastadas do perímetro urbano.
c) Limitação enfrentada em locais em que não existem equipes completas.
d) Como situações de normalidade, já que o problema não tem solução.
d) Formas de organização adequadas ao modelo atual de saúde.
30/227
Questão 5
5. Os componentes da Atenção Primária em Saúde foram definidos como
sendo a educação em saúde; saneamento ambiental; programas de saú-
de materno-infantis; prevenção de doenças endêmicas locais; tratamen-
to adequado de doenças e lesões comuns; fornecimento de medicamen-
tos essenciais; promoção de boa nutrição; e medicina tradicional. Em
que momento histórico isso ocorreu?
a) Durante a conferência de Alma Ata.
b) Durante o processo de criação do SUS.
c) Na 8ª Conferência Nacional de Saúde.
d) Na criação da Organização Mundial de Saúde.
e) No 1º Congresso Nacional de Saúde Pública.
31/227
Gabarito
1. Resposta: E. 3. Resposta: C.
32/227
Gabarito
teve o propósito de incentivar a ação
internacional e nacional para que os
cuidados de saúde primários fossem
desenvolvidos e aplicados em todo o
mundo, particularmente nos países
em desenvolvimento, num espírito de
cooperação técnica, em consonância com
a nova ordem econômica internacional.
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Unidade 2
A Equipe na Estratégia de Saúde da Família
Objetivos
34/227
Introdução
50/227
Considerações Finais
» A Estratégia Saúde da Família (ESF) constitui uma estratégia de ação de saúde que
tem como proposta a mudança do modelo de atenção para a consolidação de um
modelo voltado para o cuidado integral e a vigilância à saúde, o que pressupõe a
criação de vínculo entre a equipe de saúde e a população.
» O modelo preconiza uma equipe de saúde da família de caráter multiprofissional,
que trabalha com definição de território de abrangência, adscrição de clientela,
cadastramento e acompanhamento da população residente na área.
» Para a construção do projeto de saúde da família a produção de cuidado deve se
sustentar em um trabalho coletivo, em que a interdisciplinaridade e a integração
são necessárias.
» Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados com o intuito de
apoiar a inserção da Estratégia de Saúde da Família na rede de serviços e ampliar
a abrangência, a resolutividade, a territorialização, a regionalização e a ampliação
51/227
das ações da Atenção Básica no Brasil.
» A organização e o desenvolvimento do processo de trabalho dos NASF
dependem de algumas estratégias, como o Apoio Matricial, a Clínica Ampliada,
o Projeto Terapêutico Singular e o Projeto de Saúde no Território.
52/227
Referências
dos profissionais da Atenção Primária do Município de São Paulo, Brasil. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 28, n. 11, p. 2076-2084, 2012.
SOUSA, M. F.; HAMANN, E. M. Programa saúde da família no Brasil: uma agenda incompleta?
Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, supl., p. 1325-1335, 2009.
VILLAS BÔAS, M. F. M.; ARAÚJO, M. B. S.; TIMÓTEO, R. P. S. A prática gerencial do enfermeiro no
PSF na perspectiva da sua ação pedagógica educativa: uma breve reflexão. Ciência & Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 4. p. 1355-1360, 2008.
57/227
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta com relação à afirmação abaixo:
58/227
Questão 3
3. Assinale a alternativa que apresenta o conceito considerado um
elemento-chave para o desenvolvimento do trabalho na saúde da família,
configura-se como uma rede de relações entre pessoas com múltiplas
possibilidades de significados.
a) Trabalho em equipe.
b) Humanização.
c) Financiamento.
d) Gestão compartilhada.
e) Educação Permanente em Saúde.
59/227
Questão 4
4. Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) não se constituem em
porta de entrada do sistema, mas devem atuar de forma integrada à rede
de serviços de saúde, a partir das demandas identificadas no trabalho
conjunto com as equipes Saúde da Família. Como devem ser constituídas
as equipes de profissionais do NASF?
a) O NASF deve ser constituído por uma equipe com profissionais da psicologia e odontologia
que atuam junto com os profissionais da equipe de Saúde da Família.
b) O NASF deve ser constituído por profissionais da própria equipe de Saúde da Família.
c) O NASF deve ser constituído por uma equipe com profissionais de nível técnico.
d) O NASF deve ser constituído por uma equipe com profissionais das diferentes áreas do
conhecimento que atuam junto com os profissionais da equipe de Saúde da Família.
e) O NASF deve ser constituído por uma equipe com profissionais de diferentes unidades de
Saúde da Família que irão atuar em todos os níveis de atenção à saúde.
60/227
Questão 5
5. As equipes de saúde do NASF e Saúde da Família utilizam uma ferramen-
ta buscando ampliar a abordagem unidisciplinar na construção de diag-
nósticos e terapêuticas. Como é conhecida esta ferramenta?
a) Prática da clínica ampliada.
b) Acolhimento.
c) Treinamento.
d) Educação Permanente em Saúde.
e) Trabalho em equipe.
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Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: D.
Objetivos
63/227
Introdução
78/227
Considerações Finais
ATKINS, D. O. Exame periódico de Saúde. In: GOLDMAN, L.; AUSIELLO, D. Cecil Medicina. 23. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, p. 76-81, 2009.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em:< http://www.planalto.gov.
br/CCIVIL_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 10 jul 2015.
BRASIL. Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras
providências. Brasília, 2003. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
l10.741.htm>. Acesso em 10 jul 2015.
83/227
Questão 2
2. Quando estudamos o processo de adoecimento, percebemos uma mu-
dança significativa nos tipos de patologias mais prevalentes. Neste contex-
to, quais são os principais fatores que levaram à queda no número de mor-
tes causadas por doenças infecciosas e parasitárias?
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Questão 3
3. Assinale a alternativa que preenche de forma adequada a lacuna na
afirmação:
a) Vacinação.
b) Diagnóstico por imagem.
c) Quimioprevenção.
d) Terapias cognitivas.
e) Diagnóstico situacional.
85/227
Questão 4
4. Assinale a alternativa que contenha os principais objetivos das ações de
aconselhamento em saúde:
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Questão 5
5. Assinale a alternativa que contém a abordagem que visa preservar ou
melhorar a saúde das pessoas, além de detectar e prevenir doenças preco-
cemente, sendo orientado pela idade, sexo, fatores de risco específicos de
cada pessoa:
87/227
Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: C.
2. Resposta: B. 4. Resposta: B.
88/227
Gabarito
5. Resposta: A.
89/227
Unidade 4
Saúde do Trabalhador
Objetivos
90/227
Introdução
Link
Conheça na íntegra a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/
prt1823_23_08_2012.html>. Acesso em: 13 jul 2015.
Devemos lembrar que a Política Nacional de Saúde do Trabalhador é uma política do SUS e,
portanto, deve seguir os mesmos princípios e diretrizes. As ações devem ser articuladas em
ações individuais e coletivas. As individuais podem incluir assistência e de recuperação a
agravos como acidentes ou doenças ocupacionais. Já com relação às medidas coletivas, devem
incluir medidas de promoção, prevenção, vigilância ambiental e de intervenção nos fatores que
1. Saúde Do Trabalhador
Apesar da relação do homem com o trabalho ser bem antiga, a preocupação com o impacto
que a atividade laboral pode gerar na vida e na saúde do trabalhador é bem recente. O marco
histórico desta temática foi a publicação do livro: “De Morbis Artificum Diatriba” – traduzido
como: “As doenças dos trabalhadores”, de Bernardino Ramazzini, publicado em 1700, na Itália.
O autor desta obra descreve uma série de doenças diretamente relacionadas com 50 profissões
(CARVALHO, 2014).
As fábricas eram pouco ventiladas, os ruídos eram intensos, levando a prejuízo direto sobre
audição e também para comunicação entre os trabalhadores, favorecendo o aumento de
acidentes de trabalho. A jornada de trabalho era iniciada de madrugada e finalizada ao
Link
Código de Ética Internacional para os Profissionais de Saúde no Trabalho.
Disponível em:< <http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/
documentos_2412201387427055475.pdf>. Aceso em: 13 jul 2015.
105/227
Considerações Finais
106/227
Referências
108/227
Questão 2
2. Durante a Revolução Industrial as fábricas recrutavam basicamen-
te mulheres e crianças em decorrência de sua constituição física e por
compor a porção mais vulnerável da população. Neste período, quais re-
latos eram observados nesta população?
a) Durante a Revolução Industrial poucos casos de violência e óbitos eram registrados.
b) Durante a Revolução Industrial diversos casos de violência e óbitos em decorrência de
acidentes de trabalho foram relatados, principalmente entre homens.
c) Durante a Revolução Industrial diversos casos de violência e óbitos em decorrência de
acidentes de trabalho foram relatados, exclusivamente entre mulheres.
d) Durante a Revolução Industrial diversos casos de violência e óbitos em decorrência de
acidentes de trabalho foram relatados, exclusivamente com crianças.
e) Durante a Revolução Industrial diversos casos de violência e óbitos em decorrência de
acidentes de trabalho foram relatados, principalmente entre mulheres e crianças.
109/227
Questão 3
3. Durante o processo de Revolução Industrial as condições sanitárias
eram tão ruins que a epidemia de tifo europeia foi conhecida como “fe-
bre das fábricas”. A disseminação desta patologia era facilitada por quais
fatores?
a) As patologias eram disseminadas pela concentração de pessoas em ambientes quentes e
úmidos.
b) As patologias eram disseminadas pelas deficiências sanitárias e hábitos alimentares.
c) As patologias eram disseminadas pelas deficiências sanitárias, concentração de pessoas e
fragilidade nos hábitos de higiene.
d) As patologias eram disseminadas pela falha em ações de vacinação.
e) As patologias eram disseminadas pela alta virulência do patógeno.
110/227
Questão 4
4. Assinale a alternativa que preenche de forma adequada a lacuna no
trecho:
111/227
Questão 5
5. As ações de Saúde do Trabalhador devem ser organizadas em uma
rede de serviços, sendo portanto incorporadas pelo Sistema como um
todo, desta forma a entrada deve ser a rede básica de saúde. Quem deve
prover a retaguarda técnica para este contexto?
a) Ministério do Trabalho e Emprego.
b) Centros de Referência em Saúde do Trabalhador.
c) Ministério da Previdência Social.
d) Sindicatos e entidades de classe.
e) Delegacia Regional do Trabalho.
112/227
Gabarito
1. Resposta: A. sanitárias, concentração de pessoas e
fragilidade nos hábitos de higiene.
Política Nacional de Saúde do Trabalhador
e da Trabalhadora é uma estratégia 4. Resposta: C.
estabelecida pelo SUS.
A OIT é uma agência especializada nas
2. Resposta: E. questões do trabalho, ligada à ONU, que
possui sede em Genebra.
Durante a Revolução Industrial, crianças
e mulheres eram recrutadas ao trabalho 5. Resposta: B.
em fábricas e diversos casos de violência
e óbitos em decorrência de acidentes de Os Centros de Referência em Saúde
trabalho foram relatados, principalmente do Trabalhador são responsáveis pela
entre mulheres e crianças. retaguarda técnica nos serviços de saúde
quanto atuam em questões relacionadas à
3. Resposta: C. saúde do trabalhador.
Objetivos
114/227
Introdução
Nas últimas décadas o Brasil vem passando com diminuição do número de crianças,
por importantes transformações no manutenção do número de jovens e
seu perfil epidemiológico e em sua adultos e aumento da população acima
estrutura demográfica. Essas mudanças de 60 anos (MENDES, et al., 2012;
são evidenciadas pela redução da VASCONCELOS; GOMES, 2012).
mortalidade causada por doenças Nesse sentido, os problemas de saúde do
infecciosas e parasitárias, queda da adulto vêm se tornando cada vez mais
fecundidade, aumento da expectativa de importantes no âmbito dos serviços de
vida ao nascer, aumento de acidentes e saúde, principalmente ao considerar que
violência, em decorrência da urbanização no Brasil, tradicionalmente, as ações de
e o aumento de exposição a fatores de saúde pública estão voltadas para crianças,
risco, contribuindo com um maior número mulheres e idosos, levando a uma lacuna
da ocorrência de doenças crônicas não à assistência ao adulto (PIANCASTELLI;
transmissíveis (MENDES, et al., 2012; SPITITO; FLISCH, 2013).
VASCONCELOS; GOMES, 2012; OPAS,
2012). Assim, neste texto abordaremos os agravos
à saúde do adulto epidemiologicamente
Aliado a estas questões, temos o importantes, diariamente enfrentados
envelhecimento da população brasileira no cotidiano das Unidades de Saúde da
115/227 Unidade 5 • Principais Agravos à Saúde do Adulto
Família, a saber: hipertensão arterial, básica no sentido de responder à
diabetes mellitus, o alcoolismo e a complexidade das doenças crônicas
dependência química. que não são de resolução rápida, mas
permanecem ao longo da vida dos
1. Hipertensão Arterial e indivíduos e famílias. Recentes evidências
Diabetes Mellitus e a Atenção mostram que equipes multidisciplinares
Básica atuando de forma coordenada, preparadas
para orientar e apoiar as pessoas a lidar
A hipertensão arterial e o diabetes mellitus com suas condições e a responder às
são os principais fatores de risco para o agudizações desses processos, alcançam
desenvolvimento das doenças do aparelho melhores resultados (BRASIL, 2014).
circulatório, responsáveis por 30,69% Os principais aspectos para esta
das mortes em 2011 e por 1.140.282 estruturação estão na ampliação do acesso
internações no ano de 2014, gerando da população aos recursos e aos serviços
grandes demandas aos serviços de saúde das Unidades Básicas de Saúde, na busca
(BRASIL, 2015). de maior qualidade da Atenção à Saúde e
Nesse contexto, faz-se necessária a na persistência na busca à integralidade
estruturação das equipes de atenção da atenção. Além disso, as equipes devem
116/227 Unidade 5 • Principais Agravos à Saúde do Adulto
estar atentas a um conjunto de atividades, precisos, em tratamentos mais
metodologias e ferramentas apontadas adequados, em melhor uso de
na literatura como indicativos de melhor recursos e exames e em melhores
qualidade nos serviços de saúde, como resultados em saúde.
(BRASIL, 2014): • Estratificação segundo riscos
• Programação da assistência reconhecendo que as pessoas
conforme necessidades da têm diferentes graus de risco/
população. vulnerabilidade e, portanto, têm
necessidades diferentes.
• Recepção e acolhimento para que
as pessoas possam usufruir dos • A gestão de caso, que tem por
serviços de saúde que necessitam, no objetivos diminuir a fragmentação do
momento em que necessitam, com cuidado; defender as necessidades e
qualidade e equidade. expectativas de pessoas em situação
especial; aumentar a qualidade do
• O uso de diretrizes clínicas baseadas
cuidado; facilitar a comunicação
em evidências que está relacionado
com os prestadores de serviços; e
à melhor qualidade da assistência,
coordenar o cuidado em toda a rede
resultando em diagnósticos mais
de Atenção à Saúde.
117/227 Unidade 5 • Principais Agravos à Saúde do Adulto
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) com mais de 70 anos.
é uma condição clínica multifatorial
caracterizada por níveis elevados e
sustentados de pressão arterial (PA) Link
(PA ≥140 x 90 mmHg). Associa-se,
Acesse na íntegra as VI Diretrizes Brasileiras
frequentemente, às alterações funcionais
de Hipertensão Arterial disponibilizadas pela
e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração,
Sociedade Brasileira de Cardiologia. Disponível
encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às
em: <http://departamentos.cardiol.br/dha/
alterações metabólicas, com aumento do
vidiretriz/vidiretriz.asp>. Acesso e, 22 jul 2015.
risco de eventos cardiovasculares fatais
e não fatais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA, 2010). É considerada um dos principais fatores
de risco modificáveis e um dos mais
De acordo com dados da Sociedade
importantes problemas de saúde pública.
Brasileira de Cardiologia (2010), sua
Além de ser causa direta de cardiopatia
prevalência no Brasil varia entre 22%
hipertensiva, é fator de risco para doenças
e 44% para adultos (32% em média),
decorrentes de aterosclerose e trombose,
chegando a mais de 50% para indivíduos
que se manifestam, predominantemente,
com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos
118/227 Unidade 5 • Principais Agravos à Saúde do Adulto
por doença isquêmica cardíaca, faixa etária de 55 anos ou mais de idade
cerebrovascular, vascular periférica e renal. (BRASIL, 2012).
Ou seja, a HAS está na origem de muitas
doenças crônicas não transmissíveis e,
portanto, caracteriza-se como uma das
causas de maior redução da expectativa
Para saber mais
O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e
e da qualidade de vida dos indivíduos
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
(DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2006).
Telefônico - Vigitel compõe o Sistema de
De acordo com dados da Vigilância de Vigilância de Fatores de Risco de Doenças
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis do Ministério da
Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel Saúde e, conjuntamente com outros inquéritos,
– 2011), a prevalência média de HAS vem ampliando o conhecimento sobre as DCNT
autorreferida na população acima de 18 no país, subsidiando a definição de metas de
anos é de 22,7%, sendo maior em mulheres redução dos fatores de risco a serem atingidas
(25,4%) do que em homens (19,5%). A pelo país na próxima década.
frequência tornou-se mais comum com
a idade, mais marcadamente para as
mulheres, alcançando mais de 50% na
119/227 Unidade 5 • Principais Agravos à Saúde do Adulto
Além disso, a frequência de adultos que álcool, sedentarismo, genética e fatores
referiram diagnóstico de HAS esteve ambientais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
entre 12,9% em Palmas e 29,8% no Rio CARDIOLOGIA, 2010).
de Janeiro. No sexo masculino, as maiores Diversos estudos apontam que para
frequências foram observadas no Rio um efetivo controle e tratamento
de Janeiro (23,9%) e em Campo Grande dos portadores de HAS, é de extrema
(23,9%) e, entre as mulheres, as maiores importância uma atuação qualificada
frequências foram observadas no Rio da Atenção Básica com estratégias de
de Janeiro (34,7%) e em Recife (30,3%) prevenção, diagnóstico, monitorização e
(BRASIL, 2012). controle da hipertensão arterial. Devem
Entre os principais fatores de risco para o também ter sempre em foco o princípio
desenvolvimento da HAS podemos citar a fundamental da prática centrada na
idade (sendo mais prevalente em pessoas pessoa e, consequentemente, envolver
acima de 65 anos), gênero e etnia (sendo usuários e cuidadores, em nível individual
mais prevalente em mulheres, depois dos e coletivo, na definição e implementação
50 anos e em indivíduos não brancos), de estratégias de controle à hipertensão
excesso de peso e obesidade, ingestão (BRASIL, 2013a).
excessiva de sal, ingestão prolongada de Neste sentido, o Ministério da Saúde
120/227 Unidade 5 • Principais Agravos à Saúde do Adulto
preconiza que sejam trabalhadas ser metas prioritárias dos profissionais de
as modificações de estilo de vida, saúde (BRASIL, 2013a).
fundamentais no processo terapêutico e na O diabetes mellitus (DM) não é uma
prevenção da hipertensão. A alimentação doença única, mas refere-se a um
adequada, sobretudo quanto ao consumo grupo de transtornos metabólicos de
de sal e ao controle do peso, a prática de etiologias heterogêneas, caracterizado por
atividade física, o abandono do tabagismo hiperglicemia e distúrbios no metabolismo
e a redução do uso excessivo de álcool são de carboidratos, proteínas e gorduras,
fatores que precisam ser adequadamente resultantes de defeitos da secreção e/
abordados e controlados. O tratamento ou da ação da insulina. Está geralmente
medicamentoso deve ser reservado apenas associado à dislipidemia, à hipertensão
para os casos em condições de risco arterial e à disfunção endotelial, sendo
cardiovascular global alto ou muito alto considerado um problema de saúde
(GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO, 2009). sensível à Atenção Básica, ou seja, o bom
Além disso, a prevenção primária e a manejo precoce deste problema evita
detecção precoce devem ser amplamente hospitalizações e mortes por complicações
utilizadas, já que são as formas mais cardiovasculares e cerebrovasculares
efetivas de evitar as doenças, devendo (BRASIL, 2013b; ALFRADIQUE, 2009).
121/227 Unidade 5 • Principais Agravos à Saúde do Adulto
população. Além disso, as ocorrências
são mais comuns em pessoas com baixa
Link escolaridade e aumentam de acordo com a
Acesse na íntegra as Diretrizes da Sociedade idade da população (BRASIL, 2011).
Brasileira de Diabetes. Disponível em: <http:// A capital com o maior número de pessoas
www.diabetes.org.br/images/2015/area- com diabetes foi Fortaleza, com 7,3% de
restrita/diretrizes-sbd-2015.pdf>. Acesso em: ocorrências. Vitória teve o segundo maior
23 jul 2015. índice (7,1%), seguida de Porto Alegre,
com 6,3%. Os menores índices foram
registrados em Palmas (2,7%), Goiânia
No Brasil, segundo dados do Vigitel (4,1%) e Manaus (4,2%) (BRASIL, 2011).
de 2011, a prevalência de diabetes
autorreferida na população acima de O DM causa importante impacto na
18 anos aumentou de 5,3% para 5,6%, mortalidade e nos problemas de saúde
entre 2006 e 2011. Ao analisar esse dado que afetam a qualidade de vida dos seus
de acordo com o gênero, as mulheres portadores, acarretando altos custos aos
apresentaram uma maior proporção da serviços de saúde (BRASIL, 2013b).
doença, correspondendo a 6% dessa Estudos internacionais sugerem que
Glossário
Dislipidemia: é um distúrbio nos níveis de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue.
Multifatorial: relativo a vários fatores ou a fatores de diferentes naturezas.
Preeminente: que tem preeminência; que ocupa posição mais elevada, superior, distinto.
131/227
Considerações Finais
132/227
Referências
ALFRADIQUE, Maria Elmira et al. Internações por condições sensíveis à atenção primária: a
construção da lista brasileira como ferramenta para medir o desempenho do sistema de saúde
(Projeto ICSAP – Brasil). Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 6, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. 2015. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/
DATASUS/index.php >. Acesso em: 22 jul. 2015.
brasileira: exigências atuais e futuras. Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro, n. 28, v. 5, p. 955-964,
2012.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE- OPAS. Saúde nas Américas 2012: panorama da
situação de saúde dos países das Américas. Organização Pan-Americana da Saúde; 2012.
PAULA, M. L. et al. Assistência ao usuário de drogas na atenção primária à saúde. Psicol. estud.
Maringá , v. 19, n. 2, p. 223-233, June 2014.
PIANCASTELLI, C. H.; SPITITO, G. C. D; FLISCH, T. M. P. Saúde do Adulto. Belo Horizonte: Nescon/
UFMG, 20’3, 166p.
RONZANI, T. M. Avaliação de um processo de implementação de estratégias de prevenção
ao uso excessivo de álcool em serviços de atenção primária à saúde: entre o ideal e o
possível. Tese de Doutorado, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo,
São Paulo, 2005.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 95, n. 1, p. 1-51, 2010. Suplemento 1.
OLIVEIRA, J. E. P.; VENCIO, S. (org). Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade
Brasileira de Diabetes 2014-2015. 3 ed. São Paulo: AC Farmacêutica, 2015, 400p.
137/227
Questão 2
2. No enfrentamento da hipertensão arterial, as equipes de saúde devem
priorizar e utilizar ações mais efetivas de evitar as doenças. Quais são
estas ações?
a) Uso adequado de medicamentos.
b) Realização de exames com alta tecnologia.
c) Prevenção primária e a detecção precoce.
d) Prevenção secundária.
e) Diagnóstico preventivo e Prevenção secundária.
138/227
Questão 3
3. O controle da hipertensão arterial, dislipidemias, prevenção de ulce-
rações, controle do tabagismo e rastreamento para diagnóstico e trata-
mento precoce das complicações como retinopatia, insuficiência renal
e doenças cardiovasculares no atendimento ao paciente diabético são
ações de:
a) Prevenção primária.
b) Prevenção secundária.
c) Prevenção terciária.
d) Prevenção especializada.
e) Prevenção básica.
139/227
Questão 4
4. A abordagem do dependente químico tem como norteador a política
de redução de danos. Neste contexto, a equipe de saúde deve reconhe-
cer cada usuário em suas singularidades, traçando com ele estratégias
que estão voltadas para defesa de sua vida. Sobre estas ações, assinale a
alternativa correta:
140/227
Questão 5
5. Com relação à rede assistencial de atenção aos dependentes químicos,
podemos afirmar que:
a) O modelo extra-hospitalar, inserido na comunidade, de caráter interdisciplinar e que evita
a cronificação dos pacientes e o isolamento social.
b) O modelo hospitalar é o mais efetivo e de menor custo.
c) A inserção e aproximação da sociedade são responsáveis pelo insucesso do tratamento.
d) A família não deve ser exposta e, portanto, não deve participar do tratamento.
e) Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) têm sido utilizados como espaços de cuidado,
mesmo sem autorização do Ministério da Saúde.
141/227
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: E.
3. Resposta: B.
142/227
Unidade 6
Saúde do Homem
Objetivos
143/227
Introdução
Link
Em 2010 o Ministério da Saúde disponibilizou um documento completo que caracterizou o Perfil da
Situação da Saúde do Homem do Brasil. Disponível em:< http://portalsaude.saude.gov.br/images/
pdf/2014/maio/21/CNSH-DOC-Perfil-da-Situa----o-de-Sa--de-do-Homem-no-Brasil.pdf>.
Acesso em: 28 jul 2015.
No âmbito organizacional, é preciso também ampliar o acesso desta população aos serviços
oferecidos, através da flexibilização dos horários de atendimento, com maior resolutividade
de suas necessidades, com acolhimento, vínculo e humanização, permeado por um canal de
comunicação efetivo entre indivíduo e equipe de saúde (CAVALCANTE, et al., 2014, PEREIRA;
NERY, 2014).
Link
Acesse a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) na íntegra. Disponível
em:<http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/21/CNSH-DOC-PNAISH---
Principios-e-Diretrizes.pdf>. Acesso em: 28 jul 2015.
A etapa inicial da implantação da Política foi consolidada com a publicação do Plano de Ação
Nacional (PAN), (BRASIL, 2009a), da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) por meio da Área
Técnica da Saúde do Homem (ATSH) do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas
151/227 Unidade 6 • Saúde do Homem
(DAPES) do Ministério da Saúde (MS), que redução dos índices de morbimortalidade
serviu de referência para a elaboração por causas preveníveis e evitáveis nessa
de Projeto-piloto em municípios população, com melhoria nas condições de
selecionados pelo MS e do Distrito Federal, saúde e qualidade de vida (BRASIL, 2009b).
que subsidiaram a pactuação de outros A PNAISH considera a heterogeneidade
municípios com a ATSH/DAPES/SAS/MS das possibilidades de ser homem, como um
para implantação da PNAISH (BRASIL, processo histórico e socioculturalmente
2009b). construído, em permanente
Os principais objetivos da política são transformação, reconhecimento dos
promover ações de saúde que contribuam determinantes sociais que resultam na
significativamente para a compreensão vulnerabilidade da população masculina.
da realidade singular masculina nos Isto é fundamental para a promoção da
seus diversos contextos socioculturais equidade na atenção a essa população, que
e político-econômicos; respeitando os deve ser considerada em suas diferenças
diferentes níveis de desenvolvimento e por idade, condição socioeconômica,
organização dos sistemas locais de saúde étnico-racial, por local de moradia urbano
e tipos de gestão, a fim de possibilitar ou rural, pela situação carcerária, pela
o aumento da expectativa de vida e a deficiência física e/ou intelectual e pelas
152/227 Unidade 6 • Saúde do Homem
orientações sexuais e identidades de • Captação precoce da população
gênero não hegemônicas (BRASIL, 2009b). masculina nas atividades de
Tem como princípios a humanização e a prevenção primária relativa aos
qualidade e para cumpri-los devem ser agravos recorrentes;
considerados (BRASIL, 2009b): • Capacitação técnica dos profissionais
de saúde;
• Universalidade e equidade nas ações
e serviços de saúde voltados para a • Disponibilidade de insumos,
população masculina; equipamentos e materiais
educativos;
• Articulação com as diversas áreas
do governo, com o setor privado e a • Estabelecimento de mecanismos
sociedade; de monitoramento e avaliação
continuada dos serviços e do
• Informações e orientação à
desempenho dos profissionais de
população masculina, aos familiares
saúde;
e à comunidade sobre a promoção,
prevenção, proteção, tratamento • Elaboração e análise dos indicadores
e recuperação dos agravos e das que permitam redefinir as estratégias
enfermidades do homem; e/ou atividades que se fizerem
153/227 Unidade 6 • Saúde do Homem
necessárias. profissionais, gestores e população
• Os eixos temáticos prioritários da sobre benefícios de envolver os
Política são: pais; pré-natal do parceiro; lei do
acompanhante; Unidade de Saúde
• Acesso e Acolhimento: que Parceira do Pai.
envolvem ações de sensibilização
de profissionais e gestores de saúde; • Prevenção de Violências e Acidentes:
Adequação do ambiente físico das com o desenvolvimento de cursos
unidades de saúde; Pré-natal do e campanhas sobre prevenção de
parceiro; Horários estendidos de violências e acidentes.
atendimento. • Doenças prevalentes na população
• Saúde Sexual e Reprodutiva: com masculina: campanhas de prevenção
o engajamento dos homens no e/ou conscientização; importância
planejamento familiar e estratégias do cuidado mais amplo com a saúde
de prevenção DST/Aids; Pré-natal do (exercícios, alimentação e exames de
parceiro. rotina).
A criação da PNAISH foi um grande
• Paternidade e Cuidado: com o
avanço no sentido do aprimoramento
desenvolvimento de campanhas para
154/227 Unidade 6 • Saúde do Homem
do atendimento à população masculina, ampliando o diálogo entre os diferentes
porém na prática muitos desafios atores do setor saúde (universidades,
ainda precisam ser enfrentados para profissionais, gestores e usuários),
que mudanças efetivas sejam sentidas promovendo a valorização cultural e
(CAVALCANTE, 2014). histórica da saúde do homem (PEREIRA;
NERY, 2014).
É necessário repensar as ações de
planejamento e gestão observando a Além disso, considera-se como elementos
realidade local de cada comunidade e fundamentais para a implementação da
equipe de saúde, conhecendo a população política promover o acesso dos homens
envolvida neste processo a fim de definir aos serviços de saúde nos diferentes níveis
metas, propor ações de saúde e avaliar de atenção, organizados em rede; captar
constantemente a evolução da atenção a população masculina nas atividades de
integral à saúde do homem (PEREIRA; prevenção primária; melhorar o grau de
NERY, 2014). resolutividade dos problemas do usuário
e sensibilizar a população masculina
Os serviços de saúde devem acerca dos benefícios e da importância da
incorporar em suas práticas um novo prevenção à saúde (PEREIRA; NERY, 2014).
referencial ético, teórico e prático que
leve em consideração as questões gênero,
155/227 Unidade 6 • Saúde do Homem
Para saber mais
O Sistema Único de Saúde está organizado em
níveis de atenção, que são a básica, a de média
complexidade e a de alta complexidade. Essa
estruturação visa à melhor programação e
planejamento das ações e serviços do sistema.
Não se deve, porém, considerar um desses níveis
de atenção mais relevante que outro, porque a
atenção à Saúde deve ser integral.
158/227
Considerações Finais
» O uso dos serviços de saúde pelos homens difere daquele feito pelas mulheres,
ou seja, os homens procuram menos as unidades de saúde.
» Os homens costumam procurar os serviços de saúde em intercorrências graves,
quando o agravo à saúde causa dor insuportável ou leva a uma impossibilidade
de trabalhar.
» Faz-se necessária uma reestruturação dos serviços de saúde a fim de aproximar
o homem para o cuidado de si e a atenção básica assume papel estratégico,
principalmente devido à sua proximidade com a população e a ênfase nas
ações preventivas e de promoção da saúde.
» No sentido de orientar os serviços de saúde para a promoção, proteção,
prevenção e reabilitação da saúde masculina, o Ministério da Saúde, em 2009,
lançou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH).
159/227
Referências
162/227
Questão 2
2. A reestruturação dos serviços de saúde é necessária, buscando a
aproximação do homem para o cuidado de si, utilizando a atenção
básica como estratégia, dada a proximidade com a população. Qual a
ênfase das ações neste contexto?
a) Ações de promoção da saúde.
b) Ações preventivas.
c) Ações preventivas e de promoção da saúde.
d) Ações de medicalização.
e) Ações de profissionais especializados.
163/227
Questão 3
3. Assinale a alternativa que preenche de forma adequada a lacuna no
trecho abaixo:
164/227
Questão 4
4. Para compreender a PNAISH e desempenhar toda a articulação neces-
sária entre a oferta de serviços e as necessidades e peculiaridades da po-
pulação masculina, o que é necessário quando pensamos nas ações dos
gestores e profissionais de saúde?
165/227
Questão 5
5. Os serviços de saúde devem incorporar em suas práticas um novo re-
ferencial ético, teórico e prático, que leve em consideração as questões
gênero, ampliando o diálogo entre os diferentes atores do setor saúde,
promovendo a valorização cultural e histórica da saúde do homem. Assi-
nale a alternativa que apresenta os atores deste processo:
a) Gestores e trabalhadores.
b) Universidades, profissionais, gestores e usuários.
c) Usuários e profissionais.
d) Somente profissionais de saúde.
e) Ministério da Saúde e Secretarias estaduais de Saúde.
166/227
Gabarito
1. Resposta: A. Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem.
A observação do perfil de pacientes
atendidos na atenção básica percebe que 4. Resposta: C.
os homens procuram menos os serviços de
saúde que as mulheres. Os profissionais de saúde e gestores devem
ser constantemente capacitados para
2. Resposta: C. compreender a PNAISH e desempenhar
toda a articulação necessária entre a oferta
Ações preventivas e de promoção da saúde de serviços e as necessidades.
devem ser a ênfase da reestruturação dos
serviços para atenção saúde do homem. 5. Resposta: B.
Objetivos
168/227
Introdução
Com o objetivo de uma ação de âmbito federal para cuidar do tema nutrição, o Ministério da
Saúde promoveu uma série de eventos participativos para debater o assunto, contando com a
participação de pessoas físicas e jurídicas, instituições governamentais e não governamentais
atuantes no campo da alimentação e nutrição.
Essas discussões deram origem à Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAM, que foi
criada no ano de 1999 através da Portaria nº 710 do Ministério da Saúde, determinando que os
órgãos e entidades do Ministério citado cujas ações se relacionassem com o tema alimentação
e nutrição elaborassem a readequação de seus planos, programas e projetos de acordo às
diretrizes estabelecidas na nova política.
De acordo com Brasil (2007, p. 17), o objetivo da PNAN é:
Link
Portaria nº 2.715, de 17 novembro de 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2715_17_11_2011.html>. Acesso em 17 jul
2015.
A versão atual da PNAN está ordenada por nove diretrizes de atuação, são elas: Organização
da Atenção Nutricional; Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; Vigilância Alimentar
e Nutricional; Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição; Participação e Controle Social;
Qualificação da Força de Trabalho; Controle e Regulação dos Alimentos; Pesquisa, Inovação
e Conhecimento em Alimentação e Nutrição; e Cooperação e articulação para a Segurança
Alimentar e Nutricional.
De acordo com Brasil (2012), para implementação da PNAN, de uma forma geral, o papel da
esfera federal (Ministério da Saúde) é elaborar o plano de ação e o planejamento da política
considerando as especificidades regionais; definir metas e estratégias com os gestores
de saúde; garantir fontes de recursos federais; avaliar e monitorar as metas nacionais de
alimentação e nutrição, assim como a situação epidemiológica nutricional do país; prestar
assessoria técnica e articulações de instituições nas três esferas; viabilizar parcerias e promover
Link
Portaria n. 2.681, de 07 de novembro de 2013 - Redefine o Programa Academia da
Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2681_07_11_2013.html>. Acesso
em: 18 jul. 2015
185/227
Considerações Finais
» A promoção da saúde é um processo integrado que envolve, além das questões da saúde-
doença, os mecanismos para garantia de condições sociais, econômicas e de qualidade
de vida satisfatória.
» Cabe ao Estado respeitar as comunidades do país o direito pela capacidade de alimentar-
se de forma digna no sentido de ter uma vida saudável, ativa, participativa e de qualidade,
através de políticas e programas que forneçam essas condições aos cidadãos.
» A PNAM - Política Nacional de Alimentação e Nutrição foi criada em 1999 com o objetivo
de garantir qualidade dos alimentos colocados para consumo no país, a promoção de
práticas alimentares saudáveis e a prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais,
bem como o estímulo às ações intersetoriais que propiciem o acesso universal aos
alimentos.
» A queda da desnutrição vivida pela população mundial e brasileira nas últimas duas
décadas veio acompanhada de um aumento preocupante nas taxas de obesidade e
sobrepeso em todas as camadas da população, demandando do Estado ações que
186/227
Considerações Finais
promovessem o enfrentamento dos problemas ocasionados pela obesidade.
» O Programa Academia da Saúde foi criado em 2011 com o objetivo de promover práticas
corporais e atividade física, alimentação saudável, modos saudáveis de vida, produção
do cuidado, entre outros, por meio de ações culturalmente inseridas e adaptadas aos
territórios locais
187/227
Referências
ALVES, K. P. S.; JAIME, P. C. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição e seu diálogo com
a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v. 19, n. 11, p. 4333-40, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. VIGITEL Brasil 2014: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Brasília: Editora MS, 2014a. Disponível em:
<http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/abril/15/PPT-Vigitel-2014-.pdf>. Acesso em
18 jul. 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Academia da Saúde. 2014b. Disponível em:
<http://camaralebonregis.sc.gov.br/wp-content/uploads/2014/05/Academia-da-
Sa%C3%BAdeslides.pdf>. Acesso em 19 jul. 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Academia da Saúde. Brasília – DF: Editora MS, 2014c. 18 p.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/academia_saude_cartilha.pdf>.
Acesso em 18 jul. 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.687, de 8 de novembro de 2013. Redefine as
regras e os critérios referentes aos incentivos financeiros de investimento para construção de
polos e de custeio no âmbito do Programa Academia da Saúde e os critérios de similaridade
entre Programas em Desenvolvimento no Distrito Federal ou no Município e o Programa
192/227
Questão 4
4) De acordo com o sistema Vigitel, em 2014 quais eram, respectivamen-
te, os índices de obesidade e sobrepeso da população brasileira?
a) 52% para sobrepeso e 17,9% para obesidade.
b) 85% para sobrepeso e 17,9% para obesidade.
c) 27% para sobrepeso e 35% para obesidade.
d) 52% para sobrepeso e 29,3% para obesidade.
e) 79 % para sobrepeso e 5,3% para obesidade.
193/227
Questão 5
5. Quais cidades possuíam os modelos de academias que inspiraram a
criação do Programa Academia da Saúde?
a) São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Recife (PE).
b) Recife (PE), Curitiba (PR), Vitória (ES), Aracaju (SE) e Belo Horizonte (MG).
c) Recife (PE), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Maceió (AL) e Fortaleza (CE).
d) Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES) e Aracaju (SE).
e) Recife (PE), Manaus (AM), Goiânia (GO), Uberaba (MG) e Vitória (ES).
194/227
Gabarito
1. Resposta: A. nove diretrizes estão apontadas no nono
parágrafo do Item 1. Política Nacional de
A Organização Mundial da Saúde Alimentação e Nutrição.
recomenda aos países a adotarem
abordagens de saúde que permeiem todas 3. Resposta: D.
as políticas e estabeleçam articulação
em todos os setores com a finalidade de O Ministério da Saúde deixa claro, na
ampliar o desenvolvimento humano, a descrição das responsabilidades do PNAN,
sustentabilidade e as condições de saúde que a política deve ser implementada de
da população Organização Mundial, forma articulada, nas três esferas da gestão
conforme descrito no primeiro parágrafo da saúde brasileira (federal, estadual
da introdução. e municipal), em concordância com os
princípios do SUS, conforme descrito
2. Resposta: B. no décimo parágrafo do Item 1. Política
Nacional de Alimentação e Nutrição.
As diretrizes do PNAN são nove diretrizes
regulamentadas pelo Ministérios da Saúde 4. Resposta: A.
pela portaria n. 2715 no ano de 2011. As
De acordo com o Vigitel, os índices para
195/227
sobrepeso e obesidade no Brasil no ano de
2014 são, respectivamente, 52% e 17,9%,
conforme explícito no segundo parágrafo
do item 2 – Programa Academia da Saúde.
5. Resposta: B.
196/227
Unidade 8
Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
Objetivos
197/227
Introdução
Neste contexto, uma das frentes trabalhadas pelo Ministério da Saúde é a Atenção
Domiciliar (AD). A AD consiste numa modalidade de atenção à saúde que pode substituir
199/227 Unidade 8 • Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
ou complementar as tradicionais, e se caracteriza por ações de prevenção e tratamento
de doenças, reabilitação e promoção à saúde, prestadas em domicílio e integradas à rede
de atenção à saúde. Desta forma, o ambiente domiciliar e as relações familiares diferem o
ambiente e a relação estabelecida pelo paciente, humanizando o cuidado e proporcionando
bem-estar ao paciente (BRASIL, 2012).
Atuando ainda no campo da prevenção, promoção e manutenção da saúde em uma abordagem
de atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, outra frente considerada
relevante pelo Ministério da Saúde no âmbito do SUS são as Práticas de Saúde Integrativas e
Complementares.
As equipes de atenção domiciliar são 100% financiadas pelo Ministério da Saúde, através
de recursos federais transferidos do Fundo Nacional de Saúde para os fundos municipais
ou estaduais de saúde. Essa transferência, no entanto, não exclui a possibilidade de aporte
de recursos oriundos das gestões locais. Os recursos podem também ser utilizados para
manutenção dos serviços (compra de equipamentos, aquisição de medicamentos, insumos e
206/227 Unidade 8 • Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
transporte) (PORTAL DA SAÚDE, 2013). possuem alcance global e interferência,
O Programa Melhor em Casa, desde seu inclusive nos processos de adoecimento
início em 2011, já implantou inúmeros e saúde, e seguindo as recomendações
serviços domiciliares em diversos da Organização Mundial de Saúde
municípios, tendo alguns como modelos para formulação de políticas visando a
de sucesso em todo o Brasil, representando integração de sistemas médicos complexos
grande economia de leitos hospitalares e recursos terapêuticos como auxiliares
em todas as cidades e recebendo um alto no processo de tratamentos e busca da
número de retornos positivos por parte dos saúde pelo cidadão, o Ministério da Saúde
pacientes e famílias atendidas (BRASIL, brasileiro começou a avaliar formas de
2014; PORTAL DA SAÚDE, 2013). desenvolver uma política que conseguisse
integrar tratamentos complementares a
alopatia e tratamento hospitalar do SUS
2. Política Nacional de Práticas
(BRASIL, 2006).
Integrativas e Complementares
Práticas Integrativas e
Considerando o indivíduo um ser Complementares (PIC) são práticas de
de dimensão holística, ou seja, onde tratamento que envolvem abordagens
todas as ações e acontecimentos que visam estimular mecanismos naturais
207/227 Unidade 8 • Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
de prevenção de doenças e recuperação ganharam mais visibilidade na área da
da saúde por meio de técnicas seguras e saúde, uma vez que nessa conferência,
eficazes. Essas práticas seguem sempre impulsionada pela Reforma Sanitária,
um modelo de escuta acolhedora e foi deliberada em seu relatório final a
desenvolvimento de vínculo terapêutico necessidade de “introdução de práticas
para integração do ser humano com o meio alternativas de assistência à saúde
ambiente e a sociedade através de uma no âmbito dos serviços de saúde,
visão ampla do processo saúde/doença e possibilitando ao usuário o acesso
promoção do autocuidado (ECOMEDICINA, democrático de escolher a terapêutica
2015). preferida” (Guilhermino; Guerrero, 2011, p.
O processo de discussão de Práticas 23).
Integrativas e Complementares se inicia já
na década de 1980, quando o Ministério
da Saúde começou a promover diversas
conferências, documentos e discussões
sobre saúde pública. Foi então que na
ocasião da 8ª Conferência Nacional de
Saúde (CNS), no ano de 1986, as PICs
208/227 Unidade 8 • Programas de Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
Para saber mais
A Reforma Sanitária foi um movimento originado no período de luta contra a ditadura, no
início da década de 1970. A expressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias que
se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas
mudanças não eram restritas ao sistema, se relacionavam a todo o setor saúde, em busca da
melhoria das condições de vida da população.