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Todos nós, em algum momento do intenso

percurso da nossa existência (ou da

pandemia), percebemo-nos perdidos nela, o

que nos traz um certo desespero, levando-

nos a diversos questionamentos de quem

nós somos, onde chegamos e para onde

vamos/queremos ir. Questões como essas

vão se somando a outras continuamente.


Nesse dilema, encontra-se

Liza Doolittle, a vendedora


de flores e protagonista de

“Pygmalion”, de George

Bernard Shaw, como podemos

ler na seguinte fala:

Liza [pulling herself together


in desperation] What am I fit
for? what have you left me
for? Where am I to go? What
am I to do? What’s to become
of me? (p.61).
Você já perguntou qual é o seu papel no
mundo? Talvez nem seja necessário, mas
Liza dá a impressão de que algo é sempre
esperado dela, com toda a razão. Seu
sotaque cockney , um inglês marginalizado
utilizado especialmente pelas camadas
populares inglesa de regiões ao leste
londrino, virou projeto de Higgins, um
professor de fonética cuja missão é tornar
a humilde vendedora de flores em uma
“lady” da alta sociedade.
Isso aconteceu, mas a angústia da

jovem é reconhecer-se na personagem

em quem ela se transformou, ou

melhor, foi transformada. Dela, tudo foi

tirado (flores, língua e identidade), sem

que ela soubesse lidar com as

novidades impostas nem pudesse

voltar ao princípio.
O que Zarathustra nos
ensina sobre isso?
Zarathustra nos ensina que em cada
caminho no qual nos colocamos ou somos
colocados, há transformação, um
processo natural e ininterrupto. Nesse
sentido, “tornar-se quem se é” é
entender que nunca seremos os mesmos,
por inúmeras razões, como os encontros e
interações que temos e que nos fazem
reagir de maneiras distintas.
No entanto, há no
“sujeito” de cada um
aquilo que chamamos
de identidade, que
pode não ser
imutável, mas nela é
possível encontrar a
singularidade, algo
que torna o projeto
de Higgins muitas
vezes uma covardia
em direção a uma
pessoa que não teve
o poder de escolha no
becoming (tornar-se).
Enfim, não nego que Liza mudaria, pois
sua vida é constantemente atravessada
por diversas experiências, mas faltou
permitir a ela o poder de decisão, do
reconhecimento dos caminhos nos quais
foi jogada, dependendo que a voz
daquele que a formou lhe dissesse sua
serventia no mundo a partir daquela
nova figura que ela se tornou.
@zarathustrall

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k
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yo
youu!
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Dayse Paulino de Ataide

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