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(A Dúvida)

A dúvida é um momento importante do método. A partir dela, recusamos todas as


crenças em que notarmos a mínima suspeita de incerteza.
Segundo Descartes (2005), para examinar a verdade é necessário colocar todas as
coisas em dúvida.
Com efeito, a dúvida é posta ao serviço da verdade. É necessário colocar tudo em
causa, no processo de busca dos princípios fundamentais e indubitáveis.
A dúvida justifica-se por causa de preconceitos e dos juízos precipitados; porque os
sentidos muitas vezes nos enganam; dado que não dispomos de um critério que nos
permite discernir o sonho de vigília; uma vez que alguns se enganaram nas
demonstrações matemáticas; pois há a possibilidade de existir um deus enganador, ou
um génio maligno, que nos ilude a respeito da verdade.
Esta última hipótese de existir um deus enganador condena-nos a uma situação sem
saída, isto é, o entendimento humano é de tal natureza que se engana sempre.
Para além das causas, verificam-se também certas características da dúvida, tais como
a metódica e provisória, ou seja, é um método para atingir a certeza e a verdade, não
constituindo um fim em si mesmas; a hiperbólica, isto é, rejeita como se fosse falso
tudo aquilo em que se note a mínima suspeita de incerteza; a universal e radical, incide
sobre o conhecimento geral, os seus fundamentos e as suas raízes.
Em síntese, a dúvida é um exercício voluntário e uma suspensão do juízo. Tem uma
função catártica, já que liberta o espírito dos erros.

(A teoria do erro e as três substâncias: 1ª parte)


A vontade torna-se necessária para darmos consentimento aos juízos que o
entendimento formula.
Segundo Descartes (1988), os erros provêm da vontade, pois tem um campo mais
amplo que o entendimento e é indiferente às coisas, derivando do bem e do bom.
Explane que, quando não temos a certeza do que é verdadeiro, nos abstemos, a fim de
não nos enganarmos. Porém, quando se afirma ou nega, utiliza-se o arbítrio livro e
“(...) se me inclino para o lado falso, engano-me totalmente; se, ao contrário, abraçar o
outro lado, pode ser que por acaso encontre a verdade (...)” não se está isento da
culpa, pois é manifesto que o “conhecimento do entendimento deve proceder sempre
a determinação da vontade”.

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