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História

unidade 4 A crise do capitalismo e a Segunda


9
Guerra Mundial

BETTMANN/CORBIS/LATINSTOCK

1 • 2 • 3 • 4 • 5 • 6 • 7 • 8

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DC/GLOW
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Na composição do negativo de filme, de cima para baixo, tropas aliadas sendo


AR

recepcionadas pela população de Ede, na Holanda, em 1945; comemoração pelo


NATIONAL

fim da Segunda Guerra Mundial na avenida Times Square, em Nova York, em


14 de agosto de 1945; soldados hasteando bandeira americana na ilha de Iwo
Jima, em 23 de fevereiro de 1945; e nuvem de cogumelo após o lançamento da
bomba atômica sobre a cidade japonesa de Nagasaki, em 9 de agosto de 1945.
Na imagem maior, Adolf Hitler inspeciona tropa da Juventude Hitlerista em
Nuremberg, c. 1935.

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Unidos por uma causa:
o fim do fascismo e
do nazismo
Professor: As páginas de aber-
tura promovem a verificação e Com o fim da Primeira Guerra Mundial, muitos países, sobretu-
a exploração dos conhecimen-
tos prévios dos alunos. São um do os que foram derrotados, enfrentaram grandes dificuldades. Essa
convite à discussão e à leitura
de imagens. As questões pro- situação propiciou a emergência de um sentimento de descrença na
postas permitem avaliar o grau
de conhecimento da classe e democracia e a rejeição aos valores socialistas. Nos países que per-
podem orientar a condução
mais adequada dos assuntos deram a guerra nasceram movimentos autoritários e intolerantes que
que serão abordados. Deixe
que os alunos respondam às impuseram, por meio do radicalismo, o fortalecimento do governo e
perguntas livremente.
a restauração da ordem. À medida que a crise econômica se agravava,

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a crença em uma ação radical e nacionalista ganhava força. Esse foi
o contexto em que surgiram na Europa o fascismo e o nazismo, mo-
vimentos totalitários que em sua expansão criaram condições para a
eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Objetivos de aprendizagem
Ter os objetivos de aprendizagem em mente vai orientá-lo em seus estudos e
ajudá-lo a verificar seu aproveitamento ao final da unidade. Os trabalhos em grupo
são fundamentais para trocar saberes, para o desenvolvimento do pensamento
crítico e da autonomia. Lembre-se de que mapas, gráficos, imagens, tabelas e
Professor: Comente os objeti- charges são formas de linguagem que conduzem a conceitos e apresentam dados
vos de aprendizagem em sala e informações diversos. Saber ler e interpretar todas as formas de linguagem ajuda
de aula, para orientar os alunos
em relação ao que vão estudar a compreender melhor a realidade e o mundo que nos cerca.
na unidade.
Outros objetivos de aprendizagem são:
• identificar os fatores que provocaram a Grande Depressão;
• explicar as principais consequências políticas da crise nos Estados Unidos e
na Europa;
• analisar textos historiográficos sobre o período;
• identificar os processos políticos e econômicos anteriores à Segunda Guerra
Mundial (1939-1945);
• identificar os oponentes, os objetivos e o processo da Segunda Guerra
Mundial;
• posicionar-se criticamente em relação às consequências da Segunda Guerra
Mundial.

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Observe as imagens das páginas 2 e 3. Em seguida, responda oralmente.

1 Observe e descreva a imagem da abertura desta unidade. O que você


imagina que essas pessoas estão fazendo? Resposta pessoal.

2 Você já tinha visto alguma das imagens menores que estão na composição
do negativo de filme? O que elas retratam? Resposta pessoal.

3 Você sabe o que a última imagem representa? Resposta pessoal.


Reúna-se com alguns colegas, conversem sobre o exercício anterior e
respondam às questões.

1 Vocês sabem explicar que regime político representa o personagem


que está à frente na imagem principal? Quais foram algumas das
consequências das ideias defendidas por este regime?
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Ele representa o nazismo. Esse regime político totalitário tinha uma política de conquista de novos

territórios que foi um dos estopins da Segunda Guerra Mundial. O nazismo defendia a ideia de

superioridade da raça ariana e criou campos de extermínio onde foram mortas milhões de pessoas

que o regime considerava inferiores – judeus, ciganos, deficientes e homossexuais, entre outros.
Professor: Aproveite a conversa para levantar o máximo dos conhecimentos prévios da turma. Este é um período
sobre o qual os alunos costumam ter muita informação mas nem sempre separam com clareza o que é história e
o que é ficção.

2 Vocês já assistiram a algum filme sobre a temática desta unidade?


Resposta pessoal.
Professor: Estimule os alunos a lembrar o maior número de filmes sobre a temática e a falar sobre eventuais dife-
renças entre eles.

3 De que forma os meios de comunicação e as expressões artísticas representam


esse período?
Resposta pessoal.
Professor: Muitas vezes os meios de comunicação retratam o período de maneira maniqueísta, quase como uma
luta do bem contra o mal. Esta pergunta pode ser utilizada para começar essa discussão.

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CAPÍTULO
O período entreguerras
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) beneficiou diretamente a eco-
nomia norte-americana. Durante o conflito, a indústria dos Estados Unidos
abasteceu a Europa com armamentos, alimentos, matérias-primas e produtos
industrializados. E como a guerra não foi travada em território americano, este
não sofreu os danos causados aos países europeus, como a destruição de cam-
pos, fábricas e da infraestrutura para o atendimento da população.
Esses fatores propiciaram aos Estados Unidos uma posição privilegiada no
período pós-guerra, consolidando uma hegemonia econômica que só seria
abalada com a Grande Depressão, iniciada em 1929.

A prosperidade dos anos 1920

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Durante a Primeira Guerra Mundial e no pós-guerra, os Estados Unidos
conquistaram um amplo mercado, respondendo por cerca de 30% da pro-
dução mundial e ocupando o primeiro lugar na lista dos maiores exporta-
dores do planeta.
A Europa, ao contrário, saiu da guerra economicamente abalada. França e
Grã-Bretanha tinham pesadas dívidas de guerra, contraídas com os Estados
Unidos, que se somaram a posteriores empréstimos tomados com os norte-
-americanos para sua reestruturação. A Alemanha tinha de pagar as repara-
ções de guerra exigidas pelo Tratado de Versalhes (1919), valores superiores
à soma total da riqueza produzida no país. Por isso, o país também se tornou
dependente do capital norte-americano para saldar suas dívidas. O desem-
prego cresceu em toda a Europa.
A América Latina, por sua vez, foi beneficiada pela prosperidade dos Esta-
dos Unidos. Como fornecedora de matérias-primas para as indústrias desse
país, suas exportações aumentaram. Assim, a economia norte-americana es-
tabeleceu uma rede de dependência com todos os países do mundo, direta
ou indiretamente.
O lucro das empresas era extraordinário. O acelerado processo de cres-
cimento econômico valorizou as ações na Bolsa de Valores nova-iorquina,
proporcionando altos rendimentos a seus acionistas. Isso estimulou o inves-
timento de novos acionistas, e empresários e membros da classe média pas-
saram a fazer empréstimos nos bancos para investir na Bolsa. Era um negócio
arriscado, pois o mercado financeiro está sempre sujeito a especulações, que
podem fazer com que as ações de uma empresa sofram um aumento artificial
de seu valor ou sejam desvalorizadas rapidamente.
Outro fator que contribuiu para o aumento da produção norte-americana
foi a expansão do crediário, ou seja, a facilidade das prestações. As vendas a
prazo, que facilitavam o pagamento dos produtos, ampliaram-se, permitindo
que o trabalhador comum conseguisse comprar as novidades oferecidas pelo
mercado. O poder de compra produzia a sensação de prosperidade, inclusive
para as camadas mais baixas da população, que podiam então consumir. O
consumo tornou-se sinônimo de prosperidade e desenvolvimento. Porém, os
salários não acompanhavam o ritmo da produção.
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American way of life
Os felizes e prósperos anos 1920 foram marcados pelo consumismo. Diante
da grande produção de artigos industrializados, do barateamento de custos e
da facilidade do crédito, o mercado interno norte-americano desenvolveu-se.
A novidade da época era que o trabalhador comum tinha meios para adquirir
os últimos modelos de rádio, de geladeira e até mesmo de automóvel (figura 1).
Era o espírito do american way of life – estilo de vida norte-americano que
associava o consumo ao progresso nacional, tecnológico, econômico e social.
Mas esse período também foi de efervescência na área cultural. Aos pou-
cos, a indústria do entretenimento ganhava força e colaborava para a disse-
minação do modelo norte-americano de sociedade. O cinema (figuras 2 e 3)
foi o melhor exemplo disso.

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Outdoor da Associação Nacional de Fabricantes, na Califórnia, promovendo o american way of life Fachada do cinema Loew’s United Artists Ohio Theatre, com
em março de 1937, durante a Grande Depressão. Na propaganda, há a frase: “Nada melhor que os filmes Rose Marie e Steps & Steppers em cartaz na cidade de
o modo de vida americano” (There's no way like the American Way). Columbus, Ohio, 1928.

Os riscos da prosperidade 3

Os empréstimos fornecidos pelos Estados Unidos possibilitaram a recupe-


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ração econômica dos países europeus, que, em meados da década de 1920,


retomaram o desenvolvimento de suas indústrias e reduziram a procura por
produtos norte-americanos.
Ao mesmo tempo, esses países adotaram medidas protecionistas com re-
lação à entrada de produtos estrangeiros – agrícolas ou indus­trializados – a
fim de favorecer a produção nacional. Tais medidas provocaram o acúmulo
da produção dos Estados Unidos, que era a maior do mundo. O resultado foi
a diminuição dos preços e do consumo. Cartaz do filme Untamed (Indomável), com os
atores Robert Montgomery e Joan Crawford, 1929.
A partir de 1925, a tendência de crescimento norte-americano inverteu-se.
O aumento descontrolado do crédito interno para estimular a produção e
elevar o consumo reforçou a especulação na Bolsa de Valores. A situação fi-
nanceira das empresas que enfrentavam dificuldades por causa do alto endi-
vidamento e do baixo volume de vendas deixou de corresponder aos valores
das ações, em alta constante.
Esse cenário provocou demissões em massa, o que diminuía também o
consumo. Essa redução, por sua vez, aumentava ainda mais a demissão de
trabalhadores. Instalava-se um círculo vicioso, cuja consequência foi uma
enorme crise, também chamada Grande Depressão, anunciada formalmente
com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929.
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O crash da Bolsa de Nova York: a crise de 1929
Em 1929, a situação ficou insustentável. De um lado, investimentos cres-
centes na Bolsa de Valores faziam as ações subirem de preço rapidamente,
atingindo alto valor de mercado. De outro, as empresas que essas ações re-
presentavam estavam frequentemente à beira da falência. Ou seja, a situação
real das empresas não correspondia ao valor de suas ações na Bolsa.
Alguns empresários e investidores tinham conhecimento da situação real,
e no mês de outubro de 1929 milhares deles apressaram-se em vender suas
ações. Isso provocou uma repentina baixa nos preços das ações e a conse-
quente falência de muitos acionistas (figura 4). Essa queda vertiginosa do
valor das ações levou ao crash (quebra) da Bolsa de Nova York, em 24 de
outubro de 1929.

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Investidor de Wall Street, vítima da crise de 1929, oferece seu carro de luxo por Distribuição de sopa para desempregados e moradores de rua em Los
cem dólares. Embora a crise tenha prejudicado mais a classe trabalhadora, alguns Angeles, Estados Unidos, em 1930. Durante a crise, um grande número de
empresários perderam tudo o que tinham. pessoas dependia dessas distribuições para se alimentar.

A quebra do mercado de ações causou a ruína de milhares de investidores


e o fechamento de diversas empresas. A crise prolongou-se por vários anos e
se estendeu pela maior parte do mundo durante a década de 1930, atingindo
6 O CRESCIMENTO DO DESEMPREGO
inclusive o Brasil. Em países como a Alemanha, já muito prejudicada pela
Primeira Guerra Mundial, acredita-se que mais de 50% da população entre
15 e 30 anos estivesse desempregada (figuras 5 e 6).
A crise de 1929 não foi a primeira enfrentada pelos países capitalistas.
Entretanto, diferentemente das outras, que se caracterizaram por serem con-
junturais, a de 1929 foi a primeira crise estrutural capitalista. Diante dela,
milhares de pessoas passaram a questionar o funcionamento do sistema fi-
nanceiro e a pensar meios de modificá-lo ou, até mesmo, eliminá-lo.

A União Soviética
Desde a Revolução de 1917, a União Soviética mantinha suas atividades
econômicas isoladas do mundo capitalista. Após a Primeira Guerra Mundial,
Fonte: HILGEMANN, W.; KINDER, H. Atlas historique. Paris: a economia soviética, socialista e planificada, passou por um grande desen-
Perrin, 1992. p. 460.
volvimento em decorrência dos Planos Quinquenais realizados por Stalin,
que promoveram rápida industrialização e modernização da agricultura. No
fim da década de 1930, a União Soviética já era considerada uma potência
econômica e militar, comparável a países como Inglaterra e Estados Unidos.
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A recuperação econômica e o New Deal
Em 1933, Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), do Partido Democrata,
assumiu a Presidência dos Estados Unidos com a promessa de recuperar a
economia norte-americana. O novo presidente adotou um programa de com-
bate à crise que ficou conhecido como New Deal (Novo Acordo).
Com base nas propostas do economista inglês John Maynard Keynes
(1883-1946), esse programa visava ao abandono do liberalismo clássico e
à adoção de uma política de intervenção direta do Estado na condução da
economia. Mas para isso foi necessário o aumento dos gastos públicos com o
objetivo de realizar medidas que controlassem o ritmo da produção, reduzis-
sem o desemprego e estimulassem as exportações.
As medidas tomadas pelo Estado norte-americano, em diferentes setores
da economia, foram:
• Agricultura: foram fixados limites à produção para a recuperação dos
preços e concedidos empréstimos aos agricultores (figura 7);
• Indústria: foi criado um programa de auxílio à indústria, como a con-
cessão de financiamentos a juros baixos e a compra de ações ou nacio-
nalização de empresas em dificuldades ou falência;
• Emprego: a jornada de trabalho semanal foi reduzida, fixou-se um
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salário mínimo e realizou-se um programa de construção de obras pú-


blicas, criando vários postos de trabalho.
Em geral, as ações do presidente norte-americano Roosevelt foram bem
recebidas pela população, que o reelegeu em 1936 e 1940. Essas medidas
originaram o que se denomina Welfare State (Estado do Bem-Estar Social),
em que o Estado seria encarregado de garantir as condições necessárias para
o bem-estar da população, investindo nos setores de saúde, transportes, ge-
ração de empregos, educação, previdência, entre outros (figura 8).
As medidas promovidas pelo New Deal gradativamente proporcionaram as
condições para a recuperação econômica dos Estados Unidos.

THE GRANGER COLLECTION/OTHER IMAGES


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À esquerda, presidente Roosevelt (no carro, usando


relógio de pulso), dos Estados Unidos, visita fazen-
deiro beneficiado pelo auxílio de combate à seca pro-
movido pelo governo norte-americano, em Mandan,
Dakota do Norte. Fotografia de Arthur Rothstein,
agosto de 1936.
Acima, “New Deal: bomba principal“, charge satiri-
zando o programa econômico New Deal do presi-
dente Roosevelt. Ao mesmo tempo que usou mais
de 8 bilhões de dólares para as medidas emergen-
ciais, ele insistia que iria equilibrar o orçamento dos
Estados Unidos.

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2
CAPÍTULO
Os regimes totalitários
A Primeira Guerra Mundial trouxe graves consequências para as nações
europeias: imensa destruição material, grande número de vítimas e redução
da produção industrial e agrícola. E no momento em que a Europa mostrava
sinais de recuperação dos problemas causados pela guerra, vieram os efeitos
da crise de 1929: inflação, desemprego, aumento da criminalidade e fome.
Para algumas pessoas, todo esse quadro era uma prova de que o sistema
capitalista e as instituições democráticas haviam falhado. Os movimentos co-
munistas cresciam e se fortaleciam com a crise capitalista, que afetava todo o
mundo, especialmente os trabalhadores (figura 1). Alguns, no entanto, viam
no fortalecimento do papel do Estado a saída para a crise e para a ameaça
do chamado “perigo vermelho” (comunismo) (figura 2). Esse era o cenário
europeu no período denominado entreguerras, ou seja, o período entre a
Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-

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-1945), quando se desenvolveram regimes totalitários como o fascismo, na
Itália, e o nazismo, na Alemanha.

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COLEÇÃO PARTICULAR
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Revolução mundial retratada em um cartaz do Dia O bolchevique está solto. Cartaz alemão anti-
do Trabalho Soviético, c. 1920. comunista, c. 1923.

A ascensão do fascismo italiano


A economia italiana teve um grande crescimento durante a Primeira Guer-
ra Mundial, impulsionado pela indústria de armamentos. Entretanto, após o
conflito, a inflação e a desvalorização da moeda italiana contribuíram para
eliminar um grande número de médias e pequenas empresas e aumentar o
desemprego. Além disso, o país enfrentava o drama das perdas humanas na
guerra e a humilhação de ter sido traído pelos Aliados (Entente), que não lhe
entregaram os territórios prometidos: Ístria, Tirol e Trentino.
Diante desse quadro de instabilidade econômica e social, o governo era
criticado pelos setores de esquerda e de extrema direita, que exigiam mudan-
ças drásticas.
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O número de militantes do Partido Socialista aumentava. Em 1921, foram
fundados o Partido Comunista Italiano – cujos membros apoiavam uma re-
volução nos moldes da Revolução Russa de 1917 –, e o Partido Fascista, de
extrema direita, cujos adeptos eram conhecidos como camisas-negras.
Benito Mussolini, chefe do Partido Fascista, organizou em 1921 o Fascio di
Combattimento, um grupo paramilitar cujos militantes atacavam violentamen-
te as organizações operárias e socialistas. Os fascistas contavam com apoio
financeiro de latifundiários, comerciantes, banqueiros e industriais, que ade-
riram ao partido para impedir o avanço das ideias socialistas.

A Marcha sobre Roma


Em 27 de outubro de 1922, os fascistas promoveram a Marcha sobre
Roma (figura 3), pressionando o rei Vítor Emanuel III (1869-1947) a tornar
Mussolini primeiro-ministro, com um gabinete formado por maioria fascista.
Em 1924, por meio de fraude e violência contra seus adversários políticos,
os fascistas venceram as eleições. Em um discurso proferido na Câmara, em
1925, Mussolini oficializou a ditadura e passou a ser chamado Duce (que signifi-
ca “líder”). No ano seguinte, ele extinguiu todos os partidos políticos, exceto
o fascista.
O investimento do Estado na infraestrutura urbana e na construção de
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obras públicas foi a estratégia dos fascistas para combater o desemprego.


Faltava, porém, o apoio da Igreja católica.
Desde 1870, ano em que se completou o processo de unificação italiana,
ficara pendente a Questão Romana, relativa à incorporação dos territórios
pertencentes à Igreja pelo Estado. A questão foi resolvida em 11 de fevereiro
de 1929, quando foi oficializado o Tratado de Latrão: fundou-se o Estado
do Vaticano, autônomo, para a Santa Sé; pagou-se uma indenização pela in-
corporação dos antigos territórios da Igreja e adotou-se o catolicismo como
religião oficial do Estado italiano, tornando obrigatório o ensino da religião
católica nas escolas.
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O ditador italiano Benito Mussolini acompanhado


de quatro generais, auxiliados pelas tropas fascistas,
durante a Marcha sobre Roma, em 1922.

HISTÓRIA 11

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A ascensão do nazismo na Alemanha
No final da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi declarada responsável
por todos os danos causados durante o conflito. O período entre 1919 e 1923
ficou conhecido como “anos terríveis”, dada a gravidade dos problemas eco-
nômicos enfrentados pelos alemães (figura 4). Estima-se que para comprar
1 dólar americano fosse necessário 1 milhão de marcos alemães.
Da mesma maneira que na Itália, os problemas econômicos da Alemanha

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4
no início da década de 1920 acirraram os problemas sociais: desemprego,
concentra­ção de renda e empobrecimento da classe média e dos trabalhado-
res de baixa renda. A quebra da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929,
agravou a situação econômica alemã, provocando a falência de muitas in-
dústrias e o aumento assustador do desemprego. Os movimentos socialistas
e populares ganharam força e, paralelamente, crescia também o movimento
nazista, de extrema direta.
O Partido Trabalhista Alemão foi fundado em 1919 e posteriormente passou
a ser chamado Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães ou apenas
Partido Nazista. A ideologia nazista explorava o sentimento nacionalista do povo
alemão, abalado com os resultados da Primeira Guerra Mundial. Além disso, a
estrutura do partido, fortemente militarizada, simbolizava a ideia de ordem em
um país que estava desorganizado política, social e economicamente.

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Pessoas vendendo latas de estanho durante a severa
inflação de 1923, em Berlim.
O Putsch de Munique e o Mein Kampf
Em 1923, a Alemanha suspendeu o pagamento das indenizações à França
impostas pelo Tratado de Versalhes. Como represália, o vale do Ruhr, região
siderúrgica alemã, foi ocupado por tropas francesas (figura 5). Diante da
apatia do governo alemão, em novembro desse mesmo ano, na cidade de
Munique, um grupo de nazistas, liderado por Adolf Hitler, tentou dar um
golpe (Putsch) de Estado. Hitler proclamou-se chefe de governo. O golpe,
Tropas francesas entram em Essen, Alemanha, em porém, foi reprimido pela polícia, e os rebeldes foram presos.
11 de janeiro de 1923, iniciando a ocupação franco-
-belga do vale do Ruhr.

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Na prisão, Hitler escreveu a obra Mein Kampf (Minha luta), na qual expôs
a doutrina nazista: a negação do Tratado de Versalhes, as ideias racistas da
superioridade ariana (alemã), a defesa da expansão territorial do país e a
necessidade de criar um Estado forte para realizar as mudanças que fariam
da Alemanha uma grande potência. O Partido Nazista, adversário das ideias
de esquerda, logo recebeu adeptos da pequena burguesia e da classe média,
preocupadas com uma possível revolução comunista. Para garantir e ampliar
o apoio popular, os nazistas apresentaram propostas que beneficiavam os
trabalhadores do campo e das cidades, como a reforma agrária e a anulação
das dívidas dos agricultores.

Os nazistas chegam ao poder


A década de 1930, na Alemanha, foi marcada pela as-

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6
censão do Partido Nazista. Os grandes empresários e os
latifundiários alemães, apoiados pelo exército, passaram a
pressionar o presidente Hindenburg (1847-1934) a no-
mear Hitler chanceler (figura 6). Em janeiro de 1933, o
líder nazista assumiu o cargo. Assim, os nazistas chegavam
ao poder liderados por Adolf Hitler, a partir de então de-
nominado Führer (líder militar e político).
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Em fevereiro de 1933, os nazistas incendiaram o prédio


do Reichstag (Parlamento) e responsabilizaram os comu-
nistas. Esse foi o pretexto para reprimir com violência os
grupos de esquerda. No mesmo mês, foram abolidas as
liberdades individuais garantidas pela Constituição. Todos
os partidos políticos, à exceção do Partido Nazista, foram
fechados. Os jornais de seus adversários políticos também Chanceler Adolf Hitler sentado próximo ao presidente Paul von Hindenburg
foram censurados. Estava instaurada a ditadura nazista na e ao líder do Partido Nazista Hermann Göring durante cerimônia em
Tannenberg, Prússia, em 27 de agosto de 1933.
Alemanha (figura 7).

CORBIS/LATINSTOCK
7

Adolf Hitler sobe as escadas na cerimônia pública de Buckeburg, na Alemanha, em 1934. Essas cerimônias e os desfiles
faziam parte da propaganda política e do culto ao líder praticado pelos nazistas.

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As principais características dos regimes
totalitários
Os regimes fascista e nazista são também denominados regimes totalitá-
rios. Nesse tipo de regime, a vontade do grupo governante se confunde com
a vontade do Estado. O uso da força é uma característica presente, e qual-
quer forma de discordância ou oposição em relação às decisões do governo
é tratada como crime.
As características comuns ao fascismo italiano e ao nazismo alemão são:
• o totalitarismo: refere-se à ideia da totalidade do Estado, ou seja, to-
dos os âmbitos da vida individual e da sociedade em geral estão subor-
dinados ao Estado;
• o nacionalismo: a nação torna-se o ideal supremo. Ela deve ser fortalecida
e exaltada. Para tanto, nazistas e fascistas buscavam no passado, isto é, em
sua história, elementos que comprovassem sua superioridade e força;
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• o unipartidarismo: os partidos Fascista e Nazista representavam o
ideal comum da nação. Como seus adeptos afirmavam expressar o in-
teresse de toda a população, não havia, portanto, razão para existirem
outros partidos além desses;

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• o culto ao líder: tanto o Duce como o Führer eram considerados líde-
res infalíveis, os únicos capazes de conduzir suas respectivas nações ao
seu total desenvolvimento e glória. Por isso, a imagem deles devia ser
reproduzida e exaltada incessantemente (figura 8);
• o militarismo: como os membros dos regimes totalitários consideravam-se
superiores aos demais povos, necessitavam de um exército poderoso, bem
treinado e bem armado, a fim de conquistar o mundo (figura 9). O indiví-
duo e a sociedade eram condicionados à constante obediência e disciplina;
• a expansão territorial: valorizava-se a imposição desses povos, consi-
Adolf Hitler sendo saudado em Obersalzberg, derados superiores, às demais nações por meio da conquista de terri-
Alemanha, c. 1938-1939. tórios (figura 10);
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COLEÇÃO PARTICULAR
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Cartaz sobre a união entre a Áustria e a Alemanha, de


Parada militar com caminhões carregando tanques de guerra em Berlim, em honra ao 50o aniversário 12 de março de 1938. Nele, aparece a seguinte mensagem:
de Hitler, em 1939. “Um povo, um império, um líder”.

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• a rejeição à democracia: como só podia haver um partido que re-

COLEÇÃO PARTICULAR
11
presentasse os interesses gerais da nação, tudo aquilo que remetesse à
pluralidade de ideias e posições políticas deveria ser abolido;
• o combate e a perseguição aos comunistas: como os ideais socialistas
e comunistas partiam da luta de classes, ou seja, de conflitos no interior
de uma mesma sociedade, eles deveriam ser rejeitados. Para fascistas e
nazistas, qualquer ideia que dividisse a nação deveria ser abolida.
Quanto aos aspectos que particularizaram os regimes totalitários, destacam-se:
• o corporativismo italiano: amparado na Carta del Lavoro, aprovada no
Grande Conselho Fascista em 21 de abril de 1927. Esse documento esta-
belecia o Estado como árbitro dos conflitos entre patrões e empregados,
visando ao bem comum. Dessa forma, não ocorreriam lutas de classes;
• o antissemitismo alemão (figura 11): é a denominação dada ao racismo
contra os judeus. Os nazistas costumavam associar os judeus aos comu-
nistas, ou aos banqueiros e, consequentemente, aos males trazidos pelo
sistema capitalista (crise econômica, fome, desemprego, miséria) e demo-
crático, cujo discurso incluía a igualdade entre diferentes raças de uma Cartaz de propaganda antissemita. Repare que,
na mão direita, o personagem segura moedas,
mesma nação. Adotando as ideias da eugenia (teoria pseudocientífica se- associadas à relação dos judeus com o dinheiro.
gundo a qual algumas raças são superiores a outras), o judeu seria um No braço, à esquerda, há um mapa, marcado com
o símbolo da foice e do martelo, associando os
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

indivíduo biológica e fisicamente inferior e, portanto, poderia contaminar judeus aos comunistas.
aqueles com quem se relacionasse e degenerar as raças mais desenvolvi-
das;
• o arianismo (superioridade da “raça alemã”): segundo os nazistas, a
“raça alemã” seria a mais pura de todas, ideia que julgavam comprovar
pela história de sua nação: forte e voltada para a guerra. Assim, a pátria
alemã, formada por indivíduos puros e superiores, estaria destinada a
dominar o restante do mundo;
• o pangermanismo: tese já desenvolvida antes mesmo da Primeira Guer-
ra Mundial, segundo a qual o Estado alemão deveria reunir todas as pes-
soas pertencentes à “raça alemã” em uma mesma nação para, em segui-
da, estender seu domínio a outros territórios. Era o caso, por exemplo,
dos austríacos;
• o espaço vital alemão: de acordo com esse princípio, a “raça superior
ariana” deveria conquistar territórios pertencentes aos povos inferiores
a fim de garantir espaço suficiente para sua própria multiplicação e
para viver adequadamente.

Política e propaganda
Os regimes totalitários fizeram amplo uso da propaganda como meio de
difundir suas ideias. A propaganda política acontecia por meio do rádio, do
cinema, de panfletos e de reuniões comemorativas, como o Primeiro de Maio
WALTER SANDERS/TIME & LIFE PICTURES/GETTY IMAGES

12
– Dia do Trabalho.
A eficiente propaganda nazista na Alemanha (figura 12) foi organizada por
Joseph Goebbels (1897-1945), ministro da Informação Popular e Propaganda.
Segundo ele, para que a propaganda funcionasse, as mensagens deveriam ser
curtas e repetitivas e ter forte efeito psicológico a fim de conquistar a mente e o
coração de toda a população, até mesmo das pessoas mais incultas.
O fascismo (Itália) e o nazismo (Alemanha) foram duas das principais mani-
festações de regimes militarizados e centralizadores na Europa no entreguerras.
Entretanto, não foram as únicas. Portugal, Espanha, Polônia, Áustria e Hun- Capas de publicações com propaganda nazista.
gria, entre outros países, também tiveram experiências autoritárias.
15

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Atividades • capítulos 1-2 Professor: Para questões adicionais, consulte o Banco de Questões na Plataforma UNO.

Recordar e compreender
1 Forme dupla com um colega e indiquem os fatores que possibilitaram a prosperidade econômica
nos Estados Unidos na década de 1920.
Cap. 1
A indústria norte-americana havia se fortalecido durante a Primeira Guerra Mundial, pois os países em

conflito não produziam, precisando importar quase tudo. Os Estados Unidos foram o maior parceiro

comercial desses países. Além disso, como o conflito se deu na Europa, as cidades norte-americanas não

foram destruídas pela guerra.

2 Reúnam-se em duplas. Organizem cronologicamente os fatos a seguir.


( 4 ) O endividamento das empresas norte-americanas e as especulações na Bolsa de Valores de
Cap. 1
Nova York aumentam.
( 2 ) Os países europeus se recuperam aos poucos dos efeitos da Primeira Guerra Mundial e dimi-
nuem as importações norte-americanas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
( 1 ) Após o fim da Primeira Guerra Mundial, os norte-americanos enriquecem exportando produtos
para os países europeus.
( 5 ) O desaquecimento da economia e o desemprego são alguns dos fatores que levam à Grande
Depressão, que tem início com a quebra da Bolsa de Nova York.
( 3 ) Os Estados Unidos mantêm altos níveis de produção, apesar da diminuição das exportações.

3 Formem duplas e completem a linha do tempo com os principais acontecimentos do processo de


ascensão do fascismo, na Itália.
Cap. 2

1921 1922 1923 1924

Fundação do Partido
Vitória dos fascistas nas
Fascista e organização do Oficialização da
Marcha sobre Roma eleições por meio de
grupo paramilitar Fascio ditadura fascista
fraude e violência
di Combattimento

Aplicar
1 Reúna-se com alguns colegas em um grupo de até quatro integrantes. Acessem o site
<http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guernica_eta.htm> e leiam o texto sobre o acon-
tecimento ocorrido em Guernica y Luno, cidade da província espanhola da Biscaia, ao norte do
Cap. 2 País Basco. Depois, respondam aos itens a seguir.

a) O que aconteceu na cidade de Guernica y Luno?


Era segunda-feira. Os camponeses traziam seus produtos para a feira livre. Antes das cinco da tarde, os

sinos começaram a tocar para alertar um bombardeio. Aviões nazistas despejaram suas bombas e

atacaram com tiros de metralhadora a população da pequena cidade.

16

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b) A que fato do século XX o evento ocorrido em Guernica y Luno está ligado?
À ascensão de um governo totalitário na Itália, o fascismo, apoiado pelo governo nazista alemão.

c) Por que a cidade de Guernica y Luno foi escolhida para ser agredida?
A escolha de Guernica y Luno deveu-se a vários motivos. A cidade era um alvo fácil, sem proteção

antiaérea, e não tinha uma população numerosa. Além disso, já possuía um longo histórico separatista

vinculado à autonomia do País Basco. Os fascistas a destruíram porque acreditavam que assim dariam

uma lição àqueles que desejavam uma Espanha federalista ou descentralizada.

d) Na opinião de vocês, o que o pintor espanhol Pablo Picasso representou no painel Guernica?

SUCCESSION PABLO PICASSO / LICENCIADO POR


AUTVIS, BRASIL, 2014.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Guernica, 1937, de Pablo Picasso. Óleo sobre tela, 3,5 m  7,8 m.

Resposta pessoal.

2 Em grupos, leiam atentamente o trecho a seguir, escrito pelo historiador egípcio Eric Hobsbawm
(1917-2012), e respondam aos itens a seguir.
Cap.
1e2
Não surpreende, portanto, que os efeitos da Grande Depressão tanto sobre a política
quanto sobre o pensamento público tivessem sido dramáticos e imediatos. Infeliz o go-
verno por acaso no poder durante o cataclismo, fosse ele de direita, como a presidência
de Herbert Hoover nos EUA (1928-1932), ou de esquerda, como os governos trabalhistas
na Grã-Bretanha e Austrália. A mudança nem sempre foi tão imediata quanto na América
Latina, onde doze países mudaram de governo ou regime em 1930-1931, dez deles por
golpes militares. Mesmo assim, em meados da década de 1930 havia poucos Estados cuja
política não houvesse mudado substancialmente em relação ao que era antes do crash.
Na Europa e Japão, deu-se uma impressionante virada para a direita, com exceção da
Escandinávia (...) e Espanha (...). (...) a quase simultânea vitória de regimes nacionalistas,
belicosos e agressivos em duas grandes potências militares – Japão (1931) e Alemanha
(1933) – constituiu a consequência política mais sinistra e de mais longo alcance da Gran-
de Depressão. Os portões para a Segunda Guerra Mundial foram abertos em 1931.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 108.

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Atividades • capítulos 1-2
a) Que evento faz parte do “cataclismo” mencionado pelo historiador?
A Grande Depressão, que assolou os Estados Unidos principalmente após 1929.

b) Qual movimento é comum a diversos países citados pelo autor no período histórico em questão?
A queda dos governantes ou a mudança do regime político desses países.

c) Quais eram as características dos regimes políticos que chegaram ao poder na Alemanha e no
Japão?
Eram regimes nacionalistas, belicosos e agressivos.

d) Utilizem seus conhecimentos para responder: Por que o autor afirma que a Segunda Guerra
Mundial começou em 1931?
Porque foi principalmente a partir de 1931 que países da Europa e o Japão começaram a colocar em

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
prática políticas ligadas à direita e que os processos expansionistas de países como Alemanha, Japão e

Itália se consolidaram.

Professor: Espera-se que os e) Vocês concordam com essa afirmação do autor? Por quê?
alunos relacionem as informa-
ções do texto com o conteúdo Resposta pessoal.
do capítulo e compreendam
que, na década de 1930, a
configuração política da Euro-
pa e da Ásia foi determinante
para a eclosão do conflito.

Analisar e avaliar
1 Reúna-se com alguns colegas em um grupo de até quatro integrantes. Leiam o texto a seguir,
sobre o papel da Coca-Cola durante e logo após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, e
Cap. respondam às questões.
1e2

A década de 1930 trouxe três desafios ao poderio da Coca-Cola: o fim da proibição


de bebidas alcoólicas, a Grande Depressão que se seguiu à queda violenta do mercado
de ações de Wall Street, em 1929, e a ascensão de um poderoso competidor, PepsiCo,
com a bebida rival, Pepsi-Cola. Esperava-se que o reinício das vendas legais de bebidas
alcoólicas, que tinham sido banidas desde 1920, tivesse um efeito particularmente de-
vastador nas vendas de Coca-Cola. (...) Na prática, a revogação da proibição teve muito
pouco efeito nas vendas: parecia que a Coca-Cola atendia a uma necessidade diferente
do que faziam as bebidas alcoólicas. De fato, a lista de circunstâncias em que era con-
sumida continuou a se expandir.
Para algumas pessoas, a Coca-Cola tomou o lugar do café como bebida social.
Ao contrário de bebidas alcoólicas, era considerada adequada para consumo em todas
as horas do dia (...) e, naturalmente, por pessoas de todas as idades. Durante a fase
da proibição de álcool, o brilhante publicitário da companhia, Archie Lee, estimulou
cuidadosamente o consumo de Coca-Cola (...) como um substituto alegre e familiar do

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consumo de cerveja ou outras formas de álcool em bares, e como uma maneira de es-
capar da realidade sombria do clima econômico. Lee também foi pioneiro no uso da
nova tecnologia do rádio para vender o produto, bem como de sua inserção [da Coca-
-Cola] com destaque em vários filmes, outra maneira de divertimento. Os anúncios da
Coca-Cola descreviam um mundo livre de preocupações e encantadoramente feliz. Em
consequência, ela prosperou durante a Depressão.
Segundo registrou um analista de investimentos na época, “independentemente da
Depressão, do tempo e da competição intensa, a Coca-Cola continua com demanda
sempre crescente”. Era uma bebida para temperaturas quentes que vendia bem no
inverno, uma bebida não alcoólica que podia concorrer com bebidas alcoólicas, uma
bebida que fez com que o consumo de cafeína se tornasse universal e um deleite de
preço acessível, que manteve sua atratividade mesmo durante um período de declínio
econômico.
STANDAGE, Tom. História do mundo em 6 copos. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. p. 194. (Adaptado.)

a) De acordo com o texto, quais foram os desafios enfrentados pela Coca-Cola entre o fim da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

década de 1920 e o início da década de 1930?


A legalização das bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, a Grande Depressão e o surgimento da

PepsiCo, indústria que lançou o refrigerante Pepsi-Cola, concorrente da Coca-Cola.

b) A revogação da proibição do consumo de bebidas alcoólicas afetou as vendas da Coca-Cola?


Por quê?
Não, pois, para algumas pessoas, a Coca-Cola tomou o lugar do café como bebida social. Além disso, ao

contrário das bebidas alcoólicas, a Coca-Cola era considerada adequada para ser consumida em todas as

horas do dia e por pessoas de todas as idades.

c) Quais foram as estratégias de marketing utilizadas pelos executivos da Coca-Cola no período


mencionado no texto? Que resultados a companhia obteve?
Campanhas publicitárias passaram a ser veiculadas em rádios e o produto começou a aparecer em

filmes, sempre associado ao consumo familiar. Além disso, em um momento de crise, a bebida foi

associada a um momento de felicidade.

d) Na opinião de vocês, por que as vendas de Coca-Cola cresceram, apesar da grande crise pela Professor: Espera-se que os
alunos identifiquem a ideia,
qual passava a economia norte-americana? aparentemente conflitante, de
que um produto que pode ser
Resposta pessoal. considerado supérfluo pros-
pere durante a Grande De-
pressão. Isso pode ter ocorrido
porque a publicidade associa-
va a Coca-Cola à felicidade, à
despreocupação etc., estados
de ânimo contrários aos susci-
tados pela crise.

19

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3 A Segunda Guerra Mundial

CAPÍTULO
(1939-1945)
O período anterior à Segunda Guerra Mundial foi marcado por instabili-
dade e conflitos políticos e econômicos. Além da grave crise econômica pro-
vocada pela quebra da Bolsa de Nova York e das perdas humanas e materiais
em decorrência da Primeira Guerra Mundial, alguns países, como Itália e
Alemanha, estavam descontentes com relação ao Tratado de Versalhes.
Havia também a insatisfação dos países vencedores do primeiro conflito
mundial, que não haviam recebido ainda o total de suas indenizações. Em
todos os casos, a situação provocava um clima de revanchismo e reforçava os
sentimentos nacionalistas.
Ao mesmo tempo, a procura por novas fontes de matérias-primas e mer-
cados consumidores acirrava a disputa entre as potências, na Europa e além
dela. O Japão, potência econômica e militar do Extremo Oriente, buscava
ampliar sua influência na região do Pacífico, ameaçando os interesses dos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estados Unidos. A Liga das Nações, criada ao término da Primeira Guerra
Mundial, mostrava-se incapaz de solucionar tais conflitos (figura 1).

Japão: uma potência em expansão


A partir da segunda metade do século XIX, durante a era Meiji, o Japão
passou por uma rápida modernização e industrialização. Por isso, ao térmi-
no da Primeira Guerra Mundial, o país já era considerado a maior potência
econômica e militar no Extremo Oriente.
A expansão econômica japonesa, no entanto, esbarrava na escassez de
À esquerda, Deixe nas mãos do Sam, 1931, de Winsor recursos naturais, como petróleo, ferro e carvão, o que obrigava o país a
McCay. A charge política mostra, de um lado, a Liga depender das exportações estrangeiras. A anexação de territórios vizinhos
das Nações e, de outro, o Tio Sam, representando os
Estados Unidos. Ao fundo, um conflito entre Japão parecia ser a solução para esse problema.
e China, indicando a invasão japonesa a territórios Em 1931, o Japão invadiu a Manchúria, na China, e passou a ampliar
chineses.
À direita, charge norte-americana de 1931 co­
seus domínios. A Liga das Nações protestou, e o governo japonês apenas se
mentando o ataque do Japão à Manchúria e retirou da organização e continuou as ocupações territoriais (figura 2).
o não cumprimento de promessas e acordos
internacionais.

THE GRANGER COLLECTION/OTHER IMAGES


2
BETTMANN/CORBIS/LATINSTOCK

20

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O avanço da Itália fascista
A Itália saiu da Primeira Guerra Mundial com ganhos territoriais nos Al-
pes e nas proximidades do mar Adriático, mas, por serem regiões destituídas
de recursos minerais e de matérias-primas necessárias para o desenvolvimen-
to industrial, essas conquistas territoriais representavam muito pouco para as
ambições do governo fascista italiano.
Sudetos. Cadeia
O governo de Mussolini implantou, então, um programa de modernização do de montanhas na
país, centrado no desenvolvimento da indústria, dos transportes e da produção fronteira entre a
militar. O objetivo era preparar a Itália para a conquista de novos territórios, República Tcheca, a
Polônia e a Alemanha.
começando pela África, o que ocorreu a partir de 1935, quando os italianos ocu-
param a região da Abissínia (atual Etiópia). Quatro anos depois, a Itália anexou Professor: As acepções dos
a Albânia, país europeu situado em região fronteiriça com a Grécia e a então termos do glossário foram,
sempre que possível, pesqui-
Iugoslávia. Mais uma vez, a Liga das Nações realizou apenas advertências. sadas no Dicionário eletrônico
Houaiss da língua portuguesa.
Para fins didáticos, foram fei-
O expansionismo alemão e a política de tas as adaptações necessárias.

apaziguamento
Com a vitória do nazismo na Alemanha, Hitler rompeu com o Tratado de
Versalhes e reaparelhou o exército, ampliou o efetivo militar de 100 mil para
mais de 3 milhões de homens e fomentou a indústria bélica alemã. O controle
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

do Estado sobre a economia da Alemanha possibilitou o desenvolvimento da


indústria e a geração de empregos, o que amenizou os efeitos da crise de 1929.
Em 1936, os exércitos do Führer ocuparam a região da Renânia, na fronteira A Gestapo
com a França. Dois anos depois, sob a justificativa de estar reunindo os aria- Criada em 1933, era a polícia se-
nos, austríacos e alemães, Hitler assumiu o comando da Áustria (figura 3) com creta nazista. A partir de 1934, es-
a aprovação do Parlamento. teve sob o comando de um dos
mais importantes oficiais nazistas,
Em 1938, organizou a Conferência de Munique, da qual participaram Heinrich­Himmler. As punições às
o líder de governo da Itália, Mussolini; o primeiro-ministro Chamberlain, vítimas da Gestapo não eram defini-
da Inglaterra; e o chefe de governo da França, Daladier. O resultado desse das por um tribunal, mas de acordo
encontro foi a entrega dos Sudetos para os alemães, em um pacto que ficou com os interesses do alto comando.
Os métodos usados eram violentos
conhecido como Acordo de Munique. Segundo esse acordo, a Alemanha
e arbitrários.
deixaria o restante da então Tchecoslováquia independente (figura 4).

3 4
RUE DES ARCHIVES/THE GRANGER COLLECTION/OTHER IMAGES
KEYSTONE/HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES

Tropas alemãs ocupam Salzburg, na Áustria, em 1938. Adolf Hitler entra em Praga, durante a ocupação da Tchecoslováquia, em 15 de março de 1939.

21

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Embora essa política expansionista fosse proibida pelo Tratado de Versa-
lhes, ela foi possível em razão da política de apaziguamento realizada pela
Liga das Nações. Países capitalistas, como Inglaterra e França, temiam mais o
avanço da União Soviética, ou do comunismo, que o expansionismo alemão.
Assim, esperando que os alemães ampliassem seu território em direção aos
soviéticos, a Liga das Nações manteve uma posição praticamente neutra, reali-
zando apenas pequenas reprimendas.

A formação do Eixo
O expansionismo do nazifascismo, na Europa, e do Japão, no Oriente, apro-
ximaram os governos da Alemanha, da Itália e do Japão. A afinidade de interes-
ses levou a Alemanha e a Itália a formarem, em 1936, o Eixo Roma-Berlim. Em
seguida, a Itália juntou-se à Alemanha e ao Japão no Pacto Anticomintern
(figura 5), constituído para barrar o avanço do comunismo e da União Soviética.
Em 1940, o Eixo ganhou a adesão do Japão.

RUE DES ARCHIVES/THE GRANGER COLLECTION/OTHER IMAGES


5

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Assinatura do Pacto Anticomintern entre a Alemanha, representada por Adolf Hitler, a Itália, pelo conde
Galeazzo Ciano, e o Japão, pelo ministro Yosuke Matsuoka, em Berlim, 1940.

A invasão da Polônia: o início da guerra


A definição do território polonês resultou dos acordos realizados no fim
da Primeira Guerra Mundial e era constituído por terras que antes perten-
ciam à Alemanha. Por isso, os governos britânico e francês temiam uma in-
vasão nazista na região.
Hitler queria evitar que os soviéticos fizessem uma aliança com
6 a Grã-Bretanha e com a França. Por outro lado, o dirigente soviéti-
co Stalin acreditava que, no caso de uma guerra, a União Soviética
enfrentaria sozinha a Alemanha nazista. E, para barrar a invasão de
seu país pelas tropas alemãs, aproximou-se de Hitler.
O resultado da aproximação entre Hitler e Stalin foi o Pacto Nazis-
soviético de Não Agressão, assinado em 1939 (figura 6). Segundo esse
acordo, alemães e soviéticos dividiriam a Polônia, e a União Soviética
recuperaria territórios perdidos no fim da Primeira Guerra Mundial.
O Pacto Nazissoviético de Não Agressão também estabelecia que,
em caso de guerra entre a Alemanha e os demais países ocidentais,
como a Grã-Bretanha ou a França, a União So­viética permaneceria
BELMONTE

neutra, impedindo a abertura de outra frente de batalha.


Na madrugada de 1o de setembro de 1939, as tropas alemãs
“Dois bons camaradas”, charge de Belmonte que satiriza as cruzaram a fronteira polonesa. Dois dias depois, a Grã-Bretanha
intenções de Hitler e Stalin ao realizarem o Pacto Nazissoviético
de Não Agressão. e a França declararam guerra à Alemanha. Tinha início a Segunda
Guerra Mundial.

22

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A questão polonesa
No fim da Primeira Guerra Mundial, uma faixa de terra a leste da Alema-
nha, conhecida como Prússia oriental, foi separada do restante do país. O
território, que separava as duas partes da Alemanha, foi anexado pela Polô-
nia. Era o chamado “corredor polonês” (figura 7). Danzig, no mar Báltico,
importante cidade portuária, passou para o controle do governo polonês,
gerando muitos prejuízos para os alemães (figura 8).

7 CORREDOR POLONÊS 8
O
TIC
ÁR
Alemanha em 1939 OL
AR
OP
Territórios anexados CÍR
C UL

pela Alemanha
Ocupação militar
de set. 1939 a
jun. 1941
Ocupação militar SUÉCIA
de jun. 1941 a FINLÂNDIA
UNIÃO SOVIÉTICA
nov. 1942 NORUEGA Leningrado
Aliados e satélites
da Alemanha MAR
BÁLTICO PAÍSES
REINO UNIDO

MAR DO Moscou
IRLANDA

Adversários da NORTE BÁLTICOS


Alemanha
Polonês

DINAMARCA
Frente oriental
em nov. 1942 50º
Corredor

PAÍSES
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

BAIXOS Berlim BELARUS Stalingrado


BÉLGICA ALEMANHA POLÔNIA
Paris
OCEANO FRANÇA
ATLÂNTICO ESLOVÁQUIA UCRÂNIA
ÁUSTRIA
SUÍÇA (1938) HUNGRIA
REPÚBLICA

COLEÇÃO PARTICULAR
FRANCESA ITÁLIA ROMÊNIA
(Vichy) CROÁCIA
L

MAR NEGRO
UGA

Roma IUGOSLÁVIA
ESPANHA
T

BULGÁRIA
POR

ALBÂNIA
TURQUIA
MAR GRÉCIA Cartaz nazista no qual se afirma: “Danzig é alemã”.
M
ED Essa seria a justificativa para a invasão da Polônia,
ITE
RRÂNEO em 1939.
TUNÍSIA

:Fonte: CHALIAND, Gérard; RAGEAU, Jean-Pierre. Atlas politique du XXe siècle. Paris: Seuil, 1988. p. 52.

O front ocidental 9

Os combates entre os Aliados (Grã-Bretanha e França) e as forças do Eixo


começaram de fato em 1940, quando os alemães partiram para a conquista
da Escandinávia. Em maio desse mesmo ano, a Noruega e a Dinamarca já
haviam sido ocupadas.
A primeira fase da Segunda Guerra Mundial foi marcada pelas vitórias
nazistas. Isso ocorreu porque eles adotaram como tática de guerra a deno-
minada Blitzkrieg (guerra-relâmpago) – um ataque que utilizava as forças
aérea, naval e terrestre, todas de uma vez, com potência total.
Após conquistar a Noruega, a Bélgica e os Países Baixos, o alvo seguinte
foi a França. Em junho de 1940, as tropas nazistas tomaram Paris (figura 9) e
hastearam sua bandeira, com o símbolo da suástica, no topo da Torre Eiffel.
BETTMANN/CORBIS/LATINSTOCK

Política xenófoba
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha utilizou campos de concentra-
ção. Nesses locais, os prisioneiros – judeus, ciganos, comunistas, presos de guerra
e opositores do governo nazista – eram confinados e obrigados ao trabalho forçado.
Vivendo em condições inadequadas e sofrendo maus-tratos, muitos morriam doentes.
Nesses locais, milhões de pessoas foram assassinadas em nome de uma política de
extermínio chamada solução final. Tropas alemãs na avenida Champs-Elysées, após a
queda de Paris, em 1940.
Professor: Explique aos alunos que a política da solução final recebeu esse nome porque os nazistas a
consideraram como único meio de resolver o problema dos “indesejáveis” . 23

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O Eixo a caminho do leste
Em meados de 1941, boa parte da Europa (Bálcãs, Romênia, Bulgária,
Grécia e Iugoslávia) e o norte da África estavam nas mãos dos nazistas ou de
governos aliados de Hitler.
O governo soviético mantivera, até então, uma política de neutralidade,
confiante no Pacto Nazissoviético de Não Agressão assinado com a Alemanha.
Na madrugada de 22 de junho de 1941, no entanto, o exército alemão cruzou
as fronteiras soviéticas.
Em setembro de 1942, os alemães já haviam ocupado alguns bairros da
cidade de Stalingrado (figura 10), mas não estavam prontos para enfrentar
o inverno soviético. Sabendo disso, o Exército Vermelho realizou uma ofen-
siva que suspendeu o abastecimento das tropas alemãs. O marechal nazista
Friedrich Paulus (1890-1957) rendeu-se em fevereiro de 1943.
A Batalha de Stalingrado foi a primeira grande derrota das tropas nazistas, o
que as forçou a recuar (figura 11). A guerra começava a tomar outro rumo.

10 11 A GUERRA NA RÚSSIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AKG-IMAGES/LATINSTOCK

Tropas alemãs indo em direção a Stalingrado,


durante o verão de 1942.
TIME & LIFE PICTURES/US NAVY/GETTY IMAGES

12 260 km

Fonte: CHURCHILL, Winston. Memórias da Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

Os Estados Unidos entram na guerra


Até 1941, os Estados Unidos mantiveram uma política isolacionista com
relação à guerra que ocorria na Europa. O governo japonês, no entanto, ata-
cou a base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, em dezembro daquele
ano (figura 12). Foi um ataque surpresa, responsável pela destruição quase
total da frota aérea e naval do local.
No dia seguinte, os Estados Unidos declararam guerra contra o Japão.
Em seguida, a Alemanha e a Itália, aliadas do Japão, declararam guerra aos
Imagem do destróier USS Cassin, atingido durante
o ataque japonês à base naval de Pearl Harbor, em
Estados Unidos. Aliados de ambos os blocos beligerantes, inclusive o Brasil,
8 de dezembro de 1941. ingressaram no conflito. A guerra tornou-se mundial.
24

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Os Aliados tomam a ofensiva
O primeiro passo da ofensiva aliada foi dado na Ásia (figura 13), na
Batalha de Midway,­quando os japoneses atacaram uma base norte-ame-
ricana, em junho de 1942. O ataque foi desastroso para o Japão, que per-
deu quatro porta-aviões, além de várias aeronaves de guerra.
A partir de 1943, os americanos retomaram aos poucos os territórios ocu-
pados pelos japoneses nas ilhas do Pacífico. Tropas britânicas e norte-america-
nas iniciaram a expulsão de alemães e italianos do norte da África, o que facili-
tou a invasão da Itália e a derrubada de Mussolini. No dia 6 de junho de 1944,
chamado de Dia D, cerca de 100 mil soldados, com o apoio de 6 mil navios e
5 mil aviões, desembarcaram na costa da Normandia (figuras 14 e 15), França,
abrindo uma nova frente de guerra no oeste. Os alemães estavam cercados.
Enfrentavam a resistência nos países ocupados e lutavam em duas frentes: do
leste vinham as tropas soviéticas; do oeste, as tropas das demais forças aliadas.

13 A GUERRA NO PACÍFICO

UNIÃO SOVIÉTICA

Is. Aleutas
MANCHÚRIA
MONGÓLIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Pequim JAPÃO
COREIA Tóquio
CHINA Hiroshima
Nagasaki
OCEANO
PACÍFICO
OKINAWA Is. Midway
ÍNDIA FORMOSA Is. Havaí
Base Naval
de Pearl
INDOCHINA Harbor
FRANCESA
FILIPINAS

MALÁSIA
EQUADOR

ÍNDIAS HOLANDESAS NOVA


GUINÉ
I. Guadalcanal
MAR Domínio marítimo
japonês (1942)
DOS
CORAIS Máxima expansão
japonesa (1942)
AUSTRÁLIA
Zona de resistência
chinesa (1945)
Ofensiva
anglo-americana
Ofensiva chinesa
1.470 km
Ofensiva soviética
120º L

Fonte: CHALIAND, Gérard; RAGEAU, Jean-Pierre. Atlas politique du XXe siècle. Paris: Seuil, 1988. p. 106.

14 15

THE GRANGER COLLECTION/OTHER IMAGES


ALBUM/AKG-IMAGES/LATINSTOCK

Dia D, na Normandia, França, em 6 de junho de 1944. Representação do desembarque nas praias da Normandia durante o Dia D, no filme The
Longest Day, de 1962.

25

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Aos poucos, os Aliados libertaram e ocuparam o oeste da Alemanha. Em
abril de 1945, os exércitos soviéticos entraram nos subúrbios de Berlim.
Hitler e sua companheira, Eva Braun (1912-1945), suicidaram-se, exemplo
seguido por outros líderes nazistas. Em 2 de maio, os soviéticos tomaram
Berlim e hastearam a bandeira vermelha no alto da torre do Reichstag (figura 16).
Cinco dias depois, a Alemanha se rendia incondicionalmente. Era o fim da
guerra na Europa.
No Pacífico, a guerra continuou com a resistência japonesa. No dia 6 de
agosto de 1945, uma bomba atômica foi lançada sobre a cidade de Hiroshi-
ma, no Japão (figuras 17 e 18). No dia 9, foi a vez de Nagasaki. Diante de
uma arma tão devastadora, o governo japonês capitulou.
Terminava a Segunda Guerra Mundial.

HULTON-DEUTSCH COLLECTION/CORBIS/LATINSTOCK
16

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Soldados soviéticos hasteiam bandeira russa sobre o Reichstag, Parlamento alemão, em 1945, Berlim.

THE GRANGER COLLECTION/OTHER IMAGES


SCIENCE SOURCE/PHOTO RESEARCHERS/LATINSTOCK

17 18

Acima, cogumelo nuclear formado com a


detonação de bomba atômica em Hiroshima,
Japão, em 6 de agosto de 1945.
À direita, Hiroshima após a explosão da bomba
atômica em 6 de agosto de 1945.

26

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O papel da Resistência
Na Europa ocupada pelos nazistas, uma parcela combativa da população
civil entrou na luta contra a ocupação. Na França, onde foi mais famosa
sua atuação, os grupos partisans, como ficaram conhecidos os membros da
Resistência (figuras 19 e 20), assassinavam soldados e oficiais alemães, pro-
moviam atos de sabotagem e organizavam a fuga de pessoas perseguidas pela
Gestapo, a polícia política nazista.

19 20

JULES DORTES/ÁLBUM/AKG-IMAGES/LATINSTOCK

RMN/OTHER IMAGES. MUSÉE DE L’ARMÉE, PARIS


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Membros da Resistência francesa em barricadas na cidade de Vincennes, agosto de 1944. Cartaz da Resistência francesa, c. 1944, no qual apa-
recem os seguintes dizeres: “Às armas, cidadãos!
Um único combate por uma só pátria“.

O Brasil na Segunda Guerra Mundial 21

A Segunda Guerra Mundial foi deflagrada em 1939. Submarinos alemães


atacaram mais de dez navios brasileiros no litoral do país até 1942. Durante
esse período, o governo brasileiro acertou com os Estados Unidos a entrada
do Brasil na guerra, ao lado dos Aliados (Estados Unidos, Grã-Bretanha,

BETTMANN/CORBIS/LATINSTOCK
França, União Soviética, China) (figura 21), contra as potências do Eixo
(Alemanha, Itália, Japão), lideradas pela Alemanha nazista.

Repercussões da guerra no Brasil


Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil passou por problemas de
Segundo da direita para a esquerda, o presidente
abastecimento, sobretudo de artigos de primeira necessidade, como combus- norte-americano Roosevelt encontra o presidente
tíveis, remédios, tecidos e trigo. brasileiro Getúlio Vargas, próximo a Natal, Rio Gran-
de do Norte, em 31 de janeiro de 1943.
O governo brasileiro intensificou a vigilância sobre estrangeiros vindos de
países do Eixo. Os estados da região Sul, com forte presença da imigração
ACERVO CPDOC/FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS, RIO DE JANEIRO

22
italiana e alemã, foram vigiados. Era comum nesse período, sobretudo em
Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a população de origem germânica fa-
lar e ser alfabetizada no idioma alemão, e a partir de então seu ensino passou
a ser proibido nas escolas.
Em troca de financiamentos para a construção da Companhia Siderúrgica
Nacional e para a modernização das Forças Armadas, o Brasil permitiu que
uma base norte-americana se instalasse no Nordeste, e ela passou a fornecer
borracha e minérios para a indústria bélica dos Aliados.
Em 30 de junho de 1944, 5 mil homens da Força Expedicionária Brasi­
leira (FEB) embarcaram para combater os nazistas na Itália (figura 22). Unidade da FEB desembarcando na Itália em 1944.

27

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Atividades • capítulo 3 Professor: Para questões adicionais, consulte o Banco de Questões na Plataforma UNO.

Recordar e compreender
1 Reúnam-se em duplas. Completem o quadro a seguir, descrevendo a situação dos países nos anos
anteriores ao início da Segunda Guerra Mundial.

Situação política e econômica antes da Segunda Guerra Mundial

O país vinha anexando territórios vizinhos com o objetivo de obter matérias-primas para
Japão
sua crescente indústria. Essa situação levou o Japāo a deixar a Liga das Nações, em 1931.

O governo fascista de Benito Mussolini implementou medidas para fortalecer a indústria


Itália e o exército italianos. Em seguida, iniciou uma política expansionista, anexando territórios
na Europa e na África.

Sob o regime nazista, o país desrespeitou as normas do Tratado de Versalhes, estimulou o


Alemanha desenvolvimento da indústria nacional, especialmente a bélica, e deu início a uma política

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
expansionista.

2 Em duplas, justifiquem esta afirmativa: “Apenas em 1941 o conflito se tornou mundial”.


Até 1941, os Estados Unidos não estavam participando da Segunda Guerra Mundial de forma efetiva. No

entanto, o Japão atacou uma de suas bases militares, o que fez com que o país entrasse no conflito ao lado

dos Aliados. Esse fato é considerado um marco da guerra, pois, a partir da entrada dos Estados Unidos no

conflito, este passou a afetar, direta ou indiretamente, países de outros continentes além da Europa.

Aplicar
1 O filme O grande ditador (1940), dirigido e estrelado pelo ator inglês Charlie Chaplin (1889-1977),
foi produzido entre 1937 e 1938, antes de o mundo conhecer as graves consequências da Segun-
Professor: Veja, no link a seguir, da Guerra Mundial. No entanto, naquele momento, os regimes de extrema direita já mostravam
sugestões para explorar esse
filme em sala de aula: <http:// algumas de suas características principais. Reúna-se com alguns colegas em um grupo de até
oolhodahistoria.org/guiadidati- quatro integrantes. Observem atentamente a imagem abaixo, retirada desse filme, e respondam
co/artigos/grandeditador.pdf>.
Acesso em: set. 2014. aos itens a seguir.
ALBUM CINEMA/LATINSTOCK

Cena do filme
O grande ditador,
de Charlie Chaplin.

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a) Descrevam a imagem.
É uma fotografia em preto e branco de uma cena de filme. Ela mostra um homem vestido com roupas

militares, observando uma grande bola que representa o globo terrestre. À esquerda, na sala, vê-se a

escultura de um busto.

b) Que líder europeu Charlie Chaplin está representando na imagem? Que elemento permite
fazer essa associação?
Chaplin está representando Adolf Hitler. É possível associá-lo a Hitler pelos trajes que o ator está usando,

mas principalmente por seu bigode, semelhante ao do ditador alemão.

c) O que o personagem está fazendo na foto? Relacionem essa ação aos fatos históricos que
vocês estudaram.
O personagem observa o mapa do globo terrestre, em uma possível alusão aos objetivos expansionistas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

da Alemanha nazista de tomar o poder em toda a Europa e talvez nos demais continentes do mundo.

d) O grande ditador é um filme de comédia que faz uma crítica política contundente aos regimes Professor: Espera-se que os
ditatoriais. Nos dias de hoje, existem artistas que fazem esse tipo de crítica? Citem exemplos. alunos mencionem, por exem-
plo, cartunistas, criadores de
memes para a internet, grafi-
Resposta pessoal. teiros, músicos etc.

2 Reúna-se com alguns colegas em um grupo de até quatro integrantes. Leiam o depoimento de
um alemão que participou da Segunda Guerra Mundial e respondam às questões.

Poderíamos ter vencido a guerra, ainda que nenhum erro militar fosse cometido?
Minha opinião é: não. De 1941 em diante, e até o fim, ela já estava tão perdida quanto
a Primeira Guerra [Mundial], pois os objetivos políticos não guardavam absolutamente
nenhuma relação com as possibilidades militares e econômicas da Alemanha. A única
coisa que o peculiar método de lutar uma guerra de Hitler trouxe à Alemanha foram
milhares de pessoas mortas. Apenas isso – era impossível vencer a guerra. Eis a coisa
mais notável, na qual penso o tempo todo: por que um país como a Alemanha, que está
no centro do continente, não fez da política uma arte, com o objetivo de manter a paz,
uma paz razoável (...). Fomos insensatos e tolos a ponto de imaginar que podíamos
desafiar o mundo (...). Sem perceber que isso é rigorosamente impossível nas condições
em que nos encontramos na Alemanha. Que motivos nos levaram a isso? (...) Eu não
sou político, não sou historiador. Não sei. Só sei a pergunta.
HEIM, Ferdinand. Tenente-general Ferdinand Heim, em palestra a outros prisioneiros de guerra, 23 de maio de
1945. Em: NEITZEL, Sönke. (Ed.). Tapping Hitler’s generals: transcriptions of the secret conversations – 1942-1945.
Barnsley: 2007. p. 159. Apud MAZOWER, Mark. O império de Hitler: a Europa sob domínio nazista.
São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 37.

29

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Atividades • capítulo 3
a) Expliquem o que mudou na situação da Alemanha na guerra a partir de 1941, de acordo com
Ferdinand Heim.
De acordo com Heim, a partir de 1941 os objetivos da Alemanha no conflito não eram mais compatíveis

com suas possibilidades econômicas e militares, ou seja, vencer a guerra tinha se tornado impossível.

b) Na visão de Heim, qual deveria ter sido a postura alemã na política? Como vocês imaginam
que a Alemanha poderia ter colocado em prática esse posicionamento?
Resposta parcialmente pessoal. De acordo com Heim, a Alemanha, por estar no centro do continente

europeu, poderia ter usado essa localização estratégica para colocar em prática uma política que

buscasse manter a paz.

c) Se vocês tivessem a oportunidade de entrevistar Ferdinand Heim, o que perguntariam a ele?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Resposta pessoal.

Analisar e avaliar
1 Reúnam-se em grupos. Leiam atentamente o texto a seguir, que está no site do Museu Memorial
do Holocausto dos Estados Unidos, e respondam às perguntas.

As crianças durante o Holocausto


Os alemães e seus colaboradores assassinaram cerca de 1,5 milhão de crianças, sen-
do um milhão delas judias, e dezenas de milhares de ciganos Roma, além de crianças
alemãs com deficiências físicas ou mentais que viviam em instituições, crianças polo-
nesas, e crianças que moravam na parte ocupada da União Soviética. As chances de
sobrevivência imediata dos adolescentes judeus e não judeus entre 13 e 18 anos eram
maiores, já que podiam ser enviados para o trabalho escravo.
O destino das crianças, judias e não judias, pode ser classificado da seguinte
maneira: 1) crianças assassinadas assim que chegavam aos campos de extermínio;
2) crianças mortas assim que nasciam ou mortas nas instituições onde viviam;
3) crianças que nasciam nos guetos e campos, mas que sobreviviam porque os pri-
sioneiros as escondiam; 4) crianças, normalmente maiores de 12 anos, que eram usa-
das como escravas ou em experiências “médicas”; e 5) crianças que morriam devido
às represálias nazistas nas chamadas operações anti-partisans.

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(...) As autoridades alemãs também encarceraram um grande número de crianças
em campos de concentração e nos de trânsito. Médicos e pesquisadores “médicos” das Partisan. Movimento
de resistência contra
SS as utilizavam, principalmente aos gêmeos, para experiências médicas cruéis que o Eixo na Europa
resultavam na morte dessas crianças. As chefias dos campos obrigavam os adolescentes, oriental.
principalmente judeus, ao trabalho forçado nos campos de concentração, onde muitos Roma. Denominação
usada para referir-se
morriam. (...) a um dos ramos do
Em suas tentativas de “salvar a pureza do sangue ariano” os “especialistas raciais” povo cigano.
das SS ordenaram que centenas de crianças polonesas e soviéticas, com características SS. Sigla da chamada
Schutzstaffel,
“arianas”, fossem raptadas e levadas para o Reich para que fossem adotadas por famí- conjunto de tropas
lias alemãs racialmente corretas. Embora argumentassem que a base dessas decisões paramilitares a serviço
era “científica”, bastava elas terem o cabelo louro, olhos azuis e pele clara, para mere- do nazismo alemão,
dirigidas por Heinrich
cerem a oportunidade de serem “germanizadas”. (...) Himmler.
Apesar de sua grande vulnerabilidade, muitas crianças conseguiram meios de sobre-
viver roubando e trocando o produto de suas atividades por comida e medicamentos
para levar para dentro dos guetos. Os jovens que participavam dos movimentos juvenis
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ajudavam em atividades secretas da Resistência, e muitas crianças fugiam, sozinhas ou


com seus pais e familiares, para acampamentos organizados por partisans judeus.
Entre 1938 e 1940, Kindertransport, Transporte das Crianças, era o nome informal
de um movimento de resgate que levou milhares de crianças judias, sem seus pais, para
locais seguros na Grã-Bretanha, longe da Alemanha nazista e dos territórios por ela
ocupados. Alguns não judeus esconderam crianças judias, e algumas vezes, como no
caso de Anne Frank, escondiam também outros membros da família [da criança]. (...)
Após a rendição da Alemanha nazista e o fim da Segunda Guerra Mundial, os re-
fugiados e pessoas deslocadas pela guerra passaram a procurar seus filhos por toda a
Europa. Havia também milhares de órfãos nos campos para refugiados. Um grande
número de crianças judias foi levado do leste europeu para áreas a oeste da Alemanha
ocupada, em um movimento de êxodo em massa denominado Brihah, com a ajuda da
organização Youth Aliyah (Imigração Jovem). Essas crianças foram posteriormente le-
vadas para o Yishuv, nome dado à área dos assentamentos judaicos dentro do Mandato
Britânico da Palestina, onde, em 14 de maio de 1948, o Estado de Israel proclamou sua
independência.
As crianças durante o Holocausto. Enciclopédia do Holocausto. Disponível em:
<www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005142>. Acesso em: set. 2014. (Adaptado.)

a) De acordo com o texto, quem eram as crianças assassinadas pelos nazistas durante o Holocausto?
Os principais alvos dos nazistas eram crianças judias, alemãs com deficiências físicas ou mentais que

viviam em instituições, ciganas, polonesas e russas.

31

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Atividades • capítulo 3
b) Expliquem as consequências, para as crianças polonesas e soviéticas com características “arianas”,
da tentativa de “germanização” feita pelos nazistas.
Crianças polonesas e soviéticas loiras e de pele e olhos claros eram retiradas de suas famílias e adotadas

por famílias “arianas” para que, na visão dos nazistas, passassem por um processo de “germanização”,

ou seja, absorvessem a cultura alemã.

c) Quais foram os principais meios utilizados por crianças e adultos para proteger os mais jovens
da violência do Holocausto?
Alguns não judeus escondiam crianças judias. Muitas crianças fugiam para acampamentos organizados

por partisans judeus, havia crianças que trocavam serviços por remédio e comida e jovens que

participavam de movimentos juvenis ajudavam em atividades secretas de resistência. Foi criado um

grupo de resgate que levava crianças judias para locais seguros na Grã-Bretanha.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
d) Releiam o segundo parágrafo do texto e escrevam sobre como deveria ser a vida das crianças
e dos jovens durante o Holocausto.
Resposta pessoal.

e) A infância e a adolescência são períodos da vida humana que têm recebido cada vez mais
cuidados por parte de governos e autoridades. No Brasil, no entanto, ainda existem muitas
Professor: Espera-se que os crianças que sofrem violência e vivem em condições que colocam em risco sua saúde física e
alunos obtenham dados de mental. Pesquisem, em jornais e revistas locais e em sites, dados sobre a situação das crianças
fontes diversas, como jornais e
revistas locais, o site do IBGE, o e dos adolescentes em sua cidade ou em seu Estado e escrevam um relatório apontando os
Conselho Tutelar etc., e se po- principais tipos de violência e de condições prejudiciais às quais eles estão expostos.
sicionem criticamente diante
dos problemas das crianças
Resposta pessoal.
e dos jovens de sua região.
Oriente-os a não comparar as
situações de diferentes grupos
de crianças ou jovens usando
os termos “melhor” ou “pior”,
pois isso poderia levar à discri-
minação de alguns deles; em
vez disso, incentive-os a fazer
comparações indicando seme-
lhanças e diferenças.

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Autoavaliação
Marque na tabela o que você conseguiu alcançar dos objetivos da unidade. O número 1 indica
que você não atingiu o objetivo, o 5 que você o atingiu inteiramente e os outros mostram gradações
entre as duas situações.

1 2 3 4 5

Identifico os fatores que provocaram a Grande


Depressão.
Explico as principais consequências políticas da
crise nos Estados Unidos e na Europa.

Analiso textos historiográficos sobre o período.

Identifico os processos políticos e econômicos


anteriores à Segunda Guerra Mundial.
Identifico os oponentes, os objetivos e o processo
da Segunda Guerra Mundial.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Posiciono-me criticamente em relação às


consequências da Segunda Guerra Mundial.

Agora pense um pouco sobre o material digital. Nesse caso, o número 1 indica uma resposta ne-
gativa, o 5 indica uma resposta totalmente positiva e os outros números indicam gradações entre as
duas situações.

1 2 3 4 5

Usei o iPad em sala de aula.

Usei o iPad fora da sala de aula.

Os recursos digitais me ajudaram.

33

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Leitura de texto e imagem
Observe as imagens abaixo. Elas são fotos de monumentos ligados à Segunda Guerra Mundial que
mantêm viva a memória desse conflito. O presente sempre interpreta o passado, quando se rememora
o que ocorreu, e a construção desses monumentos tem esse objetivo. Um monumento, porém, é uma
representação: suas formas, as figuras que o constituem, o lugar onde estão erigidos são simbólicos
e podem ser interpretados de diferentes formas. Cada monumento, que relembra um mesmo fato
histórico, possui vários significados. Um mesmo acontecimento ou uma mesma época pode ter vários
significados, dependendo de quem lembra, quando lembra e por que lembra.

Monumento 1 Monumento 2
IRBISS/SHUTTERSTOCK

FRÉDÉRIC SOREAU/PHOTONONSTOP/GLOW IMAGES

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
À esquerda, estátua Mãe Pátria, monumento principal do Memorial dos Defensores de Stalingrado, às margens
do rio Volga, local onde foi travada a famosa Batalha de Stalingrado, em 1943, na qual os nazistas foram
derrotados pela primeira vez. Acima, Domo de Genbaku, no parque Memorial da Paz, único prédio que resistiu
aos efeitos da primeira bomba atômica. Antes, era o Museu de Ciência e Tecnologia de Hiroshima.

Localize a informação
1 Identifique os elementos que constituem cada um dos monumentos.

Monumento 1 Monumento 2

Uma enorme figura feminina vestida com uma túnica


Elementos Um prédio em ruínas, do qual se percebe a estrutura
esvoaçante, de braços abertos; uma das mãos segura
de concreto.
uma espada, e a outra aponta na direção contrária.

34

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2 Esses monumentos foram criados depois da Segunda Guerra Mundial em dois países diferentes:
um, vencedor do conflito; o outro, perdedor. Com base no que foi visto até agora e também nas
legendas, identifique esses países.
O monumento 1 localiza-se em Volgogrado (antiga Stalingrado), na atual Rússia, país vencedor, e o

monumento 2 situa-se em Hiroshima, cidade do Japão, país perdedor, onde foi lançada a primeira

bomba atômica.

3 Os dois monumentos referem-se a um mesmo fato histórico e a eventos específicos. Sobre isso,
responda.
a) A que fato histórico se referem?
À Segunda Guerra Mundial.

b) A quais eventos específicos?


O monumento 1 relembra a Batalha de Stalingrado, e o monumento 2, a explosão da bomba atômica

sobre Hiroshima.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Analise e interprete
Considerando tudo o que foi visto neste caderno e que os monumentos constroem uma memória
dando significado ao que ocorreu, responda.

1 Que memória da guerra e do significado da batalha está marcado no monumento 1? Focaliza o


passado ou o futuro?
O monumento relembra e homenageia os soldados que morreram para defender a cidade e o país, ou seja,

é um elogio àqueles que participaram da vitória. Focaliza o passado.

2 E no monumento 2?
A ausência de figuras humanas e a presença de uma construção em ruínas que “sobreviveu” à explosão

da bomba atômica no Memorial da Paz indicam que o monumento homenageia os civis mortos e prega a

paz entre os homens. É a visão do país que foi derrotado pela tecnologia mais mortífera utilizada naquela

guerra, um monumento que pede paz no futuro.

Opine
1 Em sua opinião, qual é a importância da preservação da memória histórica?
Resposta pessoal.

2 Se as fontes de informação sobre o passado apresentam limitações, como você acha que elas
devem ser analisadas?
Resposta pessoal.

35

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PROGRAMA Fazendo história
A atividade do grupo será produzir uma reportagem sobre o período entreguerras e a Segunda Guer-
ra Mundial. Imagine que vocês vivem no período e são correspondentes de um importante jornal
brasileiro. Com base nas informações encontradas nos textos e nas imagens, imaginem-se na época,
assumam um ponto de vista e escrevam, em conjunto, o artigo.

Texto 1

Viver sob tensão

FPG/HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES


A guerra elimina vidas, fere ou mutila combatentes,
destrói casas, estradas, hospitais, indústrias, escolas e
muda a rotina da população civil. Hoje, quando se veem
cenas de guerra na Síria, no Iraque ou na Somália, tem-se
uma ideia do sofrimento que os bombardeios causam aos
civis. Além do medo de serem atingidos pelas bombas,
os civis enfrentam corte no fornecimento de eletricida-
de, racionamento de água, comida e combustível, falta de
remédios e de artigos de higiene e limpeza, entre muitas
outras privações. Outro efeito devastador das guerras é a
formação de grupos de refugiados, pessoas que são obri-
gadas a deixar o país fugindo dos bombardeios ou por-
que o local onde viviam foi tomado por uma facção rival
ou ocupado por um país estrangeiro. No século XXI, em
geral são os países pobres que sofrem com as guerras. Na
Segunda Guerra Mundial, ao contrário, os habitantes das
nações mais desenvolvidas é que conviviam diariamente
Moradores de Paris fogem para o interior da França, temendo ser
com a destruição e a morte. capturados por soldados alemães que os levariam a campos de trabalho
(Texto elaborado para fins didáticos.) forçado, em 1940.

Texto 2

A propaganda e o cinema

SUNSET BOULEVARD/CORBIS/LATINSTOCK
Durante os 12 anos em que os nazistas governaram a
Alemanha, foram produzidos mais de 1.300 longas-me-
tragens. Havia todo tipo de filme: de comédias a filmes de
guerra, de propaganda explícita a exaltação dos valores e
das ideias do regime. Esses filmes eram exibidos em ci-
nemas e em escolas. Dois terços das 62 mil escolas que
havia no país tinham salas de projeção. A ideia era clara:
as crianças deviam ser convencidas a se tornar futuros
soldados da pátria ou a auxiliar na perseguição aos “ini-
migos”. Nos Estados Unidos, distante dos campos de ba-
talha, o cinema produziu vários filmes sobre a guerra que
lotavam as salas de projeção. O governo Roosevelt esta-
beleceu um programa de incentivo ao cinema, sistemático
e subsidiado, para desmoralizar o nazismo. O grande di-
tador, de Charlie Chaplin; Casablanca, de Michael Curtiz;
Cinco covas no Egito, de Billy Wilder, são alguns dos filmes
dessa fase esplendorosa do cinema americano. Humphrey Bogart e Ingrid Bergman em cena do filme Casablanca, de
(Texto elaborado para fins didáticos.) Michael Curtiz, de 1942.

36

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Texto 3 Texto 4

Os guetos Memórias de Auschwitz


No início da Segunda Guerra Mundial, os judeus fo- O escritor judeu italiano Primo Levi pas-
ram confinados em guetos nas cidades alemãs, em algu- sou 11 meses no campo de concentração de
mas cidades italianas e nas áreas ocupadas pelos nazistas. Auschwitz até ser libertado pelo Exército Verme-
Os guetos eram áreas fechadas e fortemente policiadas, lho, em 1945. De volta à Itália, ele escreveu É isto
para onde todos os judeus eram forçados a se mudar. um homem?, um livro de memórias sobre sua ex-
Fome e doenças eram comuns dentro dos guetos, por periência no campo de concentração. Leia agora
causa da escassez de alimentos durante a guerra e das um trecho dessa obra:
restrições impostas à circulação e ao acesso. Apesar das “Vocês que vivem seguros / em suas cálidas casas,
condições precárias, os guetos mantinham vida cultural
/ vocês que, voltando à noite, / encontram comida
e intelectual ativa em seu interior, com a publicação de
quente e rostos amigos, / pensem bem se isto é um
jornais e a realização de concertos. Era uma forma de
homem / que trabalha no meio do barro, / que não
resistir e manter a dignidade humana mesmo em um ce-
conhece a paz, / que luta por um pedaço de pão, /
nário tão sombrio. A partir de 1942, quando os nazistas
implantaram a política da “solução final”, quase todos os que morre por um sim ou por um não. / Pensem bem
guetos da Europa central e oriental foram destruídos, e se isto é uma mulher, / sem cabelos e sem nome, /
os seus moradores, enviados para os campos de concen- sem mais força para lembrar, / vazios os olhos, frio o
tração e de extermínio construídos no leste: Treblinka, ventre, / como um sapo no inverno. Pensem que isto
Sobibor, Majdanek e Auschwitz. aconteceu: / eu lhes mando estas palavras. (...)”
(Texto elaborado para fins didáticos.) LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 9.
SZ PHOTO/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE BRASIL

PECOLD/SHUTTERSTOCK
Judeus são capturados e presos por tropas nazistas em Varsóvia, na Entrada do antigo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau,
Polônia, durante o levante do gueto de Varsóvia, em 1943. na Polônia, onde hoje funciona um museu. Foto de 2003.

Texto 5

O levante do gueto de Varsóvia


Os guetos mais organizados se localizavam na re- onde eram submetidos a trabalhos forçados ou execu-
gião do governo geral da Polônia, criados no início da tados nas câmaras de gás. Em janeiro de 1943, as cerca de
guerra. Eram eles Lodz, Varsóvia, Cracóvia, Jalowiec ou 80 mil pessoas que ainda viviam no gueto e que sabiam que
Bialystok. Durante a guerra, vários guetos se tornaram seriam mortas em campos de extermínio começaram a se
focos de resistência armada. O caso do gueto de Var- preparar para resistir: providenciaram armas, cavaram tú-
sóvia, na Polônia, é o mais famoso deles. Organizado neis, organizaram-se militarmente. Em abril, houve comba-
na metade de 1940, ele chegou a ter cerca de 380 mil tes violentos, que acabaram com a destruição completa do
habitantes. A partir de 1942, com a política de elimina- gueto pelos nazistas e com a morte da maioria de seus habi-
ção dos judeus, homossexuais, ciganos e outros grupos tantes. Muitos judeus, ao perceber que não tinham chances
condenados pelo Reich, os moradores do gueto começa- de vencer os nazistas, preferiram o suicídio.
ram a ser deportados para os campos de concentração, (Texto elaborado para fins didáticos.)

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PROGRAMA Fazendo história

Aquecimento
• Organizem-se em grupos.
• Leiam os fatos que são solicitados para a coleta de dados, na seção Desenvolvimento.
• No grupo, cada um deve coletar informações das fontes para depois organizá-las.
• Dividam a tarefa de coleta de dados entre os componentes da equipe. Cada um pode pesquisar
uma parte dos fatos solicitados e, ao final, todas as informações podem ser unidas para elaborar
a seção Conclusão.

Desenvolvimento
1 Qual é o significado da guerra?
A guerra elimina vidas, fere ou mutila combatentes, destrói casas, estradas, hospitais, indústrias, escolas e

muda a rotina da população civil.

2 Que tipo de situação enfrentam os civis de um país em guerra?


Além do medo de serem atingidos pelas bombas, os civis enfrentam corte no fornecimento de eletricidade,

racionamento de água, de comida e de combustível, falta de remédios e de artigos de higiene e limpeza, entre

muitas outras privações.

3 Quais eram os objetivos dos alemães nazistas ao produzir filmes e divulgá-los, inclusive em salas
de aula?
A ideia era clara: as crianças deveriam ser convencidas a se tornar futuros soldados da pátria e a auxiliar na

perseguição aos “inimigos”.

4 Qual era o objetivo do desenvolvimento do cinema nos Estados Unidos nessa mesma época? Dê
exemplos.
Desmoralizar o nazismo. O governo Roosevelt estabeleceu um programa de incentivo ao cinema,

sistemático e subsidiado, para esse fim. O grande ditador, de Charlie Chaplin; Casablanca, de Michael Curtiz;

Cinco covas no Egito, de Billy Wilder, são alguns dos filmes dessa fase esplendorosa do cinema americano.

5 O que eram os guetos?


Os guetos eram áreas fechadas e fortemente policiadas, para onde todos os judeus eram forçados a se

mudar.

6 Qual era a situação dos judeus no início da Segunda Guerra Mundial, na Alemanha?
No início da Segunda Guerra Mundial, os judeus foram confinados em guetos nas cidades alemãs, em

algumas cidades italianas e nas áreas ocupadas pelos nazistas.

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7 Qual era a situação dentro dos guetos?
Fome e doenças eram comuns dentro dos guetos, por causa da escassez de alimentos durante a guerra e

das restrições impostas à circulação e ao acesso.

8 Qual era a situação dos judeus na Europa central e oriental a partir de 1942?
A partir de 1942, quando os nazistas implantaram a política da “solução final”, quase todos os guetos da

Europa central e oriental foram destruídos, e os seus moradores, enviados para os campos de concentração

e de extermínio construídos no leste: Treblinka, Sobibor, Majdanek e Auschwitz.

9 O que ocorria com os judeus que fossem condenados aos campos de concentração?
Os judeus que fossem para os campos de concentração eram submetidos a trabalhos forçados ou

executados nas câmaras de gás.

10 O que ocorreu no gueto de Varsóvia?


Em janeiro de 1943, as cerca de 80 mil pessoas que ainda viviam no gueto e que sabiam que seriam mortas

em campos de extermínio começaram a se preparar para resistir: providenciaram armas, cavaram túneis,

organizaram-se militarmente. Contudo, foram severamente combatidas e muitas morreram ou

suicidaram-se.

11 O que o autor de É isto um homem?, o italiano Primo Levi, quis dizer com “que luta por um pedaço
de pão, / que morre por um sim ou por um não”?
O autor faz referência à situação dos judeus nos campos de concentração.

Conclusão
Utilizando dados coletados pelo grupo, produzam, coletivamente, um texto histórico com os seguintes
dados:
• os documentos pesquisados pelo grupo (textos, autores, imagens);
• como era a situação dos países em guerra;
• como era a situação dos judeus;
• o que era um gueto;
• quais foram as causas da guerra e das perseguições a grupos considerados inimigos da nação;
• a importância dos meios de comunicação, como o cinema, para o desenvolvimento de ideologias;
• comparação entre a situação do passado e a atual.

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PROGRAMA Trabalhando habilidades
Nestas páginas, você irá trabalhar as habilidades 13, 15 e 21 da Matriz de Referência de Ciências Huma-
nas e suas tecnologias do Enem. Para saber mais sobre elas, consulte a Matriz Geral de Habilidades na
Plataforma UNO.

H13 1 Assinale a alternativa correta a respeito da Revolução Russa.


( ) Consistiu no primeiro movimento revolucionário burguês que abalou as estruturas do capitalismo.
( ) A união da burguesia com os trabalhadores propiciou uma aliança que garantiu o desenvol-
vimento econômico do país.
( ) O processo revolucionário terminou fracassado por causa da vitória dos interesses burgueses.
( X ) Foi a primeira revolução socialista da história que resultou na ascensão dos bolcheviques ao poder.
( ) A revolução foi marcada por um processo pacífico que levou o proletariado ao controle eco-
nômico do país.
H15 2 No período entreguerras, as nações europeias criaram uma instituição de caráter internacional
com o objetivo de assegurar a paz mundial. Esse órgão era:
( X ) a Organização das Nações Unidas.
( ) o Mercado Comum Europeu.
( ) o Pacto de Varsóvia.
( ) a Organização Mundial de Comércio.
( ) a Organização Internacional do Trabalho.
H15 3 Leia o texto.

(...) Tanto homens de negócios quanto governos tinham tido a esperança de que,
após a perturbação temporária da Guerra Mundial, a economia mundial de alguma for-
ma retornasse aos dias felizes de antes de 1914. (...) Contudo, o reajuste mostrou-se
mais difícil do que o esperado. Os preços e o ‘‘boom’’ desmoronaram em 1929 (...).
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 93-94.

Identifique o tema a que se refere o texto.


( ) Período anterior à eclosão da Primeira Guerra Mundial.
( ) Ascensão do governo nazista na Alemanha.
( ) Fim da Segunda Guerra Mundial.
( ) Início da Segunda Guerra Mundial.
( X ) Período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

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H21 4 Assinale a alternativa que estabelece uma relação correta com a ilustração.

THE GRANGER COLLECTION/OTHER IMAGES


( ) Durante a Primeira Guerra Mundial, a URSS e a Alemanha nazista assinaram diversos acor-
dos econômicos.
( ) Às vésperas da eclosão da Segunda Guerra, Alemanha e França uniram-se contra o pode-
rio militar inglês.
( ) As alianças que marcaram a Segunda Guerra fortaleceram a Alemanha, o que resultou na
sua vitória ao final do conflito.
( X ) Stalin e Hitler firmaram um pacto de não agressão militar antes do início da Segunda
Guerra.
( ) A ilustração representa a vitória soviética e alemã ao final da Segunda Guerra.

Autoavaliação
Reúnam-se em grupos e façam as atividades a seguir.

1 Busquem na Matriz Geral de Habilidades o texto das habilidades trabalhadas nas questões.
Em seguida, identifiquem qual(is) habilidade(s) é (são) trabalhada(s) em cada questão.
2 Vocês consideram importante trabalhar essas habilidades? Por quê?
Resposta pessoal.
Professor: Espera-se que os alunos indiquem que, com essas atividades, foi possível compreender a Revolução Russa como
uma ruptura; entender o período entreguerras com base em dois eventos: a criação da ONU e a crise de 1929; e utilizar uma
fonte histórica para a interpretação de um fato.

3 Compartilhem as estratégias de resolução das questões e como cada um resolveu a(s)


dificuldade(s) que encontrou.
Resposta pessoal.
Professor: Oriente os alunos a elencar as dificuldades que tiveram para realizar essas atividades. Dificuldades relativas a con-
ceitos ou encadeamentos de fatos e eventos podem ser retrabalhadas neste momento como meio de sanar essas lacunas.

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Para saber mais
Para ler
• Nazismo: política, cultura e holocausto, de Marcia Mansor D’Aléssio e Maria
Helena Capelato. São Paulo: Atual, 2004.
Nesse livro, as autoras situam o nazismo em um contexto mais amplo, no
entreguerras (1918-1939), para explicar a brutalidade desse movimento, e
redimensionam o papel de Hitler – embora ele tenha sido um líder singular,
REPRODUÇÃO

é fruto da sociedade alemã da época.

• A Segunda Guerra Mundial, de Antonio Pedro. São Paulo: Atual, 1994.


Essa obra crítica e desmistificadora acompanha os caminhos do apocalipse e
examina a herança que a guerra deixou. Com esse livro, o estudante poderá
entender a origem dos problemas que assolam o mundo e avaliar as conse­
quências do conflito mais degradante da história da humanidade.

• A Primeira Guerra Mundial, de Jayme Brener. São Paulo: Ática, 2001.


Esse livro desvenda a trama de interesses e intrigas que fizeram o mundo
mergulhar na Grande Guerra de 1914, resgatando a tragédia humana que
mudou a face do mundo na inauguração do século XX e que seria a semente
de outra tragédia, a Segunda Guerra Mundial.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REPRODUÇÃO

Para assistir
• Feliz Natal, de Christian Carion. Alemanha, 2005, 115 min.
O filme é baseado em fatos reais e conta a história de um armistício ocorrido às
vésperas do Natal, quando as tropas escocesas, francesas, britânicas e alemãs, em
meio à guerra de trincheiras, decidem depor as armas e compartilhar comida,
bebida e música para comemorar essa data. A partir de então, surge entre eles
um sentimento de fraternidade e proteção em meio às brutalidades da guerra.

• A queda: as últimas horas de Hitler, de Oliver Hirschbiegel. Alemanha/Itália,


2004, 155 min.
Baseado nos relatos de Traudl Junge, uma jovem que foi secretária de Adolf
REPRODUÇÃO

Hitler durante a fase final do nazismo, o filme mostra em detalhes os fatos


que se passaram desde sua entrada no QG de Hitler, na Prússia oriental, até
as últimas horas do Reich.

• Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood. EUA, 2006, 142 min.


Esse filme conta a história dos soldados japoneses que defenderam seu país
contra as forças invasoras norte-americanas durante a Segunda Guerra Mun-
dial e, donos de uma vontade inabalável, transformaram o que se previa ser
uma rápida derrota em uma batalha que durou 40 dias.

Para navegar
• Sentando a Pua! (www.sentandoapua.com.br)
O site, criado como uma forma de manter em nossa memória o papel desem-
penhado pela aviação militar brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, é
um meio para conhecer um pouco mais as origens e a história daqueles que
participaram desse fato histórico.

978-85-8247-777-9
49019025

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4
UNIDADE
A crise do capitalismo e a Segunda Guerra
Mundial
As atividades das páginas centrais são para depois que você terminar esta
unidade. Mas leia a proposta logo, assim você tem tempo de pensar no que
quer fazer. Ao final, o resultado do trabalho pode virar uma exposição. Para
isso, basta destacar cuidadosamente as páginas centrais.

ATINSTOCK
OBOS/CORBIS/L
HORACIO VILLAL

O Stolpersteine é um pequeno memorial de metal colocado, com frequência, na frente da casa de alguém que foi morto ou
perseguido pelos nazistas. Criado pelo artista alemão Gunter Demnig, é encontrado em mais de dez países europeus.

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O que aconteceu na economia do Ocidente antes da Segunda Guerra Mundial?
Que ideias políticas contribuíram para que ela acontecesse?
Para ter uma visão panorâmica da Segunda Guerra Mundial, faça uma linha do tempo
com todos os fatos que julgar significativos. Quando for possível, coloque também o
lugar em que tais fatos aconteceram. Isso vai ajudá-lo a responder a duas perguntas:
Quando? Onde? Depois, faça um pequeno texto sobre os regimes autoritários da época.
As palavras-chave na página ao lado são seu guia para os principais conceitos. Use o
maior número possível desses conceitos no seu trabalho.

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EUA Hegemonia Reconstrução

Europa Crise Depressão

Regimes totalitários Fascismo Nazismo

Segunda Guerra Mundial Japão Aliados Resistência

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