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Enquadramento
Atualmente, os reservatórios são peças estruturantes nos sistemas de armazenamento e distribuição de água
potável. De relevar também a sua aplicação em redes de incêndio, redes de rega, redes de águas residuais e redes
de processos industriais. A aplicabilidade deste tipo de estruturas é vasta, contribuindo para ainda para a
utilização racional de outros recursos essenciais à sociedade moderna, como são os casos dos cereais e
combustíveis, entre outros.
Sendo utilizados em várias aplicações e podendo ser construídos de formas distintas, os reservatórios têm sido
objeto de diversas classificações. O Decreto Regulamentar nº 23/95, que aprova o Regulamento Geral dos Sistemas
Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais, classifica os reservatórios da
seguinte forma:
a) Consoante a sua função, em: de distribuição ou equilíbrio, de regularização de bombagem e de reserva para combate a
incêndio;
c) Consoante a sua capacidade, em: pequenos, médios e grandes, respectivamente, para volumes inferiores a 500 m 3,
compreendidos entre 500 m3 e 5000 m3 e superiores a este último valor.”
A norma Americana API 650 classifica os reservatórios metálicos soldados, para efeitos de dimensionamento
estrutural, pelas suas proporções dimensionais, sendo considerados baixos se a Altura/Raio ≤ 1,5 e altos se Altura
/ Raio > 1,5.
Outras classificações importantes serão a sua forma volumétrica (p. e. cilíndricos, paralelepipédicos e poliédricos),
o material em que são feitos (p. e. betão armado, betão pré-esforçado e metálicos), a natureza do recurso
armazenado (p. e. água, vinho, recursos granulares, hidrocarbonetos), a localização (p. e. interiores e exteriores) e
complexidade da sua construção (p. e. não compartimentados, compartimentados, sobrepostos e sobrepostos e
compartimentados), o modo de encerramento (p. e. não cobertos e cobertos), entre outras.
Quanto à sua difusão, os reservatórios com formatos cilíndricos e paralelepipédicos são os que se apresentam em
maior número devido a razões de facilidade de execução, adequação aos espaços e requisitos de desempenho.
Quando se trata de grandes reservas líquidas os reservatórios de conceção cilíndrica são em geral os mais
económicos. A distribuição de esforços na estrutura é mais eficiente que num reservatório retangular, permitindo
uma menor espessura das paredes e possibilitando um menor consumo de material.
Elementos construtivos
Geralmente, quando um reservatório é classificado como metálico é devido ao facto do seu corpo principal o ser.
No entanto, outros elementos construtivos de diferentes materiais são essenciais à segurança e funcionalidade dos
reservatórios. Quanto à solidariedade do corpo metálico esta pode ser maioritariamente realizada através do
recurso a soldadura ou a aparafusamento de chapas e componentes.
Os reservatórios metálicos podem ser divididos pelos seguintes componentes principais (ver Fig.1):
Fundação em betão armado, para suporte do reservatório e transmissão dos esforços ao terreno;
O corpo metálico que servirá de apoio à cobertura, retenção do líquido e fixação de acessórios,
Cobertura, normalmente metálica, para impedir a intrusão de resíduos e garantia da estanquidade à entrada
de águas;
Ligações e acessórios diversos (tais como inibidores de vórtice, descarregadores de superfície, passagens de
inspeção, manómetros de carga, válvulas diversas, escadas de acesso, aquecedores de imersão, etc.).
(h ps://tecniquitel.wordpress.com/2012/11/16/reservatorios-metalicos-para-armazenamento-de-
aguas/reservatorio-tecniquitel-14-4/)
Revestimentos
O aço e outros metais não protegidos, quando em contacto com a atmosfera, com a água e com o solo, estão
sujeitos à corrosão, pelo que as estruturas de aço e outras estruturas metálicas são normalmente protegidas.
Uma forma de proteger o aço contra a corrosão é através da galvanização. Poder-se-á recorrer à galvanização a
quente por imersão, garantindo os padrões de espessura do zinco e aspeto através de controlo de processo, pelo
cumprimento da norma EN ISO 1461. Para componentes onde os principais requisitos tenham a ver com a
moldagem a frio e a resistência à corrosão, a galvanização deverá ser realizada conforme a norma EN 10327.
Em ambientes ou aplicações onde os elementos metálicos sejam sujeitos a grandes agressividades provocados por
outros agentes químicos e biológicos, poder-se à recorrer a outro tipo de proteções. Por exemplo, no
armazenamento de águas de processos industriais ou águas residuais, onde as chapas das paredes estão sujeitas a
ataques diretos de agentes agressivos, é recomendado o recurso de chapas metálicas revestidas com tintas
epóxicas ou mesmo vidro, cozidas em forno.
Quando se trata de armazenar água para consumo, convém que o material em contacto com a água não liberte
substâncias capazes de a contaminar. O aço revestido a vidro ou a pintura epóxica cozida em forno é um bom
material para esta aplicação. Poder-se à recorrer a membranas certificadas para o efeito. A Water Regulation
Advisory Scheme (WRAS) certifica membranas para consumo de água, de acordo com a norma BS6920.
Estanquidade
Em reservatórios metálicos aparafusados, mesmo garantindo o aperto adequado de parafusos, não é possível
garantir a estanquidade sem recorrer a técnicas de vedação que envolvam outros materiais que não o aço. As duas
soluções de vedação mais correntes em reservatórios metálicos aparafusados passam pela utilização de uma
membrana interior ou pela vedação através de mástiques.
Aquando da utilização das membranas, a estrutura das paredes em aço servirá apenas para proteção e suporte da
membrana interior e de diversos acessórios. São amplamente utilizadas em reservatórios metálicos as membranas
em borracha de Etileno Propileno de Terpolímero (EPDM) e as membranas em borracha butílica. As membranas
EPDM são em geral mais baratas, no entanto existem diversas que estão certificadas para uso em redes de
combate a incêndio. As membranas butílicas, ao contrário das EPDM, podem ter características que as tornam
como boas para a utilização de água potável.
Coberturas
Estão disponíveis no mercado diversas soluções para as coberturas dos reservatórios. Os elementos fundamentais
que condicionam a escolha de uma cobertura serão em primeira instância o tipo de produto a armazenar e as
necessidades de estanquidade e ventilação; o diâmetro do reservatório; o grau de incidência de ações da natureza
como por exemplo a neve e o vento e a envolvente e as exigências estéticas.
Para determinados tipos de aplicação as coberturas terão que ser estanques ou evitar a intrusão de elementos
estranhos que contaminem o produto armazenado e o tornem impróprio para o fim a que se destina ou que
deteriorem a sua capacidade de conservação.
Seja rígida;
Permita excluir os raios solares diretos;
Evite que a água seja contaminada com materiais estranhos;
Ser concebida para suportar cargas de neve de acordo com a zona em que o reservatório venha a ser montado
(mínimo de 0,75 kN/m2); e
Ser concebida de tal forma que qualquer das suas partes se localize no mínimo 500 mm acima do ponto mais
elevado do nível de água (incluindo todas as estruturas de suporte, com exceção única para os pilares centrais
de suporte).
Por outro lado o Decreto Regulamentar nº 23/95, que prova o Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais
de Distribuição de Água e de Drenagem de Águas Residuais, no artigo 72.º refere um conjunto de disposições que
devem ser observadas pelos reservatórios para protecção sanitária da água armazenada.
d) Utilizar materiais não poluentes ou tóxicos em contacto permanente ou eventual com a água;
e) Ter a entrada e a saída da água em pontos suficientemente afastados para evitar a formação de zonas de estagnação;
f) Ser bem ventilados de modo a permitir a frequente renovação do ar em contacto com a água;
g) Ter, quando necessário, adequada protecção térmica para impedir variações de temperatura da água.”
É usual a utilização de coberturas planas com pendentes ou em formato de cúpula. Outros formatos poderão
também ser utilizados nomeadamente a abobada, este com vantagens de aplicabilidade em reservatórios
retangulares de grandes dimensões.
As cúpulas, com formato próximo do hemisférico são estruturas ideais para reservatórios cilíndricos de grandes
vãos. Estas estruturas têm um grande potencial arquitetónico. Aquando da utilização do alumínio na construção
da estrutura reticulada de suporte podem obter-se soluções com enumeras vantagens comparadas com outros
materiais, nomeadamente o aço. Comparativamente com o aço as coberturas de alumínio levam em vantagem na
resistência à corrosão, custo de construção e manutenção, construção rápida, flexibilidade de conceção. A nível de
custos, poderão ficar em desvantagem em relação a estruturas de aço ou betão em casos de necessidades de
resistências mecânicas excecionais.
Para vãos menores utilizam-se coberturas planas devido ao seu mais baixo custo de construção. Este tipo de
coberturas, com aplicabilidade tanto em reservatórios cilíndricos como paralelepipédicos, podem apresentar
vários tipos de recobrimento, nomeadamente chapas caneladas; painéis sandwich, no caso de exigências
mecânicas e térmicas maiores, ou outro tipo como por exemplo plásticos reforçados com fibras de vidro.
Inibidor de vórtice
O inibidor de vórtice pode ser uma peça muito importante para o bom funcionamento hidráulico do sistema e
prevenção dos acidentes de funcionamento. Como sugere o próprio nome, este acessório específico para tubagens
previne o início de vórtices em reservatórios quando o líquido está a ser extraído por grupos hidropneumáticos,
contribuindo também para o máximo aproveitamento do líquido armazenado.
O conceito e utilização são simples. Amarrado internamente às flanges do atravessamento das paredes do
reservatório, este acessório responde, sem necessidade de grandes requisitos resistentes, que o líquido é drenado
de uma área abrangente, reduzindo drasticamente as velocidades dos fluxos no interior do reservatório e
evitando a criação de vórtices à superfície.
A conversão do escoamento linear para escoamento radial previne a aspiração sobre zonas localizadas e o risco de
formação de vórtices. A entrada de ar e consequente choque hidráulico são eliminados ao mesmo tempo que se
evitam danos no grupo hidropneumático.
Os inibidores de vórtice geralmente não são necessários em escoamentos gravíticos, devendo ser utilizados
quando as velocidades de escoamento ultrapassam 1 m/s.
Uma das vantagens da utilização do inibidor de vórtice é maximização do aproveitamento do volume de água
armazenado. Numa aspiração convencional, sem inibidor de vórtice, o nível mínimo de água recomendado em
condições de serviço são 2 diâmetros acima da conduta de aspiração para impedir a entrada de ar. A soleira da
conduta deverá situar-se 1 diâmetro acima do nível do pavimento, o que na prática significa que deverá existir
uma altura mínima de água de 4 diâmetros. Utilizando o inibidor de vórtice, e sendo a sua altura geralmente de
½ diâmetro da aspiração, pode tomar-se como referência prática 1 diâmetro da aspiração para nível mínimo de
água de serviço. O aumento do aproveitamento em reservatórios de pequenas dimensões pode ser considerável,
podendo existir melhorias relativas até 20% (ver Fig.2).
(h ps://tecniquitel.wordpress.com/2012/11/16/reservatorios-metalicos-para-armazenamento-de-aguas/fig22/)
Segurança estrutural
O dimensionamento estrutural de reservatórios metálicos implica a consideração dos fenómenos de falha mais
comuns. Um importante acionador dos fenómenos de falha de reservatórios é a ocorrência de um sismo. Um
sismo só por si pode implicar diminuição das capacidades resistentes do solo de fundação, proporcionar a
movimentação do líquido armazenado, transmitir vários tipos de ações capazes de cortar ou arrancar as
ancoragens, encurvar as paredes do reservatório, provocar assentamentos e danificar as ligações hidráulicas.
Quando as paredes do reservatório são sujeitas a um conjunto de ações muito elevadas, compostas por momentos
derrubadores e tensões de membrana provocadas pelas pressões estáticas e hidrodinâmicas, ocorre a plastificação
da parte inferior da parede provocando aqui uma encurvadura. Este tipo de falha é conhecido como “pata de
elefante” (ver primeira imagem da Fig.3).
Outra falha por encurvadura ocorre nas paredes aquando de tensões axiais elevadas, mas sendo as tensões de
membrana inferiores à tensão de cedência, as chapas deformar-se-ão em forma de diamante (ver segunda imagem
da Fig.3).
Uma resposta típica às ações sísmicas é o movimento de líquido à superfície. Como resultante deste movimento
surgem movimentos de massas de ar que por sucção podem danificar o topo das paredes do reservatório e as
próprias chapas da cobertura. Terá que ser garantido ainda em projeto que a cobertura se encontra a uma
distância tal, do nível máximo de líquido contido, de forma a não ser atingida pela onda calculada (ver terceira
imagem da Fig.3).
(h ps://tecniquitel.wordpress.com/2012/11/16/reservatorios-metalicos-para-armazenamento-de-aguas/fig3-2/)
Em reservatórios não ancorados à fundação podem verificar-se ainda as roturas por deslizamento horizontal ou
por levantamento parcial. O deslizamento horizontal ocorre quando as forças de corte no topo da base vencem as
forças de atrito. O levantamento parcial decorre da existência de momentos derrubadores que não são
devidamente contrabalançados com o peso próprio ou pela amarração à base. Os resultados mais visíveis destas
formas de falha são a rotura das ligações hidráulicas.
Os diversos modos de rotura da fundação são geralmente gravosos para as ligações hidráulicas, danificação das
vedações em reservatórios aparafusados e muitas vezes para a própria estabilidade da estrutura. Em primeira
instância deverá ser garantida a segurança da estrutura em estados limites últimos e o bom desempenho em
condições normais de utilização. Deverão ser consideradas em projeto as interações solo-fundação e fundação-
estrutura metálica. É extremamente importante a consideração das deformações estruturais e do solo ao longo da
vida útil do reservatório, ou pode correr-se risco elevado de danificação das ligações em situações de serviço. Um
exemplo de deformações que podem tomar proporções inadmissíveis é o fenómeno de consolidação de solos
argilosos que podem resultar em assentamentos muito pronunciados e rotura das ligações hidráulicas.
Tendo o solo características geotécnicas inconstantes poder-se-ão verificar assentamentos diferenciais que se
manifestam logo em danos na vedação e perda da estanquidade. Em solos arenosos submersos a ocorrência de
ações sísmicas pode originar a liquefação das areias e um assentamento global acentuado, não controlado,
destruindo todas as ligações hidráulicas, a estrutura do reservatório e a própria fundação.
A norma NP EN 1997 – Projecto geotécnico (Eurocódigo 7) contempla análises de segurança geotécnica aos
seguintes estados limites:
Considerações de aplicação
A possibilidade de incorporação de vários revestimentos, nas chapas e outros componentes metálicos permitem o
seu uso em diversos tipos de aplicações e ambientes. O custo do produto final é grandemente influenciado pelo
revestimento utilizado, sendo de esperar que as soluções galvanizadas sejam as mais económicas.
Os reservatórios de aço galvanizado são altamente competitivos, em termos de preço e funcionalidade, quando
aplicados em redes de extinção de incêndio, sendo muito mais económicos que o betão armado. Aquando da sua
aplicação em água potável, terão que ser utilizadas membranas próprias para o efeito, o que poderá encarecer a
solução. Outra desvantagem é a vida útil que se situa entre os 20 e 30 anos, inferior à do betão.
As soluções de aço revestidas a vidro fundido são a excelência para o armazenamento de água potável, dando
elevadas garantias de salubridade da água. Com baixos requisitos de manutenção e um longo ciclo de vida,
apresentam custos totais inferiores às soluções em betão. Outras vantagens são a rapidez de construção e a
possibilidade de aumentos de capacidade durante a exploração. A desvantagem principal desta solução será o
investimento inicial que poderá ser superior ao de betão armado.
As soluções de revestimento epóxico são ótimas para o armazenamento de água potável, líquidos industriais e
águas residuais. O investimento inicial é inferior ao do aço revestido a vidro. Devido à necessidade de pouca
manutenção, os custos durante o ciclo de vida são também mais baixos que os de betão armado.
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