Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Dissertação de Mestrado
Rio de Janeiro
Setembro de 2007
Michael Cordeiro Carvalho Merling
abaixo assinada.
Ficha Catalográfica
CDD: 621
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
A meus pais, por terem estabelecido como um dos pilares da minha educação a
constante e eterna necessidade da busca do conhecimento. À minha mãe, pelo
apoio moral e incentivo, sempre necessários para a conquista dos nossos
objetivos.
A meu orientador, Dr. Mauro Speranza Neto, pelas orientações precisas, pela
confiança e pela amizade.
A meus ex-chefes Exmo. Srs. Gen Bda Andrade, Gen Bda Cristino e Gen Bda
Kümmel e Maj Arthur Rozendo de Campos Leite por terem viabilizado a minha
matrícula no Mestrado.
A todos aqueles que de algum modo contribuíram para o êxito deste trabalho.
E, finalmente, a Deus, por ter estado sempre ao meu lado ao longo do curso.
Resumo
Palavras-chave
Dinâmica veicular; gerência de projeto de suspensões; integração de
sistemas veiculares
Abstract
Keywords
Vehicular Dynamics; Vehicular Systems Integration; Suspension Design
Management.
Sumário
1. INTRODUÇÃO 20
1.1. Origem da suspensão automotiva 22
1.2. Projeto de suspensão 23
1.3. Revisão bibliográfica 25
1.4. Relevância e contribuição deste trabalho 27
1.5. Organização do trabalho 27
2. PROJETO CONCEITUAL 29
2.1. Informações gerenciais 29
2.1.1. Atribuições gerenciais 29
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
3. DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA 61
3.1. Distância do solo 63
3.2. Ângulos Característicos 64
3.2.1. Câmber 65
3.2.2. Cáster 68
3.2.3. Inclinação do pino mestre 70
3.2.4. Scrub Radius 71
3.2.5. Ângulo incluso – Included angle 72
3.2.6. Convergência 73
3.2.7. Set back 75
3.2.8. Anti-dive 75
3.2.9. Anti-squat 77
3.2.10. Bump steer 77
3.2.11. Alinhamento do eixo 78
3.3. Centro de Rolagem – Roll centre 78
3.4. Modelo Computacional - ferramenta CAD 83
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
4. ANÁLISE ESTÁTICA 92
4.1. Distribuição de peso 92
4.2. Posição e inclinação da mola e do amortecedor 97
4.3. Dimensionamento estático da mola 99
e ativa. 43
Figura 2.07 – Sistema Hotchkiss. 45
Figura 2.08 – Sistema Four Link. 46
Figura 2.09 – Sistema De Dion. 47
Figura 2.10 – Sistema MacPherson. Muito usado nos veículos de
fabricação em série. 48
Figura 2.11 – Sistema de semi-eixo flutuante. A utilização de
cardans reduz a inclinação lateral das rodas (cambagem) nas
curvas. 49
Figura 2.12 – Sistemas de triângulo traseiro perpendicular e em
diagonal. 50
Figura 2.13 – Suspensões por braços paralelos de comprimentos
distintos. 51
Figura 2.14 – Distribuição de forças em uma suspensão por bandeja
dupla paralela. 51
Figura 2.15 – Sistema de bandeja dupla em situação não desejável
de cáster positivo. 52
Figura 2.16 – Sistema de Bandeja Dupla usado no Maserati Spyder. 52
Figura 2.17 – Foto de um carro de Fórmula 1. 54
Figura 2.18 – Nomenclatura e marcações de pneu no sistema
métrico. 58
Figura 3.01 – Conjunto de mola e amortecedor axissimétricos e de
percursos idênticos. 62
Figura 3.02 – Conjunto de mola e amortecedor separados e com
percursos distintos. Usado na suspensão dianteira da Rural Luxo. 62
Figura 3.03 – Distância ao solo identificada em um eixo rígido. 63
Figura 3.04 – Ângulo de câmber 65
Figura 3.05 – Ângulo de câmber 66
Figura 3.06 – Desgaste prematuro do pneu pelo câmber excessivo 67
Figura 3.07 – Câmber observado na posição estática e comparado
ao obtido com o movimento da suspensão para cima. 67
Figura 3.08 – Cáster 68
Figura 3.09 – Ângulo de Inclinação do Pino Mestre. 70
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
1.1
Origem da suspensão automotiva
alta freqüência e baixa amplitude, no caso dos pneus e de baixa freqüência e alta
amplitude, no caso das molas e amortecedores, sendo a construção destes
componentes de acordo com o tipo de emprego que será submetido o automóvel.
O sistema de suspensão automotiva é essencialmente o sistema de união
entre o habitáculo e o meio que proporciona a sua tração. Na enciclopédia
Wikipedia, encontramos a seguinte definição para a suspensão automotiva:
“Suspensão é um conjunto de peças que adequa a transmissão de energia da
excitação de base (uma lombada, por exemplo) e a capacidade de aderência do
veículo ao solo.”
É feito por um conjunto de mola e amortecedor. O conjunto suspensão pode
ser considerado como um filtro mecânico, pois pode permitir ou rejeitar faixas de
freqüências do espectro da excitação do solo. Por isso, carros fora de estrada e
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
1.2
Projeto de suspensão
automobilístico, pois define como será o aspecto dos veículos muitos anos antes
de sua produção.
Passada esta primeira fase, as diversas áreas utilizam softwares para
desenho (CATIA, AUTOCAD etc) e outros para posterior análise estrutural das
partes (software NASTRAN). Ainda nesta fase, as partes são analisadas
simultaneamente e em conjunto, através de grande interação entre os grupos,
somente possível por meio de uma estrutura matricial. Um processo de tentativas
e erros é iniciado até que o projeto esteja suficientemente “maduro” e não
apresente falhas estruturais nos componentes. O último teste desta fase é feito
submetendo todo o veículo desenhado a uma pista virtual, simulando o teste em
uma pista de durabilidade que existe. Após esta etapa virtual o primeiro protótipo
para utilização da engenharia pode ser construído.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
1.3
Revisão bibliográfica
Nesta seção, são apresentadas as obras que possuem maior relação com o
escopo do presente trabalho, bem como um resumo das informações mais
relevantes obtidas destas, consultadas ao longo do desenvolvimento deste estudo.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
1.4
Relevância e contribuição deste trabalho
Uma vez que cada montadora trata seu procedimento de forma sigilosa e
particular, de acordo com os princípios de gestão da empresa, o presente texto,
encontra-se estruturado como um caminho que servirá como guia durante a
execução de um projeto de suspensão automotiva, sabendo que o mesmo é
realimentado com informações posteriores, como será visto.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
1.5
Organização do trabalho
2.1
Informações gerenciais
2.1.1
Atribuições gerenciais
Uma sequência lógica para o início de um projeto deve prever se este será
executado internamente ou externamente à empresa. No caso da visão global para
o início do projeto de um veículo pode-se verificar como uma possível seqüência
o fluxograma mostrado na figura 2.04.
Demanda por
um novo projeto
Requisitos
EVTE
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
não
Ext
FIM
Projeto basico /
Proposta
não
FIM
7- Estudo de amortecedores
8- Estudo de barras anti-rolagem e direção
No presente estudo, essa lista está inserida no contexto dos diversos
capítulos a seguir.
2.1.2
Identificação da necessidade – Demanda por um novo projeto
2.1.3
Definição da aplicação geral
No caso de veículos de menor peso bruto, tipo pick-up ou jipe, são utlizados
dois eixos, com tração no eixo dianteiro, traseiro ou ambos, caso da tração 4x4.
Para a utilização em terra batida estão os veículos de enduro, de passeio e de
transporte de carga e, para o uso no asfalto, estão os de competição de corrida, os
de passeio, os de transporte de carga.
A concepção dos veículos para uso em terra batida e no asfalto é muito
similar. Entretanto, deve-se perceber que o uso em terra batida causa maiores
amplitudes nas ondas de freqüência de entrada no sistema da suspensão que o uso
no asfalto. Os veículos projetados para a terra batida devem possuir componentes
reforçados em relação aos veículos que são para o asfalto, para suportar estas
cargas de utilização. Este reforço, na suspensão, inclui a utilização de molas com
maior rigidez e amortecedores com maior coeficiente de amortecimento. Além
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
disso, existe a preferência por suspensões por eixo rígido para veículos de carga
que tenham o baixo custo como escopo de projeto e, uso de eixo independente
para melhor desempenho e estabilidade do veículo. O que vemos normalmente em
pick-ups é o meio termo entre os jipes e os SUVs. Os jipes costumam utilizar eixo
rígido nos dois eixos e os SUVs estão começando a apresentar os dois eixos
independentes na busca pelo conforto e estabilidade. Assim, as pick-ups atuais,
geralmente voldadas para o transporte de carga na traseira, possuem o eixo
dianteiro independente e o eixo traseiro rígido.
No caso de veículos de passeio para uso no asfalto é muito comum verificar
a utilização de eixo independente na dianteira e uma alternância entre eixo rígido
ou independente na traseira, como visto na figura 2.05. Deve-se perceber ainda
que a forma como está apresentada esta figura é de um veículo de época remota e
atualmente o eixo traseiro, quando rígido é apresentado em automóveis de passeio
no tipo quatro barras ou Four link, que será visto no item deste trabalho
denominado “Tipos de suspensão”.
Projeto Conceitual 38
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Figura 2.05 – Modelo de suspensão para uso no asfalto, com eixo rígido na traseira
(Fonte: O Livro do Automóvel) – [11].
Desta forma, o veículo deverá ser classificado de acordo com o CTB, mas a
distinção de seu emprego vai além desta classificação conforme foi descrito
anteriormente.
2.1.4
Requisitos de projeto
qualidade”.
O resultado da utilização desta ferramenta é a lista dos requisitos técnicos de
engenharia obtidos. O conjunto de requisitos técnicos é apresentado em
documentos que geralmente recebem denominações distintas, tais como,
“Caderno de especificações”, ou “Caderno de conceitos”, entre outros.
Os requisitos técnicos, ao serem apresentados em documentos, podem estar
separados em diversas áreas ou tópicos de interesse.
No caso do projeto de um veículo, pode-se citar uma relação que contenha:
∗ Características de desempenho
∗ Características dimensionais
∗ Chassis e carroceria
∗ Sistema de força
∗ Sistema de alimentação e escapamento
∗ Sistemas de suspensão e de direção
∗ Sistema de freio
∗ Sistema elétrico
∗ Acessórios
∗ Confiabilidade, disponibilidade inerente e manutenibilidade.
Projeto Conceitual 41
Nestes tópicos, ficam numerados os vários itens. Cada item recebe um peso,
de acordo com a necessidade verificada pelo QFD. Os itens obrigatórios recebem
pesos elevados (por exemplo, de 7 a 10) e itens não obrigatórios podem ser
divididos em desejáveis (de 4 a 6 pontos) e complementares (de 1 a 3 pontos). Os
itens complementares são, geralmente, desejos dos clientes que fogem ao
orçamento permitido ou combinado para o projeto, ou mesmo ao tempo de
execução previsto, ou ainda às possibilidades de emprego da tecnologia proposta,
caso esta seja uma tecnologia ainda não existente. Desta forma, estes apenas serão
executados se, no decorrer do projeto, as condições se mostrarem favoráveis. Um
modelo de documento de requisito técnico pode ser visto no Anexo 1. No caso de
competições, já existe uma lista de requisitos que devem ser cumpridos por todos
os veículos participantes. A equipe deverá identificar as relações existentes entre
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
2.1.5
Estudo de viabilidade técnica e econômica - EVTE
como este poderá ser atendido pelo projeto e quais requisitos poderão ser
prejudicados.
O EVTE pronto fica sujeito à aprovação de acordo com a figura 2.04. Em
sua aprovação também é definido se será feito pela empresa ou se será
terceirizado. Para terceirizar ainda é necessária a elaboração do PROJETO
BÁSICO, no qual consta o detalhamento do projeto final com prazos e custos,
desenhos de conceito ou design do produto, entre outros itens que concretizem o
que foi aprovado nas documentações anteriores e que farão parte do anexo ao
contrato. No caso do projeto ser desenvolvido pela própria empresa, o gerente do
projeto é nomeado, sendo o responsável pela integração das informações entre as
áreas de acordo com as premissas técnicas do projeto que foram apontadas nos
documentos de definição e validadas. Também é responsável pelo
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
2.2
Tipos de suspensão
2.2.1
Suspensão por eixo rígido
2.2.1.1
Suspensão tipo Hotchkiss
2.2.1.2
Suspensão tipo Four Link
2.2.1.3
Suspensão tipo De Dion
2.2.2
Suspensão Independente
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
2.2.2.1
Suspensão MacPherson
Figura 2.10 – Sistema MacPherson. Muito usado nos veículos de fabricação em série.
2.2.2.2
Semi-eixo flutuante
2.2.2.3
Triangulo traseiro
2.2.2.4
Bandeja dupla paralela ou Trapésio articulado
muito útil, principalmente nos casos em que se deseja ter o total controle sobre os
ângulos característicos da suspensão do veículo.
Figura 2.14 – Distribuição de forças em uma suspensão por bandeja dupla paralela.
2.2.2.5
Bandeja dupla com braços não-paralelos
Figura 2.15 – Sistema de bandeja dupla em situação não desejável de cáster positivo.
Nesta figura, o pneu externo à curva está apresentando cáster positivo. A configuração
de bandejas não paralelas e de comprimentos diferentes ajuda a resolver este problema.
2.2.3
Escolha do tipo
Caso ainda existam dúvidas sobre o tipo de suspensão a ser escolhido, mais
de um tipo de suspensão pode ser avaliado segundo a análise virtual. Para este
processo normalmente é empregado o programa ADAMS para a execução de
análises dinâmicas em veículos.
Obtidos os resultados das simulações, pode ser empregado o método de
Taguchi para a escolha. Este método, segundo Okabe [12], consiste na aplicação
de um determinado número de experimentos que minimizam os efeitos de um
parâmetro sobre os outros. Assim, os possíveis tipos de suspensão a serem
utilizados em um determinado projeto podem ter seus comportamentos verificados
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
por simulação virtual e em seguida estes resultados são processados pelo método
de Taguchi, no qual é otimizado o processo de escolha e sua análise de sinal-ruído
permite que a influência dos parâmetros (coeficiente de rigidez das molas, fatores
de amortecimento, comprimento dos braços de ligação) seja detectada diante do
desempenho do veículo. De qualquer forma, a percepção prática que a experiência
traz ao projetista é fundamental para a analise crítica na escolha do tipo de
suspensão a ser empregada em cada caso.
Como exemplo, no caso de um veículo de corrida para uso em circuito de
asfalto, a suspensão deve ser o mais leve possível e não precisa ter grande
deslocamento vertical, pois as pistas de corrida são niveladas e sem grandes
ondulações no asfalto.
Entretanto, por mais niveladas que estas pistas sejam, a suspensão do
veículo deve ser eficaz, frente a todas as irregularidades, mantendo o veículo a
maior parte do tempo em contato com o solo, com a menor variação de
carregamento e com o esterçamento e câmber adequados, de forma a não perder a
aderência, a tração e a capacidade de frenar e de imprimir curvas, reagindo ainda
contra as forças impressas pelos sistemas de direção, tração e frenagem.
Tempos atrás, até os veículos de corrida utilizavam eixo rígido na dianteira e
na traseira. Atualmente, além do fato dos veículos de corrida utilizarem suspensão
independente nas quatro rodas, os componentes destes sistemas são cada vez mais
Projeto Conceitual 54
2.3
Escolha de rodas e de pneus
1) Nome do Fabricante.
1A) Logotipo do Fabricante.
2) Modelo do Pneu.
3) Características de dimensões e construção.
4) Código de velocidade e índice de carga.
5) Pneu com câmara (TUBE TYPE) e sem câmara (TUBELESS).
6) Posições dos indicadores de desgaste TWI (Tread Wear Indicators): quando atingidos, indicam
o momento de troca do pneu em uso (1,6mm de resíduo de Banda de Rodagem).
7) Códigos internos para controle de fabricação.
8) Local de fabricação.
9) Inscrição D.O.T.: Exigência de exportação. Indica estabelecimento de produção, tipo do pneu
e período de fabricação.
10) Dados referentes à estrutura do pneu: exigência de exportação.
11) Carga e pressão máximas : exigência de exportação.
12) Registro de homologação: exigência de exportação.
13) Classificação do pneu junto à UTQG (Uniform Tyre Quality Grading): exigência de exportação.
14) Significa "Mud and Snow" (Lama e Neve): exigência de exportação
Figura 2.18 – Nomenclatura e marcações de pneu no sistema métrico.
IC kg IC kg IC kg IC kg IC kg IC kg
0 45 10 60 20 80 30 106 40 140 50 190
1 46.2 11 61.5 21 82.5 31 109 41 145 51 195
2 47.5 12 63 22 85 32 112 42 150 52 200
3 48.7 13 65 23 87.5 33 115 43 155 53 206
4 50 14 67 24 90 34 118 44 160 54 212
5 51.5 15 69 25 92.5 35 121 45 165 55 218
6 53 16 71 26 95 36 124 46 170 56 224
7 54.5 17 73 27 97.5 37 127 47 175 57 230
8 56 18 75 28 100 38 130 48 180 58 236
9 58 19 77.5 29 103 39 133 49 185 59 243
Onde,
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Uma vez definido o tipo de suspensão a ser utilizado, pode-se então verificar
o desenho conceitual do veículo quanto à localização dos elementos da suspensão.
Neste desenho conceitual, antes de se iniciar a localização do sistema de
suspensão, devem estar presentes o que se deseja em relação ao projeto relativo à
localização do motor e dos sistemas de transmissão que serão utilizados e dos
locais de passageiros, carga, tanque de combustível e estepe, julgando a prioridade
de atendimento a estes itens, bem como quais não serão utilizados no projeto. O
ideal é trabalhar nesta parte conceitual de localização de componentes deixando
sempre o tanque de combustível como um elemento que pode ter o seu formato
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
3.1
Distância do solo
3.2
Ângulos característicos
3.2.1
Câmber
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Quando a parte superior da roda está para fora em relação à linha vertical do
referencial do solo, o câmber é positivo. O inverso resulta em câmber negativo.
De uma forma geral, deseja-se que o câmber do veículo esteja na maior parte do
tempo o mais próximo possível de zero grau quando o veículo estiver percorrendo
trajetórias retas, de forma a reduzir o desgaste do pneu e aumentar a aderência
entre os pneus e o solo, garantindo assim o melhor desempenho possível nas
frenagens e acelerações do veículo.
O fundamento da utilização do câmber é manter a maior área possível da
banda de rodagem do pneu em contato com o solo, de modo que o desgaste desta
banda de rodagem ocorra de forma uniforme. Se o câmber estiver muito
acentuado poderá ocorrer desgaste prematuro do pneu conforme visto na Figura
3.06.
Definição da Geometria 67
curvas.
3.2.2
Cáster
O cáster é, por definição, positivo quando o eixo de giro tem a parte superior
voltada para frente do veículo e negativo se a parte superior do eixo de giro estiver
para trás. Quando o cáster é positivo, a direção torna-se mais estável e quanto
mais positivo ele for, maior o será o esforço necessário para alterar a trajetória
retilínea do veículo.
A principal função do cáster é possibilitar a estabilidade da direção do
veículo, sendo responsável pelo retorno da direção à posição de trajetória em linha
reta após as curvas. Sua inclinação não influi no desgaste dos pneus nas retas.
Entretanto, ao realizar o estudo da direção do veículo, pode-se verificar que o
cáster influi no câmber. Partindo de um veículo com câmber nulo e cáster
positivo, verifica-se que o câmber, em uma trajetória em curva, se torna negativo
na roda externa e positivo na roda interna. Na mesma situação, quando o cáster é
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
3.2.3
Inclinação do pino mestre
Também conhecido como SAI - Steering Axis Inclination ou KPI - King Pin
Inclination.
No plano frontal do veículo é identificado o ângulo conhecido como
inclinação do pino mestre. Este é medido em graus e obtido entre a linha que
passa pelo eixo de rotação da roda na vista frontal e a linha de centro vertical da
roda, conforme pode ser visto na figura 3.09. Este eixo de rotação da roda é o
mesmo utilizado para a determinação do cáster, porém em outra vista. O
prolongamento do eixo de rotação da roda, identificado pelos locais de união do
pino mestre à suspensão, deve passar o mais próximo possível da linha de centro
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
vertical da roda que define o centro da área de contato do pneu com o solo. Isto
serve para que ocorra o mínimo de arraste do pneu em manobras a baixa
velocidade, diminuindo o esforço do motorista e do sistema de direção.
está percorrendo uma curva e o volante é solto. Também é responsável por manter
a trajetória reta do veículo em estrada que não possua inclinações laterais.
3.2.4
Raio de deslizamento – Scrub Radius
Nas suspensões mais antigas, era usado o raio positivo pois os sistemas de
direção não eram assistidos hidraulicamente e o esforço em manobras com o
veículo parado era menor com esta configuração pois exigia que o pneu ao ser
esterçado rodasse em seu próprio eixo. Assim, a roda de fora da curva se
movimenta para frente e a de dentro, se movimenta para trás. Nessa configuração,
as rodas podem apresentar “shymming” com maior freqüencia.
Se o raio for pequeno, o esforço nas manobras com veículo parado será
maior. Por outro lado, o motorista sentirá menos as reações das frenagens em
linha reta.
Definição da Geometria 72
A utilização deste raio nulo tende a deixar o veículo instável com o veículo
em movimento executando curvas. Na prática costuma-se utilizar valores
negativos para veículos de tração na dianteira ou nos dois eixos e valores positivos
quando a tração do veículo é traseira.
As forças causadas por esta geometria têm grande influência sobre a
convergência das rodas de um mesmo eixo e por isso no cálculo da convergência
este fator deve ser levado em consideração. Outro detalhe que o projetista deve
verificar é que a modificação do offset da roda durante o projeto irá alterar o valor
definido para o raio de deslizamento, podendo tornar a direção mais dura para o
motorista.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
3.2.5
Ângulo Incluso – Included angle
3.2.6
Convergência
3.2.7
Desvio no eixo - Set Back
3.2.8
Anti-Dive
com 60% do peso no eixo dianteiro e 40% no eixo traseiro em situação estática ou
de velocidade constante em pavimento liso. Nas situações de frenagem e de curva,
vemos que o peso do veículo varia entre as rodas. Nesta figura, vemos a
realização do mergulho dianteiro do veículo. Esta transferência de peso pode ser
diminuída se for levada em consideração uma geometria que seja anti-dive.
Certas variações são permitidas em veículos urbanos devido aos limites
velocidade referenciados em legislação. Mas no caso de veículos esportivos ou de
competição ou de acordo com os requisitos do fabricante, o mergulho dianteiro
deve ser reduzido de forma a dificultar a derrapagem do veículo.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
3.2.9
Anti-squat
Da mesma forma que deve ser verificada a geometria anti-dive, deve ser
também verificada a geometria anti-squat. A geometria anti-squat deve ser
verificada na vista lateral do veículo. Esta geometria define a tendência do
veículo, durante sua aceleração, de levantar a frente e abaixar a traseira em relação
a sua posição em repouso. Este movimento causa a existência do efeito chamado
arfagem (pitch), que é a rotação do veículo no seu eixo transversal.
O movimento de arfagem no veículo, ocorrido pela transferência de peso
entre os eixos durante a aceleração, pode causar a instabilidade no sistema de
suspensão, principalmente em veículos de maior torque, pois a geometria descrita
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
3.2.10
Bump Steer
3.2.11
Alinhamento do eixo - Thrust line
3.3
Centro de rolagem – Roll centre
a norma DIN 70.010, o centro de rolagem de uma suspensão pode ser definido
como o ponto obtido no plano vertical que passa pelo centro da roda no qual as
forças laterais podem ser aplicadas à massa suspensa sem produzir o efeito de
rolagem, ou seja, a aplicação de força lateral no centro de rolagem causa a
tendência de derrapagem do veículo.
Cada tipo de suspensão possui uma forma de se obter estes pontos. Segundo
as suspensões apresentadas no início deste capítulo, seguem indicados os centros
de rolamento para cada caso na tabela 3.01.
Vista Frontal
Vista lateral
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Vista Frontal
diagonal
Vista Frontal
Bandeja
dupla não
paralela
3.4
Modelo Computacional – ferramentas CAD 2D ou 3D
Figura 3.17 – No topo são apresentados desenhos conceituais do veículo. Abaixo, estão
fotos do veículo pronto correspondendo aos desenhos. Neste caso, embora seja um
veículo de corrida, as suas formas são muito importantes para o sucesso do projeto e o
projeto de suspensão deverá se adequar ao conceito apresentado.
Como pode ser visto na figura 3.17, o aspecto do veículo no desenho mostra
uma primeira noção das medidas entre-eixo, bitolas e possibilidade de curso da
suspensão. Na mesma figura são confrontados os esboços finais do protótipo com
o veículo pronto.
No outro caso, estes aspectos não foram definidos e a prioridade é que sejam
atendidos requisitos que podem ser relativos à mobilidade, velocidade, superação
de obstáculos entre outros, de forma que os desenhos da suspensão balizam o
fechamento do conceito do veículo.
Definição da Geometria 85
De qualquer forma, alguns passos podem ser utilizados para auxiliar o início
do projeto da suspensão. Para o estudo de caso de um veículo de dois eixos, pode-
se descrever os seguintes passos iniciais em 2D, segundo um processo que pode
ser realizado tanto em 2D como em 3D:
1º passo - Desenhar em vista de topo o posicionamento das rodas e pneus e
as dimensões entre-eixo e bitola de acordo com o conceito e com os requisitos. A
bitola pode ter inicialmente o mesmo valor para os dois eixos. Um desenho que
representa o esboço de um veículo realizado no Solidworks quanto à localização
das rodas pode ser visto na figura 3.18.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
2º passo - Levar o posicionamento das rodas para outras duas vistas, a lateral
e em seguida a frontal, conforme a figura 3.19.
que será disponível para o curso da suspensão e se o mesmo atende aos requisitos.
Esta fase e as próximas poderão ainda determinar alterações no projeto das outras
áreas devido ao não atendimento dos cursos de suspensão que podem estar
impostos em requisitos ou que sejam necessários ao compromisso de mobilidade
do veículo. Uma simplificação deste passo é mostrada nas figuras 3.20 e 3.21.
Definição da Geometria 87
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Figura 3.21 - Figura feita em 2D, sendo mostrada vista lateral do conjunto de força com a
tripulação e a verificação do atendimento de alguns requisitos (ângulo de entrada e
ângulo de saída), mostrando ainda o ângulo central e a distância entre-eixo.
Figura 3.22 - Figura feita em 2D, sendo mostrada vista de topo do conjunto de força com
a posição dos bancos. Esta figura pode ainda incluir a concepção da carroceria.
Definição da Geometria 88
Figura 3.23 - Figura feita em 2D, sendo mostrada vista frontal com os pontos de apoio
das bandejas da suspensão no chassis e os pontos de rotação da manga de eixo,
próxima à roda. À direita ainda mostra a suspensão esquerda do veículo com as
bandejas.
Definição da Geometria 89
Figura 3.24 – Vista frontal, sendo mostrados alguns ângulos característicos, o centro de
rolamento e o braço de rolagem. O ângulo incluso no caso da figura ocorre para câmber
igual a zero.
4.1
Distribuição do peso
entre os eixos. O ideal teórico é que essa distribuição seja em torno de 50%-50%
entre os eixos, mas existem casos em que a posição do motor e demais
componentes do veículo impõem a condição inicial diferente tal como, 60% no
eixo dianteiro e 40% no eixo traseiro. Depois de colocada a carga, estes valores
podem chegar ao inverso (40% na dianteira-60% na traseira) se a mesma for
colocada carga no eixo traseiro do veículo, o que ocorre tipicamente em um sedan.
A distribuição do peso pode ser obtida inicialmente pela localização das
peças e mecanismos considerados de maior peso que serão empregados na massa
suspensa do veículo. Depois de localizadas, estas peças devem ser relacionadas
através de uma tabela constando seus pesos, localizados em seus centros de
gravidade (CG), e a localização destes CGs em referência a uma coordenada
cartesiana. Para tal, deve-se escolher um sistema de coordenada a ser adotado,
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Normas ISO4130
e
DIN70000.
93
Análise Estática 94
94
Análise Estática 95
95
Análise Estática 96
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
96
Análise Estática 97
97
Análise Estática 98
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
98
Análise Estática 99
99
Análise Estática 100
100
Análise Estática 101
Figura 4.05 - Tipos de acabamento das molas helicoidais de compressão (Shigley) – [17]
É preferível a utilização do tipo fechada de encosto - “squared and ground” -
(item c), em ambos os lados, para melhor transferência de carga.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
101
Análise Estática 102
( L0 − 3.d )
L0 = p.N a + 3.d , onde p = é o passo, ou seja, a distância
Na
entre os centros das espiras sem a aplicação de forças.
A tensão de cisalhamento do material não deve ser ultrapassada. Para
realizar o cálculo desta pode-se recorrer à fórmula
K s 8 .F .D
τ= , onde
π .d 3
Ks =
(2C + 1) é o fator de correção e
2.C
D
C=
d
é o índice de mola e sua faixa de utilização normalemnte está entre 6 e 12.
Depois de realizados os cálculos, o coeficiente de rigidez poderá ser
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
102
5
ANÁLISES CINEMÁTICA e DINÂMICA
Todo projeto de suspensão tem dois objetivos principais: dar conforto aos
passageiros e estabilidade ao carro. O conforto é garantido isolando os passageiros
das irregularidades do solo, como buracos e ondulações. A estabilidade e a
dirigibilidade são conseguidas pela redução da inclinação nas curvas e da
inclinação para frente e para trás nas acelerações e frenagens.
Geralmente é difícil conseguir um equilíbrio entre essas duas metas,
devendo-se optar por um dos lados, sacrificando o outro. Carros de luxo, por
exemplo, tem suspensões mais moles, privilegiando o conforto, mas normalmente
em detrimento de seu desempenho nas curvas. Já os veículos esportivos, têm
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
5.1
Movimentos do mecanismo
5.1.1
Geometria Anti-dive, anti-squat, anti-lift e anti-pitch
Figura 5.01 – Vista lateral da suspensão com dois braços de controle e com o trailing-
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Figura 5.02 – Vista lateral da suspensão com dois braços de controle e com o trailing-
arm equivalente. (Fonte: GILLESPIE) – [7]
Análises cinemática e dinâmica 106
Fonte: Milliken
Fonte: Milliken
= tanθsr/(H/L)
Tabela 5.02 – Anti-squat – [2] e [7].
5.1.2
Variações nos Ângulos Característicos
Figura 5.03 – análise cinemática do eixo traseiro tipo semi-trailing do Opel Omega
(1996).
Figura 5.08 – Raio mínimo externo de uma curva, descrita por um veículo com o máximo
de esterçamento.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
5.2
Dinâmica
5.2.1
Freqüências e modos naturais
5.2.2
Coeficientes de amortecimento
5.2.3
Dinâmica longitudinal
30 0
220
25 0 210
200
20 0
190
15 0 180
170
10 0
C ha s s is 160 Chas s is
D ia nte ira d ire ita Dianteira direita
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
(a) (b)
Figura 5.11 – Trajetória dos centros de massas do chassis, roda dianteira direita, roda
dianteira esquerda, roda traseira direita e roda traseira esquerda no plano (XY). (a)
trajetória ao longo dos 24 s de simulação. (b) Ampliação de (a) na região de regime
transiente – [10].
-0.66 1
Dianteiro direito
Dianteiro es querdo
-0.662 0 Tras eiro direito
Tras eiro es querdo
-0.664
 ngulo de des vio dos pneus (graus )
Ângulo de des vio do veíc ulo (graus )
-1
-0.666
-2
-0.668
-3
-0.67
-4
-0.672
-5
-0.674
-0.676 -6
-0.678 -7
-0.68
-8
6.6 6.8 7 7.2 7.4 7.6 7.8 8 8.2 8.4 0 2 4 6 8 10 12
t(s ) t (s )
(a) (b)
Figura 5.12 – Esterçamento em degrau. (a) Ângulo de desvio do veículo x tempo no final
do regime transiente. (b) Ângulos de desvio dos pneus x tempo (curvas com símbolos
em “x” representam os limites de aderência dos pneus) – [10].
Análises cinemática e dinâmica 123
5500
5000
Forç a vertic al dos pneus no s olo (N)
4500
4000
3500
3000
2500
2000
Dianteira direita
1500 Dianteira es querda
Traseira direita
Traseira esquerda
1000
0 2 4 6 8 10 12
t (s)
Figura 5.13 – Força vertical dos pneus no solo x tempo para manobra evasiva dupla a
uma velocidade de 80 km/h – [10].
5.2.4
Dinâmica transversal
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Figura 5.16 – No caso da mola estar suportada pela bandeja inferior, a força FG,z é a que
suporta a massa suspensa e o momento causado pelas forças FZ,w e FG,z gera as forças
de reação FG,x e FE,x na direção paralela ao suporte da bandeja ao chassis. (Fonte:
Mechanical Engineering – SAE – The automotive chassis) – [64]
Análises cinemática e dinâmica 125
5.2.5
Dinâmica vertical
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Durante a análise dimensional, o único fator que não poderia ser alterado
foi quanto à topologia geral do componente, ou seja, as localizações no espaço dos
pontos de fixação da bandeja e do ponto de pivoteamento deveriam ser mantidas.
A equipe de projeto teve total liberdade para alterar a forma estrutural e os
componentes de fixação e pivô de forma a atingir as metas pré-estabelecidas de
massa, durabilidade e dimensão global (empacotamento), sem comprometer o
desempenho da suspensão. Vários estudos de carregamentos foram realizados
através da análise por elementos finitos, incluindo depressões de grande proporção
na pista (figura 6.03), frenagem máxima e elevado ciclo de fadiga. O veículo
deveria posteriormente passar pela mesma pista de provas que outros veículos de
passeio e caminhões leves.
Análise Dimensional 130
Figura 6.03 – Depressão na pista. Pode ser verificada como uma combinação dos
gráficos mostrados pela figura 5.14.
objetivo deste desenho é apenas obter a posição dos pontos de pivô com a manga
de eixo e de rotação da bandeja em suas fixações ao chassi ou outro elemento da
massa suspensa.
- Alpha II – Início da otimização. As linhas de ação entre os pontos de
carregamento citados em Alpha I são traçadas. Nesta fase. Foi implementada uma
estrutura de treliça ao componente na proximidade do acoplamento ao
amortecedor. Houve ainda a tentativa de se criar maior simetria possível na
bandeja. O posicionamento do amortecedor entre os elementos da suspensão
impediu que o seu ponto de apoio fosse mais para longe da linha, impedindo o
acréscimo de material no local de maior flexão. Este fator dificultava a redução da
massa.
Com o amortecedor acoplado, os maiores carregamentos observados na
peça eram os realizados pelo próprio amortecedor durante a simulação da
passagem por depressões na pista. Na vista traseira o amortecedor possui elevada
inclinação, fazendo a bandeja ter grande componente de força para fora em
movimentos ascendentes da suspensão. Nesta versão, dois parafusos de 8mm
uniam a bandeja ao chassis. Na passagem por uma depressão mais severa na pista
esta medida não suportava os carregamentos, o que foi verificado também em
testes práticos. Para atender aos esforços de cisalhamento dos parafusos foi
necessário dimensioná-los para 14mm. Neste caso mais material também deveria
Análise Dimensional 131
ser adicionado à bandeja para atender a esta nova dimensão, dificultando ainda
mais o atendimento ao objetivo de diminuição de peso.
- Beta – Nesta fase verificou-se que o formato geral da peça deveria ser
reavaliado. A redução de massa proposta não estava sendo atingida e a utilização
de forjado não estava sendo bem aceita para o formato da peça Alpha II. Além
disso, o local de acoplamento do amortecedor estava muito largo e pesado. Neste
caso, optou-se por transpor as buchas para a bandeja e substituir o acoplamento
inferior do amortecedor por braçadeira. Foram substituídos os parafusos por um
único de 16mm, que suportou as forças impostas pelas depressões na pista. O
número de parafusos diminuiu pela metade e o acoplamento da braçadeira de
acoplamento para a mola também foi investigada.
- Produção – O acoplamento da mola mudou do conceito de braçadeira
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
6.1
Definição dos carregamentos
Os carregamentos utilizados no projeto dimensional dos componentes da
suspensão são aqueles obtidos primeiramente pela análise estática e
posteriormente pela análise dinâmica. A análise estática fornece as cargas
Análise Dimensional 132
impostas ao veículo em diversas situações sem que haja variação com o tempo.
As cargas podem ser definidas pelo peso próprio do veículo sendo este
denominado “peso em ordem de marcha”, peso somando um ou mais ocupantes
e/ou a carga, tal como realizado no capítulo 4. Este então é o primeiro passo para
a realização da análise dimensional dos componentes da suspensão. O maior
objetivo do estudo das cargas durante a fase de análise estática da suspensão é
identificar a ordem de grandeza das massas e acelerações envolvidas na suspensão
as quais servem de entrada para a realização da análise dinâmica.
P1 = Fx.z2/z1.cosθ1
P2 = Fx.(1+z2/z1).cosθ2
6.2
Determinação dos esforços
6.3
Análise computacional através de elementos finitos para
determinação de tensões e deformações
O problema a ser estudado pelo MEF, a princípio, deve ter uma forma
prescrita. A solução tem que pertencer a um espaço de funções e este é construído
pelos valores da função variando numa dada maneira, por exemplo, linearmente
ou quadraticamente, entre os valores dos pontos nodais. Os pontos nodais, ou nós,
são pontos obtidos dos elementos tais como os vértices, os pontos médios dos
lados, os pontos médios do elemento, entre outros. Deste modo, a solução final
tem bastante ligação com o formato original do componente estudado.
As condições de contorno recebem tratamento através de funções
diferenciais. Esta propriedade constitui enorme vantagem para o FEM em relação
a outros métodos de análise. Este método possui ainda excelente discretização,
cujas equações são constituídas pela contribuição dos vários níveis do elemento,
sendo mais tarde reunidos.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
6.4
Escolha dos materiais
6.5
Especificação de componentes
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
6.6
Desenhos para construção
7.1
Escolha da escala e do material
7.2
Prototipagem rápida
uma, vai formando o objeto, conforme mostrado na figura 7.04. Cada camada
depositada pode ser acompanhada por algum sub-processo necessário (remoção de
material, alívio de tensão) para criar objetos 3D, sem fixação da peça específica,
ferramental ou intervenção humana.
Por ser uma fabricação baseada em camadas, os sistemas de prototipagem
rápida são capazes de produzir peças de geometria complexa e formas que são
impraticáveis, impossíveis ou de elevado custo para se construir por sistemas
tradicionais. Este processo também permite a fabricação de peças com estruturas
montadas que seria impraticável usando sistemas convencionais de fabricação.
A prototipagem rápida representa um importante papel no
desenvolvimento de ferramental rápido, nos processos convencionais de
fabricação de grandes volumes ou nos baixos lotes de produção para os
emergentes "mercados de massa", como as ferramentas para moldes de injeção ou
moldes para fundição. Ela é também usada para produzir protótipos para
visualização ou comunicação de idéias em grupos de desenvolvimento, para a
visualização de estruturas complexas, e ainda exibição de marketing e protótipos
funcionais.
Desta forma, as equipes de projeto não precisam estar todas no mesmo
local de trabalho para a comunicação de idéias e utilização de componentes
físicos. Uma vez finalizado o desenho virtual, a peça pode ser impressa em
Protótipo Funcional 143
áreas selecionadas. O processo é repetido de baixo para cima até que a peça esteja
completa. A rápida solidificação do termoplástico permite fazer partes salientes
sem a necessidade de estruturas de suporte. O processo pode ser visto na figura
7.04.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
feixe de laser, a resina muda do estado líquido para o sólido. A cada camada
realizada, o suporte desce para o nível seguinte e nova camada será feita na parte
superior da resina. A cura de uma camada sobe a outra torna a peça contínua entre
as camadas. Por isso é possível criar várias peças numa mesma impressão. Após
estar completa a impressão da peça, a mesma é removida do barril e a resina tem
sua cura final utilizando-se um forno próprio para este fim.
No caso descrito de peças desconectadas ou salientes é necessária a
utilização de estruturas de suporte de forma a evitar que desçam para o fundo ou
flutuem livremente na resina liquida, conforme visto na figura 7.05.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
7.3
Descrição das etapas de prototipagem
• X3 – nesta fase se tem um protótipo que pode ser testado pela Engenharia,
porém, muitas peças, como ainda não foram homologadas, são provisórias.
Mesmo a forma como são produzidas não representa a maneira como o
seriam em série. Muitas destas peças são produzidas pelo método de
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
• X4 – nesta fase o protótipo montado já tem que estar com todas as suas
peças homologadas e documentadas. Todo o ferramental necessário para a
fabricação das mesmas já tem que estar pronto. Este protótipo será usado
como modelo para treinamento do pessoal da linha de montagem e para
futura comparação com os veículos que sairão da linha.
8
ANÁLISE EXPERIMENTAL
8.1
Testes estáticos
8.2
Testes dinâmicos
utilização em pista. Este teste serve principalmente para tornar mais ágil a
obtenção dos resultados de fadiga quando um determinado componente é alterado
durante o projeto (figura 8.06).
8.3
Sistema de instrumentação
função aceleração x tempo que pode ser utilizada para determinar a velocidade e o
deslocamento da roda a cada instante. Esta função pode então ser utilizada para a
realização de teste de fadiga em meio virtual ou em meio real.
No meio virtual, esta função pode ser utilizada para a obtenção das forças
envolvidas nos componentes em análise dinâmica, ou ainda, na simulação do teste
de fadiga, segundo a análise dimensional entre outros necessários à homologação
do veículo. Para isto pode ser empregado, por exemplo, a modelagem do sistema
por Simulink com interface com o ADAMS para a análise virtual do controle
desempenhado por componentes eletrônicos atuando nos componentes mecânicos.
Da mesma forma, esta mesma função também pode ser transmitida a
atuadores que simulam as acelerações relativas entre pavimento x roda durante o
trajeto do veículo. Se a função de entrada ainda vier de um trajeto de ciclo de vida
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
perdido o foco no processo. Este processo por sua vez, como pôde ser observado
no texto, não é um ato contínuo, no qual termina uma fase e começa a outra. As
diversas fases que ocorrem após o início do projeto ocorrem simultaneamente de
forma que as informações obtidas em determinado ponto do processo possam
sempre realimentar a fase anterior, ou ainda, as de maior equivalência, no caso das
análises.
Após entendido o processo, pode-se aprofundar os conhecimentos em
trabalhos já existentes referentes a determinados sistemas. Alguns destes estão
presentes no Capítulo 10 – Bibliografia. Outros trabalhos também podem ser
realizados, principalmente verificando as dinâmicas ao longo dos eixos x, y, e z,
pouco verificadas nos trabalhos. Também podem ser realizados estudos em
relação aos sistemas de transmissão, em termos de dimensionamento e
determinação de freqüências naturais.
Referências bibliográficas
[1]. ADAMS, Herb, Chassis engineering: chassis design building & tuning
for high performance handling, HPBooks, 1993.
SETEMBRO DE 1997.
[16]. REMUS, Timothy, How to build hot rod chassis, MBI Publishing
Company, 2001, 1st edition.
Páginas da internet:
[32]. FERRIS, J. e ESTES, H., Automotive seat suspension model for ride
quality studies, 2002-01-0778 - SAE Technical paper series, 2002.
[40]. SHINICHI, N. et al., The effect of rubber seats on coil spring force line,
2002-01-0317 - SAE Technical paper series, 2002.
[44]. VANTSEVICH, V. et al., Control of the wheel driving forces as the basis
for controlling off-road vehicle dynamics, 2002-01-1472 - SAE Technical
paper series, 2002.
[45]. WEBER, R. e PERSCH, H., Frequency response of tires – slip angle and
lateral force, 760030 – SAE, 1976.
Outras Normas:
[47]. Beuth Verlag GmbH, DIN 70000 - Road vehicles; vehicle dynamics and
road-holding ability; vocabulary (ISO 8855:1991, modified)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
[54]. DIXON, J.C. The Shock Absorber Handbook.. Warrendale: SAE, 1999.
[55]. ELLIS, J.R. Vehicle Dynamics. London Business Books Limited, 1969.
160
[70]. VAN DER JAGT, P., PARSONS, A.W. Road surface correction of tire
test data. Vehicle System Dynamics, v. 25, 1996.
1. TÍTULO
Nome do projeto.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
2. REFERÊNCIAS
∗ Inserir documentos anteriores de referência para elaboração deste;
∗ Inserir normas citadas neste documento;
Exemplo de normas:
a. DIN 70020: Construção de Veículos Automotores (velocidade máxima,
aceleração, diversos, conceitos, condições de ensaio).
b. NEB/T M-233: Viatura, Transposição de Obstáculo Vertical;
c. NEB/T M-234: Viatura, Partida em Rampa;
d. NEB/T M-235: Viatura, Transposição de Rampa;
e. NEB/T M-238: Viatura sobre Rodas, Freios, Distância de parada;
f. NEB/T M-239: Viatura sobre Rodas, Freios, Imobilização em Rampa;
g. SAE J 833: “Human Physical Dimensions”;
h. SAE J 1491: "Vehicle Acceleration Measurement".
i. MIL-HDBK-759: “Human Factors Engineering for Army Materiel”;
j. MIL-STD-1472: “Human Engineering”;
k. MIL-STD-1474: “Noise Limits”;
l. ISO 2631: “Guide Evaluation of Human Exposure to Whole Body
Vibration”.
163
3. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Sugestões de tópicos a serem descritos em breve texto caso não sejam itens de
requisito. Demais tópicos podem ser abordados, inclusive com a inserção de figuras.
a. Tecnologia a ser empregada
b. Logística
d. Apresentação do veículo
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
a. Absolutos
Características de Desempenho
1) Velocidade máxima: desenvolver, com PBT, velocidade superior a xxx
km/h em estrada plana horizontal e de piso consistente, com inclinação
longitudinal máxima de 1%, de acordo com a Norma DIN 70020.
REF: Citar itens de referência de outros documentos (Peso dez)
4) Raio de Giro: girar para a direita e para a esquerda, com carga e sem carga,
com total esterçamento da direção, com um raio de giro parede a parede
de, no máximo, xx metros. O raio de giro deve ser medido conforme o
prescrito na SAE J695-89.
Características Dimensionais
9) Possuir peso máximo de xxx Kgf, com peso em ordem de marcha.
10) Possuir ângulo de entrada superior à xxº, com peso em ordem de marcha.
11) Possuir ângulo de saída superior à xxº, com peso em ordem de marcha.
165
12) Vão Livre: possuir vão livre de, no mínimo, xx metros, com peso em
ordem de marcha.
Carroceria
14) A carroceria deve ocultar todos os componentes da suspensão.
xx metros.
Habitáculo e Ergonomia
18) Apresentar espaço interno compatível com as dimensões ergonômicas
previstas na Norma SAE J833.
Trem de força
21) Possuir motor na dianteira do veículo.
Suspensão e Direção
24) Possuir suspensão capaz de suportar todas as cargas dinâmicas impostas
e atender aos requisitos da Norma ISO 2631, com relação aos limites do
corpo humano.
Sistema de freios
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
27) Possuir sistema de freios de serviço com circuito hidráulico, que permita
atender o requisito de distância de parada estabelecido na NBR-10967
relativo à classe deste veículo, para as condições de ensaio estabelecidas
na Norma NEB/T M-238.
Acessórios e Ferramentas
29) Possuir na dianteira engate e olhais de segurança padronizados, que o
permita ser rebocado.
Autonomia
31) Autonomia mínima de xxx km, sem utilização de tanques móveis,
estando o veículo com PBT, à velocidade constante, em estrada de piso
consistente plano e horizontal, com inclinação máxima de 1%, conforme
Norma DIN 70030.
167
b. Desejáveis
1) Descrever requisito RTD001;
REF: ROD 01
(Peso quatro)
c. Complementares
1) Descrever requisito RTC0001
REF:
(Peso três)
5. EQUIPE
Datas e assinaturas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
169
Anexo 2
ANTEPROJETO
1. TÍTULO
Nome do projeto.
2. REFERÊNCIAS
• Normas;
• Documentos anteriores;
3. INFORMAÇÕES
a. Existência de materiais similares
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
b. Antecedentes
(Descrever os sistemas já existentes e em desuso ou que não seriam desejáveis à
concepção do projeto, indicando motivos)
4. CONCEPÇÃO DO PROJETO
d. Alternativas
1ª.(citar as alternativas gerais de projeto a serem estudadas no EVTE)
e. Possibilidade de ser pesquisada e/ou desenvolvida na empresa.
f. Desenhos
Datas e assinaturas
ANEXO I do Anteprojeto
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
País Brasil
Legenda:
ND – Não Disponível;
(1) – Deve atender aos requisitos (citar);
(2) – Deve atender aos requisitos (citar);
(3)
ANEXO II do anteprojeto
Modelo:
1. TÍTULO
Nome do projeto.
2. REFERÊNCIAS
• Normas;
• Documentos anteriores;
3. ESTUDO DE VIABILIDADE
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
a. Alternativas Possíveis
Nesta parte são apresentadas as alternativas citadas no Anteprojeto
5. CONCLUSÃO
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0421092/CA
Datas e Assinaturas