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Historiografia

Uma mudança no modo de enxergar a instituição eclesiástica.

Embora antes, especialmente na Idade medieval as concepções de culto e igreja fossem


completamente específicas e ligadas a conexão do homem com o propósito exclusivamente
divino. O século XIX é revolucionário para os estudos científicos e desenvolvimento do
pensamento mais desconectado dos dogmas dos séculos antecedentes, e mais cético em uma
visão geral. Bem como para o aparelhamento metodológico da História como um campo de
conhecimento e pesquisa científica, dado o contexto do momento histórico no qual a História
manifesta-se como disciplina particular, com a propulsão da Escola Metódica que preocupava-
se em conceber á história espaço entre as Ciências. Seguida por diversas outras correntes
historiográficas e seus respectivos percursores que contribuíram para a estruturação para o
que entende-se hoje por História e historiografia. É nesse período histórico no qual se inicia o
processo dissociação da teologia em ralação á historiografia metodológica propriamente dita.

Com o declínio do Império Romano do Ocidente, nasce a necessidade de se explicar os


fenômenos da época, uma maneira de enxergar o mundo e seus acontecimentos, como
conceber os homem e seus comportamentos, o quê o rege e compreensão da realidade a sua
volta. Nesse contexto se destaca a figura do Santo Agostinho, filósofo e bispo, trazendo à vista
a concepção de providencialismo (providência divina) e a patrística, que objetivavam a
explicação dos grandes eventos da época através de uma visão pautada na autoridade,
onisciência e onipotência divina, como também para a exposição do cristianismo. Essa filosofia
do cristianismo intitulada patrística desenvolve mecanismos contra ideologias pagãs, o
combate à descrença e a defesa cristã à heresia. E o bispo de Hipona, com suas obras
universalmente influentes contribuiu para a perspectiva de que a graça divina era
indispensável para a liberdade do homem.

A ruptura com esse pensamento centrado na figura divina começar a dissolver-se com o
desenvolvimento dos campos do conhecimento e aplicação do método científico empregado
dentro dos trabalhos que observam, questionam e estudam tudo o que a humanidade produz
a luz não mais do consentimento divino, da condição dual entre homem e Deus, mas da ideia
de razão, que é um termo facilmente associado ao século XIX com a ascensão da produção
voltada para o racional, científico.

A partir da modernidade, todo o conhecimento acerca da Igreja e seus assuntos passa a ser
produzindo maioritariamente nos termos científicos e não mais predominantemente
teologicamente como antes concebido naturalmente. A igreja deixa de ser observada como
entidade apenas de conexão de Deus com a humanidade para conotar sua participação e
vínculo com as ligações políticas e sociais, como um agente influenciador da vida comum. A
vida religiosa, as crenças e suas tradições deixa de ser estudada como uma necessidade
humana pela insuficiência fora da vida com Deus e passa a ser observada como um fenômeno
cultural nas sociedades.

A separação do estudo teológico da Igreja para o estudo historiográfico da mesma é


fundamental não somente para a compreensão da história eclesiástica no mundo e seus
efeitos na contemporaneidade mas também para a observação do historiador acerca dos
estudos historiográficos de cada época histórica e o que cada tempo, carregado dos valores e
costumes específicos esperava que fosse produzido. E problematizar o que faz o historiador de
hoje observar a história eclesiástica e de que ponto de vista. Bem como para o imprescindível
diálogo com as diversas fontes para a compreensão da lógica da tradição cristã, as
manifestações da crença e entender como reestabelecer a história da Igreja Católica
Apostólica Romana e suas ramificações no mundo pode abrir novos olhares, interpretações e
conseguir respostas para a elaboração do trabalho historiográfico.

FONTES:

CASTRO, Virgínia A. Projeto História, São Paulo n. 37,p. 53-64, dez. 2008

PEDRO, Alessandra, Historiografia, 2018 por Editora e Distribuidora S.A

MARIA G José. SANTOS Jhones. Santo Agostinho: Enredo Histórico e providencialismo

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