Você está na página 1de 10

CANA-DE-AÇÚCAR

Ordem: Graminales
Família: Poaceae
Gênero: Saccharum
Saccharum officinarum é a espécie mais utilizada em nossa região

MORFOLOGIA
É uma planta alógama;
Se desenvolve na forma de touceiras;
-Parte aérea: colmos, folhas, inflorescências(panícula aberta) e frutos (cariopse).
-Parte subterrânea: raízes e rizomas.
*os rizomas desenvolvem novas raízes e são fonte de água e nutrientes para a rebrota da
cana-soca.
*quando a cana brota já está definido o número de internódios e o tamanho dos internódios.

*dewlape = conjunto lígula+bainha

*a cana emite uma folha nova a cada dez dias. Geralmente ficam de 8 a 9 folhas na planta
Folha -1: não visível bainha e colar
Folha 0: não totalmente visível
Folha 1: possui bainha e colar completamente visíveis
*Para análise foliar coleta-se a folha +3 ou +4.

*Inflorescência surge no ápice da planta.

NOMENCLATURA
SP 80-1842
SP: sigla da instituição criadora do material
80: ano do cruzamento
1842: código do material

VOCABULÁRIO
Cana = colmos industrializáveis de cana
Matéria prima = cana
Bagaço = resultante fibroso da extração do caldo da cana através da moagem
Fibra botânica = composto não solúvel em água (celulose, lignina, pentosana, etc.)
Caldo = solução de açucares e outros solutos contidos nos tecidos do colmo
Brix = porcentagem de sólidos solúveis no caldo da cana, obtido por refratômetro.
Açucares da cana = sacarose, glicose e frutose
Polarização = emissão de um feixe de luz polarizado para realização da leitura sacarimétrica
POL do caldo = porcentagem aparente de sacarose, em peso do caldo
POL da cana = porcentagem aparente de sacarose, em peso da cana
Pureza do caldo = % de sacarose aparente contida nos SST do caldo (POL do caldo/Brix)x100
AR = açucares redutores (glicose e frutose)
ATR = açucares totais recuperáveis (sacarose)
Açucar VHP (very high polarization) = fobizados
PBU = peso de bagaço úmido
PUI = período útil de industrialização

*o que se deseja de um canavial?


Produtividade, qualidade (alto teor de açúcar) e longevidade

FENOLOGIA DA CANA-DE-AÇUCAR
Estádio 1 – brotação e emergência dos brotos: ocorre o estabelecimento inicial das plantas. A
emergência ocorre de 20 a 30 dias após o plantio. Ocorre intenso crescimento do colmo
primário, comandado pela atividade meristemática da gema apical vegetativa, promove a
expansão das primeiras folhas. Nessa fase há grande consumo de reservas nutricionais do
tolete.
Estádio 2 – perfilhamento e estabelecimento da cultura: inicia quando pelo menos 50% das
plantas emitiram o primeiro perfilho. É nesse momento que a planta emite aproximadamente
25 perfilhos. A gema apical do colmo primário ainda não exerce dominância absoluta,
permitindo que gemas laterias, localizadas em sua base, entrem em atividade meristemática,
resultando em brotos que se dirigem à superfície do solo. A emergência desses brotos ocorre
20 a 30 dias após a emergência do colmo principal, e são denominados de perfilhos. Por volta
dos 120 dias ocorre o máximo perfilhamento.
Estádio 3 – período de grande crescimento: o período de grande crescimento do colmo em
altura é estimulado por luz, umidade e temperatura. Ao final do crescimento em altura,
intensifica-se a translocação de sacarose das folhas para os entrenós maduros, situados no
terço inferior de cada colmo.
Estádio 4 – Maturação: ocorre intenso acúmulo de sacarose nos colmos. É nesse estádio que
se determina a qualidade da matéria prima. Momento da colheita: é definido em função da
variedade, época de plantio, manejo químico de maturação e condições climáticas do
ambiente. Nessa fase cerca de 70% das raízes ocupam os primeiros 50cm do solo.

*Do estádio 1 ao 3 a cana precisa de abundância de água (1200 a 1400mm por ciclo),
disponibilidade de nutrientes (N) e intensidade luminosa (é uma planta C4), e temperaturas
próximas a 30ºC.
*Na fase de maturação a planta precisa de temperaturas e precipitação baixas (TºC em torno
de 21ºC) para preservar a qualidade e a concentração de açúcar. Por isso não se cultiva cana
no norte do país

*Até o 3º ou 4 º nó visível a planta está na fase juvenil


*Crescimento do colmo: em função de baixa disponibilidade hídrica pode ocorrer o
encarretelamento (encurtamento) de internódios.
*Raízes: o plantio é feito profundo, pois como a cada ciclo vai ocorrer a emissão de raízes, o
sistema radicular pode aproveitar mais os perfis do solo.

*Por que perde produtividade ao longo do tempo? Ao longo do tempo a cana pode perder sua
capacidade produtiva devido à tendência da cana de concentrar suas raízes superficialmente, e
há tendência na redução do número de perfilhos, além de outros fatores como o ataque de
pragas.
A gema, por ter maior teor de N e menor lignificação perfilha mais facilmente do que a
touceira velha.

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA
Os colmos ou mudas devem ter até 12 meses de idade, já que as gemas mais novas brotam
mais facilmente, pois há menor deposição de ceras e lignina.
Os toletes são seccionados em pedaços que contenham de 2 a 4 gemas. O seccionamento é
necessário para eliminar a dominância apical (auxina).
Quando o colmo tiver de 8 a 10 meses pode ser utilizado o plantio de colmo inteiro, já que a
dominância apical começa a partir dos 11 meses.
Em 20 a 30 dias após o plantio começa a emissão dos brotos.

EXIGÊNCIAS AGROCLIMÁTICAS
Temperatura ideal: 30ºC
Precipitação: maior que 1000 mm, sendo o ideal de 1200 a 1400 mm por ciclo.
-Durante o desenvolvimento vegetativo deve ser um período quente e chuvoso.
-Durante o enriquecimento em açúcar deve ser um período frio e seco.

Cana de ano
O plantio é realizado de setembro a novembro. A planta vai iniciar a brotação em uma fase
favorável, com calor e chuvas. Os estádios 1, 2 e 3 ocorrem na primavera e verão. Depois
ocorre a maturação no período de frio e seca, e a colheita pode ser realizada de agosto a
outubro.

Cana de ano e meio


O plantio é realizado na última quinzena de janeiro até o final de abril, podendo se estender
até o início de maio. Ocorre um curto período de desenvolvimento com calor e chuvas. Em
maio ocorre um período de desenvolvimento lento. Com a retomada do calor, em agosto, é
retomado o intenso crescimento vegetativo. Após esse período vem mais um período de frio e
seca, onde ocorre a maturação.

ECOFISIOLOGIA
Durante a brotação e emergência, temperaturas extremas (21/44ºC) são prejudiciais, afetando
o stand de plantas, resultando em diminuição da produção.
A umidade de -2 a -3 mPa começa a prejudicar o stand de plantas.
A cana é extremamente sensível ao encharcamento, pois com a falta de oxigênio no solo pode
ocorrer o apodrecimento do tolete.
Cupins são muito prejudiciais.
Tiririca e capim colonião tem efeito alelopático na plântula.
Alta intensidade solar leva a um alto índice de perfilhamento.

MANEJO
BROTAÇÃO E EMERGÊNCIA
Sanidade das mudas: deve ser feito tratamento térmico e roguing de plantas doentes e
plantas daninhas no viveiro. Para tratamento térmico utiliza água a 50,5ºC por duas horas.
Esse tratamento vai diminuir a brotação.
Estádio nutricional das mudas: viveiros em solos férteis produzem mudas mais vigorosas.
Armazenamento corte-plantio: o ideal é fazer o plantio logo após o corte. Quando armazena
perde brotação devido à exposição ao sol.
Profundidade de plantio: planta-se a uma profundidade de 30 a 40 cm, e cobre com 10 cm de
solo. Se cobrir de mais pode dificultar brotação e se cobrir de menos pode desidratar. Em solos
arenosos maior profundidade que em argilosos.

PERFILHAMENTO
Deficiência de N e P: leva a baixo perfilhamento. O N e P devem ser aplicados em cobertura no
estádio 2.
Manejo mecanizado de plantas daninhas: muito solo na base pode dificultar perfilhamento.
Encharcamento: no estádio 2 e 3 a magnitude do dano causado por encharcamento é menor.
Temperatura: Fatores abióticos adversos causam redução no perfilhamento.
Organismos: o estádio 2 é o PCPI da cana
Radiação solar: Alta intensidade solar leva a um alto índice de perfilhamento.
Arquitetura da planta: dependendo da arquitetura pode sombrear os perfilhos.
*a arquitetura pode ser erectófila (folhas eretas), intermediária ou planófila (folhas planas).

FLORESCIMENTO
A cana é fototermosensível, ou seja, precisa de interferência de luz e temperaturas para
florescer.
*a cana NA56-79 floresce facilmente.
*cultivares floríferas não devem ser cultivadas como cana de ano.
Pode ser feita aplicação de etileno na primeira quinzena de fevereiro para inibir o
florescimento.
Para florescer a cana precisa passar pela juvenilidade.

MATURAÇÃO
Ocorre quando há 12 a 13% de sacarose.
Temperaturas: menores que 21ºC onde não há seca
Umidade: regiões tropicais, quentes e úmidas não ocorre maturação.
Solo: o solo arenoso favorece a maturação, já o argiloso retarda.
Adubação: altos teores de N atrasam a maturação. Alta quantidade de vinhaça também.
Reguladores: pode ser feita a aplicação de maturadores (ex.: ethephon e moddus) para
inibição do florescimento e maturação sem injúrias.

MANEJO DE SOLO
Sulcação para plantio: profundidade de 20 cm de profundidade para solos arenosos e 30 para
argiloso. Porém, deve-se colocar uma camada de apenas 10 cm de solo sobre os toletes.
Deve haver equidistância entre os sulcos, principalmente para colheita mecanizada. Isso
também viabiliza maior longevidade do canavial.
Fica uma faixa sem sulcar para que possa entrar com o caminhão de mudas, chamada
banqueta.
Preparo do solo: o terreno deve ser bem preparado, pois qualquer imperfeição só será
corrigida na próxima implantação. Na usina USAÇUCAR são feitos terraços a cada 4 m de
desnível.

ESCOLHA DE CULTIVARES
Deve-se escolher as cultivares que sejam adaptadas ao local de plantio. É importantíssima a
realização de rotação de cultivares.
Deve-se levar em consideração também a forma de colheita ao escolher a cultivar. Cultivares
em que a colheita será mecanizada, deverão apresentar porte ereto.
*variedades que possuem o PUI curto não podem ficar no campo pois perdem qualidade.

Variedade estável: responde a condições adequadas, porém também produz bem em


condições desfavoráveis (milho híbrido triplo).
Variedade responsiva: tem grande resposta a um ambiente favorável de cultivo (milho híbrido
simples).
Variedade rústica: se adapta a condições hostis de cultivo, mas não apresenta grandes
incrementos em ambientes favoráveis de cultivo (milho crioulo).

PRODUÇÃO DE MUDAS
Cada hectare de cana demanda em torno de 10 toneladas de cana-muda.
Deve haver um trato especial na área do viveiro. As áreas devem ser bem adubadas, realizando
um bom manejo de doenças e plantas daninhas.
-A partir da extração das gemas, geralmente realizada para novas cultivares, faz implantação
em viveiro básico ou pré-primário em 1 ha. É realizado o tratamento térmico do tolete e
roguing a cada 30 dias. Rende material para 10 ha.
-Em seguida faz implantação de viveiro primário, também realizando roguing a cada 30 dias. 10
hectares
-Por fim faz implantação do viveiro secundário (100 hectares), que renderá o material para a
área comercial (1000 hectares).

*Padrões de sanidade: viveiros com 50 touceiras ha -1 ou 100 chicotes ha-1 de carvão deve ser
descartado.
*O plantio do viveiro deve ser realizado 10 a 12 meses antes do plantio definitivo. Deve ser
localizado próximo
*Recomenda-se a implantação do viveiro próximo a área industrial, em solo fértil e sem
compactação, com disponibilidade de irrigação e com eficiente controle de plantas daninhas.
*Deve ser realizada a desinfecção do podão com creolina ou flambagem. A desinfecção deve
ser feita sempre ao final do talhão, quando mudar de linha ou quando mudar de cultivar.
Após cortados no viveiro inicial, os colmos são colocados e cortados no sulco do próximo
viveiro. Lá são colocadas 16 gemas por metro linear, sendo que o colmo deve ser seccionado
em toletes que contenham 4 gemas cada.

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Diagnose visual: busca sintomas nas plantas em função da escassez de algum elemento.
Diagnose foliar: busca comprovar os sintomas visuais. Deve-se coletar a folha +3, durante o
estádio 2 (perfilhamento).
Deve-se coletar folhas de vinte plantas por talhão homogêneo. O talhão deve ter no máximo
50ha. Deve ser realizada caminhada em zigue-zague por toda área. Deve ser coletada a parte
média da folha e retirada a nervura central. Colocar os limbos em saco de papel devidamente
identificado e enviar para laboratório.

Ordem de importância: K, N, Ca, Mg, S, P, Fe, Mn, Zn, Cu e B.

*deve ser dada atenção especial às adubações potássicas, pois responde pouco à adubação
nitrogenada.
*no período inicial a planta não responde a adubação com N pois retira grande parte desse
nutriente do tolete. Quando é cana soca a dose de N deve ser aumentada.

A adubação deve ser feita no plantio. Do N aplicado na cana, 50% é aproveitado. Do P,


20 a 30% são aproveitados. O K aproveitado chega a 70%.
A recomendação é que não se aplique mais que 60kg/ha de K no plantio. O restante
deve ser aplicado em cobertura no estádio 2.
Para adubação em cobertura (NPK) deve ser feito até o estádio 2, pois o trator trafega
sem dificuldade.
*Usina USAÇUCAR
Plantio: 6-30-20 (500 a 600 kg ha-1)
Soqueira: 22,5-00-30 (400 kg ha-1)

CALAGEM
Aplicar quando o V% for menor que 60.
Para analisar a necessidade de calagem deve levar em conta a camada de 0-20cm de
profundidade.
Se for aplicação incorporada deve-se aumentar um pouco a dose. Lembrando que deve-se
aplicar no máximo 2ton/ha de calcário, aplicando o restante na cana-soca.
GESSAGEM
Quando: Aplicar gesso quando o teor de alumínio for maior que 0,5 cmol dm -3, ou saturação
por alumínio acima de 30% ou teor de Ca menor que 0,8 cmol dm -3.
Quanto: aplicar 1/3 da necessidade de calagem calculada para a camada de 0-20 cm.

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS


1. Levantamento fitossociológico: deve ser realizado para saber quais as espécies infestantes,
e poder realizar o uso do método correto de manejo
*capim maçambará e vassourinha são de difícil controle na cultura.

2. Conhecimento dos períodos de convivência


- Cana de ano e cana-soca:
PCPI: Estádio 2 – perfilhamento - (30 a 90 dias)
PAI: Estádio 1 – brotação e emergência – (30 dias)
PTPI: Estádios 1 e 2 – 90 dias

- Cana de ano e meio


PCPI: Estádio 2 – perfilhamento - (30 a 120 dias)
PAI: Estádio 1 – brotação e emergência – (30 dias)
PTPI: Estádios 1 e 2 – 120 dias

*o PCPI começa logo após o estádio 1, quando começa a perfilhar.


*o momento de controle é logo no início do PCPI, quando a planta começa a perfilhar. Porém o
ideal é fazer o controle pós plantio e pré-emergência.

3. Manejo integrado dos métodos de controle


-método preventivo: visa eliminar o banco de sementes
-método cultural: utiliza cultivares que se estabeleçam mais rapidamente; utiliza cultivares
planófilas, que sombreiam mais rapidamente a entrelinha; utilizar entrelinhas com
espaçamento de 1m; utilizar plantio direto; utilizar adubação verde; cultivar leguminosas após
a colheita da cana, favorecendo o controle de “folhas estreitas”.
-método mecânico: logo após brotação de mais de 50% da cana-soca. Isso ocorre quando não
há palhada. Porém esse método pode prejudicar o número de raízes, que ficam na faixa de 0 a
30 cm de profundidade.
-método químico: é o método mais utilizado, com tendência à queda.
Aplicação em pré-plantio: glyphosato, diquat e paraquat.
Aplicação em pré-plantio incorporado: pendimentalin, trifuralina
Aplicação em pré-emergência: é o método utilizado para realizar maior parte do
controle. Diuron+hexazinone, 2,4-D, clomazone, metribuzin.
Aplicação em pós-emergência: imazapir, sulfentrazone, clomazone.
**tiririca: boral e imazapir
**capim colchão: diuron+hexazinone (pré e pós), sulfentrazone (boral) (pré e pós) e
isoxaflutole (Provence) (pós).

MANEJO DE PRAGAS
-Broca da cana (Diatrea saccharalis e Diatrea flavipennela): danos diretos: causam morte da
gema apical, , perda de peso, enraizamento aéreo, etc. danos indiretos: possibilidade de
infestação por microrganismos no orifício aberto e causam inversão de sacarose
Amostragem: a amostragem deve ser feita quando as plantas apresentarem o primeiro internódio
visível (primeiro mês) até 12 meses.
iii – índice de intensidade de infestação: amostrar 25 pontos em usma área de 10 ha. Contar o nº
de internódios broqueados em cinco metros lineares. iii = (100x nº internódios broqueados)/nº
internódios
OU
Em 50 ha coletar 100 colmos aleatórios.
Se em qualquer um dos casos a infestação for maior que 3%, é necessário o controle.
Controle: na fase de ovo pode ser controlado com Trichograma galloi distribuídos em 9 pontos
por ha. Na fase de lagarta controle com Cotesia flavipes, fazendo liberação em 4 pontos por
hectare, de uma quantidade de 2000 a 10000 vespas/ha, com duas a 3 liberações.

-Cigarrinha da folha e das raízes (Mahanarva posticata e M. fimbriolata): sugam seiva da


planta e injetam toxinas que causam o amarelecimento e posterior queima. Ocorre
encurtamento dos entrenós e perda de peso e açúcar.
Controle: o controle deve ser realizado quando houverem 5 ninfas por colmo ou 0,5 adulto por
colmo. Deve-se utilizar o fungo metharizium anisopliae (Metarril) 4 kg ha-1.

-Lagartas desfolhadeiras (Mocis latipes e Spodoptera frugiperda): ataque mais frequente no


outono e em canaviais infestados com plantas daninhas.
Controle: Aplica Baccilus thuringiensis (Turicid e Dipel) quando a desfolha for de 15 a 25%.
Aplica diflubenzuron ou endosulfan quando a desfolha atingir 50%.

-Lagarta elasmo: atacam brotos, causando o “coração morto”. Deixa falhas no estande,
necessitando o replantio.
Controle: cultural

-Cupins: atacam toletes recém plantados, entrenós e sistema radicular.


Amostragem: colocar 6 iscas de papelão por hectare, enterrando na profundidade de 15 cm e
deixando por 20 dias. Áreas com infestação superior a 30% deve ser feito o controle.
Controle: revolvimento do solo, rotação com crotalária ou aplicação de Bifentrina.

-Migdolus: destroem o sistema radicular da planta em qualquer idade, diminuindo a absorção


de água e nutrientes.
Monitoramento: armadilhas com ferormônios para praga adulta, e de larva através da
contagem de larvas por trincheira (0,5x0,5x0,3).
Controle: cultural, biológico (parasitoide), ferormônios e químico (Endosulfan, fipronil e
imidacloprido).
**a usina USAÇUCAR utiliza Evidence (imidacloprido) através de aplicação no sulco para
controle de coró.

CONTROLE DE DOENÇAS
Vírus
-Mosaico: disseminado pelo pulgão. Causa áreas foliares contrastantes com o verde. Infecção
evolui para áreas avermelhadas até provocar necrose.

Bactérias
-Escaldadura das folhas (Xanthomonas albilineas): colmos podem apresentar descoloração
dos vasos do xilema. Gema apical morre, surgindo muitas brotações laterais.
-Estrias vermelhas (Pseudomonas rubrilineans): sintomas iniciam com estrias encharcadas.
Aparecem estrias finas e podridão do colmo. As estrias evoluem, atingindo o meristema apical.
Geram odor forte e característico.
- Raquitismo da soqueira (Leifsonia xyli): subdesenvolvimento dos colmos oriundos da rebrota
da touceira. Crescimento retardado, colmos menores.
Fungos
-Carvão (Ustilago scitaminea): ocorre aparecimento de estrutura denominada “chicote”.
Colmos mais finos que o normal, folhas com inserção em ângulo mais agudo, limbo foliar mais
estreito e curto e perfilhamento excessivo.
Controle: Bayleton e bayfitan (200ml/ha), utilizer variedades resistentes e tratamento térmico

-Ferrugem (Puccinia melanocephala): nas folhas infectadas aparecem pequenas pontuações


cloróticas que evoluem para manchas alongadas de cor amarela na face abaxial e adaxial. As
pústulas causam perda de área foliar.

-Ferrugem alaranjada (Puccinia kuehnii): manchas pequenas, arredondadas e bem agrupadas.


Uredósporos alaranjados.
-Mancha parda (Cercospora longipes): manchas elípticas a fusóides, raramente lineares, com
halo clorótico amarelado.

-Podridão abacaxi (Ceratocystis paradoxa): plantios recentes apresentam pouca brotação e


morte dos brotos novos. O fungo, ao penetrar pela extremidade do tolete seccionado coloniza
os tecidos internos e ocasiona a morte de gemas e brotos recém emergidos. Apresenta
coloração vermelha nos tecidos e exala odor de abacaxi.

-Fusariose (Fusarium moniliforme): pouco desenvolvimento, podridão da raiz, folhas com áreas
cloróticas e avermelhadas. No estádio 2 ocorre necrose de folhas, evoluindo para o palmito e
promovendo rachadura transversal. Nos estádio 3 ocorre podridão do palmito, seca das gemas
terminais e superbrotação.

-Podridão vermelha (Colletotrichum falcatum)

-Nematóides: ataque às raízes, injetando toxinas. Ocorrem deformações como galhas e


extensas áreas necrosadas. Há um menor número de radicelas que ficam incapazes de
absorver água e nutrientes. As plantas ficam menores, raquíticas, cloróticas e murcham nas
horas mais quentes do dia. No campo o sintoma aparece em reboleiras.
Controle: controle com aldicarbe, carbofuram e terbufós.

COLHEITA E PÓS-COLHEITA
Ciclo precoce: colheita de maio a junho
Ciclo médio: colheita de julho a agosto
Ciclo tardio: colheita de setembro a novembro

-Classificação segundo o período útil de industrialização (PUI):


PUI curto (70 a 110 dias)
PUI médio (110 a 150 dias)
PUI longo (>150 dias)

Determinação do estádio de maturação


Para a maturação o ideal são dias frios e pouca umidade. A maturação é um aspecto
importante na produção. Ela altera a morfologia e fisiologia da cana, promove modificações
qualitativa e quantitativamente, atuando sobre enzimas que catalisam o acúmulo de sacarose
no colmo, levando a um aumento na produtividade, alto teor de sacarose e diminuição no
porte da planta.
Levando em consideração o ciclo e o PUI da cultivar, são selecionados os primeiros talhões a
serem amostrados.
Amostragem: amostrar 5 colmos por ponto, em 3 pontos por hectare, utilizando “furador
havaiano”. Faz amostragem composta dos cinco colmos e faz a leitura no refratômetro de
campo
É calculado então o índice de maturação (IM). IM = brix da ponta/brix da base do colmo.

*considera-se a ponta a parte final do colmo onde a folha se desprende facilmente.


*considera-se a base a porção até o 3º ou 4º nó visível.
Se der IM 0,85 a 1,0 a cana está madura, e são realizados mais testes para saber se pode
colher.
Se o valor satisfizer a condição de “cana madura” leva-se os colmos para indústria. No
laboratório ela é triturada e prensada. É determinado então o grau brix, PBU e a leitura
sacarimétrica.

Aplicação de maturadores
A aplicação deve ser feita de 40 a 60 dias antes da colheita. Deve ser uma aplicação aérea com
jato dirigido.
-Glifosato: sistêmico, inibe síntese proteica, para de crescer e degrada tecidos, morte da gema
apical. Aplicar de 0,3 a 0,5 L ha-1 30 a 40 dias antes da colheita. Um erro na dose pode ter
efeito negativo sobre a soqueira.
-Etil trinexgac: estimula o aumento de sacarose nos colmos. Aplicar “Moddus” 0,2 a 1 L ha -1 de
40 a 60 dias antes da colheita.

Sistemas de colheita
-Sistema manual: o corte e o carregamento são feitos de forma manual (1,5 a 3
toneladas/homem/dia de 10 horas).
-Sistema semimecanizado: o corte é feito manualmente e o carregamento por carregadoras
mecânicas (3 a 7 toneladas/homem/dia de 10 horas).
-Sistema mecanizado: utiliza cortadoras de cana inteira com carregamento mecânico ou
colhedoras de cana picada. Realizam a eliminação parcial da matéria estranha vegetal e
mineral através de exaustores/ventiladores.

*cada homem corta de 6 a 7 linhas por vez.


*talhões de baixo rendimento (<50 ton ha -1) não é indicado o corte mecanizado
*até a década de 50 não realizada a queima da cana para o corte. Após começou a fazer
queimada para aumentar a segurança e principalmente aumentar rendimento.
*razão de queimar: limpeza parcial, aumenta eficiência de corte, afasta animais peçonhentos,
elimina pragas da cultura. Possui as desvantagens de perder matéria orgânica, maiores
prejuízos se houver atraso no corte, aumento nos teores de fibra e brix, aumento de impurezas
no colmo e poluição ambiental.

Colheita mecanizada: é necessário um planejamento da lavoura no momento da implantação.


O espaçamento ideal é de 1,5m entre plantas. A profundidade é de 0,20 a 0,35 m de
profundidade. Após o plantio deve fazer nivelamento do sulco. Deve se tomar cuidado na
escolha de cultivares, que devem ter porte ereto, resistência ao corte e folhas soltas (melhor
limpeza). A declividade do terreno não deve ser maior que 12 a 14% (colhedoras de pneus) ou
15 a 18% (colhedoras de esteira). Os talhões devem ter formato retangular ou acompanhando
as curvas de nível.
-vantagens: corte da cana crua, menores perdas de sacarose, reduz infestação de plantas
daninhas, contribui para o acréscimo de matéria orgânica, maior reciclagem de nutrientes,
menor perda de água.
-desvantagens: questão social, custo elevado das colhedoras, terrenos com declividade
acentuada, alto índice de compactação do solo.

Você também pode gostar