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G L A U P>. A:
POEMAS ERÓTICOS^
D E
Na a r ca dt a,
,
ALCINDO PJLMIRENO:
%#
LISBOA:
Na Offtcína Nunestana,
ANNO M. PCCCí,
Com licetica da Mefa do rifmbargo do Paçá:
>-.. ^ 12
'
iÂH2i1968
! ,
,
AVISO DO EDITOR.
http://www.archive.org/details/glaurapoemaserotOOsilv
G L AV R A:
POEMAS ERÓTICOS
DE HUM AMERICANO.
Ovid.
mÊBÊÊÊÊÊimÊÊÊBmammmnÊBBÊmmmmÊÊaÊÊmÊmti.
Aya-ípcíi'.
G L A U R Al
POEMAS ERÓTICOS.
^ — »
ANACREONTE.
Rondo L
D
E
E teu canto a graça pura
a ternura não configj-^
,
O
8 Poemas
O ri|ído lilbngeiro
Delias agoas náo efcuro , ]
De
E RO T I G OS.
De teu cãfi^o a graça pura ^
E a ternura nã,o cunftgo \
Dos
:
IO Poemas
Dos Heróes te defpedide , ^
Por quem Mufa eterna fôa j
Mas de flores na coroa
Inda exiíle o teu louvor.
I
! .
i
II
1
E p. o T t G o r? II
A LUZ DO SQL.
Jíondj IT,
Principia a Jufpirar.
E fe o Aílro luminofo 7
Lu:
,
12 Poemas
Luz do Sol , quanto és for mofa ,
Lavrador ,
que afflidto , e velho
Vbre o campo endurecido,
Ver defeja fobmergido
O vermelho Sol iio mar,
E o húmido negrume
íè
Principia a fufpirar.
Pe-
, ,
E R o T ? C o S.* T^
Principia a Ju [pirar,
En-
^
Í4 P o E M A â
Principia a fufptrar*
^ H
•
wilMii ^
O CAJUEIRd.
Ronàô III.
\^ Ajueiro desgraçado ,
A que Fado te entregnfte ,
Ntf
,
Eróticos. IfT
Cajueiro desgraçado ,
^ec
I^ P o É M As
Ser copado , fer florente
Cajueiro defgraçacio^
A qite FaJo te entregajle\
'Pois brotafte em terra dura
Sem cultura^ e Jem Jenhorl
E te deixa nú e expoLlo ,
Cã.
, , , :
È R o T I G o S, I/f
Cajueiro defgraçado
A que Fado te entregajle ^
Cajueiro defgra^ado ^
h O
, ! , ^
i8 Poemas
O POMBO.
Rot2dò IV,
Eróticos. 19
Defejava eftremecendo
Ser mimofo eiíi agradar.'
O receio já preságo'
Me dizia na florefta
Que o tornaíTe pela féíla
Com aíFago a vifirar.
b ii Glau/
, ,
2Õ Poemas
Glaura , oh Ceos ! porque cedefte
A meus rogos ? dize agora
O
,
Erottcos. zi
A SERPENTE.
Rondo y.
Ef-
:, ,
22 Poemas
Efte o valie , he efta a fonte
Glaura achei aqui dormindo :
E efcamofo fc.ntillar.
Vou. . . j receio. .
.
, ah que ine íinto
Vacilante defmaiar,
Ven^
; ,:
Ekoticos. 23
Em fi mefma íe embaraça
A ferpente enfurecida
Ergue o eólio , e attrevida
Arrcaça a terra , e o ar.
Ver-
, , ,
24 Poemas
Verde Cedro ^ verde arluflo
Qjie o meu fufto ^ e prazer vifles ^
V'^^os t rifles na memoria
E[fa hiftoria renovar,
Venturofo , e fdtisfelto
jj Vê de amor , e de alegria
,, Efle puro
ardor me agrada ,
Eróticos. :s,^
^ 111 —
A PRAIA.
Rondo FL
Vem , Pnfiora ,
por piedade
A Jaiidade conjolar.
Quem
;
i6 Poemas
Quem p9r ti de amor def.naia ^
Nejta praia geme , e chora :
Vem , Vaflora ,
por piedade
A faudade conjolar.
E o peixinho prateado
Leva inteiro a devorar.
Vera , Pastora ,
por piedade
A Jaudads confolar.
N'hum
, , ;
Eróticos. 27
Vem 5 Pastora ,
por piedade
Afaudade confolar.
Se
;
a8 Poema s
Vem , F as tora ,
por pie da dç-
A Jaudade confolar,
O BEIJA-FLOR.
Rondo VIL
Eróticos. 29
Acompanhãome os fufpiros,
E a ternura do Paílor.
£
:,,
30 Poemas
E n'hum voo feliz ave
Chego intrépido até onde
Rifo , e pérolas efconde
O fuave , e puro Amor.
me chamas attrevido
Já
Já me prendes' no regaço
Não me afluíla o terno laço,
He fingido o meu temor.
VeU
, ,
h R o T I c o s. 31
^i Poemas
A LEMBRANÇA SAUDOSA.
Rofidó FLlL
Eu vi Zéfiro faudofo
Pelas Nynfas conduzido.
Sobre as azas fufpendido^
Amorofo reípirar.
C<p»-
, ,
Eróticos. jj
muJgoFas penhas
Confervai y
^ Deo-
,
34 Poemas
Deo-me o prado flore cente
Mas
,
Erottcos. 35'
C 11
,
36 P o B M A $
O BEIJA-FLOR.
Kondó IX.
B àiíofo já me viste \
( De prazer eu me confundo )
Neííe cravo rubicundo
Que ama , e zéia o meíino Amoro
H ãitofo já me viste \
àh
!
3^ Poemas
Alvamão ... eu me enterneço
Tua mão me arranca as pennas j
A íervirte me condenas;
He fem preço o teu favor.
E ditofo Jd me viste;
J-!oje he triste^ e ãefgraçado
O fonbado Beija-fior.
Ir ccmtigo fó defejo;
Es cruel cruel ire agradas
. . .
;
Ah
,
Eróticos. 3^'
4^ P o E M A §
O AMANT3 INFELIZ.
E R o T í G o s. 41
Glatira ! Glaura \ nar [pondes
T-e ?
E te efcondes r.cstas brenhas ?
Se nao vens ,
porque te chamo;
^qui deixo junto ao Rio
Kílas pçrolas n'hum fio,
Fntre a murta ,
que fe enlaça
Com as flores mais mimofas
Acharas purpúreas rofas
N'hua taça de criílal.
Ye-
. ; ,
4^ P o E M A S
Abalados os rochedos. .
Nin-
;
Eróticos. 4^
Ninfa ingrata , efta vidloria
OJASMINEIRO.
Rcfídó XL
^ EtttHrofo Jalmíneí^^o ,
Eróticos. 4$
Venturojo Jafmineiro ,
Ventutofo Jajmineiro
Sobranceiro ao claro Rio ,
Glau-
, ,
^6 Poemas
Glaura bella, que reíiíle
Venturofo yafjnineiro ,
Víní
^ , ,
Erottgos. 47
Vinde abelhas amorofas ,
Venturojo Jafmtneiro ,
48 Poemas
P^astor.
Nãpéa.
Fuja a va melancolia
E da morte a imagem fé a ;
Ju-
, ,, :
E R o T i c a s.
49
Jura Vénus gelo Eílygio
Que has de fer entre os PaLlores
Mais feliz nos teus amores
Doque o Phrygio roubador.
Pastor»
Napéa.
Abre
, ,
50 Poemas
Abre a terra vagarofo,
Soffre a calma fem abrigo,
E efperando ceifa o trigo
Vcnturofo Lavrador.
•
Pastor,
Napéa.
Náo
; ,
Eróticos. 51
Pajlor.
Napéa,
Ella já te corrcfponde
Em fegrcdo carinhofa
Mas prudente, e rcceofa
N'alma efconde o puro ardor.
d ii Trif.
51 Poemas
Triíle, e fó teu nome beija
Neíta gruta , que a convida i
Pajlor,
Já o alejtto Je reftaura :
A
,
Eróticos. 5'^
^ "— <»
A PO MBA.
Rondo XIIL
Pomho,
Pastor»
Oh feliz enamorado
Como es livre da desgraça!
D' hora em hora mais te enlaça
Doce agrado, e novo ardor.
A
, , ,
54 Poemas
A consorte , ( que ventura !
)
Acompanhas meigo , e rico ;
"Pombo.
Pafior.
Preciofa lealdade
Sem repúdios , fcm queixumes
Sem deígoftos , nem ciúmes
Nem faudade , nem temor 1
A Fortuna te proteja
Apartando os triltes lutos :
Pçmh.
Pajiar.
Poni"
! ,,
5^ Poemas
Pombg,
Pajlor,
E a fadiga , e o rigor
Vcnh
Eróticos. ^7
Pombo,
O AMOR ARMADO.
Rondo Xm
G.'Ira Amor feroz , e armado
prado , e va//e , e Jerra
I^ejle :
5*8 Poemas
Por vingar-fe deíla injuria
Trifte emprega ferro , e fogo j
Gi'
, , : .
h ]^ o T I G o s. 5*9
Em
. ,
6o Poemas
Em tormentos , e pezares
Exclamei, quando caJiía:
Glaíira, . ! Amor. . . ! o Amor fe ria
„ Leva a paga ,
que te dou.
O
,
E R o T T G o S, 61
O RETRATO.
Rondo XF.
T Em ,
Peito ingrato
ó Glaura
, e lindo
^ o tcit retrato
rofto ,
6i Poemas
Tem , d Glaura , o teu retrato
Os teus olhos. ah mo
. . ! pinto.
Do-
, ,,
Eróticos. 63
I
Não fe apartâo do teu feio
Dois Amores pequeninos
Tâo cruéis , e tão ferinos
Que receio de os pintar.
Tu-
,
^4 P o K Èl A s
A CINTA DE VÉNUS.
Rondo xrr.
r
\^ Ahe a cinta a Vénus bella ,
O
, ;
E K o T ! G o s, 6$
O thefoiro íe procura ,
Os defeics le ihrcreísão
Os cuidados já fe apprefsáo,
E a ternura vai também.
Re-
, ,
66 Poemas
Receofos pelo infulto
Que traidores commettêrão
Ko teu feio fe acolherão,
Onde occulro Tiíylo tem.
Cai
, ,
Eróticos. dj
e ii Do-
.
68 P o E M A s
«> — ^
DORIS, E GALATE'A.
Rofídô XFIL
LX Laura h.ella , o Sol definaia
;
Já cançado de chorar, v
Claul
,,
Eróticos. 6^
Já cançado de chorar.
Se
;
70 P o E M A S
Ouvirás 08 arvoredos,
t)e meu pranto condoídos ,
Ah!
! , ! ,
Eróticos. 71
A AURORA.
Rondo XFIIL
y Em ó Nynfa fitspirada
,
Engraçada y e rubicunda ^
Da fecunda natureza
A bellcza a contemplar.
Lon-
"
7i P o E M A s
"Ey^graçr^âa , e rubicunda ,
Va fecunda natureza
A belleza a contemplar.
Ef.
, ,
Eróticos. 73
Engraçada ^ e rujícitnda ^
Va fecunda natureza
A te.leza a contemplar.
Van
,, , ,
74 Poemas
Vem , d Nynfa fuspirada
Engraçada , e rubicunda ,
Da fecunda natureza
A belleza a contemplar.
Engraçada , e rubicunda ,
Da jecunda natureza
A belleza a contemplar.
O
o MEIO DIA.
Rondo XIX.
Ghu-
,
76 Poemas
Glaura^ as Nynfas te chamarão
E buscarão doce abrigo :
Tudo. ah
. . ! tudo a calma fente :
Só a gélida ferpente
Dorme expoíla ao vivo ardor.
Ves
, , ,
Eróticos. jj
Vês a plebe namorada
De volantes borboletas ?
Aqui
78 Poemas
Aqui vive preciofa
Efcondida amenidade ,
O fegredo , e a faudade ,
E a chorofa minha dor.
Rondo XX,
j Jd yf* ferefía
Jião arde
defce a tarde
o Sol fo7-ny>fo
^
Pe-
! l
Eróticos. 79
Pelos fins daquclle monte
i^ejo , ó Nynfa , luzes bellas
ifr.rrc purpura amareilas
>ío horilbnce fiudluar.
E íe torna todo em ar
Nu-
, ,
SO P o E !Ã A S
Cordeirinhos manteúdos
Traz Pafrora diligente:
Elles brincão frente a frente
Vem felpudos a faltar.
^á
! ,
Eróticos* 2t
A NOIT E.
Rcíidà XXL
Melancólico agoireíro
Sólra a voz Mocho faminto^
(*) E o Vampir de fangue tinto í
Que he ligeiro em fe esconder.
f ii O/"/-
^ Poemas
t Owvt^ , d Qlaiira ^ o Jom da Lyra,
Oue juspira lagrimo.' ,
Art.orosatm rmte escura ,
Ao
,
Eróticos. 85"
Os
,
2$ Poemas
OS AMORES PERDIDOS»
Rondo XXIL
Ouço amante , e fem ventura ,
De ternura Juspirando ,
Vou buscando entre eflas fiares
Os amores , que ^erdL
Eróticos. 87
Nem
: , ,
gg P o E Ôt A S
Foi
!
Eróticos. 89
O AMANTE SAUDOSO.
RoTidó XXIIL
JLj Ij^àa Glaura os arvoredos ,
E os rochedos , que jd vijle ,
Tudo he t rifle ^ e tudo Jente
Meu ardente fujpirar.
Quan-
, ,
9© Poemas
Quando os Rifos , e os Amores
/ pparecem nos teus olhos
Ate d' afperos abrolhos
Vejo fi.ores rebentar.
E os rochedos ,
que já vifle ,
De
,
Eróticos. 91
Ah ! permitte ,
que te vejâo
Efles campos, que delejao
O teu roi-lo enamorar.
B os rochedos
,
que jã vi fie ,
lífdo he trifte , e tudo fente
Meu ardente Jujpirar,
Lin-
5^ Poemas
Lifida Glaura , os arvoredos ,
E os rochedos ,
que já vijie ,
Tudo he trijle , e tudo finte
Meu ardente Jujptrar,
E os rochedos ,
que jd vifte ,
O
, ,
Eróticos. ^3
O PRAZER
Rõ^jdó XXIK
ç
\^Obre o feno recojladà ^
94 Poemas
Sohre o feno recofiado ,
Pe-
, ,
Eróticos. 95
Pelas fombras venturofas
De fecundos arvoredos
Ouve Glaura os meus fegredos.
Quando rofas vai colher.
A- ALEGRIA.
Rondo XXK
O Em o auior , ó GLaura , tudo
Era mudo ., e trífle ,.e feio:
Tudo cheio de alegria.
Nefte dia o uê tornar»
I
Vem
: ,
Eróticos. 97
Vera comtigo a formofura
É as delicias dele monte
Pá valor ao prado, á fonte,
A ventura de te amar.
Quani
,,
$8 Poemas
Quanto agrada ouvir deíla ave
O gorgcio harir.oniofo
E do ZeSro ainorofo
O fuave rjfpirar.
Sem
, J
É Pv o T I c o s.
5^
Sem o amor o Glaura tudo
, ,
g ii O
,
lóo
o AMANTE SATISFEITO.
Rofi^d XXFI.
'^^ .
Can-
! : ,
E R o T I C O S. lOI
Re.
; , ,;
jo^ Poemas
Receou triiles agoiros
A innocencia abandonada j
E aqui veio retirada
Seus thefoiros efconder.
GLAURA DORMINDO,
Kondó XXriL
Ma.
, , : ,
io^ Poemas
Mais me elevão fobre o feno
^uas faces encarnadas
Po que as rofas orvalhadas ^ '
Ao pequeno Beija-flor.
:''
Sombras ,
penhas , troncos , fontes
^Tudo fcnte hum puro ardor.
O filencio ,
que nem oufa
Bocejar , e fó me efe u ta ,
Ler
^
1
,,
Eróticos. ioj*
Leve fono ,
por piedade ,
E a faudade do Paílor.
r^.
,
io6 Poemas
Foat Zéfiros mimofos ,
DE-
,
Eróticos. I07
DEZEMBRO.
Rondo XXFIIL
J^i
, ,
io8 Poemas
Jd Dezembro mais calmofo
Perguiçojo o giro inclina :
De
,, !
Erótico s. 109
Oh ,
que doce ameniaade
Loiras Dryades ,fe ajuntao:
Por teus olgos mie perguntao
Com faudade, e fem ceifar.
Se
, ,
iiô Poemas
Se no abrigo deíles prados
1 Ilumina o Ce o rotundo ,
^ mm ^
ErOTTGOS. III
Se aparelha , e já voou.
Fui
;
frí Poemas
Fui crivado de feus tiros :
E o mortífero veneno
Em fufpiros me afogou.
Se aparelha , e Já voou.
Solitário, e peníativo,'
Efmoreço neftes valles;
Vingativo fe alegrou I -
Tem
:
,; Erótico?, ii:|
O
, ,
114 Poema?
O DESEJO.
Rondo XXX,
M
For
Eu
dej^of^o
àejcjo efconde o rojto
, a que o condemnas :
Os Delfins compadecidos
Lhe dão vida neilas agoas:
Doris ouve os ais , e as magoas
E CS gemidos com pezar.
Hamadryades fe aprefsâo,
E nos braços o tomarão ;
Me»
:
E ii o T I c o s. 115:
E ludibrio da ventura,
I
Vinha amante ( que ternura !
)
Neíle prado fufpirar.
h ii Mil
: ,
íiá Poemas
Mil , e mil de amor delirSo »
O
Eróticos. 117
OS CANTOS AMOROSOS.
Rondo XXX/.
Ii8 Poemas
A alegria vi nos ares
E no bofque floreccente :
E ao amante acompanhou.
Mor-
!
Eróticos. 119
Pa-
,
lio P o E M A í5
P Favonio lifongeiro
De boninas hum chuveiro
Sobre Glaura derramou.
ECHO.
; ,
Eróticos. 121
E C H O.
Rondo XKXn.
Os fufpiros lá morrerão
Lagrimo fos , e cançados
E a Paílora ( ai deígraçados !
)
Não poderão encontrar.
F/é--
;:
Iii Poemas
Flehil Echo ãeftas grutas ,
Pe-
, ,
Eróticos. 123
Ver-
!
124 Poemas
Verdes prados ,
pura fonte
Tudo , ó Glaura , defprefaile :
^ . " *
O CAJUEIRO DO AMOR.
Ronda XXXIIL
Se
, , , :
Eróticos. 125?
Sc defejas a freícura
O feii tronco te convida
E entre as folhas efcondida
Aura pura , e doce eilá,
Vem ,
que a Deofa dos amcres
Tua frente adornará.
Lá chorando, e namorada
Hamadrynde te acena :
Vem
, ,; ,
126 P o E M A S
i/í^jV Vem
Eróticos. 127
Vem ó, Nyuffi , ao Cajueiro ,
O
,
I2S P o EMAS
O /MOR IRADO.
Rondo XXXIK
I
Amor.
Pastor»
Ah!
;
È R o T I G Õ S. 129
Pajlorl
Já correrão deleitofas
Hoje triftes vem faudofas
Minhas magoas augmentar*
Co'
:
130 Poemas
Co' rr;ens ais, e meus lamentos
Todo o campo degenera ,
Pajior,
Não
Eróticos. 13Í
Amor,
Fajlor.
ii
i Já
: ,
132 Poemas
Já meu pranto os troncos mòVe
Co' eíles iano-uidos premidos
Ah naa cerres os^ ouvidos,
!
Jmor,
O Í)E SGOSTO.
Rondo XXXV4
E piedcàe , o Glaura ,
fentes ,
Eróticos:. 133
Ah
,,: ,
134 Poemas
Ah cruel ! e allim me deixas
Nefte bárbaro tormento ?
Se
, , : ,,
Eróticos. 135"
ó Glaura , fentes
Se piedade ,
A
i^S Poemas
» liii »
A PRIMAVERA.
Kond7 XXXri.
y Em ,ó doce Primavera 5
^d te ejpera a minha amada ;
l<lão agrada trijle Inverno
Vem
,
Eróticos, 137
Glau.
,, ,,
138 Poemas
Glaura eftima as bcllas flores
E os amores do Paftor,
Vem ó , Primavera ;
doce
Tra-
Eróticos. 139
Nos íeus olhos reíuícite
'Jà te efpera a
minha amada \
Não agrada trijie brjerno
A meu temo , e brando amor,
A' MANGUEIRA.
F.ondó XXXFII.
c
Vem
Arinhofa
efia
, e doce
aura lifongeira
, d Ghura ,
E a Mangueira jd fiorida
Nos convida a refpirar»
So-
, , ,
140 Poemas
Sobre a relva o foi doirado
Bebe as lagrimas da Aurora
E fuave os dons de Flora
Neíle prado vê brotar.
Ea Mangueira Jd florida
Nos convida a refpirar.
Em
, !
E R o T T G o S. 141
E a Manoiueha já florida
N'os convida a rejpirar,
Ca-
142 Poemas
Carinhoja e doce ó Glaura ,
, ,
Vj a Mangueira já florida
E a Mangueira já florida
Nos convida a rejpirar.
,
E R o T I C o Sè 143
A ROSA.
Mondo XXXP7II.
Satisfeito a vê o Amor,
144 Poemas
Qtianto j ó Nynfa ,
be verjturoja
"Ejja rofa delicada \
Se
; .
Eróticos. 14^'
Vem
, ,
146 P o E M A S
*
Pjiãnto , ó Nynfa , he venturofa
Fjja rofa delicada !
A' M A R E'
kuxAi XXXIX,
Na-
,
Eróticos. 147
Namorada Galatéa ,
ii AI
, .! . ,
'148 Poemas
Ai de mim oh Vénus bella!
Se
li
Eróticos?. 149^
Já feroz melancolia
'
Tolda o mar , cobre a efpeíTura
Para os mimos da ventura
Eíle dia já não he.
O
j^-o Poemas
O BOSaUE DO AMOR.
Rondo XL,
D As^me , Amor
idas não vejo Glaura bella
, o que defeJo\
:
"DaS'
,
Er oTicos. iji
Os
, ^
%^Z P o E M A ,S
Os agrados innocentes,
4
Que fó vio a idade de oiro,
Nefta gruta o feu thefoiro
Vem contentes derraniar.
^ol^
, -
Eróticos. I5'3
''-
Rondo XLL -
Suf.
,
1^4 Poemas
Sufpirei ao ver nas flores
E o do Zéfiro faudofo
Fino amante , me agradou.
Ef.
, , ,
Eróticos. i$$
me vês enternecido
Se
Ao rolar o pombo attende , ,
Fí
, ,,
tf6 Poemas
T^i Cupido , o G/aura , bum dia ,
E fabendo ,
que eíles valles
O
,
Er o t 1 g o s. iS7
n Ur os tror.cos verâe
Matizado de mil flores
^ -prado ^
Receei ,
que elle me viíTe :
Du-
, , ,
^5^ Poemas
Tiuros troncos , verde prado
"Matizado de mi/ flores ,
Eíle R io vagaroío
Que enamora as airas penhas
Apartando-fe das brenhas ,
Naf-
: ,
Eróticos. 15*^
Os tributos de Pomona
Mal me attrevo a numerar.
A frescura respirar.
Dei-
,»
a^o Poemas
Deixarei aqui gravada
Breves cifras amorolas ,
E eítes lirios , e eibs rofas
^ ^
O AMOR.
Rondo XLIII.
Ê R o t I c ò s. i^l
Se os dias ferenas
Com doces YitftorJas ,-
O Ceo jd Je ojftnde
De tanto rigor.
Triunfe a ternura
Nas cordas da lyra,"
Que branda me infprra
Doçura de Amor.
^«-
í6z Poemas
"Enxuga o meu pranto ,
Que fragoas accende:
O Ce o jd Je offande
De tanto rigor.
O Ce o jd fe offende
De tanto rigor.
Can-
,
Erótico ?. 163
Cantou paíTarirJio
Alegra os rochedos
E aprende defta ave
No canto Aiavc
Segredos de Amor.
O monte me efciita ;
Refpondem aS brenhas,
1 ií As
: :
t64 Poemas
As magoas contemplo
E a dor , que me cança
Envio a Efperança
Ao templo de Amor.
O Ceo já fe ojjende
De tanto rigor»
E ganhe em Cythera
A palma ds Amor.
En^
Eróticos. 165-
Se amante annuncias
Prazeres ditofos j
Serão preciofos
Os dias de Amor.
Ah deixa os rigores,
Dar-te hei ^ Glaura belia ,
Em nova capella
Mil flores de Amor.
"^66 P o E M A ff
AVAUZENCIA.
Rondo XLIF,
M Ufgofa
Sombrios arvoredos
, e fria gruta ,
Na^
,
Eróticos. 167
Eu vi nadar em pranto
Aquelles olhos bellos,
E foltos os cabellos,
Comque brincava Amor.
Já rouca fufpirando
De magoa e de ternura
,
Nas
,
Ii68 Poemas
Nas vêas géJa o fangue.
Se choras Glaura aíílida;
O coração palpita ,
Funeíla defventura !
Agô-
,, ,
Eróticos. 169
So-
,
170 Poemas
Sonora , e branda Lyra
Das Mufas temperada ,
Aqui feras deixada
Por vidlima de Amor.
OS SUSPIROS.
Rondo XLF.
Se»
,
Eróticos. 171
lyz Poemas
j» 111 I
»
A LYRA DESGRAqADA.
R(mdó XLVL
N
Ficarás
Erte Loiro pendurada
, ó doce Lyra ,
Onde o vento ,
que relpira
Te fará foar de amon
Já movefte de ternura;
Só de Glaura fempre dura
Não abrandas o rigor.
Plan-
, ,,
Eróticos. 173
AS GRAÇAS.
'kondó XLVlh
OE apparece Glaura bel la
Vejo as Graças melindrofas
Qu^ jafmins , lyrios , e roías
Desfolhando alegres vem.
O
; ,
Í74 Poemas
O prazer dillípa as magoas
Os deígoítos, e os ciúmes:
Enche o ar de mil perfumes,
Que nas brancas azas tem.
E R o T I G o S5 175'
A MAGOA.
Rofíílo XLVIIL
H Ámaâryaãe
Que fugiIfe defte
hiê diffe
monte ;
H na fonte , e na florejla
Vi fimejla a minha dort,
Hu>
, :
lyS Poemas
Hamadryade me difj^e ^
Fj na fonte , e na florejta
Vi funejla a minha dor.
Hamadryade me d/JJe,
Qjie fugijje defle monte ^
E na Jonte , e na florejla
Vi funejla a minha dor.
Ce-
E -R'0 T 1 G Cf S. fjj
Hamadryade me di[fe>i
Qtie fugijfe defie monte ,
Fj na fonte
, na florefla
e
Vi funefta a minha dor^
f: r/ ,
m Se
: ,
178 Poemas
Se te occulta a terra fria;
"Hamadryade me diffe ,
c
Nos
Hora o
penedos recofiado
Rio entre arvoredos ,
Vem
Eróticos. 175^
m ii Vem
i^o Poemas
Vem faudades vem delírios > ,
Choi
E Pv o T 1 c o s. i^i
A LUA.
Co.
:
Eróticos. 183
jS4 ^ Ô E M A S
A cançada fantaíla
Neíla triíle êícuridadcj
Entregando-fe á faudade ,
J^rincipia a delirar.
Já me aíTaltâo , jã me ferem
Melancólicos cuidados !
São eípeílros esfaimados
Que me querem devorar.
He do paíTaro agoureiro
Q fentido lamentar
Pu.
.
E R o T I c o s. 'i'85r
Rondo LL
y Ive , ó Glaura , nejies. .valles .. r\
Mudãhifioria ,
que me pinta
Nunca extinSia a magoa , a dor. .
Tor-
, ,
jÍ6 Poemas
Torno a ver efte alto monte,
E os antigos arvoredos í
Muda hiftoria ,
que me pinta
Nunca extinSía a magoa ^ a dor,
Oa-
, ,
Eróticos, 187
Vt.
, !
Tí88 Poemas
Vive , ó Glrura , neftes v alies
Z)e meus males a memoria :
Muda hiftõria , que me pinta
l^unca extinãa a magoa , a dar.
Só tu 5 Dryade , me efcutas,
Encoílada ao duro tronco!
E gemendo o Fauno bronco
Enche as grutas de pavor.
Eróticos. 189
A ROSEIRA.
Rondo LU.
M
, !
ipò Poemas
Ah ! "Rojeira defgraçada ,
Da riíonha Primavera
Efperei os dias bellos:
Glaurn. ..oh dôr! os teus cabelloS
Quem podéra coroar.
Ah Rofeira dejgraçada ,
\
E cahirão de pezar I
Par-
, , , ,
Eróticos. 191:
Ah ! Rafeira defgraçada ,
Hor-
;
ig% P o E M A S^^
Ah ! Kojeira ãefgraçada ,
E cahirão de pezar \
# ; I— #
ORFEO.
. Rondo LIIL
O
, :
E R o T T C o S. í^^
n 'íkt<3(
: , ,
^1^4 Poemas
Não temeíle o vulto affliílo
Da tartarea antiga Noite
Que medonha o férreo açoite
No Cocyto fufpendeo.
Qjtan-
E R o T T G o S. 195'
Glaura oh Ceos
! . . . ! mortal triílezá
Me refponds já morreo»
n u
!
%9^
E R o T T C o S. 197
Mcr-
,
I5>8 P o E M A S
Glau-
y
Eróticos. 199
Glaura ah Glaura
! ! ! em vão te chamo!
Chora araor, c quail efpira ,
^ ^
AS COROEI RI NHÃS.
Rèndó LV,
c Ordeirinhas innocentes
"De(contentes na efpejpua
,
A uentura jd perdemos ,
Comecemos a m')rrer.
Pô-
, ,
2bp Poemas, -í
Cordeirinh.is innocentes
"Dcjcontentes na ejpeffnra ,
A 'ventura jd perdemos ,
Comecemos a morreK,
a
, ,,
E ROT ICO S. 20 1
Delcontentes na ejpejjura ,
A Quentura jd perdemos ,
Comecemos a morrer.
Eu a vejo , ó Ceos ,
que pena !
Pçfcorada efmorec^r.
Co-r-
.
202 Poemas
Cerdeirinhas innocenteí ,
Comecemos a morrer,
j,
Qiie momento ! . . ah ! pofsáo ellas
Cordeh-tnhas inmcentes ,
Defcouter.tes na efpeffura ^
A "centura jd perdemos ,
Comecemos a morrer»
,
Erótico?. 203
A' MORTE.
Rofjdo LVL
Pra%er , ã Jlngeleza ,
EfcLilpido na memoria
Amo , ó Glaura . o teu femblante \.
E fó mágoas me deixou.
, ,
204 Poemas
O prazer , a ^ngekz-a
A belkza, que em ti via ,
O prazer , a Jiíigelcza ,
A belleza ,
qu^e em ti via ,
GlaiH
,,
Er o T I CG 5. 20^
O prazer , a fingeleza ,
En-
,
20Ó Poemas
Entre os côncavos rochedos
Chorarei enternecido
OndC' amor compadecido
Meus fegredos fepultou.
O prazer , a Jtngeieza ,
A bclléza ,
que em ti via,
A SAUDADE.
RorAú LVII.
Ai
!
Eróticos. 207
Tal
:
j 2i'í3 Poema?
Tal, a ovelha mais formofa ;
Eu os vi em fombra efcura,
Já cxtindo ò eíplendor.-
7u^.
E R o T í C o S, OO^i
Ai , perdidas efpiranças,
Vãos delírios do Pailor !
L
,
Oh I inemoria ! oh defventura
! !
A frefcLira no verão.
Infeliz ! já neííesmontes
Deu á Parca o íeu tributo ;
Com faudade , e eterno luto
£ílas fontes choraráõ.
Quan*
! ,
Erótico 5. ±íi
E palpita o coração*
E palpita o coração, ,
o ii íVa !
; ,
«l2 Poemas
Ah! depois que meus amores
Virão Glaura em férreo fomno
Não me alegra iiiais o Outono,
Nem das flores a Eílação.
E pezares, e affliçâo.
E palpita o coração.
Do-
;
Eróticos. 215
E fe queixa da ventura y
Ai j ternura \ ai , doce Amar !
ji
: ,
^14 Poemas
Já o Anfrifo em rude teto
Te efcutou ó Lyra d' oiro ,
,
E fe queixa da ventura ;
Ai ternura
, ! ai , doce Amor !
Vio
,
Eróticos. 215^
li
Tu venceíle o carrancudo
Negro Averno, fempre affliílo;
E abrandafte do Cocyto
G fanhudo Jadrador.
Aàeos
. !
2t6 Poemas
Adeos , Lyra\ a mão cangada
Vendurada aqui te deixa ,
JL fe queixai da "ventura ;
Mat
, ::,
Eróticos. 217
Madrigal L
v3 Uave fonte pura ,
//.
( conde.
;
:
2i8 Poemas
Voai, fufpiros triíles ;
r.
, ,,
Eróticos. 219
V.
f^olha por folha , e cheio de ternunt
Beijarei eíla Angélica mimofa
Beijarei elia Rofa, ( fura.
320 Poemas
VIL
O' fombra deleitofa
Onde Glaura fe abriga pela leíla , (ta
^
Eróticos. í21
7X
O' Mangueira feliz , verde , e fombria >
Se padeço faudolo;
Nem dia defgraçado,
Se configo feliz teu doce agrado.
A. 4
, !,; ,
21Z Poemas
XI.
Baila , baila : eiicalhenioí?
Sem fortuna , e Tem gloria
Leve barquinho meu, ah náo deixemos !
Suave Primavera,
Coroada de flores,
Vem rifonha alesrrar os m.eus amores.
xm.
, , , ,
Eróticos. 223
XIIL
Cruel melancolia
Companheira infeliz da desventura.
Se alíorreces a luz do claro dia
E no horror da noite eíciíra.
te alegras
Minha dor te procura ,
Favorofa apalpando a efcuridade.
A lúgubre faudade
Te espera ah não recêes a alegria.
: !
Cruel melancolia ,
Cruel ingrata , e dura ,
Companheira infeliz da desventura.
XIF.
Do teu Paílor,ó Nynfa, allegra os olhos,
Os triftes olhos de chorar cançados :
Nâovejão fó abrolhos
Vejâo também por eíles prados.
flores
Seus miferos cuidados
O teu roílo converte em alegria.
Porque foges ? ah vem e neíTc dia
! ;
224 P O E iM A S
XF,
No ramo da mangueira venturofa
Triiie eirblema de amor gravei hu dia ,
E H Dryades íaudoío cn"v:recia
Oi b-andos 'yrios ea purpúrea rcfa.
,
XFI.
Guarda, cruel Fortuna , poderofi
Os thcfoirosde Midss, eosdeCrelTo;
Ouvindo as triiles magoas, que padeço
Seja, a iníeníivel Glaura ma;.'] piedoía.
Chore híí dia faudofa,
Suspire de ternura ncfie prado
E mude cm doce agrado os feus rigores:
Só. por cftes fovores
Meu coração com rogos re importuna ;
Guarda , cruel Fortuna ; eu não te peço
Os thefoiros deMidas, nem de CrcOo.
xriL
, ! , ,
Eróticos. 22f
XP'IL
Claura foTmofa
, momentos
Glai;!":. effes
Corro V30 aprc^ndos
Kão correrão aíTm cnrrc cuidados
E miferos Jan-cnros.
Puros conrcnr^mentof;,
Qiie haveis de despertar minha faudade,-
DemorP! por piedade
Eíla gloria de r>mor, eíia ventura.
Ai , fuave ternura !
Fm negro carro a noite deSce agOrá .
220 Poemas
XIX.
O' fomno fugitivo ,
Eróticos. ii-f
XXL
ívíoí!râ?-me , ó Gbuja , p hells raridade
De três ccndias formofas ;
?vTps eu te moflrarei da ncíTa idade
Trcs n":aravj]has raras , e extrfr"ofas.
Kao sao metses , nem pedra? precit far,
Kcm flores ,
que produz a Natureza:
Ssó á tua beileza , os teus rigores
E CS desgraçados meus fieis amores.-
XXIL
Já \t\q fobre o mar formando ^íros
D' aves Hge'ras turba graciofa ?
Que de 'ternura ,
espira
E as âzS5 roxas teai de nmgoa pura.,
p ;í JXllt^
. :
o K '
^.3 1?
^'^ ^
XXIIL
o verde prado
N^odcfeio de Tempe
Primavera
^ ..nn e rifonha
ventura!
''"ô"Gla«ra,que
esrel:u«
Kefta alegre
recofiado .
A- fonibra
' e de
Cy*er,^
Velo de Je-?; ^^^^^^
Caraças e
E as lindas
,
: ,
E K OT T G o s. 229.
XXF.
Suspiro l^grimofo,
Que foges do meu peito fem ventura
Se queres íer ditofo ,
A bella Glaura enternecer procura.
Moítra-lhe o doce amor, a m:ígoa pura,
O
mifero tormento ,
Cruel trilleza , e func;bre lamento
De quem morre íaudoío
Sufpiro lagrimofo,
Se queres ter veotura ,
XXFL
VésjNynfa, em alva efcuma opégo irado
Qye as penhas bate com furor medonlio?
Inda o veris rifonho , e namorado
Beijar da longa praia a ruiva arêa:
Doris , e Galatéa
Verás em concha azui íbbre eílas agoaií.
Ah Giaura ai , iriíles magoas
! ! !
xxriL
, ;
230 Poemas
Neíle lugar faudofo
O' doce Lyra , o puro amor caatetijos
A'S grutas eníinennos
Da baila Glaura o nome venturofo.
Ao fo:n do teu rufpiro hirLniniofo
Parou ov^eato : a fonte nlo munnuri.
Lyra... Aaior... qu.: ternura íufpiremos
!
XXFIIL
Crefcei , mi mofas flores ,
Adornai a verdura defte prado :
XXIX,
; , ,
E R o T í c o s. 2]r
XXIX.
NáodeíprezeSjóGlaura, entre eflasfiorer»
Com que os prados matiza a be!la Flora>
O Jambo , que os Amores
Colherão ao Turgir a branca Aurora.
A Drvade íulpira , geme , e chora
Atiiid-a, e deigraçada.
Ella foi deípojada. . . os aisilie eícuto...
Verás neile triburo ,
Que por ibrte feliz naíceo primeira,
Ou frudloj que roubou da rola o clieiro.
Ou rofa transformada em doce fru^íto;
XXX.
Rochedo fufpirado,
Conferva por piedade eí.tes gemidos
Até que lium dia Amor rnenos irado
Os leve em lôxas Hores convertidos.
Serão da bella Giaura recebidos
Mas ai q o leu rigor nao tem ir.udanca,
,
Rochedo fuipirado ,
XXXL
,
?32' Poemas
XXXL
Se eu confeguiTe híí dia ò íermudado.
Hm verde Besiafior , oh que ventura !
Defprezara a ternura
Das beilas flores no riloniio prado.
Alegre , c namorado
Me óGíaura,em novos giros
verias ,
XXX UJ
,
E U o T I G o S.
233
XXXJIL
Temi , ó Glaiira belia , os teus rigores ,
XXKr..
, ; !
234 Poemas
XXXV.
Sonhei que o duro Amor m? conduzia
Da Gdvda (*) ao alio cume :
Que de lá me arrojava
o fero Nume,
E entre penedos fobre o mar caliia.
Cruel melancolia
Defde entáome apreienta e.1:a pintura».
Ai Glâura quanto temo a deíventura^
, !
XXXVL
Deíejos voadores
Levai á beila Giaura os meus gemidoa^
Levai enternecidos mil amores
Ne'la purpúrea rola :
E íe a Nynía goro fa
cruel , e ri
íí. R o T I G p S. ^3)
Imocentes ratares,
Fugi , fugi de A iiar, que vos engani
Pro.nette in:i f-ivores
E:n q'.íinto agaçi a íerta deshumina.
Vós o vereis depois c:j n faria infaiia
Corapjs vÍ70 iume:
abralar Ciii
Imoceares i^alores ,
Fagi fugi de Anor, qae vo? engani
, ;
Aura be:ii^a3
, e par.i fe eu poderá ,
336 '
I
P o E xM A S
XXXIX.
Fugi , triftes cuidados ,
XLL
; : , ,
Eróticos. 3g7
XLL
Em vao fe esforce a ira
Dos fugitivos, ruinofos annos
Ifenro de léus damnos
Seja o voto cie amor , que amor ínlplra.
Pendente fíque a Ivra
Nelle ramo frondofo por memoria
Da minha triíle hilioria; ,
XLII. valles!
XLUl
,,
Í^S P o E M A S
XLHT.-
Sufplrcs ji csncsdc?:
R epouíai rcr hu pcuco er^re el- as Pores:
Gbiim e rs csrc.idos Amores
virá .
XLn\
>Táo defmaies, ^ rcfa ;
Confer^a-te efcciidida
Até cue fejas d'cutra mao coHiida.
,, : , ; ,;
Eróticos. 159
XLF.
Entre fiorcs ss Graças vi hu dia
A' fombra dfftes Jíairos frondosos
Vi Turves prazeres amorofos
E a Ventura , que prémios repsrtia.
Glaura amante me ouvia ;
R!as ah! que deíTa gloria
Só exiOe a irem cria e o def^io , 1
XU^LL
,
140 P o E M -A S
\ XLVll
o inverno congelado
As niontanhas cobrio de agiid.i neve :
'
xiriiL
Vem, 6 Glaura ftiimofa,
O abrigo delles valles fe convida:
Verás gruta efcondida , e dcleitoíl^,
Qv\Q mufgoía , e feliz teu nome aprende.
Benigno o Amor defende efres oiteiros:
Não teiTiaS' os cliuveiros,
Nem q o raioeílrondofo as nuvens .'^bra,
Tocando o Sol na Cabra luminofa.
Vem , ó Glaurn mimofa,
Doce ternura, e vida;
O abrigo' deílcs valles te convida.
XLIX.
,; !
Eróticos. 241
XLIX,
Flexível Jasmineiro,
Cobre os teus ramos de cheirofas flores ;
Favonio lilbngeiro
Já torna a veras Nynfas, e os PaHiores.
Gl aura vem ; terno Amor , ah q favores !
cr JJ..
, ; :
24^ Poemas
LL
Cuidados tragadores,
Deixai-me refpirar Jiú fó momento
Qiie emmiícTO lamento, e triítes dores
Mevai fugindo a vida.
A fombra da mangueira me convida
O zéfiro mimofo , a fonte pura ,
Tudo tudo murmura de faudade
, !
Cuidados tragadores
Deixai-me respirar hu fó momento ;
Qiieeu já torno infeliz ao meu tormento.
LIL
Em triíle folldao, onde o deixarão ,
LIIL
,
E R o T í C © S. 243
Liir.
*l'uno campo ó Rofa,
és ,
Aurora rutilante
De quem foge aílullada ,
Aurora rutilante,
VelUda de mil cores ,
Vem alegre animar os meus Amores.
fl ii Lr.
: : : ^
344 Poemas
LK
O* Tempo ó trifte Morte ! ,
LVL
Mortal íundade he ella a fcpultura ;
,
Lm.
, ,! !
Eróticos; 24^
LFU,
O' agoas dos meus olhos defgraçados
Parai, q não fe abranda o meu tormento:
De que fer"e o lamento
Se Glaura já não vive-* Ai, duros Fados
Ai miíeros cuidados
, {as. !
Kondo
AO AUTHOR.
T,Oma a , Alcindo amado
lyra ,
2^6 Poemas
Para ouvir-te o Sol ardente
Frefca fombra nos procura:
O regato nâo murmura
E a corrente faz parar.
E me ènjina a Jujpirar,
E as entranhas abrandar.
Do-
,
Eróticos. 547^
TíT-
34^ Poemas
7'oma a lyra , Aleindo amado ,
Toma a lyra ,
Aleindo amado ,
E me enfitta a jufpirar.
F I M.
P-e SilTa Alvarenga, Manuel
9Ó9Ó Ignacio da
S4775G5 Glaura
1301